APRESENTAÇÃO PÉLVICA - Gabriel T.G.F

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APRESENTAÇÃO PÉLVICA

OBSTETRÍCIA

APRESENTAÇÃO PÉLVICA
A apresentação pélvica ocorre quando o feto se insinua na pelve de nádegas ou com
membros inferiores. Cerca de 30% dos fetos com menos de 28 semanas são pélvicos,
porcentagem que diminui para 16% com 32 semanas de gestação e para 3 a 4% em fetos a
termo. A versão espontânea pode acontecer em qualquer momento da gestação, sendo que após
as 36 semanas, a versão cefálica ocorre em até 25% dos fetos em apresentação pélvica.

O formato piriforme do útero favorece o posicionamento do feto na cavidade uterina,


explicando a predominância das apresentações cefálicas nos fetos a termo. Isso ocorre porque
o útero tenta acomodar o polo pélvico, que é mais volumoso e móvel, no fundo uterino, que é
mais amplo. Por outro lado, nos prematuros, a frequência da apresentação pélvica aumenta, uma
vez que nesse período o polo cefálico é maior.
Fatores que podem predispor uma apresentação pélvica:
Prematuridade;
Multiparidade (devido ao relaxamento da musculatura uterina);
Malformações e tumores uterinos (útero septado, útero bicorno, miomatose uterina);
Pelve contraída,
Malformações fetais congênitas (especialmente hidrocefalia e anencefalia);

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Gemelaridade;
Brevidade de cordão;
Inserção anômala da placenta;
Alterações da quantidade de líquido amniótico (polidrâmnio e oligoidrâmnio);
Crescimento intrauterino restrito;
Apresentação pélvica na gravidez anterior também é um fator predisponente, sendo esta
sete vezes mais comum em pacientes com história prévia de parto pélvico;

DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de apresentação pélvica pode
ser confirmado por meio de diferentes métodos de
avaliação. A palpação abdominal através das
MANOBRAS DE LEOPOLD revela um polo
cefálico duro e com "rechaço" localizado no
fundo uterino, enquanto a nádega é percebida
como uma formação irregular e redutível no
estreito superior da pelve materna, sugerindo
fortemente a apresentação pélvica. A ausculta
cardíaca acima da cicatriz umbilical também é um sinal indicativo. No toque vaginal, pode-se
identificar as diferentes formas de apresentações pélvicas - incompletas, onde é possível palpar
o sacro, as tuberosidades isquiáticas, o sulco interglúteo e até mesmo a genitália externa; e
completas, onde são tocados os pés junto à nádega. Além disso, a ultrassonografia pode ser
utilizada como um método complementar para o diagnóstico.

VIA DE PARTO
A via de parto para apresentação pélvica deve ser cuidadosamente avaliada. Sempre que
possível, deve-se encorajar a versão cefálica externa caso a paciente deseje o parto vaginal. No

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entanto, se a versão não for bem-sucedida, a cesárea é preferível devido à pouca prática dos
obstetras nesse tipo de parto e ao alto risco de complicações. Não há uma indicação absoluta
para cesárea em apresentação pélvica, sendo importante levar em consideração o desejo da
paciente e a experiência do obstetra. Algumas situações em que a cesárea é indicada incluem vício
pélvico, peso fetal abaixo de 2.000g ou acima de 3.500g, prematuridade entre 26 e 34
semanas, ruptura prematura de membranas, malformações fetais, hiperextensão da cabeça
fetal, trabalho de parto disfuncional e apresentação pélvica incompleta. A primiparidade
também é um fator a ser considerado, exceto para pacientes que apresentam condições ideais
para um parto transvaginal.

ASSISTÊNCIA AO PARTO PÉLVICO


O parto pélvico processa- se em três segmentos, com dificuldades crescentes à medida
que progride. De acordo com sua sequência, são eles: desprendimento do polo pélvico,
desprendimento dos ombros e desprendimento da cabeça. O maior problema no parto vaginal
é a possibilidade de o corpo do feto passar por um colo uterino incompletamente dilatado, levando
à não passagem da cabeça. Por essa razão, é imperativo evitar a tração prematura dos pés ou
do corpo fetal. A regra cardinal do parto pélvico é EVITAR MANIPULAR O FETO ATÉ QUE A
EXPULSÃO TENHA OCORRIDO ATÉ O NÍVEL DO UMBIGO
CRITÉRIOS
Modo de nádegas ou completo (o modo de pés ou a modalidade composta contraindicam o
parto transpélvico).
Peso fetal entre 2.500 e 3.500 g
Idade gestacional > 36 semanas
Cabeça fetal fletida.
Pelve materna adequada.
Trabalho de parto eutócico com boa proporção feto - pélvica.
Ausência de malformações (como hidrocefalia, meningomielocele, etc.).
Dilatação completa.
Obstetra experiente com auxiliar treinado
Disponibilidade de anestesia / analgesia.
Acompanhamento de neonatologista.
MANOBRA DE BRACHT

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Uma vez desprendidas as nádegas com o bitrocanteriano no diâmetro anteroposterior do


estreito inferior, há uma rotação espontânea de 90°, ficando o dorso fetal dirigido para cima,
principalmente nas apresentações pélvicas incompletas, em que os membros ficam junto ao
abdome fetal. As nádegas sobem em direção à sínfise púbica, e, uma vez desprendida parte
do tronco, quando a parturiente está em posição supina, o feto tende a “cair” por ação da
gravidade.
Antes da manobra: alça de cordão;
Os braços devem desprender- se espontaneamente com os ombros atravessando o estreito
inferior da bacia no diâmetro transverso. A seguir, durante o desprendimento da cabeça, o auxiliar
pode exercer uma leve pressão suprapúbica, quando, com o movimento do tronco fetal em
direção ao hipogástrio materno, há liberação do mento, da boca e das demais partes da face e o
polo cefálico do nascituro.
MANOBRA DE ROJAS
Para a liberação de braços estendidos, ou na falha da manobra de Bracht para liberação
dos ombros e da cabeça, faz-se tração axial constante e efetua-se a rotação, de 180°, do tronco
fetal da direita para a esquerda, e vice-versa, havendo transformação do ombro posterior em
anterior até que o anterior fique sob o púbis e permita a introdução do dedo indicador na dobra
do cotovelo e, por leve tração, a liberação do membro. Segue-se, pela manobra de rotação, a
transformação do membro posterior em anterior e, em ato contínuo, a sua liberação;

MANOBRA DE DEVENTER-MULLER
É uma manobra menos utilizada para a liberação dos membros superiores. O feto é
segurado pela pelve e roda-se o tronco, deixando-se o biacromial no diâmetro anteroposterior da
pelve; efetua-se a tração para baixo até a cintura escapular e, com um movimento de oscilação,
procede-se à liberação do membro anterior. Segue-se o movimento de tração e oscilação para
cima e liberação do braço posterior

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MANOBRA DE PAJOT
Introduz- se a mão na vagina, coloca-se o polegar na axila, o dedo indicador ao longo
do úmero e o médio na prega do cotovelo, onde a tração é exercida.

MANOBRA DE MAURICEAU
A manobra de Mauriceau consiste em desprender a cabeça derradeira. O corpo do feto é
apoiado sobre a face ventral do antebraço do médico. Os dedos indicador e médio são
introduzidos na boca do feto, sobre a língua. Os dedos indicador e médio da mão oposta são
colocados na fúrcula da região cervical do feto. Segue-se o movimento conjunto de flexão
(dedos da boca) e de tração e flexão da cabeça (dedos da fúrcula) de tal maneira que o occipital
fique subpúbico; O médico se aproxima da região perineal materna e executa com as mãos um
movimento de circundução da cabeça fetal em torno do púbis para a liberação do polo
cefálico. Simultaneamente, o auxiliar fará pressão sobre o abdome, na entrada da pelve, para
auxiliar a liberação da cabeça fetal;

Na assistência ao parto pélvico, em situações de “cabeça derradeira”, com a cabeça


insinuada, essa extração além de ser realizada por meio da manobra de Mauriceau pode ser feita
pelo Fórcipe de Piper.

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