Cidadania e Fé - Bloco 3-Ed

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LUIZ GOMES DE MOURA

MARIA DAS GRAÇAS SOARES DA COSTA

2ª EDIÇÃO
03 CAPÍTULO 09
Culturas afro-ameríndias

09 CAPÍTULO 10
Feições africanas do cristianismo

15 CAPÍTULO 11
A condição da mulher no judaísmo,
cristianismo e islamismo

CI DADAN IA E F É

BLOCO
3

CAPÍTU LO 09

Culturas afro-ameríndias

Olhando bem, em nosso sangue não corre apenas o sangue europeu, de modo especial
o português e o espanhol, ou seja, o europeu que veio da península ibérica e colonizou
parte das Américas. Corre também o sangue negro e o sangue indígena. Em alguns
casos mais negro e, em outros casos mais indígena.
Superado apenas pela Nigéria, na África. Em consequência disto, nossa cultura não é
apenas branca, é também negra e ameríndia; ela é mista.
O professor Menezes demonstra parte da herança
cultural africana em diversos setores de nossa
cultura: “A influência africana no português do
Brasil, que em alguns casos chegou também
à Europa, veio do iorubá, falado pelos negros
vindos da Nigéria, e notada principalmente no
vocabulário relacionado à culinária e à religião
e também do quimbundo angolano, em palavras
como caçula, cafuné, moleque, como comidas
de santo, ou seja, comidas que eram oferecidas
Fonte: https://am3004.wordpress.com/2015/05/29/cultura-afri-
às divindades religiosas cultuadas pelos negros, cana-em-debate-por-que-o-preconceito/
maxixe e samba, entre centenas de outros
vocábulos. Na culinária, deixaram para a nossa alimentação: acarajé, mungunzá,
quibebe, farofa, vatapá, que são pratos originalmente usados pelos negros”.
Continua o professor Menezes falando da contribuição cultural vinda da África para o
Brasil: “Foram incorporados aos hábitos alimentares dos brasileiros o angu, o cuscuz,
a pamonha e a feijoada, nascida nas senzalas e feita a partir das sobras de carnes
das refeições que alimentavam os senhores; o uso do azeite de dendê, leite de coco,
temperos e pimentas; e de panelas de barro e de colheres de pau. O folclore é entendido
como o conjunto de manifestações espirituais, materiais e culturais de origem popular,
transmitidos via oral ou pela prática de geração em geração. Compreende, assim, as
tradições, festas, danças, canções, lendas, superstições, comidas típicas, vestimentas
e artesanatos cultivados especialmente pelas camadas populares. A escravidão
foi responsável pela contribuição africana para o folclore, principalmente porque
os negros eram trazidos de diversas áreas do velho continente. Frevo: teve origem

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na capoeira, cujos movimentos foram estilizados para evitar a repressão policial. O


nome vem da ideia de fervura (pronunciada incorretamente como “frevura”). É uma
dança coletiva, executada com uma sombrinha, que seve para manter o equilíbrio e
embelezar a coreografia. Atualmente, é símbolo do carnaval pernambucano. Maracatu:
é propriamente um desfile carnavalesco, remanescente das cerimônias de coroação
dos reis africanos. A tradição teve início pela necessidade dos chefes tribais, vindos
do Congo e de Angola, de expor sua força e seu poder, mesmo com a escravidão.
Atualmente faz parte do carnaval de Pernambuco.
Capoeira: trazida pelos negros de Angola, inicialmente, não era praticada como
luta, mas como dança religiosa. Mas, no século XVI, para resistir às expedições
que pretendiam exterminar Palmares, os escravizados foragidos aplicavam os
movimentos da Capoeira como recurso de ataque e defesa. O Decreto-lei 487 acabou
temporariamente com a capoeira, mas os negros resistiram até a sua legalização.
E em 15 de julho de 2008 a capoeira foi reconhecida como Patrimônio Cultural
Brasileiro e registrada como Bem Cultural de Natureza Imaterial.
Entre os instrumentos trazidos pelos africanos para o Brasil, destacam-se os de
percussão, segundo o dicionário da língua portuguesa Aurélio (1998): Afoxé: cabaça
coberta por uma redinha de malha, em cujas intersecções se colocam sementes ou
conchas; outros instrumentos: atabaque, agogô e berimbau”.

Culturas Indígenas
Temos também dentro de nós sangue indígena,
primeiros habitantes dessa terra de Santa Cruz.
A propósito, ponho abaixo uma declaração dos
povos indígenas, reunidos em grande assembleia.

“Nós povos indígenas do mundo, unidos


numa grande assembléia de homens sábios,
declaramos a todas as nações:
Quando a terra mãe era nosso alimento,
Quando a noite escura formava nosso teto,
Quando o céu e a lua eram nossos pais, Fonte: http://noticias.r7.com/brasil/noticias/mais-de-36-dos-indios-brasile-
iros-vivem-em-areas-urbanas-20120810.html
Quando todos éramos irmãos e irmãs,
Quando nossos caciques e anciãos eram grandes líderes,
Quando a justiça dirigia a lei e sua execução
Aí outras civilizações chegaram!
Com fome de sangue, de ouro, de terra e de todas as riquezas, trazendo numa mão a cruz
e na outra a espada, sem conhecer ou querer aprender os costumes de nossos povos,
nos classificaram abaixo dos animais, roubaram nossas terras e nos levaram para longe

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delas, transformando em escravizados os ‘filhos do sol’.


Entretanto não puderam nos eliminar!
Nem nos fazer esquecer o que somos,
Porque somos a cultura da terra e do céu,
Somos de uma ascendência milenar e somos milhões,
E mesmo que nosso universo inteiro seja destruído,
Nós viveremos
Por mais tempo que o império da morte!”

Port Alberni, 1975. Conselho Mundial dos povos indígenas (AEC, 1985, p.21)

Cultos Afro-brasileiros
“São chamados assim por causa da origem de seus principais portadores, os
escravizados trazidos da África para o Brasil” (GAARDER, 2000, p. 292). Os autores
do “Livro das Religiões” acrescentam: até hoje, essas religiões são reconhecidas
pelas lideranças do movimento negro como religiões negras, autênticas expressões
culturais da negritude, embora seja cada vez maior o número de brancos, e até mesmo
de descendentes de japoneses e coreanos que estão aderindo ao candomblé e, mais
ainda à umbanda” (IDEM, p. 292).

Terreiro de Candomblé Terreiro de Umbanda

Fonte: http://www.riovalejornal.com.br/mate-
rias/617-terreiro_de_umbanda_realiza_uma_
reiros-de-candomble-terao-mesmo-direit-
Fonte: http://www.s1noticias.com/ter-

linda_festa_para_yemanja_no_litoral
os-de-igrejas.html#axzz3yHDXaSza

Quando se diz candomblé se refere aos cultos afro-brasileiros mais próximos da África;
mais primitivos ou mais original. Se você entra num terreiro e ali se canta em um idioma
africano, provavelmente você está num terreiro de candomblé que ainda conserva a
língua original. Se entra num terreiro e lá dentro apenas vê figuras de negros e de
negras, provavelmente estará num terreiro de candomblé. O candomblé não é igual
em toda parte. Tem esse nome na Bahia; em Pernambuco e Alagoas chama-se Xangô;
tambor de mina no Maranhão e Pará e batuque no Rio Grande do Sul.
A umbanda é a religião afro-brasileira mais brasileira, mais misturada e mais distante da
África. Se entra num terreiro e vê uma quantidade grande de santos ou figuras de brancos,
com certeza estará entrando num terreiro de umbanda. A umbanda é uma mistura do Afro,

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branco (catolicismo e espiritismo) e do indígena. Tanto o candomblé como a umbanda têm


finalidade boa; não visa, como se pensa, a fazer o mal a pessoas. Se isso acontecer, e
pode acontecer, não pertence à essência da religião.
Candomblé e umbanda são as duas principais religiões afro que se popularizaram aqui
no Brasil, mas não as únicas; tem a quimbanda, conhecida como a parte negativa da
umbanda, vodu que se popularizou no Haiti e outras.

CANDOMBLÉ
Não é uma religião ética, a Orixás

Fonte: https://umbandanovolhar.word-
exemplo do cristianismo,
e sim uma religião mágica

press.com/os-sete-orixas/
e ritual. Portanto, a ideia
de salvação presente no
cristianismo não existe no
candomblé. As divindades
são também chamadas de
orixás. Os orixás no candomblé são elementos da natureza, mas são personificados
em figuras de negros e negras. Como não há uma ética na religião do candomblé,
também não existe a idéia de pecado. Cada pessoa tem seu orixá. Para saber seu orixá
de cabeça se faz através do jogo de búzios. Os búzios são pequenas conchas com uma
pequena abertura na parte interna. O jogo de búzios se faz em sessões individuais e
não em celebrações comunitárias. A pessoa responsável é o pai ou mãe de santo.
Da África chegaram com os escravizados mais de 400 orixás, mas com o tempo apenas
16 deles sobreviveram. É por isso que o jogo de búzios é feito com 16.
Como os orixás são personificados em figuras de negros e negras, têm as mesmas
características dos humanos: amam, sentem ódio, alimentam-se, casam-se etc. Os orixás
têm também suas cores preferidas, seu alimento próprio e seu dia da semana. Os orixás
podem ser masculinos ou femininos. Como são elementos da natureza, todo orixá que
contém água é feminino, exemplo: Iemanjá (água do mar) ou Oxum (águas doces) são orixás
femininos; os demais são masculinos.
Exu
Nos cultos do candomblé se inicia
Fonte: http://ulbra-to.br/encena/2014/12/05/Exu-o-

fazendo uma louvação a Exu e


oferecendo a ele um pratinho de comida.
Como é um orixá peralta e virado por
ser o caçulinha dos orixás, assim se
guardiao-dos-caminhos

procede para que ele fique quieto e


não perturbe a celebração. Afinal, ele é
muito mimado e paparicado. Podemos,

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a rigor, condenar o sacrifício de animais oferecidos a algum orixá, mas há um aspecto


a considerar: do animal sacrificado os orixás apenas usufruem a ‘energia vital’, mas
a carne do animal sacrificado é repartida com o pessoal da comunidade num grande
gesto de solidariedade.

UMBANDA
É chamada de religião brasileira. Além dos
elementos afro, agrega elementos do catolicismo,
do espiritismo e das culturas indígenas. Surgiu no
Rio de Janeiro na década de 1920. Na umbanda
os orixás são elementos da natureza, mas se
personificam em figuras de santos ou santas.
Os negros, por causa da repressão religiosa,
escondiam a identificação de seus orixás em
santos ou santas que mais se assemelham a
aquele orixá. Por exemplo: Iemanjá é feminino, é Fonte: http://awure.jor.br/home/a-importancia-do-sincretismo-religio-
so-no-brasil/

a grande mãe, tem cor azul. No santoral católico


quem mais se identificou com esse orixá foi N. S. da Conceição. O único orixá que
não conseguiu qualquer identificação com santo católico foi Exu; Exu gosta de sexo;
Exu gosta de dinheiro. Não encontraram santo com essa característica e por isso
identificaram Exu com o diabo. Pomba gira é o exu feminino. No candomblé, Exu é um
simples orixá como qualquer outro.
Diferente do candomblé, e por seu caráter sincrético (mistura), há na umbanda
presença de elementos do catolicismo, espiritismo ou indígena. Vela e incenso é
presença de elementos do catolicismo; dizer “centro” ou usar expressões como
‘baixar’ o santo, são heranças do espiritismo. Caboclos, catimbó e jurema são
herança cultural das tradições indígenas.
Diferente do candomblé, a umbanda recebeu influência do catolicismo, por isso tem
uma ética e concepção de pecado. No candomblé não seria problema se um rapaz
desejasse ficar com a namorada de um colega. A ética aí consiste em buscar a felicidade
dele e pronto. Na umbanda isso não é permitido, por influência da ética cristã, e mais
especificamente católica.
A caridade ou a ética do amor fraterno é característico da umbanda porque é uma
herança do espiritismo kardecista. Pelo fato de ter na umbanda características do
espiritismo durante algum tempo, dizia-se que ela era conhecida como um ‘baixo
espiritismo’; mas isso não é correto e os espíritas não vão aceitar isso, e com razão.

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CAPÍTULO 09 8

O QUE PODEMOS APRENDER COM OS CULTOS AFRO-BRASILEIROS


A grande lição que se pode aprender com
os cultos afro-brasileiros é o seu caráter
festivo. Nos cultos há muito movimento,
muita música e muita festa. Nos cultos afro
podemos aprender a lição da inclusão. Ali
não se faz acepção de pessoas: o pai de santo
pode ser homem, mas também essa função
pode ser exercida por uma mulher : a mãe
de santo. Ninguém é excluído de qualquer Fonte: http://afinsophia.com/2009/03/31/seu-ze-malandro-no-terreiro-de-
pai-joel-de-ogum/
função em virtude de sua opção sexual. De
vez em quando estoura na mídia um escândalo de algum clérigo católico ou ministro
religioso em casos de envolvimento sexual. Os pais e mães de santos não aparecem
nessas listas. Nossas celebrações católicas ainda continuam sonolentas e cansativas,
mas não são assim os cultos afro.

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CAPÍTU LO 10

Feições africanas do cristianismo

Inculturação da fé
Quando se trata desse tema, feições africanas do cristianismo ou feições indígenas
do cristianismo, entramos em um tema muito querido da Igreja mas ao mesmo
tempo muito desafiador: a Inculturação da fé. Nesse sentido, D. José Maria Pires,
quando bispo da Paraíba, afirmou com muita propriedade que a Igreja ainda não
está preparada para a inculturação. Mas o que é mesmo inculturação? A Igreja, em
mais de uma vez, já reuniu em Roma, um número significativo de bispos – chamado
Sínodo – para estudar e refletir sobre a inculturação da fé. Percebe-se que realmente
se trata de um grande desafio: “O processo de inculturação pode ser definido como o
esforço da Igreja para fazer penetrar a mensagem de Cristo em um determinado meio
sociocultural, convidando-o a crescer segundo os seus próprios valores, desde que
estes sejam conciliáveis com o Evangelho.
O termo inculturação inclui a ideia de crescimento e de enriquecimento mútuo das
pessoas e dos grupos, pelo fato do encontro do Evangelho com um meio social. “A
inculturação é a encarnação do Evangelho nas culturas autóctones e, simultaneamente,
a introdução destas culturas na vida da Igreja” (fé e inculturação – 1988 – nº 9). E o que é
um Sínodo? O sentido etimológico da palavra que vem do grego, significa literalmente,
caminhar juntos ou caminhar para dentro; a ideia central é de união. Trata-se de uma
assembleia de bispos da Igreja católica que se reúne periodicamente com o Papa para
tratar de temas de interesses da Igreja universal. Um exemplo de inculturação bem
simples: O povo africano é, essencialmente, um povo dançante; o povo latino é um
povo mais racional; é evidente que uma liturgia católica em comunidades africanas se
expresse através das danças com suas canções bem características. Essa inculturação,
deve guardar respeito à fé cristã, não contradizer os seus valores e fazer crescer a
pessoa como ser humano.
Em uma celebração da Eucaristia realizada na cidade de Recife/PE – Brasil – chamada
de ‘missa de Quilombos’, em 20 de novembro de 1981, uma celebração inculturada
na realidade negra, no canto de proclamação da palavra ou aclamação ao evangelho,
assim se expressava:

CIDADANIA E FÉ BLOCO 03
CAPÍTULO 10 10

Aleluia, aleluia, aleluia


Fala Jesus, palavra de Deus
Tu tens a Palavra
Aleluia
Irmão que fala a verdade aos irmãos
Dá-nos tua nova libertação
Quilombolas livres do lucro e do medo
Nós viveremos o teu evangelho
Aleluia
Nenhum poder nos calará
Aleluia
Contra tantos mandatos de ódio
Tu nos trazes a lei do amor
Frente a tanta mentira
Tu és a verdade, Senhor
Entre tantas notícias de morte
Tu tens a palavra de vida
Sob tanta promessa fingida
Sob tanta esperança frustrada
Tu tens Senhor Jesus
A última palavra
E nós apostamos em Ti
Aleluia
A tua verdade nos libertará
Aleluia.

A letra dos cantos da missa de Quilombos foi feita por D. Pedro Casadáliga e Pedro
Tierra e a composição musical foi de Milton Nascimento que estava presente na
celebração em Recife.

CIDADANIA E FÉ BLOCO 03
CAPÍTULO 10 11

O cristianismo se espalhou pelo mundo a partir de Roma


O processo de inculturação é um processo normal e até natural; quem chega vai se
ajustando e se adaptando à nova realidade cultural. Os judeus da diáspora, ou seja, da
dispersão, iam assimilando por onde chegavam, expressões da nova realidade. Com a
chegada do cristianismo e como nasce em ambiente judaico, assimila muitos elementos
do ambiente, orações, expressões, modo de vida, etc. Logo cedo o cristianismo chega
a Roma, capital do império, ambiente bem distinto da cultura judaica e, evidente que
também assimila muitos elementos da cultura romana. Esse processo de assimilação
e de inculturação traz mais enriquecimento e não pode ser visto de forma negativa.
Hoje se fala de catolicismo romano (dito também latino); católico porque universal é
esse o significado da palavra e romano porque assimilou muitos costumes e práticas do
ambiente latino ou romano. O cristianismo é judaico de origem, mas romano ou latino
em seu desenvolvimento. O cristianismo que se espalhou pelo mundo foi o inculturado
no mundo romano. Um exemplo: o latim, idioma oficial do catolicismo, é romano.
Uma palavra muito usada hoje no estudo das religiões é sincretismo; o sincretismo
é também um processo de inculturação, mas carrega conotações negativas; diz-se
que carrega ou mistura elementos de outras expressões religiosas, tipo: umbanda,
mistura elementos afro, indígenas, católicos e espíritas; assim dizemos que se trata
de sincretismo. O catolicismo se torna universal e chega ao continente africano. Em
Roma, o latino é ser racional (“penso logo existo”); o africano é um ser de sentido ou
de significado; para ele o ‘penso logo existo’ é substituído pelo ‘danço logo existo’.
Já acompanhou alguma celebração africana nos países negros; canções lindas e com
muita dança. “danço logo existo”. Nos idos de 1974, Frei Beto escreveu um artigo que
tocou nesse tema; no episódio, escrito por ele, dizia que em um sínodo em Roma,
bispos africanos apresentaram em vídeo uma celebração em estilo africano; o cenário
era mais ou menos assim: homens e mulheres nus da cintura para cima cantavam
e dançavam dando voltas em torno do altar. Os bispos de Roma botaram a mão na
cabeça e exclamaram: “Meu Deus, mas isso é uma celebração católica romana?” Ao
que os bispos africanos retrucaram: “pode não ser uma celebração romana, mas é
uma celebração católica na cultura africana” e acrescentaram: “O cristianismo que
se espalhou pelo mundo foi o cristianismo que passou por Roma; se tivesse passado
antes pela África estaríamos todos ao redor do altar cantando e dançando nus de
cintura para cima.” Fica o questionamento. Como é difícil o processo de inculturação.

CIDADANIA E FÉ BLOCO 03
CAPÍTULO 10 12

Negra Mariama
“Mariama” é o nome dado a Nossa Senhora. É uma tentativa de

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dizer MARIA em língua africana. É como se pronunciássemos

https://www.facebook.com/pjmatipomg/photos
“Maria” em todas as línguas da Mãe África. Num livro de
espiritualidade africana Maria ou Nossa Senhora é chamada de
Mariama. No final da missa de Quilombos, D. Hélder proclamou
sua oração a Mariama; era um forte apelo aos bispos para
que assumissem a causa do povo negro, assim como haviam
assumido a causa dos povos indígenas (idem). O teólogo Frei
Clodovis Boff escreveu que essa canção é um Magnificat negro.
Segue o pronunciamento de D. Hélder no final da missa de
Quilombos, sobre Mariama:

“Mariama, Nossa Senhora, mãe de Cristo e Mãe dos homens!


Mariama, Mãe dos homens de todas as raças, de todas as cores, de todos os cantos da
Terra. Pede ao teu filho que esta festa não termine aqui, a marcha final vai ser linda de
viver. Mas é importante, Mariama, que a Igreja de teu Filho não fique em palavra, não
fique em aplauso. Não basta pedir perdão pelos erros de ontem. É preciso acertar o
passo de hoje sem ligar ao que disserem. Claro que dirão, Mariama, que é política, que
é subversão. É Evangelho de Cristo, Mariama. Claro que seremos intolerados. Mariama,
Mãe querida, problema de negro acaba se ligando com todos os grandes problemas
humanos. Com todos os absurdos contra a humanidade, com todas as injustiças e
opressões. Mariama, que se acabe, mas se acabe mesmo a maldita fabricação de armas.
O mundo precisa fabricar é Paz. Basta de injustiça! Basta de uns sem saber o que fazer
com tanta terra e milhões sem um palmo de terra onde morar. Basta de alguns tendo
que vomitar para comer mais e 50 milhões morrendo de fome num só ano. Basta de uns
com empresas se derramando pelo mundo todo e milhões sem um canto onde ganhar o
pãode cada dia. Mariama, Senhora Nossa, Mãe querida, nem precisa ir tão longe, como
no teu hino. Nem precisa que os ricos saiam de mãos vazias e os pobres de mãos cheias.
Nem pobre nem rico. Nada de escravizado de hoje ser senhor de escravizado de amanhã.
Basta de escravizados. Um mundo sem senhor e sem escravizados. Um mundo de
irmãos. De irmãos não só de nome e de mentira. De irmãos de verdade, Mariama”.

ESCUTE TAMBÉM: NEGRA MARIAMA – MARIA CECÍLIA DOMEZI

CIDADANIA E FÉ BLOCO 03
CAPÍTULO 10 13

Outras feições inculturadas de Maria: Aparecida e Guadalupe


Como sempre, a figura da mãe é muito popular e em todo canto e recanto há manifestação
de veneração à mãe de Deus e mãe nossa. Mesmo de origem simples, Maria é engrandecida,
embelezada e também, porque não dizer, inculturada. No México tem feições indígenas e
é Guadalupe; no Brasil é negra e é Aparecida e na África ela é Mariama.
GUADALUPE E O PROCESSO DE INCULTURAÇÃO
O ano era 1531, quando a Virgem Maria apareceu
ao indígena, na atual cidade do México, pedindo a
construção de um templo, a fim de demonstrar e ofertar
Seu amor, compaixão, auxílio e proteção ao povo. “Eu sou
a sua Mãe misericordiosa, a Mãe de todos os que vivem
unidos nesta terra, de todo o gênero humano, de todos
aqueles que me amam, daqueles que choram para mim,
daqueles que têm confiança em mim. Aqui ouvirei vosso
pranto e vossas dores, e remediarei e aliviarei vossos
sofrimentos, vossas necessidades e vossos infortúnios
[…]”. No segundo encontro, a Santíssima Virgem pediu
a Diego que recolhesse no manto dele rosas, para que
as apresentasse ao Arcebispo do México, Dom Juan de
Zumárraga, como prova das aparições. Quando Juan
desdobrou o manto com as rosas diante do bispo, sobre
ele estava impressa a imagem de Nossa Senhora de
Guadalupe! O bispo passou a crer nas aparições e mandou construir uma grande Igreja
no local indicado por Nossa Senhora. O manto de Juan Diego, com a imagem de Nossa
Senhora de Guadalupe Impressa, foi levado ao local para ser venerado. Guadalupe
significa “Perfeitíssima Virgem” na língua Asteca. Anualmente, a Igreja recebe milhões
de fiéis e o milagroso retrato continua a deixar os espectadores intrigados, os artistas
desconcertados e os cientistas perplexos. Juan Diego, que tinha 55 anos à época,
viveu por mais 17 anos depois da aparição. Durante esse tempo foi nomeado guardião
oficial do manto e estava sempre pronto a relatar as aparições e a responder a qualquer
questão. Morava em um pequeno quarto anexo à igreja e morreu aos 74 anos, em
1548. Juan foi beatificado por São João Paulo II durante sua visita ao México no dia 6
de maio de 1990, e foi canonizado durante outra visita do Papa ao México no dia 31 de
julho de 2002.

CIDADANIA E FÉ BLOCO 03
CAPÍTULO 10 14

APARECIDA E O PROCESSO DE INCULTURAÇÃO


Conta-se que no ano de 1717, após o aparecimento da imagem na rede dos pescadores
João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia no rio Paraíba do sul na região de
Guaratinguetá, uma grande quantidade de peixes encheu a rede dos pescadores.
Nossa Senhora Aparecida representa a imagem da mãe de Jesus e naquela época,
a pesca não estava nada produtiva, e ao puxar a rede os pescadores se depararam
com a imagem da santa, porém somente o corpo. Em seguida conseguiram encontrar
a cabeça que veio nas redes. Depois disso, os peixes encheram as redes, tanto que
os pescadores ficaram com medo dos barcos afundarem. Assim, a pequena imagem
ficou na casa de um dos pescadores, onde os fiéis se reuniam para rezar. A partir daí
contam-se muitas histórias de intervenções milagrosas. A coroação da imagem que
fora pescada no Rio Paraíba se deu apenas em 1904, 16 anos depois da Princesa ter
ofertado a coroa e o manto à Virgem. Em 1930, o Papa Pio XI proclamou Nossa Senhora
Aparecida como Rainha e Padroeira do Brasil. No âmbito nacional, o dia 12 de outubro
se tornou feriado em homenagem à santa.

CONSULTE ESSE OU OUTROS SITES SOBRE


NOSSA SENHORA APARECIDA DO BRASIL

É possível que em outros lugares haja histórias de aparições semelhantes a Guadalupe


e Aparecida. São exemplos de inculturação da fé.

VEJA TAMBÉM ‘O AUTO DA COMPADECIDA’


DO ESCRITOR BRASILEIRO ARIANO SUASSUNA

CIDADANIA E FÉ BLOCO 03
15

CAPÍTU LO 11

A condição da mulher no judaísmo,


cristianismo e islamismo
O tema da mulher é importante, é pertinente à disciplina de Cidadania e fé. Cidadania, no
sentido de que forma a mulher é vista na sociedade. Fé no sentido de como o judaísmo,
cristianismo ou islamismo vêem a mulher. Uma coisa é a concepção de como a mulher é no
Oriente ou de como a mulher é no Ocidente.

Fonte: http://anobiblico.blogspot.com.br/2015/04/genesis-arvore-genealogica-de-abraao.html

O judaísmo, cristianismo e islamismo são três religiões consideradas irmãs. São irmãs
porque são filhas do mesmo Pai: Abraão. De Abarão com Sara surge Isaac (filho do
riso), que gerou Jacob (Israel) e por aí surge o povo de Israel. De Abraão com Agar é
gerado Ismael, considerado o iniciador do povo árabe; desse povo surge a religião de
Maomé. Por motivo de incompatibilidade de viver próximo a Sara (ciúmes entre Sara
e Agar porque uma gerou e a outra, não), Abraão levou Agar e o filho Ismael para a
região sul daquele país, onde surgiu o povo árabe. Árabes e judeus são irmãos mais
próximos. Dos judeus surge Jesus, o Cristo e do movimento de Jesus, o cristianismo.
Três religiões irmãs mas paradoxalmente só vivem em conflitos políticos e sócio-
econômicos.

CIDADANIA E FÉ BLOCO 03
CAPÍTULO 11 16

A mulher no judaísmo
A condição da mulher no judaísmo é paradoxal, ao menos na visão dos ocidentais: Às
vezes soa negativa e às vezes positiva. Por exemplo: quando a mulher está menstruada,
se encontra em estado de impureza ritual, devendo, quando passarem suas regras,
fazer a purificação legal; por outro lado, judeu é definido como aquele ou aquela que
nasceu de ‘mãe judia’. Outro exemplo: O testemunho de uma mulher não era igual ao
testemunho de um homem; palavra de credibilidade era ‘palavra de homem’. Por outro
lado, no Antigo testamento são conhecidos livros sagrados que carregam nome de
mulher: Livro de Rute, Livro de Ester e o livro de Judite (tem apenas na Bíblia católica).
Segue uma síntese das fases da vida da mulher, publicado no “Livro das Religiões”,
de J. Gaarder: “A menina também recebe seu nome formalmente na sinagoga uma
semana depois do nascimento. Seu pai é chamado até a Torá, e se faz uma oração pela
mãe e pelo bebê.
BAR MITZVÁ E BAT MITZVÁ
Aos treze anos o menino judeu se torna
um Bar Mitzvá, (em hebraico: filho do
mandamento). A cerimônia se passa na
sinagoga, no primeiro sábado apósseu
aniversário. Durante o ano que precede seu
aniversário ele deve ter aulas com um rabino
ou outra pessoa instruída, para aprender as
Fonte: http://mensagens.culturamix.com/datas-comemorativas/mensagens-pa-
ra-bar-mitzvah
leis e os costumes judaicos. Quando chega
o dia, ele deve se levantar e ler alto seu
texto, cantando-o conforme o costume. Isso
confirma que ele passou a ser um membro
pleno da congregação. Uma menina se
torna automaticamente Bat Mitzvá (filha do
mandamento) quando completa doze anos.
Costuma-se celebrar esse fato no primeiro
sábado após seu aniversário. Para isso ela
prepara algumas palavras que deve dizer com
Fonte: http://www.accentphotography.com/services/barbat-mitzvah-gallery/
a bênção depois do serviço.

CIDADANIA E FÉ BLOCO 03
CAPÍTULO 11 17

CASAMENTO
É considerado o modo de vida ideal, instituído por
Deus. Um judeu é obrigado a casar com uma mulher
judia. Dias antes do casamento, a noiva deve tomar
um banho ritual. No dia do casamento, os noivos ficam
em jejum até o final da cerimônia. O casamento pode
ser celebrado em qualquer lugar, mas normalmente
acontece na sinagoga. Em geral é um rabino que
realiza a cerimônia. Os noivos bebem de um mesmo Fonte: http://casamentoebeleza.com/informacao/casamento-ju-
daico-conheca-um-pouco/
copo de vinho, como sinal que irão dividir tudo que
a vida lhes der. Em seguida, o noivo põe a aliança no
VEJA UMA REPORTAGEM
dedo da noiva, dizendo em hebraico: “Eis que tu és
SOBRE A MULHER
consagrada a mim por esta aliança, segundo a Lei de
NO JUDAÍSMO
Moisés e de Israel”. (Cf. GAARDER, 2000, p. 113)

Mulher no cristianismo
Fonte: http://www.resistenciaapologetica.com/2015/04/

Cristo era judeu mas foi um revolucionário quando se


trata da condição da mulher em sua época. Numa época
mulheres-sao-vitais-ao-ministerio.html

em que se considera a mulher impura pelo fato de estar


menstruada e se acreditar que tudo se torna impuro se
tocado por ela, Cristo se deixa tocar por uma mulher que
derrama sangue e nem por isso se diz que está impuro
(Lc 8, 43 – 48). É encontrado falando sozinho com uma
mulher triplamente excluída: por ser ‘mulher’, por ser ‘samaritana’ e por ser ‘pecadora’ (Jo
4, 7ss). Quando ressuscita aparece por primeiro a uma mulher. Quando ela anuncia aos onze
que Cristo ressuscitou, os apóstolos recusam o testemunho dela (Lc 24, 9 – 11)
No cristianismo antigo conheceu-se o ministério das mulheres diaconisas até o século
II no Ocidente e até o século IV no Oriente; depois essa prática caiu em desuso até os
dias de hoje. A discussão sobre o sacerdócio feminino está parada na Igreja Católica,
mas não representando nas igrejas da reforma.

MULHERES PASTORAS
“O sacerdócio ministerial nas igrejas protestantes foi exclusivamente masculino até
o século XX. Certas igrejas luteranas alemãs empregaram pastores do sexo feminino
desde a década de 1920. Na Suécia, a proibição constitucional do sacerdócio feminino
foi abolida em 1945, na Dinamarca em 1947 e na Noruega já em 1938, mas com a
restrição de que uma mulher não deveria ser nomeada se a congregação se opusesse
a isso por princípio. Essa cláusula foi anulada em 1956” (GAARDER, 2000, p. 196)

CIDADANIA E FÉ BLOCO 03
CAPÍTULO 11 18

Os autores do “Livro das Religiões” continuam, falando agora sobre as mulheres na vida
paroquial: “As mulheres sempre foram importantes na vida oficial da Igreja e em muitas
organizações voluntárias, como, por exemplo, as sociedades missionárias. Entretanto,
o papel por elas desempenhado tem sido secundário. Os homens vêm ocupando as
posições de liderança e em certas organizações apenas eles ainda têm permissão de
assumir cargos administrativos e também de pregar. Isso se deve ao sistema patriarcal
que impregnou a Igreja até agora. Muitas vezes, cita-se Paulo quando se quer falar na
subserviência das mulheres aos homens” (Efésios 5,22-24; Colossenses 3,18).

As mulheres no islã
Duas citações do Corão demonstram como este pode ser usado para fundamentar
duas visões bem diferentes do papel da mulher: ‘Os homens têm autoridade sobre as
mulheres porque Deus os fez superiores a elas’ (sura 4:31). ‘As mulheres devem, por
justiça, ter direitos semelhantes àqueles exercidos contra elas’ (sura 2:228).
O contraste no tratamento de homens e mulheres

Fonte: http://www.aware.org.sg/2011/12/an-
é visível numa série de áreas da vida social,
sobretudo nas leis relativas ao casamento. Mas,

eventful-year-for-womens-rights/
como muitos estudiosos islâmicos já indicaram,
há também uma série de leis que protegem
as mulheres dentro do casamento. Quando o
contrato de casamento é assinado, o marido paga
um dote que permanece propriedade da esposa
e não pode ser usado sem o consentimento dela.
A mulher só pode ter um marido, ao passo que os homens podem ter até quatro
esposas. A poligamia para os homens não era rara no Oriente Médio na época de
Maomé. A exigência de que um homem não deve tomar mais esposas do que pode
sustentar teve muitos efeitos positivos em sua época. Hoje, a poligamia é proibida na
Turquia e na Tunísia.
O divórcio é possível, mas apenas quando iniciado pelo marido, que é responsável pelo
lado financeiro do casamento. Há regras e condições abrangentes destinadas a evitar o
excesso de facilidades para o divórcio, o qual, segundo Maomé, é ‘a atividade legal menos
preferida por Deus’. O índice de divórcios nos países árabes é o mais alto do mundo.
O marido também tem o direito de punir fisicamente a esposa se ela for desobediente.
‘Quanto àquelas de quem temes desobediência, deves admoestá-las, enviá-las a uma
cama separada e bater nelas’, diz a sura 4.

CIDADANIA E FÉ BLOCO 03
CAPÍTULO 11 19

Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/04/mulheres-detidas-em-
manifestacao-a-favor-do-uso-do-veu-islamico-em-paris.html
Diferentemente da circuncisão para os homens, a excisão do clitóris (mutilação genital
feminina) não é obrigatória para as mulheres; tampouco se menciona tal mutilação
no Corão. Mesmo assim, ela é praticada com frequência no Norte da África. Nos anos
recentes, porém, vem encontrando forte oposição por causa de seus efeitos negativos
sobre a vida sexual da mulher.
Nem mesmo a tradição de usar véu, ou xador, deriva do Corão, mas ela se difundiu por
amplas áreas geográficas, independentemente da religião. Em sua origem, tal moda
se limitava às classes superiores, não tendo penetração na sociedade agrícola, onde
as mulheres deviam trabalhar no campo. A luta contra o véu vem sendo uma questão
predominante na modernização de muitas nações árabes; entretanto, o reavivamento
islâmico dos anos recentes também fortaleceu o apoio ao véu. (GAARDER, 2000, p. 133)

A condição da mulher no hinduísmo


O “Livro das Religiões”, de Gaarder, interessa-se sobre esse tema das mulheres, e ao
tratar do hinduísmo aborda a condição da mulher lá na índia. A propósito disso foi
publicado no Diário Popular de São Paulo em 1988, uma notícia que chamou atenção;
tratava-se da morte de um certo senhor e que sua
esposa se matou para ser queimada junto com ele e
seguirem juntos para a eternidade, num ritual chama
SATI.
Vamos completar esse estudo expondo também
sobre o lugar das mulheres na Índia ou no hinduísmo.
A Índia também é um continente de grandes
contrastes no que se refere ao papel da mulher e ao
modo como ela é considerada, tanto espiritual como Fonte: http://www.victorianweb.org/history/empire/india/
suttee.html

CIDADANIA E FÉ BLOCO 03
CAPÍTULO 11 20

socialmente. O Livro dos Vedas afirma que o homem e a mulher são iguais “como as
duas rodas de uma carroça”. Entretanto, a aceitação prática dessa idéia tem sido bem
mais difícil.
Um livro indiano de normas, com 2 mil anos de idade, tem o seguinte a dizer sobre o
papel da mulher: ‘Assim como o estudo e o serviço doméstico na casa de seu mestre
são para o menino, assim deve ser para a menina viver com seu marido; ela deve ajudá-
lo em seus deveres e ser ensinada por ele. Cuidar do fogo sagrado, como seu esposo
lhe ensina, é comparável ao serviço do menino junto ao fogo sacrificial de seu mestre’.

Fonte: http://www.dw.com/en/india-bans-movie-about-indi-
Indira Gandhi
Fonte: http://tripaziello.om/2015/01/26/il-sari-indiano/

ra-gandhis-murder/a-17876004
As mulheres na Índia são frequentemente encaradas como ‘propriedade’ do marido.
Uma mulher solteira em geral tem um status baixo, e uma mulher casada sem filhos
pode se encontrar numa situação bem precária. Por outro lado, a Índia foi um dos
primeiros países a ter uma mulher como primeiro-ministro (Indira Gandhi). Muitas
mulheres desfrutam de notável influência pública, e em nenhum outro país do Terceiro
Mundo há tantas mulheres trabalhando fora de casa. Nesse contexto, ser membro
de uma casta pode constituir um fator decisivo na situação feminina. O culto das
numerosas deusas mulheres também pode contribuir para elevar a consciência das
mulheres”. (GAARDER, 2000, p. 51)

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DA CRIAÇÃO DA MULHER

CIDADANIA E FÉ BLOCO 03

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