Apostila - UFV
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CARACTERÍSTICAS GERAIS
Http://www.ufv.br/dbg/bee/caractergerais.htm
dias após emergirem (quando a abelha, depois de terminado seu desenvolvimento, sai da célula de
cria), os machos são expulsos da colônia (Michener, 1946, apud Kerr et al.(1996)).
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DESENVOLVIMENTO
Http://www.ufv.br/dbg/bee/desenvolvimento.htm
As células de cria são agrupadas formando os favos, (foto 3) que na maioria das espécies de
Meliponinae são horizontais, algumas espécies de Trigonini constroem favos em forma de cacho e
existe uma espécie africana, Dactylurina staudingeri que constroem favos verticais.
http://www.ufv.br/dbg/bee/manejo.htm http://www.ufv.br/dbg/bee/biologia_meliponinae.htm
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O NINHO DOS MELIPONÍNEOS
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Estrutura do ninho
Os ninhos dos meliponineos apresentam arquitetura
complexa e, embora apresentem algumas estruturas comuns
às diversas espécies, existem diferenças marcantes entre os
gêneros.
O ninho apresenta uma entrada, que normalmente é
característica para cada espécie ou gênero (em muitos casos
é possível a identificação das abelhas a partir da entrada do
seu ninho). Muitos Trigonini constroem a entrada utilizando
cerume, muitas vezes um simples tubo por onde as abelhas
entram e saem e onde guardas ficam postadas, defendendo a
entrada. Em algumas espécies, este tubo se alarga formando
uma ampla plataforma onde se postam as guardas. Outras
utilizam resina para a construção da entrada. Em
determinadas espécies a entrada é ampla, normalmente
guardadas por diversas abelhas e pela qual entram e saem
muitos indivíduos ao mesmo tempo. Outras constroem entradas estreitas por onde passa uma única
abelha por vez e que é guardada por uma só abelha que fecha a entrada com sua cabeça. As diversas
espécies do gênero Partamona constroem com barro a ampla entrada característica de seus ninhos.
Melipona também utiliza barro, normalmente, misturado com resina e constroem a entrada estriada
característica de muitas espécies do gênero.
À entrada segue-se um túnel construído com cerume, resina ou barro que vai até a região onde
é armazenado o alimento. Em Partamona, à entrada segue-se um vestíbulo, que em algumas
espécies imita um ninho abandonado, ao qual segue-se estreita entrada que dá acesso à área interna
do ninho. Esta estrutura esta, aparentemente, relacionada à proteção do ninho contra invasores.
O alimento é armazenado em potes construídos com cerume. Mel e pólen são armazenados em potes
separados. Em alguns Trigonini os potes onde é armazenado o pólen, apresentam forma diferente
daqueles utilizados para o mel, em Frieseomelitta varia, por exemplo, os potes de pólen são
cilíndricos e bem maiores que os de mel, que são esféricos. A posição dos potes no ninho também varia
conforme a espécie, mas de um modo geral estão colocados na periferia da área de cria.
No caso de espécies que utilizam ocos em árvores ou parede para construção dos ninhos, esta
cavidade é muitas vezes revestida com resina e delimitada com batume feito com resina, geopropólis
(mistura de resina com barro) ou cerume, podendo apresentar-se perfurado, permitindo a ventilação
e escoamento de líquidos que atinjam o interior do ninho.
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Espécies que constroem o ninho exposto ou semi-exposto utilizam resina, barro e matéria
orgânica em sua construção. Trigona utiliza folhas maceradas nessa construção. Algumas vezes
usam folhas e brotos de plantas cultivadas, especialmente de laranjas, rosas e noz macadamia e por
essa razão se constituem em séria praga em áreas de extenso cultivo dessas espécies. Trigona
constrói na parte oposta à entrada um escutelo, utilizando para isso lixo da colméia, abelhas mortas e
fezes das abelhas. Essa estrutura bastante sólida protege o ninho e serve para sua sustentação.
Espécies que constroem ninhos subterrâneos, envolvem-no com camadas de batume sólido. O ninho
fica suspenso dentro da cavidade e na parte inferior dessa, as abelhas constroem uma galeria de
drenagem.
ENXAMEAGEM
http://www.ufv.br/dbg/bee/enxameagem.htm
ALIMENTO
Http://www.ufv.br/dbg/bee/alimento.htm
A imensa maioria das abelhas se alimenta de produtos obtidos nas flores. Os meliponineos
coletam néctar das flores e por desidratação e ação enzimática o transformam em mel que é
armazenado na colméia.
O mel das abelhas sem ferrão apresenta composição diferente do mel de Apis mellifera. São mais
fluidos e cristalizam lentamente.
A quantidade do mel armazenado na colméia varia muito, havendo espécies que armazenam
quantidades muito pequenas, como é o caso de Leurotrigona. Algumas espécies de Melipona
armazenam quantidades bastante grandes, sendo que em algumas regiões elas são criadas para
produção de mel, como é o caso de Melipona compressipes (Tiúba) no Maranhão.
O principal alimento protéico para as abelhas adultas e suas larvas é o pólen. Após sua coleta
nas flores, pelas abelhas campeiras, ele é transportado para a colônia onde é estocado, sofrendo
alterações físico-químicas, devido a processos fermentativos (Penedo et al. 1976). Esses processos
diferem segundo o grupo a que pertence a abelha, e permitem uma melhor assimilação dos
nutrientes e melhor preservação do alimento estocado (Machado, 1971).
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Nos potes de estocagem de pólen, são colocadas as massas de pólen, sucos digestivos e
microrganismos. Posteriormente, esses potes são fechados, prosseguindo a fermentação que se
processa, num primeiro momento, sob condições de aerobiose, ocorrendo sucessão de tipos
bacterianos, diminuição do pH e da tensão de oxigênio. O produto inicial, rico em pólen e
microrganismos, com pH em torno de 5,0 a 6,0; após alguns dias, dá lugar a uma massa fermentada,
de coloração marrom levemente amarelado e odor característico, com pH em torno de 2,6, com
baixo número de microrganismos (alguns anaeróbios) estando pronto para ser consumido pelas
abelhas (Machado, 1971, Fernandes-da-Silva & Zucoloto, 1994).
Espécies de Trigona do grupo necrofaga não visitam flores, mas utiliza em sua alimentação
carne fresca de animais mortos. Em seus ninhos não são encontrados mel ou pólen, apenas produtos
derivados da carne coletada.
DEFESA
http://www.ufv.br/dbg/bee/defesa.htm
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ATRAÇÃO DE ENXAMES
http://www.ufv.br/dbg/bee/atracao.htm
DIVISÃO DE COLÔNIAS
http://www.ufv.br/dbg/bee/divcolonias.htm
P ara a divisão, retiram-se favos com cria velha (pupas e abelhas prestes a emergir),
devendo-se usar, para isso, colônias fortes, com bastante cria. Se a colônia for de Melipona
(mandaçaia, manduri, uruçu, jandaíra, tujuba, tiúba etc), não há necessidade de se preocupar com
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célula real. Porem se a colônia for de uma espécie de Trigonini (jataí, iraí, Mandaguari, timirim,
mirim, mirim preguiça, moça-branca etc.), é necessário que, nos favos, exista uma ou mais células
reais, de preferência prestes a emergir (veja o item sobre determinação de casta e sexo)-
http://www.ufv.br/dbg/bee/determcastaesexo.htm :
Além dos favos, retiram-se, também, cerume e potes de alimento com mel e pólen das
colméias que estão sendo divididas, tendo-se o cuidado de não danificá-los. Com esses elementos
monta-se a nova colméia, tomando-se todos os cuidados indicados no próximo item (quando da
explicação de como transferir colônias para caixas). http://www.ufv.br/dbg/bee/capturacolonias.htm . A nova
colméia deve receber abelhas jovens, reconhecidas pela sua cor clara e por não voarem.
Após a montagem da nova colônia, esta deve ser colocada no local onde se encontrava a antiga
que deve ser transferida para outro lugar. Este cuidado visa suprir a nova colônia com abelhas
campeiras. A nova colônia deve estar bem protegida contra o ataque de formigas, pois nesta fase o
enxame ainda está desorganizado.
Na formação de uma nova colônia podem ser utilizados elementos de mais de uma colônia da
mesma espécie, tomando-se cuidado para não misturar abelhas adultas de mais de uma colméia, pois
elas se atacarão mutuamente e, conseqüentemente, muitas delas irão morrer.
A divisão de colônias deve ser realizada em época na qual as abelhas estejam trabalhando
intensamente, e deve ser realizada pela manhã, em dia quente e só deve envolver colônias fortes nas
quais existam bastante alimento e favos de cria. Aidar (1996) relata vários métodos para a
multiplicação artificial de colônias de Melipona quadrifasciata, além dos cuidados que se deve ter
com as colônias recém formadas.
Ocasionalmente, quando as rainhas foram fecundadas por machos aparentados, parte de seus
ovos fecundados podem originar machos diplóides, nesse caso a rainha da colônia poderá ser morta
pelas operárias (Camargo, 1979).
emergem operárias e machos. Em algumas espécies dessa tribo, que constroem o favo em forma de
cacho, uma larva presente em uma célula de operária, após ingerir o alimento da sua célula, fura a
parede da célula adjacente e ingere o alimento, desenvolvendo-se em rainha (Terada, 1974).
Algumas vezes de células reais não emergem rainhas, mas machos gigantes, cujo papel é
desconhecido.
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Experimentalmente, é possível produzir rainhas, alimentando-se, em células grandes
(construídas artificialmente), larvas jovens de operárias com maior quantidade de alimento, retirado
de células de operárias ou de machos (Camargo, 1972; Buschini & Campos, 1995).
Nessas abelhas, há evidências de que existem fatores genéticos envolvidos no processo de determinação
das castas. - http://www.ufv.br/dbg/bee/detercasta2.jpg Kerr (1950) sugeriu que as rainhas fossem produzidas
a partir de larvas duplo heterozigotos (AaBb), que houvessem recebido quantidade adequada de
alimento. Larvas homozigotas em qualquer dos dois loci (AABb, Aabb, por exemplo), ou nos dois
(aaBB, por exemplo) e as duplas heterozigotas, quando recebem menos alimento, dão origem a
operárias. Neste gênero também não existe evidência de diferença qualitativa entre o alimento
alocado para as operárias, para os machos ou para as rainhas.
Em Meliponinae, de um modo geral, rainhas virgens podem ser encontradas nas colméias
durante todo o ano. Existem épocas, entretanto, em que são produzidos em maior números. Diversas
espécies de Trigonini aprisionam rainhas virgens em uma construção de cera conhecida como célula
de aprisionamento de rainha, (Moure, Nogueira-Neto & Kerr, 1958; apud Nogueira-Neto, 1970),
nessa célula as rainhas são mantidas por períodos variados de tempo. Em algumas espécies de
Trigona, as rainhas armazenam durante seu desenvolvimento grande quantidade de reservas
orgânicas e permanecem na realeira algum tempo após o término de seu desenvolvimento. Em
Melipona as rainhas virgens podem ser mantidas na colônia por algum tempo, algumas vezes dentro
de potes de alimento vazios. Tanto em Trigonini como em Meliponini, alguma dessas rainhas
virgens pode substituir a rainha da colméia, em caso de morte desta, ou enxamear junto com parte
das operárias para fundar novo ninho, as demais são mortas ou expulsas da colméia pelas operárias.
http://www.ufv.br/dbg/bee/detercasta2.jpg
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CAPTURA DE COLÔNIAS E SUA TRANSFERÊNCIA PARA CAIXAS
http://www.ufv.br/dbg/bee/capturacolonias.htm
P ara capturar colônias existentes na natureza, o criador pode levar, para seu meliponário,
galhos ou troncos onde existam colônias, devendo, para isso, cortá-los com cuidado para não atingir
o ninho e fechar as extremidades do oco, caso fiquem abertas. Antes de cortar é importante fechar a
entrada da colméia com tela ou algodão para impedir que muitas abelhas escapem. No caso de
muitas abelhas estarem fora do ninho após a captura da colônia, o tronco ou galho contendo o ninho
deve ser deixado com a entrada aberta, o mais próximo possível de onde se encontrava
originalmente, para que as abelhas retornem. À noitinha, quando todas as abelhas estiverem
recolhidas, a entrada deve ser fechada com tela e então a colônia pode ser transportada, com
cuidado, para o meliponário, devendo o tronco ser colocado na mesma posição em que se
encontrava. A tela da entrada deve, então, ser retirada. Durante o transporte, choques violentos
devem ser evitados.
Caso se deseje capturar colônias que se encontram em outro tipo de cavidade, como paredes,
muros, barrancos etc., estas devem ser transferidas diretamente para caixas.
Para se transferir uma colônia de abelha indígena para caixa é preciso ter acesso à cavidade
onde o ninho se encontra alojado. Caso este se encontre dentro de galho ou tronco de árvore, estes
devem ser abertos com auxílio de machado, cunha e marreta ou motosserra,
http://www.ufv.br/dbg/bee/aberturatronco.htm tomando-se cuidado para não atingir o ninho. Caso este se
encontre em cavidades dentro de muros ou paredes, a cavidade pode ser atingida desmontando-se
parte da construção, o que nem sempre é fácil ou possível.
http://www.ufv.br/dbg/bee/capturacolonias.htm
Quando se trata de ninho subterrâneo, cava-se o solo até atingir a cavidade onde ele se
encontra, tendo-se, antes, o cuidado de introduzir, pela entrada, um arame com um pedaço de
algodão preso à sua ponta. Este serve de guia e se este cuidado não for seguido pode-se perder o
canal de entrada e, desse modo, não se conseguir achar o ninho.
Após atingir a cavidade onde se encontra o ninho, realiza-se a transferência de seus elementos
para a caixa onde o ninho será abrigado. No caso de ninhos subterrâneos, muitas vezes é possível
http://www.ufv.br/dbg/bee/manejo.htm http://www.ufv.br/dbg/bee/biologia_meliponinae.htm
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transferi-lo inteiros, sem que ele seja danificado. Neste caso, a caixa deve ter dimensões tais que
permitam o acondicionamento do ninho inteiro (veja modelos de colméias).
Quando tiver que desmontar o ninho, para transferi-lo, certos cuidados devem ser tomados: no
caso do ninho haver sido submetido a golpes fortes, como acontece normalmente com os alojados
em troncos ou galhos de árvores, só os favos que contenham larvas, que já ingeriram a maior parte
do alimento e favos mais velhos, reconhecidos por sua cor mais clara e por serem mais resistentes,
devem ser aproveitados. Os favos novos, que contêm ovos e larvinhas novas, devem ser descartados,
como também todos os favos danificados ou amassados.
Os favos devem ser colocados na mesma posição em que se encontravam na colônia natural, e
entre dois favos deve haver espaço suficiente para a circulação das abelhas. O mesmo deve
acontecer entre o fundo da colméia e o primeiro favo colocado. Para se conseguir isto, coloca-se um
pouco de lamelas de cerume entre os favos e entre estes e o fundo da colméia.
O cerume deve ser retirado da colônia antiga e colocado na nova, tomando-se o cuidado para
não se amassar muito as lamelas. Estas devem ser colocadas em torno da cria para protegê-la.
Só devem ser colocados na nova colônia potes de alimento intactos. Potes rachados,
principalmente de pólen, atraem forídeos (pequenas mosquinhas) que proliferam na colméia,
utilizando como alimento, principalmente, pólen e alimento de cria. A proliferação de forídeos pode
levar à destruição da colônia.
O mel contido em potes danificados pode ser posteriormente devolvido à colônia em pequenas
doses, colocadas em alimentadores. O pólen pode ser devolvido, após o restabelecimento da colônia,
em potes de cera cuidadosamente fechados. É muito importante que a colônia receba pólen de sua
própria espécie, isso porque aí existem bactérias envolvidas na fermentação. Sem essa fermentação
específica, o pólen não pode ser usado como alimento pelas abelhas (veja o item alimento)
http://www.ufv.br/dbg/bee/ALIMENTO.htm .
Devem ser transferidos também os depósitos de resina e cera da colônia original, bem como
todas as abelhas adultas. As que não conseguem voar devem ser cuidadosamente coletadas e
colocadas na nova colméia. Cuidado especial deve ser tomado com a rainha poedeira que é
reconhecida pelo seu abdômen grandemente dilatado.
Em todos os casos, os restos da colônia antiga, especialmente as partes que contêm resina e
cerume, devem ser levados para longe, pois funcionam como atrativo para as abelhas que voaram,
desorientando-as e dificultando a entrada destas na nova colméia.
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Após a montagem da colônia, a caixa deve ser fechada de modo a não deixar frestas por
onde possam penetrar parasitas ou abelhas saqueadoras. Para a proteção contra formigas, o suporte
da nova colônia pode ser untado com graxa de modo a impedir que elas a atinjam, pelo menos até
seu restabelecimento.
Não se deve realizar transferência quando as abelhas não estiverem trabalhando normalmente,
especialmente em épocas frias, quando as novas colônias poderão ficar muito tempo desorganizadas
à mercê de predadores e parasitas.
A s abelhas indígenas sem ferrão podem ser acondicionadas em caixas rústicas de tamanhos
variados, com volume semelhante ao do ninho natural. Este tipo de acondicionamento tem sido
muito utilizado em diversas regiões. Muito comum também é o alojamento de colônias de abelhas
indígenas dentro de cabaças, sendo comum encontrar abelhas assim acondicionadas em casas da
zona rural.
O Professor Paulo Nogueira Neto, sem dúvida o maior especialista em criação de abelhas
indígenas, idealizou uma colméia racional que facilita o manuseio e extração do mel e a divisão das
colméias. Seu livro sobre este assunto é leitura indispensável àqueles que desejam criar abelhas
indígenas sem ferrão.
EXTRAÇÃO DE MEL
http://www.ufv.br/dbg/bee/extracaomel.htm
Quando a colméia utilizada para criação das abelhas for de um modelo que as obrigue a
colocar a maioria dos potes de alimento em posição que permita que eles sejam removidos, sem
danificar a estrutura do ninho, eles devem ser removidos, juntamente com a gaveta (em colméias
semelhantes ao modelo PNN) ou isoladamente (em colméias de outros modelos), abertos e
colocados para escorrer sobre peneira. Quando a colméia não permitir a separação dos potes do resto
do ninho, como acontece em colônias acondicionadas em cabaça ou caixas rústicas, o mel pode ser
retirado com o auxílio de uma seringa plástica de 20 cm, sem agulha. Nesse caso, os potes são
abertos e o mel sugado com auxílio da seringa que deve ser nova, estéril e usada unicamente para
essa finalidade. Uma parte do mel existente na colméia deve ser sempre deixada para o consumo das
abelhas.
http://www.ufv.br/dbg/bee/manejo.htm http://www.ufv.br/dbg/bee/biologia_meliponinae.htm
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Algumas abelhas têm o hábito de coletarem fezes, suor ou outras substâncias que podem
estar contaminadas e, desse modo, serem prejudiciais à saúde humana. Nesses casos, deve-se evitar
o consumo do mel, pelo menos quando as colméias estiverem em local onde as abelhas tenham
acesso a estas substâncias.
CUIDADOS GERAIS
http://www.ufv.br/dbg/bee/cuidadosgerais.htm
O alimento deve ser colocado em um alimentador, que pode ser um pedaço de mangueira
transparente fechado com algodão. Coloca-se o mel ou xarope dentro e fecha-se a outra extremidade
também com algodão, fazendo com que este se embeba no xarope. O alimentador é então posto
dentro da colméia, tomando-se cuidado para que não vaze.
Dadas as características biológicas das abelhas, elas são bastante sensíveis à endogamia,
cruzamento entre parentes (veja item sobre determinação de casta e sexo) e, por essa razão, o
meliponicultor precisa ter em seu meliponário, no mínimo, 40 colméias de cada espécie que esteja
criando. Isto não é necessário caso o meliponário esteja instalado em ambiente onde esse número de
colméias possa existir na natureza (próximo de mata ou outro ambiente rico em colônias das
espécies em questão).
As abelhas, em geral, são insetos muito importantes para a polinização e devem ser
preservadas. Uma das formas de se fazer isso é preservar colônias naturais. O meliponicultor deve
preocupar-se em coletar apenas as colônias que estejam correndo risco, procurando, sempre que
possível, não derrubar árvores com o único intuito de coletar colméias dessas abelhas.
As abelhas mais comuns na área onde está instalado o meliponário devem ser as preferidas
pelo meliponicultor, desde que atendam aos seus objetivos. Na tentativa de obter colméias de
abelhas raras na região onde se encontra, o meliponicultor pode inadvertidamente estar contribuindo
para a extinção destas abelhas, pois muitas delas não se adaptam às condições de criação.
A s abelhas indígenas sem ferrão podem ser acondicionadas em caixas rústicas de tamanhos
variados, com volume semelhante ao do ninho natural. Este tipo de acondicionamento tem sido
muito utilizado em diversas regiões. Muito comum também é o alojamento de colônias de abelhas
indígenas dentro de cabaças, sendo comum encontrar abelhas assim acondicionadas em casas da
zona rural.
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As abelhas que constroem ninhos subterrâneos normalmente só sobrevivem quando
acondicionadas em abrigos subterrâneos. Estes abrigos podem ser construídos com tijolos ou mesmo
com dois vasos de barro, opostos pela boca. Quando estes abrigos estão enterrados completamente, é
importante deixar um
tubo conectando o abrigo com o exterior para funcionar como tubo de saída das abelhas. O tamanho
do abrigo deve ser semelhante ao da cavidade onde o ninho estava alojado.
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• Tábua sanduíche: madeira externa, isopor (1 a 1,5 cm) e fórmica colada.
Obs.: fazer um orifício de 3 cm de diâmetro na parede oposta à entrada da colméia. Este orifício
deve ser tapado com tela e fita crepe e aberto após um dia de chuva.
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http://www.ufv.br/dbg/bee/enderecosuteis.htm
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Índice Automático
CARACTERÍSTICAS GERAIS...........................................................................................................................................1
DESENVOLVIMENTO........................................................................................................................................................2
O NINHO DOS MELIPONÍNEOS ......................................................................................................................................3
ENXAMEAGEM..................................................................................................................................................................5
ALIMENTO...........................................................................................................................................................................5
DEFESA................................................................................................................................................................................6
ATRAÇÃO DE ENXAMES .................................................................................................................................................7
DIVISÃO DE COLÔNIAS ..................................................................................................................................................7
DETERMINAÇÃO DE CASTA E SEXO.............................................................................................................................8
CAPTURA DE COLÔNIAS E SUA TRANSFERÊNCIA PARA CAIXAS.......................................................................10
COLMÉIAS RACIONAIS PARA CRIAÇÃO DE MELIPONINAE.................................................................................12
EXTRAÇÃO DE MEL........................................................................................................................................................12
CUIDADOS GERAIS.........................................................................................................................................................13
COLMÉIAS RACIONAIS PARA CRIAÇÃO DE MELIPONINAE.................................................................................13
MODELO UBERLÂNDIA PARA URUÇU (Melipona scutellaris)...................................................................................14
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Rui Carlos Peruquetti - MS Entomologia UFV 17
Origem das abelhas
Sem dúvida um Hymenoptera primitivo lembraria um Symphyta atual em muitas características: hábito de se
alimentar em plantas, larvas semelhantes às de lepidópteros que defecam ao longo de suas vidas, e adultos com um
ovipositor que facilitaria a postura dos ovos em tecidos vegetais. Desses insetos descendem os grupos parasitas de
Hymenoptera, como os Ichneumonidae, Chalcidoidea e Proctotrupoidea; de um ancestral parasita descendem as vespas
(Vespoidea, Sphecoidea) e as abelhas. Todos esses grupos são membros da subordem Apocrita, caracterizados por terem
o primeiro segmento abdominal alojado no "tórax" (mesossoma) e entre este e o segmento abdominal (metassoma)
existir uma constrição flexível. Acredita-se que estas modificações auxiliem a colocação dos ovos profundamente,
através de um ovipositor, nos tecidos do hospedeiro (planta ou animal).
As larvas do grupo parasita são comumente parasitas internos de outros insetos. Assim eles desenvolveram
mecanismos que evitam a defecação da larva no interior do hospedeiro até o desenvolvimento daquela estar completo,
além dessas larvas terem perdido muitas das características externas das de seus ancestrais (p.ex.: órgãos locomotores).
Uma das evidências da origem dos Hymenoptera aculeados (vespas, formigas e abelhas) de um ancestral parasita
é a ausência de conecção entre a porção mediana do intestino com sua porção final, impossibilitando a defecação da
larva até sua maturidade. Além disso, é fácil encontrarmos no grupo parasita, indivíduos com características existentes
no grupo Aculeata, por exemplo, presença de glândula de veneno associada ao ovipositor de alguns braconídeos ou
icneumonídeos. Este ovipositor e o veneno associado a ele podem ser usados como um ferrão para defesa, além de
possibilitar a paralisação do hospedeiro para a oviposição. Há também icneumonídeos que colocam seus ovos na
superfície do corpo de seus hospedeiros (sendo então parasitas externos ao invés de internos), este comportamento pode
ser observado em Scoliidae e Tiphiidae (ambos Scolioidea - Apocrita). Nessas duas últimas famílias citadas estão
agrupados Hymenoptera cujo ovipositor perdeu a função de por ovos, servindo apenas como ferrão para defesa e
paralisação de seus hospedeiros. Eles são similares a maior parte dos representantes do grupo parasita cuja fêmea
localiza o hospedeiro, paralisa-o e não o remove para um local preparado; um ovo é posto sobre o hospedeiro
paralisado, o qual é abandonado pela vespa. Outras vespas, após terem paralisado sua presa ou hospedeiro, levam-na
para um local preparado para recebê-la, o número de pressas pode variar de um (por exemplo em Pompilidae) a várias
[por exemplo em Eumenidae (Vespoidea) e Sphecidae] e ainda existem outros (Vespidae) que maceram os tecidos de
sua presa antes de oferecê-los, progressivamente, a suas larvas. Dessa forma vespídeos e esfecídeos abandonaram
completamente o hábito parasita e tornaram-se predadores.
Apesar de muitos aculeatas e parasitas usarem outros artrópodes como alimento larval, os adultos se alimentam
nas flores, basicamente de néctar, ou então, de líquidos dos corpos de suas presas. O contato dos Aculeata e parasita
com as flores pode ter "guiado" a evolução desses grupos tornando o complexo labiomaxilar bem adaptado para sugar
ou lamber néctar de flores pouco profundas.
Desde que flores contenham uma rica proteína (pólen) em adição ao néctar, não é de surpreender se algumas
vespas que alcançaram o estágio predatório abandonassem a predação e passassem a aprovisionar suas células de cria e
posteriormente a isso estocassem pólen como alimento larval. Um exemplo que mostra que o último caso é possível é
visto na família Masaridae, família relacionada a Vespidae (ambas Vepoidea), porém com adaptações das peças bucais
para coleta de pólen e néctar em flores. Para o primeiro caso temos como exemplo várias vespas da família Sphecidae
(por exemplo o gênero Trypoxylon), cujo ancestral, provavelmente, deu origem às abelhas, colocadas na superfamília
Apoidea.
As abelhas, provavelmente, são um grupo monofilético originado de vespas esfecídeas. Um grupo que surgiu por
ter uma nova situação adaptativa: pólen das Angiospermas para servir de alimento protéico para as larvas.
As abelhas são inteiramente dependentes das flores para se alimentarem, podendo não terem se originado antes
do aparecimento das Angiospermas, estas eram predominantes no Cretáceo médio (120 milhões de anos atrás). A
maioria das Angiospermas dessa época eram polinizadas, provavelmente, por besouros. Os fósseis de abelhas
conhecidos, datados do Eoceno (40 milhões de anos atrás) indicam que para essa época as abelhas já eram
especializadas e a maioria dos grupos de abelhas conhecidos hoje já existiam.
Recentemente um fóssil (Meliponinae) de 80 milhões de anos (Cretáceo) encontrado em âmbar na América do
Norte (New Jersey) indica que as abelhas devam ter surgido há pelo menos 120 milhões de anos; evidências de que
plantas eram polinizadas por abelhas estão datadas do início do Terciário, o que reforça a idéia sobre o tempo de
surgimento das abelhas.
Porém, pela relativa escassez de registros fósseis, a história evolutiva das abelhas é de difícil determinação,
tendo um grande grau de subjetividade, porém alguns pontos são possíveis de serem tratados.
As Angiospermas primitivas tinham flores relativamente rasas, assim podiam ser utilizadas como fonte de pólen
e néctar por insetos de língua curta, incluindo muitos besouros, vespas e abelhas de língua curta. Com a elongação das
peças bucais, como ocorre entre algumas abelhas com língua curta (por exemplo Thrinchostoma - Halictidae), e isto
tendo sido conseguido independentemente e de maneiras diferentes, deve ser uma adaptação para utilização de flores
estreitas e tubulares de Angiospermas mais especializadas. Dessa maneira, as abelhas com língua curta constituem um
grupo diversificado, provavelmente os remanescentes de uma radiação dos Apoidea que ocorreu na época que muitas
Angiospermas tinham flores rasas.
A ocorrência de um grande número de abelhas com língua curta (Colletidae) na Austrália, reforça a idéia de que
esse grupo é pouco derivado em relação ao com língua longa; tendo este último representantes de uma segunda grande
radiação adaptativa dos Apoidea. Plantas com flores estreitas e profundas devem ter surgido em coevolução com muitos
Existem cerca de 20.000 espécies de abelhas descritas, mas estima-se que esse número pode ser duplicado; 15%
de todas as espécies de abelha parasitam ninhos de outras espécies onde colocam seus ovos. Suas larvas se desenvolvem
às custas do alimento do hospedeiro e, normalmente, matam a larva deste. As espécies parasitas não transportam pólen e
muitas vezes se parecem com vespas. 80% possuem hábito solitário que se caracteriza por não haver cooperação de
maneira alguma entre os indivíduos, assim cada fêmea constrói, aprovisiona, realiza postura e fecha as células que
formam seu ninho, após isso, ela geralmente morre, não havendo sobreposição de gerações.
Taxonomicamente, as abelhas pertencem à ordem Hymenoptera, subordem Apocrita, superfamília Apoidea.
Onze famílias de abelhas são reconhecidas. Sendo o número de representantes em cada uma delas estimado na
seguinte ordem: Anthophoridae > Halictidae > Megachilidae > Apidae > Colletidae > Oxaeidae > Andrenidae >
Mellitidae > Fidellidae > Ctenoplectridae > Stenotritidae.
Seguem algumas características das famílias acima mencionadas.
Colletidae
Considerada a mais primitiva das família das abelhas. Seus representantes possuem língua curta e bilobada ou
bífida, semelhante à vespas esfecídeas. Apresentam tamanhos e pilosidade variada.
Os ninhos são construídos no solo, ou em cavidades em talos de plantas, ou em frestas em madeira. As células de
cria se caracterizam por apresentarem um revestimento interno semelhante a celofane, este material é espalhado no
interior da célula pela fêmea com auxílio de sua língua.
Cinco subfamílias são reconhecidas: Colletinae, Diphaglossinae, Enryglossinae, Hylaeinae e Xeromelissinae.
Nelas encontramos espécies solitárias ou quase-sociais.
O pólen é transportado, em associação com néctar ou seco, pelas abelhas dessa família freqüentemente no fêmur
e tíbia do terceiro par de patas e ocasionalmente no trocânter dessas mesmas patas ou na parte ventral do metassoma e
em Hylaeinae e Enryglossinae é transportado no papo.
Stenotritidae
Família bastante relacionada à Colletidae. Porém com poucas informações disponíveis na literatura. O pólen é
transportado pelas abelhas dessa família frequentemente no fêmur e tíbia do terceiro par de patas em associação com
néctar.
Andrenidae
A principal característica dessa família é a presença de duas suturas sub-antenais de cada lado da face.
Os ninhos são construídos no solo. Duas subfamílias são reconhecidas: Andreninae e Panurginae. Nelas são
conhecidas espécies solitárias ou comunais.
O pólen é transportado seco pelas abelhas dessa família, frequentemente no fêmur e tíbia do terceiro par de
patas; em Panurginae o pólen é associado a néctar.
Oxaeidae
São abelhas de vôo rápido. Apresentam tamanho moderado e eram colocadas, anteriormente, em Andrenidae. Os
ninhos são construídos no solo. Uma subfamília é reconhecida: Oxaeinae, com espécies solitárias ou comunais.
O pólen é transportado seco pelas abelhas dessa família, freqüentemente no fêmur e tíbia do terceiro par de
patas.
Halictidae
Família bastante grande com representantes de tamanho bastante variado. São comumente atraídas por suor. Os
ninhos são construídos no solo, ou em madeira podre. São reconhecidas três subfamílias: Halictinae, Nomiinae e
Dufoureinae, nelas encontramos espécies solitárias, comunais, quase-sociais, semi-sociais ou primitivo-sociais.
O pólen é transportado seco pelas abelhas dessa família, freqüentemente no fêmur e tíbia do terceiro par de
patas.
Distribuição
Diferentemente de outros organismos, onde a maior abundância e diversidade encontra-se nas regiões tropicais,
as abelhas parecem ser mais bem representadas nas regiões xéricas do globo em comparação com as regiões tropicais
(úmidas). Há uma explicação mais bem aceita para isso: muitas abelhas, como também vespas esfecóides, estocam seu
alimento larval (para as abelhas pólen e néctar) em células escavadas no solo e com apenas uma fina camada de cera ou
"celofane", secretada pela abelha, revestindo-as. Em ambientes úmidos a perda de alimento larval e imaturos por ataque
de fungos é significativa e pode ser catastrófica. Assim, os grupos com maior sucesso em áreas úmidas são aqueles em
que as abelhas constroem ninhos rasos no solo ou que não utilizam células simplesmente escavadas nele.
Apesar de poucas evidências, presume-se que o local de origem das abelhas tenha sido o interior do
supercontimente denominado Gondwana, isso por duas razões: 1) acredita-se que o clima deste local tenha sido seco e
2) acredita-se em na porção oeste da Gondwana (África do Sul - América) tenham se originado as Angiospermas.
Regiões xéricas, especialmente aquelas com solos arenosos, são áreas comumente abundantes em vespas esfecóides,
muitas das quais nidificam no solo, como já foi dito, as abelhas devem ter surgido dessas vespas em alguma época
(provavelmente 120 milhões de anos atrás) e possivelmente em um local com as características mencionadas acima.
Então, se as abelhas retiveram sua associação com as áreas xéricas e tiveram, quando comparadas com as
Angiospermas, pouco sucesso em adaptar-se à climas úmidos, explica-se sua maior presença nas regiões secas do
mundo.
Abaixo é dado, de maneira bastante resumida, a distribuição pelo globo das 11 famílias de abelhas.
Colletidae
Os maiores grupos de Colletidae são encontrados na Austrália, porém a família como um todo é representada em
todo mundo.
Stenotritidae
São exclusivas da Austrália.
Oxaeidae
Encontradas em regiões tropicais e subtropicais da América do Norte e Sul.
Halictidae
São encontradas em várias partes do mundo, sendo bem representadas nas regiões tropicais.
Mellitidae
Encontradas no Velho Mundo, com poucos representantes nas regiões tropicais e não são encontradas na
Austrália
Ctenoplectridae
Grupo encontrado no Velho Mundo em regiões tropicais e subtropicais
Fidellidae
Encontrada apenas na África do Sul e Chile.
Megachilidae
Família com ampla distribuição.
Anthophoridae
Ampla distribuição. A tribo Exomalopsini possui muitos representantes Neotropicais, são abelhas de tamanho
pequeno e robustas.
Apidae
Família com representantes distribuídos em todo mundo. O gênero Melipona é exclusivamente Neotropical,
como toda a subfamília Euglossinae.
Dispersão
Como as abelhas são boas voadoras, pode-se pensar que não tenham problemas para cruzar barreiras, como água
por exemplo, ou sair de áreas onde o clima ou a vegetação seja inóspito. A abelha fêmea usualmente se acasala logo no
início de sua vida adulta e carrega os espermatozóides vivos em sua espermateca por todo o restante de sua vida
reprodutiva. Pode-se assumir, então, exceto para poucas abelhas eussociais (Meliponinae) onde a nova colônia que se
origina por enxameação é dependente, por algum tempo, da colônia original, que uma única fêmea fecundada que cruze
uma barreira pode nidificar, reproduzir e estabelecer uma nova população. Se ela carrega espermatozóides de vários
machos, o que é comum, a limitação genética nessa nova população não deverá ser tão severa como se ela acasalasse-se
com um único macho. A habilidade de a abelha voar e encontrar locais ideais para nidificação e fontes de recursos em
uma nova área, também devem ser consideradas para o estabelecimento da nova população.
Contudo, dados de distribuição, sugerem que muitos dos grupos de abelhas não são particularmente bons em
cruzar barreiras. Muitas abelhas voam somente com tempo bom, permanecendo em seus ninhos durante períodos de mal
tempo. E ainda, não apenas as espécies de abelhas solitárias, mas também as primitavamente sociais, comumente
retornam ao mesmo local de nidificação para se reproduzirem, de forma que se comportam como espécies sedentárias.
Assim, para a maioria dos tipos de abelhas, a dispersão deve ter ocorrido por sua lenta expansão através dos
continentes ou para massas de terra próximas, ou por transporte em continentes que se moviam (deriva continental). As
faunas de abelhas das Antilhas e da Indonésia Central, contudo, mostram que ilhas entre continentes podem servir como
passagem ("trampolim") para muitos taxa. Existe alguma evidência que abelhas solitárias e primitivamente sociais que
nidificam em madeira ou talos de plantas cruzam com maior facilidade barreiras aquáticas de tamanho moderado do que
outras que não utilizam esse tipo de substrato para nidificarem. Seria este o motivo pelo qual a grande porcentagem de
abelhas com língua longa (mais derivadas) na Austrália são de grupos como Lithurginae, Megachilini e Xylocopini, os
quais nidificam comumente em talos ou madeira.
Outras maneiras das abelhas terem dispersado é através de passagens de terra firme formadas quando o nível do
mar baixou nos períodos glaciais e ainda, colônias inteiras de abelhas eussociais podem ter cruzado grandes barreiras de
água em troncos de árvores que boiaram no oceano.
Desenvolvimento
Nos Hymenoptera, incluindo as abelhas, o modo de reprodução predominante é a partenogênese arrenótoca,
onde ovos não fertilizados dão origem a machos e ovos fertilizados dão origem a fêmeas. Contudo partenogênese
telítoca, onde os ovos dão origem somente a fêmeas, também ocorre, como exemplo temos Apis mellifera capenses.
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