XXX Congresso Latino-Americano de Hidráulica

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aprovados/
XXX CONGRESO LATINOAMERICANO DE HIDRÁULICA
07 AL 11 DE NOVIEMBRE DE 2022

DIMENSIONAMENTO E SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DE CANAL


DE SEÇÃO RETANGULAR COM REVESTIMENTO DE GABIÃO PARA
APLICAÇÃO NA IRRIGAÇÃO

Yara Tanigut Scramin Carraro1, Eduardo Gustavo Pfluck2, Felipe Schimdt da Silva3,
Denise Matos da Silva4, Jorge Luis Rodrigues Pantoja Filho5
1,2,3,4,5
Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, Brasil
yara.tanigut@hotmail.com, eduardock.25@gmail.com, fe.s.silva@hotmail.com, denisematossilvadms@gmail.com,
pantojafilho@gmail.com

RESUMO: As características do escoamento em canais resultam em uma complexa interação entre


o fluido e as paredes e leito do canal, envolvendo parâmetros como atrito, gravidade e turbulência.
No âmbito do dimensionamento, o conceito do escoamento uniforme é central para a compreensão e
solução da maioria dos problemas no campo de hidráulica de canais. Dentro desse contexto, a análise
e o dimensionamento podem ser feitos por meio da clássica equação de Manning. No entanto, o
projeto contempla uma determinada vazão de projeto, geralmente máxima e de segurança, utilizada
no dimensionamento, além de diversas considerações simplificadoras, como por exemplo a
consideração de que o fluxo funcione em regime permanente, uma idealidade quase nunca verificada
na prática. Um canal que possua retiradas de água para irrigação é um bom exemplo disso, uma vez
que a dinâmica de entradas e saídas de água varia com o tempo, a depender, dentre outros fatores,
como, por exemplo, a demanda temporal de água para irrigação. Os softwares de simulação
computacional são ferramentas importantes, pois permitem a análise e construção de diversos
cenários para as mais diversas situações referentes ao escoamento na estrutura hidráulica, como é o
caso do aumento ou diminuição da vazão em uma série temporal e seu impacto nos parâmetros
hidráulicos. O objetivo deste trabalho foi dimensionar um canal artificial hipotético de seção
retangular, com revestimento de gabião, para fins de uso em atividades de agricultura, utilizando a
equação de Manning adaptada pelo método dos parâmetros adimensionais, além de avaliar por meio
de simulação computacional os impactos da variação da vazão nos parâmetros hidrodinâmicos.

ABSTRACT: In an open channel structure, there are some complex interactions between the fluid
and the cladding of the structure, involving, among other things, friction, gravity and turbulence. In
terms of design, the concept of uniform flow is central to understanding and solving most problems
in the field of open-channel flow. Within this context, the analysis and design are carried out by the
hand of the classic Manning equation. However, the design often includes a certain design flow
discharge, usually a maximum one, in addition to several simplifying considerations, such as the
consideration that the water flows in a steady state condition, an arbitrary simplification that is almost
never verified in practice. An open channel whose water withdrawals for irrigation is a good example
of this, since the dynamics of both inflows and outflows varies over time, depending, among other
factors, such as the temporal water inputs and outputs for irrigation activities. Within this context,
computer models are important tools, as they allow the analysis and construction of different
scenarios for the most diverse situations regarding the flow in the hydraulic structure, such as, for
example, the increasing and decreasing of flow discharge and its impact on hydraulic parameters. The
objective of this study was to design a hypothetical and rectangular artificial channel, with gabion
coating, for use in agricultural activities, using the Manning equation and the method of
dimensionless parameters, in addition to evaluating through software the impacts of variation of the
flow in the hydrodynamic parameters.

PALABRAS CHAVES: Condutos livres, dimensionamento, simulação hidráulica.


XXX CONGRESO LATINOAMERICANO DE HIDRÁULICA
07 AL 11 DE NOVIEMBRE DE 2022

INTRODUCÃO

O entendimento, concepção e dimensionamento de condutos livres abrangem tantos aspectos


estritamente técnicos como socioambientais, com aplicação nas mais variadas atividades do
desenvolvimento humano. As características do escoamento em canais resultam em uma complexa
interação entre o fluido e as paredes e leito do canal, envolvendo parâmetros como atrito, gravidade
e turbulência (Lobão et al., 2016). No âmbito do dimensionamento, o conceito do escoamento
uniforme é central para a compreensão e solução da maioria dos problemas no campo de hidráulica
de canais. Dentro desse contexto, o escoamento em canais pode ser analisado por meio da clássica
equação de Manning.
Na prática, o planejamento, projeto e construção de um canal estão condicionados por uma
série de restrições de natureza variada. Condições topográficas, geotécnicas, construtivas, de
influência do sistema viário, dentre outras, são aspectos de caráter não hidráulico que limitam a
liberdade dos projetistas no dimensionamento das seções (Porto, 2006). Um ponto a ser mencionado
são as curvas em canais, seções muitas vezes não contempladas em projetos com a profundidade
necessária, mas que merecem atenção em virtude da atuação da pseudoforça centrífuga que atua
radialmente a partir do centro de rotação determinado pela partícula fluida no sistema girante,
provocando uma sobrelevarão de nível na parte externa da curva.
Ademais, os softwares de simulação computacional são ferramentas importantes, permitindo
a análise para as mais diversas situações referentes aos projetos de canais, possibilitando analisar
diversos cenários, como por exemplo, o incremento dos valores de vazão em uma série temporal e
seu impacto nos parâmetros hidráulicos.
Dentro desse contexto, o objetivo deste trabalho foi dimensionar um canal de seção retangular,
com revestimento de gabião, com fins de aplicação na agricultura, utilizando a equação de Manning
e método dos parâmetros adimensionais associados à simulação computacional, para uma
determinada vazão de projeto, além de avaliar por meio de software os impactos da variação da vazão
nos parâmetros hidrodinâmicos.

MATERIAIS E MÉTODOS

O traçado está contido em área adjacente à comunidade de Santo Antônio (25°29'35.2" S,


53°33'58.0" O), distrito de Capitão Leônidas Marques - PR (25° 29' 28'' S, 53° 35' 47'' O).

Figura 1.- Traçado estabelecido.:(Google Earth Pro).

O traçado discretizado, constituído por quatro trechos retilíneos e três curvas, foi elaborado
visando o desmatamento do menor número possível de árvores entre o trecho mais à montante e mais
à jusante, com a preocupação concomitante de usar como referência a declividade do terreno,
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procurando a trajetória mais otimizada ao escoamento considerando tais vertentes, mitigando, assim,
custos com movimentação de terra.
O método dos parâmetros adimensionais foi empregado no dimensionamento. Tal método,
baseado na fórmula de Manning (Equação 1), abrevia os cálculos no dimensionamento de canais.
Para se obter os parâmetros adimensionais, divide-se ambos os membros da equação de Manning por
uma dimensão linear (largura do canal) elevada a potência 8/3 (Equações 2 e 3):
.
= . ℎ /

[1]

Para um canal de seção transversal trapezoidal, tem-se:


/
. +
= +
√ 1 + 2 √1 +
[2]
/

Para um canal retangular (m=0), a expressão torna-se mais simples:


/
.
=
√ 1+2
[3]
/

η: coeficiente de rugosidade, Q: vazão volumétrica, I: declividade do fundo, A: área molhada, Rh:


raio hidráulico, b: dimensão linear, y: altura da lâmina de agua, m=inclinação do talude (seção
transversal retangular, m=0).
Ainda no que concerne ao dimensionamento, a vazão estabelecida de projeto (Qp) foi de 1500
-1
L.s . A geometria da seção transversal do canal é do tipo retangular (m=0), considerando que o
material de revestimento é o gabião, o qual possui como principal característica a alta resistência à
tração (Junior et al, 2019). A adoção do coeficiente de rugosidade foi feita de acordo com Arcement
(1989), realizando-se um ajuste posterior para torná-lo o mais preciso possível, considerando fatores
como a rugosidade da superfície, a ausencia de vegetação, as condições de limpeza, a irregularidade,
alinhamento, e envelhecimento das paredes, dentre outros. Após a aplicação do modelo proposto por
Cowan (1956), obteve-se um valor de aproximadamente 0,035.
Com relação à resistência adicional ao movimento do líquido causada pelas curvas, ressalta-
se que não foram adotadas medidas para que essa resistência fosse vencida. Tais medidas seriam o
aumento de declividade nas curvas em relação aos trechos retilíneos ou o estabelecimento de uma
largura maior nos trechos curvos em relação aos trechos retilíneos. Com relação à sobrelevação da
água na parte extrena das curvas, a qual é produto da pseudoforça centrífuga, foi estimada por meio
da expressão (Equação 4):
.
ℎ=
.
[4]

∆h: sobrelevação do nível de água na curva; b: largura da seção transversal, g: aceleração da


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gravidade, Y: raio médio da curva.


O número de Froude (Equação 5) e o número de Reynolds (Equação 6) foram calculados
como segue:

=
! ."
[5]

. ℎ
#=
$
[6]

Fr: número de Froude, V: velocidade média da agua, g: aceleração da gravidade, Hm: altura hidráulica
média, Rh: raio hidráulico, ν: viscosidade cinemática.

Após o estabelecimento da configuração geométrica tendo como base a vazão de projeto,


foram analisados três cenários hidráulicos objetivando simular a variação da vazão, a saber: vazão de
projeto (Qp), metade da vazão de projeto (0,5Qp) e o acréscimo de 50% vazão de projeto (1,5Qp)
visando verificar seus efeitos nos parâmetros hidrodinâmicos de escoamento, com a altura da borda
livre de segurança adotada garantido o não extravasamento da água somente para a condição de vazão
de projeto. Para tal, foi empregado o software disponibilizado pelo Centro de Engenharia Hidrológica
(CEIWR-HEC), denominado Sistema de Análise de Rios (HEC-RAS), o qual permite que o usuário
execute cálculos de fluxo estável unidimensional, fluxo instável unidimensional e bidimensional,
cálculos de transporte de sedimentos/leito móvel e modelagem de temperatura/qualidade da água.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1 podem ser verificados os resultados obtidos a partir do traçado efetuado, com
relação às cotas nos pontos de montante e jusante, comprimento e declividade dos trechos.

Tabela 1.- Cotas de montante e jusante, comprimentos e declividade nos trechos.


Cota Cota
Trecho Comprimento Declividade
Montante Jusante
[m] [m] [m] [m/m]
1 380 372 305 0,0262
2 372 362 615 0,0163
3 362 361 430 0,0023
4 361 264 1 500 0,0647

As sobrelevações nas curvas em relação aos trechos retilíneos ((Figura 1) variaram entre 0,8%
(curva 3) e 17,5% (curva 1). Na curva 1 verificou-se sobrelevação absoluta de cerca de 7 cm, muito
em função da velocidade à montante da curva (1,88 m.s-1) e o do raio médio estabelecido para a curva
(10,3 m). De maneira geral, as sobrelevações podem ser consideradas de média e pequena
intensidade, decorrentes dos ângulos resultantes entre os trechos retilíneos à montante e à jusante de
cada curva e também dos raios médios considerados na área de influência de cada curva. A magnitude
das sobrelevações depende de uma relação entre a energia cinética da água na entrada na curva e o
raio médio da mesma.
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Figura 1.- Alturas do nível de agua nos trechos retilíneos e nas curvas do canal para Qp.

O processo de dimensionamento resultou em trechos que apresentaram valores iguais para a


largura de base, a qual foi arbitrada no início do trabalho iterativo, com o intuito de evitar seções de
concordância entre os trechos. As variações de altura de lâmina de água foram estimadas entre 0,30
m a 0,90 m, trechos 4 e 3 respectivamente. Como produtos de tais variações supracitadas, os valores
para o raio hidráulico de projeto variaram entre 0,23 m e 0,47 m nas seções 4 e 3 respectivamente. É
possível verificar os resultados para os elementos geométricos de cada trecho na Tabela 2.

Tabela 2.- Elementos Geométricos para Qp


Largura da Lâmina de Perímetro Área Raio
base água Molhado Molhada Hidráulico
[m] [m] [m] [m²] [m]
1 2,00 0,40 2,80 0,80 0,29
2 2,00 0,46 2,92 0,92 0,32
3 2,00 0,90 3,80 1,80 0,47
4 2,00 0,30 2,60 0,60 0,23
.
Na Tabela 3 estão apresentados os valores dos parâmetros hidráulicos para Qp. O sistema foi
projetado para que mitigar ao máximo os custos com movimentação de terra, sendo assim a
declividade do canal seguiu a declividade do terreno. Verificou-se que, para esta condição, à exceção
do trecho 4 (Fr = 1,46), todos os trechos apresentaram valores típicos do regime subcrítico.
Ressalta-se que a faixa de velocidade de projeto recomendadas por Porto (2006) para o
escoamento no canal, a qual é função do revestimento adotado, encontra-se entre 3 e 4 m.s-1, as quais
não foram atendidas para Qp. No entanto, se Porto (2006) e outros autores recomendam uma faixa de
velocidades a serem atendidas no dimensionamento, Ven Te Chow (2009) estabelece, de maneira
geral, que a maioria dos canais artificiais resistiriam satisfatoriamente aos processos erosivos e,
portanto, poderiam ser considerados não-erodíveis; enquanto que os canais naturais seriam
geralmente erodíveis. O projetista, então, simplesmente computa as dimensões do canal por uma
fórmula do escoamento uniforme e, então, decide as dimensões finais baseado na eficiência
hidráulica, ou regra empírica de melhor seção, praticabilidade e economia.
No que tange ao valor mínimo de velocidade para a garantia da autolimpeza, mais importante
do que a velocidade mínima encontrada em intervalos preconizados na literatura é o parâmetro de
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tensão trativa, o qual pode ser definido como a tensão tangencial exercida sobre a parede do conduto
pelo líquido escoado. No contexto de velocidades abaixo da faixa supramencionada, o critério de
tensão trativa mínima permite assegurar condições de autolimpeza. E, portanto, em qualquer trecho
do canal a tensão trativa calculada deverá ser maior ou igual à tensão trativa mínima critica. O valor
de 1,0 Pa é aplicado em projetos de coletores de esgoto (NBR 9.649) e poderia servir como base para
o estabelecimento de um valor mínimo nesse contexto, podendo ser utilizado como primeira
abordagem para o canal em questão. Como resultado do dimensionamento, os valores de tensão
trativa excederam com boa margem o valor mínimo de 1,0 Pa. Importante ainda é abordar a tensão
trativa permissível, a qual pode ser definida como o valor máximo que não deveria ser excedido para
não causar séria erosão no material de revestimento do canal. De acordo com o U.S. Beurau of
Reclamation (1952), este parâmetro pode ser estimado tomando-se por base um valor médio para o
diâmetro das partículas que se movimentam com o fluido. Os valores para a tensão trativa excederam
este limite teórico em todos os trechos, no entanto, faz-se a ressalva de que a experiencia tem
mostrado que canais poderia suportar valores ainda mais altos do que a tensão trativa permissível,
muito provavelmente devido ao fato de que a agua e o solo em canais reais contém quantidades de
coloides e matéria orgânica que formam biofilme nas superfícies e também porque um leve
movimento de partículas em suspensão pode ser tolerado em projetos práticos sem comprometer a
estabilidade do canal.

Tabela 3.- Parâmetros Hidrodinâmicos para Qp


Tensão trativa Tensão trativa
Velocidade Número de Número de Tensão trativa
Trechos Velocidade mínima permissível
Crítica Froude Reynolds
[m/s] [m/s] [Pa] [Pa] [Pa]
5
1 1,88 1,95 0,95 5,4.10 1,0 74,9 4,8
2 1,63 1,97 0,77 5,1.105 1,0 51,2 4,8
3 0,83 2,47 0,28 3,9.105 1,0 11,0 4,8
4 2,50 2,01 1,46 5,8.105 1,0 149,2 4,8

A discussão sobre o cálculo da perda de carga nas curvas é outro aspecto que deve ser
considerado. Enquanto que a determinação da perda de carga nos trechos retilíneos pode ser mais
facilmente computada, pelo menos durante o dimensionamento, bastando para isso calcular a energia
total do fluido nas seções de montante e jusante, tomando-se por base simplificações para a energia
de pressão, potencial e cinética, o mesmo não pode ser afirmado sobre a determinação da perda de
carga nas curvas dos canais abertos, a qual constitui um problema complexo que exige o emprego de
dados experimentais (Azevedo Netto, 2015). A literatura disponibiliza gráficos que trabalham com o
coeficiente ε, o qual é função do número de Reynolds, do raio de curvatura, da profundidade e da
largura do canal e do ângulo da curva. Resultados experimentais realizados sobre essa questão foram
avaliados para valores de número de Reynolds compreendidos entre 8.104 e 23.104 (Shukry, 1959;
Thandveswara e Seetharamah, 1971). Para o canal dimensionado, os resultados para o número de
Reynolds oscilaram entre 4.105 e 6.105 aproximadamente, o que impossibilita a estimativa da perda
de carga nas três curvas do canal no processo de dimensionamento.

SIMULAÇÕES HIDRÁULICAS

Na Figura 2 está apresentado o perfil longitudinal do canal. Procurou-se seguir a declividade


do terreno para mitigar custo com movimentação de terra. O canal foi projetado com desnível de 116
metros entre as seções de montante (trecho 1) e jusante (trecho final), respectivamente.
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Figura 2.-. O perfil longitudinal do canal.

Na Figura 3, com resultados extraídos a partir da simulação realizada, podem ser observadas
as variações para o raio hidráulico, as quais são resultantes de alterações no perímetro e na área
molhada decorrentes das mudanças nas vazões. Da análise para as velocidades médias (Figura 4) nos
trechos retilíneos para as condições analisadas pode-se destacar as velocidades estimadas para o
trecho de jusante, as quais, para a condição 1,5Qp atingiram valores da ordem de 3,5 m.s-1, enquanto
que no dimensionamento, efetuado para Qp, este valor foi estimado em cerca de 2,5 m.s-1. Tais valores
encontram-se muito próximos ou efetivamente fora do limite superior recomendado na literatura para
canais revestidos por gabião. Sendo assim, caso seja solicitado um incremento em 50% nos valores
de Qp por alguma demanda hipotética de irrigação, a energia cinética mínima visando a autolimpeza
seria seguramente atendida, mas com potencial para intensificar possíveis processos erosivos.

Figura 3.- Raio hidráulico nos trechos para Qp, Qp/2, 1,5Qp
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Figura 4.- Velocidades médias nos trechos para Qp, Qp/2, 1,5Qp

Com relação ao número de Froude (Figura 5), tanto no aspecto do dimensionamento, efetuado
com Qp, quanto nos outros cenários avaliados, 0,5Qp e 1,5Qp, o regime de todos os trechos do canal
são subcríticos (Fr <1), exceto pelo trecho 4, situado mais a jusante, o qual é supercrítico. Neste trecho
em específico, os valores variaram entre 2,2 e 3,8, para as vazões 0,5Qp,Qp e 1,5Qp.
.

Figura 5.- O número de Froude nos trechos para Qp, Qp/2, 1,5Qp

Ao longo do canal a tensão trativa (Figura 6), excedeu com boa margem o valor de tensão
trativa mínima critica, logo o fluido satisfez a condição de autolimpeza para todas as condições
avaliadas. Ressalta-se que no tocante à tensão trativa permissível, para todos os cenários avaliados,
este parâmetro também foi excedido, atingindo até 480 Pa na condição de acréscimo de vazão em
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50%, logo cabe uma análise sobre potencial risco erosivo, sempre ressaltando que a experiência tem
mostrado que canais poderiam suportar valores ainda mais altos do que a tensão trativa permissível.

Figura 6.- Tensão trativa nos trechos para Qp, Qp/2, 1,5Qp

O incremento de 50% na vazão de projeto provocaria um transbordamento do canal no trecho


1, conforme pode ser verificado na Figura 7 abaixo. Ressalta-se que todos os trechos do canal foram
dimensionados com borda livre de 30%, acima do nível superficial de água de projeto (Qp), sem
quaisquer análises mais aprofundadas sobre a capacidade das seções transversais em suportar, por
exemplo, chuvas fortes e concentradas, períodos de retorno e afins. Ressalta-se que o canal aberto
está diretamente sujeito ao regime pluviométrico da região onde é construído, sendo assim a
caracterização das chuvas intensas é imprescindível para que seus efeitos sejam quantificados
de maneira adequada, além de permitir a previsão da ocorrência de eventos hidrológicos
extremos. .

Figura 7.- Níveis da lâmina de água para 0,5Qp e 1,5Qp.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE).


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REFERÊNCIAS

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Lobão, P.H., Santos, I.F.S, Botan, A.C. (2016). “Análise dos parâmetros hidráulicos e determinação
das declividades de fundo do rio Jamari por meio da equação de Manning”, Revista Brasileira de
Energias Renováveis, Vol 05, No 03, pp 293-306.
NBR9648 – Estudo de concepção de sistemas de esgoto sanitário
NBR9649 – Projeto de redes coletoras de esgoto sanitário
Chow, V.T. (1959). Open-Channel Hydraulics. McGraw-Hill, New York, 1959.
Porto, R. M. (2006). Hidráulica básica. 2ª Ed. EESC USP , São Carlos, SP.
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Arcement, George J. (1989) “Guide for selecting Manning's roughness coefficients for natural
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in cooperation with U.S. Department of Transportation, Federal Highway Administration. 1989.

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