2011 Rev Eleicoes Cidadania A3 n3
2011 Rev Eleicoes Cidadania A3 n3
2011 Rev Eleicoes Cidadania A3 n3
Ano 3 • n. 3
Teresina-PI – jan./dez. 2011
ISSN 2176-6959
2
3
4
CONSELHO EDITORIAL
Presidente
Des. Haroldo Oliveira Rehem
Vice-Presidente
Dr. Sandro Helano Soares Santiago
TRIBUNAL REGIONAL
Membros
ELEITORAL DO PIAUÍ Dra. Hediane Lima Xavier
Dra. Clícia Marques Nogueira Coêlho
Presidente Dr. Gilberto Guedes Fernandes
Des. Haroldo Oliveira Rehem Dra. Margarete de Castro Coelho
Dr. Cléber de Deus Pereira
Vice-Presidente e Corregedor
Regional Eleitoral COMISSÃO EDITORIAL
Des. José Ribamar Oliveira
Presidente
Juiz Federal Clícia Marques Nogueira Coêlho
Dr. Sandro Helano Soares Santiago
Membros
Juízes De Direito Jovita Maria Gomes Oliveira
Dr. Jorge da Costa Veloso Breno Ponte de Brito
Dr. João Gabriel Furtado Baptista
Juristas
Dr. Luiz Gonzaga Soares Viana Filho Poder Judiciário
Dr. José de Acélio Correia Tribunal Regional Eleitoral do Piauí
Procurador Regional Eleitoral
Dr. Kelston Pinheiro Lages
5
ISSN 2176-6959
Ano 3, Número 3
jan./dez. 2011
Teresina/PI
6
Organização
Clícia Marques Nogueira Coêlho
Presidente da Comissão Editorial
Revisão
Conselho Editorial
Colaboração técnica
Jovita Maria Gomes Oliveira
Seção de Jurisprudência e Biblioteca
Foto da capa
Caio Bruno Silva do Carmo
Impressão e encadernação
Setor de Reprografia / Seção de Comunicação
Anual
Início: 2009
ISSN : 2176-6959
Apresentação
SUMÁRIO
Apresentação....................................................................................... 7
Des. Haroldo Oliveira Rehem
I - Doutrina.........................................................................................13
Índice alfabético...............................................................................459
12
13
DOUTRINA
“Trata-se de uma atitude diante da vida: o poder deve ser legítimo e limi-
tado; quem não pensa igual a mim não é meu inimigo, mas meu parceiro
na construção de uma sociedade plural; as oportunidades devem ser
iguais para todos; quem se perdeu pelo caminho precisa de ajuda, e não
de desprezo; toda vida fracassada é uma perda para a humanidade. Por
isso mesmo, o Estado, a sociedade e o Direito devem funcionar de modo a
permitir que cada um seja o melhor que possa ser”.
REFLEXÕES EM TORNO DO
PRINCÍPIO REPUBLICANO
Princípio estruturante
*
O autor é Ministro do Supremo Tribunal Federal, Presidente do Tribunal Superior
Eleitoral e Professor Titular da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
1
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional. Coimbra: Almedina, 1992. p. 349.
2
ibidem. p. 352.
16 Revista Eleições & Cidadania
3
BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 377-379.
4
ESPÍNDOLA, Rui Samuel. Princípios constitucionais e atividade jurídico-administrativa.
In: LEITE, George Salomão (Org.). Dos princípios constitucionais: considerações em
torno das normas principiológicas da Constituição. São Paulo: Malheiros, 2003. p. 265.
5
Cf. verbete “República”. In: BOBBIO, Norberto et al.. Dicionário de política.
Brasília: Editora da Universidade Brasília, 1991.
Doutrina 17
6
De República, I, 25.
7
V. especialmente Il Principe e Discorsi sopra la prima deca di Tito Livio.
8
Cf. BIGNOTO, Newton. Maquiavel republicano. São Paulo: Loyola, 1991. p. 57.
9
Cf. JELLINEK, George. Teoria general del estado. Buenos Aires: Albatros, 1973. p. 99.
10
Les six lives de la république, I, 8.
11
Du Contrat Social, II, 6.
18 Revista Eleições & Cidadania
12
Cf. JOUVENEL, Bertrand de. De la souveraineté: a la recherche du bien politique. Paris:
Gánin, 1995. p. 216
13
Rousseau, op. cit., loc. cit.
14
Idem, ibidem.
15
Idem, III, 6.
16
Die Methaphysik der Sitten, II, § 43.
17
Idem, II, § 52.
Doutrina 19
18
The Federalist, 39 e 47.
19
COSTA, Cruz. Pequena história da República. 3. ed. São Paulo: Civilização Brasileira, 1974, p. 25.
20
Idem, p. 27.
21
COSTA, op. cit., p. 43
20 Revista Eleições & Cidadania
22
PIRES, Homero (Org.) Rui Barbosa: teoria política. Rio de Janeiro: Jackson E d i t o r e s ,
1950. p. 48.
23
ATALIBA, Geraldo. República e Constituição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1985. p. IX.
24
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do estado. 16. ed. São Paulo:
Saraiva, 1991. p. 191.
25
Idem, ibidem.
Doutrina 21
26
Cf. MAHLBERG, Carré de. Contribution a la theorie génerale de l’état. Paris: Sirey, 1992.
tomo II, p. 202.
27
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 3. ed.
Coimbra: Almedina, 1999. p. 159.
22 Revista Eleições & Cidadania
Direitos e deveres
28
LANÇON, Bertrand. O estado romano: catorze séculos de modelos políticos. Sintra:
Europa-América, 2003. p. 26.
29
Idem, ibidem.
30
Idem, ibidem.
Doutrina 23
31
Cf. BOBBIO, Noberto; VIROLI, Maurizio. Diálogo em torno da República: os grandes
temas da política e da cidadania. Rio de Janeiro: Campus, 2002. p. 52.
32
Cícero as estuda sistematicamente em seu De Officiis.
33
Cf. BOBBIO; VIROLI. op. cit., p. 46-50.
34
Juris praecepta sunt haec: honeste vivere, neminem laedere, jus suum cuique tribuere.
35
Samuel Pufendorf, De oficcio hominis et civis juxta legem naturalem libri duo, II, 18.
24 Revista Eleições & Cidadania
República e Constituição
36
Cf. especialmente Il Principe, XXV e XXVI.
37
Cf. BIGNOTO, Newton, op. cit., p. 152.
38
Idem, ibidem.
39
Cf. BOBBIO; VIROLI. op. cit., p. 16.
40
Idem, op. cit., p. 17.
41
Idem, ibidem.
Doutrina 25
43
ALEXY, Robert. Teoria de los derechos fundamentales. Madrid: Centro de Estudios
Políticos y Constitucionales, 2002. p. 86.
Doutrina 27
Resumo
*
Juiz Membro da Corte Eleitoral do TRE-PI - Tribunal Regional Eleitoral do Piauí. End.
residencial: Rua Alzira Pedroza, 575, apto. 1002, ed. Casablanca, bairro Noivos, Teresina-PI
End. Profissional: Praça Desembargador Edgard Nogueira, S/N, Centro Cívico, Teresina-
PI - Email: douramanoel@hotmail.com - Telefone: 2107-9847
28 Revista Eleições & Cidadania
Introdução
O presente artigo tem como objetivo a explanação de forma
direta e sucinta sobre a captação ilícita de sufrágio, corroborada com a
citação de entendimentos doutrinários e jurisprudenciais mais recentes.
Trarei conceitos sobre captação de sufrágio, sob a forma regular ou
irregular, e como elas se apresentam nos dias atuais. Em seguida enfatizo
a maneira como a captação ilícita de sufrágio vem sendo reprimida.
Por fim, apontarei a minha opinião acerca da maneira mais
eficaz de prevenir a captação ilícita de sufrágio.
E conclui:
Conclusão
Referências
OS FINANCIAMENTOS DE CAMPANHAS
E O ART. 30-A DA LEI Nº 9.504/97
Resumo
*
Formada em Engenharia Elétrica, Engenharia Civil e Direito. Pela UFRN. Especialista em
Direito Penal e Cidadania pela FESMP/RN e Especialista em Direito e Processo Eleitoral
pela Universidade Potiguar/RN. Juiz Federal Substituto do Tribunal Regional Federal da 1ª
Região.
40 Revista Eleições & Cidadania
1
A referida norma foi replicada no art. 61 da Resolução TSE nº 21.609/04, que tratava das eleições
de 2004, previa que os candidatos poderiam prestar contas sobre doações aos candidatos e comitês
financeiros e sobre as despesas efetuadas. Esse dispositivo, contudo, ao facultar a apresentação
dessas informações não se revestiu da obrigatoriedade necessária ao seu cumprimento espontâneo.
42 Revista Eleições & Cidadania
disposição constante do art. 35, §3º, da Lei nº 9.100/95, cenário que não
se coaduna com os postulados democráticos que iluminam as eleições.
Com a edição da Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997,
novas orientações foram fixadas, visando regular o procedimento de
arrecadação e controle dos gastos efetuados durante as campanhas
eleitorais.
De acordo com o seu art. 22, a abertura de conta bancária tornou-
se obrigatória para candidatos e partidos políticos, independentemente
do cargo eletivo em disputa. A única exceção, prevista no §2º, dizia
respeito àqueles candidatos a cargos de Prefeito e Vereador em
Municípios onde não existissem agências bancárias e nas hipóteses de
candidatura para cargo de vereador em Município com menos de vinte
mil eleitores.
A motivação do dispositivo origina-se do princípio da
proporcionalidade2 de origem alemã (verhältnismässigkeitsprinzip),
uma vez que não seria razoável exigir de candidatos a abertura de conta
bancária em municípios com pequeno número de eleitores e naquelas
localidades, igualmente diminutas, que não despertavam sequer o
interesse as instituições bancárias.
No que se refere às vedações relativamente às origens dos
recursos, o rol anteriormente previsto no art. 45 da Lei nº 8.713/93
foi mantido, em linhas gerais, com a Lei nº 9.504/97, com pontuais
alterações pelas Leis nºs 11.300, de 10 de maio de 2006 e 12.034, de 29
de setembro de 2009. De acordo com o art. 24 ad Lei nº 9.504/97, na
sua redação original, passou-se a contemplar as seguintes entidades:
2
Em que pese haver respeitável entendimento de que a proporcionalidade segue a estrutura
de uma regra (Virgílio Afonso da Silva, Direitos Fundamentais. Conteúdo essencial,
restrições e eficácia. São Paulo: Malheiros, 2009, p. 168), adotou-se a terminologia de
princípio, em virtude da consagração do seu uso.
Doutrina 47
Público;
III - concessionário ou permissionário de serviço público;
IV - entidade de direito privado que receba, na condição
de beneficiária, contribuição compulsória em virtude de
disposição legal;
V - entidade de utilidade pública;
VI - entidade de classe ou sindical;
VII - pessoa jurídica sem fins lucrativos que receba recursos
do exterior.
Referências
Resumo
*
Mestre em Direito Internacional Econômico e Tributário pela Universidade Católica de
Brasília. Professor de Direito na Faculdade NOVAFAPI. Procurador da Fazenda Nacional.
58 Revista Eleições & Cidadania
Introdução
O presente artigo tem por escopo analisar a evolução da
jurisprudência pátria sobre o regime prescricional aplicável às multas
eleitorais administrativas, bem como definir o tratamento jurídico que,
no presente, prepondera sobre a matéria.
Entende-se por multas eleitorais administrativas aquelas aplicadas
pelos Juízos e Tribunais Eleitorais no exercício da jurisdição civil, em
face do descumprimento da legislação eleitoral. Noutras palavras, tratam-
se sanções pecuniárias que não se revestem de natureza penal, não sendo
aplicadas como punição pela prática de crimes eleitorais.
Trata-se de um tema por demais árido no âmbito da doutrina nacional.
Na verdade, a matéria relacionada às multas eleitorais tem sido
objeto de vários questionamentos, especialmente nas duas décadas que
se seguiram à publicação da atual Carta Magna.
Uma das primeiras discussões sobre o tema dizia respeito à
legitimidade para a execução judicial destas multas. A polêmica se
travou entre os que defendiam tratar-se de incumbência inerente às
atribuições do Ministério Público e aqueles que entendiam ser papel
da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). A questão foi
apaziguada firmando-se a PGFN como órgão competente para executar
tais multas, depois de inscrevê-las na Dívida Ativa da União e extrair
a necessária certidão de dívida ativa, título executivo extrajudicial
indispensável no aparelhamento da ação de execução fiscal.
Paralelamente, surgiram também questionamentos sobre a
competência para processar e julgar a execução das multas eleitorais.
Alguns defendiam que tal demanda devia ser interposta junto à Justiça
Federal comum, por se tratar de Dívida Ativa da União. Outros, com
maior razão, atribuíam essa competência aos Juízos Eleitorais, por se
tratar de matéria especial. A questão foi superada, atribuindo-se aos
Juízos Eleitorais a competência para processar e julgar a demanda, nos
termos do art. 367, IV, do Código Eleitoral.
Recentemente, uma terceira discussão vem à tona. Trata-se da definição
do prazo de prescrição a ser aplicado às multas eleitorais administrativas. É esta
problemática que doravante constituirá o foco do presente estudo.
A análise que ora se faz desenvolve-se praticamente no âmbito
da jurisprudência, pois inexistem subsídios doutrinários sobre a matéria.
Doutrina 59
1
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem
interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as
de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
[...]
Doutrina 61
2
Art. 367. A imposição e a cobrança de qualquer multa, salvo no caso das condenações
criminais, obedecerão às seguintes normas:
[...]
III – se o eleitor não satisfizer o pagamento no prazo de 30 (trinta) dias, será considerada
dívida líquida e certa, para efeito de cobrança mediante executivo fiscal, a que for inscrita
em livro próprio no Cartório Eleitoral;
IV – a cobrança judicial da dívida será feita por ação executiva, na forma prevista para a
cobrança da dívida ativa da Fazenda Pública, correndo a ação perante os Juízos Eleitorais;
[...]
1º As multas aplicadas pelos Tribunais Eleitorais serão consideradas líquidas e certas, para
efeito de cobrança mediante executivo fiscal desde que inscritas em livro próprio na
Secretaria do Tribunal competente.
[...].
62 Revista Eleições & Cidadania
3
Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e
qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for
a sua natureza, prescrevem em (cinco) anos, contados da data do ato ou fato do qual se originarem.
Art. 5º
Art. 8º
Art. 9º
64 Revista Eleições & Cidadania
Conclusão
À luz dos julgados objeto da presente análise e da legislação
pertinente, é possível pontuar as seguintes conclusões sobre a matéria.
A discussão concernente à legitimidade para a execução judicial das
multas eleitorais encontra-se apaziguada, competindo à Procuradoria
Geral da Fazenda Nacional esse papel, providência que deve ser
Doutrina 67
Referências
Resumo
*
Especialista em Direito Constitucional pela UFPI. Professor de Direito Constitucional.
Procurador do Ministério Público de Contas do Estado do Piauí. Endereço residencial: Av.
Noronha Almeida, 2196, Bloco III, Apartamento 302, Bairro São João, Teresina-PI. CEP
64.045-500 - Endereço profissional: Av. Pedro Freitas, 2100, 3º andar do edifício sede do
Tribunal de Contas do Estado do Piauí, Centro Administrativo, Teresina-PI, CEP 64.018-
900. Endereço eletrônico: macieldonascimento@hotmail.com - Contatos telefônicos: (86)
8835-7886 e (86) 3215-3977
72 Revista Eleições & Cidadania
Introdução
Em decisões recentes1 o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
reforçou o entendimento de que, em se tratando do chefe do poder
executivo, somente ocorre a inelegibilidade por rejeição de contas2
após o julgamento pelo poder legislativo.
Como fundamento, as decisões indicam a sistemática
constitucional prevista para a análise das contas do presidente da
República (apreciação, mediante parecer prévio, por parte do Tribunal
de Contas da União3 e julgamento pelo Congresso Nacional)4 e dos
prefeitos (apreciação, mediante parecer prévio, pelo tribunal de
contas5 e julgamento a cargo da câmara municipal).6 Trata-se, pois,
de dupla análise; uma preparatória a cargo dos tribunais de contas;
outra terminativa de competência do poder legislativo. Quanto aos
governadores, embora não haja menção expressa na Constituição
Federal (CF), o mesmo procedimento é aplicado por simetria, conforme
estabelece o art. 75.
No entanto, conforme a Constituição Federal, as contas no
âmbito do poder executivo são de duas espécies: de um lado as contas
de governo e de outro as de gestão.
Relativamente às primeiras, o tribunal de contas emite parecer
prévio; quanto às segundas, profere julgamento terminativo, o qual não
pode ser revisto pelo Poder Legislativo.
Não obstante, para fins de inelegibilidade, o TSE entende que a
rejeição das contas do chefe do poder executivo deve ser feita unicamente
pelo poder legislativo (tanto nas de governo quanto nas de gestão).7 Para
1
AgR-RO nº 256.508-Recife/PE. Rel. Min. Marco Aurélio Mendes de Farias Mello, DJE
22.02.2011, p. 50-51 e AgR-RO nº 462.727-Fortaleza/CE. Rel.. Marcelo Henriques Ribeiro
de Oliveira, DJE - 11.04.2011, p. 30-31. Disponível em www.tse.jus.br. Acesso em: 15.11.2011.
2
Art. 1º, I, g, da Lei Complementar nº 64/1990, com redação dada pela Lei Complementar nº
135/2010.
3
Art. 71, I, CF.
4
Art. 49, IX, CF.
5
Art. 31, § 1º, CF.
6
Art. 31, § 2º, CF.
7
“Nos termos do art. 31 da Constituição Federal, a Câmara Municipal é o órgão competente
para o julgamento das contas de prefeito, ainda que ele seja ordenador de despesas, cabendo
ao Tribunal de Contas tão somente a emissão de parecer prévio”. TSE, RO nº 67.033-Palmas/
TO. Rel. Min. Aldir Guimarães Passarinho Junior. Publicado em Sessão, Data 07.10.2010.
Disponível em www.tse.jus.br. Acesso em: 15.11.2011.
Doutrina 73
8
Cabe ao Tribunal de Contas apenas a emissão de parecer prévio, salvo quando se tratar
de contas atinentes a convênios, pois, nesta hipótese, compete à Corte de Contas decidir e
não somente opinar”. TSE, AgR-RO nº 249.184-Salvador/BA. Rel. Min. Marcelo Henriques
Ribeiro de Oliveira. Publicado em Sessão, Data 06.10.2010. Disponível em www.tse.jus.br.
Acesso em: 15.11.2011.
9
RE 132.747. Rel.: Min. Marco Aurélio. Tribunal Pleno, votação por maioria. Julgado em
17.06.1992, DJ 0712 - 1995 p. 42610 EMENT VOL-01812-02 p. 00272. Disponível em
www.stf.jus.br. Acesso em 15.11.2011.
10
Rcl 11.499 MC, Rel.: Min. Celso de Mello, julgado em 16.06.2011, publicado em Processo
Eletrônico DJe118 DIVULG 20.06.2011 PUBLIC 21.06.2011. Acesso em: 15.11.2011.
74 Revista Eleições & Cidadania
11
Rcl 11.473 MC, Rel.: Min. Joaquim Barbosa, julgado em 06.06.2011, publicado em Processo
Eletrônico DJe110 DIVULG 08.06.2011 PUBLIC 09.06.2011. No mesmo caso, o relator
aduz: “Devido à ausência de atualização da lei de normas gerais de direito financeiro (arts.
163, caput e 165, § 9º, I e II da Constituição e art. 35, § 2º do ADCT) e à superveniência de
diversos outros textos legais relevantes (e.g., a Lei de Responsabilidade Fiscal, LC
101/2000), não é possível afastar, a priori e em termos definitivos, a cisão entre a atuação
político-orçamentária, submetida ao controle direto pelo Legislativo, e a atuação concreta,
sujeita ao exame técnico dos Tribunais de Contas, em relação ao chefe do Executivo.”
Disponível em www.stf.jus.br. Acesso em: 15.11.2011.
12
RE 597.362 RG. Rel. Min. Ayres Britto. Julgado em 09.04.2009, DJe-104 DIVULG
04.06.2009 PUBLIC 05.06.2009 EMENT VOL 02363-11 p. 02291. Segundo a decisão que
acolheu repercussão geral, “a questão posta nos autos – competência exclusiva da Câmara
Municipal para julgar as contas do Chefe do Executivo, atuando o Tribunal de Contas como
órgão opinativo – nitidamente ultrapassa os interesses subjetivos da causa.” Disponível em
www.stf.jus.br. Acesso em: 15.11.2011.
13
Conforme verificado em: http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.
asp?incidente= 2663414. Acesso em: 05.12.2011.
Doutrina 75
14
ATALIBA, Geraldo. República e Constituição. 2. ed. atual. São Paulo: Malheiros,
2007. p. 78-79.
15
Art. 70, parágrafo único, CF.
16
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 20. ed. São Paulo: Malhei-
ros, 2002, p 593.
17
Art. 34, inc. VII, al. d, CF.
18
Art. 35, inc. II, CF.
19
FURTADO, José de Ribamar Caldas. Os regimes de contas públicas: contas de governo e
contas de gestão. Revista do Tribunal de Contas da União. Brasília, v. 35, n. 109, p. 61,
maio/ago. 2007.
76 Revista Eleições & Cidadania
20
FURTADO, op. cit., p. 61.
21
MILESKI, Helio Saul. O controle da gestão pública. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2003. p. 156-157.
22
AGUIAR, Ubiratan Diniz et al. A administração pública sob a ótica do controle externo.
Belo Horizonte: Fórum, 2011. p. 138.
23
FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Tribunais de Contas do Brasil: jurisdição e
competência. Belo Horizonte: Fórum, 2003. p. 34.
24
ZYMLER, Benjamin. Direito administrativos e controle. Belo Horizonte: Fórum, 2005.
p. 262-263.
25
ADI 3.367-DF. Rel. Min. Cezar Peluso. DJ 17.03.2006, p. 04. “Conselho Nacional de Jus-
tiça. Instituição e disciplina. Natureza meramente administrativa. Órgão interno de controle
administrativo, financeiro e disciplinar da magistratura. Constitucionalidade reconhecida.”
Disponível em www.stf.jus.br. Acesso em: 15.11.2011.
26
Art. 74, inc. IV, CF.
Doutrina 77
27
Art. 74, § 1º, CF.
28
“Em três passagens, a Constituição Federal deixa assente, de forma clara, que o titular do
controle externo em nosso ordenamento jurídico é o Poder Legislativo: art. 31, caput, art.
70, caput e art. 71, caput.” AGUIAR, Ubiratan Diniz. Ob. Cit., p. 142.
29
“A função de fiscalização, que surgira com o constitucionalismo e o Estado de Direito implanta
do com a Revolução francesa, sempre constituiu tarefa básica dos parlamentos e assembléias
legislativas. No sistema de separação de poderes, cabe ao órgão legislativo criar as leis, por isso
é da lógica do sistema que a ele também se impute a atribuição de fiscalizar seu cumprimento
pelo Executivo, a que incumbe a função de administração. Por outro lado, no que tange ao as
pecto específico que nos interessa aqui – o do controle da administração financeira e orçamen-
tária – reserva-se ao Legislativo o poder financeiro, como uma de suas conquistas seculares, pela
qual firmara mesmo sua autonomia, sendo, portanto, também de palmar evidência que a ele há
de pertencer, em última análise, aquele controle, denominado controle externo, sem embargo de
que se erija e desenvolva, na Administração moderna, eficiente sistema de autocontrole – o cha-
mado controle interno – de que é titular cada um dos Poderes onde ele atua (art. 70)”. SILVA,
José Afonso da. Ob. Cit., p. 725-726.
30
Art. 71, CF.
31
Art. 49, inc. II, CF.
32
Art. 49, inc. V, CF.
33
Art. 49, inc. XIV, CF.
78 Revista Eleições & Cidadania
34
Art. 50, CF.
35
Art. 58, § 3º, CF.
36
Art. 49, inc. IX, CF.
37
Art. 71, inc. II, CF.
38
Art. 92, CF.
39
Art. 73, § 3º, CF.
40
“Conforme reconhecido pela Constituição de 1988 e por esta Suprema Corte, gozam as
Cortes de Contas do país das prerrogativas da autonomia e do autogoverno, o que inclui,
essencialmente, a iniciativa reservada para instaurar processo legislativo que pretenda alte-
rar sua organização e seu funcionamento, como resulta da interpretação sistemática dos
artigos 73, 75 e 96, II, “d”, da Constituição Federal [...].” ADI nº 4.418-MC. Rel. Min. Dias
Toffoli. Julgamento: 06.10.2010. DJe-035 Publicado em 22.02.2011. Disponível em www.
stf.jus.br. Acesso em: 15.11.2011.
41
ADI 3.715-MC. Rel. Min. Gilmar Mendes. De acordo com o relator, “o exercício da com-
petência de julgamento pelo Tribunal de Contas não fica subordinado ao crivo posterior do
Poder Legislativo.” Disponível em www.stf.jus.br. Acesso em: 15.11.2011.
Doutrina 79
42
Art. 75, CF.
43
Art. 31, § 2º, CF.
44
Art. 31, § 4º, CF.
45
ADI 154-RJ. Rel. Min. Octávio Gallotti, julgamento 18.04.1990, DJ 11.10.1991, p. 14247.
No mesmo sentido, ADI 687, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 02.02.1995, DJ de
10.02.2006, p. 05. Disponível em www.stf.jus.br. Acesso em: 15.11.2011.
80 Revista Eleições & Cidadania
Contas de governo
48
FURTADO, op. cit., p. 70.
49
VASCONCELOS, Marcio. O duplo julgamento das contas de prefeitos ordenadores de despesas.
Revista do Tribunal de Contas do Estado do Piauí, Teresina, v. 11, n.1, p. 17-18, jan./
dez. 2007.
50
BELLAN, Rosana Aparecida; SILVA, Elóia Rosa. A dupla função do Tribunal de Contas
na fiscalização das contas do prefeito municipal. Revista Técnica dos Tribunais de Contas,
Belo Horizonte, ano 2, n. 1, p. 61, set. 2011.
82 Revista Eleições & Cidadania
51
FURTADO, op. cit., p. 70.
52
Art. 84, XXIV, CF.
53
Art. 51, II, CF.
54
Art. 36, parágrafo único da Lei nº 8.443/1992.
55
Art. 71, I, CF.
Doutrina 83
56
BARRETO, Davi Ferreira Gomes et. al. Contas de governo como instrumentos
de accountability, de melhoria da governança e de fomento à cidadania. Revista
do Tribunal de Contas da União, Brasília, ano 43, n. 121, p. 24-25, maio/ago. 2011.
84 Revista Eleições & Cidadania
Contas de gestão
57
BRASIL. Tribunal de Constas da União. Relatório e parecer prévio
sobre as contas do governo da república. Brasília: TCU, 2010. p. 11.
Disponível em: < http://portal2.tcu.gov.br/portal/page/portal/TCU/comunidades/contas/
contas_governo/contas_10/index.html.>. Acesso em: 15 nov. 2011.
Doutrina 85
58
“Os arts. 70 a 75 da Lex Legum deixam ver que o controle externo – contábil, financeiro,
orçamentário, operacional e patrimonial – da administração pública é tarefa atribuída ao
Poder Legislativo e ao Tribunal de Contas. O primeiro, quando atua nesta seara, o faz com
o auxílio do segundo que, por sua vez, detém competências que lhe são próprias e exclusi-
vas e que para serem exercitadas independem da interveniência do Legislativo”. STJ, RMS
nº 11.060-GO, DJ 16.09.200, p. 159. Disponível em www.stj.jus.br. Acesso em: 15.11.2011.
59
VASCONCELOS, op. cit. p. 18.
60
Art. 71, inc. I, CF.
61
Art. 71, inc. II, CF.
86 Revista Eleições & Cidadania
62
SILVA, Marcio Heleno. A dualidade de julgamento das contas públicas do chefe do poder
executivo municipal. Revista do Tribunal de Contas de Minas Gerais, Belo Horizonte,
v. 37, n. 4, p. 145, out./dez. 2000.
Doutrina 87
63
FURTADO, op. cit., p. 74.
88 Revista Eleições & Cidadania
66
“Nos termos do art. 31 da Constituição Federal, a competência para o julgamento das contas
de Prefeito é da Câmara Municipal, cabendo ao Tribunal de Contas a emissão de parecer
prévio, o que se aplica, inclusive, a eventuais atos de ordenação de despesas.” Recurso Or-
dinário nº 75179 -Palmas/TO, Rel. Min. Arnaldo Versiani Leite Soares, publicação: PSESS
-Publicado em Sessão, Data 08/09/2010. Disponível em www.tse.jus.br. Acesso em:
15.11.2011.
90 Revista Eleições & Cidadania
67
FURTADO, op. cit., p. 74- 75.
Doutrina 91
[...]
g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos
ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável
que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por
decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver
sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições
que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir
da data da decisão, APLICANDO-SE O DISPOSTO NO
INCISO II DO ART. 71 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL,
A TODOS OS ORDENADORES DE DESPESA, SEM
EXCLUSÃO DE MANDATÁRIOS QUE HOUVEREM
AGIDO NESSA CONDIÇÃO. (não grifado no original)
68
“A correta idéia adotada pelo legislador era a de que se o pretendente ao cargo público não
era capaz de gerenciar corretamente as contas que estavam sob sua gestão, não estaria apto
ao cargo público eletivo que, à semelhança do anterior, envolverá gestão de recursos públi-
cos.” FREITAS, Adrian Soares Amorim de. A inelegibildiade decorrente da rejeição de
contas por irregularidade insanável. Revista do Tribunal de Contas da União. Brasília, ano.
42, n. 118, maio/agosto 2010, p. 08.
92 Revista Eleições & Cidadania
Conclusão
Referências
Resumo
Abstract
*
Promotora de Justiça do Estado do Piauí; Graduada em Direito, Especialista em Direito
Penal e Ambiental, Mestre e Doutoranda em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidad
del Museo Social Argentino – UMSA.
98 Revista Eleições & Cidadania
Introdução
Os anseios sociais e políticos de uma época são reflexos da
ausência de garantia e efetividade do direito. No que diz respeito aos
processos eleitorais, surgem muitas peculiaridades, em decorrência dos
princípios, da interpretação e das decisões eleitorais, que são abordados
neste trabalho para melhor compreensão do caráter específico do
direito eleitoral. Nessa seara, o ato de julgar, através da hermenêutica
constitucional, em desfavor de orientação de tribunal superior ou
contra a Lei, em desafio ao princípio da legalidade, não causará
prejuízo à prestação jurisdicional se efetuado sob a ótica das normas
constitucionais.
Na esfera do poder político, as consequências são imprevisíveis,
quando se luta pelo poder, ou pela sua manutenção, motivo pelo qual
defender as particularidades da vontade eleitoral, em face da ausência
de certeza do direito ou de segurança jurídica, quando conviver com
o relativismo na interpretação do direito eleitoral, é apontado como a
maneira de preservar os valores democráticos e de fortalecer a soberania
popular. Surgem constantes desafios.
Dentro do aperfeiçoamento da certeza do direito, a participação
Doutrina 99
1
“Sistema de poder no qual as decisões que interessam a todos […] são tomadas por todos os
membros que integram uma coletividade” (BOBBIO, 1998, p.24.).
100 Revista Eleições & Cidadania
Democrático
2
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não
se aplicando à eleição que ocorra até um ano de sua vigência.
3
Ressalta-se que “o governo exercido por homens inexperientes nas práticas governamentais
e sem o necessário conhecimento dos fatos e problemas da vida política, pode estar
totalmente distanciado dos interesses do povo e, assim, revelar-se um governo contra o
povo” (BONAVIDES, 1998, p.193-194).
Doutrina 101
Das minorias
Infere-se, desse princípio, que é facultado à minoria exercer a
fiscalização dentro de parâmetros legais, éticos e morais, daqueles que
detêm o poder de mando, sem o qual não se poderia falar em democracia.
É certo que o parlamento, quando recebe dos cidadãos o poder de decisão
pela maioria, acolhe também a minoria para fiscalizar os órgãos e os
agentes do poder, ambas com competência para legislar, administrar
e observar os limites materiais expostos na Constituição, bem como
para investigar seus atos, a exemplo das Comissões Parlamentares de
Inquérito.
Assim, é o princípio democrático, em que a maioria do povo
decide o seu destino, com o devido respeito aos direitos das minorias
políticas, acatando suas decisões, mas sempre respeitando os princípios
invioláveis da liberdade e da igualdade, sob pena de tudo se reduzir a
um mero conceito.
Da igualdade
Voltados para a ótica eleitoral, em um primeiro momento o
princípio da igualdade traz a exigência de que os cidadãos recebam
tratamento isonômico, inspirados no art. 5º, caput, da Constituição
Federal, em que todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza. É regra aristotélica dispensar tratamento igual aos
iguais e desigual para os desiguais, na medida dessa desigualdade. Por
isso, deve a lei distinguir situações para conferir tratamento igualitário.
Porém, difícil é analisá-lo sob a vertente do destinatário da norma,
que são todos aqueles que elaboram e aplicam a norma jurídica, mas,
sobretudo, o aplicador do direito quando de sua interpretação.
Da liberdade
A ninguém é permitido interferir na liberdade de escolha do
eleitor, que é absolutamente livre. A soberania popular será exercida
pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual
para todos. Somente com a idéia de liberdade é que se concebe o voto
secreto, que é inseparável da idéia de voto livre, que envolve o processo
de votação e as fases que o antecedem. Assim, o princípio da liberdade
102 Revista Eleições & Cidadania
Da proporcionalidade
O princípio da proporcionalidade é a tentativa de diminuir
os excessos quando da aplicação da norma, permitindo ao aplicador
do direito observar a proporção no ato de verificação da solução do
conflito com a escolha de decisões razoáveis. Por outro instante, é
essencial à proteção das liberdades públicas como fator eliminador da
incerteza e da insegurança. Na prática, é a observância da adequação e
da necessidade para formulação de um juízo de ponderação. A súmula
400 do Supremo Tribunal Federal expressa: “Decisão que deu razoável
interpretação à lei, ainda que não seja a melhor, não autoriza recurso
extraordinário pela letra ‘a’ do art. 101, III, da Constituição.”
4
Todos os mandamentos constitucionais que estabelecem os complexos e sofisticados
sistemas de controle, fiscalização, responsabilização e representatividade, bem como os
mecanismos de equilíbrio, harmonia (check in balance do direito norteamericano) e demais
procedimentos a serem observados no relacionamento entre os poderes, asseguram,
viabilizam, reiteram, reforçam e garantem o princípio republicano, realçando sua função
primacial no sistema jurídico (ATALIBA, 2010, p. 36).
Doutrina 103
Interpretação normativa
existência de certeza do direito, que por sua vez não se confunde com
a acepção de segurança jurídica, cujo fim maior é garantir a aparência
de estabilidade aos princípios e regras do ordenamento, quando surgem
incidentes nas relações fáticas.
Obstante a certeza do direito não se confundir com segurança
jurídica, em outros ramos do direito, diversamente deste, a certeza é
considerada sob uma forma mais estável. É fato que a jurisprudência
não pode ser considerada o único instrumento para alcançar a certeza
do direito. E as peculiaridades inerentes à Justiça Eleitoral afastam
sua aplicabilidade de forma imediata, que irá depender do grau de
respeitabilidade que a composição dos tribunais irá conferir às decisões
proferidas, ou seja, independe de previsibilidade de julgamentos
anteriores, tidos como conhecidos e estáveis, sobre o mesmo tema.
Nesse ramo do direito, porém, não há como se saber previamente
o resultado de uma relação jurídica, mesmo já tendo sido apreciada
pelo judiciário eleitoral, já que podemos ter sobre o mesmo assunto
comportamentos e ideologias diversas, sustentadas pelo aplicador do
direito a cada composição bienal dos tribunais eleitorais, que podem
afastar a chamada certeza do direito. Porém, se tudo isso for conjugado
com os princípios do direito eleitoral, as decisões judiciais poderão
oferecer um mínimo de certeza, de previsibilidade, e assim garantir a
segurança jurídica.
Contudo, em que pese ser correto dizer que os valores de justiça
e segurança jurídica devem andar em harmonia, a imprevisibilidade
das decisões não destrói a natureza da segurança jurídica e nem sua
axiologia, pois a ela se infere a expectativa de evolução na interpretação
de determinada matéria e, concomitantemente, o fortalecimento
do estado democrático de direito. Essa instabilidade, porém, não
representa o enfraquecimento da tutela jurisdicional; ao revés, a
evolução jurisprudencial - constante no processo eleitoral - acompanha
os casuísmos que incidem invariavelmente sob direitos de grupos
políticos dominadores que disputam o poder, e não provoca o aumento
de conflitos.
Segundo Silva (1991, p. 407),
5
Ementário nº. 2270-1, DJ 30-32007.
106 Revista Eleições & Cidadania
Sistemas eleitorais
Partidos políticos
Modificações estruturantes
Cenário político
Nas últimas eleições (outubro de 2010), com Dilma Rousseff
candidata à Presidência da República, uma onda vermelha tomou conta
do país e a campanha do Partido do Trabalhador (PT) decolou. As
pesquisas de opinião revelaram a supremacia dos seus candidatos na
maioria dos estados, que liderando 19 das 27 unidades da federação,
antecipam a garantia que o novo governo disporá de ampla maioria na
Câmara e no Senado. Espera-se, com a inédita sintonia entre Executivo
e Legislativo, confirmada pela sólida maioria no Congresso, que o
Brasil, finalmente, tenha a chance de aprovar mudanças estruturais há
muito esperadas, como a reforma política e tributária.
Além disso, outro aspecto importante é a possibilidade de
formação de concentração política formada por partidos unidos pelo
desejo popular. Há, todavia, a preocupação daqueles que temem a
concentração de poder nas mãos do Executivo, e com o Legislativo à
mercê do Planalto possa permitir uma recaída autoritária. Porém, não
há ambiente favorável no Brasil para esse tipo de situação, porquanto as
instituições democráticas são sólidas e inexiste espaço para mudanças
constitucionais em benefício de um partido exclusivo, a exemplo do
que ocorreu no México em que o PRI controlou a vida política por 71
anos.
O eleitor brasileiro, com a economia estabilizada e o desemprego
em queda, volta-se para temas como a saúde, a segurança e educação.
Os debates, a opinião de amigos e familiares, assim como as notícias
veiculadas influenciam na escolha, mas prevalece para o eleitor à
procura por políticos em que a honestidade esteja em primeiro lugar,
e depois a capacidade de entender os problemas do povo e as soluções
para resolvê-los. Exige-se o cumprimento das promessas de campanha
e busca-se a credibilidade.
Para coroar o processo eleitoral, o primeiro discurso da
Doutrina 115
Conclusão
6
VEJA, São Paulo, n. 2189, nov. 2010. Edição especial
116 Revista Eleições & Cidadania
Referências
Resumo
*
Graduada em Direito pela Universidade Estatual do Piauí-UESPI, pós-graduada pela Uni-
versidade Federal do Piauí –UFPI, em convênio com a Escola Judiciária Eleitoral do Piauí,
em Direito Eleitoral, Mestranda pela Universidade Nacional Lomas de Zamora – UNLZ
(Buenos Aires – Argentina), em Direito Processual Constitucional, técnica judiciária no
Tribunal Regional Eleitoral do Piauí – TRE/PI, Professora do curso de graduação em Direito
no Centro de Ensino Superior do Vale do Parnaíba – CESVALE, endereço residencial Rua
Deputado Sousa Santos, 809, Apt. 802, Bairro São Cristóvão, Teresina/PI, CEP 64052-370,
endereço profissional Praça Desembargador Edgar Nogueira, s/n Centro Cívio, Teresina/PI,
CEP 64000-830, juliannamoreirareis@hotmail.com, (86) 94370046.
120 Revista Eleições & Cidadania
1
VIANA, Adriana Grandinetti. A razoável duração do processo como mecanismo de
desenvolvimento social. Rio de Janeiro: Lumen Júris, 2006. p.199. Disponível em: <http://
www.biblioteca.pucpr.br/tede/tde_arquivos/1TDE-200806-13TI04547Z871/Publico/
Adriana_Grandinetti. pdf>. Acesso em: 02 dez. 2011
2
NICOLITT, André Luiz. A razoável duração do processo. In: VIANA, Adriana Grandinetti.
A razoável duração do processo como mecanismo de desenvolvimento social. Rio
de Janeiro: Lumen Júris, 2006. p. 37. Disponível em: <http://www.biblioteca.pucpr.br/tede/
tde_arquivos/1/TDE-2008-13TI04547Z871 /Publico/Adriana_Grandinetti. pdf> . Acesso
em: 02 dez. 2011.
3
VIANA, op.cit.
4
VIANA, op.cit.
Doutrina 121
5
GOZAÍNI, Oswaldo Alfredo. El debido proceso. Santa Fe: Rubinzal-Culzoni, 2004.
p. 577.
6
ALVIM, M. Arruda. A EC 45 e o Instituto da Repercussão Geral. In: WAMBIER, Tereza
Arruda Alvim (coord.) Reforma do poder judiciário: primeiras reflexões sobre a Emenda
Constitucional nº 45/2004. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. p. 74.
7
ENGISH, Karl. Introdução ao pensamento jurídico. 7. ed. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 1996. p. 208
8
BARACHO, José Alfredo de Oliveira. Teoria geral dos conceitos legais indeterminados.
Themis, Fortaleza, v. 2, n. 2, p. 62, 1999.
9
HOFFMAN, Paulo. Razoável duração do processo. São Paulo: Quartier Latin, 2006. p. 61-62.
122 Revista Eleições & Cidadania
10
MARINONI, Luiz Guilherme. Teoria geral do processo. 4. ed. rev. e atual. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2010. P. 227.
11
GOZAÍNI, op. cit., p. 577 e 579.
12
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 32. ed. rev. e atual. (até
a EC nº 57, de 18 dez. 2008). São Paulo: Malheiros, 2010. p. 432.
Doutrina 123
Vale salientar que, por mais que a causa seja complexa e o atraso
manifestamente não possa ser imputado às partes, somente a indevida
conduta das autoridades judiciárias há de ser considerada como passível
de violação da garantia do acesso efetivo à prestação jurisdicional.
Nas palavras de Albanese:
33
GOZAÍNI, op.cit.
Doutrina 131
34
GOZAÍNI, Oswaldo Alfredo. El Debido Proceso. 1. ed. Santa Fe: Rubinzal-Culzoni, 2004. P. 526.
35
VIANA, op. cit.
36
VIANA, op.cit.
37
ALBANES, op.cit.
132 Revista Eleições & Cidadania
38
Corte IDH, Caso Bayarri VS. Argentina, sentença de 30 de outubro de 2008, parágrafo 107.
ALBANESE, Susana. Los criterios consagrados para evaluar el plazo razonable. JA del 18/2/2009, fasc. 7.
Doutrina 133
39
Corte IDH, caso Hilaire, Constantine, e Benjamim Vs. Trinidad e Tobago. Sentença de
21.06.2002, parágrafo 145. Disponível em: http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/
Seriec_94_esp.pdf. Acesso em: 04.01.2012.
40
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e justiça internacional: um estudo comparativo
dos sistemas regionais europeu, interamericano e africano. 2. ed. rev. ampl. e atual. São
Paulo: Saraiva, 2011. p. 160.
41
VIANA, op. cit.
134 Revista Eleições & Cidadania
43
BARREIROS JÚNIOR apud BARRUFFINI, Frederico Liserre. Possibilidade de
efetivação do direito à razoável duração do processo. Âmbito Jurídico, Rio Grande,
n. 57, p. 17, set. 2008. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/
index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=5096> .Acesso em: 29 nov. 2011.
44
Nesse contexto, segue ementa de aresto do Tribunal Regional Eleitoral do Piauí (Ação
de Impugnação de Mandado Eletivo nº 24, Acórdão nº 5165929 de 17/05/2010, Relator(a)
MARCELO CARVALHO CAVALCANTE DE OLIVEIRA, Publicação: DJE - Diário da Justiça
Eletrônico, Tomo 091, Data 20/05/2010, Página 06): “RECURSO. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO
DE MANDATO ELETIVO. ELEIÇÕES 2004. SUPLENTE DE VEREADOR. ABUSO
DE PODER ECONÔMICO. IMPOSSIBILIDADE DE CASSAÇÃO DE MANDATO E DE
APLICAÇÃO DE PENA DE INELEGIBILIDADE. PERDA SUPERVENIENTE DO OBJETO
DA AÇÃO. CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO. POSSIBILIDADE DE COMINAÇÃO
DE MULTA. TEORIA DA CAUSA MADURA. MÉRITO. NÃO CONFIGURAÇÃO.
IMPROVIMENTO. – [...]. - Por uma questão de celeridade e efetividade processuais,
em cotejo com o princípio da duração razoável do processo, e por que não há necessidade
de produção de provas, o Tribunal, ao reformar a sentença que extingue o processo
sem resolução de mérito, pode julgar imediatamente o mérito da demanda, quando o
feito encontrar-se em condições de pronto julgamento (causa madura). [...] - Recurso a
que se nega provimento.” (grifado)
45
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. 2. ed. Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2010. p. 607 - 608.
136 Revista Eleições & Cidadania
46
É o que se observa da ementa de acórdão do TRE/ES, em que se atribui ao comportamento
das próprias partes o protelamento do feito (RECURSO CONTRA EXPEDICAO DE
DIPLOMA nº 44, Acórdão nº 16 de 28/02/2011, Relator(a) MARCELO ABELHA
RODRIGUES, Publicação: DJE - Diário Eletrônico da Justiça Eleitoral do ES, Data
23/03/2011, Página 6/7): “QUESTÃO DE ORDEM - PRODUÇÃO PROVA TESTEMUNHAL
REQUERIDA PELOS RÉUS - IMPOSSIBILIDADE OITIVA - OBSTÁCULO CRIADO
Doutrina 137
Se uma Justiça lenta demais é decerto uma Justiça má, daí não
se segue que uma Justiça muito rápida seja necessariamente
uma Justiça boa. O que todos devemos querer é que a
prestação jurisdicional venha a ser melhor do que é. Se para
torná-la melhor é preciso acelerá-la, muito bem: não, contudo,
a qualquer preço.52
51
HOFFMAN, op. cit., p. 41.
52
MOREIRA, José Carlos Barbosa. Temas de direito processual. São Paulo:
Saraiva, 2004. p. 5.
53
“Efetividade tem relação direta com a utilidade que o provimento jurisdicional possa
produzir para os jurisdicionados”. GALDINO, Flavio; KATAOKA, Eduardo Takemi;
TORRES, Ricardo Lobo, organizadores; TORRES. Silvia Faber, supervisora. Dicionário de
princípios jurídicos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. P.22.
54
VIANA, op. cit.
142 Revista Eleições & Cidadania
Referências
6
TSE, RO 1453/PA, rel. Min. Felix Fischer, DJe 05/04/2010.
7
TSE, AgR-AI 11352/MA, Rel. Min. Marcelo Ribeiro, DJE 02/12/2009, Página 45.
8
TSE, RO 444344/DF, Rel. Min. Marcelo Ribeiro, DJe 13/02/2012, Página 19.
Doutrina 149
11
TRE-PR, AIJE nº 210985, Rel. Irajá Romeo Hilgenberg, DJ 02/02/2011.
12
Constituição Federal, art. 14, parágrafo 9º. A Carta Constitucional, nesse dispositivo, embora
trate da Lei Complementar das Inelegibilidades, apresenta a vocação do Judiciário Eleitoral,
qual seja a manutenção da normalidade e legitimidade das eleições, com o afastamento
do abuso de poder político e econômico nos pleitos eleitorais. Na própria origem da
Justiça Eleitoral, como promessa da Revolução de 30, encontrava-se ínsita a necessidade
de moralização dos costumes políticos do Brasil. Entretanto, tal função legitimadora deve
ser exercida com o respeito ao princípio majoritário, que pressupõe a prevalência da vontade
da maioria, essencial ao regime democrático. Juízos de cassação de mandato, pois e assim,
não podem ser banalizados e devem ser proferido apenas e tão somente quando presentes
fatos que atestem o comprometimento da expressão da própria maioria popular.
151
*
Cleber de Deus – Doutor em Ciência Política (IUPERJ) e Professor da Universidade Federal
do Piauí UFPI.
**
Rosalina Ferreira Freitas – Mestranda em Ciência Política – UFPI.
1
O projeto do qual se originou esse paper, objetiva analisar o processo de financiamento
de campanha para os cargos de Governador e Senador nas eleições de 2006 e 2010. Nesse
artigo, serão apresentadas somente as análises das eleições majoritárias de 2010 para o cargo
de governador do Estado do Piauí. A razão para tanto é de que a pesquisa encontra-se em
sua fase inicial e, consequentemente, ainda não foi possível coletar e montar a base de dados
na sua totalidade.
152 Revista Eleições & Cidadania
2
Dois trabalhos relevantes que seguem essa perspectiva são de Vitor Peixoto (2009) e de
Daniel Zovatto (2005).
3
Indagação levantada por Vitor Peixoto (2009, p. 95) e apropriada para esta proposta de
pesquisa.
Doutrina 153
4
Sobre isso, Bruno Speck (2010, p. 11) afirma que “um dos grandes desafios no fortalecimento
do financiamento público de partidos e campanhas é como resolver a questão da distribuição
dos recursos. As duas formas mais conhecidas de distribuição de fundos públicos são a
alocação equitativa, que incentiva os pequenos partidos e os novatos, e a alocação
proporcional dos recursos segundo um critério de desempenho, como os votos ou cadeiras
no Legislativo, que honra a estabilização e privilegiam os partidos que tem história e
conseguiram ganhar eleições”.
154 Revista Eleições & Cidadania
leiro é ainda mais interessante, já que não existe um teto único aos
partidos - nem absoluto, nem relativo. Os próprios competidores esti-
pulam a quantidade de gastos que irão utilizar na campanha eleitoral.
Assim, cada partido informa ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no
momento de registro de candidaturas, o teto máximo para si próprio, ao
qual ficará submetido até o final da campanha. Em outras palavras, esse
mecanismo funciona como uma autorregulação.
Outro ponto a se destacar na legislação brasileira é que a mesma
proíbe ou limita as doações financeiras provenientes de corporações
com interesses diretos na administração pública (sindicatos, organiza-
ções não-governamentais, concessionárias públicas e empresas estran-
geiras).5 Essa característica revela que a nossa legislação considera um
importante fato: os recursos empregados pelos atores na arena eleitoral
geram consequências diretas nos resultados eleitorais. É nesse sentido
que Przeworski declara:
5
Lei nº 9.096/95, art. 31: contribuição ou auxílio pecuniário vedado ao partido político.
156 Revista Eleições & Cidadania
Fonte: Tabela elaborada pelos autores com informações do banco de dados do Tribunal
Superior Eleitoral - TSE
Fonte: Tabela elaborada pelos autores com informações do banco de dados do Tribunal
Superior Eleitoral - TSE
Considerações finais
Referências
Resumo
Abstract
*
Aluna do Curso de pós-graduação lato sensu em Advocacia e Direito Eleitoral da Escola
Superior de Advocacia do Piauí. Advogada. Bacharela em Direito pela Universidade
Estadual do Piauí. Professora de Redação da Oficina da Palavra.
**
Professora Mestra da UESPI
168 Revista Eleições & Cidadania
Introdução
4
Robichez alegou que a interposição de recursos extraordinários crescia em progressão
geométrica por considerar o fato de que em 1960, ano em que o Supremo Tribunal foi
transferido para a capital federal, “foram julgados 5.946 recursos extraordinários”.
Considerando que em 1933 a média de recursos foi de 55, em 27 anos o número de recursos
aumentou 1000%.
5
PENNA, Carlos Robichez. O recurso extraordinário e a crise do Supremo Tribunal
Federal, Estudos de Direito Público, n. 8, p. 21, 1985/1986.
Doutrina 171
6
A análise em questão não pode ser dita puramente estatística por que não é possível
estabelecer margem de erro em torno das tendências de posicionamento dos ministros,
uma vez que podem eles recorrer ao livre convencimento e assim criar uma variação que
a matemática considera grande demais para enquadrar no conceito de desvio médio
(margem de erro). Via de regra e por coerência, os ministros costumam se manter dentro
de uma mesma linha de pensamento quando de seus votos em processos similares, mas
nada impede (e isso é bom) que um ministro mude de entendimento acerca de um tema. Por
isso, mesmo na apreciação de repercussão geral é possível identificar posicionamentos que já
foram superados. Essa renovação de entendimentos jurisprudenciais é, aliás, a principal
forma pela qual o Poder Judiciário responde às mudanças tão rápidas que ocorrem na
sociedade.
172 Revista Eleições & Cidadania
10
ALVES, José Carlos Moreira. Poder judiciário. Revista dos Tribunais, ano 5, n. 18, jan./
mar. 1997, p. 269.
11
DINIZ, Laura. Veja. ano 42, n. 2122, p. 72, jul. 2009.
12
Vide tópico 2 retro.
174 Revista Eleições & Cidadania
18
RE 635443 RG / ES - ESPÍRITO SANTO, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Julgamento:
21/04/2011, Publicação DJe-107 DIVULG 03-06-2011 PUBLIC 06-06-2011
19
Vide tópico 3.4 retro
178 Revista Eleições & Cidadania
20
Gráfico extraído do sítio do STF na rede mundial de computadores (www.stf.jus.br),
acesso em 15/06/2011.
Doutrina 179
21
Gráfico extraído do sítio do STF na rede mundial de computadores (www.stf.jus.br),
acesso em 15/06/2011.
22
Número de recursos extraordinários interpostos com preliminar de repercussão geral no
primeiro semestre de 2011, conforme tabela 1.
180 Revista Eleições & Cidadania
23
Dado extraído do sítio do STF na rede mundial de computadores (www.stf.jus.br), acesso
em 17/06/2011
24
Gráfico elaborado com base em dados disponibilizados no sítio do Supremo Tribunal
Federal (www.stf.jus.br), acesso em 17/06/2011.
Doutrina 181
25
Gráfico elaborado com base em dados disponibilizados no sítio do Supremo Tribunal
Federal (www.stf.jus.br), acesso em 17/06/2011.
26
As questões sobre as quais se fundavam os recursos eram: as condições para promoção de
policial militar (RE 633244), os reajustes de vencimentos de servidores públicos do
Município de São Paulo com base em leis municipais (RE 632767), multa por litigância
de má-fé (RE 633360) e a restituição de valores descontados compulsoriamente a título de
contribuição previdenciária declarada inconstitucional (RE 633329).
27
RE 632767 RG / SP - SÃO PAULO, REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO, Relator (a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Julgamento:
24/03/2011, Publicação DJe-065 DIVULG 05-04-2011 PUBLIC 06-04-2011.
182 Revista Eleições & Cidadania
da Repercussão Geral, vez que todos os casos e, no mais das vezes, suas
banalidades poderiam bater às portas do Supremo, exigindo análise.
Nos cinco primeiros meses do ano de 2011, verificou-se que
nos assuntos relacionados diretamente à Administração Pública, com
especial destaque às questões de ordem tributária, mais facilmente
é verificada a existência da relevância, da transcendência e, por
conseguinte da repercussão geral.
Os 47 recursos amostrais aqui analisados podem ser divididos
por ramo do Direito da seguinte forma:
Considerações finais
Referências
Abstract
1
BRASIL. Decreto 21.076 de 24 de fevereiro de 1932. Decreta o Código Eleitoral.
Disponível em: <http://www2,camara.gov.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-21076-
24-fevereiro-1932-507583-norma-pe.html>. Acesso em: 16 abr. 2012.
2
FERREIRA, Manoel Rodrigues. A evolução do sistema eleitoral brasileiro. Brasília:
Senado Federal, 2005. Disponível em: <http://www.ebookbrasil.org/eLibris/eleitoral.html>.
Acesso em: 22 abr. 2012.
190 Revista Eleições & Cidadania
7
BRASIL, Decreto-Lei 7.586 de 25 de maio de 1945. Regula, em todo país, o alistamento
eleitoral e a eleições a que se refere o artigo 4º da Lei Constitucional n. 9, de 28 de fevereiro
de 1945. Disponível em: <http://www2.camara.gov.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-
lei-7586-28-maio-1945-417387-publicacaooriginal-1-pe.html>. Acesso em 22 abr. 2012.
192 Revista Eleições & Cidadania
NORMA CONTEÚDO
Instituiu eleições indiretas e extinguiu todos os partidos
AI-2
registrados pela Justiça Eleitoral
AC-4 Instituiu os únicos partidos que poderiam existir, ARENA e MDB
AC-9 Dispunha sobre as inscrições para as eleições indiretas
AI-3 Estabeleceu o calendário eleitoral
Transferiu para o executivo a competência para decretar a
AI-5 suspensão dos direitos políticos de qualquer pessoa e cassar
mandatos parlamentares
Suspendeu todas as eleições do ano de 1970 e publicou a lista de
AI-7
cassações
Estabeleceu novo calendário eleitoral e o regulamento das
AI-11
eleições
AI-15 Fixou eleições nos municípios sob intervenção federal
9
WIKIPÉDIA. Atos Institucionais. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Atos_
Institucionais>. Acesso em 24 abr. 2012.
10
BRASIL, Lei Federal 4.737 de 15 de julho de 1965. Institui o Código Eleitoral. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4737compilado.htm>. Acesso em 24 abr. 2012.
194 Revista Eleições & Cidadania
verdade eleitoral”.12
Porém, para que seja efetivada a vontade do eleitorado revelada
às urnas, impõe-se um rígido controle do processo eleitoral, que
desencadeia em um conjunto de atos, cuja a finalidade precípua é
controlar as ações dos partidos políticos e dos candidatos.
Conforme afirma Suzana de Camargo Gomes:
12
VELOSO, Carlos Mário da Silva. Disponível em: <http://www.mt.trf1.gov.br/judice/jud8/
just_ref.htm>. Acesso em 24 abr. 2012.
13
GOMES, Suzana de Camargo. A justiça eleitoral e sua competência. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 1998.
196 Revista Eleições & Cidadania
14
BRASIL, Tribunal Superior Eleitoral. Biometria e urna eletrônica. Disponível em: <http://
www.tse.jus.br/eleicoes/biometria-e-urna-eletronica>. Acesso em 25 abr. 2012.
198 Revista Eleições & Cidadania
15
VERBICARO, Loiane. Os direitos humanos à luz da história e do sistema jurídico
contemporâneo. Revista Jurídica Cesumar, v.7, n.1, p-31-56, jan/jun. 2007.
Doutrina 199
16
BRASIL, Tribunal Superior Eleitoral. Resolução 22.610 de 25 de outubro de 2007. Resolve
disciplinar o processo de perda de cargo eletivo, bem como de justificação de desfiliação
partidária. Disponível em: < http://www.tse.jus.br/internet/partidos/fidelidade_partidaria/
res22610.pdf>. Acesso em 24 de Abr. 2012.
200 Revista Eleições & Cidadania
sobre o tema.
Após o ano de 2007, mudou-se drasticamente o panorama da (in)
fidelidade partidária no Brasil, sendo que os atuais candidatos eleitos
estão respeitando a vontade do eleitor na medida em que permanecem
no partido ao qual foram eleitos. E caso não seja mais possível a sua
permanência na agremiação partidária, a própria Resolução disciplina o
procedimento de saída sem que se tenha como consequência a perda do
mandato, devendo nesse caso estar configurada a chamada justa causa
para a saída da agremiação.
Semelhante situação estar-se a vivenciar nas eleições 2012 com
relação às prestações de contas dos candidatos no âmbito da Justiça
Eleitoral. Anteriormente à Resolução 23.376, de 01 de março de 2012,17
vigorava no âmbito eleitoral o entendimento, até então pacificado no
TSE, de que para fins de obtenção da certidão de quitação eleitoral era
suficiente que o candidato apenas apresentasse a prestação de contas
eleitoral.
Pois bem, com a nova resolução para as eleições de 2012, o TSE
evoluiu sua posição no sentido de que não basta a simples apresentação
de prestação de contas de campanha eleitoral para fins de obtenção da
certidão de quitação, sendo necessária a aprovação dessas contas.
No julgamento teve-se a colisão de dois princípios fundamentais:
o da legalidade, tese vencida na qual se argumentou que o TSE não
poderia tratar do tema, vez que esse assunto é de competência exclusiva
do Congresso Nacional. E o outro princípio foi o da isonomia, tese
vencedora e acolhida pela maioria de 4(quatro) ministros do TSE.
Nesse último caso, na tese vencedora entendeu-se que os
candidatos que tem sua prestação de contas aprovada e os que têm a
sanção de reprovação das contas não podem ter o mesmo tratamento
jurídico e se enquadrar na mesma situação fática. Estaria então a Justiça
Eleitoral aplicando o princípio da isonomia, em seu sentido material e
não meramente formal, na medida em que não se pode dar tratamento
idêntico a quem não possui a mesma situação jurídica.
17
BRASIL, Tribunal Superior Eleitoral. Resolução 23.376 de 01 de março de 2012. Dispõe
sobre a arrecadação e os gastos de recursos por partidos políticos, candidatos e comitês
financeiros e, ainda, sobre a prestação de contas nas eleições de 2012. Disponível em: < http://
www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/tse-resolucao-23376/view?searchterm=None>. Acesso
em 24 Abr. 2012.
Doutrina 201
18
BARBOSA, Rui. Oração aos moços. São Paulo: Martin Claret, 2003, p. 39
19
IBGE. PNAD: síntese 2009. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/
populacao/trabalhoerendimento/pnad2009/pnad_sintese_2009.pdf>. Acesso em: 24 abr.
2012.
202 Revista Eleições & Cidadania
21
BRASIL, Tribunal Superior Eleitoral. Disque-Eleitor. Disponível em: < http://www.tse.jus.br/
eleitor/disque-eleitor>. Acesso em 16 Abr. 2012.
22
BRASIL, Tribunal Superior Eleitoral. Eleitor do futuro. Disponível em: < http://www.
justicaeleitoral.jus.br/eleitor/eleitor-do-futuro>. Acesso em 16 Abr. 2012.
204 Revista Eleições & Cidadania
23
BRASIL, Tribunal Superior Eleitoral. Memória e cultura. Disponível em: < http://www.tse.
jus.br/institucional/memoria-e-cultura>. Acesso em 16 Abr. 2012.
24
BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia. Tradução de Marco Aurélio Nogueira. 7. ed.
rev. ampl. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
Doutrina 205
Conclusão
Referências
BARBOSA, Rui. Oração aos moços. São Paulo: Martin Claret, 2003.
BARRETO NETO, Jaime. Histórico do processo eleitoral brasileiro
e retrospectiva das eleições. Disponível em: <http://jus.com.br/
revista/texto/12872/historico-do-processo-eleitoral-e-retrospectiva-
das-eleicoes#ixzzlrVqEc9iZ>. Acesso em: 16 abr. 2012.
BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia. Tradução Marco
Aurélio Nogueira. 7. ed. rev. ampl. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
BRASIL. Constituição (1891). Constituição da República dos
Estados Unidos do Brasil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/constituicao/constituicao91.html>. Acesso em: 24 abr.
2012.
______ . Constituição (1988). Constituição da República Federativa
do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.html>. Acesso em: 24
abr. 2012.
BRASIL. Decreto nº. 21.076, de 24 de fevereiro de 1932. Decreta o
Código Eleitoral. Disponível em: <http://www2.camara.gov.br/legin/
fed/decret/1930-1939/decreto-21076-24-fevereiro-1932-507583-
norma-pe.html>. Acesso em: 16 abr. 2012.
______. Decreto nº. 7.586, de 25 de maio de 1945. Regula em todo
país o alistamento eleitoral e as eleições a que se refere o artigo 4º. da
Lei Constitucional nº. 9, de 28 de fevereiro de 1945. Disponível em:
<http://www2.camara.gov.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-
7586-28-maio-1945-417387-publicaooriginal-1.pe.html>. Acesso em:
22 abr. 2012.
______. Lei Federal nº. 1.269, de 15 de novembro de 1904. Reforma
a legislação eleitoral, e dá outras providências. Disponível em: <http://
www2.camara.gov.br/legin/fed/lei/1900-1909/lei-1269-15-novembro-
1904-584304-publicaooriginal-107057-pl.html>. Acesso em: 24 abr.
2012.
Doutrina 207
Resumo
Abstract
*
Acadêmico do 7º bloco do Curso de Direito da Universidade Estadual do Piauí - Graduado
em Administração Pública - Especialista em Direito Constitucional (UEVA/CE) - fsfeijao@
hotmail.com
212 Revista Eleições & Cidadania
rule under the guise of interpreting it, turns out to formulate a normative
act, general, abstract and autonomous, unless an election year, attracting
the principle of an annual election and subject to the abstract legality or
constitutionality.
Introdução
do ato com a lei ou com outro ato de grau mais elevado. Se o ato não
compatibiliza com a norma superior, a situação, ao contrário, é de
invalidade.” (CARVALHO FILHO, 2009, p. 123)
Norberto Bobbio leciona que para decidir sobre a validade de
uma norma faz-se necessário:
Conclusão
da anterioridade eleitoral, seja por via reflexa, por derivar de norma legal
primária; seja por que, da interpretação, exorbitou do sentido primitivo
da lei. Inovando, atribui ao ato características de primariedade, passando
a ser autônomo, geral e abstrato.
Na instrução eleitoral que disciplina a prestação de contas
das Eleições 2012, a interpretação pelo TSE do §7º do art. 11 da lei
9.504/97 ultrapassou a acepção meramente vernacular e alcançou,
teleologicamente, a expressão mais favorável ao sentido contido na lei
stricto sensu, ocasião em que aquela alteração atingiu significativamente
o processo eleitoral a menos de um ano do pleito, tornando sua aplicação
e eficácia prejudicada para aquele pleito.
Em face das considerações perscrutadas ao longo desta
retórica constitucional, pertine concluir pela aplicação do art. 16
da Constituição Federal de 1988 à instrução do TSE acerca das
prestações de contas para as eleições 2012, sem que tal exigência
exista expressamente na Constituição vigente.
Referências
BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da
Constituição: fundamentos de uma dogmática constitucional
transformadora. 7. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2009.
BITTAR, Eduardo C. B. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria
e prática da monografia para os cursos de direito. 7. ed. São Paulo:
Saraiva, 2009.
BOBBIO, Norberto. Teoria da norma jurídica. 4. ed. São Paulo:
Edirpo, 2008.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação direta de
inconstitucionalidade nº. 2626-7. Ação que versa sobre a
inconstitucionalidade da instrução n. 55/2002 que dispõe sobre a
verticalização das coligações. Requerentes: Partido Comunista do
Brasil, Partido Liberal, Partido dos Trabalhadores e Partido Socialista
Brasileiro. Requerido: Tribunal Superior eleitoral. Relator: Ministro
Sidney Sanches. Brasília, 18 de abril de 2002. Disponível em: <http://
www.stf.jus.br>. Acesso em: 10 jan. 2012.
Doutrina 227
JURISPRUDÊNCIA
SELECIONADA
A C Ó R D Ã O
Nº 3031571
1
Ac. 303157 – Publicado em Sessão, de 21/10/2010
232 Revista Eleições & Cidadania
R E LA T Ó R I O
V O T O (V E N C I D O)
V O T O (V E N C E D O R)
1
“Art. 2º. (...)
Parágrafo único. Na hipótese de necessidade de desincompatibilização, o pretenso candidato
deverá afastar-se do cargo gerador na inelegibilidade 24 horas após a sua escolha pela
convenção partidária.”
Jurisprudência Selecionada 241
2
“§ 2º. O cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por
adoção, do prefeito são inelegíveis para sua sucessão, salvo se este, não tendo sido reeleito,
se desincompatibilizar 6 meses antes do pleito (Constituição Federal, art. 14, § 7º).”
3
“Art. 12. Aplicar-se-ão a estas eleições as normas regentes das eleições municipais de 05 de
outubro de 2008, salvo no tocante ao calendário fixado nesta Resolução.”
4
“§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes
consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República,
de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja
substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo
e candidato à reeleição.”
242 Revista Eleições & Cidadania
E X T RAT O DA ATA
SESSÃO DE 21.10.2010
244
245
A C Ó R D Ã O Nº 182091
(25.01.2011)
1
Ac. 18209 – Publicado no DJE, de 01/02/2011
246 Revista Eleições & Cidadania
Vistos etc.
R E LA T Ó R I O
V O T O (P R E L I M I N A R E S)
2) CERCEAMENTO DE DEFESA
V O T O (M É R I T O)
Art. 22 [...].
XVI – para a configuração do ato abusivo, não será considerada
a potencialidade de o fato alterar o resultado da eleição, mas
apenas a gravidade das circunstâncias que o caracterizam.
Jurisprudência Selecionada 279
[...]
INCONSTITUCIONALIDADE. Ação Direta. Lei nº
2154/2009, do Estado do Tocantins. Eleição de Governador
e Vice-Governador. Hipóteses de cargos vagos nos dois
Jurisprudência Selecionada 281
V O T O (V E N C I D O)
(MODALIDADE DE ELEIÇÃO)
V O T O – V I S T A (V E N C I D O)
(MODALIDADE DE ELEIÇÃO)
Sobre este ponto, data maxima venia, entendo que deve sim ser
aplicado o mesmo procedimento para os Estados e Municípios.
Uma regra dessa magnitude, a meu ver, não pode ser deixada
ao alvedrio de cada um dos estados e municípios que compõem a
federação, sob pena de que, em plena matéria eleitoral, tenha-se a
situação esdrúxula de cada câmara e assembléia legislando a seu modo
sobre a forma das eleições a serem realizadas naqueles casos.
Como sabido, a bem da uniformidade que deve imperar nessa
seara, a competência para legislar sobre direito eleitoral é especial e
privativa da União, consoante o disposto no art. 22, I, da Constituição
Federal, sendo que a autonomia municipal prevista no art. 30 da Carta
Magna não se sobrepõe àquele ditame no regime federativo brasileiro.
O parâmetro adotado pela Constituição é permeado de
razoabilidade, na medida em que evita a temeridade de se realizar
eleições diretas muito próximas umas das outras – o que implicaria, em
curto espaço de tempo, toda a movimentação que um pleito exige, tanto a
nível de campanha, como de custos, tornando desproporcional a medida.
Neste ponto, vale ressaltar as palavras do próprio Ministro
Cezar Peluso, no voto proferido na citada Medida Cautelar na Ação
Direta de Inconstitucionalidade n. 4298:
1
Gomes, José Jairo. Direito Eleitoral. 5 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2010.
Jurisprudência Selecionada 303
E X T R A T O D A A T A
A C Ó R D Ã O Nº 499281
(23.05.2011)
1
Ac. 49928 – Publicado no DJE, de 30/05/2011
308 Revista Eleições & Cidadania
Vistos etc.
R E LA T Ó R I O
V O T O
[...]
e) o desentranhamento das gravações apresentadas na
inicial, porquanto ilícitas, ou, sucessivamente, a realização
de perícia, na forma prevista no CPC, art. 420 e seguintes,
aplicável subsidiariamente à espécie;
[...]”
MÉRITO
que Maira José havia dito para ele votar em José Wellington. O depoente
afirmou não conhecer o conteúdo da gravação. Roberval não teria dito
porque fez a gravação e se alguém a havia encomendado. Também não
contou a quem iria entregar a gravação.
Por sua vez, testemunha Roberval Pereira de Sousa declarou
em juízo que reside em Rio Verde/GO, mas é eleitor de Rio Grande do
Piauí, já tendo transferido seu título para Porto Nacional/TO e depois,
transferido de volta para Rio Grande. Afirmou não ter votado nas
últimas eleições por não ter comparecido à revisão eleitoral. Atestou,
ainda, que seus pais moram em Rio Grande e que sua irmã é namorada
do filho da Vice-Prefeita Maria José.
O depoente confirmou que, no dia 1º de outubro, foi à casa da
Vice-Prefeita para conversar com ela. Confirmou ter intenção de pedir
o dinheiro para a passagem de volta para Rio Verde/GO, pois estava
sem dinheiro. Na ocasião, Maria José teria lhe perguntado se ele já
tinha opção definida de voto, tendo pedido ajuda para sua campanha.
O depoente aproveitou para dizer que precisava de ajuda e falou da
passagem. Maria José então lhe dera o dinheiro, precisamente R$
220,00 (duzentos e vinte reais). Nesse momento o depoente não gravou
a conversa e não recebeu o dinheiro. Recebeu o dinheiro do filho dela,
Marcos, antes da eleição.
Depois da conversa com Maria José, ela disse que pegasse o
dinheiro no dia seguinte, e quando procurou ela, mandou um recado de
que o dinheiro havia sido entregue para Marcos. Depois que recebeu o
dinheiro, voltou para conversar com ela, agradecendo e pedindo mais
R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais) para seu primo Charles. Nesse dia,
foi na intenção de gravar a conversa e estava na posse de um MP3. Ela
disse que não dava os R$ 150,00 pois não confiava no Charles, pois ele
era muito fiel a Antônio Luis. Fez a gravação pois achava que estava
errada a forma de José Wellington e Maria José conduzirem a eleição.
Achava que estava errado porque era compra de voto. Já tinha ouvido
outros boatos a respeito de compra de voto por parte dos recorrentes,
mas só presenciou o que ocorreu consigo. Com os R$ 220,00 (duzentos
e vinte reais) que recebeu, acabou comprando as passagens mesmo
achando errado, pois estava precisando. Sabia que comprar voto era
crime, mas não sabia que vender voto era crime. Não tem consciência
Jurisprudência Selecionada 329
Eles são muito... Ele não é de muita coisa, mas (trecho sem
compreensão)
(Várias vozes baixas ao fundo)
F2 - ... “tamo” meia...
M1 – Não! Tudo bem! Tudo bem!
F2 – (trecho sem compreensão)
M1 – Cento e cinqüenta reais falta pra ele dar! Ele pagou uma
parte e ele disse que falta cento e cinqüenta reais!
F2 – E ele já deu uma parte para ele?
M1 – Não! Ele não deu! Ele pagou uma parte!
F2 – Pagou! (trecho sem compreensão) foi uma coisa séria,
então ajeita...
M1 – Não! Tudo bem! Eu entendo! Isso é coisa do rapaz! É igual
a senhora ta dizendo. Isso é uma coisa muito séria, é de confiança.
F2 – E também depois, nesse dia depois nós vamos, “vamo...”
M1 – O “Marco” me deu um ingresso, né, tenho que agradecer!
F2 – Hum?
M1 – O “Marco” me deu um ingresso. Quero agradecer ele! Há
há! E eu encontrei ele hoje e aí eu falei assim, e aí, campeão,
quando é (trecho sem compreensão). Ele disse, não, eu tenho um
negócio aqui pra tu, eu entrego pra Neta, a Neta te dá. Aí tu...
F2 – A Neta já te entregou?
M1 – Não! Eu pego, eu pego! Eu não... Tudo bem! Num
precisa se preocupar não, dona...
F2 – Pois peça até aqui!
M1 – Tudo bem! Mas quanto ao rapaz aí, a senhora num, num
pode?
F2 – Não! Diga a ele que (trecho sem compreensão) é um
direito...
M1 – Hum! Direito!
F2 – É uma coisa séria! Segura! Que você pode até dizer
assim, ó, só entra vocês se tiver cem por cento com o Osmar!
(Várias vozes baixas ao fundo)
F2 – É o dobro pra ele se ele quiser!
M1 – Pior que é! Não! É perfeito!
F2 – Olhe! Você é um homem (trecho sem compreensão)
M1 – Não! Eu sei!
F2 – E você é outra pessoa!
M1 – Não! Eu sei! A “Raian”, a Neta...
F2 – Muda muito a pessoa! Se for uma coisa séria, séria
332 Revista Eleições & Cidadania
“mermo”...
M1 – Hum!
F2 – Ta entendendo?
M1 – Eu sei!
F2 – Eu, eu, eu, eu topo!
M1 – Hã há!
F2 – Mas tipo assim (trecho sem compreensão), mas não
quero botar qualquer um.
M1 – Aí fica ruim! Porque aí a senhora vai ficar com quê?
Comigo...
F2 – É!
M1 – Aí eu num quero isso pra mim!
F2 – Aí você vai falar com ele.
M1 – Hum!
F2 – Ó! Você... Tu pergunta pra ele! Rapaz, tu quer “mermo”
(trecho sem compreensão) funcionando.
M1 – Não! Mas comece outro! No mesmo lugar! Eu sei como
é que é! A senhora quer conversar com ele? Como é que é?
F2 – Não! Eu num quero conversar com ele não!
M1 – O negócio é comigo então!
F2 – É porque você...
M1 – Então, quer dizer, eu sou a garantia dele?
F2 – É!
M1 – Hã hã!
F2 – Por você, tenho uma confiança muito grande. Que se
esse negócio sair...
M1 – Hum!
F2 - ... você não (trecho sem compreensão) dona Maria não!
Você fica devendo a...
M1 – Ah! Eu! Então ta bom! Então...
F2 – Você quer me ver em confusão?
M1 – Eu vou, eu vou conversar com ele e aí a gente vai ver isso.
F2 – (trecho sem compreensão)
M1 – Hum hum!
F2 – Mas a gente combina direitinho. Num pode ser assim
não, viu!
M1 – Não! Tudo bem! Tudo bem!
F2 – Pois amanhã, nove horas!
M1 – Não, ta bem! Nove horas eu venho, pra num ter entravo!
Tudo bem? Porque eu hoje vou numa festa. A senhora (trecho
Jurisprudência Selecionada 333
disse que, “de Teresina para Rio Grande, foi de carona com Antônio
Luis”, candidato adversário dos representados. Disse, ainda, que,
quando vai a Rio Grande, fica hospedado na casa de seus pais, e que
do lado de fora dela havia propaganda de Antônio Luis, na época da
eleição. Desta sorte, tenho que o depoimento de Roberval não constitui
prova hábil a comprovar a suposta negociação de seu voto, sobretudo
porque não corroborado por outras provas.
Também rejeito, com estas considerações, a alegação de
captação de sufrágio do eleitor Roberval Pereira de Sousa.
Antônio Luis havia sido cassado. Até hoje a depoente não sabe dizer se
o Antônio Luis foi cassado ou não. A notícia divulgada foi que Antônio
Luis tinha sido cassado em Brasília. A testemunha Joelma Teles de
Sousa, sem prestar o compromisso de dizer a verdade, declarou que
“presenciou que um dia antes da eleição, passou um carro de som na
frente da sua casa dando conta de que o candidato Antônio Luis havia
sido cassado pelo TSE, e que ele estava enganando a população pois
haviam colocado um candidato substituto. A notícia causou impacto
pois a depoente ouviu muitas pessoas comentando se seria possível
Antônio Luis está enganando as pessoas, pois o povo não merecia ser
enganado. A testemunha Raimundo José Arruda Oliveira declarou que
“um dia antes da eleição o depoente ouviu o carro de som passando
próximo de sua casa dando conta de que o Dr. José Wellington avisava
da cassação do registro de candidatura de Antônio Luis, informando
que ele estaria manipulando os eleitores pois não era mais candidato.
A notícia mexeu com a cidade, e muitos conhecidos do depoente
perguntavam em quem iriam votar. O depoente não soube informar
se passou outro carro desmentindo a notícia. [...] No dia da eleição
não observou qualquer transtorno causado pela notícia vinculada nos
carros de som no dia anterior. A testemunha Joaquim Conrado de Sousa
declarou que estava na cidade no dia que antecedeu a eleição, podendo
esclarecer que a procissão de encerramento dos festejos ocorreu
no dia 04/10/2008. Que o depoente não viu e nem ouviu sequer por
comentários que estavam transitando na cidade carros de som dando
conta da cassação do registro de candidatura de Antônio Luis. Na hora
da procissão o depoente estava no clube municipal e esse clube fica
afastado, na saída da sede do município”. A testemunha Zilvan Feitosa
Rodrigues declarou que “acompanhou a procissão de encerramento dos
festejos em Rio Grande ocorrida no dia 4 de outubro de 2008, sendo que
não observou carros de propaganda eleitoral falando sobre a cassação do
registro de candidatura de Antônio Luis. Mesmo sabendo que algumas
pessoas disseram que ouviram tal propaganda, o depoente reafirma que
não ouviu carro de som. O depoente ia perto do carro de som da igreja,
que ia tocando música e puxando reza. O carro ia no meio da procissão.
O MM Juiz da 72ª Zona, em sua sentença, afirmou que:
E X T R A T O D A A T A
SESSÃO DE 23.05.2011
340
341
A C Ó R D Ã O Nº 54271921
(31.05.2011)
1
Ac. 5427192 – Publicado no DJE, de 15/06/2011
342 Revista Eleições & Cidadania
Vistos etc.
R E LA T Ó R I O
V O T O
P R E L I M I N A R E S
V O T O (V E N C I D O)
M É R I T O
V O T O (V E N C E D O R)
M É R I T O
[...] Pelo que dos autos consta, não restam dúvidas do forte
interesse da testemunha no deslinde do fato, já que seu
“emprego” depende do desfecho destas ações eleitorais.
368 Revista Eleições & Cidadania
E X T R A T O D A A T A
A C Ó R D Ã O Nº 129151
(20.06.2011)
1
Ac. 12915 – Publicado no DJE, de 29/06/2011
384 Revista Eleições & Cidadania
INCOMPETÊNCIA DO TRE/PI.
- Ao resolver questão de ordem levada ao Plenário pela
ministra Nancy Andrighi em processo do MPE contra
uma pessoa jurídica que aparentemente fez doação fora
do limite legal durante as eleições presidenciais de 2010,
os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por
unanimidade, decidiram, na Sessão de 09.06.2011, que
as ações apresentadas pelo Ministério Público Eleitoral
(MPE) contra doadores acima do limite serão analisadas
no domicílio eleitoral de cada doador.
- Embora o precedente não possua efeito vinculante, o
acolhimento ao que foi decidido pela Corte Superior
Eleitoral é medida que se coaduna com os postulados da
segurança jurídica, da celeridade na tramitação dos feitos
e da efetividade da prestação jurisdicional, pois evita que
inúmeras ações sejam processadas e julgadas em juízo que já
foi reconhecido como incompetente pela instância superior.
- O ajuizamento da Representação, ainda que perante órgão
judiciário incompetente, mas dentro do prazo fixado pelo
C. TSE, impede que se consume a decadência, uma vez
que, bem ou mal, consoante reconhece a jurisprudência
dos Tribunais, notadamente a da Suprema Corte, terá sido
ajuizada “opportuno tempore”.
- Questão de Ordem resolvida no sentido de negar
seguimento ao pedido e declinar da competência
para o juízo do domicílio do doador, determinando o
encaminhamento dos autos ao juízo competente.
- Autorização para que os relatores, invocando a
decisão adotada na Questão de Ordem, decidam
monocraticamente as representações por doação acima
do limite legal, relativas às eleições de 2010, que lhes
forem distribuídas.
Vistos etc.
R E LA T Ó R I O
V O T O
REPRESENTANTE: SIGILOSO
REPRESENTADO: SIGILOSO
Ministro Gilson Dipp
Protocolo: 13.342/2011
DECISÃO
Consoante deliberado na sessão de 9.6.2011 (RP nº 981-40/
DF), declino da competência para o Tribunal Regional Eleitoral
com jurisdição sobre o domicílio do(s) representado(s).
Brasília, 09 de junho de 2011.
MINISTRO GILSON DIPP
RELATOR. (Publicada no DJe, Ano 2011, Número 111,
13.06.2011, pág. 38.)
Decisões Monocráticas
PUBLICAÇÃO Nº 213/2011
REPRESENTAÇÃO Nº 183-89.2011.6.14.0000.
REPRESENTANTE: SIGILOSO
REPRESENTADO: SIGILOSO
DECISÃO
Trata-se de Representação ajuizada pelo MPE, com amparo
nos arts. 23 e §§, da Lei nº. 9.504/97; 1º, I, “p”, da LC nº.
64/90; e 16 e §§, da Resolução TSE nº. 23.217/2010, onde se
formulam pedidos de quebra de sigilo fiscal e condenação
pela doação de recursos acima do limite legal permitido.
DECIDO.
No último dia 09/06/11, o eg. TSE resolveu Questão de Ordem
na REP nº. 981-40, e decidiu por sua incompetência para a
apreciação das representações por doação acima do limite legal.
A solução baseou-se no fato de que as penalidades decorrentes
deste tipo de infração atingem exclusivamente a esfera
de direitos do doador, sem qualquer reflexo juridicamente
relevante para os candidatos. Considerou-se, ainda, que a
ampla defesa somente será exercida de forma plena se a ação
tramitar perante o juízo especializado do domicílio do doador.
Atenta ao pronunciamento da Corte Superior, este c. TRE/PA resolveu
questão de ordem no mesmo sentido já na sessão de julgamento
de 14/06/2011, consignando, inclusive, que cada relator decidirá
monocraticamente pela remessa dos feitos ao juízo competente.
Ante o exposto, DECLINO da COMPETÊNCIA em favor do
juízo do domicílio do doador, devendo a Secretaria Judiciária
adotar medidas necessárias à remessa dos autos de forma
urgente à respectiva Zona Eleitoral.
Belém, 14 de junho de 2.011.
Desembargador LEONARDO DE NORONHA TAVARES - Relator.
E X T R A T O D A A T A
SESSÃO DE 20.06.2011
395
A C Ó R D Ã O Nº 4383161
(10.10.2011)
1
Ac. 438316 – Publicado no DJE, de 13/10/2011
396 Revista Eleições & Cidadania
Vistos etc.
R E LA T Ó R I O
pela parte autora possui isenção para depor em juízo, pois são todas
interessadas no resultado do desfecho da ação.
Por fim, requereram a improcedência do pleito.
Às fls. 75/112, acostaram documentos.
Às fls. 141/154, termo de audiência de instrução.
A seguir, as partes solicitaram diligências.
Às fls. 173/196, os impugnados novamente colacionaram
documentos.
Às fls. 201/203, o magistrado a quo se manifestou sobre as
diligências solicitadas.
Às fls. 222/293, repousa documentação.
Às fls. 297/306, novo termo de audiência de instrução.
Às fls. 326/726, cópia dos autos correspondentes à representação
nº 5181177.
Na sequência, os impugnados apresentaram alegações finais,
reiterando os argumentos já esposados e confrontando os depoimentos
testemunhais prestados.
Observaram que este Tribunal Regional Eleitoral, ao julgar
a Representação nº 152/2008, afastou a captação ilícita de sufrágio
discorrida na peça inaugural, em razão de contradições verificadas nos
depoimentos prestados naqueles autos, sendo que os impugnantes não
anexaram novas provas em relação a tais fatos.
A parte autora também apresentou alegações finais.
Em parecer opinativo, o Ministério Público Eleitoral atuante na
81ª Zona, pugnou pela cassação dos mandatos eletivos de Inácio Batista
de Carvalho e de Auro Aparecido de Carvalho.
Às fls. 865/878, decisão prolatada pelo Juiz da 81ª Zona
Eleitoral, julgando improcedente o pedido.
Inconformados, os impugnantes interpuseram recurso,
repisando, em suma, as alegações já aventadas, bem como pugnando
pelo conhecimento e provimento do apelo.
Por sua vez, os recorridos acostaram contrarrazões, aduzindo
a preliminar de intempestividade do recurso, diante da inexistência do
procedimento de apresentação do apelo, no ordenamento jurídico, qual
seja via correio eletrônico.
Ainda preliminarmente, arguiram a violação ao princípio
Jurisprudência Selecionada 401
V O T O
DO MÉRITO
[...] que viu a visita feita pelo réu a casa da avó de Cristiano;
que o réu estava de jeep na companhia de Hosana e do
marido desta; que o jeep parou na frente da casa da avó de
Cristiano; que estava dentro da casa da avó de Cristiano e
o depoente viu quando nela adentraram Inácio, Hosana e o
marido de Hosana; que logo que entrou Inácio deu boa tarde
e disse que queria conversar com Cristiano e com Teresa, avó
de Cristiano; que nessa hora foram para a cozinha Inácio,
Hosana e seu marido; que na sala da casa apenas ficou o
depoente; que no momento da chegada dos três na casa da
avó de Cristiano nela estavam o depoente, Cristiano e avó
deste; que da sala a onde (sic) estava o depoente não dava
para ouvir a voz de quem estava conversando na cozinha;
que na hora que as pessoas se dirigiram para a cozinha o
depoente saiu da casa, ficando na frente da casa; [...] que
depois que saíram as pessoas da casa, Cristiano não disse ao
depoente o que havia acontecido; que Cristiano não disse ao
depoente o que havia recebido ou que havia sido prometido
em favor daquele; que tal fato ocorreu antes das eleições, mas
Jurisprudência Selecionada 417
E X T R A T O D A A T A
SESSÃO DE 10.10.2011
426
427
MOVIMENTAÇÃO
PROCESSUAL do TRE-PI - 2011
428
Movimentação Processual 429
PROCESSOS
PROCESSOS DECISÕES DECISÕES
CLASSES PENDENTES DE
DISTRIBUÍDOS PLENÁRIAS MONOCRÁTICAS
JULGAMENTO*
AC 10 0 25 6
AIME 8 31 2 4
AIJE 15 31 1 11
AP(4ª) 18 9 2 26
AR 1 1 0 -
COR 1 1 0 -
CTA(12ª) 6 4 2 1
CZER 0 1 0 -
EXC 5 2 1 2
INQ 23 10 7 8
HC 3 3 0 -
MS(1ª) 22 13 10 4
PA 40 30 3 15
PC 83 364 7 51
PET 181 11 19 163
PP 14 4 9 10
RE 15 37 0 2
RC 1 2 0 1
RCAND 9 10 0 -
RCED 3 11 3 6
ROPPF 1 1 0 -
RP 449 59 424 29
RVE 21 14 0 8
TOTAL 929 649 515 347
COMPETÊNCIA RECURSAL
QUADRO 2 – Taxa de reforma das decisões das Zonas Eleitorais em 2011
DECISÕES MANTIDAS DECISÕES REFORMADAS
108 97
431
APÊNDICE
432
Apêndice 433
06. Como o eleitor pode verificar se o seu nome foi incluído pelo
partido na lista de seus filiados?
R: O eleitor pode consultar pela internet a relação oficial de filiados dos
partidos políticos, disponível na página do TSE e dos TREs, a partir
do Sistema FiliaWeb, podendo inclusive emitir a certidão de filiação
partidária. A informação também pode ser obtida pessoalmente no car-
tório eleitoral responsável pelo município de domicílio do filiado, no
respectivo tribunal regional eleitoral ou no Tribunal Superior Eleitoral.
único, III; art. 73, § 3º e art. 75; art. 128, § 5º, II, e; art. 142, § 3º, V e
art. 42, § 1º; todos da CF).
Os magistrados e membros dos tribunais de contas estão dis-
pensados de cumprir o prazo de filiação, devendo satisfazer tal condi-
ção quando de suas desincompatibilizações, ou seja, até quatro meses
antes das eleições, caso concorram ao cargo de prefeito e vice-prefeito,
ou seis meses antes das eleições, para os cargos de vereador, deputado
estadual, deputado federal, senador, governador, vice-governador, pre-
sidente e vice-presidente da república (LC 64/90, art. 1º, II “a”, III “a”,
IV “a”, V “a”, VI, VII “a” e Res. TSE n.º 19.978, de 25.9.97).
Já ao candidato militar alistável da ativa, para cumprimento do
requisito de filiação partidária, basta o pedido de registro da candida-
tura, após prévia escolha em convenção partidária (CF, arts. 14, § 8º, e
142, V, e Acórdão TSE n.º 11.314, de 30.8.90).
Por sua vez os membros do ministério público, dependendo da
data de ingresso na carreira, submetem-se às seguintes regras:
do, que ocorre com o registro do seu estatuto no TSE, é que a nova agre-
miação partidária adquire capacidade de participar do processo eleitoral
- expressão aqui usada em sentido amplo - e, portanto, pode iniciar seus
atos de filiação.
Segundo o artigo 4.º da Lei 9.504/97, pode participar das elei-
ções o partido político que, até um ano antes do pleito, tenha registrado
o seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral. Se o estatuto não estabe-
lecer prazo maior, esse também é o prazo mínimo de filiação partidária
para aqueles que postulam candidatura a um mandato eletivo, ainda que
filiados a partido recém-criado.
É importante ressaltar que a exceção, de que trata o parágrafo
único do artigo 9.º da Lei 9.504/97, não alcança a filiação em partido
político que tenha registrado o seu estatuto no TSE a menos de um ano
da data da eleição.
Observações pertinentes:
I) Embora a lei e a resolução de regência não estabeleçam prazo para
o eleitor comunicar ao juiz eleitoral, essa providência deve ocorrer no
mesmo dia em que feita a comunicação ao partido da sua desfiliação, a
Apêndice 441
12. Quais são as providências que deve adotar um eleitor filiado que
se filia a outro partido?
R: O eleitor filiado a determinada agremiação partidária que se filia
a outro partido deverá fazer comunicação escrita ao órgão de direção
municipal do partido anterior, em duas vias, mediante protocolo da co-
municação ou com recebimento, informando o seu desligamento do
partido. Em seguida, o eleitor deve fazer a comunicação escrita ao Juiz
Eleitoral da Zona em que estiver inscrito, em duas vias, anexando a
fotocópia da comunicação ao órgão de direção municipal do partido,
solicitando o cancelamento da filiação anterior no Sistema de Filiação
Partidária. Essas duas providências devem ser feitas no dia imediato
ao da nova filiação. Se essas providências não forem realizadas no
dia seguinte ao da nova filiação, fica configurada dupla filiação, sen-
do ambas consideradas nulas para todos os efeitos.
Na hipótese de inexistência de órgão municipal partidário ou
de comprovada impossibilidade de localização de quem o represente, o
filiado poderá fazer a comunicação ao juiz da zona eleitoral em que for
inscrito (Resolução TSE n.º 23.117/09, art. 13, § 5.º).
Regulamentam a matéria o parágrafo único do artigo 22 da
Lei n.º 9.096/95 e os §§ 4º, 5º e 6º do artigo 13 da Resolução TSE n.º
23.117/09, verbis:
Observações pertinentes:
I) Se o dia imediato ao da nova filiação cair em dia não útil, aplicando-
-se subsidiariamente o disposto no artigo 184, § 1º, do Código de Pro-
cesso Civil, prorroga-se automaticamente para o primeiro dia útil sub-
seqüente. Neste sentido o Acórdão TSE n.º 542, de 3.9.2002.
II) O Tribunal Superior Eleitoral havia consolidado jurisprudência no
sentido da imprescindibilidade de o eleitor filiado que faz nova filia-
ção comunicar ao partido anterior e ao Juiz eleitoral de sua respectiva
Zona, o cancelamento de sua filiação, no dia imediatamente poste-
rior à nova filiação, sob pena de restar caracterizada a dupla filiação
(Ac. TSE n.os 16.410, de 12.9.2000; 16.411, de 12.9.2000; 16.715,
de 19.9.2000; 16.760, de 26.9.2000; 17.248, de 29.9.2000; 2.343, de
10.10.2000; 16.783, de 10.10.2000; 17.208, de 17.10.2000; 17.983,
de 07.12.2000; 19.368, de 11.9.2001; 19.377, de 11.9.2001; 19.556,
de 18.6.2002; 23.418, de 28.9.2004; 22.009, de 2.10.2004; 23.545, de
11.10.2004; 23.418, de 28.9.2004; REspe n.º 26.433, de 14.9.2006 e
REspe n.º 26.710, de 10.10.2006).
Porém, a partir do julgamento do Recurso Especial n.º 22.132,
de 2.10.2004, o TSE passou a afastar a aplicação literal da norma posta
Apêndice 443
Observações pertinentes:
I) Recomenda-se ao eleitor filiado que transferiu seu domicílio eleito-
ral solicitar ao órgão partidário do novo município que confirme a sua
filiação no Sistema FiliaWeb, sobretudo se tiver pretensão de disputar
cargo eletivo nas eleições.
II) Ocorrendo movimentação de ofício de eleitores filiados em decor-
rência de desmembramento de zona, o sistema promoverá as atualiza-
ções necessárias nas relações dos partidos envolvidos (Resolução TSE
n.º 23.117/09, art. 25).
Ementa
Registro. Candidato. Vereador. Condenação criminal. Sus-
pensão de direitos políticos. Filiação partidária.
1. Conforme decisão proferida por esta Corte Superior no jul-
gamento do caso Belinati, que se fundou inclusive no Acór-
dão nº 12.371, relator Ministro Carlos Velloso, subsiste a filia-
ção anterior à suspensão dos direitos políticos.
2. Não se tratando de nova filiação, mas de reconhecimento
de filiação anterior, que esteve suspensa em razão de cumpri-
mento de pena, tem-se como atendido o requisito do art. 18 da
Lei nº 9.096/95. Recurso especial conhecido e provido.
Decisão
O Tribunal, por maioria, deu provimento ao recurso, nos ter-
mos do voto do relator. Vencidos os Ministros Luiz Carlos
Madeira e Presidente.
relação submetida por cada partido político, que então será convertida pelo sis-
tema para relação oficial de filiados, a ser publicada pela Justiça Eleitoral no site
do TSE. Neste momento são divulgadas as duplicidades detectadas durante o
processamento (na relação oficial de filiados, divulgada pela Justiça Eleitoral,
as filiações em duplicidade aparecem com situação “sub judice”).
Identificados os casos de dupla filiação, o TSE gerará e enviará
as notificações para os partidos, via FiliaWeb, e aos filiados envolvidos
em duplicidade, por correspondência escrita. A partir da divulgação das
relações de filiados é iniciada a contagem do prazo de 20 dias para res-
posta nos processos de duplicidade de filiação. Por fim, escoado o prazo
para apresentação das respostas dos partidos e eleitores filiados, abre-se
prazo para os juízes decidirem os processos de duplicidade, e depois,
para o registro dessas decisões no sistema. Não havendo decisão judi-
cial ou o seu registro no sistema, a situação das filiações envolvidas em
duplicidade serão automaticamente convertidas pelo sistema de “sub
judice” para “cancelada”.
O FiliaWeb oferece, ainda, a qualquer eleitor a possibilidade de
emitir certidão de filiação partidária autenticada eletronicamente.
A Resolução TSE n.º 23.117, de 20.08.09, em seus artigos 6.º,
8.º e 19, § 2º, torna obrigatório o uso do Sistema de Filiação Partidária
para a anotação das filiações partidárias e remessa da relação de filiados
de que trata o art. 19 da Lei n.º 9.504/97.
Observações pertinentes:
I) No Sistema, o desligamento do partido político é feito, em regra,
em duas etapas: a primeira, chamada de desfiliação, é ato do partido
político e só tem efeito no subsequente processamento de relações e a
segunda, chamada de cancelamento, é ato da Justiça Eleitoral e tem
efeito imediato no FiliaWeb.
Se um registro foi desfiliado e cancelado, o vínculo é conside-
rado regularmente extinto, pois cumpriu o rito esperado e, portanto, a
situação final é de “cancelado”.
Entretanto, uma das etapas pode não ter sido executada, cau-
sando o seguinte comportamento pelo sistema: desfiliação sem can-
celamento, em que o filiado não cumpriu o rito e o registro ainda é
considerado apto a ser processado e, possivelmente, confrontado com
outros registros gerando a situação “sub judice”; ou cancelamento sem
desfiliação, em que o filiado não cumpriu o rito, mas cabe a Justiça
Eleitoral analisar a causa dessa ocorrência. Se a Justiça Eleitoral consi-
derar que isso ocorre por alguma impossibilidade do filiado registrar a
sua desfiliação do partido, pode homologar o cancelamento, observan-
do-se o art. 21 da Lei 9.096/95. A situação final do registro ao final é de
“cancelado”.
II) Antes de efetuar um registro de filiação é importante sempre fazer
consulta no Sistema FiliaWeb para verificar a situação em que se encon-
tra o eleitor perante o partido político e a Justiça Eleitoral.
III) As informações básicas do filiado devem ser mantidas pelo próprio
partido. Já a situação de um determinado filiado é de responsabilidade
conjunta entre os diretórios partidários e a Justiça Eleitoral, onde cabe
ao partido o registro da desfiliação e ao cartório o registro da comuni-
cação de cancelamento de filiação de determinado filiado ou executar a
reversão do cancelamento.
IV) As ações executadas pela Justiça Eleitoral causam imediata altera-
ção da situação do filiado, ao contrário das efetuadas pelo partido, que
só se tornam efetivas após a submissão e processamento de sua relação
de filiados à Justiça Eleitoral.
V) As funcionalidades de reversão de cancelamento e de reversão de ex-
clusão de registro de filiação estão disponíveis no Sistema de Filiação
Partidária exclusivamente para cumprimento de determinações judiciais,
454 Revista Eleições & Cidadania
Observações pertinentes:
I) Do parágrafo único do art. 22 da Lei n.º 9.096/95 extrai-se que, uma
vez configurada a dupla filiação, ambas devem ser consideradas nulas
para todos os efeitos.
II) O eleitor envolvido em duplicidade deve apresentar sua resposta ao
juiz eleitoral competente, acompanhada do comprovante de sua filiação
ao novo partido e, se for o caso, dos comprovantes de comunicação da
sua desfiliação encaminhados ao partido anterior e ao Juiz Eleitoral, no
dia imediato ao da nova filiação.
III) Os partidos políticos devem apresentar sua resposta ao juiz eleito-
ral competente, acompanhada do comprovante da filiação do respectivo
eleitor envolvido na duplicidade detectada pela Justiça Eleitoral duran-
te o processamento das relações de filiados.
IV) O § 3.º do art. 13 da Resolução TSE n.º 23.117/09 estabelece que
não comunicada a desfiliação à Justiça Eleitoral, o registro de filiação
ainda será considerado para o fim de identificação de dupla filiação.
Apêndice 457
VIII) Os recursos que versam sobre duplicidade de filiação não possuem efeito
suspensivo (AgR-Respe n.º 31291, de 27.11.08 e AgR-AC n.º 2910, de 16.10.08).
ÍNDICE ALFABÉTICO
G
A
Gravação de conversa. Ter-
Abuso do poder econômico e polí- ceiro. Desconhecimento. Inter-
tico. Captação ilícita de sufrágio. In- locutores. Ilicitude da prova.
terposta pessoa. Ligação. Candida- AIME. (Ac. Nº 49928/2011)............307
tos beneficiados. Pessoa que ofereceu
vantagens. Anuência implícita. AIJE. I
(Ac. Nº 5427192/2011)......................341
Ilícito. Prevenção. Repressão.............27
C
J
Campanha eleitoral. Governador. Piauí.
Financiamento....................................151 Justiça eleitoral. História. Demo-
cracia. Ativismo judicial. Educação
Contas. Poder Executivo. Julgamen- cidadã.........................................187
to. Competência. Rejeição. Inelegi-
bilidade..........................................71 M
D Multa eleitoral. Execução fiscal.
Prescrição..........................................57
Demissão de pessoal. Motivos eleitorais.
Compra de votos. Captação ilícita de P
sufrágio. Corrupção. Abuso político
com conteúdo econômico. AIME. Partidos políticos. Representação.
(Ac. Nº 438316/2011).......................395 Decisões. Imprevisibilidade. Direito
Eleitoral. Relativismo........................97
Doação. Campanha eleitoral. Recurso
financeiro. Acima do limite legal. Pessoa Prestação de contas. Financiamento.
física. Questão de ordem. Competência. Campanha..........................................39
Juízo. Domicilio eleitoral. Doador. RP.
(Ac. Nº 12915/2011)..........................383 Princípio republicano. Reflexões.......15
E Poder eleitoral. Abuso. Gravidade.
Circunstâncias.................................145
Eleições suplementares. Filho
de prefeito eleito em 2008. Processo. Razoável duração. Conceito
Diploma cassado. Afastamento. jurídico indeterminado. Celeridade.
Desnecessidade. Peculiaridades do Segurança jurídica............................119
caso. Impossibilidade. Renúncia. Chefe
do poder executivo municipal. Prazo R
6 meses. Novo pleito. Prevalência.
Direito constitucional de ser votado. Recurso extraordinário. Repercussão
RCAND. (Ac. Nº 303157).................231 geral. Hermenêutica.........................167
Embargos de declaração. Caráter T
manifestação protelatório. Incidência
art. 275, § 4º Código Eleitoral. AIJE. Tribunal Superior Eleitoral. Poder
(Ac. Nº 18209/2011)..........................245 regulamentar. Limitação. Princípio
Constitucional da Anualidade..........211
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