História Da Umbanda e Da Vertente Omoloko

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HISTÓRIA DA UMBANDA E DA OMOLOKO

O início de tudo

Toda cultura e ritos das religiões afro-brasileiras são heranças


culturais dos povos escravizados do continente africano. Que
trouxeram consigo suas tradições, ritos e cultura.

Os Primeiros negros que chegaram no Brasil tinha etnia Bantu um


conjunto de povos que falavam a mesma língua, sendo grande
maioria falantes do dialeto Kimbundo que tinha forte presença em
Luanda (Onde hoje é Angola).

Desde 1502 foram trazidos escravos, mas o período de grande tráfico


internacional de pessoal começou de fato em 1539, nesta época só
vinha os Bantus e alguns poucos povo de Mali que mais tarde seria
conhecido com os Malês.

Somente em 1650 começaram a chegar os povos de origem Yoruba


começados pelos povos Nagô.

Os primeiros negros trazidos se reunião com seu povo e faziam


omenagem ao seus ancestrais, através do sincrenstismo religioso.

Com o passar do tempo e a formação de quilombos, eles se reuniam


nas matas e somente nesses lugares conseguiam as manifestações
espirituais de suas tradições, o que eles chamavam de Xilingamento,
que é incorporação dos ancestrais, o dirigente desse ritual era
chamado Kimbanda (Curandeiro) onde era tido por todos como tata.

Esses dirigentes são como os xamãs indígenas nativos brasileiros que


conheciam o segredo das ervas e se comunicam com espíritos e o
intuito das suas práticas desde de áfrica é praticar a Umbanda (cura)
e orientação para superar suas adversidades.
Enquanto os Bantu tinham sua cultura mais oral e do ponto de vista
europeu menos civilizada, os Mali são povos do império mais rico da
África e tinham fundado até mesmo muitas universidades, sua
religião principal era os Islã sincretizado com suas tradições africanas.

Eles eram os verdadeiros magos e bruxos, com profundo


entendimento sobre a Cabala, os Jins e rituais antigos que eram
ensinados nas suas universidades, eles também sabiam como
construir o al-Tabaq, que é um termo árabe para “prato”.

Tempos depois ( Pouca mais de 100 anos) com a chegada dos Yorubas
e sua rica cultura, trouxeram consigo também a sua fé religiosa, comida
e estilo de vida.

Enquanto a maioria dos Bantus eram tribos nômades e os malê era um


império com forte influência do slamismo na sua cultura, culinária e
educação. Os Yorubas tinham cultura própria como modelo de reino
próprio e um sofisticado sistema político.
Toda cultura Yoruba girava em torno do palácio real, dos anciões
(babalaôs) e principalmente do mercado que fica próximo ao palácio.

Eles trouxeram os itans e os contos dos orixás das suas terras e


aprenderam também a sincretizar seus orixás.
Em pouco tempo todas essas etnias compartilhavam cultura e seja
escondido na senzala, ou em grandes rodas nos quilombos, foram se
amalgamando e virando uma coisa só, que não tinha nome ainda, até
porque era um momento que eles tinham para saudades seus
ancestrais.

Após a abolição da escravidão de forma legal, os academicos ficaram de


olho nessas manifestação que criaram nomes e formas de culturar
completamente diferentes por todo o Brasil.

Na Bahia se fortalecia o Candomblé que vem da junção das palavras


quimbundo candombe (dança com atabaques) + iorubá ilê (casa) que
poderia significar casa de festejo ou casa de dança ou ainda casa de
saudação.
O curioso aqui é que já se vê no próprio nome do culto o amalgamento
dos povos Bantu e iorubá.

Além do Candomblé, surgia o tambor de mina, a Cabula, O catimbó, o


Cariru o xamanismo e principalmente a Macumba.

A Macumba ficou famosa porque estava na capital do Brasil na época,


estava no Rio de Janeiro, esse nome foi dada de forma pejorativa pelo
instrumento que se usava que era feito da árvore que levava o mesmo
nome (Macumba é um tempo Bantu que significa sopro assustador),
não pelo som do instrumento, mas porque o vento batia nessa árvore e
saía um uivo forte e os antigos acreditavam que era porque ela era uma
árvore onde se morava os ancestrais.

Na macumba havia manifestação de espíritos, divindades, manipulação


das ervas, entre outras coisas, era um ápice da fusão cultural que o se
havia chegado.

A Macuba atendia políticos famosos, cantores e atrizes e foi graças a


macumba, que ao curar um determinado político, prometeu
descriminalizar o samba, como essa é uma história longa e complexa
podemos falar dela outro dia.

Nascimento da Umbanda

A Umbanda nasceu da Macumba, no Rio de Janeiro, através de um


movimento separatista e na tentativa de embranquecer a Umbanda,
que foi toda fundamentada no espiritismo segundo Alan Kardek.

Além da cultura ancestral, a umbanda trouxe consigo o estudo do


ocultismo ocidental, com magia goéthia, Eliphas Levi, Helena Blavatsky
entre outros.

A Umbanda que conhecemos hoje é atribuída a Zélio Fernadino de


Moraes quando incorporou pela primeira vez o “Caboclo Sete
Encruzilhadas”, numa sessão espírita da Federação Espírita, em Niterói
na data de 15 de novembro de 1908.
Sob a alegação que a umbanda nasceu com um propósito de unificar
os povos negros, indiginas e brancos europeus, para trazer a cura para as
mazelas do povo brasileiro.

A Umbanda tinha forte influência do espiritismo como dito


anteriormente, que diferente da macumba que focava na cura, o
espiritismo focava no encaminhamento de espíritos perdidos para luz e
na doutrinação de almas perdidas.

Contudo essa Umbanda de Zélio que deu origens a outras linhas mais
místicas como Umbanda Iniciática e a umbanda esotérica que tinha
influência de magia Européia, tinha cunho profundamente racista
como vocês verão a seguir:

A seguir afirmações de alguns autores acadêmicos precursores da


umbanda:

“A umbanda surgiu no Brasil justamente para socorrer as vítimas dos


males, frutos do grau evolutivo em que se encontrava a terra, para
desfazer o mal, provocado pela disseminação das práticas da magia
negra, uma herança africana.”

Lourenço Braga ( Congresso espírita


de 1941)

Segundo o autor, a melhor forma de neutralizar o mal é acabar com a


herança africana e suas práticas de magia africana.
Ainda segundo o autor em suas obras, na África, as pessoas viviam
peladas copulando uns com os outros como se não houvesse amanhã e
jogando feitiços uns nos outros.

Além disso, um documento escrito em 1944 direcionado ao Coronel


Nelson de Melo chefe do departamento federal de segurança pública
pela federação espírita de umbanda criada por Zélio.

Objetivando apresentar o projeto da criação de um órgão unificador da


umbanda, chamada União Espiritualista Umbanda de Jesus.

Conteúdo:
“ A Umbanda plêiade de seres superiores fraternos, tem por missão a
defesa dos seres terrenos contra ação maléfica invisível.

A kimbanda é realmente a prática da magia negra dos catimbozeiros


profissionais, consoante afirma os signatários do memorial do
documento que foi enviado.

Contrapondo-se a ela a Umbanda cuja plêiade benéfica


respeitabilíssima, digna de aplausos e de ser prestigiado pelas
autoridades está reunido na denominada linha Branca de Umbanda.

Assim como um médico prescreve um anti-tóxico curador do


organismo intoxicado, a linha branca pratica atos de neutralização das
forças maléficas da linha negra…

…A Umbanda exerce no mundo invisível uma atividade comparável da


polícia e da justiça….
Credenciado frente o estado elegendo o estado interlocutor privilegiado
para viabilizar os interesses, os intelectuais da umbanda não tiveram
problemas em chegar ao estado novo (ditadura de Vargas). Em um
momento em que o estado brasileiro perseguia um duplo objetivo,
firma-se como lugar por excelência da resolução dos conflitos sociais e
impede que as pessoas se mobilizem para resolvê-lo.

Intelectuais de umbanda procuraram encaminhar suas demandas para


o que era considerado o cérebro da nação. Pactuaram assim com obra
de desmobilização que de modo mais visível com a lei de segurança na
nação os conflitos e jogos de interesses individuais e grupais eram
apregoados como existentes fora da Umbanda, nos procedimentos
mesquinhos da magia negra.”

A Federação Espírita de Umbanda estava imputando os conflitos da


ditadura a macumba, candomblé, catimbó e qualquer religião ou culto
que tivesse conteúdo africano ancestral na época.

Em frente a tanto racismo, preconceito e na tentativa exacerbada de


apagar a cultura dos nossos ancestrais, nascia a umbanda omoloko, na
tentativa de manter viva essa tradição de forma simples.
Existem duas principais teorias para o nome Omoloko:

A primeira é que é a junção das palavras Omo (Filho) e Loko (vodum


semelhante ao Iroko, que representa a Arvore ancestral)

Podendo significar filhos da floresta ou filhos da ancestralidade.

A segunda é Ọmọ (filho) e Oko (fazenda). que é filhos da roça ou filhos


do campo, devido ao culto ser afastado da sociedade por causa da
ampla perseguição na época.

Qual está certa?


No meu ponto de vista, as duas.

E são três grandes figuras responsáveis por difundir o omoloko, a


primeira seria Maria Batayo aquela que trouxe o culto e quem cultivou
por muitos anos.

O Segundo é aquele seria o principal responsável pela difusão da


omoloko no Brasil que é Tancredo da Silva Pinto.

A Terceira é a principal Yalorixá que introduziu o culto Nagô na omoloko


que é a mãe Léa de Iansã (de bali), quem introduziu as feituras de santo
e culto aos orixás.

A mais conhecida figura foi Tancredo da Silva Pinta que foi iniciado no
candomblé em 1918 no Ilê Axé apó afonjá com Mãe senhora no Rio de
Janeiro e no mesmo ano também foi iniciado na quimbanda pelo Tata
Carlos Guerra, onde passou a ser chamado de Tata Tancredo, além disso
foi iniciado no Catimbó, da Jurema, e no candomblé de angola.

Em 1950 ele criou a Confederação Umbandista do Brasil, com objetivo


de reestruturar a cultura ancestral que estava começando a se perder.
Foi o Tata Tancredo que retornou com esse amalgamento e trouxe
elementos da quimbanda, catimbó, umbanda, Culto Nagô, cultos
ameríndios.
Tudo que se agrega-se e fosse usado como ferramenta para trazer a
cura e melhorar a vida das pessoas, horando os ancestrais e a tradição
afro-brasileira.

A Omoloko é essencialmente sincrética e mesmo com o movimento de


resgate da essência negra o próprio tata Tancredo declarava que
oxaguiã era Jesus Cristo.

E em muitos terreiros de omoloko até hoje os santos católicos coexiste


com os orishas negros.

A essência da omoloko é aberta a novos cultos e práticas, desde que


elas possuam um fundamento ancestral e esteja de acordo com os
valores da umbanda.
Fonte:
https://www.scielo.br/j/topoi/a/VS9R5H5sWnqLRSWNZ4MQDvM/?format
=pdf
https://repositorio.pucsp.br/handle/handle/24708
https://institutoscientia.com/wp-content/uploads/2022/09/capitulo-hum
anas_3-50.pdf
https://www.tst.jus.br/memoriaviva/-/asset_publisher/LGQDwoJD0LV2/co
ntent/ev-jt-80-02
https://www.youtube.com/watch?v=lZlhn4LoDPQ
https://www.youtube.com/watch?v=VD2LwR0_F10
https://www.youtube.com/watch?v=HknJxq-Z0KU
https://www.youtube.com/watch?v=13Pzv2pQj0w

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