Relações Interpessoais

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Relações Interpessoais

Carmen Caroline Ferreira do Carmo Nader

A construção do sujeito e da subjetividade

Perguntas iniciais: O que torna você quem você é? O que te define? Ser racional te torna
humano? Somos conflito, somos caos e contradição! Quem somos? Como chegamos ao
ser que somos?

Segundo Ghiraldelli Júnior (2000, p. 24):

[...] a subjetividade pode ser descrita por meio de „formas da


consciência‟: o eu, a pessoa, o cidadão e o sujeito
epistemológico. O eu é a identidade, formada das vivências
psíquicas; é a forma de conhecimento singular [...] A pessoa é a
consciência moral [...] O cidadão é a consciência política [...] O
sujeito epistemológico é a consciência intelectual [...] A
subjetividade assim composta [...] é a instância da qual o homem
(empírico ou abstratamente genérico) deve participar. Se
conseguir isso, autenticamente, torna-se o sujeito – „aquele que é
consciente de seus pensamentos e responsável pelos seus atos‟
[...]

Sendo assim, é possível conceber o sujeito como aquele de características múltiplas e,


nesse sentido, possuidor de certo traço de autonomia em relação às influências que
recebe.

O Sujeito humano: temos que compreender que não se trata de um sujeito passível de
condicionamento, mas sim, de múltiplas determinações que derivam das mais diferentes
instâncias: políticas, sociais, biológicas, econômicas, emocionais, etc. Nenhuma delas,
porém, fora da materialidade histórica (FREIRE, 2000, p. 27).
A divisão do sujeito, segundo Descartes: Para o filósofo, o que está em jogo é a busca
da certeza pautada na evidência para o alcance da “Verdade” já que o conhecimento das
ciências é considerado potencialmente falso, ou seja, não corresponde a uma realidade
absoluta uma vez que muito do que afirma se baseia nas informações oferecidas pelos
sentidos, o que não seria uma fonte segura para tal, por exemplo. Explica-se desta
forma, a busca de um patamar epistemológico básico a partir do qual todos os outros
conhecimentos seriam derivados, com a insígnia de conhecimento seguro e localizado
então na instância da subjetividade. Para o autor, a saída nesse caso seria duvidar de
tudo, inclusive dos próprios sentidos, e a partir daí buscar a verdade, a chamada dúvida
metódica - penso, logo existo.

Quatro passos do método de Descartes (Penna, 2006, p. 50):

1) não aceitar nada como verdadeiro senão quando nós próprios possamos
reconhecê-lo;

2) dividir cada dificuldade com que eu me defronte em tantas parcelas quantas


sejam necessárias para que eu as compreenda bem;

3) conduzir meus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e os mais


fáceis de conhecer para alcançar, pouco a pouco, os mais difíceis – é a síntese depois da
análise;

4) fazer um desdobramento tão completo e revisões tão gerais de modo que eu


possa me assegurar de nada omitir.

Assim, vai tomando forma o sujeito do conhecimento em um longo debate que


marca a história da filosofia, permitindo a configuração de um campo específico, a
Epistemologia1 - delineada a partir da volta do sujeito sobre si mesmo, num esforço de
se perguntar do alcance, validade e possibilidade das suas próprias capacidades de
conhecer alguma coisa. Porém, o conhecimento do mundo (ou do estado de sujeito puro
– res cogitans) não seria possível, pois a única forma do homem vir a conhecer o mundo
seria a partir dos sentidos, fonte passível de falha e erro.

Definição do homem para Descartes: implica na relação problemática entre a alma e o


corpo e, consequentemente, na impossibilidade de se atingir o conhecimento inteiro,
total. Observamos – dentro das devidas diferenças – que, à moda platônica, o homem
seria um prisioneiro no seu corpo: não estando mais a alma, quando corporificada, em

reflexão geral em torno da natureza, etapas e limites do conhecimento humano, esp. nas relações
que se estabelecem entre o sujeito indagativo e o objeto inerte, as duas polaridades tradicionais
do processo cognitivo; teoria do conhecimento.
1.
freq. estudo dos postulados, conclusões e métodos dos diferentes ramos do saber científico, ou
das teorias e práticas em geral, avaliadas em sua validade cognitiva, ou descritas em suas
trajetórias evolutivas, seus paradigmas estruturais ou suas relações com a sociedade e a história;
teoria da ciência.
seu estado natural, livre. Encontramos, portanto, duas formas de expressão do sujeito:
livre e autônomo, vivendo dentro dos campos do imaterial; e outro, preso no corpo,
construído a partir de uma série de determinismos naturais e sociais.

Segundo Melo (2004, p. 48):

Perdurou por muito tempo – ou perdura até hoje? – essa divisão


cindida sobre o Ser humano, entre o corpo e a alma: o visível e o
invisível, o mortal e o divino, o que perece e o que perdura, o
que perde sua identidade e aquele que a conserva, o liberado e o
reprimido, a negação e a afirmação. Desse modo, a relação do
homem com seu próprio corpo e com o do outro é perpassada
por esse dualismo irracional e assustador, que serviu, e serve
ainda, para reprimir muitos comportamentos e culturas

Como pontua Foucault (1999, p. 417), o homem passou a ser esquadrinhado e


dividido, gerando uma série de saberes difusos que ofereceram suporte para a divisão da
subjetividade humana. Não restam dúvidas que a Psicologia também serviu de suporte
para esse dispositivo. E o que é a Psicologia senão o campo de saberes que trabalha com
o estudo da subjetividade? Dentro da lógica científica clássica, para estudarmos um
fenômeno é necessário recortá-lo a partir do isolamento das variáveis determinantes de
sua realidade para assim, compreender o seu funcionamento. Converte-se o mundo em
um campo relativamente estável, previsível, sistemático, pleno de certezas.

A construção do indivíduo historicamente: Conforme explica Ghiraldelli Júnior


(2007, p. 28), o homem grego tinha sua vida particular intensamente atrelada à vida da
polis, de maneira que era muito difícil separar as instâncias privada e pública. Nesse
sentido, a polis não é apenas uma organização social, mas sim uma nova configuração
das relações existentes entre os homens naquele momento histórico. Observamos que o
nascimento do sujeito parece estar intimamente articulado com certa separação entre o
indivíduo e a sociedade da qual faz parte. Essa questão é essencial porque tal separação
irá tornar necessária a construção de uma instância mediadora entre os homens,
entendida como o Estado Civil.

Rousseau e a visão do homem: Se em Descartes a verdade é dada ao sujeito, seguindo


uma perspectiva 70 Silva e Henning Acta Scientiarum. Human and Social Sciences
Maringá, v. 33, n. 1, p. 67-74, 2011 racionalista, para o filósofo genebrino ela é
acessada por uma subjetividade mais individual – íntima – e que, portanto, requer o
desenvolvimento de uma consciência moral. Enquanto o crivo de verdade para
Descartes “exige uma subjetividade passível de ser compartilhada entre os indivíduos,
em contrapartida, Rousseau pressupõe uma subjetividade [...] que é um mundo interior”
(GHIRALDELLI JÚNIOR, 2000, p. 17) acessível pelas vias da sensibilidade e
sinceridade. Essa intimidade é pensada como algo muito próximo à natureza original do
homem, quando ele ainda não tinha tido contato com as convenções sociais, e com as
máscaras. Isso faz com que Rousseau coloque a criança como modelo detentor da
constituição da verdade. Se em Descartes a infância era o momento de ligação alma-
corpo, sendo o último elemento rico de causações sensíveis, incitamento de imagens e
construções levianas e falsas fantasias infantis, configurando-se como afastamento da
pureza, necessária à apreensão da verdade, Rousseau identifica exatamente o inverso.
Ou seja, para ele, a infância é o lugar da filosofia, da busca pelo conhecimento
verdadeiro. Porém, resta à criança crescer e, neste ponto, enfrentamos toda contradição
existente entre sujeito e sociedade, expressa na teoria moral de Rousseau,
especialmente, em sua obra “O Emílio ou Da Educação”. O sujeito livre não tem como
viver na sociedade segundo as suas próprias vontades. Nesse sentido, existe uma
pressão externa que direciona as ações, condutas e desejos. Estamos falando de algo
muito próximo daquilo que afirma Adorno (2000, p. 154), ao colocar a impossibilidade
de unir os interesses sociais com os interesses individuais:

[...] Podemos concordar em que formamos as pessoas para a sua


individualidade e ao mesmo tempo para sua função na
sociedade? [....] No mundo em que nós vivemos esses dois
objetivos não podem ser reunidos. A idéia de uma espécie de
harmonia [...] entre o que funciona socialmente e o homem
formado em si mesmo, tornou-se irrealizável (ADORNO, 2000,
p. 154).

Dessa forma, encontram-se uma condição irrealizável em direção a um permanente


equilíbrio - ausente de tensão – na relação entre o individual e o social. E pela
impossibilidade de atender ambas as perspectivas, faz-se a flexão que traz a troca das
liberdades naturais para o conceito de “liberdade civil” embasada na era dos direitos.
Em outras palavras, frente à impossibilidade de sobrevivência mútua do um com o todo,
criou-se uma instância reguladora abstrata e jurídica a partir do “contrato social” entre
os indivíduos.

O paradoxo de Rousseau: A verdade humana – e sua liberdade – tem como base o


desenvolvimento integral e harmonioso do indivíduo, porém, estando ela ameaçada pela
existência das normas sociais que visam minimizar o conflito demarcado pela relação
entre os seres humanos. A legalidade, portanto, serve de suporte para a relação
mediadora entre os diferentes sujeitos. É exatamente essa a dimensão que é trabalhada
por Vigotski (2003, p. 303) ao debater o caráter trágico da educação. Afirma que o
sujeito ao reconhecer-se como vivente no mundo social passa por uma série de conflitos
que visam, em última instância, a sua passagem para esta segunda natureza – a social –
e com isso, espera se tornar um ser verdadeiramente humano. Por isso, defende a idéia
de que a relação entre o individual e o social é essencialmente conflituosa, identificada
como uma constante luta simbólica entre os envolvidos.

O “contrato social” proposto por Rousseau: surge dentro de tal perspectiva, como
forma de retomar a liberdade perdida enquanto ser natural, indo em busca tanto da
igualdade política quanto da socioeconômica. A retomada pela via da lei da igualdade
impede o retraimento da razão e ocorre a partir do convívio entre os homens. O direito,
neste contexto, oferece suporte para a compreensão da desigualdade humana, não mais
sendo esta encontrada dentro de explicações naturais ou divinas, mas sim, a partir da
própria condição social. Dessa forma, um direito quando reconhecido racionalmente
possui a necessidade de ser mantido, da mesma forma que a igualdade política necessita
de um regime que teria a tarefa de, em última instância, diminuir as diferenças sociais –
e as diversas discriminações existentes - entre os homens. Assim, o desenvolvimento
humano, portanto, acaba estando intimamente relacionado com o progresso de toda a
sociedade. Seguindo com Rousseau, vemos que ao mesmo tempo em que formula uma
noção de sujeito Sujeito e construção da subjetividade também constrói um modelo de
„moral‟. Nas palavras de Freitag (1992, p. 42):

O que salva os homens de sua desintegração moral crescente é a


sua necessidade de sobrevivência e o interesse pelo bem-estar
próprio, que se associa ao respeito do outro a quem se atribui o
mesmo interesse (reciprocidade), segundo a máxima: „Faze o teu
próprio bem com o mínimo de prejuízo para o outro‟.

Quando essa máxima passa a ser mediada pela razão, ela


transforma–se em sua forma mais pura: „Faze a outrem o que
queres que te façam. É possível relacionarmos como
desdobramento desse ponto o próprio imperativo categórico
kantiano (“Age de tal modo que a máxima da tua vontade possa
valer sempre ao mesmo tempo como princípio de uma legislação
universal”): condição da existência de uma sociedade justa,
fundamentada nos direitos de todos e na defesa da dignidade de
cada homem dotado de razão, e, dessa forma, da humanidade
como um todo.

Essa divisão entre vida pública e privada parece que entra em colapso nos tempos
atuais. Com a queda de referências consideradas então como seguras para guiar a
conduta moral (seja pelas vias da razão, seja pela crença em algo místico-superior) vêse
um direcionamento para o próprio sujeito que passa a ser detentor do parâmetro último
da própria ação. Ser livre, nesse contexto, é desprezar a existência do outro.

Nesse contexto, para que os direitos individuais pudessem ser


preservados e desenvolvidos, passa-se a defender uma clara
separação entre as esferas da vida privada e da vida pública:
nessa última prevalecem as convenções, os princípios da
racionalidade e da funcionalidade, exigindo dos indivíduos
decoro e civilidade, enquanto à primeira cabe o exercício da
liberdade individual concebida como território livre da
interferência alheia (MANCEBO , 2004, p. 40).

Ser livre, nesse contexto, é desprezar a existência do outro.


Indivíduo x Sociedade: Na diferença entre indivíduo e sociedade, construiu-se
discursos acerca da subjetividade: modelos teóricos do que se deveria ser, formulando
uma noção de eu, atemporal e não histórico. E a partir do momento em que o homem
passa a ser visto como um elemento integrante do processo de construção do
conhecimento conseguiu perceber o quanto a sua subjetividade é ponto integrante do
entendimento que possui em relação ao mundo. Não era mais possível se permanecer
neutro, como um elemento estranho e passivo ao entendimento do mundo. Observamos
que a partir de uma série de dispositivos fundou-se uma era de direitos. O problema que
se inseria agora era “como conceber um indivíduo ético, pautado não mais no
posicionamento frente à lei, mas sim, como construtor da própria referência?”
Historicamente, o sujeito foi colocado à margem do sensível. O século XX mostrou que
o corpo representa o crivo ao estatuto da verdade, na mesma medida em que é colocado
como fonte de prazer para o indivíduo. Ou seja, há necessidade de se reconhecer, pelas
vias da sexualidade, por exemplo, como um agente ativo da própria vida. Claro que a
sexualidade também se constitui como discurso científico. Porém, existe a abertura para
o contato direto com o corpo, independente de palavras que venham a dar sentido à
existência. Por essa razão, ao construirmos um discurso crítico sobre o sujeito, não
deixa de ser lógico que o valor ao corpo deva ser retomado como ponto de sustentação
para a identidade.

O Sujeito atualmente: Podemos afirmar então que diferentemente da noção clássica,


totalizante de sujeito, expressa por Descartes, o sujeito atualmente é visto como algo
que

[...] não é identificável, mas sujeito à identificação e longe de ser


unificado, ele é dividido [...] ele é um vazio – oco que estrutura
o homem não tanto como vir-a-ser, mas como falta-a-ser, falta
constitutiva do desejo de ser e ter aquilo que jamais terá e será.
Penso logo não sou (QUINET, 2000, p. 15).

Mesmo não identificável, o sujeito é passível de certa identificação, ou seja, de


definição. E como isso acontece atualmente? Através do corpo, ou de outra forma, da
transformação do corpo em signo de definição individual. Dessa forma, observamos que
o indivíduo ganha novos contornos, o que levará evidentemente a uma nova posição
frente ao campo social. As tatuagens, os piercings, utilização de determinadas roupas ou
tipos de cabelo, nos trazem alguns exemplos de como é possível forjar tal identidade.
Ao mesmo tempo, ao realizar esse tipo de procedimento do corpo, cria-se um
dispositivo que traz na marca corporal, o elemento de identificação que pode vir a dar
suporte à formação de grupos. O que vemos nesses fenômenos? Primeiramente que não
encontramos a quebra da dicotomia existente - entre sujeito e mundo –, mas sim, uma
vivência praticamente indiferente em relação às questões sociais. Ser político é estar
fora do campo decisório, que é eminentemente conflituoso. O corpo passa a ser agente
político, no sentido em que a própria vida ganha o estatuto de uma espécie de
“bandeira” para uma luta muitas vezes vazia de sentido. O exercício de cidadania é
vinculado ao posicionamento frente a questões mínimas que enfocam o campo das
ações individuais para somente, em segunda ordem, potencializar atos grupais. O
sentimento de pertença a uma comunidade fica cada vez mais instável e os laços sociais
frágeis.

[...] As “identidades” flutuam no ar, algumas de nossa própria


escolha, mas outras infladas e lançadas pelas pessoas em nossa
volta, e é preciso estar em alerta constante para defender as
primeiras em relação às últimas. Há uma ampla probabilidade de
desentendimento, e o resultado da negociação permanece
eternamente pendente [...]. Pode-se até começar a sentir-se chez
soi, “em casa”, em qualquer lugar – mas o preço a ser pago é a
aceitação de que em lugar algum se vai estar total e plenamente
em casa (BAUMAN, 2005, p. 19-20).

O estar só no mundo é visto como fonte de angústia. Observamos essa dimensão a


partir, por exemplo, das idéias trazidas por Sartre que a indica como um dos impactos
da condição – ou condenação - da liberdade vivida pelo sujeito. Liberdade, aqui,
entendida como responsabilidade por tudo aquilo que o homem escolhe e faz.
Heidegger aponta que a angústia indica a relação do homem com seu fim, ou seja, a
morte e o nada (PENHA, 2001, p. 33). O fantasma da morte, portanto, insere no homem
moderno a dimensão da imediaticidade da experiência, empobrecendo a vida e suas
relações.

Observamos a formação de uma identidade frágil, sustentada não pelos laços e vínculos
que poderiam surgir como fonte de construção de novas Sujeito e construção da
subjetividade 73 Acta Scientiarum. Human and Social Sciences Maringá, v. 33, n. 1, p.
67-74, 2011 formas de ser, mas sim, pautada pelo isolamento e enfraquecimento da
própria noção de eu. Sobre a dúvida do que se é, surge o vazio, o nada. Aonde se
encontra a saída para os males do indivíduo? Novamente nos limites do corpo. Aqui se
tem o surgimento de relações entre os diferentes sujeitos tendo por suporte interesses
bastante narcísicos. Pode-se ver esse ponto claramente dentro do que chamamos de
sociedade do espetáculo.

EXTRA: A QUEDA DE GLORIA GROOVE

https://www.youtube.com/watch?v=OkIx-7-3BIw

Letras

Respeitável público, um show tão maluco


Essa noite vai acontecer, aqui a gente vai armar
Um circo, um drama com perigo
E nessa corda bamba quem vai caminhar sou eu
E venha ver os deslizes que eu vou cometer
E venha ver os amigos que eu vou perder
Não 'to cobrando entrada, vem ver o show na faixa
Hoje tem open bar pra ver minha desgraça

Extra! Extra!
Não fique de fora dessa
Garanta seu ingresso pra me ver fazendo merda
Extra! Extra!
Logo logo o show começa
Melhor do que a subida, só mesmo assistir à queda

Na-na, na-na-na-na, na-na-na-na, na-na-na


Na-na-na-na
Na-na, na-na-na-na, na-na-na-na, na-na-na
Na-na-na-na

Tampa de pá, ra-ta-ta-ta


Podem tentar mas não vão me pegar
Terror nenhum, du-du-dum-dum
Com meu poder derrubei um por um
Vivem fazendo de tudo pra te atingir
Eles agem como animais
Curiosidade matou o gatinho, mas essa gatona 'tá viva demais
Daqui do alto não 'to te escutando
'Cê vai falando, eu vou faturando
Sei que 'cê gosta de ouvir os aplausos
Mas gosta muito mais de me ver sangrando, oh
A carapuça serviu, cadê você ninguém viu, hã
'To dominando o Brasil, hã

E venha ver os deslizes que eu vou cometer


E venha ver os amigos que eu vou perder
Não 'to cobrando entrada, vem ver o show na faixa
Hoje tem open bar pra ver minha desgraça

Extra! Extra!
Não fique de fora dessa
Garanta seu ingresso pra me ver fazendo merda
Extra! Extra!
Logo logo o show começa
Melhor do que a subida, só mesmo assistir à queda

Na-na, na-na-na-na, na-na-na-na, na-na-na


Na-na-na-na
Na-na, na-na-na-na, na-na-na-na, na-na-na
Na-na-na-na

Extra! Extra!
Não fico de fora dessa
Já tenho o meu ingresso pra te ver fazendo merda
Extra! Extra!
Logo logo o show começa
Melhor do que a subida, só mesmo assistir à queda

Na-na, na-na-na-na, na-na-na-na, na-na-na


Na-na-na-na
Na-na, na-na-na-na, na-na-na-na, na-na-na
Na-na-na-na

Fonte: LyricFind
Compositores: Abraao Lucas Guedes / Daniel Garcia Felicione
Napoleao / Pablo Luiz Bispo / Ruan Claudio Rebello Guimaraes
[...] O espetáculo promove o consumo de imagem, de sexo e de
“coisas felizes”. Esse consumo tem funcionado como
substituição a ansiolíticos, conversas, trocas íntimas, leituras
interessantes, contatos com a natureza, escuta de boa música,
aos prazeres legítimos da vida ou até mesmo aos prazeres
orgásticos. [...] a sexualidade é destituída de libido e veiculada
na mídia não como proposta feliz, mas como marketing para
seduzir o mercado, para vender qualquer bugiganga, para
erotizar qualquer produto. “Esvaziada a sexualidade de seu
objeto relacional, o outro já não conta como sujeito, resta tornar-
se objeto” (CARIDADE, 1999, p. 18-19, grifo nosso).

Desse ponto deriva a crise ético-existencial em que nos encontramos atualmente. O


preço pago pela inversão da concepção de que o sujeito é algo material: o pensamento
em primeiro plano em relação à ação - agora, ação que deixa a reflexão para um
segundo momento. Uma possível saída para essa questão seria um novo entendimento
do papel do homem como agente no mundo, retomando a problemática mente-corpo,
dando a ela a possibilidade de uma resolução a partir do campo relacional.

Referências Bibliográficas:

ADORNO, T. Educação e emancipação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.

BAUMAN, Z. Identidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.

CARIDADE, A. A Construção cultural da sexualidade. In: RIBEIRO, M. (Org.). O


prazer e o pensar: orientação sexual para educadores e profissionais de saúde. São
Paulo: Editora Gente/CORES – Centro de Orientação e Educação Sexual, 1999.
FOUCAULT, M. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. 8. ed.
São Paulo: Martins Fontes, 1999.

GHIRALDELLI JÚNIOR, P. O que é filosofia da educação. Rio de Janeiro: DP&A,


2000.

GHIRALDELLI JÚNIOR, P. O corpo: filosofia e educação. São Paulo: Ática, 2007

MANCEBO, D. Indivíduo e Psicologia: gênese e desenvolvimentos atuais. In:


MANCEBO, D.; VILELA, A. M. J. (Org.). Psicologia social: abordagens
sóciohistóricas e desafios contemporâneos. 2 ed. Rio de Janeiro: Eduerj, 2004. p. 35-48.

VIGOTSKI, L. S. Psicologia pedagógica. Porto Alegre: Artes Médicas, 2003.

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