Qualidade Interna E Externa de Ovos de Poedeiras Comerciais Com Casca Normal E Vítrea
Qualidade Interna E Externa de Ovos de Poedeiras Comerciais Com Casca Normal E Vítrea
Qualidade Interna E Externa de Ovos de Poedeiras Comerciais Com Casca Normal E Vítrea
2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA
UBERLÂNDIA – MG
JULHO – 2012
II
III
Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode
começar agora e fazer um novo fim.
Chico Xavier
V
Muito Obrigada!
VI
AGRADECIMENTOS
Ao meu noivo Pedro Henrique por todo amor, incentivo e colaboração durante a
realização deste trabalho.
Ao meu orientador Prof. Dr. Evandro de Abreu Fernandes, pelo tempo a mim
dedicado.
A todos meus amigos que sempre estiveram ao meu lado para alegrar meus dias.
VII
RESUMO ................................................................................................ 3
ABSTRACT ............................................................................................ 4
1. INTRODUÇÃO ................................................................................... 5
5. CONCLUSÕES .................................................................................. 38
REFERÊNCIAS ...................................................................................... 39
3
ABSTRACT: The objective was to evaluate the internal and external quality of hens
eggs, classified in eggs with normal eggshell and eggs with vitreous eggshell, produced
by hens in three different ages. Forty-five eggs of each eggshell type, normal and
vitreous, were sampled at age of 30, 50 and 70 weeks. After the execution of physical
and chemical analysis, it was observed that specific gravity, for both eggs with normal
eggshell and eggs with vitreous eggshell, had a decrease with the advancing age of the
hen. The weight of the egg, in both types of eggshell increased with the advancing age
of the hen. Higher concentration of calcium was found on eggs with normal eggshell
comparing to eggs with vitreous eggshell. The phosphorus percentage wasn’t affected
by the eggshell type. The mineral deposition of the eggshell was constant, the thickness
of the eggshell in both eggshell types increased throughout the reproductive life of the
hen and decreased when the hen got older. The albumen weight increased, showing its
relation with the egg size. The percentage of albumen moisture with the advancing age
of the hen didn’t show any relation with the egg weight. Protein concentration and pH of
the albumen decreased along with hen ages. The weight of egg yolk, the moisture
percentage and the yolk pH decreased with the advancing age of the hen. Crude protein
and ether extract increased with the advancing age of the hen. Eggs with vitreous
eggshell showed eggshell with lower quality compared to those with normal eggshell,
without, however, compromise the internal quality of albumen and yolk.
1. INTRODUÇÃO
2. REVISÃO DE LITERATURA
É um alimento que possui baixo custo, mas com 96% de aproveitamento como
nutriente e comparativamente o mais próximo é o leite de vaca, com 94% de
biodisponibilidade, já as carnes, os grãos e os legumes possuem valores biológicos
bem mais reduzidos. O ovo também possui, pelo menos, 45 nutrientes do total exigido
na dieta diária humana (MORENG & AVENS, 1990).
2.2.1 Albúmen
2.2.2 Gema
A gema constitui 30% do peso do ovo, sendo em matéria seca 50%, do qual 65%
é gordura e o restante, proteínas. De acordo com DE BLAS & MATEOS (1991) os
principais lipídios da gema são os triglicerídios (63%), fosfolipídios (30%), pequena
quantidade de colesterol (5%) e ácidos graxos livres (1%), principalmente oléico (44%)
e palmítico (26%).
Segundo GUASSI et al. (2008), a gordura da gema é composta por ácidos
graxos insaturados (62-63%), sendo 49,80% monoinsaturados, 12,83% poliinsaturados
e 37,36% saturados. Ácidos graxos trans representam apenas um traço da fração
lipídica (0,27%). Resultados semelhantes foram encontrados por RODRIGUES et al.
(2005) – 32,96% saturados e 63,71% insaturados – e PITA et al. (2004) – 27,47%
saturados, 52,57% monoinsaturados e 19,95% poliinsaturados. De acordo com
SARCINELLI et al. (2007), o conteúdo total de lipídios do ovo é de apenas 11% do seu
peso, o que não é muito alto. Mais importante do que o simples conteúdo total de
lipídios, deve-se atentar para o fato de que o conteúdo de ácidos graxos saturados é
baixo.
As proteínas e os lipídios da gema devem ser considerados em conjunto, do
ponto de vista químico e funcional. A gema é uma fonte de lipídios facilmente
dispersáveis na água e que permite a emulsão de outras substâncias, isto ocorre
devido ao elevado conteúdo de fosfolipídios e ao fato de que todos os lipídios estão
associados pelo menos a duas proteínas (vitelina e vitelenina) (BELITZ & GROSCH,
1988).
SILVERSIDES (1994), avaliou a qualidade interna de ovos de poedeiras com 30,
45, 60 e 75 semanas de idade e concluiu que o peso do ovo aumenta com a idade; da
mesma forma que a percentagem de gema aumentou até 60 semanas e depois
diminuiu.
SCOTT & SILVERSIDES (2000), em estudo comparando duas linhagens
comerciais, observaram que quanto mais velha a poedeira, maior a percentagem de
13
gema. Da mesma forma que SILVERSIDES & SCOTT (2001) observaram que o peso
da gema aumenta com o aumento da idade.
De acordo com AHN et al. (1997), o conteúdo de sólidos totais da gema pode ser
influenciado pela idade, linhagem e condições de estocagem dos ovos. Por outro lado,
com há perda de CO2 e água do albúmen após a postura e durante a estocagem pode
aumentar a proporção dos principais constituintes da gema como lipídios e proteínas. O
conteúdo de sólidos da gema também pode ser afetado pela mobilização de água do
albúmen. Entretanto o efeito da idade e da dieta sobre as proteínas e lipídeos da gema
não estão totalmente esclarecidos.
Estudos feitos por CARVALHO et al. (2007) sobre o efeito da linhagem e idade
de galinhas poedeiras comerciais sobre a relação gema/albúmen do ovo recém-posto,
mostraram que a percentagem de gema passou de 24,69% para 26,56% com o
aumento da idade.
2.2.3 Casca
A casca do ovo representa entre 9 a 14% do peso total do ovo de acordo com
BRANDALIZE (2001). Segundo BROSTOW et al. (1999), a casca corresponde a 11%
do peso total do ovo sendo composta por 94% de carbonato de cálcio, 1% de fosfato de
cálcio, 4% de substâncias orgânicas e 1% de carbonato de magnésio.
A casca possui uma estrutura básica muito semelhante em todas as espécies
avícolas, de acordo com DE BLAS & MATEOS (1991) a casca é constituída por seis
camadas, que de dentro para fora são as seguintes: membrana testácea interna,
membrana testácea externa, núcleo mamilar, camada mamilar, camada esponjosa e
cutícula.
Cada uma destas membranas é formada por uma superposição de várias
camadas de fibras protéicas entrecruzadas, que estão fortemente ligadas uma a outra,
exceto ao nível da câmara de ar, normalmente localizada na parte mais larga do ovo,
14
relatar queda da qualidade dos ovos com diferenças nas condições ou tempo de
armazenamento.
Para assegurar a qualidade dos ovos JONES et al. (2002) demonstraram que o
tempo e a temperatura são fatores importantes e que devem ser controlados durante o
período de armazenamento, uma vez que a postura ocorre um declínio contínuo na
qualidade do ovo devido à perda de co2 e umidade para o meio ambiente.
O controle de qualidade pode ser feito através da ovoscopia, a qual avalia a
condição do ovo. A luz do ovoscópio, mostrando a condição da casca o tamanho da
câmara de ar, a nitidez, a cor e a mobilidade da gema, bem como as condições da clara
(POMBO, 2003). De acordo com POMBO (2003) para se fazer uma avaliação completa,
analisa-se o aspecto externo, através do peso e da casca e o aspecto interno,
observando as características apresentadas pela câmara de ar, clara e gema.
O peso da casca não indica qualidade nutricional, serve apenas para padronizar
o ovo para comercialização. Para que a casca seja considerada de primeira qualidade,
deve-se apresentar limpa, íntegra, sem trincas e deformações (OLIVEIRA, 2003).
O albúmen deve ser límpido, transparente, consistente, denso e alto com
pequena porção mais fluida. Estes aspectos caracterizam bem ovos frescos, pois com o
tempo decorrido após a ovipostura, ocorre contínua decomposição da clara densa,
aumentando a porção fluida, o que determina redução na altura, se espalhando com
facilidade, alterando inclusive o seu grau de acidez (POMBO, 2003).
Para estimar a qualidade interna de ovos após a quebra existem cinco métodos:
a altura do albúmen denso (AA), que é medida em milímetros (WILGUS & WAGENEN,
1936); o índice de albúmen, que é a medida da razão entre a AA e o diâmetro deste
(HEIMAN & CAVER, 1936); o índice da gema, que é a medida da razão entre a altura
da gema e o diâmetro desta (PARSONS & MINK, 1937); a percentagem de albúmen
denso e fluido, sendo que os ovos velhos têm maior proporção de albúmen fluido
(HOLTS & ALMIQUIST, 1932); e o valor da UH, idealizada por Haymond Haugh em
1937, que é a AA corrigido para o peso do ovo (BRANT et al., 1951).
O parâmetro mais usado para expressar a qualidade do albúmen é a unidade de
Haugh (UH), que estabelece uma relação entre peso do ovo e qualidade do albúmen,
18
determinada pela altura do albúmen (AA). Os fatores que mais influenciam a AA são
linhagem e idade das poedeiras, além da temperatura e demais condições de
armazenamento (WILLIAMS, 1992). De modo geral, quanto maior o valor da unidade de
Haugh, melhor a qualidade do ovo (RODRIGUES,1975)
FIGUEIREDO (2008) em um estudo sobre a qualidade físico-química e
microbiológica de ovos de consumo produzidos por poedeiras de diferentes idades
verificou que, poedeiras novas apresentaram um valor médio de UH de 80,11, enquanto
que nos ovos de poedeiras velhas, foi encontrado um valor de UH de 67,29. De acordo
com os resultados, os ovos de poedeiras novas apresentaram uma melhor qualidade
interna que os ovos de poedeiras velhas durante todo o período de armazenamento.
Estes resultados estão de acordo com SILVERSIDES (1994) e CARVALHO et al.
(2007).
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Local
alojado no setor de postura com 15 semanas de idade em densidade de 375 cm2 por
ave. O início de postura ocorreu com 18 semanas de idade e atingiu o pico de postura
às 28 semanas de idade.
As aves foram submetidas a uma ração inicial até completar oito semanas de
idade, seguido de duas rações de recria sendo a primeira de sete a onze semanas e a
segunda de doze semanas até o início da produção de ovos. As rações seguiram as
recomendações nutricionais e de arraçoamento preconizadas pela empresa de
comercialização da linhagem, expressas no Manual Dekalb White.
Os ovos deste estudo foram coletados de aves de um único lote às 30, 50 e 70
semanas de idade, que se alimentaram da ração, postura pico, postura ll e postura III,
respectivamente, com composições de alimentos e nutrientes conforme (Tabela 3).
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Composição do Premix Vitamínico, Mineral e Aditivos: Níveis de Garantia por Quilo do Produto: ácido
fólico (min) 125mcg; ácido pantotênico (min) 1.610mg; biotina (min) 3,75mg; colina (min) 52,2g; niacina
(min) 5.000mg; Vit-A (min) 2.000.000UI; Vit-B1 (min) 50mg; Vit-B12 (min) 2.500mcg; Vit-B2 (min) 750mg;
Vit-B6 (min) 425mg; Vit-D3 575.000UI; Vit-E (min) 3.750UI; Vit-K3 (min) 250mg; Se (min) 62,5mg; Cu
(min) 19,75g; Fe (min) 7.500mg; I (min) 250mg; Mn (min) 15g; Zn (min) 15g; Halquinol 7.500mg.
Adicionar 4kg/t de ração
ovos foram separados em tipo de casca normal e vítrea e coletados nas idades de 30,
50 e 70 semanas, sendo amostrados ao acaso 45 ovos por tipo de casca em cada
idade.
No dia da amostragem dos ovos, dentro de cada idade em que foram testados,
foi conduzida a coleta diária conforme a rotina da granja. Da primeira coleta de ovos do
barracão teste foram separadas 20 bandejas aleatoriamente, perfazendo 600 ovos, que
eram colocados em um local separado, dentro da sala de classificação de ovos e ali
permaneciam armazenados em condições ambientais por 24 horas, de forma a poder
visualmente separar aqueles ovos de casca vítrea daqueles de casca normal. Após
estas 24 horas da coleta os ovos foram repassados um a um e classificados
visualmente em ovos de casca normais e vítreos, dos quais foram aleatoriamente
selecionados 45 ovos normais e 45 ovos vítreos para cada idade, totalizando 90 ovos
por idade.
Em seguida os ovos foram transferidos ao laboratório de Nutrição Animal da
Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, onde foram
realizadas as análises físicas e bromatológicas.
a) Peso individual dos ovos: realizado em balança eletrônica marca Marte, com escala
de 0,5g, todos os ovos foram numerados segundo a ordem de idade das coletas e
pesados individualmente.
b) Gravidade específica (GE) dos ovos: determinada a partir da imersão individual de
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cada ovo da amostra em soluções salinas de acordo com o método proposto por
HAMILTON (1982). Cinco soluções salinas nas densidades de 1.075, 1.080, 1.085,
1.090 e 1095 foram preparadas. A densidade foi determinada na solução em que cada
ovo flutuava, determinando-se então a média geométrica dos ovos das amostras de
cada idade, segundo a fórmula:
c) Peso dos componentes dos ovos: A seguir os ovos foram seccionados com tesoura
manual reta de ponta fina no sentido diagonal e seu conteúdo interno removido,
separado em casca, albúmen e gema, pesados individualmente em balança eletrônica
marca Marte, com escala de 0,5g, e seus respectivos pesos expressos em gramas.
d) Percentagem de casca íntegra: A partir do peso da casca e do ovo íntegro
determinou-se a percentagem de casca.
A seguir a casca de cada ovo foi lavada em água corrente para a retirada da
membrana interna da casca, e colocadas em estufa à temperatura de 1050C durante
duas horas, para o processo de secagem.
e) Número de poros por cm2: Após a secagem das cascas, aplicou-se na face interna
das mesmas uma solução de azul de metileno (1g/100ml de etanol a 70%) para que
houvesse uma difusão da cor azul através de cada um de seus poros. Após a secagem
do corante preparou-se a casca para contagem de poros na face externa de acordo
com o método de PEEBLES E BRAKE (1985). Uma área delimitada de 1 cm2 foi
marcada no pólo maior, pólo menor e na região equatorial do ovo, e com o auxílio de
uma lupa com aumento de 3,6 vezes, realizou-se a contagem visual dos poros.
f) Espessura da casca: Com auxílio de um micrômetro eletrônico (Mitutoyo), foi feita
medida da espessura da casca nas mesmas regiões onde se contou os poros, sendo
essa medida expressa em milímetros(mm).
23
e) Proteína Bruta (%): A proteína bruta foi determinada pelo método de Kjeldahl
que consiste na digestão das amostras nitrogenadas com acido sulfúrico concentrado
em presença de catalisador. O método é dividido em três etapas: digestão, destilação e
titulação. A digestão ácida transforma o nitrogênio em sulfato de amônio e nitrogênio
amoniacal por destilação em meio alcalino. Em seguida o nitrogênio é quantificado por
titulação em ácido padronizado.
para a estufa a 105ºC para mais seis horas. Retiradas, as amostras foram colocadas no
dissecador para esfriar e a seguir pesadas em balança eletrônica marca Marte, com
escala de 0,5g determinando-se o a quantidade de matéria seca e a percentagem de
umidade em relação ao peso inicial da amostra.
i) Proteína Bruta (%): A proteína bruta foi determinada pelo método de Kjeldahl
que consiste na digestão das amostras nitrogenadas com acido sulfúrico concentrado
em presença de catalisador. O método é dividido em três etapas: digestão, destilação e
titulação. A digestão ácida transforma o nitrogênio em sulfato de amônio e nitrogênio
amoniacal por destilação em meio alcalino. Em seguida o nitrogênio é quantificado por
titulação em ácido padronizado.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
variar em função da idade e linhagem da poedeira (LARBIER & LECLERCQ, 1992), fato
que poderia explicar as divergências de proporções entre os resultados apresentados e
os dados da literatura citados.
Segundo CARVALHO et al. (2003) do início ao final do ciclo produtivo o peso do
ovo aumenta em até 20% à medida que a poedeira envelhece, não ocorrendo, no
entanto, aumento proporcional da casca. Este fato não foi observado nos resultados
expostos na Tabela 4, onde o aumento significativo do ovo foi acompanhado por
aumento percentual da casca. Este fato pode ter ocorrido devido a linhagem utilizada,
aliada a nutrição adequada à idade da poedeira, proporcionou condições ideais para a
manutenção da qualidade da casca.
Com relação aos componentes dos ovos, ovos de casca normal e vítrea
apresentaram a mesma proporção. Na qualidade interna dos ovos nenhuma diferença
significativa foi observada nas variáveis avaliadas, sendo que ambos os tipos de casca
apresentaram o mesmo comportamento com o avanço da idade da poedeira.
4.2 Casca
Foram observadas interações significativas entre tipo de casca e idade das aves
para matéria mineral, espessura e poros de casca. Na tabela 6, podemos verificar que
para o tipo de casca normal, o teor de matéria mineral foi igual em 30, 50 e 70 semanas
de idade. Já para o tipo de casca vítrea, o maior teor de matéria mineral foi em 70
semanas em relação a 30 e 50 semanas de idade. Nas idades de 30 e 50 semanas
ovos de casca normal tiveram o maior teor de matéria mineral em relação a ovos de
casca vítrea, fato este que comprova a maior fragilidade da casca vítrea em relação a
casca normal. Porém, em 70 semanas não foi observado diferença entre os tipos de
casca e percentual desta variável.
Estes achados permitem concluir que com o aumento da idade e
consequentemente com o aumento do ovo a deposição mineral da casca foi mantida
constante, tendo pouca diferença entre idades. Acredita-se que este fato seja devido a
suplementação na ração de cálcio de acordo com as necessidades das aves em cada
idade, outro fator determinante foi a capacidade das aves em depositar esse cálcio na
casca, sendo ela jovem ou velha. FERREIRA (2008) encontrou resultados semelhantes
aos apresentados neste estudo.
31
Com relação à espessura da casca, foi possível perceber neste experimento que,
em ambos os tipos de casca, esta variável reduziu naqueles ovos entre 30 e 70
semanas de idade, muito embora, na idade 50 semanas tenha havido um aumento
significativo. Este fato pode estar associado à amostragem, haja vista, o
comportamento esperado. Comparando-se os ovos de casca normais com aqueles de
casca vítrea, ficou demonstrado que a partir de 50 semanas de idade os ovos de casca
vítrea apresentaram cascas significativamente mais finas, este fato comprova a
fragilidade deste tipo de casca comparado à casca normal. Como nosso estudo tomou
como base estas três idades das aves (30, 50 e 70) não foi possível estabelecer
efetivamente desde qual idade estas diferenças de espessura da casca de ovos torna-
se evidente. Contudo este achado vem demonstrar uma possível fragilidade destas
cascas (Tabela 7).
Resultado distinto foi obtido por (FERREIRA, 2008) que em avaliação desta
variável. O autor verificou redução na espessura da casca dos ovos quando estes eram
produzidos por poedeiras com idade maior ou igual a 50 semanas. GHEISARI et al.
(2011) também encontraram resultados contrários quando compararam a espessura da
casca de galinhas. Estes autores verificaram menor espessura de casca em aves de 49
a 50 semanas de idade. De acordo com MATEOS (1991), a menor espessura de casca
em aves velhas se relaciona com menor atividade enzimática da anidrase carbônica
associada ou não a menor absorção intestinal de cálcio, mobilização óssea e menor
taxa de retenção deste mineral. AKYUREK & OKUR (2009) encontram resultados
semelhantes ao nosso estudo quando avaliaram a espessura da casca em galinhas
com 22 e 50 semanas.
A porosidade da casca aumentou com o aumento da idade, tanto para os ovos
de casca normal como os de casca vítrea (tabela 8), tendo os maiores números de
poros as 70 semanas e os menores em 30 semanas. Contrariamente FERREIRA
(2008) procedeu à contagem dos poros de casca de ovos produzidos por galinhas de
diferentes idades e concluiu que independente do tamanho dos ovos avaliados houve
diminuição do número de poros com o avanço da idade da poedeira.
Comparando-se os ovos de casca normal com aqueles de casca vítrea observa-
se que nas três idades pesquisadas, o número de poros foi sempre maior naqueles
normais. Muito embora não tenhamos realizado medições do tamanho dos poros, o
manuseio das cascas ao longo do experimento e a visualização dos pontos que
caracterizam a casca vítrea permite inferir que este menor número de poros estava
associado a um diâmetro maior dos poros na casca destes ovos.
Os poros são a única comunicação entre o interior do ovo e o ambiente, sendo
responsáveis pelas trocas gasosas entre do interior para o exterior dos ovos (LLOBET
et al., 1989). Os resultados permitiram inferir que os ovos de casca vítrea possuem
poros maiores que os da casca de ovos normais, o que possibilitaria maior perda de
CO2 e água para o ambiente, além de facilitar a entrada de microorganismos, reduzindo
assim sua vida útil de prateleira.
33
Idade
Tipo
30 50 semanas 70 semanas CV (%) P valor
(Casca)
semanas
Normal 105,6aC 118,5aB 139,0aA
3,52 <,0001
Vítreo 99,2bC 115,5bB 123,9bA
*Médias seguidas de letras minúsculas (maiúsculas) diferentes na coluna (linha), diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
significância (P<0,05).
4.4 Albúmen
4.5 Gema
Tabela 11 – Níveis de umidade, proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE) e pH da gema
de ovos de galinhas Dekalb White as 30, 50 e 70 semanas de idade, Uberlândia – MG,
2012.
Umidade P.B. pH E.E.
(%) (%) (%)
Tipo de Normal 51,77a 17,67 6,01a 29,96a
casca Vítrea 50,89b 17,12 6,01a 29,85a
Idade 30 semanas 54,98a 15,95 6,21a 29,28b
50 semanas 49,50b 17,87 5,82c 30,18a
70 semanas 49,51b 18,36 6,02b 30,25a
CV(%) 1,66 2,62 1,76 1,85
P valor Tipo 0,0004 <,0001 0,9673 0,4758
Idade <,0001 <,0001 <,0001 <,0001
Tipo x Idade 0,2141 <,0001 0,1847 0,6872
* Médias seguidas de letras diferentes na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância (P<0,05).
Houve interação significativa entre tipo de casca e idade das poedeiras para
proteína bruta da gema (Tabela 12).
Idade
Tipo
30 50 semanas 70 semanas CV (%) P valor
(Casca)
semanas
Normal 17,14aB 17,51bB 18,37aA 2,62 <,0001
Vítreo 14,78bB 18,24aA 18,37aA
*Médias seguidas de letras minúsculas (maiúsculas) diferentes na coluna (linha), diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
significância (P<0,05).
comportamento inverso, ou seja, houve redução desta variável com o avanço da idade
das galinhas poedeiras. Resultados distintos foram encontrados por FERREIRA (2008)
que ao estudar a influência da idade da poedeira sobre a qualidade dos ovos, observou
que o percentual de proteína bruta do albúmen e gema permaneceu constante. O
extrato etéreo da gema apresentou teores iguais tanto para ovos de casca normal
quanto para ovos de casca vítrea. Todavia, ao comparar as idades verificou-se que as
gemas de 50 e 70 semanas tinham uma maior concentração de gordura em relação a
gema dos ovos de 30 semanas de idade.
Poucos trabalhos discutem os valores percentuais dos principais componentes
dos ovos com o aumento da idade das poedeiras. No entanto, o que parece ser
consenso comum é que com o aumento da idade da poedeira ocorre aumento no peso
dos ovos e perda da qualidade dos mesmos, fenômeno considerado irreversível
(LLOBET et al., 1989). Mas FERREIRA (2008) destacou em sua pesquisa que, apesar
de ter havido aumento no peso dos ovos e diminuição da qualidade da casca com o
aumento da idade das aves, houve um esforço da poedeira em aumentar a
concentração de nutrientes do ovo. Este ficou evidente no presente trabalho, uma vez
que mostrou aumento no percentual de proteína bruta e extrato etéreo da gema com o
avançar da idade da poedeira, embora diferente dos achados de FERREIRA (2008).
Os ovos com tipo de casca normal e vítrea, apresentaram diferença nos valores
de pH. Ao avaliar-se o fator idade, percebe-se que entre 30 semanas e 70 semanas há
uma ligeira queda no pH, que embora seja significativa pode ser considerada discreta
se levarmos em consideração variações de amostragem e até mesmo condições
ambientais decorrentes das épocas de colheita das amostras, em especial baseado nos
procedimentos adotados para a composição das amostras a serem avaliadas. As
amostras foram guardadas durante 24 horas em uma sala sem controle ambiental para
a distinção entre ovos de casca normal e ovos de casca vítrea. AKYUREK & OKUR
(2009) encontraram resultados semelhantes ao presente trabalho. SOUZA et al.,
(1994), SILVERSIDES & SCOTT (2001) e FERREIRA (2008) ressaltam que a variável
pH não sofre influencia da idade da poedeira, sendo, portanto, o parâmetro ideal para
38
avaliação de ovos frescos, o que nos faz creditar as diferenças por nós encontradas,
por não termos trabalhado com ovos frescos.
5. CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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