História Da Assembleia de Deus No Brasil

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Aluno:

Robson Ferreira Pinto Souza

Tema:

HISTÓRIA DA ASSEMBLEIA DE
DEUS NO BRASIL

Professor:

Pr. Albérico Camelo de Mendonça

Brasília-DF
Maio/2024
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................. 02
1. O INICIO DE TUDO ............................................................................................................................... 03
2. A TRAJETÓRIA DO AVIVAMENTO PENTECOSTAL PARA O BRASIL ....................................................... 06
3. A VIDA DE ADOLPH GUNNAR VINGREN O PIONEIRO ASSEMBLEIANO NO BRASIL ............................. 06
4. A VIDA DE DANIEL BERG O PIONEIRO ASSEMBLEIANO NO BRASIL ..................................................... 09
5. CUMPRINDO O IDE NO BRASIL ............................................................................................................ 10
6. OS DESAFIOS NO BRASIL ........................................................................................................... 12
7. O CONFLITO DOUTRINARIO COM A PRIMEIRA IGREJA BATISTA DE BELÉM.........................................12
8. O NASCIMENTO DA IGREJA ASSEMBLEIA DE DEUS NO BRASIL ...................................................... 15
9. AS PERSEGUIÇÕES................................................................................................................................16
10. FORMA ORGANIZACIONAL DENOMINACIONAL ........................................................................... 16
11. CONVENÇÃO GERAL DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS NO BRASIL ....................................................... 16
12. CONVENÇÃO NACIONAL DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS NO BRASIL – MINISTÉRIO DE MADUREIRA .... 17
13. DOUTRINA ............................................................................................................................... 17
14. CONCLUSÃO............................................................................................................................. 18
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................. 19
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INTRODUÇÃO

Nesse estudo vamos mergulhar na origem basilar do nascimento da igreja Assembleia


de Deus no Brasil, conhecer um pouco mais a vida dos seus dois fundadores Gunnar Vingren e
Daniel Berg, suas origens, o chamado missionário. A influência do avivamento da rua Azusa na
vida desses homens que eram de igrejas batistas, mas foram alcançados pelo batismo com
Espírito Santo o que trouxe uma grande mudança na vida dos dois irmãos. Sem sombras de
dúvida a Igreja Assembleia de Deus no Brasil nasce debaixo de uma obediência de Gunnar
Vingren e Daniel Berg ao que Deus os ordenou a fazer.

Após uma ampla troca de informações, experiências e idéias, Daniel Berg e Gunnar
Vingren descobriram que Deus os estava guiando numa mesma direção, isto é: o Senhor
desejava enviá-los com a mensagem do Evangelho a terras distantes, mas nenhum dos dois sabia
exatamente para onde seriam enviados.

No dia 19 de novembro de 1910, em um dia de sol causticante, os dois missionários


desembarcaram em Belém. Quando Daniel Berg e Gunnar Vingren chegaram a Belém, ninguém
poderia imaginar que aqueles dois jovens suecos estavam para iniciar um movimento que
alteraria profundamente o perfil religioso e até social do Brasil.
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1. O INICIO DE TUDO

Antes de falar de forma direta sobre o surgimento das Assembleias de Deus no Brasil,
seu desenvolvimento e situação atual precisamos mergulhar no contexto historio do surgimento
do avivamento pentecostal que foi a base para o nascimento das Assembleias de Deus de forma
geral.
O início do avivamento começou com o ministério do Charles Fox Parham. Em 1898
Parham abriu um ministério, incluindo uma escola Bíblica, na cidade de Topeka, Kansas. Depois
de estudar o livro de Atos, os alunos da escola começaram buscar o batismo no Espírito Santo,
e, no dia 1° de janeiro de 1901, uma aluna, Agnes Ozman, recebeu o batismo, com a
manifestação do dom de falar em línguas estranhas. Nos dias seguintes, outros alunos, e o
próprio Parham, também receberam a experiência e falaram em línguas.
Nesta época, as igrejas Holiness (“Santidade”), descendentes da Igreja Metodista,
ensinaram que o batismo no Espírito Santo, a chamada “segunda benção”, significava uma
santificação, e não uma experiência de capacitação de poder sobrenatural. Os dons do Espírito
Santo, tais como falar em línguas estranhas, não fizeram parte da sua teologia do batismo no
Espírito. A mensagem do Parham, porém, foi que o batismo no Espírito Santo deve ser
acompanhado com o sinal miraculoso de falar em línguas.

Parham, com seu pequeno grupo de alunos e obreiros, começou pregar sobre o batismo
no Espírito Santo, e também iniciou um jornal chamado “The Apostolic Faith” (A Fé Apostólica).
Em janeiro de 1906 ele abriu uma outra escola Bíblica na cidade de Houstan, Texas.
Um dos alunos esta escola foi o William Seymour. Nascido em 1870, filho de ex-escravos,
Seymour estava pastoreando uma pequena igreja Holiness na cidade, e já estava orando cinco
horas por dia para poder receber a plentitude do Espírito Santo na sua vida.

Seymour enfrentou as leis de segregação racial da época para poder freqüentar a escola.
Ele não foi autorizado ficar na sala de aula com os alunos brancos, sendo obrigado a assistir as
aulas do corredor. Seymour também não pude orar nem receber oração com os outros alunos,
e consequentemente, não recebeu o batismo no Espírito Santo na escola, mesmo concordando
com a mensagem.
Uma pequena congregação Holiness da cidade de Los Angeles ouviu sobre Seymour e o
chamou para ministrar na sua igreja. Mas quando ele chegou e pregou sobre o batismo no
Espírito Santo e o dom de línguas, Seymour logo foi excluído daquela congregação.

Sozinho na cidade de Los Angeles, sem sustento financeiro nem a passagem para poder
voltar para Houston, Seymour foi hospedado por Edward Lee, um membro daquela igreja, e
mais tarde, por Richard Asbery. Seymour ficou em oração, aumentando seu tempo diário de
oração para sete horas por dia, pedindo que Deus o desse “aquilo que Parham pregou, o
verdadeiro Espírito Santo e fogo, com línguas e o amor e o poder de Deus, como os apóstolos
tiveram.”
Uma reunião de oração começou na casa da família Asbery, na Rua Bonnie Brae, número
214. O grupo levantou uma oferta para poder trazer Lucy Farrow, amiga de Seymour que já tinha
recebido o batismo no Espírito Santo, da cidade de Houston. Quando ela chegou, Farrow orou
para Edward Lee, que caiu no chão e começou falar em línguas estranhas.

Naquela mesma noite, 9 de abril de 1906, o poder do Espírito Santo caiu na reunião de
oração na Rua Bonnie Brae, e a maioria das pessoas presentes começaram falar em línguas.
Jennie Moore, que mais tarde se casou com William Seymour, começou cantar e tocar o piano,
apesar de nunca ter aprendido a tocar.
4

A partir dessa noite, a casa na Rua Bonnie ficou lotado com pessoas buscando o batismo
no Espírito Santo. Dentro de poucos dias, o próprio Seymour também recebeu o batismo e o
dom de línguas.

Uma testemunha das reuniões na Rua Bonnie Brae disse:

Eles gritaram durante três dias e três noites. Era Páscoa. As pessoas
vieram de todos os lugares. No dia seguinte foi impossível chegar perto
da casa. Quando as pessoas entraram, elas caiaram debaixo do poder
de Deus; e a cidade inteira foi tocada. Eles gritaram lá até as fundações
da casa cederam, mas ninguém foi ferido. Durante esses três dias havia
muitas pessoas que receberam o batismo. Os doentes foram curados e
os pecadores foram salvos assim que eles entraram (MILLER, 2005, p.
07).

Sabendo que a casa na Rua Bonnie Brae estava ficando pequena demais para as
multidões, Seymour e os outros procuravam um lugar para se reunir. Eles acharam um prédio,
na Rua Azusa, número 312, que tinha sido uma igreja Metodista Episcopal, mas, depois de ser
danificado num incêndio, foi utilizado como estábulo e depósito. Depois de tirar os escombros,
e construir um púlpito de duas caixas de madeira e bancos de tábuas, o primeiro culto foi
realizado na Rua Azusa no dia 14 de abril de 1906.
Muitos cristãos na cidade de Los Angeles e cidades vizinhas já estavam esperando por
um avivamento. Frank Bartleman e outros estiveram pregando e intercedendo por um
avivamento como aquilo que Deus estava derramando sobre o país de Gales.

Num folheto escrito em novembro de 1905, Barteman escreveu:

A correnteza do avivamento está passando pela nossa porta… O espírito


de avivamento está chegando, dirigido pelo sopro de Deus, o Espírito
Santo. As nuvens estão se juntando rapidamente, carregadas com uma
poderosa chuva, cuja precipitação demorará apenas um pouco mais.

Heróis se levantarão da poeira da obscuridade e das circunstâncias desprezadas, cujos


nomes serão escritos nas páginas eternas da fama Celestial. O Espírito está pairando novamente
sobre a nossa terra, como no amanhecer da criação, e o decreto de Deus saía: “Haja luz”.

O pastor da Primeira Igreja Batista, Joseph Smale, visitou o avivamento em Gales, e


reuniões de avivamento continuavam para alguns meses na sua igreja, até que ele foi demitido
pela liderança. Bartleman escreveu e recebeu cartas de Evan Roberts, o líder do avivamento de
Gales. Mas o avivamento começou com o pequeno grupo de oração dirigido por Seymour.
Depois de visitar a reunião na Rua Bonnie Brae, Bartleman escreveu:

Havia um espírito geral de humildade manifesto na reunião. Eles estavam apaixonados


por Deus. Evidentemente o Senhor tinha achado a pequena companhia, ao lado de fora como
sempre, através de quem Ele poderia operar. Não havia uma missão no país onde isso poderia
ser feito. Todas estavam nas mãos de homens. O Espírito não pôde operar. Outros mais
pretensiosos tinham falhados. Aquilo que é estimado por homem foi passado mais uma vez e o
Espírito nasceu novamente num “estábulo” humilde, por fora dos estabelecimentos
eclesiásticos como sempre.
Interesse nas reuniões na Rua Azusa aumentou depois do terrível terremoto do dia 18
de abril, que destruiu a cidade vizinha de San Francisco. Duras críticas das reuniões nos jornais
da cidade também ajudavam a espalhar a notícia do avivamento.
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Como no avivamento de Gales, as reuniões não foram dirigidas de acordo com uma
programação, mas foram compostos de orações, testemunhos e cânticos espontâneos. No
jornal da missão, também chamado “The Apostolic Faith”, temos a seguinte descrição dos
cultos:

“As reuniões foram transferidas para a Rua Azusa, e desde então as multidões estão
vindo. As reuniões começam por volta das 10 horas da manhã, e mal conseguem terminar antes
das 20 ou 22 horas, e às vezes vão até às 2 ou 3 horas da madrugada, porque muitos estão
buscando e outros estão caídos no poder de Deus. As pessoas estão buscando no altar três vezes
por dia, e fileiras e mais fileiras de cadeiras precisam ser esvaziadas e ocupadas com os que estão
buscando. Não podemos dizer quantas pessoas têm sido salvas, e santificadas, e batizadas com
o Espírito Santo, e curadas de todos os tipos de enfermidade. Muitos estão falando em novas
línguas e alguns estão indo para campos missionários com o dom de línguas. Estamos buscando
mais do poder de Deus.”4

Frank Bartleman também escreveu sobre os cultos na Rua Azusa:

O irmão Seymour normalmente se sentou atrás de duas caixas de


sapato vazias, uma em cima da outra. Ele acostumava manter sua
cabeça dentro da caixa de cima durante a reunião, em oração. Não havia
nenhum orgulho lá. Os cultos continuavam quase sem parar. Almas
sedentas poderiam ser encontradas debaixo do poder quase qualquer
hora, da noite ou do dia. O lugar nunca estava fechado nem vazio. As
pessoas vieram para conhecer Deus. Ele sempre estava lá.
Conseqüentemente, foi uma reunião contínua. A reunião não dependeu
do líder humano. Naquele velho prédio, com suas vigas baixas e chão
de barro, Deus despedaçou homens e mulheres fortes, e os juntou
novamente, para a Sua glória. Era um processo tremendo de revisão. O
orgulho e a auto-asserção, o ego e a auto-estima, não podiam
sobreviver lá. O ego religioso pregou seu próprio sermão funerário
rapidamente (BARTLEMAN, 1925. P. 48).

Nenhum assunto ou sermão foi anunciado de antemão, e não houve


nenhum pregador especial por tal hora. Ninguém soube o que poderia
acontecer, o que Deus faria. Tudo foi espontâneo, ordenado pelo
Espírito. Nós quisemos ouvir de Deus, através de qualquer um que Ele
poderia usar para falar. Nós tivemos nenhum “respeito das pessoas.” O
rico e educado foi igual ao pobre e ignorante, e encontrou uma morte
muito mais difícil para morrer. Nós reconhecemos somente a Deus.
Todos foram iguais. Nenhuma carne poderia se gloriar na presença dele.
Ele não pôde usar o opiniático. Essas foram reuniões do Espírito Santo,
conduzidas por Deus. Teve que começar num ambiente pobre, para
manter o elemento egoísta, humano, ao lado de fora. Todos entraram
juntos em humildade, aos pés dele (BARTLEMAN, 1925. P. 49).

Notícias sobre as reuniões na Rua Azusa começaram a se espalhar, e multidões vierem


para poder experimentar aquilo que estava acontecendo. Além daqueles que vierem dos
Estados Unidos e da Canadá, missionários em outros países ouvirem sobre o avivamento e
visitavam a humilde missão. A mensagem, e a experiência, “Pentecostal” foi levada para as
nações. Novas missões e igrejas Pentecostais foram estabelecidas, e algumas denominações
Holiness se tornaram igrejas Pentecostais. Em apenas dois anos, o movimento foi estabelecido
em 50 nações e em todas as cidades nos Estados Unidos com mais de três mil habitantes.5
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Em setembro de 1906 a Missão da Rua Azusa lançou o jornal “The Apostolic Faith”, que
foi muito usado para espalhar a mensagem Pentecostal, e continuou até maio de 1908, quando
a mala direta do jornal foi indevidamente transferida para a cidade de Portland, assim
efetivamente isolando a missão de seus mantenedores.

O avivamento da Rua Azusa durou apenas três anos, mas foi instrumental na criação do
movimento Pentecostal, que é o maior segmento da igreja evangélica hoje. William H. Durham
recebeu seu batismo no Espírito Santo em Azusa, formando missionários na sua igreja em
Chicago, como E. N. Bell (fundador da Assembleia de Deus dos EUA), Daniel Burg e Adolph
Gunnar Vingren (fundador da Assembleia de Deus no Brasil) e Luigi Francescon (fundador da
Congregação Cristã no Brasil).

2. A TRAJETÓRIA DO AVIVAMENTO PENTECOSTAL PARA O BRASIL

A trajetória da Assembleia de Deus ainda tem como pano de fundo o avivamento na


rua Azusa que se espalhou pelos Estados Unidos e um dos grandes responsáveis por esse
crescimento foi o pastor batista William Howard Durham presidente da igreja Missão do
Evangelho Pleno na Avenida Norte em Chicago.

Antes de aderir ao movimento da Rua Azusa Durham ensinava que o batismo no Espírito
Santo poderia ser reivindicado pela fé, sem nenhuma evidência necessária. Porém, alguns
membros de sua igreja falavam em línguas em outra missão de Chicago.
Durham fez acurado estudo bíblico sobre o assunto e resolveu ir a Los Angeles. Na época
em que as igrejas eram divididas por etnias, Durham foi um dos primeiros brancos a visitar a
Apostolic Faith Gospel Mission na Rua Azuza, igreja de grande maioria negra, onde William J.
Seymour era pastor. Ali Durham passou várias semanas e recebeu o batismo no Espírito Santo.

Após o seu retorno à Chicago, a Missão da Avenida Norte tornou-se uma igreja
pentecostal de grande importância, pois dali a mensagem pentecostal se espalharia pelo centro-
oeste estadunidense e entre as minorias étnicas. Durham passou a publicar o periódico “The
Pentecostal Testimony” e fez diversas viagens para difundir a mensagem pentecostal.
A igreja do pr. Durham teve como um dos seus frequentadores o pastor e missionário
Adolph Gunnar Vingren um dos responsáveis pela criação das Assembleias de Deus no Brasil.
Mas quem foi Adolph Gunnar Vingren? E qual sua influencia na história das igrejas
Assembleias no Brasil? Vamos conhecer mais um pouco sobre a história de vida desse grande
homem de Deus.

3. A VIDA DE ADOLPH GUNNAR VINGREN O PIONEIRO ASSEMBLEIANO NO BRASIL

Adolph Gunnar Vingren teve como berço a cidade de Östra Husby, Östergotland, Suécia,
situada às margens do lindo lago de Väsnern. Nasceu no dia 08 de agosto de 1879 num lar
evangélico, onde recebeu sólida educação cristã. Seu pai era jardineiro. Por serem crentes
batistas, seus pais procuraram, desde a sua infância, ensinar-lhe a Bíblia. Quando Vingren ainda
era bem pequeno, ia à Escola Dominical, da qual seu pai era dirigente.
Aos nove anos de idade, procurando manter uma vida de consagração, recebeu de Deus
uma chamada toda especial. Sentia-se atraído por Deus de uma forma especial e costumava orar
muito. Às vezes, reunia outras crianças com ele e orava com elas. Aos 11 anos de idade, concluiu
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o curso primário e começou a ajudar seu pai no ofício de jardineiro. Continuou nessa atividade
até os 19 anos. Quando criança, Vingren costumava reunir outras crianças e orava com elas.
Porém, com 12 anos de idade, desviou-se do evangelho. Segundo narrou em seu diário, “caiu
profundamente no pecado até os 17 anos, quando o Senhor outra vez lhe chamou”. Isso
aconteceu em 1896. Ele resolveu ir ao culto de vigília de ano-novo e se entregar novamente ao
Senhor. Foi com seu pai para esse culto, e fez o que havia resolvido.

Neste tempo, ele havia enviado uma petição para entrar na Escola de Guerra como
voluntário, mas Deus dirigiu-lhe para que não seguisse por esse caminho. Além disso, ele tinha
medo de que seguindo a carreira militar, não pudesse permanecer como crente.
Aos 18 anos, foi batizado nas águas. Isto aconteceu numa igreja batista em Wråka,
Småland, Suécia, em março ou abril de 1897. Neste mesmo ano, substituiu seu pai na direção
da Escola Dominical de sua igreja. “Isto aumentou muito a minha necessidade de Deus e de Sua
graça”.

Ainda neste ano, em 14 de julho, Vingren leu numa revista um artigo sobre as grandes
necessidades e sofrimentos de tribos nativas no Exterior, o que lhe fez derramar muitas
lágrimas. Subiu para o seu quarto e ali prometeu a Deus pertencer-lhe e pôr-se à Sua disposição.
Orou também insistentemente para que Deus lhe ajudasse a cumprir esta promessa.
Em outubro, sua igreja realizou uma festa para levantar dinheiro, a fim de ajudar um
membro que ia sair para o campo missionário como evangelista. Tudo o que tinha, nessa
oportunidade, eram seis coroas, e ele as entregou como oferta. Quando voltou para casa, depois
da festa, sentiu uma alegria imensa e ouviu uma voz que lhe dizia: “Tu também irás ao campo
de evangelização, da mesma forma que o Emílio”.

Ficou mais de um ano no seu trabalho, mas sempre participando dos cultos, testificando
e tratando de conquistar novos crentes. No final de outubro de 1898, deixou a direção da Escola
Dominical e foi participar de uma Escola Bíblica em Götabro, Närke. Os dirigentes daquela escola
eram os pastores Emílio Gustavsson e C. J. A. Kihlstedt. Aquela escola bíblica durou somente um
mês, porém, foi-lhe de grande proveito espiritual. Eram 55 participantes, homens e mulheres. A
escola fazia parte de uma Federação Evangélica que tinha como objetivo ganhar almas para
Cristo. Cerca de 15 alunos foram enviados como evangelistas. Sua paixão pelas almas foi
estimulada. Daí passou a evangelizar a Suécia, sua terra natal.
Na primavera seguinte, voltou à casa de seus pais e, por um tempo, trabalhou no jardim
do palácio real de Drottningholm. Após um novo período de trabalho evangelístico, foi
convocado para o serviço militar, e, em atenção a isso, apresentou-se em Söderköping. Ao
concluir o serviço militar, voltou para a casa de seus pais. Trabalhou, então, como jardineiro em
diversos lugares, perto de Estocolmo. Continuou pregando em cultos em diversos lugares, e
ajudando seu pai na jardinagem.

Por volta de junho de 1903, foi atingido pela “febre dos Estados Unidos”. O grande país
do Norte atraía-lhe tremendamente. No fim de outubro, viajou para a cidade de Gotemburgo, e
no dia 30 do mesmo mês, aos 24 anos de idade, embarcou no vapor M/S ROMEO, que o levou
à cidade de Hull, na Inglaterra, onde tomou o trem para Liverpool. Desta cidade, prosseguiu na
viagem em outro vapor, atravessando o oceano Atlântico com destino a Boston, Massachusets,
EUA. Depois, seguiu de trem até Kansas City, aonde chegou em 19 de novembro de 1903, depois
de 19 dias de viagem. Apesar de não falar inglês, conseguiu localizar a casa de seu tio, Carl
Vingren. Uma semana após sua chegada, começou a trabalhar à noite como foguista, em
Greenhouse, até o início do verão, quando então passou a trabalhar de dia. Depois, conseguiu
trabalho como porteiro em uma grande casa comercial. Quando chegou o inverno, começou a
trabalhar outra vez como jardineiro. Nos últimos dias de fevereiro de 1904, viajou para St. Louis,
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onde conseguiu emprego no Jardim Botânico. Aos domingos, ele assistia aos cultos numa igreja
sueca que encontrou naquele lugar.
No fim de setembro de 1904, foi para Chicago, a fim de iniciar um curso de quatro anos
no Seminário Teológico Batista Sueco. Durante o tempo em que morou em Kansas City,
pertenceu à igreja batista sueca dali. A igreja, então, recomendou-lhe que ingressasse em sua
universidade. Durante os estudos, pregou muitas vezes em diferentes igrejas e lugares. No
primeiro estágio, de junho a dezembro, pregou na Primeira Igreja Batista em Chicago (Michigan).
No segundo, foi a Sycamore, Illinois. E nos últimos estágios, atuou como pastor em Mountain
(Michigan).

Concluiu os seus estudos e foi diplomado em maio de 1909. Nesse tempo, ele havia
entregado uma solicitação para ser enviado como missionário. Depois dos estudos, assumiu o
pastorado da Primeira Igreja Batista em Menominee (Michigan), de junho de 1909 a fevereiro
de 1910.
Nessa época, visitou a Convenção Geral dos Batistas americanos, e então foi resolvido
que ele seria enviado como missionário a Assam, na Índia, juntamente com sua noiva. Até aquele
tempo, ele estava convencido de que isto era a vontade de Deus para a sua vida – que ele fosse
enviado como missionário pela “The Northern Baptist Convention”. Porém, durante a
Convenção, Deus lhe fez sentir que essa não era a sua vontade.

Uma semana após voltar para a sua igreja, teve uma luta interior tremenda, e finalmente
resolveu que não mais seguiria por aquele caminho. Escreveu para a Convenção, comunicando
o que havia decidido. Por este motivo, sua noiva rompeu com ele, e quando recebeu a sua carta,
respondeu: “Seja feita a vontade do Senhor”.
Durante aquela semana de visita à Convenção Batista, Vingren não havia sentido quase
nada do poder de Deus sobre ele, mas na semana seguinte, depois que tomou aquela decisão,
voltou a sentir o poder e a paz de Deus. Mais tarde, uma crente que possuía o dom de
interpretação de línguas foi usada pelo Senhor, e, por meio dela, Ele disse a Vingren que ele
seria enviado ao campo missionário, mas somente depois de haver sido revestido de poder.

No verão de 1909, Deus lhe encheu de uma grande sede de receber o batismo com o
Espírito Santo e com fogo. Em novembro do mesmo ano, pediu licença à sua igreja para visitar
uma conferência batista que seria realizada na Primeira Igreja Batista em Chicago. Foi à
Conferência com o firme propósito de buscar o batismo com o Espírito Santo. Depois de cinco
dias de busca, recebeu o batismo. Exultante, retornou à sua Igreja Batista em Menominee,
Michigan, compartilhando com os irmãos a bênção recebida. Doravante, começou a pregar
sobre o revestimento de poder. Não conseguia ficar calado. Como era de se prever, nem todos
aceitaram a nova doutrina. O resultado foi que ele teve de deixar a igreja, pois a mesma estava
dividida, metade dela creu nesta doutrina e a outra metade endureceu-se. Os que não creram,
obrigaram-no a deixar o pastorado.
Vingren, então, voltou à Chicago e frequentou várias igrejas pentecostais, incluindo a
Missão da Avenida Norte, de William H. Durham, e a Svenska Pingst Forsamlingen (Igreja
Pentecostal Sueca), a primeira igreja escandinava pentecostal de Chicago.

No verão de 1910, Vingren assumiu o pastorado da Igreja Batista Sueca de South Bend,
Indiana. Ali, todos receberam o ensino pentecostal e creram nele. Na primeira semana, dez
pessoas foram batizadas com o Espírito Santo. No total, quase vinte pessoas foram batizadas
com o Espírito Santo naquele verão. Assim, a igreja em South Bend tornou-se uma igreja
pentecostal. Deixou South Bend no dia 12 de outubro de 1910.
Em uma das reuniões de oração em South Bend, um membro da igreja, Adolfo Ulldin,
foi usado em profecia dizendo que Gunnar Vingren iria para o Pará. Foi lhe revelado também
que o povo ao qual ele evangelizaria era de um nível social muito simples. Ele deveria ensinar-
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lhes os primeiros rudimentos da doutrina do Senhor. Naquela ocasião, o Espírito Santo revelou-
lhe a língua daquele povo, o idioma português. Ele também lhe disse que comeria uma comida
muito simples, mas Deus lhe daria tudo o que fosse necessário. O Espírito Santo disse-lhe ainda
que ele iria se casar com uma moça chamada Strandberg. Tempos depois, Vingren casou-se com
a missionária sueca Frida Strandberg.
O que faltava era saber onde se localizava o Pará. Ali, ninguém o conhecia. No dia
seguinte, Vingren disse ao irmão Adolfo Ulldin: “Vamos a uma biblioteca aqui na cidade para
saber se existe algum lugar na terra chamado Pará”. Sua pesquisa fez-lhe saber que no Norte do
Brasil havia um lugar com esse nome. Confirmou-se, então, mais uma vez, que Deus lhe tinha
falado. Aceitou sua chamada com inteira convicção de sua origem divina.

Em novembro de 1909, Vingren conheceu Daniel Berg, em Chicago, quando estava


buscando o batismo com o Espírito Santo. No ano seguinte, enquanto Berg estava trabalhando
numa quitanda, em Chicago, o Espírito Santo mandou que ele se mudasse para South Bend,
Indiana, onde Vingren era pastor da igreja. Berg deixou o seu trabalho, foi para South Bend, e
disse a Vingren: “Irmão Vingren, Jesus ordenou-me que eu viesse me encontrar com o irmão,
para juntos, louvarmos o Seu nome”. Vingren respondeu-lhe: “Está bem!”.
E qual a influencia de Daniel Berg no surgimento assembleano no Brasil? Como ele se
encaixa no contexto da história? Para isso precisaremos também conhecer mais um pouco sobre
sua história.

4. A VIDA DE DANIEL BERG O PIONEIRO ASSEMBLEIANO NO BRASIL

Missionário, evangelista, pastor e fundador das Assembleias de Deus no Brasil. Nasceu


em 19 de abril de 1884, na pequena cidade de Vargön, na Suécia, às margens do lago de Vernern.
Quando recém-nascido, o padre da cidade visitou inúmeras vezes a casa de seus pais para
convencê-los a batizá-lo, mas nada conseguiu. Por isso, desde criança, Daniel era mal visto pelo
padre, que, desprestigiado, passou a dizer que a criança que não fosse batizada por ele jamais
sairia de Vargön. “Já naquele tempo pude observar a desvantagem e o perigo de o povo ter uma
fé dirigida, sem liberdade. A religião que dominava minha cidadezinha e arredores
impossibilitava as almas de terem um encontro com o Salvador”, conta o pioneiro em suas
memórias.
Quando o evangelho começou a entrar nos lares de Vargön, seus pais, Gustav Verner
Högberg e Fredrika Högberg, o receberam e ingressaram na Igreja Batista. Logo procuraram
educar o filho segundo os princípios cristãos. Em 1899, quando contava 15 anos de idade, Daniel
converteu-se e foi batizado nas águas na Igreja Batista de Ranum.

Em 1902, aos 18 anos, pouco antes do início da primavera nórdica, deixou seu país.
Embarcou a 5 de março de 1902, no porto báltico de Gothemburgo, no navio M.S. Romeu, com
destino aos Estados Unidos. “Como tantos outros haviam feito antes de mim”, frisava. O motivo
foi a grande depressão financeira que dominara a Suécia naquele ano.
Em 25 de março de 1902, Daniel desembarcou em Boston. No Novo Mundo, sonhava,
como tantos outros de sua época, em realizar-se profissionalmente. Mas Deus tinha um plano
diferente e especial para sua vida.

De Boston, viajou para Providence, Rhode Island, para se encontrar com amigos suecos,
que lhe conseguiram um emprego numa fazenda. Permaneceu nos Estados Unidos por sete
anos, onde se especializou como fundidor. Com saudades do lar, retornou à cidade natal, onde
o tempo parecia parado. Nada havia se modificado. Só Lewi Pethrus*, seu melhor amigo,
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companheiro de infância, não morava mais ali. “Vive em uma cidade próxima, onde prega o
evangelho”, explicou sua mãe.
Logo chegou a seu conhecimento que seu amigo recebera o batismo no Espírito Santo,
coisa nova para sua família. A mãe do amigo insistiu para que Daniel o visitasse. Aceitou o
convite. No caminho, estudou as passagens bíblicas onde se baseava a “nova doutrina”.
Chegando à igreja do amigo Lewi Pethrus (Igreja Batista de Lidköping), encontrou-o
pregando. Sentou e prestou atenção na mensagem. Após o culto, conversaram longamente
sobre a nova doutrina. Daniel demonstrou ser favorável. Em seguida, despediu de seus pais e
partiu, pois sua intenção não era permanecer na Suécia, mas retornar à América do Norte.

Em 1909, em meio à viagem de retorno aos Estados Unidos, Daniel orou com insistência
a Deus, pedindo o batismo no Espírito Santo. Como não estava preocupado como da primeira
vez, posto que já conhecia os EUA, canalizou toda a sua atenção à busca da bênção.
Ao aproximar-se das plagas norte-americanas, sua oração foi respondida. A partir de
então, sua vida mudou. Daniel passou a pregar mais a Palavra de Deus e a contar seu
testemunho a todos.
Ainda em 1909, por ocasião de uma conferência em Chicago, Daniel encontrou-se com
o pastor batista Gunnar Vingren, que também fora batizado no Espírito Santo. Os dois
conversaram horas sobre as convicções que tinham. Uma delas é que tanto um como o outro
acreditava que tinham uma chamada missionária. Quanto mais dialogavam, mais suas chamadas
eram fortalecidas.

Quando Vingren estava em South Bend, Daniel Berg estava trabalhando em uma
quitanda em Chicago quando o Espírito Santo mandou que se mudasse para South Bend. Berg
abandonou seu emprego e foi até lá, onde encontrou Vingren pastoreando a igreja Batista dali.
“Irmão Gunnar, Jesus ordenou-me que eu viesse me encontrar com o irmão para juntos
louvarmos o seu nome”, disse Berg. “Está bem!”, respondeu Vingren com singeleza. Passaram,
então, a encontrar-se diariamente para estudarem as Escrituras e orarem juntos, esperando
uma orientação de Deus

5. CUMPRINDO O IDE NO BRASIL

Daremos início ao projeto missionário ao Brasil nascido nos corações desses dois
grandes homens de Deus. Que resolveram lagar tudo por obediência ao chamado de Deus para
suas vidas uma decisão tomada debaixo de muita oração, obediência e temor.

Um dia, sentiram que era da vontade de Deus que fossem à casa de Adolfo Ulldin,
membro da Igreja Batista sueca em South Bend, que Vingren pastoreava, o homem que Deus
havia usado quando chamou Vingren para o Brasil. Chegaram à sua casa num sábado à tarde,
justamente quando ele estava chegando do trabalho. Quando entraram na cozinha, o poder de
Deus veio sobre Ulldin, e ele foi arrebatado em espírito, como das outras vezes. E durante aquela
poderosa reunião, Daniel recebeu a chamada para acompanhar Vingren ao Brasil.
Tudo isso aconteceu no verão de 1910. Deus, então, revelou-lhes, quando estavam
orando, em outra ocasião, que deveriam sair de Nova Iorque com destino ao Pará. E para
orientar-lhes ainda mais, revelou-lhes a data: 5 de novembro de 1910. Ainda não sabiam se havia
algum navio partindo para o Brasil naquele dia, mas depois tudo foi comprovado.

Quando começaram a viagem para o Brasil, Vingren e Berg não tinham dinheiro. Só
conseguiram alguma coisa depois de terem iniciado a viagem. Antes de iniciarem a longa viagem,
11

tinham sido recomendados e enviados à igreja pentecostal em Chicago, na qual Durham era
pastor. Durante aquela visita, o Senhor tocou no coração de Vingren para doar à revista daquele
pastor tudo o que possuía, que era 90 dólares. Durante toda aquela noite, Vingren lutou com
Deus sobre o assunto. Já amanhecia, quando finalmente prometeu a Deus que daria àquele
pastor esse dinheiro, o que fez assim que tornou a vê-lo.

Chegou, então, o dia da viagem para Nova Iorque. Vingren recebeu alguns dólares de
uma igreja de uma igreja onde ele havia trabalhado, mas aquela quantia não daria nem para
pagar a passagem inteira até Nova Iorque. Porém, Vingren e Berg sentiam-se tão tranquilos
quanto uma criança no colo de sua mãe. Alguns crentes acompanharam-nos até a estação.
Depois de orarem na sala de espera, embarcaram no trem. Toda a bagagem deles consistia
apenas de duas malas, e não foi difícil encontrar um lugar para elas. Assim viajaram.
Chegando a uma cidade onde iriam trocar de trem, foram visitar uma missão cujo
dirigente lhes havia convidado para a despedida. Era a igreja do pastor B. M. Johnson, de
Chicago. Por ordem do Senhor, Vingren já havia dado tudo o que possuía – 90 dólares. Mas
naquela igreja, recebeu quatro vezes mais do que havia ofertado. No culto, dirigido por Johnson,
não se levantou nenhuma oferta para eles. O pastor Johnson somente disse: “Os que querem
ajudar nossos irmãos na sua viagem, podem fazê-lo particularmente”. Terminado o culto, foram
cumprimentar os crentes e de despedir deles. Quando saíram da igreja e examinaram os seus
bolsos, encontraram mais do que o necessário para a viagem. E tudo em um só culto!
Consideraram isto como um grande milagre de Deus, pois Ele lhes havia pedido antes “a oferta
da viúva pobre” – todo o dinheiro que Vingren tinha guardado para usar na viagem para o Brasil.
Porém, agora Deus estava lhes recompensando.

Depois de agradecerem ao Senhor, continuaram a viagem, felizes, porque, daquela


maneira, Deus tinha suprido as suas necessidades. Depois de mais outra visita, eles finalmente
chegaram a Nova Iorque. Não fizeram muitas viagens dentro dos Estados Unidos, mas foram
diretamente para o Brasil. Tampouco sua viagem foi anunciada em alguma revista evangélica.
Saíram como se estivessem fazendo uma viagem qualquer.
Quando chegaram à Nova Iorque, informaram-lhes que não havia nenhum navio que
fosse sair em 5 de novembro com destino ao Brasil, e não conseguiram sequer lugar em outro
navio. Porém, após alguns momentos de espera, a companhia na qual haviam procurado
informação comunicou-lhes que realmente, no dia 5 de novembro, o navio “Clement” partiria
rumo ao Brasil.

Aquela embarcação havia se atrasado por causa de alguns reparos. Desta maneira,
cumpriu-se a Palavra do Senhor para eles. Partiram do porto de Nova Iorque justamente no dia
que Deus lhes havia revelado. Por haver greve no porto de Nova Iorque naquele dia, as suas
malas ficaram retidas lá, e só conseguiram levar com eles as maletas de mão.
Compraram passagens de terceira classe, pois queriam guardar alguns dólares para
quando desembarcassem no Pará. Porém, com o passar do tempo, ao longo da viagem, tornou-
se cada vez mais difícil comer a comida de bordo. Era simplesmente péssima. Todavia, eles
continuavam contentes. Enquanto os passageiros da primeira classe comiam sua comida
saborosa e de boa qualidade, eles ficavam ali, deitados na terceira classe, orando durante todo
o tempo. Certo dia, Daniel Berg profetizou que o Senhor estava com eles, e verdadeiramente
sentiram isso em seus corações.
Durante o período em que estavam no navio, oraram por um companheiro de viagem,
e um dos passageiros aceitou a Cristo como Salvador. Quatorze dias após haverem saído de
Nova Iorque, chegaram ao Pará.
12

6. OS DESAFIOS NO BRASIL

No dia 19 de novembro de 1910 eles aportaram em Belém “debaixo de um sol


escaldante... Estavam, enfim, pisando em solo brasileiro, cada um, então, pegou a sua própria
mala, olharam ao redor e decidiram acompanhar as pessoas que subiam em direção à cidade,
confiando que Deus ia guiá-los.”
Em seu primeiro dia na cidade, os missionários se hospedaram em uma simplória
pousada. No dia seguinte, encontraram na mesa um jornal escrito pelo pastor metodista Justus
Nelson, ao qual Vingren conhecera nos Estados Unidos e resolveram procura-lo. Este os levou
até o templo da Primeira Igreja Batista do Pará, cujo líder era o evangelista Raimundo Nobre,
que os recebeu e ofereceu o porão da igreja para que morassem.

O Pará é 2,7 vezes maior que a Suécia, que tinha, na época, mais de 5,5 milhões de
habitantes. Em vez das precisas quatro estações, com as quais estavam acostumados, Gunnar e
Daniel encontraram aqui um verão contínuo. Na Suécia, eles adoravam participar da festa que
celebrava a volta do verão, entre os dias 19 e 26 de junho, dançando a noite toda ao redor de
mastros com enfeites coloridos. Os dois jovens missionários chegaram ao Pará exatamente
quando começou o declínio da economia na Amazônia, devido à queda da produção de
borracha, provocada pelos mercados asiáticos.

Sem amigos ou conhecidos para recebe-los, sem endereço de destino na cidade,


seguindo somente pela fé de que Deus estava no controle de todas as coisas. Oliveira relata essa
chegada mais detalhadamente:

Tudo era estranhíssimo para os dois suecos. As pessoas


malvestidas, os leprosos a desfilar seus corpos mutilados,
apresentando pungente espetáculo pelas ruas. Mas o Senhor
de fato os enviara, e aqui estava para guarda-los do contágio e,
logo, das agressões, ofensas e ameaças (OLIVEIRA, 1997, p. 36).

No Pará, Daniel, com 26 anos de idade, logo se empregou como caldereiro e fundidor
na Companhia Port of Pará, recebendo salário mensal de 12 mil réis, passou a custear as aulas
de português ministradas a Vingren por um professor particular. No fim do dia, Vingren ensinava
o que aprendera a Daniel. Justamente por isso, Berg nunca aprendeu bem a língua portuguesa.
O dinheiro que sobrava era usado na compra de Bíblias nos Estados Unidos.

7. O CONFLITO DOUTRINARIO COM A PRIMEIRA IGREJA BATISTA DE BELÉM

Tão logo começou a se fazer entender na língua portuguesa, passou a evangelizar nas
cidades e vilas ao longo da Estrada de Ferro Belém-Bragança, enquanto Vingren cuidava do
trabalho recém-nascido na capital. Como o evangelho era praticamente desconhecido no
interior do Pará, Berg se tornou o pioneiro da evangelização na região. É que as igrejas
evangélicas existentes na época não tinham recursos suficientes para promover a evangelização
no interior.

A nova doutrina trouxe muita divergência. Enquanto um grupo aderiu, outro rejeitou.
Celina Martins de Albuquerque e Maria de Nazaré, membros da Igreja Batista de Belém, creram
na mensagem pentecostal e receberam o batismo no Espírito Santo.
13

Celina Martins de Albuquerque passou a buscar a promessa de Deus, vindo a receber no


dia 8 de junho de 1911. Gunnar Vingren descreveu em seu diário:

“Durante aquela semana tivemos cultos de oração cada noite


na casa de uma irmã, que tinha uma enfermidade incurável nos
lábios e nós sentíamos tristeza, porque ela não podia assistir
aos cultos na igreja. O primeiro que fiz foi perguntar se ela cria
que Jesus podia curá-la. Ela respondeu que sim. Dissemos então
para que ela deixasse desde aquele instante, todos remédios
que estava tomando. Oramos por ela, e o Senhor Jesus a curou
completamente. Nos cultos de oração, que se seguiram, ela
começou a pedir e orar pelo batismo com o Espírito Santo. Na
quinta-feira, depois do culto, ela continuou orando em sua
casa. O seu nome era Celina Albuquerque. Ela continuou, pois,
orando em sua casa juntamente com outra irmã. E à uma hora
da madrugada esta irmã Celina começou a falar em novas
línguas e continuou falando durante duas horas” (Vingren apud
Reily, 1984, pág. 384-385).

Todavia, com o tempo, a liderança da igreja Batista começou a questionar Gunnar e Berg
sobre a doutrina que pregavam. O recebimento da promessa pentecostal por parte de alguns
membros da igreja Batista foi o estopim. O líder Nobre disse aos missionários que suas
pregações estavam semeando duvidas e inquietações entre o povo e os acusou de separatistas
e disseminadores de doutrina estranha. Nobre afirmou que a promessa pentecostal foi deixada
por Jesus para a época dos Apóstolos, não sendo cabível nos dias atuais, para ele essa doutrina
não era compatível com a doutrina seguida pela Igreja Batista. Essa história é relatada de forma
detalhada por Oliveira:

[...] A Bíblia fala realmente do batismo com o Espírito Santo e


na cura de enfermidades por Jesus, porém foram para aquele
tempo. Seria absurdo, disse ele, que pessoas educadas, em
nossos dias, pensassem que tais coisas ainda pudessem
acontecer. Hoje, temos que ser realistas, disse ainda o pastor,
e não ocupar o tempo com sonhos e falsas profecias. Hoje,
temos a sabedoria para ser usada. Senão corrigirdes e
reconhecerdes que estais errados, é meu dever comunicar a
todas as igrejas batistas o que está acontecendo, para que se
previnam contra as falsas doutrinas. (OLIVEIRA, 1997, p. 46)

Simplificadamente, Nobre utilizou como argumento um dos entendimentos da Teologia


Reformada, quanto aos dons do Espirito pregados pelos Pentecostais. Conforme Augustus
Nicodemus (2016), teologicamente para a Igreja Reformada a pessoa recebe o batismo com o
Espirito Santo no momento que se converte a Jesus, sendo todo crente por definição
imediatamente batizado no Espirito Santo. Quanto ao dom de línguas, compreende que falar
em outras línguas não é uma evidência do batismo com o Espírito Santo, pois este está
relacionado apenas ao período apostólico do surgimento da igreja, sendo um sinal necessário
para identificar os novos crentes em Jesus daquela época, não tendo relevância para os dias
atuais, isso tem fundamento no livro de 1 Coríntios 14, capítulos 27 e 28 que diz: “E, se alguém
falar em língua desconhecida, faça-se isso por dois, ou quando muito três, e por sua vez, e haja
intérprete. Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo, e com
Deus” (ARC, 2004, p. 170). Já quanto ao dom de profecia, entende que hoje o profeta é o
pregador da palavra de Deus, não havendo mais profecias preditivas que anunciam o futuro,
14

como ocorria nos tempos bíblicos. Continuando, desse dia em diante criou-se na igreja Batista
uma espécie de partidarismo, dividindo-a em dois grupos, os que apoiavam a doutrina
pentecostal e os que não apoiavam. Nobre então convocou uma reunião com a igreja e
apresentou a questão. Ao final, pediu a todos os partidários da nova doutrina que ficassem em
pé, nesse momento propôs aos que permaneceram sentados que os demais deveriam ser
excluídos da igreja por incompatibilidade doutrinária e assim ficou estabelecido. Após essa
decisão, os excluídos oraram e de mãos erguidas saíram do templo dando Glória a Deus. Emílio
Conde detalha esse fato:

Raimundo Nobre, apoderou-se do púlpito e atacou os


partidários do Movimento Pentecostal. O grupo atacado
começou a murmurar; a irmã Celina, falou línguas estranhas,
enfim, estavam definidas as atitudes. Nesse momento o
dirigente ilegal, dessa sessão ilegal, propôs que ficassem de pé
todos aqueles que aceitavam a doutrina do Espírito Santo. A
maioria ficou de pé. Imediatamente Raimundo Nobre propôs à
minoria que excluísse a maioria, o que era ilegal também. Os
membros atingidos não se atemorizaram. O irmão Manoel
Rodrigues, levantou-se e, ousadamente, leu no livro de Atos
dos Apóstolos 2:39, onde claramente está escrito que a
Promessa é para nós também, para os nossos dias; o irmão
Plácido também se levantou e leu em II Coríntios 6:17-18. A
seguir, os "rebeldes" oraram, e, de mãos erguidas, dando glória
ao Senhor, abandonaram o local. (CONDE, 1960, p. 25)

Vejam um pedaço do relato em uma carta escrita por um líder da Primeira Igreja Batista
em Belém do Pará e publicada em O Jornal Batista de 20 de julho de 1911.

Fui nesse mesmo dia à tarde fazer a pregação na igreja do


Castanhal; e voltei no domingo de manhã para pregar aqui na
igreja; e tanto na pregação da manhã como na da noite fui
rebatido por um adepto da tal heresia. Esta doutrina diabólica
ia se alastrando rapidamente e vi que em poucos dias, se não
tomássemos posição de verdadeiros crentes batistas,
ficaríamos sem igreja batista na capital. Terça-feira 13 do
corrente, depois do culto de oração, convoquei a igreja em
sessão extraordinária, na qual foram cortados todos quantos se
manifestaram adeptos da heresia, sendo o número total dos
eliminados 17. Como estamos em tempos trabalhosos,
combinei com a igreja termos uma série de conferências e
orações que terminaram ontem, as quais, embora pouco
concorridas, deram bons resultados. Os crentes se acham
novamente prontos para o trabalho.

Sem outro assunto peço a todos os amados do Senhor as suas


orações por nós aqui.

Vosso irmão na fé,

Raymundo P. Nobre.

Belém, 19-6-1911. Caixa 361


15

8. O NASCIMENTO DA IGREJA ASSEMBLEIA DE DEUS NO BRASIL

Após esses acontecimentos, os irmãos ficaram sem um local onde pudessem se reunir.
Movidos pelo direcionamento do Espirito Santo, os irmãos Henrique e Celina Albuquerque
ofereceram a Gunnar Vingren e Daniel Berg, que se reunissem na sala de sua residência. Assim,
no mesmo local onde ocorreu o primeiro batismo com o Espirito Santo em terras brasileiras,
deu-se início a uma nova igreja, no dia 18 de junho de 1911, cujo nome inicial foi Missão da Fé
Apostólica, o mesmo nome utilizado pelo movimento pentecostal nos Estados Unidos, nome
alterado para Assembleia de Deus posteriormente.
Assim, o pequeno grupo que saiu com os missionários da igreja Batista deu início ao
alicerce daquela que se tornaria a maior igreja pentecostal de todos os tempos, no território
brasileiro. Gunnar Vingre, Daniel Berg e os demais pioneiros agora estavam livres para pregar o
Movimento Pentecostal por toda parte. A pesar das perseguições que os pentecostais sofriam
por todos os lados, as pessoas eram impelidas a apreciar a nova igreja, devido a curiosidade em
conhecer o avivamento pregado pelos missionários suecos. Nos cultos pessoas eram curadas,
batizadas com o Espirito Santo e as que estavam possessas por espíritos malignos eram libertas,
pelo nome de Jesus. Conde (1960) relata que certa noite em cum culto, uma pessoa ficou
possessa por um espirito maligno e uma irmã levantou-se cheia do Espirito Santo e expeliu o
demônio pelo nome de Jesus, deixando os presentes estarrecidos.

Com o tempo o trabalho foi se estabilizando na capital Belém e a igreja foi crescendo e
se espalhando. Gunnar Vingren era o pastor dirigente e Daniel Berg o evangelista nas ruas e nas
casas. Antes de completados dois anos de fundação Gunnar Vingren já estava separando irmãos
para o pastorado. O primeiro pastor brasileiro consagrado pela Assembleia de Deus foi o irmão
Absalão Piano, em fevereiro de 1913. Também nesse período, Vingren separou o primeiro
missionário a ser enviado a pregar o evangelho em outra nação, o irmão José Plácido da Costa,
que juntamente com sua família, no dia 04 de abril de 1913, embarcaram em um navio com
destino a Portugal. Além disso, o primeiro templo oficial só foi aberto em 08 de novembro de
1914, já nome Assembleia de Deus só foi estabelecido em 1918. Desde a fundação da
Assembleia de Deus em Belém do Pará em 1911, até os dias atuais, a igreja só progrediu em
tamanho. Nesses mais de 100 anos, milhares de pessoas se converteram a Cristo em virtude do
Movimento Pentecostal, muitos obreiros foram consagrados para a obra, muitos templos foram
abertos em todo país, editoras bíblicas foram criadas, além de casas de assistências social e
faculdades. Segundo o senso do IBGE (2010), a Assembleia de Deus é a maior denominação
evangélica do Brasil, com mais de 12 milhões de membros, é também a maior denominação
pentecostal. Tudo isso só corrobora em afirmar a importância de Daniel Berg e Gunnar Vingren
para o surgimento e expansão da Assembleia de Deus a partir de Belém do Pará.

A Assembleia de Deus no Brasil expandiu-se pelo estado do Pará, alcançaram o


Amazonas, propagou-se para o Nordeste, principalmente entre as camadas mais pobres da
população. Chegaram ao Sudeste pelos idos de 1922, através de famílias de retirantes do Pará,
que se portavam como instrumentos voluntários para estabelecer a nova denominação aonde
quer que chegassem. Nesse ano, a igreja teve início no Rio de Janeiro, no bairro de São Cristóvão,
e ganhou impulso com a transferência de Gunnar Vingren, de Belém, em 1924, para a então
capital da República. Um fato que marcou a igreja naquele período foi a conversão de Paulo
Leivas Macalão, filho de um general, através de um folheto evangelístico. Foi ele o precursor do
assim conhecido Ministério de Madureira, como veremos adiante.
A influência sueca teve forte peso na formação assembleiana brasileira, em razão da
nacionalidade de seus fundadores, e graças à igreja pentecostal escandinava, principalmente a
16

Igreja Filadélfia de Estocolmo, que, além de ter assumido nos anos seguintes o sustento de
Gunnar Vingren e Daniel Berg, enviou outros missionários para dar suporte aos novos membros
em seu papel de fazer crescer a nova Igreja. Desde 1930, quando se realizou um concílio da
igreja na cidade de Natal, a Assembleia de Deus no Brasil passou a ter autonomia interna, sendo
administradas exclusivamente pelos pastores residentes no Brasil, sem, contudo, perder os
vínculos fraternais com a igreja na Suécia. A partir de 1936 a igreja passou a ter maior
colaboração das Assembleias de Deus dos Estados Unidos através dos missionários enviados ao
país, os quais se envolveram de forma mais direta com a estruturação teológica da
denominação.

9. AS PERSEGUÇÕES

A fundação da Assembléia de Deus repercutia profundamente entre as várias


denominações. O medo que a Assembléia de Deus viesse a absorver as demais denominações
fez com que estas se unissem para combater o movimento Pentecostal.
No ano de 1911, em Belém, alguns se dispuseram a combater o Movimento Pentecostal
em seu nascedouro. Para alcançarem esse intento, não escolhiam os meios: calúnia, intriga,
delação e até agressão física. Tudo era válido. Chegaram, inclusive, a levar aos jornais a denúncia
de que os pentecostais eram uma seita perigosa, tendo como prática o exorcismo. Enfim,
alarmaram a população. A matéria no jornal A Folha do Norte, todavia, acabou por atrair
numerosas pessoas para os cultos da nova igreja. Não poderia haver propaganda melhor.

10. FORMA ORGANIZACIONAL DENOMINACIONAL

As Assembléias de Deus brasileiras estão organizadas em forma de árvore, na qual cada


Ministério é constituído pela igreja-sede com suas respectivas filiadas, congregações e pontos
de pregação (subcongregações). O sistema de administração é um misto entre o sistema
episcopal e o sistema congregacional, por meio do qual os assuntos são previamente tratados
pelo ministério, com forte influência da liderança pastoral, e depois são levados às assembléias
para serem referendados apenas. Os pastores das Assembléias de Deus podem estar ligados ou
não às convenções estaduais, e estas se vinculam a uma convenção de âmbito nacional.
Particularmente na América do Sul, hoje existem muitas Assembléias de Deus autônomas e
independentes.

11. CONVENÇÃO GERAL DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS NO BRASIL

A Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil (CGADB) possui sede no Rio de
Janeiro, esta se considera o tronco da denominação por ser a entidade que desde o princípio
deu corpo organizacional à igreja. A CGADB hoje conta com cerca de 3,5 milhões de membros
em todo o Brasil (dados do Iser) e centenas de missionários espalhados pelo mundo.
A CGADB é proprietária da Casa Publicadora das Assembléias de Deus (CPAD), com sede
no Rio de Janeiro, que atende parcela significativa da comunidade evangélica brasileira. À
CGADB também pertence à Faculdade Evangélica de Tecnologia, Ciências e Biotecnologia
(Faecad), sediada no mesmo Estado, e que oferece os seguintes cursos em nível superior:
Administração, Comércio Exterior, Marketing, Teologia e Direito.
17

A CGADB é constituída por várias convenções estaduais e regionais, além de vários


ministérios. Alguns ministérios cresceram de tal forma que se tornaram denominações de fato,
com suas congregações sobrepondo as áreas de abrangência das convenções regionais. Dentre
os grandes ministérios se destaca o Ministério do Belém, que possui cerca de 2.200 igrejas
concentradas no centro-sul e com sede no bairro do Belém na capital paulista, sendo atualmente
(2010) presidida pelo pastor José Wellington Bezerra da Costa.

Na área política, alguns deputados federais são membros das Assembléias de Deus e a
representam institucionalmente junto aos poderes públicos nos assuntos de interesse da
denominação, supervisionados pelo Conselho Político Nacional das Assembléias de Deus no
Brasil, com sede em Brasília, DF, que coordena todo o processo político da CGADB. Além disso,
há também deputados estaduais e até prefeitos e vereadores, todos sob a chancela de igrejas
ligadas à CGADB.

Desde a década de 1980, por razões administrativas, notadamente em virtude do


falecimento do pastor Paulo Leivas Macalão e de sua esposa, missionária Zélia, a Assembléia de
Deus brasileira tem passado por várias cisões que deram origem a diversas convenções e
ministérios, com administração autônoma, em várias regiões do País. O mais expressivo dos
ministérios independentes é o Ministério de Madureira, cuja igreja já existia desde os idos de
1930, fundada pelo já mencionado pastor Paulo Leivas Macalão e que, em 1958, serviu de base
para a estruturação nacional do Ministério por ele presidido, até a sua morte, no final de 1982.

12. CONVENÇÃO NACIONAL DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS NO BRASIL – MINISTÉRIO DE


MADUREIRA

À medida que os anos se passavam, os pastores do Ministério de Madureira (assim


conhecido por ter sua sede no bairro de mesmo nome, na cidade do Rio de Janeiro), sob a
presidência vitalícia do pastor (hoje bispo) Manuel Ferreira, se distanciavam das normas
administrativas da CGADB, segundo a liderança da época, que, por isso mesmo, realizou uma
assembléia geral extraordinária em Salvador, Bahia, em setembro de 1989, onde esses pastores
foram suspensos até que aceitassem as decisões aprovadas. Por não concordarem com as
exigências que lhes eram feitas foram excluídos pela Diretoria da CGADB. Desta forma tornou-
se completamente independente da CGADB a Convenção Nacional das Assembléias de Deus no
Brasil — Ministério de Madureira (Conamad), que tem no campo do Brás, na capital paulista, a
sua maior expressividade, que, por anos, foi presidido pelo pastor Lupércio Vergniano e hoje
está sob as ordens do Pr. Samuel Cássio Ferreira, bacharel em Direito.

13. DOUTRINA

De acordo com o credo das Assembléias de Deus, entre as verdades fundamentais da


denominação, estão a crença:
• Num só Deus eterno subsistente em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo;
• Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, considerada a única regra infalível de fé normativa para
a vida e o caráter cristão;
• Na concepção virginal de Jesus Cristo, na sua morte vicária e expiatória, ressurreição corporal
e ascensão para o céu;
18

• No pecado que distancia o homem de Deus, condição que só pode ser restaurada através do
arrependimento e da fé em Jesus Cristo.
• Arrebatamento dos membros da Igreja para a Nova Jerusalém em breve com a volta de Cristo.
• Na necessidade de um novo nascimento pela fé em Jesus Cristo e pelo poder atuante do
Espírito Santo e da Palavra de Deus para que o homem se torne digno do Reino dos Céus;
A denominação pratica o batismo em águas por imersão do corpo inteiro, uma só vez, em
adultos, em nome da Trindade; a celebração, sistemática e continuada, da Santa Ceia; e o
recebimento do batismo no Espírito Santo, geralmente, com a evidência inicial do falar em
outras línguas, seguido de outros dons do Espírito Santo.
A exemplo da maioria dos cristãos, os assembleianos aguardam a segunda vinda pre-milenial de
Cristo em duas fases distintas: a primeira, invisível ao mundo, para arrebatar a Igreja fiel da terra,
antes da Grande Tribulação (Pré-Tribulacionismo); e a segunda, visível e corporal com a Igreja
glorificada, para reinar sobre o mundo por mil anos, sendo portanto dispensacionalista.
Ainda, nesse corolário de fé, os assembleianos esperam comparecer perante o Tribunal de
Cristo, para receber a recompensa dos seus feitos em favor da causa do Cristianismo, seguindo
se uma vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tormento para os infiéis.
Os assembleianos, em regra, são contra o aborto voluntário e o divórcio.

Tópico CGADB CONAMAD


Membros
3.500.000 (2003) 2.000.000 (2003)
(ano)
é permitido em caso de violência, abuso
é permitido em caso de adultério, tráfico e
físico e/ou psicológico, adultério, abandono
consumo de drogas, prática de terrorismo,
Divórcio emocional e espiritual, incluindo pastores e
homicídio doloso. Nessas hipóteses admite-
líderes. Nessas hipóteses admite-se novo
se novo casamento.
casamento.
Não admite a ordenação de mulheres como
Ordenação Ordena mulheres em todas as funções
pastoras
Convenção de pastores, cujo Presidente é
eleito por Assembleia Geral em maioria Governo episcopal, exercido pelo Bispo
Governo absoluta, para mandato de 2(dois) anos. Primaz vitalício. Além do Bispo Primaz, a
Os ministérios que integram a convenção igreja possui um colégio de bispos.
são independeres entre si.

Atualmente, a Assembleia de Deus passa por uma relativação dos usos e costumes, em
quanto muitos pastores e ministérios e regiões do país se renovam, outros preferem manter as
tradições assembleianas do passado. Contudo, a CGADB ratificou seu estatuto em 2011, e na
seção de usos e costumes removeu diversos itens, dando mais liberdade às mulheres. Já a
Convenção Nacional nem sequer cita em sua resolução (na atualidade) usos e costumes em seu
estatuto, deixando clara a liberdade.

14. CONCLUSÃO

O chamado ao ministério não importa qual seja, nunca será fácil, sempre será um
desafio gigantesco aos nossos olhos, mas se permanecemos firmes no que o Senhor Jesus nos
ordenou, com certeza teremos sucesso e isso foi o que os nossos irmãos Gunnar Vingren e
Daniel Berg nos deixam de ensinamento, a obediência é o segredo do sucesso ministerial, não
importa o caminho a ser percorrido se permanecermos fiel, o fim será grandioso em Deus não
só para nosso época mas para toda uma geração vindoura.
19

BIBLIOGRAFIA

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Oliveira, Marcos Couto De, UNICESUMAR, o surgimento da igreja assembleia de deus em


belém do pará: a importância de gunnar vingren e daniel berg. Disponível em:
<https://rdu.unicesumar.edu.br/bitstream/123456789/878/1/MARCOS%20COUTO%20DE%20
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Disponível em: https://www.radarmissionario.org/biografia-daniel-berg-o-pioneiro-da-
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WIKIPÉDIA A ENCICLOPEDIA LIVRE, biografia: william howard durhan. Disponível em:


<https://pt.wikipedia.org/wiki/William_Howard_Durham> - acesso em 29/05/2024

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