Psicopatologia INTCC 1

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PSICOPATOLOGIA

Ricardo Krause
Declaração de potencial conflito de
interesses

Abbot Lundbeck
Astra-Zeneca Novartis
Boering-Ingelheim Pfizer
Bristol Meyers Sandoz
Torrent
Eli Lilly
Wyeth
-Objetivo: Refinamento Diagnóstico

-Instrumentalização de uma pratica bem


sucedida

-Curiosidade, boa base teórica e uma


pitada de inconformismo
-O novo perfil do paciente

-A procura de um diagnóstico (ex da depressão)

-Alquimistas, Narcisistas, Hedonistas e Perversos


Zygmunt Baumann

-A vida líquida

-Representação mais que objeto

-A ascenção do simulacro

-“Um não lugar ideal de uma forma


perfeita”
Psicopatologia

-Objetivos

-Historico

-Conceitos Fundamentais

-O Normal e o Patológico

-O Processo Diagnóstico
Psicopatologia

-Os Sistemas Classificatórios CID X e DSM 5

-O Exame Psíquico e suas nuances

-As Principais Síndromes

-Sessão de casos Clínicos


Caso Clinico 1

-Identificação: CG, 13 anos, BR, católica, cursando a 7ª serie, natural do Rio


de Janeiro residente em Ipanema

-QP : “Insônia e agitação”

-HDA : Segundo relato da mãe, a paciente que sempre foi uma aluna aplicada
e comportada,começou há um ano a se mostrar inquieta e irritadiça ,
esquivando-se do convívio familiar que antes apreciava(inclusive
compromissos religiosos) . Passa a usar roupas chamativas e a se pintar em
excesso ,mostrando excessivo interesse sexual evidenciado por acessos a sites
da internet e conversas com amigas(monitoradas pelos pais sem
conhecimento da mesma) . Vai dormir muito tarde e tem dificuldade para
acordar pela manhã . Vive “no mundo da lua” e reage agressivamente quando
questionada pela mãe .Apresenta bom desempenho escolar ,sem queixas do
colégio salvo uma suspensão por ter sido pega trocando “intimidades” com
um colega .
Hipótese Diagnóstica?
TDAH
TOD
THB
“De manhã cedo já ta pintada
Só vive suspirando
Sonhando acordada
O pai leva ao dotôr a filha adoentada
Não come nem estuda
não dorme e nem quer nada...
Mas o dotôr nem examina
Chamando o pai de lado lhe diz logo em surdina
Que o mal é da idade
que prá tal menina
não tem um só remédio em toda medicina
Ela só quer, só pensa em namorar...”

(Luiz Gonzaga- O Xote das meninas)


Histórico

•A Psiquiatria na interface das Ciências Biológicas e do


Comportamento Humano

•O Pendulo Galênico-Hipocrático

→Modelo de diagnóstico hipocrático


→Dinamistas X Mecanicistas
→Psiquiatria sem alma X Psiquiatria anencefálica
→A “Maldita Herança Cartesiana”
Histórico
→Kraepellin e o constructo Demência Precoce (etiologia e
substrato)

→Freud :”Senhores eu vos trago a Peste”(Do diagnóstico para o


sintoma)

→Bleuler ,Jaspers e K. Schneider

→Adolf Meyer e o DSM I e II

→K. Menningher e o continuum

→ T Szazs,R Laing , F. Basaglia e M Mannoni


Histórico

→Soldados americanos no pós-guerra

→A Psiquiatria sai do hospício

→O advento das medicações

→Neuroimagem e Neurociência
Histórico-Primeira metade do século
XX
-Nascimento da Psicanálise com embasamento
teórico atrativo
-Tratamentos biológicos empíricos com embasamento
teórico pobre
-Conceituação pouco objetiva das enfermidades
psiquiátricas
-Ausência de metodologia para aferição de resultados
de tratamentos
-Discussão muito emocional entre a corrente
psicológica e biológica
Histórico-Segunda metade do século
XX
-Proliferação de técnicas psicoterápicas (Waissman: 285 (1980)→403
(2005)→ 493(2019)

-Tratamentos farmacológicos com embasamento teórico satisfatório

-Conceituação mais objetiva dos Transtornos Psiquiátricos

-Metodologia para aferir resultados de tratamentos

-Discussão mais racional entre a corrente psicológica e biológica


Postura Organicista

→ A Doença Mental é uma doença do cérebro e os


sintomas seriam uma manifestação de disfunção
cerebral sendo indicados tratamentos biológicos e
farmacológicos
Postura Psicológica

→Doença mental decorre de conflitos psíquicos ligados à


experiências traumáticas, os sintomas são a linguagem
através da qual se exprimem os conflitos. O tratamento
indicado seriam as psicoterapias
Postura da Psiquiatria Social

→ A doença decorrente como dificuldade de adaptação a um ambiente penoso


sendo os sintomas estratégias para contornar essas dificuldades de
adaptação.Tratamento consistiria na tentativa de atenuação das pressões
ambientais e no fortalecimento do individuo.
Percepção das causas da doença
mental(NYU)

→10% consideram uma disfunção biológica

→90% consideram:
1)Fraqueza emocional e da vontade
2)comportamento pecaminoso
3)Influencia nociva dos pais
Condutas mais freqüentes na busca de
tratamento

→10% buscam tratamento médico

→90% buscam :
1)Auto-ajuda
2)Praticas religiosas
3)Medidas psicoterápicas
Tipos de medicamentos
em Psiquiatria
1)Sintomáticos: Ansiolíticos e indutores do sono

2)Paliativos: Antipsicóticos e antidepressivos

3)Placebos: Pesquisa e medicina alternativa


Metas do Tratamento Farmacológico:

1)Alivio dos sintomas de transtornos psiquiátricos

2)Prevenção de recaídas e recorrência desses transtornos (ex da Depressão)


Pressupostos básicos que
justificam a prescrição de uma
droga :
→Existencia de sintomas que interferem no funcionamento
do individuo

→Existencia de uma disfunção bioquímica subjacente ao


sintoma

→Possibilidade da correção da disfunção através do


medicamento

→O dano provocado pela droga é menor que o dano do


sintoma

→O PROCEDIMENTO É MAIS EFICAZ DO QUE OS OUTROS


EXISTENTES
Metas dos tratamentos
psicoterápicos

→A pesquisa das origens e a tentativa de alivio dos


conflitos psicológicos

→Inerentes ou não a transtornos psiquiátricos


Abordagens

→Medicamento X Psicoterapia = Discussão anacrônica do século passado

→Medicamentos não resolvem conflitos psicológicos

→Psicoterapias nem sempre aliviam sintomas nem impedem recaídas

→A experiência controlada do TOC

→ O fracasso no tratamento dos T de Personalidade(Temperamento X


Caráter)
Conceitos

→Nosologia: sistema de conceitos e teorias na qual se


apóia a estratégia de classificar sintomas, sinais,
síndromes e doenças

→Síndrome: Conjunto de sinais (objetivos) e sintomas


(subjetivos) que interferem na vida das pessoas e/ou
provocam sofrimento psíquico clinicamente significativo

→Doença X Transtorno
Transtorno pelo DSM 5

→ É uma síndrome, um padrão comportamental ou


psicológico clinicamente importante, que ocorre em um
individuo e que está associado com sofrimento,
incapacitação, morte, dor, deficiência ou uma perda
importante da liberdade
Os 3 conceitos de Entraugo sobre doença

1)Deficiências funcionais,seqüelas de patologia anterior, agenesia,


mutilações, deformações congênitas ou adquiridas → enfermitas
(latim), enfermity (inglês), enfermidade

2)Estados de desarmonia e de desequilíbrio entre as funções ou estruturas


do organismo vivo(oposto de sanidade)→nosos(grego), morbos(latim),
disease (inglês)

3)Experiência subjetiva ou objetiva de mal estar, tensão,dor ou sofrimento


(sentir-se doente) →pathos, dolência, illness ou sickness
Doença mental

→Alterações que comprometem a consciência e a conduta,


consciência na vertente fisiológica, fenomenológica e
moral.

→O indivíduo que sofre, faz sofrer ou ambos (K Schneider )

→Perda da liberdade interior do indivíduo (Henry Ey)


Normalidade

-O que é normalidade ?

-Quais os limites da normalidade ?

-É necessário definir normalidade ?


Normalidade – Importância de definição

1)Psiquiatria legal ou forense (imputável ou inimputável?)

2)Epidemiologia psiquiátrica (Um aeroporto na Suécia)

3)Psiquiatria Cultural e Etnopsiquiatria (contexto sócio-cultural)

4)Planejamento em saúde mental e políticas de saúde (Suicídio)

5)Orientação e capacitação profissional(direção/armas)

6)Pratica Clinica(momento existencial ou patologia?)


Critérios de Normalidade

→Opções filosóficas, ideológicas e pragmáticas

→Normalidade como ausência de doença (“A vida no silêncio dos órgãos”)

→Normalidade ideal( utopia arbitrária sociocultural e ideológica)

→Normalidade estatística(norma e freqüência )


Critérios de Normalidade

→Normalidade como bem estar (completo físico, mental e


social: utopia vasta e imprecisa)

→Normalidade funcional (disfuncionalidade produzindo


sofrimento)

→Normalidade como processo (desestruturações e


reestruturações ao longo do tempo)

→Normalidade subjetiva (percepção subjetiva do próprio


paciente)
Critérios de Normalidade

→Normalidade como liberdade (transitar com liberdade


sobre o mundo e o destino) A doença como
constrangimento do ser e fossilização das possibilidades
existenciais

→Normalidade operacional (critério assumidamente


arbitrário, finalidade pragmática explicita)
Classificações
→Os Sistemas Classificatórios

→Categorial X Dimensional

→Abordagem ateórica?

→DSM V e CID XI
Abordagem Categorial

-Distinção qualitativa entre as classes

-Critérios homogêneos de inclusão e exclusão

-Facilmente utilizável

-Mais rígida

-Deixa maior numero de casos sem classificação


Abordagem Dimensional

-Distinções quantitativas entre as classes

-Distribuições ao longo de um continuum (ex do TOC)

-Mais complexa quanto a utilização

-Mais flexível

-Abrange toda a distribuição dos casos


Diagnóstico

→Diagnosticar :
Reconhecer os sinais e sintomas de uma doença situando-a
dentro do referencial de uma classificação

→Em qualquer ciência classificar é essencial para


aprendermos com a própria experiência e para nos
comunicarmos com os demais

→Estudo US X UK (Esquizofrenia)
Diagnóstico

→Da negação do diagnóstico à extrema valorização do


diagnóstico psiquiátrico

→O diagnóstico como constructo e o risco da reificação:


“Os vários conceitos e categorias que construímos são
apenas ferramentas que escolhemos para observar e
interpretar o mundo real, os conceitos não são, em si,
realidades “( T Millon)
Psicopatologia

→Conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento


mental do ser humano

→Conhecimento que se esforça para ser sistemático,


elucidativo e desmistificante

→Não inclui critérios de valor nem aceita dogmas nem


verdades a priori

→Conhecimento sujeito a revisões,críticas e reformulações


Psicopatologia

→Campo de conhecimento autônomo

→Não é um prolongamento da
neurofisiologia,neurologia,psicologia ou psiquiatria

→Objeto de estudo é o Homem em sua totalidade

→Nunca se pode reduzir inteiramente o Ser Humano a


conceitos psicopatológicos

→O diagnóstico só é válido se for visto como algo mais que


rotular o paciente
Psicopatologia

“Quanto mais reconhece e caracteriza o típico , o que se acha de acordo com


os princípios ,tanto mais reconhece que em todo individuo se oculta
algo que não se pode conhecer”
( Karl Jaspers)

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