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Revista de Administração e Negócios da Amazônia, V.9, n.

2,Especial,2017
ISSN:2176-8366 DOI 10.18361/2176-8366/rara.v9n2p135-157

VENDAS ANTECIPADAS DE COMMODITIES: REGISTRO E FLUXO NA


CONTABILIDADE RURAL

Renato Mittmann - renatomittmann_@hotmail.com


Deyvison de Lima Oliveira - deyvilima@gmail.com
Sérgio Candido de Gouveia Neto - gouveianeto@gmail.com
Odirlei Arcangelo Lovo - oalovo@gmail.com

* Submissão em: 03/03/2016 |Aceito em: 05/04/2017

RESUMO

Vendas antecipadas de commodities são transações específicas, existindo vários instrumentos para a
negociação dessas commodities, como os contratos a termo, futuros, de opções, swaps, Cédula de
Produto Rural. Geralmente, estudos em contabilidade de ativos biológicos focam na mensuração do
patrimônio e resultado sem considerar essas operações. Este artigo tem o objetivo de propor um
fluxo contábil para a mensuração e evidenciação de commodities agrícolas no contexto de vendas
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antecipadas, com base no valor justo (CPC 29). Utilizou-se o estudo de casos múltiplos, mediante
os seguintes procedimentos com produtores no Cone Sul de Rondônia: entrevistas, levantamento
documental e observação direta. Como resultado, propõe-se um fluxo contábil e um modelo de
evidenciação para as vendas antecipadas de uma commodity, em que o ativo biológico é mensurado
a valor justo. O modelo pode ser estendido a outras commodities
Palavras-Chave: Derivativos. Mensuração e evidenciação de commodities agrícolas. Ativos
biológicos. Valor justo.

PREVIOUS SALE OF COMMODITIES: REGISTRATION AND FLOW IN


RURAL ACCOUNTING

ABSTRACT
Anticipated sales of commodities are specific transactions, and there are various instruments for the
transaction of such commodities, such as fixed term contracts, futures, options, swaps, Rural
Product Certificate. Usually, studies in Accounting of biological assets focus on the measurement of
equity and result without considering the anticipated sales operations. This article aims to propose
an accounting flow to the measurement and disclosure of agricultural commodities in the context of
these transactions, based on the fair value (IAS 41). We used the multiple cases study, applying the
collection procedures with farmers in the Southern Cone of Rondônia, namely: interviews,
documentary research and direct observation. As a result, we propose a flow of records and
disclosure model for antecipated sales of production of a commodity, where the biological asset was
measured at fair value. The model can be extended to other commodities
Keywords: Derivatives. Measurement and disclosure of agricultural commodities. Biological
assets. Fair value.

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1 INTRODUÇÃO
A produção nacional de grãos no Brasil cresce a cada temporada e esta demanda serve de
suporte para precificação. Devido à volatilidade e a incerteza quanto ao comportamento dos preços
das commodities, surge a necessidade de se utilizar dos instrumentos de negociação como os
derivativos, em que os produtores rurais, a fim de se protegerem da oscilação de preços, podem
recorrer a esses instrumentos para travar o preço de venda de suas mercadorias e garantir que
venderão sua produção por valor suficiente para cobrir seus custos e ainda remunerar o capital
(CALEGARI, BAIGORRI e FREIRE, 2012).
Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) o Brasil, por
possuir terras férteis, extensas e clima propício para a agricultura, é um dos principais produtores e
fornecedores mundiais de alimentos, se destacando na produção das culturas como soja, milho,
arroz, feijão e cana-de-açúcar. Dentre essas culturas a soja é a commodity mais produzida,
representando o maior peso na balança comercial brasileira (MAPA, 2014).
Os derivativos têm como principal objetivo proteger os agentes econômicos dos riscos de
oscilações de preços, taxas de juros, variações cambiais ou quaisquer variações que possam vir a
afetar os fluxos de caixa futuros ou valor presente de seus ativos, para isso é importante que o
produtor tenha conhecimento dos custos de produção para que trave o preço de venda suficiente
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para cobri-los (LOPES, GALDI e LIMA, 2011).
A comercialização de commodities em mercados futuros é organizada pela Bolsa de
Mercadorias e Futuros, a qual se uniu a Bolsa de Valores de São Paulo, passando a ser chamada de
BM&FBovespa. As primeiras bolsas organizadas para entrega futura surgiram segundo Lopes,
Galdi, Lima (2011, p. 41) no Japão por volta de 1730, denominada de Bolsa de Arroz de Osaka, e
no Brasil a primeira bolsa de commodities agrícolas surgiu em 1917, a Bolsa de Mercadorias de São
Paulo.
Commodities no comércio se referem a produtos agropecuários ou minerais que são
comercializados nas bolsas de mercadorias. Para que esses produtos recebam a qualificação de
commodities são necessários que atendam a alguns requisitos mínimos, tais como: padronização em
um contexto de comércio internacional, entrega em data determinada entre comprador e vendedor e
uma possível armazenagem ou venda em unidades padronizadas (AZEVEDO, et al., 2001).
Com a crescente produção de commodities é importante apresentar informações que se
aproximem ao máximo da realidade econômica e para atender esse objetivo se utiliza da
contabilidade a valor justo para a mensuração e evidenciação dos produtos agrícolas e ativos
biológicos (MARTINS, MACHADO e CALLADO, 2014). Em relação aos produtos agrícolas, o
CPC 29 – aplicável a partir de 2010 – estabelece o tratamento contábil para esses ativos,
enfatizando que são mensurados no ponto de colheita (CPC 29, 2009).
As vendas antecipadas de commodities são transações específicas, diferentes das vendas
comuns. Em decorrência disto, há a necessidade de obter informações relevantes para as decisões a
serem tomadas pelos produtores na negociação de seus ativos, e um dos meios é a adequada
contabilização das transações, na qual as commodities agrícolas são mensuradas e evidenciadas a
valor justo. Essa realidade demanda investigação sobre os procedimentos para mensurar e
evidenciar commodities no contexto da venda antecipada na contabilidade rural (MARTINS,
MACHADO e CALLADO, 2014).
A expansão do mercado agropecuário no Brasil e no mundo constitui uma preocupação dos
gestores do agronegócio, os quais se envolvem no crescimento de ativos biológicos e produtos
agrícolas e também nos riscos inerentes aos preços das commodities. Para reduzir o custo de
produção e os riscos, os produtores poderão se utilizar dos derivativos para os auxiliarem no
mercado de vendas antecipadas (CALEGARI, BAIGORRI e FREIRE, 2012).
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Há sólida literatura sobre mercados futuros fora da produção rural (e.g. BIRT, RANKIN e
SONG, 2013; ABDEL-KHALIK e CHEN, 2015) e, em consequência desse mercado, há também
procedimentos desenvolvidos para mensurar e evidenciar commodities no contexto da venda
antecipada na contabilidade. Contudo, aplicações para o ambiente da produção rural (‘dentro da
porteira’) são escassas, conforme levantamento dos autores. Em virtude disso, este artigo tem o
objetivo de propor um fluxo contábil para a mensuração e evidenciação de commodities agrícolas
no contexto das vendas antecipadas e do valor justo na contabilidade rural dentro da porteira, a
saber, na perspectiva do produtor rural.
Além da introdução, o artigo estrutura-se em outras quatro seções. A seção 2 apresenta o
referencial teórico, no qual constam aspectos das vendas antecipadas e mensuração de commodities.
A seção 3 descreve os procedimentos metodológicos. Os resultados obtidos com o estudo de casos,
bem como as discussões, são descritos na seção 4. A última seção apresenta as considerações finais.

2 VENDAS ANTECIPADAS E MENSURAÇÃO DE COMMODITIES

Nesta seção são descritos os conceitos e características relacionadas às vendas antecipadas e


os tipos de contratos que são utilizados na negociação. Para abordar o modelo conceitual de
pesquisa (Figura 1) foi realizada uma revisão bibliográfica abrangendo os principais pontos do
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objetivo: mensuração e evidenciação de commodities agrícolas no contexto das vendas antecipadas,
os derivativos agrícolas para vendas antecipadas a valor justo e commodities agrícolas.

Figura 1 Modelo conceitual: fluxo e evidenciação de commodities nas vendas antecipadas.

Fonte: Elaborada pelos autores.

2.1 Derivativos Agrícolas para Vendas Antecipadas

Entre o período de 1995 a 2012, o mercado de derivativos cresceu exponencialmente, se


comparado ao PIB dos países – crescimento explicado por fatores como legislações específicas para
o setor e regulamentação contábil do registro dos derivativos. Especificamente, no contexto

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americano, a soma dos derivativos cresceu dezoito vezes nesse período, saindo de 18 trilhões de
dólares para 308 trilhões, enquanto o PIB americano no mesmo período apenas dobrou o seu
tamanho (2012%), e o PIB mundial aumentou 240% no interstício (ABDEL-KHALIK e CHEN,
2015).
Os derivativos agrícolas surgiram da necessidade de assegurar maior segurança à negociação
de commodities, cuja venda poderá ser feita através de contratos os quais geram uma obrigação
entre duas partes, em que uma compra e a outra efetua uma venda de determinado ativo (HARRY
et al., 2012).
De acordo com Lopes, Galdi, Lima (2011, p. 41), os principais agentes econômicos que
operam com os derivativos e com vendas antecipadas são os hedgers, os especuladores e
arbitradores, além dos produtores rurais.

2.2 Tipos de Contratos para Vendas Antecipadas


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As vendas antecipadas de commodities podem ser negociadas tanto em Bolsas ou a balcão.
Os derivativos agrícolas são utilizados, em regra, para redução do risco da commodity e do
risco das trocas externas (BIRT, RANKIN e SONG, 2013).
O mercado de derivativos consiste normalmente de quatro tipos de contratos: a termo,
futuros, de opções e de swaps (MOROZINI, NAVA e KLINKOSKI 2008, p. 11).
 Mercado a termo: é mais flexível para as partes envolvidas, as commodities
não precisam necessariamente ser negociadas em Bolsa; as partes podem formalizar o
contrato a termo detalhando a mercadoria, a data da entrega, o local, meio de
pagamento, que pode ser antecipado ou no momento da entrega do produto.
(AZEVEDO et al., 2001).
 Contratos Futuros: são instrumentos derivativos negociados em bolsa em que
duas partes ou empresas se obrigam a entregar ou receber um ativo a preço
preestabelecido numa data futura (HARRY et al., 2012).
 Contratos de Opções: há dois tipos, o de venda (puts) e o de compra (calls)
em que as partes têm o direito ou não de vender o objeto de negociação em uma data
determinada com preço certo, ou seja, o que detém uma call tem o direito de comprar
um ativo em data certa e por preço determinado e quem detém uma put tem o direito de
vender o ativo, também em data certa e por preço determinado, os quais para terem
esses direitos devem pagar um determinado valor, chamado de prêmio (FONTES,
JUNIOR e AZEVEDO, 2005). Para Birt, Rankin e Song (2013), em estudo no contexto
da indústria extrativa australiana, as opções estão entre os contratos de derivativos mais
utilizados no mercado.
 Contratos de Swaps: é considerado uma operação de troca em que duas partes
trocam fluxos futuros de caixa de forma pré-determinada, ou seja, são operações ativas
e passivas sem trocar o principal (HARRY et al., 2012).

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Além dos contratos descritos acima, existe outro mecanismo que está ganhando espaço nas
operações de financiamento do agronegócio, denominado Cédula de Produto Rural (CPR), que é
uma evolução dos contratos a termo (MARQUES, MELLO e FILHO, 2008).
A CPR, regulamentada pela Lei 8.929/94, é denominada um título cambial, podendo ocorrer
com a liquidação física ou financeira. Assim, o produtor vende a termo sua produção, com
recebimento no momento da realização do negócio ou futuramente e se compromete a entregar o
produto na data, local e quantidade estipulada na CPR, proporcionando ao produtor a obtenção de
recursos como, por exemplo, a obtenção de insumos e também servindo de hedge contra a queda
nos preços (GONZALES e MARQUES, 1999).
A CPR possibilita, ao produtor, ter uma opção de emissão de um título de dívida no qual ele
se livra da variação do preço do produto, ou seja, não há reajustes, e o produtor entrega no valor
acordado entre as partes em momento futuro. A formalização da CPR pode ser em qualquer fase do
ciclo produtivo (NETTO, 2013).
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2.3 Mensuração de Commodities Agrícolas no Contexto das Vendas Antecipadas e do Valor
Justo

A tomada de decisão racional sobre investimentos é um dos principais pilares da Teoria de


Finanças e configura a primeira regra da Moderna Teoria de Finanças, inaugurada por Eugene Fama
em 1969, por meio de seu seminal artigo Efficient capital markets: a review of theory and empirical
work. Ao propor a Hipótese de Mercados Eficientes, a autora sustenta que os agentes (ou
investidores) são racionais, não há conflitos entre eles e os preços dos ativos são equivalentes ao seu
valor de origem, devidamente calculados a partir da soma dos valores descontados de seus fluxos de
caixa esperados.
O CPC 29 estabelece o tratamento contábil e as respectivas divulgações, relacionados aos
produtos agrícolas, definindo-os em poucas palavras como aqueles que são colhidos de ativos
biológicos da entidade.

Ainda sobre o assunto, os ativos biológicos são classificados em consumíveis e para


produção. Na concepção de Oliveira e Oliveira (2015) os primeiros são os ativos que serão colhidos
como produtos agrícolas, que é o caso das commodities: soja, milho, feijão etc., ou vendidos como
ativos biológicos. Os ativos para produção são aqueles capazes de renovar-se e gerar produtos
agrícolas por longo prazo (ROCHA et al., 2016).

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O CPC 29 – Ativo Biológico e Produto Agrícola – preceitua que a entidade deve reconhecer
o produto agrícola quando puder controlar o ativo como resultado de eventos passados em que
possíveis benefícios econômicos futuros associados com o ativo fluirão para a entidade e o valor
justo ou o custo do ativo puder ser mensurado confiavelmente.

As mudanças trazidas pelas leis 11.638/07 e 11.941/09, bem como as advindas do processo
de convergência das normas brasileiras às normas internacionais, tiveram impacto na contabilidade
de instrumentos financeiros e derivativos e também na atividade rural, no que diz respeito aos ativos
biológicos e produtos agrícolas (LOPES, GALDI, LIMA 2011).

De acordo com Lopes, Galdi e Lima (2011), a contabilidade para essas operações deixou de
ter base no custo histórico, e todos os instrumentos que sejam considerados contratos derivativos
devem ser mensurados nas demonstrações financeiras pelo seu valor justo.

Em relação a contratos futuros, o CPC 29 (2009, p. 6) traz que algumas entidades fazem
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contratos para venderem seus produtos agrícolas, e enfatiza que os preços contratados não são
necessariamente relevantes na determinação do valor justo, por refletir o mercado corrente em que
comprador e vendedor estão dispostos à transação que realizarão, sendo assim o valor justo não é
ajustado em função da existência do contrato.

O CPC 46 define valor justo como “o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou
que seria pago pela transferência de um passivo em uma transação não forçada entre participantes
do mercado na data de mensuração”.

Plais (2010) afirma que a adoção do valor justo deve ser realizada através da cotação do
preço de mercado no qual o produto agrícola é ativo, e o mercado originado a partir dos produtos
agrícolas causa alterações no valor do ativo e gera volatilidade, que pode levar a uma avaliação
negativa pelo mercado e redução no aporte dos investidores, podendo também levar a um resultado
diferente na mensuração de um mesmo volume de ativos biológicos.

Já o preço em uma operação entre comprador e vendedor dispostos à negociação estará


sujeito a variações do fluxo de caixa, no qual o valor justo reflete a possibilidade de existência de
tais variações. Em consequência disso, a entidade deverá incorporar a expectativa sobre possíveis
variações no fluxo de caixa e na taxa de desconto, ou, ainda, a combinação dos dois (CPC 29,
2009).

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Barros et al. (2012) afirmam que, para definir o valor justo de um ativo biológico na ocasião
em que o preço ou o valor não estiver disponível pelo mercado para esse ativo, poderá ser usado o
valor presente do fluxo de caixa líquido esperado do ativo, descontado à taxa corrente do mercado.

Para os ativos consumíveis em formação (e.g. plantas com ciclo produtivo curto) a definição
do valor justo pode ser de difícil identificação (OLIVEIRA e OLIVEIRA, 2015). Nesses casos, o
CPC 29, em seu item 30 (correlato ao International Accounting Standard – IAS 41), possibilita a
mensuração ao custo histórico (DÉKÁN e KISS, 2015), conforme procedimentos já demonstrados
na literatura específica (MARION, 2014; FIORENTIN et al., 2014).

Quanto aos ativos biológicos para produção sem mercado ativo (e.g. alguns animais
reprodutores e matrizes) existe também o desafio da mensuração a valor justo, considerando que a
subjetividade poderia interferir na atribuição de valor desses ativos (SILVA; RIBEIRO e CARMO,
2015) e, consequentemente, caracterizar gerenciamento de resultados (SILVA, NARDI e RIBEIRO,
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2015). Esses desafios também são encontrados na aplicação de normas específicas para
contabilidade de ativos biológicos em outros países, com base em estudos da última década, a
exemplo da África do Sul (SCOTT, CHRISTA, BILJON, 2016), República Tcheca
(DVOŘÁKOVÁ, 2015) e Espanha (ARGILÉS; ALIBERCH e BLANDÓN, 2012).

No processo de mensuração e evidenciação contábil, a oportunidade e a tempestividade dos


registros devem ser ponderadas com a fidedignidade da informação contábil, com vistas ao
reconhecimento das reais alterações do patrimônio da entidade e ao anúncio das eventuais futuras
alterações no patrimônio dos investidores (IUDÍCIBUS et al., 2013). Essa consideração ganha
maior sentido na atividade rural, onde o processo produtivo é dependente de variáveis
incontroláveis diretamente pela gestão, como o clima, o solo, a sazonalidade produtiva e a natureza
biológica do produto em formação (AZEVEDO, 2001; CREPALDI, 2006). Neste caso, a
contabilidade tem a função de sinalizar as alterações vindouras, cujos fatos geradores já se
iniciaram, a exemplo dos contratos de vendas futuras.

3 MÉTODO

O procedimento metodológico principal da pesquisa foi o estudo de casos múltiplos; os


mecanismos de coleta foram: entrevistas, levantamento documental, observação direta.

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3.1 Procedimentos
Para alcançar o objetivo da pesquisa foi realizado o estudo de caso, que é uma abordagem
adotada para investigar um tópico empírico segundo um conjunto de procedimentos pré-
especificados, quando se deseja entender um fenômeno da vida real em profundidade, (YIN, 2010).
Para Silva (2010, p. 57), o estudo de caso analisa um ou poucos fatos com profundidade,
podendo ser utilizado para desenvolver entrevistas estruturadas ou não, questionário, observações
dos fatos, análise documental.
Ainda sobre o assunto, a abordagem inclui tanto os estudos de caso único quanto de casos
múltiplos, podendo incluir detalhes e até mesmo ser limitados à evidência quantitativa (YIN, 2010).
Nesta pesquisa utilizou-se o estudo de casos múltiplos, tendo a vantagem de se extrair um
conjunto único de conclusões, aumentando as chances de extensão dos resultados (YIN, 2010).

3.2 Coleta de Dados


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A coleta foi realizada mediante três fontes de evidência: entrevista estruturada, levantamento
documental e observação direta. A entrevista estruturada, como primeira fonte de evidência, foi
aplicada aos produtores rurais que se utilizam de vendas antecipadas.
Para Silva (2010) a entrevista estruturada implica em fazer uma série de questões a um
informante, seguindo roteiro pré-estabelecido. O objetivo da entrevista envolve o entendimento e a
compreensão do significado que entrevistados atribuem a questões e situações, em contextos que
não foram estruturados anteriormente, com base em suposições e conjecturas (MARTINS e
THEÓPHILO, 2007).
A segunda fonte de evidência a ser utilizada para a pesquisa será o levantamento
documental. A investigação documental, segundo Silva (2010), é procedida em documentos
conservados no interior da entidade, a saber: registros, balancetes, diários etc.
Martins e Theóphilo (2007) defendem que a pesquisa documental poderá ser uma fonte
auxiliar de dados e informações para subsidiar o melhor entendimento de achados e também
corroborar evidências coletadas por outros instrumentos e outras fontes, possibilitando a
confiabilidade por meio das triangulações de dados e resultados.
A terceira fonte – a observação direta – é conceituada por Martins e Theóphilo (2007) como
uma técnica de coleta de informações, dados e evidências que utiliza os sentidos para obtenção de
determinados aspectos da realidade.

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Pelo fato de a pesquisa ser realizada no ambiente natural do caso, tem-se a vantagem de
utilizar a observação direta, pois permite, ao mesmo tempo, a coleta de dados de situações e a
percepção sensorial do observador, proporcionando informações extras para o estudo (MARTINS E
THEÓPHILO, 2007).

3.3 Análise de Dados

Para a análise dos dados utilizam-se as informações colhidas das entrevistas, do


levantamento documental e da observação direta. A análise documental é considerada uma
operação ou um conjunto de operações visando representar o conteúdo de um documento sob uma
forma diferente do original, a fim de facilitar a consulta e referenciação (BARDIN, 2011).
A análise de conteúdo, segundo Martins e Theóphilo (2007), é uma técnica usada para
estudar e analisar a comunicação de maneira objetiva e sistemática em busca de inferências
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confiáveis de dados e informações. Os autores ainda afirmam que a análise compreende três etapas:
uma pré-análise, descrição analítica e interpretação inferencial.
Silva (2010) conceitua essas três etapas da seguinte forma: a pré-análise abrange a
organização do material; na descrição analítica o material de documentos que constitui o corpus é
submetido a um estudo aprofundado; na interpretação inferencial, se apoia nos materiais de
informação, que se iniciou na etapa de pré-análise, e alcança agora sua maior intensidade.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados da pesquisa são apresentados nas subseções seguintes, abrangendo as
particularidades dos casos (produtores de soja) e a proposta de fluxo para a mensuração e
evidenciação de commodity nas vendas antecipadas, com base no valor justo.

4.1 Caracterização dos Produtores


Em relação aos sojicultores, primeiramente foram levantados dados sobre os produtores,
suas experiências com a produção, as principais commodities produzidas, a extensão da área para
cultivo e se utilizam dos mecanismos de vendas antecipadas, sendo que a quantidade produzida e
comercializada adota como base a safra 2014/2015. Na Tabela 1 constam as principais
características.
Observa-se na Tabela 1 que podem ser verificadas variações significativas no tamanho das
propriedades analisadas, embora a produtividade seja similar entre os produtores 1, 2 e 3,

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respectivamente, de 46, 50 e 52 sacas por hectare. Na média, representam uma produção de 3.060
kg/hectares de soja, ficando ainda abaixo da estimativa da CONAB – Companhia Nacional de
Abastecimento – que era de 3.347 kg/h para Rondônia (CONAB, 2015).
Tabela 1 Principais características dos produtores pesquisados

Características Produ Produ Produt


tor A tor B or C
30 14 16
Tempo que atua como produtor
anos anos anos
Soja, Soja, Soja,
Commodity produzida
milho milho milho
Tamanho da área para cultivo em hectares 140 500 1.800
25.00
Quantidade produzida – sacas de 60kg 6.420 93.000
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0
Montante da produção negociado 18.75
- 87.090
antecipadamente em sacas 0
Percentual de financiamento da produção
100% 80% 65%
com recursos próprios
Percentual de financiamento da produção
- 20% 35%
com recursos de terceiros

Fonte: Dados da pesquisa.

De acordo com os produtores, as condições climáticas, o tratamento de sementes e a correta


preparação do solo são fatores primordiais para uma boa produção. Outro ponto em comum foi o
tempo de duração entre plantio e colheita levando de 120 a 125 dias para a produção da soja,
seguindo um tempo padrão do cultivo da cultura.
Sobre o processo de vendas antecipadas os produtores afirmam que para comercializar a
commodity na região a forma mais simples e fácil é a utilização da CPR física conjunta com um
contrato de compra e venda. Essa CPR serve como contrato para venda futura, ou seja, é um título,
uma garantia para o comprador e uma obrigação ao vendedor (NETTO, 2013).
A CPR possibilita ao produtor captar recursos de empresas dispostas a financiá-lo, que
podem ser em sementes, fertilizantes, defensivos. Com isso os produtores realizaram uma CPR da
compra desses insumos, assumindo uma obrigação que, geralmente, é liquidada com a entrega do
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produto no valor da CPR firmada. O mesmo acontece com a venda antecipada da commodity em
espécie, que segundo os entrevistados, a empresa procura o produtor e faz a proposta de compra,
ficando a critério do agricultor a aceitação. Caso aceite, a empresa e o produtor formalizam o
contrato, estipulando o preço e a quantidade para a commodity que terá por base a cotação pelo
CBOT (Chicago Board of Trade), que é o preço em Buschel/dólar; também é estipulada a data de
liquidação e entrega do produto.
Nesta pesquisa foi identificado que o Produtor A optou por não receber financiamento em
sua produção, já os Produtores B e C afirmam que recebem financiamento em insumos e que o
pagamento desses insumos é feito com a permuta de commodity.
Os produtores afirmam que o contrato deve ser liquidado independentemente do preço em
que estará o produto na época da liquidação do contrato, ou seja, se o preço da commodity na época
da liquidação estiver maior que o contratado, o produtor deixará de ganhar e, se o contrário, quem
deixará de ganhar será a compradora.
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Em relação aos mecanismos de vendas antecipadas, tais como contrato de venda a termo,
futuro, opções e swap, o Produtor A afirma que não tem conhecimento sobre esses mecanismos, já
o Produtor B e C afirmam conhecerem, e que devido à complexidade não seria relevante a eles
utilizarem esses mecanismos, pois suas capacidades de produção são consideradas pequenas frente
aos grandes produtores ou cooperativas rurais. Em razão disso, eles se utilizam de contrato de
compra e venda de soja em conjunto com a CPR física para comercializar parte de suas colheitas, e
também afirmam que não possuem sistemas de armazenamento, e que não há custo deste, só de
recepção na empresa compradora.

4.2 Mensuração e Evidenciação de Commodities


Contabilmente, a entidade deve reconhecer o produto agrícola quando: controla o ativo
como resultados de eventos passados, for provável que benefícios econômicos futuros associados
com o ativo fluirão para a entidade, e sendo o valor justo ou o custo do ativo mensurável
confiavelmente. O produto agrícola colhido de ativos biológicos da entidade deve ser mensurado ao
valor justo, menos a despesa de venda, no ponto de colheita (CPC 29, 2009).
O CPC 29 define ativos biológicos consumíveis (e.g. plantas extraídas do solo) como sendo
aqueles passíveis de serem colhidos como produto agrícola ou vendidos como ativos biológicos.
Também, os ativos biológicos podem ser classificados como maduros ou imaturos. Os maduros são
aqueles que alcançaram a condição para serem colhidos ou estão prontos para sustentar colheitas

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regulares. Com essas definições e a partir dos dados da pesquisa foi possível propor um modelo de
evidenciação (resumido) para a produção do produto agrícola conforme demonstra o Quadro 1.
O modelo de evidenciação proposto está alinhado à literatura corrente no tocante à
mensuração e apresentação das demonstrações contábeis, à luz do CPC 29. O Pronunciamento em
tela prevê a mensuração dos ativos biológicos pelo valor justo menos despesa de venda (DÉKÁN e
KISS, 2015). Neste modelo (Quadro 1), o valor justo da soja em estoque é retificado pela conta
“Ajuste por despesa de venda”, que reflete o montante de gastos estimados para a venda do produto
no momento da colheita (OLIVEIRA e OLIVEIRA, 2015).
Quanto ao estoque em formação, ressalta-se que a soja poderá ser mensurada pelo custo
histórico, se houver dificuldade de identificação de valor justo para os ativos em desenvolvimento e
considerando o curto ciclo de produção do ativo (FIORENTIN et al., 2014) – atendendo ao
requisito do item 30, do CPC 29.
Como mecanismo de vendas antecipadas, os produtores pesquisados utilizaram a CPR física,
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sendo assim, foi apresentada a conta “Títulos/CPR – Clientes a Receber”, no ativo circulante. E
para a contrapartida no passivo consta a conta “Títulos/CPR – Clientes a Pagar”. Na essência, há
uma obrigação de pagar o título e de recebê-lo após a colheita. O mesmo entendimento foi aplicado
aos insumos adquiridos por meio da CPR (vide Quadro 2). A liquidação dessas contas acontecerá
quando o produtor entregar o produto e receber o valor do título em moeda.

Quadro 1 Proposta para a evidenciação do ativo biológico e produto agrícola.


Nº Conta Código Descrição da Conta
1 1 ATIVO
2 1.1 ATIVO CIRCULANTE
3 1.1.01 Disponível
(...)
4 1.1.02 Créditos
5 1.1.02.01 Títulos/CPR – Clientes a receber
300 1.1.05 Estoques
310 1.1.05.01 Produtos agrícolas prontos para venda – ativ. agrícola
320 1.1.05.01.01 Produtos de ativos biológicos consumíveis (maduros)
330 1.1.05.01.01.01 Soja
331 1.1.05.01.01.02 (-) Ajuste por despesa de venda
400 1.1.05.02 Produtos agrícolas em formação – ativ. agrícola
405 1.1.05.02.01 Ativos biológicos consumíveis (imaturos)
410 1.1.05.02.01.001 Soja em formação
500 1.1.05.03 Insumos
510 1.1.05.03.01 Insumos da atividade agrícola
515 1.1.05.03.01.001 Sementes

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516 1.1.05.03.01.002 Fungicidas


517 1.1.05.03.01.003 Inseticidas
518 1.1.05.03.01.004 Herbicidas
519 1.1.05.03.01.004 Adubos
520 1.1.05.03.01.005 Fertilizantes
2000 1.2 ATIVO NÃO CIRCULANTE
2300 1.2.03 Imobilizado
2310 1.2.03.01 Máquinas (...)
3000 2 PASSIVO E PATRIMONIO LIQUIDO
3100 2.1 PASSIVO CIRCULANTE
3200 2.1.1 Títulos a pagar
3300 2.1.1.01 Títulos/CPR – Insumos a Pagar
3400 2.1.1.02 Títulos/CPR – Clientes a pagar
3500 2.1.2 FORNECEDORES
(...)
4000 4.2 CUSTOS
4010 4.2.01 Custos – atividade agrícola
4020 4.2.01.01 Soja
4030 4.2.01.01.001 Mão de obra da colheita
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4040 4.2.01.01.002 Combustíveis e lubrificantes
4050 4.2.01.01.003 Insumos
5000 4.3.01 Resultado
5010 4.3.01.01 Resultado do exercício
5015 4.3.01.01.01 Lucros ou prejuízos do exercício
5020 4.3.01.01.01.001 Lucros do exercício
5025 4.3.01.01.01.002 Prejuízos do exercício
Fonte: Dados da pesquisa com adaptação de Oliveira e Oliveira (2015).

Para propor o fluxo contábil, escolheu-se o Produtor C, em decorrência da maior área de


produção. Para determinar os custos de produção e despesas foram utilizados os custos de seu
plantio, antes das despesas administrativas e fiscais.
Os registros contábeis a seguir (descrição no Quadro 2) conterão três fases: i) a formalização
dos contratos, em que se vende antecipadamente certa quantidade do produto; ii) o plantio, colheita
e venda; e iii) a liquidação dos contratos.

Quadro 2 Informações contábeis da produção de soja (venda antecipada, plantio e colheita).

Descrição Valor (R$)


Venda antecipada de 60.450 sacas de soja a R$ 48,00, mediante contrato CPR física 2.901.600,00
Compra antecipada de insumos para pagar em soja após colheita no total de 26.640
1.502.496,00
sacas a R$ 56,40, mediante contrato CPR física.
Custos com insumos (adubos, defensivos, fertilizantes e sementes) para a produção 2.670.912,00
Custos com mão de obra para a produção 57.800,00
Custos com combustíveis para a colheita 60.000,00

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Despesas com frete para transporte da produção ao comprador 50.220,00


Despesas estimadas de vendas (da produção não vendida antecipadamente) 10.000,00
Preço de Mercado da soja no ato da colheita: 93.000(sacas) x R$ 60,00 (valor justo) 5.580.000,00
Venda de 5.910 sacas de soja a vista a R$ 60,00 (receita), coincidindo com o valor 354.600,00
justo
Fonte: Dados da pesquisa.

No Quadro 3 apresentam-se a contabilização do ativo biológico e produto agrícola, com os


dados do Quadro 2. Primeiramente, são contabilizados os contratos de vendas antecipadas por CPR
física; em seguida, são registrados os custos de produção gastos na colheita, venda e liquidação dos
contratos e recebimento, inclusive o registro da receita de venda.
Na primeira fase registra-se a formalização dos contratos, considerando um contrato no
valor de R$ 2.901.600,00, pela venda antecipada da soja, sendo debitado na conta “Títulos/CPR –
Clientes a Receber”, e creditado em “Títulos /CPR – Clientes a Pagar”.
O outro contrato na aquisição de insumos no valor de R$ 1.502.496,00 foi registrado a
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débito em “Soja em formação” e creditado em “Títulos /CPR – Insumos a Pagar”. A conta “Soja em
formação” constará ainda na segunda fase. O pagamento desses contratos será realizado em sacas
de soja após a colheita.

Quadro 3 – Informações contábeis: Registros em Diário da produção de soja.


Nº da
Descrição Valor (R$)
operação
1ª fase: Formalização - contrato de vendas antecipadas
D – TÍTULOS/CPR – Clientes a Receber
1 2.901.600,00
C – TÍTULOS/CPR – Clientes a Pagar
D – Soja em formação
2 1.502.496,00
C – TÍTULOS/CPR – Insumos a Pagar
2ª fase: Plantio / Colheita / Venda
D – Soja em formação (insumos)
3 2.670.912,00
C – Disponível
D – Soja em formação (mão de obra)
4 57.800,00
C – Disponível
D – Soja em formação (combustível)
5 60.000,00
C – Disponível
D – Despesa com fretes
6 50.220,00
C – Disponível
D – Produtos Agrícolas – Soja (valor justo)
7 5.580.000,00
C – Ganhos
D – Despesa com a cultura
8 4.291.208,00
C – Soja em formação
D – Despesas estimadas de vendas
9 10.000,00
C – Ajuste por despesa de vendas
D – Disponível
10 354.600,00
C – Receita de venda
11 D – Estoque Vendido 354.600,00

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C – Produtos Agrícolas – Soja


D – Ajuste por despesa de vendas
12 10.000,00
C – Disponível
3ª fase: Liquidação dos Contratos
D – Títulos/CPR – Clientes a pagar
13 2.901.600,00
C – Receita de vendas
D – Estoque Vendido 2.901.600,00
14 D – Perdas com contratos 725.400,00
C – Produtos Agrícolas – Soja (60.450 x 60) 3.627.000,00
D – Disponível
15 2.901.600,00
C – Títulos/CPR – Clientes a Receber
D – TÍTULOS/CPR – Insumos a Pagar
16 1.502.496,00
C – Produtos Agrícolas – Soja
D – Perdas com contratos
17 95.904,00
C – Produtos Agrícolas – Soja
Fonte: Dados da pesquisa.

Na segunda fase constam os custos de produção. Os custos com insumos no valor de R$


2.670.912,00, mão de obra no valor de R$ 57.800,00 e custos com combustíveis no valor de R$
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60.000,00. Eles foram debitados em “Soja em formação” a crédito do “Disponível”, já as despesas
com frete no valor de R$ 50.220,00 foram debitadas em “Despesa com frete” e creditadas em
“Disponível”.
Na mesma fase foram registrados os fatos relacionados à colheita da produção,
reconhecendo o estoque a valor justo no montante de R$ 5.580.000,00, debitado em “Produtos
Agrícolas – Soja” a crédito de “Ganhos” conforme traz o CPC 29. Após a colheita foram aferidas as
despesas com a cultura no valor de R$ 4.291.208,00 (relativas aos custos de produção), debitando
em “Despesas com a cultura” e creditando na conta “Soja em formação”. No momento em que o
valor justo se torna mensurável para o produto agrícola (ponto de colheita) os ganhos são
reconhecidos, o que demanda o imediato reconhecimento da despesa que concorreu para a geração
desses ganhos, ou seja, os custos de produção relativos à colheita são transferidos para o resultado
do exercício e confrontados com os ganhos da mensuração a valor justo (OLIVEIRA e OLIVEIRA,
2015).
O valor total da cultura (R$ 5.580.000,00) se justifica pelo fato de o valor justo ser o preço
de mercado na data de mensuração, com base na produção de 93.000 sacas no valor de R$ 60,00.
No ato da colheita foram apuradas as despesas estimadas de vendas no valor de R$ 10.000,00,
debitado na conta “Despesas estimadas de vendas” e creditado em “Ajuste por despesas de vendas”.
O restante da soja não comprometida pelos contratos, no valor de R$ 354.600,00, foi
vendido, à vista, debitado na conta “Disponível” e creditado como “Receitas de vendas”. Na

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apuração da despesa de venda, há um débito em “Despesa Produto Vendido” a crédito de “Estoque


de produtos agrícolas – Soja” no valor de R$ 354.600,00. O montante da despesa do produto
vendido coincide com o preço de mercado na data da colheita, sendo igual ao da receita de venda.
Após a venda, foi encerrada a conta “Ajuste por despesas de vendas” no valor de R$ 10.000,00,
sendo creditado no “Disponível”, já que toda a produção foi entregue e a despesa, realizada
financeiramente.
Na terceira fase descreve-se a liquidação dos contratos. Para essa liquidação do contrato de
venda da soja procedeu-se à baixa da obrigação e ao registro da receita no valor de R$
2.901.600,00, a débito de “Títulos /CPR – Clientes a Pagar” e credito em “Receitas de Vendas”.
Em contrapartida da liquidação do contrato e reconhecimento da receita de vendas, a
despesa do produto vendido é reconhecida no valor de R$ 2.901.600,00, a débito de “Despesa do
produto vendido”, débito em “Perdas com contratos”, no valor de R$ 725.400,00 e a baixa no
estoque no valor de R$ 3.627.000,00. Adicionalmente, procede-se ao registro do recebimento e
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baixa do contrato no valor de R$ 2.901.600,00, debitado na conta “Disponível”, e creditado em
“Títulos /CPR – Clientes a Receber”.
Para a liquidação do contrato de compra de insumos registra-se a débito o valor de R$
1.502.496,00 na conta “Títulos /CPR – Insumos a Pagar” e o crédito em “Estoque de produtos
agrícolas – Soja”. Simultaneamente, a perda com o contrato no valor de 95.904,00 é debitada na
conta “Perdas com contratos” e creditada em “Estoque de produtos agrícolas – Soja”, considerando
a comercialização antecipada no valor de R$ 56,40/saca e que o valor justo no ato da liquidação era
de R$ 60,00/saca.
Somados os dois contratos de venda antecipada da produção, deve-se reconhecer que o
produtor deixou de ganhar com o ativo biológico o valor de R$ 821.304,00, debitado em “Perdas
com contratos” e creditado em “Estoque de produtos agrícolas – Soja”.
Após a liquidação dos contratos, procedeu-se à apuração do resultado do exercício, obtendo-
se o lucro de R$ 407.268,00. Os registros em forma de razão, concluindo o fluxo contábil da
produção de soja do Produtor C, são apresentados na Figura 2, abrangendo as três fases: i)
formalização dos contratos, ii) plantio/colheita/venda e iii) liquidação dos contratos.
A partir dos registros da produção de soja (Quadro 3), apresenta-se a Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE – Quadro 4), com base nos fatos contábeis e na estrutura de DRE para
a atividade agrícola, conforme apresentam Oliveira e Oliveira (2015).

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Figura 2 – Registros contábeis em Razão nas três fases: produção de soja e negociação.

i) Formalização dos contratos


Títulos/CPR - Clientes a Receber Títulos/CPR - Clientes a Pagar
2.901.600,00 (1) 2.901.600,00 (1)

Títulos/CPR - Insumos a Pagar


1.502.496,00 (2)

Continua...
Conclusão. Figura 2 Registros contábeis em Razão nas três fases.
ii) Plantio/colheita/venda

Soja em Formação (valor de custo) Disponível


1.502.496,00 (2) 354.600,00 (10) 2.670.912,00 (3)
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2.670.912,00 (3) 2.901.600,00 (15) 57.800,00 (4)
57.800,00 (4) 60.000,00 (5)
60.00,00 (5) 50.220,00 (6)
4.291.208,00 4.291.208,00 (8) 10.000,00(12)
0 0 3.256.200,00 2.848.932,00
407.268,00

Despesa com frete Despesas com a cultura


50.220,00 (6) 50.220,00 (C) 4.291.208,00 (8) 4.291.208,00 (D )
0 0 0 0

Produtos Agrícolas - Soja (valor justo) Ganhos


5.580.000,00 (7) 354.600,00 (11) 5.580.000,00 (A) 5.580.000,00 (8)
3.627.000,00 (14) 0 0
1.502.496,00 (16)
95.904,00 (17) Estoque Vendido
5.580.000,00 5.580.000,00 354.600,00 (11)
0 0 2.901.600,00 (14)
3.256.200,00 3.256.200,00 (F)
Despesa estimada de vendas 0 0
10.000,00 (9) 10.000,00 (E)
0 0 Ajuste por despesa de vendas
10.000,00 (12) 10.000,00 (9)
Resultado do Exercício 0 0
50.220,00 (C) 5.580.000,00 (A)
4.291.208,00 (D) 3.256.200,00 (B)
10.000,00 (E) Receitas de vendas
3.256.200,00 (F) 354.600,00 (10)
821.304,00 (G) 2.901.600,00 (13)
8.428.932,00 8.836.200,00 3.256.200 (B) 3.256.200,00
407.268,00 (H) 407.268,00 0 0

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0 0
Lucro do Exercício
407.268,00 (H)
iii) Liquidação dos Contratos

Títulos/CPR - Clientes a Pagar Títulos/CPR - Clientes a Receber


2.901.600,00 (13) 2.901.600,00 (1) 2.901.600,00 (1) 2.901.600,00(15)
0 0 0 0

Títulos/CPR - Insumos a Pagar Perdas com contratos


1.502.496,00 (16) 1.502.496,00 (2) 725.400 (14)
0 0 95.904,00 (17)
821.304,00 821.304,00 (G)
0 0
Fonte: Dados da pesquisa.
Quadro 4 – Demonstração do Resultado do Exercício.
Descrição da conta Valor (R$)
Ganhos/perdas – valor justo 5.580.000
Ganhos 5.580.000
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Produto agrícola soja 5.580.000
( - ) Despesas na mensuração a valor justo (4.301.208)
Despesas com a cultura (4.291.208)
Despesas estimadas de venda (10.000)
= Resultado Econômico antes das Vendas 1.278.792
(+) Receita de vendas 3.256.200
(-) Estoque vendido (3.256.200)
= Resultado Bruto das Vendas 0
= Resultado Antes das Despesas do Exercício 1.278.792
(-) Despesas com frete (50.220)
(-) Perdas com contratos (821.304)
(=) Resultado Operacional 407.268
LUCRO/PREJUIZO DO EXERCÍCIO 407.268
Fonte: Dados da pesquisa.

A DRE possibilita o conhecimento do resultado do período, antes que as vendas sejam


realizadas ou reconhecidas, quando da análise da rubrica “Resultado Econômico antes das Vendas”.
Este resultado demonstra a viabilidade produtiva, mesmo sem a transferência do produto a terceiros
(vendas). A informação da viabilidade produtiva, por meio da adoção do valor justo para ativos e
produtos não vendidos, é relevante, principalmente, diante da estocagem de produtos ou do longo
período de maturação de muitos ativos biológicos e produtos agrícolas. A mensuração a valor justo
possibilita, portanto, a apuração do resultado antes das vendas a terceiros ou, até mesmo, antes da
maturação de produtos e ativos biológicos (MARTINS e OLIVEIRA, 2014).

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4.3 Discussão
Amparado nos resultados empíricos, constata-se que o mecanismo de vendas antecipadas
com CPR está ganhando espaço no processo decisório dos produtores, como se observou da
literatura (MARQUES; MELLO; FILHO, 2008). Ao lado do crescimento exponencial do mercado
de derivativos (ABDEL-KHALIK e CHEN, 2015), outros mecanismos de negociação agrícola
também têm sido aperfeiçoados pelos produtores e agentes envolvidos na produção e venda (e.g.
vendas antecipadas tratadas neste estudo), distanciando-se da relativa complexidade dos contratos
derivativos tradicionais.
Essa realidade está relacionada ao fato de que a CPR possibilita uma opção de emissão de
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um título de dívida em que o produtor se livra das alterações do preço da commodity [sem eventuais
reajustes], e o produtor entrega o produto no valor acordado entre as partes em momento futuro. A
formalização desse contrato [CPR] pode ocorrer em qualquer fase do ciclo produtivo (NETTO,
2013).
Adicionalmente, o mecanismo de venda antecipada com uso da CPR possibilita a aquisição
de insumos, tendo a produção como moeda de pagamento na colheita (GONZALEZ e MARQUES,
1999). Esta transação apresenta benefícios às duas partes (produtor e entidade
compradora/financiadora). De um lado, o produtor deixa de comprometer recursos financeiros na
aquisição de insumos no ato da plantação e manejo, reservando-os para as demais atividades; de
outro lado, a financiadora garante a disponibilidade de produto no mercado ao final do contrato,
tendo em vista a entrega da produção pelo financiado.
A partir dos dados referentes aos contratos do caso C, procedeu-se à mensuração do produto
agrícola pelo valor justo, visto que a cultura soja está dentro das especificidades do setor agrícola
(DVOŘÁKOVÁ, 2015), sendo um produto homogêneo e os preços disponíveis ao público, o que
permite que o produto agrícola seja mensurado de forma confiável (CPC 29, 2009).
Ancorado na literatura contábil revisada na seção 2, a mensuração da commodity passa por
duas etapas produtivas. Na primeira, a soja está em formação e é [geralmente] mensurada pelo custo
histórico, por inexistir informações para mensuração ao valor justo (DÉKÁN e KISS, 2015). Esta
nomenclatura [soja em formação] tem sido utilizada amplamente em contextos produtivos

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ordinários (sem vendas antecipadas). Nesta abordagem de mensuração ao custo histórico, os custos
relacionados ao processo produtivo são reconhecidos no grupo “Estoques em formação”, sendo o
valor total utilizado como referência para o ativo no momento de elaboração do Balanço
Patrimonial e quando do reconhecimento da despesa do produto vendido (MARION, 2014).
Na segunda etapa produtiva (a colheita), o produto já apresenta claramente valor de
mercado. Este elemento é uma referência geralmente utilizada como valor justo para o ativo.
Portanto, o paradigma utilizado na mensuração do ativo nesta fase é aquele defendido pelo CPC 29,
em seu item 13. Neste momento, além do reconhecimento do valor justo, também devem ser
reconhecidas as despesas estimadas de venda no ponto de colheita. Essas despesas são apresentadas
no modelo de evidenciação (Quadro 1) com o título “Ajuste por despesa de venda”, conforme
literatura afim (OLIVEIRA e OLIVEIRA, 2015; ROCHA et al., 2016).
Portanto, a partir dos custos da produção da commodity, das despesas, bem como do valor
justo da commodity – considerando a área plantada e o número de sacas colhidas – multiplicou-se o
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número de sacas pelo seu valor de mercado e formou-se o valor justo da cultura, confrontado com
as despesas correlatas. Conforme consta no fluxo contábil para o caso em análise (Quadro 4),
observa-se que a cultura apresentou rentabilidade na safra 2014/2015, gerando um lucro para o
produtor no valor de R$ 407.268,00.
A utilização de contas ativas e passivas (valores a pagar e a receber), simultaneamente, no
reconhecimento do contrato está alinhada à necessidade de reconhecimento tempestivo de qualquer
transação que possa afetar o Patrimônio Líquido da entidade futuramente (IUDÍCIBUS et al.,
2013). De fato, a essência biológica do produto e os fatores da natureza envolvidos no processo
produtivo podem interferir no resultado esperado ao final do ciclo de produção (CREPALDI, 2006;
AZEVEDO, 2001), levando a consequências também na relação contratual estabelecida. Neste
caso, a evidenciação dos aspectos da transação original sinaliza ao leitor da informação contábil
eventuais possibilidades de impactos das consequências produtivas no contrato.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo do estudo foi mensurar e evidenciar commodities no contexto da venda
antecipada na contabilidade rural dentro da porteira, considerando que outros estudos enfatizam
mercados futuros fora da produção rural. Com base nas particularidades da venda antecipada de
commodities, na perspectiva dos produtores rurais, o estudo propôs um fluxo contábil para as fases
de negociação, produção e liquidação dos contratos da commodity soja.

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Mittmann, Oliveira, Neto e Lovo, p.154-157
Revista de Administração e Negócios da Amazônia, V.9, n.2,Especial,2017
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Constatou-se que os produtores, por terem experiência no setor, conhecem os custos de


produção, mas ainda não se arriscam nas vendas antecipadas no mercado futuro fora da porteira.
Eles contam com vários tipos de instrumentos para comercializar sua produção no mercado futuro,
mas preferem vender antecipadamente partes de seus produtos de forma simplificada, por meio da
Cédula do Produto Rural – CPR física.
O artigo visa contribuir com o meio acadêmico, demonstrando elementos técnicos para a
mensuração do produto agrícola soja e o processo de vendas antecipadas na contabilidade rural,
além de expandir o conhecimento sobre a mensuração e evidenciação desses ativos a partir da
adoção do valor justo, disciplinadas pelo CPC 29. A reduzida literatura referente à contabilização de
CPR física constatada no referencial da pesquisa também corroboram as contribuições da proposta
apresentada.
A pesquisa apresenta algumas limitações. Dentre elas, destaca-se a própria escassez de
literatura, o que dificulta abordagens comparativas mais intensas da contabilização de contratos de
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vendas antecipadas. Adicionalmente, destaca-se o número de casos analisados e as particularidades
da commodity objeto de estudo. Contudo, a proposta pode ser adaptada a outros ativos biológicos
consumíveis que tenham semelhanças com a produção de soja.
Como a produção envolvendo commodities agrícolas cresce a cada ano, e a economia opera
em um contexto de incerteza e volatilidade dos preços, os produtores necessitam de mecanismos
eficientes para a tomada de decisões nas comercializações dos seus produtos. A adequada
mensuração dos ativos e dos contratos pode contribuir com essas decisões.
Entende-se como oportunidade de pesquisa a contabilização de derivativos envolvendo
vendas antecipadas de produtos agrícolas fora da porteira e mercados financeiros de commodities
agrícolas.

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