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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

CAMILA RORATO

CUIDADOS DE TRANSIÇÃO ENTRE UNIDADES INTRA-HOSPITALARES COMO


ESTRATÉGIA PARA CONTINUIDADE DO CUIDADO

CURITIBA
2021
CAMILA RORATO

CUIDADOS DE TRANSIÇÃO ENTRE UNIDADES INTRA-HOSPITALARES COMO


ESTRATÉGIA PARA CONTINUIDADE DO CUIDADO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Enfermagem – Prática do Cuidado em
Saúde, do Setor Ciências da Saúde da Universidade
Federal do Paraná, como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Enfermagem.

Linha de pesquisa: Gerenciamento dos Serviços de


Saúde e de Enfermagem do Grupo de Pesquisas em
Políticas, Gestão e Práticas em Saúde (GPPGPS).

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Elizabeth Bernardino

CURITIBA
2021
FICHA CATALOGRÁFICA
TERMO DE APROVAÇÃO
AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Maria e Valmir por terem me incentivado desde sempre aos estudos,
por todo amor e esforço feito para nos garantir educação de qualidade.

À minha irmã, Ana Carolina meu exemplo de mulher, mãe e profissional. Minha
melhor amiga e incentivadora.

Ao meu sobrinho Lucas, que trouxe mais vida à minha vida.

Ao meu grande amigo, parceiro e grande amor Guilherme, que me estimula sempre
a querer mais, a vida ao seu lado é uma linda caminhada que fazemos de mãos dadas.

À minha orientadora Prof.ª Dra. Elizabeth Bernardino, pela paciência, empatia,


generosidade e contribuição para a construção desta pesquisa. Sua trajetória
profissional e acadêmica são inspirações para toda a Enfermagem.

À banca examinadora Prof.ª Dra. Luciana Schleder Gonçalves, Prof.ª Dra.


Cremilde Aparecida Trindade Radovanovic e Prof.ª Dra. Aline Marques Acosta
pelas considerações e por enriquecer este trabalho com suas contribuições.

Aos membros do Grupo de Pesquisa em Políticas, Gestão e Prática em Saúde


(GPPGPS) da Universidade Federal do Paraná, pelas preciosas discussões, sempre
atuais.

À Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Prática do Cuidado e Saúde


(PPGPCS), por investir na qualidade da formação dos profissionais e por acreditar na
intervenção e no melhoramento em serviço como produto.

Às minhas queridas amigas e colegas da turma 2019/2021 do Programa de Pós-


Graduação em Prática do Cuidado e Saúde, pela força, incentivo, estudos, além de
muitas risadas que compartilhamos.
Aos profissionais, estudantes e professores do Complexo Hospital de Clínicas
da Universidade Federal do Paraná pelo incansável trabalho em prol da assistência
de excelência e luta pela valorização do Sistema Único de Saúde.

Aos meus queridos amigos de longe e de perto, por terem me entendido durante os
períodos de ausência e me apoiado nos momentos importantes.
EPÍGRAFE

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar em uma alma
humana, seja apenas outra alma humana”.
(Carl Jung)
RESUMO

INTRODUÇÃO: Cuidados de transição são definidos como um conjunto de ações


destinadas a garantir a coordenação e continuidade do cuidado. Durante as
transições, podem ocorrer lacunas que contribuem para o cuidado de baixa qualidade
e aumento dos custos de internação, além de representar uma fonte de erros médicos
e fragmentação do cuidado e, podem resultar em danos aos pacientes. OBJETIVOS:
(i)Verificar a percepção dos profissionais de saúde sobre cuidados de transição; (ii)
Elaborar checklist para transição de pacientes entre unidades. MÉTODO: Pesquisa
exploratória de abordagem qualitativa, com participação de 20 profissionais de saúde
de unidades de internação e terapia intensiva de um Hospital Universitário de Curitiba-
PR. A obtenção de dados foi realizada por meio de questionário eletrônico e a análise
dos dados a partir da Análise Temática proposta por Braun e Clarke, como ferramenta
de apoio foi utilizado o software Iramuteq®. RESULTADOS: a percepção dos
participantes é prioritariamente negativa sobre o processo de transição, os
participantes desconhecem protocolos estabelecidos para a transferência de
pacientes na instituição, consideram a equipe multidisciplinar essencial para a
segurança das transições, consideram que um checklist tem potencial para
proporcionar transições mais seguras. Foi elaborado uma checklist de transferência
interna de pacientes como produto da presente pesquisa com 40 itens. CONCLUSÃO:
Os objetivos da pesquisa foram atingidos a partir da verificação da percepção dos
profissionais de saúde acerca das transições propondo reflexões e possibilidades de
novas pesquisas e, na elaboração de um checklist para transferência interna de
pacientes. No campo da enfermagem, pôde ser verificado o protagonismo da
enfermagem nos processos de transição. A revisão de literatura abordou ferramentas
com potencial de auxiliar em processos mais seguros para pacientes, familiares e
profissionais.

Palavras-chave: administração de serviços de saúde; continuidade da assistência ao


paciente; cuidado transicional; planejamento antecipado de cuidados; planejamento
de assistência ao paciente.
ABSTRACT

BACKGROUND: Transitional care is defined as a set of actions designed to ensure


coordination and continuity of care. During transitions, gaps can occur that contribute
to low-quality care and increased inpatient costs, and represent a source of medical
errors and fragmentation of care, and can result in patient harm. AIMS: (i)To verify the
perception of health professionals about transitional care; (ii) To elaborate a checklist
for transitioning patients between units. METHOD: Exploratory research with a
qualitative approach, with the participation of 20 health professionals from inpatient
and intensive care units of a University Hospital in Curitiba-PR. Data collection was
performed using an electronic questionnaire and data analysis was based on Thematic
Analysis proposed by Braun and Clarke, using the Iramuteq® software as a support
tool. RESULTS: the participants' perception is mostly negative about the transition
process, participants are unaware of established protocols for patient transference in
the institution, consider the multidisciplinary team essential for safe transitions,
consider that a checklist has potential to provide safer transitions. An internal patient
transfer checklist was developed as a product of this research with 40 itens.
CONCLUSION: The research aims were achieved from the verification of the
perception of health professionals about the transitions, proposing reflections and
possibilities for further research, and in the development of a checklist for internal
transference of patients. In the field of nursing, the protagonism of nursing in transition
processes could be verified. The literature review addressed tools with the potential to
assist in safer processes for patients, families and professionals.

Keywords: health services administration; continuity of patient care; transitional care;


advance care planning; patient care planning.
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - TIPOS DE TRANSIÇÃO ........................................................................ 23


FIGURA 2 - TIPOS DE CONTINUIDADE DO CUIDADO .......................................... 30
FIGURA 3 - INTERVENÇÕES PRÁTICAS PARA CONTINUIDADE DO CUIDADO . 32
FIGURA 4 - DOMÍNIOS PARA TRANSIÇÃO SEGURA ............................................ 38
FIGURA 5 - APLICAÇÃO DO SOAP ......................................................................... 42
FIGURA 6 - FERRAMENTA SBAR E EXEMPLIFICAÇÃO ....................................... 43
FIGURA 7 - RECONCILIAÇÃO MEDICAMENTOSA ................................................ 45
FIGURA 8 - ETAPAS DA PESQUISA ....................................................................... 47
FIGURA 9 – DENDROGRAMA DE CLASSES .......................................................... 63
FIGURA 10 - NUVEM DE PALAVRAS ...................................................................... 64
FIGURA 11 - ANÁLISE DE SIMILITUDE................................................................... 65
FIGURA 12 - DENDROGRAMA COM OS PRINCIPAIS ST ...................................... 66
FIGURA 13 - PRODUTO DA PESQUISA ................................................................. 74
LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - PRINCIPAIS INFORMAÇÕES REPASSADAS ................................... 61


GRÁFICO 2 - PRINCIPAIS INFORMAÇÕES RECEBIDAS ...................................... 62
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES ....................................... 59


LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - COMPONENTES DO TCM ................................................................. 36


QUADRO 2 - INFORMAÇÕES ESSENCIAIS NA TRANSFERÊNCIA ...................... 40
QUADRO 3 – REPRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA DE PESQUISA ................. 56
LISTA DE SIGLAS

APS – Atenção Primária em Saúde


AVE – Acidente Vascular Encefálico
CFM – Conselho Federal de Medicina
CHC-UFPR - Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná
CHD – Classificação Hierárquica Descendente
COFEn – Conselho Federal de Enfermagem
CTSI – Centro de Terapia Semi Intensiva
DCNT – Doenças Crônicas não Transmissíveis
EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
ESF – Estratégia Saúde da Família
FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz
IAM – Infarto Agudo do Miocárdio
IRAMUTEQ® - Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de
Questionnaires
IPCHS - Integrated People-Centred Health Services
NIR – Núcleo Interno de Regulação
OMS – Organização Mundial de Saúde
ONU – Organização das Nações Unidas
PSE – Processo Seletivo Emergencial
RAS – Redes de Atenção à Saúde
ST – Segmento de Texto
SUS – Sistema Único de Saúde
TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TCM – Transitional Care Model
UFPR – Universidade Federal do Paraná
UPENN – Universidade da Pensilvânia
URA – Unidade de Riscos Assistenciais
USP – Universidade de São Paulo
UTI – Unidade de Terapia Intensiva
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................................................. 16
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 17
2. OBJETIVOS ................................................................................................... 21
3. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................. 22
4. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 26
4.1 A CONTINUIDADE DO CUIDADO ................................................................. 26
4.2 CUIDADOS DE TRANSIÇÃO E ASPECTOS OPERACIONAIS ..................... 33
5. MÉTODO ........................................................................................................ 47
5.1 TIPO DE ESTUDO ......................................................................................... 48
5.2 CENÁRIO DO ESTUDO ................................................................................. 48
5.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO ..................................................................... 49
5.3.1 Critérios de Inclusão ..................................................................................... 49
5.3.2 Critérios de Exclusão .................................................................................... 50
5.4 COLETA DE DADOS...................................................................................... 50
5.5 ANÁLISE DE DADOS ..................................................................................... 53
5.6 ASPECTOS ÉTICOS ...................................................................................... 57
6. RESULTADOS ............................................................................................... 59
6.1 Percepção dos participantes quanto aos cuidados de transição ..................... 60
6.1.1 A multidisciplinaridade como ferramenta de cuidados de transição ............. 66
6.1.2 Ferramentas necessárias para efetivação dos cuidados de transição .......... 68
6.1.3 Comportamentos e ações necessárias para transição segura ..................... 69
6.2 Produto da pesquisa: Checklist de transferência interna de pacientes .......... 72
7 DISCUSSÃO .................................................................................................. 75
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................ 82
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 84
APÊNDICE A ......................................................................................................... 91
APÊNDICE B ......................................................................................................... 92
APÊNDICE C ......................................................................................................... 95
APÊNDICE D ......................................................................................................... 96
APÊNDICE E ......................................................................................................... 98
ANEXO 1 ............................................................................................................... 99
16

APRESENTAÇÃO

Minha trajetória acadêmica se iniciou em 2005 com a admissão na


Universidade Estadual de Maringá no curso de Enfermagem. Durante a graduação,
tive oportunidade de vivenciar as mais diversas atuações que são pertinentes ao
profissional enfermeiro, mas sempre entendi as habilidades gerenciais e o
gerenciamento dos serviços como peças fundamentais para o desenvolvimento de
uma assistência de qualidade ao paciente.
Quando da minha entrada no Programa de Pós-Graduação Prática do
Cuidado e Saúde, à época chamado de Mestrado Profissional em Enfermagem, pude
ter contato com profissionais e professoras com a mesma visão da profissão,
empenhadas em transformar a Enfermagem.
A assistência e o gerenciamento são atividades indissociáveis e
interdependentes, e neste prisma tracei minha carreira como enfermeira. Durante os
anos de trabalho e variados locais e setores, pude observar que existem muitas
lacunas nos processos de transferência de pacientes e que estes ocorrem por uma
variedade de causas, mas foi com o estudo sobre os Cuidados de Transição e a
Continuidade do Cuidado que compreendi o quanto pode ser feito em todos os níveis
de assistência para proporcionar cuidado de qualidade.
Neste sentido, o estudo desses temas foi de fundamental importância para o
atingimento dos objetivos pessoais, profissionais e acadêmicos que estabeleci ao
entrar no Programa de Pós-Graduação, de crescimento, amadurecimento, construir
novos conhecimentos e a oportunidade de ter uma atuação diferencial como
enfermeira.
Este estudo se insere no projeto de Pesquisa “Da admissão a alta: conceitos
e estratégias para ações de continuidade do cuidado em Enfermagem em hospital de
ensino” do Grupo de Pesquisas em Políticas, Gestão e Práticas em Saúde (GPPGPS)
do Programa de Pós-Graduação em Prática do Cuidado e Saúde da Universidade
Federal do Paraná.
17

1 INTRODUÇÃO

Cuidados de transição são definidos como um conjunto de ações destinadas


a garantir a coordenação e continuidade do cuidado, quando os pacientes
experimentam uma mudança no estado de saúde, nas necessidades de cuidados, dos
profissionais de saúde, em diferentes locais ou em diferentes níveis de cuidados do
mesmo local (CHICK; MELEIS, 1986; HIRSCHMAN et al., 2015; NAYLOR, M.;
KEATING, 2008; PARSONS LEIGH et al., 2016; SOTO et al., 2018)
Durante as transições, podem ocorrer lacunas na continuidade do cuidado,
com potencial para desfechos insatisfatórios. As transições inadequadas foram
identificadas como um dos principais contribuintes para o cuidado de baixa qualidade
e aumento dos custos de internação de modo geral, além de representar uma fonte
relevante de erros médicos e fragmentação do cuidado e, podem resultar em danos
aos pacientes. Transições saudáveis dependem não apenas da natureza da transição,
mas também das condições pessoais e ambientais existentes (NAYLOR, M. D. et al.,
2018; NAYLOR, M.; KEATING, 2008; PARSONS LEIGH et al., 2016).
Desta forma, há vários pontos nos quais os processos de cuidado podem
apresentar descontinuidades. Transições de baixa qualidade podem resultar em
riscos para a segurança do paciente, em erros de medicação, descontinuidade nos
planos de assistência e insatisfação do paciente com o cuidado recebido.
Intervenções de cuidados de transição são aquelas que incentivam metas positivas
de cuidados de saúde, especialmente para pessoas com necessidades complexas
(HIRSCHMAN et al., 2015; PARSONS LEIGH et al., 2016).
A prestação de cuidados de saúde eficientes, seguros e econômicos entre os
níveis de cuidado é de importância fundamental e se apresenta como um desafio. À
medida que os indivíduos se deslocam no sistema de saúde, o modelo de atenção
requer integração e cooperação entre uma multiplicidade de profissionais. (NAYLOR,
M.; KEATING, 2008; SOTO et al., 2018).
Ao adotar serviços de saúde integrados e centrados nas pessoas, os sistemas
de saúde têm capacidade de melhorar as transições, ter melhor custo/benefício nos
processos de trabalho e capacidade de resposta para indivíduos e comunidades. A
implementação de ferramentas para efetivar os cuidados de transição com ênfase na
coordenação de ações entre os profissionais de saúde demonstram reduções nas
readmissões hospitalares, desfechos mais positivos para o paciente, apoio ao
18

cuidador e diminuem o tempo de permanência no hospital (PETERS, 2017; SCOTT et


al., 2017).
Devido à tendência demográfica de envelhecimento da população, espera-se
que o número de pacientes idosos continue a aumentar, com mais da metade da
população idosa sofrendo de múltiplas comorbidades. Estes pacientes têm
necessidades complexas de assistência à saúde que geralmente diferem das
necessidades da população mais jovem, porém, a população mais jovem também
sofre com as descontinuidades nos processos de transição (HOFFMAN et al., 2017;
YEAMAN; KO; ALVAREZ DEL CASTILLO, 2015; ZONNEVELD; RAAB; MINKMAN,
2020).
Estas transformações impõem desafios para todos os setores, trazendo a
necessidade do ajuste da dimensão da oferta de serviços necessários para as
próximas décadas. O aumento de idosos na população acarreta aumento da carga de
doenças, em especial as Doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) (BRASIL,
2011). Neste sentido, estratégias de implantação de cuidados de transição intra-
hospitalar e nas redes de atenção podem favorecer os pacientes com desfechos mais
positivos e o próprio sistema dando mais celeridade nos atendimentos evitando o
cerceamento dos acessos nos níveis secundários e terciários.
A organização do Sistema Único de Saúde (SUS) é feita a partir das Redes
de Atenção à Saúde (RAS), que podem ser definidas como arranjos organizativos de
ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, integradas por
meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão e que buscam garantir o
princípio da integralidade (BRASIL, 2010).
O Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC-
UFPR) se caracteriza como um hospital de atendimento terciário, ou seja, que possui
estrutura tecnológica e instrumental técnico para o atendimento de casos da alta
complexidade e consultas especializadas, e que realiza exames avançados de
diagnóstico e procedimentos cirúrgicos, faz parte desta rede, realizando de forma
regulada atendimentos ambulatoriais, que se apresentam como a principal porta de
entrada do paciente (EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES,
2014). É um hospital totalmente inserido no SUS, ofertando 480 leitos, desde 2014 é
gerido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), empresa pública
vinculada ao Ministério da Educação. O hospital é responsável por 51,7% dos leitos
19

SUS no estado do Paraná (EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS


HOSPITALARES, 2014).
Estrategicamente a padronização do processo de transição do paciente
hospitalizado entre unidades hospitalares pode influenciar na redução de falhas de
comunicação e na readmissão dos pacientes de uma unidade para outra. As
pesquisas anteriores nesta área tratam do desafio de identificar um consenso no
desenvolvimento de instrumento de transferência entre profissionais de saúde de
diferentes unidades (LIMA et al., 2018; O’ROURKE et al., 2018; PARSONS LEIGH et
al., 2016).
Neste contexto, a elaboração de um checklist para guiar a transição de
pacientes pode ser uma ferramenta para reduzir as falhas apontadas pela literatura
causadas pela não padronização de condutas nas transferências de pacientes dentro
dos hospitais. O gerenciamento do cuidado em todos os níveis é uma questão
fundamental para que se efetivem as políticas públicas e práticas que vão de cuidados
intensivos até a atenção primária.
Além disso, novas formas de aperfeiçoar essas transições precisam ser
identificadas, e é essencial iniciar um planejamento precoce da alta e educação do
cuidador e do paciente ainda durante a internação hospitalar de modo a aumentar a
segurança do paciente e oferecer assistência mais eficaz (LIMA et al., 2018; PETERS,
2017). Os enfermeiros e demais membros da equipe multiprofissional estão atrelados
à segurança do paciente e são responsáveis por evitar ou minimizar erros ligados à
assistência em saúde e eventos adversos, além de serem repositórios de informação
e geralmente coordenam informalmente todo esse processo (JONES; JOHNSTONE,
2019; PETERS, 2017; SCOTT et al., 2017).
O CHC-UFPR é um hospital 100% regulado; assim os pacientes com perfil
clínico mais complexo que apresentam agudizações são encaminhados para o
hospital via Central de Leitos do município. Além desses casos, o hospital também
recebe pacientes vinculados ao hospital até 30 dias de pós-alta e para alguns
protocolos como Acidente Vascular encefálico (AVE), dor torácica, obstetrícia de alto
risco, violência sexual funciona como porta aberta.
A porta de entrada é a Unidade Referenciada e os pacientes dependendo do
estado clínico são internados nas unidades de internação e nas UTIs. Como acontece
habitualmente em hospitais, os pacientes internados nas UTIs quando de alta, vão
para as unidades de internação.
20

O perfil dos pacientes do Complexo é um paciente com até cinco


comorbidades, que é acompanhado em ambulatórios de interespecialidades e que
agudizam rapidamente e, portanto, usuários frequentes. A prevalência de DCNT,
muitas vezes em idosos tornam mais complexos os cuidados na internação e no pós-
alta.
Quando o paciente sai da UTI, em tese, apenas estabilizou a agudização e as
condições que o levaram a ao quadro agudo permanecem, de forma que é necessário
iniciar um planejamento antecipado de alta individualizado e a continuidade do
cuidado se dará no hospital nas clínicas de internação, nos ambulatórios de
acompanhamento e na Atenção Primária em Saúde (APS).
Nestes casos, o paciente necessita que seja planejada uma estratégia de
continuidade no período de hospitalização uma vez que será neste contexto que ele
será atendido nas suas necessidades.
Ocorre que a transição do paciente é realizada de forma superficial, não
centrada no paciente e automática; não havendo, no momento, nenhum protocolo ou
orientação formal para que as equipes compartilhem informações suficientes para a
continuidade do cuidado nas unidades de internação.

Considerando que:

a) os pacientes que internam no CHC-UFPR são majoritariamente clínicos e


portadores de DCNT, com múltiplas comorbidades e possuem grande chance
de desestabilização e agudização;
b) o período de internação em unidades críticas ou de emergência é um momento
de estabilização do paciente que sofre de agudização de doenças crônicas,
porém, deve ser o início do processo de transição segura do paciente para
outras unidades;
c) a padronização de condutas e instrumentos é uma importante ferramenta para
a segurança do paciente e continuidade do cuidado e sua implantação depende
de como a equipe percebe este processo.

Desta forma, surge a questão norteadora deste estudo: Qual a percepção dos
profissionais em relação aos cuidados de transição realizados entre unidades intra-
hospitalares e quais são os componentes deste cuidado?
21

2 OBJETIVOS

a) Verificar a percepção dos profissionais de saúde sobre cuidados de transição;


b) Elaborar checklist para transição de pacientes entre unidades.
22

3 REFERENCIAL TEÓRICO

Na perspectiva da Teoria das Transições de Meleis (1986), pode-se definir os


cuidados de transição como os cuidados prestados antes, durante e após a
transferência de um paciente de uma determinada unidade para outra unidade de
cuidados que visa garantir uma interrupção mínima e a continuidade do cuidado ideal
para o paciente. Esse cuidado pode ser prestado por enfermeiros, médicos e outros
profissionais de saúde (CHICK; MELEIS, 1986).
A Teoria das Transições de Afaf Meleis engloba tanto as continuidades quanto
as descontinuidades no processo de vida do ser humano e é um conceito familiar entre
teorias de desenvolvimento, de estresse e adaptação. Uma transição tende sempre a
ser positiva e, para ser completa o paciente necessita atingir um nível de estabilidade
maior do que possuía antes. A Transição é um processo, que gera um senso de
movimento, fluxo e desenvolvimento e o início e o fim deste processo não são lineares,
mas individuais e particulares (CHICK; MELEIS, 1986).
Esta teoria é composta pela natureza das transições (tipos, padrões e as
propriedades); as condições da transição: facilitadores e inibidores (pessoais,
sociedade e comunidade); os padrões de resposta (indicadores de processos e
resultados) e pela terapêutica de enfermagem. O processo de transição é
caracterizado por multidimensionalidade, diversidade, complexidade e singularidade
no sentido que produzem abundância de significados, a depender da percepção do
indivíduo e resultam de mudanças na vida, saúde, relacionamentos e ambientes
(CHICK; MELEIS, 1986). A Figura 1 representa as complexas dimensões das
transições na visão das autoras.
23

Figura 1 - Tipos de Transição

Fonte: A autora (2021) Baseado em MELEIS (2010).

Segundo Chick e Meleis (1986), a transição desenvolvimental está associada


a eventos de desenvolvimento individual ou familiar. Por exemplo, a passagem da
infância à adolescência e o envelhecimento. A transição situacional está associada a
eventos que exigem a definição ou redefinição do repertório de papéis do indivíduo ou
família, como por exemplo a parentalidade, a perda de um membro da família ou a
necessidade de assumir o papel de cuidador. A transição organizacional é associada
a mudanças relacionadas com o ambiente social, político ou econômico, além de
mudanças estruturais e/ou dinâmica de organizações. A transição saúde/doença se
refere à mudança repentina no desempenho de um papel podendo ser exemplificado
como o adoecimento, cronificação de uma doença ou o agravamento desta.
No que se refere aos padrões de transição, estas podem ser múltiplas,
sequenciais, simultâneas, relacionadas ou não, demonstrando um padrão
24

multidimensional do processo de transição do indivíduo (CHICK; MELEIS, 1986;


MELEIS, 2010).
Nas propriedades, o primeiro aspecto apresentado é a consciência, que é
considerada uma característica fundamental para o início da transição, e é
caracterizada pelo conjunto de respostas e percepções esperadas do indivíduo que
vivencia a transição, pois a ausência desta indica que o indivíduo ainda não iniciou o
processo de forma positiva. O compromisso é intimamente relacionado à consciência,
pois entende-se que sem que o indivíduo tenha consciência do processo de transição
a qual está envolvido, não é possível que se comprometa com as mudanças que estão
ocorrendo em vários aspectos. Considerando que todas as transições desencadeiam
mudanças é preciso identificar seus efeitos e significados com o objetivo de
compreender o todo. A compreensão desta cadeia de eventos depende da exploração
dos fenômenos relacionados à natureza, temporalidade, gravidade e expectativas
pessoais, familiares e sociais (CHICK; MELEIS, 1986; COSTA, L., 2016; MELEIS,
2010).
Ainda tratando das propriedades da transição, a diferença compreende
alternância de papéis, de identidade e em padrões de comportamento, sendo
fundamentais para uma visão de si mesmo e do mundo, em vez de mudanças
passageiras e superficiais. Em relação ao tempo de transição, todas as mudanças são
caracterizadas por fluxo e movimento ao longo do tempo. O período de experiência
da transição envolve o início do processo até que um grau de estabilidade maior seja
atingido, nesse período o indivíduo tem a oportunidade de vivenciar estratégias e
incorporá-las ao seu arcabouço de conhecimento. Grande parte das transições
envolve pontos críticos e eventos, gerado pelos períodos de incerteza, ruptura da
realidade e mudanças, sendo necessário um momento para que o indivíduo atinja
estabilidade, estabeleça novas rotinas, estilo de vida e senso de autocuidado (CHICK;
MELEIS, 1986).
Os fatores facilitadores e inibidores das transições são caracterizados por
significados neutros, positivos ou negativos atribuídos aos eventos que precipitam a
transição; as crenças e atitudes culturais, status socioeconômico, além da preparação
e o conhecimento prévio podendo ser positivas ou negativas, e afetam o modo como
cada pessoa lida com a transição. As condições da sociedade e da comunidade, como
a existência de apoio familiar e social, de recursos instrumentais, de representação
25

social e de estereótipos, podem também dificultar ou facilitar a transição (CHICK;


MELEIS, 1986; MELEIS, 2010).
Os padrões de resposta são determinantes para o sucesso da transição, a
partir dos indicadores de processo e resposta é possível verificar se o indivíduo
caminha para uma condição de bem-estar ou vulnerabilidade e risco. Os indicadores
de processo incluem: sentir-se conectado, interação, sentir-se situado e desenvolver
confiança e coping 1 . À medida que os resultados são apreendidos percebe-se o
reflexo positivo na qualidade de vida daqueles que estão passando pela transição.
Para uma transição ser considerada completa, é preciso avaliar a natureza desta,
além das causas ou eventos que geraram primeiramente a transição. Além disso, uma
transição completa que gera maior grau de estabilidade que o nível anterior à transição
depende do domínio de novas competências (Maestria) e do desenvolvimento de uma
identidade flexível e integradora (CHICK; MELEIS, 1986; MELEIS, 2010).
A enfermagem quando provê uma assistência centrada no paciente,
oferecendo cuidado nas necessidades reais dos indivíduos, respeitando suas
escolhas, valores e propósitos fornece melhores chances de que o paciente passe
pelas transições de forma positiva. A compreensão das propriedades e condições
associadas ao processo de transição levará ao desenvolvimento de terapêuticas de
enfermagem que caminham junto com as experiências únicas dos indivíduos e suas
famílias, promovendo respostas saudáveis à transição (CHICK; MELEIS, 1986;
MELEIS, 2010).

1 Coping pode ser definido como uma constante mudança cognitiva e esforços comportamentais para
manusear específicas demandas externas e/ ou internas que são avaliadas como algo que excede os
recursos da pessoa.
26

4 REVISÃO DE LITERATURA

Para a constituição da revisão de literatura, realizou-se uma busca


contemplando as temáticas: continuidade do cuidado, cuidados de transição,
planejamento de alta. Para tanto, foi realizada busca nas seguintes bases de dados:
COCHRANE, SCIELO, PUBMED, WEB OF SCIENCE, SCOPUS E LILACS. Também
foram considerados livros, manuais e guidelines publicados acerca do tema
pesquisado para uma pesquisa mais robusta. Para a busca nas bases de dados, a
expressão utilizada combinou os termos presentes nos Descritores em Ciências da
Saúde (DeCS) e seus correspondentes no Medical Subject Headings (MeSH):
continuity of patient care; transitional care; transitions of care; discharge planning;
patient handoff; patient handover.

4.1 A CONTINUIDADE DO CUIDADO

Em todo o mundo, as demandas resultantes do envelhecimento populacional


são preocupações de sistemas de saúde tanto públicos quanto privados. No Brasil, a
assistência à saúde da população é oferecida por meio SUS, um sistema gratuito e
de cobertura universal que baseia suas políticas em ações integradas de promoção,
prevenção e recuperação da saúde (BRASIL, 2016; GUEDES et al., 2017).
Afim de qualificar os programas de saúde, políticas, ações, leis, portarias e
resoluções, o SUS constantemente passa por processos de reestruturação e
reconstrução seguindo os princípios e diretrizes estabelecidos (ARRUDA et al., 2015;
BRASIL, 1990).
Um dos princípios do SUS é a Integralidade, e pode ser definida como um
conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos,
individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade
do sistema (ARRUDA et al., 2015; BRASIL, 1990; KALICHMAN; AYRES, 2016). Desta
forma, a Integralidade tem como objetivo garantir a atenção à saúde em todos os
níveis de complexidade do sistema, trazendo o conceito de RAS e é a base para que
sejam ofertadas ações articuladas e integradas de promoção à saúde, prevenção de
doenças e reabilitação (BRASIL, 1990; PROTASIO et al., 2014).
27

Segundo Guedes (2017), uma das dimensões da Integralidade é a


observância do conceito ampliado em saúde, que deve dar atenção não só aos
aspectos de doença, mas também aos aspectos sociais e psicológicos. O sistema de
saúde deve estar preparado para atender ao paciente de forma integral, centrada no
paciente e com foco não apenas curativo ou na resolução de situações agudas, pois
esta abordagem pode gerar limitações no cuidado oferecido, inefetividade e aumento
de gastos, sobretudo com aqueles indivíduos que apresentam condições crônicas,
comorbidades ou fatores de risco (GUEDES et al., 2017; SILVA, S. S. Da; ASSIS;
SANTOS, 2017).
Um dos principais fatores de risco para internações hospitalares e mortalidade
são as DCNT, que se apresentam como um dos maiores problemas de saúde pública
do Brasil e do mundo. Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam
que as DCNT foram responsáveis por 71% de um total de 57 milhões de mortes
ocorridas no mundo em 2016 (BRASIL, 2020).
No Brasil, as DCNT têm representatividade relevante e se destacam de
maneira semelhante, tendo sido responsáveis, em 2016, por 74% do total de mortes,
com prevalência de doenças cardiovasculares (28%), neoplasias (18%), doenças
respiratórias (6%) e diabetes (5%) (BRASIL, 2020).
Além da mortalidade causada pelas DCNT, ainda se observa o acometimento
físico, gerando incapacidades, sofrimento psicológico, redução da qualidade de vida,
além de impacto financeiro aos pacientes e suas famílias e ao sistema de saúde.
Como efeito indireto à sociedade e ao governo, o impacto é causado pela redução de
produtividade, perda de dias trabalhados e prejuízos ao setor produtivo (BRASIL,
2011; MALTA; SILVA JR, 2013; VERAS; GOMES; MACEDO, 2019).
Esta queda de produtividade no trabalho e a diminuição da renda familiar
resultantes da presença de diabetes, doença cardiovasculares e acidente vascular
encefálico (AVE) foram responsáveis por uma perda na economia brasileira de US$
4,18 bilhões, entre 2006 e 2015 (BRASIL, 2020).
Considerando a gravidade das DCNT e o impacto destas sobre os sistemas
de saúde e a sociedade, foi realizada em 2011 uma reunião entre a Organização das
Nações Unidades (ONU) e países-membros em busca de alinhamento de políticas
globais sobre o tema. Como resultado, houve o comprometimento da criação e
implantação de ações para barrar o aumento das DCNT, controlar fatores de risco
com ações de prevenção e promoção à saúde adequada das populações. Em
28

conjunto às ações, foram determinados indicadores e metas de desempenho aos


países-membro (BRASIL, 2011, 2020; MALTA; SILVA JR, 2013; VERAS; GOMES;
MACEDO, 2019).
Como um importante membro da ONU, no mesmo ano o Brasil se
comprometeu com a criação de um plano nacional com objetivos a serem cumpridos
até 2022, priorizando as ações e investimento necessários, estabelecendo metas e
compromissos assumidos pelo país para redução de fatores de risco e aumento de
DCNT (BRASIL, 2011; MALTA; SILVA JR, 2013).
A Portaria nº483 de 01 de abril de 2014 regulamenta a Rede de Atenção à
Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS) e estabelece diretrizes para a organização de suas linhas de cuidado e
conceitua doenças crônicas como doenças que apresentam início gradual, com
duração longa ou incerta, que, em geral, apresentam múltiplas causas e cujo
tratamento envolva mudanças de estilo de vida, em um processo de cuidado contínuo
que, usualmente, não leva à cura.
Em linhas gerais, a portaria prioriza o acesso e acolhimento em todos os
pontos de atenção, a humanização da assistência e o atendimento centrado no
paciente. O componente hospitalar é tratado como estratégico, devido ao fato de
atender às agudizações das DCNT, e ao alto custo das hospitalizações. Dentre os
princípios se encontram o cuidado integral e em equipe multiprofissional, planos de
alta realizados em conjunto pela equipe multiprofissional e referência e
contrarreferência com a Atenção Básica (BRASIL, 2014).
Em revisão sistemática realizada por Suter (2009), foram identificados dez
princípios universais para garantir a integralidade nos serviços de saúde como
serviços abrangentes em todo o processo do cuidado; centralidade no paciente;
equipes interprofissionais; sistemas de informação; maior cobertura geográfica e
descentralização; gerenciamento de desempenho; cultura organizacional e liderança;
integração médica; estrutura de governança e, gestão financeira.
Dentre os atributos para garantia da Integralidade encontra-se a continuidade
do cuidado, que é definida como a relação entre um único profissional e um paciente
que se estende além de episódios específicos de doença. Continuidade implica em
um senso de afiliação entre pacientes e profissionais, muitas vezes expresso como
um contrato implícito de lealdade pelo paciente e responsabilidade clínica pelo
29

profissional (HAGGERTY et al., 2003; NÓBREGA et al., 2017; UTZUMI et al., 2018).
De acordo com os autores, existem três dimensões para a continuidade do cuidado:
● Continuidade informacional: A informação é o elo entre os cuidados de um
provedor para outro e de um evento de saúde para outro. As informações
documentadas tendem a se concentrar nas condições médicas, mas o
conhecimento sobre as preferências, valores e contexto social do paciente são
igualmente importantes para unir eventos de cuidados separados e garantir que
os serviços respondam a essas necessidades.
● Continuidade gerencial: é especialmente importante em doenças clínicas
crônicas ou complexas em que há a necessidade de vários profissionais que
poderiam potencialmente trabalhar com os mesmos propósitos. A continuidade
é alcançada quando serviços são prestados de forma complementar e de
maneira oportuna. Planos de gerenciamento compartilhados ou protocolos de
cuidado facilitam a continuidade gerencial, proporcionando uma sensação de
previsibilidade e segurança. A flexibilidade na adaptação dos cuidados às
mudanças nas necessidades e circunstâncias do indivíduo é um importante
aspecto da continuidade gerencial.
● Continuidade relacional: promove uma ponte não apenas dos cuidados
realizados previamente para as necessidades atuais de cuidado, mas também
fornece um link para o planejamento futuro de cuidado, oferecendo ao paciente
um sentimento de coerência e previsibilidade.
Desde 2015, a Organização Mundial de Saúde (OMS), publica materiais
referentes à integralidade do cuidado, numa campanha mundial em busca da
implantação de políticas públicas para a cobertura universal de saúde a partir da
atenção integral e centrada no paciente. A iniciativa é chamada “Integrated People-
Centred Health Services” (IPCHS – na sigla em inglês), e apresenta a visão de um
futuro em que todas as pessoas tenham acesso a serviços de saúde que sejam
coordenados de acordo com suas necessidades, respeitem suas preferências e sejam
seguros, eficazes, oportunos, acessíveis e de qualidade.
Como parte da ação da OMS, foi elaborado em 2018 o guia “Continuity and
Coordination of Care - A practice brief to support implementation of the WHO
Framework on Integrated People-Centred Health Services”, que estabelece
intervenções práticas para que os serviços de saúde se tornem contínuos, no sentido
de garantir a continuidade do cuidado. A OMS (2018) considera que a continuidade e
30

a coordenação do cuidado, são prioridades globais na reorientação dos serviços de


saúde para as necessidades das pessoas.
O novo guia da OMS (2018), considera estas três categorias de continuidade
do cuidado: continuidade relacional ou interpessoal, continuidade gerencial e
continuidade informacional e apresenta uma nova categoria, a continuidade
longitudinal, que é definida como histórico de interação do paciente com o mesmo
profissional de saúde em uma série de episódios distintos. A Figura 2 sintetiza os
conceitos apresentados na literatura.

Figura 2 - Tipos de Continuidade do Cuidado

Relacional Gerencial Informacional Longitudinal

Experiência Colaboração de Disponibilidade História da


subjetiva da equipes através de informações interação com o
relação de dos níveis de psicossociais em mesmo
cuidado entre atenção para todos os profissional de
um paciente e oferecer encontros saúde em uma
um profissional cuidado profissionais série de
de saúde episódios
distintos

Fonte: A autora (2020). Baseado em OMS (2018).

Para operacionalizar as ações de continuidade do cuidado, a OMS (2018)


sugere o uso de um bundle (do inglês, pacote de intervenções) de oito intervenções
práticas, parte de um modelo abrangente de atendimento, com atenção primária como
foco principal, passando pela atenção hospitalar. As ações para a efetivação destes
tópicos são descritas na Figura 3.
1- Continuidade com um profissional de atenção primária. As pessoas que
mantêm contato contínuo com o mesmo médico e a mesma equipe de saúde
têm menos atendimentos e admissões em serviços de emergência por
condições que requerem atendimento ambulatorial e estão mais satisfeitos
com seus cuidados.
2- Planejamento colaborativo de cuidado e tomada de decisão
compartilhada. Ter um planejamento de assistência e treinamento centrado
na pessoa e orientado a objetivos, que permita que indivíduos, famílias e
cuidadores informais se envolvam totalmente na avaliação e nas decisões
sobre o cuidado, é um fator na coordenação bem-sucedida do cuidado.
31

3- Gerenciamento de casos para pessoas com necessidades complexas.


Ter um relacionamento proativo e contínuo na busca de casos, avaliação,
planejamento e coordenação de cuidados para integrar os serviços
necessários a um indivíduo reduz a probabilidade de que eles experimentem
lacunas no cuidado.
4- Serviços locais ou um único ponto de acesso. A alocação de diferentes
profissionais e serviços ligados a pessoas que conhecem a comunidade local
e recursos gratuitos ajuda que as pessoas que necessitam de cuidados
continuamente a transitar e acessar os serviços e o apoio comunitário de que
precisam.
5- Cuidados de transição ou intermediários. O gerenciamento da transição
hospitalar para outro nível de assistência ou domicílio melhora a qualidade do
cuidado, acelera a recuperação funcional, reduz a taxa de reinternação e
reduz o custo do cuidado.
6- Atendimento abrangente ao longo de todo o processo. A coordenação do
cuidado antecipa crises e pode fornecer respostas urgentes (por exemplo, à
noite e aos fins de semana) por profissionais que se comunicam bem e
compartilham informações dos registros de saúde e assistência.
7- Tecnologia para apoiar a continuidade e a coordenação do cuidado.
Ferramentas e plataformas para o intercâmbio de informações facilitam a
adoção de intervenções práticas e a identificação de pessoas que tem
necessidades complexas.
8- Capacitação da força de trabalho. O desenvolvimento das habilidades,
pontos fortes e confiança da força de trabalho garante que os profissionais
tenham competência para desempenhar seus papéis na coordenação e
continuidade do cuidado.
32

Figura 3 - Intervenções práticas para Continuidade do Cuidado

Garantia de um profissional de referência da ESF.


CONTINUIDADE COM Equilíbrio entre as escolhas do paciente e a garantia da
continuidade.
UM PROFISSIONAL DA Consultas com duração flexível e agendadas
ATENÇÃO PRIMÁRIA previamente.
Trabalho em equipe.

PLANEJAMENTO Criação de uma cultura de empatia e confiança.


COLABORATIVO DE Consultas centradas nas pessoas, com abordagem
holística.
CUIDADO E TOMADA Fornecer informações e estimular o comportamento
DE DECISÃO saudável em pacientes e familiares.
COMPARTILHADA Incluir a comunidade no processo de cuidado.

GERENCIAMENTO DE Integrar equipes de diferentes níveis de atenção.


CASOS PARA Promover o autocuidado entre pacientes e apoio a
familiares.
PESSOAS COM Promover capacitação para profissionais em avaliação,
NECESSIDADES planejamento de cuidados para pessoas com
COMPLEXAS necessidades complexas.

Simplificar o acesso aos serviços de saúde por meio de


SERVIÇOS LOCAIS OU tecnologia, por exemplo.
UM ÚNICO PONTO DE Incentivo a centro comunitários de saúde.
Utilização de ambientes não tradicionais para
ACESSO atendimento.

Acompanhamento adequado e ensino de habilidades.


CUIDADOS DE Oferecer alternativas para atendimento domiciliar em
TRANSIÇÃO OU urgências.
Garantir que as avaliações, o apoio e as intervenções
INTERMEDIÁRIOS multiprofissionais sejam holísticos e incentivem o retorno
ao trabalho e à sociedade ou, a aceitação do fim da vida.

Desenvolvimento de sistema que exija nenhum ou


ATENDIMENTO mínimo pagamento pelo atendimento.
Protocolos, guidelines e responsabilização na rede de
ABRANGENTE EM atenção.
TODO O PROCESSO Incentivos financeiros ligados a resultados
compartilhados.

TECNOLOGIA PARA
Sistemas informatizados e integrados.
APOIAR A Estratificação da população para oferecer cuidados
CONTINUIDADE E adequados.
COORDENAÇÃO DO Tecnologia para monitoramento e atendimento remoto.
CUIDADO

Garantia de funções e responsabilidades claras.


CAPACITAR FORÇA DE Garantia de que profissionais, pacientes e familiares
TRABALHO tenham as habilidades necessárias.

Fonte: A autora (2020). Baseado em OMS (2018).


33

Segundo a OMS (2015), o cuidado integral e centrado no paciente não é


baseado em uma única intervenção, mas um termo com várias definições voltadas
para diversas populações. O objetivo é produzir resultados relacionados às diversas
facetas da melhoria da experiência, saúde e eficiência. O cuidado integral é realizado
de várias maneiras interrelacionadas, conceituadas como ocorrendo em diferentes
níveis dentro de um sistema, micro (preocupado com a integração clínica), meso
(integração organizacional) e macro (integração do sistema).
Ainda de acordo com a OMS (2015), a menos que a abordagem dos serviços
de saúde seja integrada e centrada nas pessoas, os cuidados de saúde se tornarão
cada vez mais fragmentados, ineficientes e insustentáveis. Sem melhorias na
prestação de serviços, as pessoas não poderão acessar os serviços de saúde de alta
qualidade que atendam às suas necessidades e expectativas.
Com o objetivo de manter uma abordagem consistente no cuidado prestado e
personalizá-lo às novas necessidades do paciente, as informações e a comunicação
entre as equipes devem se referir ao planejamento da alta após cuidados intensivos,
geralmente do hospital para a comunidade ou focado no autocuidado (HAGGERTY et
al., 2003; UTZUMI et al., 2018).
Em estudo realizado por Nóbrega (2017) em hospitais e ESF no estado da
Paraíba, foram identificados empecilhos para a garantia da continuidade do cuidado
informacional, como a desorganização das fichas de registros de dados, anotações
incompletas, ilegíveis e sem a identificação do profissional responsável, além de
informações repetitivas e sem subsídios para o cuidado.
Além disso, a comunicação, como uma forma de continuidade informacional
entre familiares, profissionais e pacientes pode fornecer a estes continuidade do
cuidado, no seu sentido mais amplo, de forma que os entes envolvidos sintam a
integração dos serviços e a troca de informações adequada.

4.2 CUIDADOS DE TRANSIÇÃO E ASPECTOS OPERACIONAIS

Os profissionais que promovem cuidados de transição valorizam o indivíduo,


já que os cuidados que estes proporcionam aos pacientes estão associados ao
desenvolvimento humano, beneficiando a maturidade e o crescimento pessoal
mediante um maior equilíbrio e estabilidade. Porém, muitos hospitais e organizações
34

de saúde em todo o mundo ainda adotam abordagens inadequadas para


transferências, com pouca ou nenhuma abordagem baseada em evidências (CHICK;
MELEIS, 1986; HIRSCHMAN et al., 2015; O’ROURKE et al., 2018).
Em seu estudo, Costa (2019), sugere a necessidade da mudança no modelo
de atenção atual, buscando a centralidade do paciente como objetivo e a autonomia
dos usuários e famílias/ cuidadores. Os profissionais de saúde devem buscar
constantemente estratégias que superem os desafios e dificuldades de uma gestão
de cuidado burocratizada e potencializar o autogerenciamento, além de promover a
participação ativa dos pacientes e familiares.
O envolvimento dos pacientes e seus cuidadores/familiares no
desenvolvimento e implementação de planos de cuidados é um componente essencial
nos cuidados de transição. Ainda segundo o mesmo autor, a equipe deve trabalhar
em estreita colaboração com pacientes e cuidadores familiares para traçar planos de
cuidados alinhados com preferências, valores e objetivos, e para facilitar a
implementação de terapias e estratégias para alcançar os objetivos do paciente e do
cuidador familiar (HIRSCHMAN et al., 2015; SOTO et al., 2018).
O próprio paciente e o profissional são consideradas fontes de informação,
uma vez que utilizam a memória como um arquivo itinerante e é por meio dele que as
preferências pessoais são repassadas. O reconhecimento dos valores, preferências,
contexto social e de apoio ao paciente tem importância na adesão ao plano de
cuidados (COLEMAN et al., 2006; LAMAS et al., 2017).
Como em qualquer intervenção terapêutica, os pacientes devem entender as
preocupações sobre os riscos que foram identificados e os profissionais de saúde
devem envolvê-los nas decisões. O desenvolvimento de um plano de cuidados dos
quais o paciente e a família/cuidador não têm interesse em participar provavelmente
levará a poucas melhorias, pacientes frustrados e desperdício de recursos (ALLEN et
al., 2014; NAYLOR, M. D. et al., 2013).
Uma revisão sistemática realizada por Le Berre e colegas (2017), realizada
com 92 publicações sobre Cuidados de Transição em pacientes com doenças
crônicas idosos, encontrou como resultado que a implementação de estratégias sobre
cuidados de transição garante menor mortalidade após alta hospitalar, e menor taxa
de reinternações após três, seis e dezoito meses.
Trabalhar com pacientes e familiares/cuidadores na questão de redução de
riscos requer envolvê-los em discussões sobre os objetivos de seus cuidados e não
35

apenas sobre questões de final de vida, desta forma, fornecendo informações realistas
sobre as melhores estratégias a serem empregadas. Ainda, em busca à centralidade
no paciente no processo de cuidado, planos de cuidado devem ser desenvolvidos,
documentados e compartilhados com os membros da equipe multidisciplinar, a fim de
garantir clareza e entendimento sobre as preferências de cuidado do paciente
(COSTA, M. F. B. N. A. Da et al., 2019; CZERWONKA et al., 2015; HERRIDGE, 2017;
HIRSCHMAN et al., 2015).
O aumento da conscientização sobre as dificuldades de transição enfrentadas
pelos pacientes durante as transições pode resultar em mudanças na prática de
unidades antes da alta dos pacientes. Essas mudanças se concentraram
principalmente nas práticas de planejamento de alta e na preparação dos pacientes
para a transição (CHABOYER; JAMES; KENDALL, 2005; HERRIDGE, 2017; VAN
SLUISVELD et al., 2015).
Ainda de acordo com os mesmos autores, estratégias específicas como
educação e treinamento em serviço sobre as necessidades dos pacientes após a alta,
a introdução de folhetos informativos, desmame precoce de equipamentos
especializados e planejamento individual de alta que começa no momento da
admissão com planos de cuidados adequados e protocolos estruturados para educar
os pacientes são essenciais nos processos de transição.
De forma a otimizar o processo de transição enfrentado pelos pacientes e
auxiliar às equipes em busca da continuidade do cuidado, foi criado o programa
Transitional Care Model (TCM) em 1994, e nas últimas duas décadas passa por
processos de refinamento e aprimoramento por uma equipe multidisciplinar de
acadêmicos e profissionais de saúde da Universidade da Pensilvânia (UPENN), nos
Estados Unidos da América (NAYLOR, M.; KEATING, 2008).
O TCM é um modelo de assistência em equipe, liderado por enfermeiros e
enfatiza a identificação dos objetivos de saúde dos pacientes; concepção e
implementação de um plano de cuidados simplificado e continuidade do cuidado entre
os níveis de atenção e entre os profissionais durante episódios de doença (NAYLOR,
M.; KEATING, 2008). O programa é baseado em três objetivos principais que
consistem em melhorar a experiência do paciente; melhorar os desfechos de saúde e
qualidade de vida além de fornecer o uso mais sábio de recursos. Os componentes
que guiam o programa estão sintetizados no Quadro 1.
36

Quadro 1 - Componentes do TCM


Componente Definição
Triagem - Destina-se a adultos em transição do hospital para
casa que estão em alto risco de desfechos
insatisfatórios.
Pessoal - Enfermeiras assumem a responsabilidade primária
pela gestão de cuidados durante os episódios de
agudização de doença.
Manutenção de vínculo - Estabelece e mantém uma relação de confiança
com o paciente e cuidadores familiares envolvidos
no cuidado do paciente.
Envolvimento de pacientes e - Envolve os pacientes na concepção e
cuidadores implementação do plano de cuidados alinhado com
suas preferências, valores e objetivos.
Avaliação e gerenciamento - Identifica e aborda os sintomas e fatores de risco
de sintomas e fatores de prioritários do paciente.
risco
Educação e promoção do - Prepara adultos mais velhos e cuidadores
autocuidado familiares para identificar e responder rapidamente
ao agravamento dos sintomas.
Colaboração - Promove consenso sobre o plano de cuidados entre
idosos e membros da equipe assistencial.
Promoção à Continuidade - Evita interrupções no atendimento do hospital para
casa, tendo o mesmo médico envolvido nesses
locais.
Fomento à Coordenação - Promove a comunicação e as conexões entre os
profissionais de saúde no hospital e os profissionais
da atenção primária.
Fonte: A autora (2021), baseado em Naylor (2008).

Os principais fatores de risco usados para rastrear pacientes que se


beneficiariam de estratégias de cuidados de transição foram identificados pela
37

UPENN, por meio do TCM. Esses fatores de risco incluem cinco ou mais condições
crônicas ativas, uma queda recente, déficits nas atividades básicas da vida diária,
diagnóstico de demência ou baixo desempenho nas ferramentas de triagem de
comprometimento cognitivo, histórico de problemas de saúde mental ou emocional,
internação nos últimos 30 dias ou duas ou mais internações nos últimos seis meses.
Além desses, são fatores relevantes a idade do paciente, desafios em educação em
saúde, barreiras linguísticas e sistema de apoio (HIRSCHMAN et al., 2015; NAYLOR,
M. D. et al., 2013, 2017; NAYLOR, M.; KEATING, 2008).
Outro modelo de transição segura utilizado é o elaborado por Burke (2013), e
apresenta dez domínios, representados na figura de uma ponte e cada domínio
representa uma parte estrutural desta ponte as quais os pacientes devem cruzar de
um ambiente de cuidado para outro durante uma transição e sugere que a ausência
de um domínio tornaria esta ponte mais fraca. Os domínios que ocorrem
principalmente antes da alta são colocados mais perto do "lado do hospital" da ponte,
aqueles que ocorrem principalmente após a alta são colocados mais perto do "lado da
comunidade" da ponte, enquanto aqueles que ocorrem ambos antes e após a alta
estão no meio desta ponte (BURKE et al., 2013). A representação deste modelo pode
ser observada da Figura 4.

1- Planejamento de alta envolve iniciar o planejamento de alta com antecedência


durante a internação do paciente.
2- Comunicação completa de informações se refere ao conteúdo que deve ser
incluído em resumos de alta e outras documentações referentes à transferência
do paciente.
3- Disponibilidade, oportunidade, clareza e organização das informações
fornecidas têm importância igual ao conteúdo oferecido e deve estar disponível
mesmo antes de os profissionais assumirem a responsabilidade pelo cuidado
do paciente.
4- Segurança de medicações são a maior causa de eventos adversos durante
transições. Deve haver a comunicação das alterações de medicações.
5- Educação do paciente e promoção do autogerenciamento envolve ensinar
aos pacientes e cuidadores sobre os diagnósticos, autocuidado, novas
habilidades e teach back (confirmar a compreensão deste entendimento).
38

6- Suporte social e comunitário associados aos cuidados prestados tem


importância fundamental para a estabilização do paciente no período pós-alta
quando este necessita de apoio em atividades domésticas, alimentação entre
outros.
7- Planejamento antecipado de cuidados se refere a um documento que pode
ser preparado durante a internação hospitalar ou ambulatorialmente e define
antecipadamente as metas de cuidado.
8- Coordenação do cuidado entre os membros da equipe de saúde envolve a
transmissão de informações, planos de cuidado entre as equipes e dentro de
uma mesma equipe multiprofissional.
9- Monitoramento e gerenciamento de sintomas após a alta é particularmente
importante quando se compreende as razões para readmissão hospitalar
principalmente em pacientes vulneráveis. Ações de telemonitoramento,
telemedicina ou visitas domiciliares podem ser efetivas em reduzir as
readmissões hospitalares.
10- Acompanhamento ambulatorial em tempo adequado e com profissionais
que já tenham vínculo com o paciente de preferência.

Figura 4 - Domínios para transição segura

Fonte: A Autora (2021), baseado em BURKE (2013).


39

Em todo o mundo, as transferências são um procedimento hospitalar de rotina


que ajudam a garantir a prestação e o gerenciamento de cuidados continuados em
todo o caminho que o paciente percorre entre os serviços. A otimização deste
processo pode ter um grande impacto na qualidade e segurança nos cuidados
prestados aos pacientes hospitalizados (O’ROURKE et al., 2018; PARSONS LEIGH
et al., 2016).
A comunicação de alta qualidade é essencial para a continuidade do cuidado
desde a admissão do paciente até a sua alta. As transferências de pacientes
realizadas de forma padronizada procuram oferecer continuidade do cuidado,
promovendo um ambiente de trabalho colaborativo e envolvem um processo de
transmissão de informações, responsabilidade, e controle de um cuidador para outro
durante as transições (PARSONS LEIGH et al., 2016; RAITEN et al., 2015).
A transmissão de informações pode ser feita pessoalmente, textualmente ou
por telefone. Estima-se que um em cada dois pacientes experimentem fragmentação
e/ou perda de informações durante transferências entre setores de um mesmo serviço
ou entre diferentes serviços (PARSONS LEIGH et al., 2016).
Transferências inadequadas podem ter sérias consequências, resultando em
tratamentos incorretos, atrasos no diagnóstico, hospitalizações mais longas, erros de
medicação, quedas e mortes de pacientes, além de insatisfação dos familiares com o
cuidado recebido e eventos adversos (O’ROURKE et al., 2018; PARSONS LEIGH et
al., 2016).
Durante a transferência do paciente, informações cruciais sobre as condições
clínicas, exames realizados e tratamentos recebidos devem ser compartilhados entre
os profissionais, para que o plano de cuidados possa ser efetivamente continuado
pelos próximos responsáveis. Uma transferência de pacientes entre profissionais de
saúde não é apenas um processo de fornecimento de informações, mas também de
accountability2 (PARSONS LEIGH et al., 2016; STELFOX et al., 2013).
De forma a otimizar o processo de transição, a implantação de checklists e a
padronização de condutas para transferência de pacientes foram apresentadas como
maneiras de melhorar a experiência do paciente e o desfecho de seu tratamento, além
de ter sido demonstrada a diminuição de omissão de informações, com resultados a
partir da colaboração e engajamento da equipe para com a implantação e uso dessas

2 Accountability representa a responsabilidade, a obrigação e a responsabilização de gestores


ocupantes de um cargo em prestar contas à luz de parâmetros previamente definidos.
40

estruturas padronizadas (AMAYA et al., 2016; LANE-FALL et al., 2020;


THONGPRAYOON et al., 2016; VAN SLUISVELD et al., 2015).
Estudo de De Grood, et al (2019), desenvolveu um painel com 63 informações
essenciais que devem estar contidas em uma ferramenta padronizada de
transferência baseado em três premissas: flexibilidade, usabilidade e accountability.
As informações encontradas neste estudo estão resumidas no Quadro 2.

Quadro 2 - Informações essenciais na transferência


Nome Registro Data de Nascimento Sexo
Diretivas Objetivos do cuidado Tempo de Orientações de alta
avançadas permanência na UTI hospitalar
Doenças Histórico clínico/ Alergias Descrição do curso
anteriores cirúrgico da doença
Doença atual Diagnóstico principal Diagnóstico Acompanhamento de
secundário especialidades
Procedimentos Problemas no momento Problemas ativos/ Justificativa de uso
realizados da transferência resolvidos de medicações
Plano de cuidados Tratamento recebido Tratamento Estado neurológico
planejado
Reconciliação Medicações em uso Medicações em uso Lesões de pele e
medicamentosa em casa no hospital ferida operatória
Medicações Drenos, cateteres, Precauções de Estratificação de
intravenosas tubos e dispositivos isolamento risco de transferência
Preocupações Restrições Balanço hídrico
respiratórias
Assinatura do Responsável pela transferência Informações adicionais
das unidades correspondentes
Fonte: A autora (2021), baseado em De Grood et al (2019).

Estudo de Hemesath et al (2019), realizado em um hospital universitário


terciário no Rio Grande do Sul, definiu um checklist de transferência temporária de
pacientes quando estes são encaminhados para a realização de exames. No
instrumento são coletadas informações em duas frentes, antes e após o procedimento
e estas informações são relativas à identificação do paciente, tipo de transporte,
dispositivos, tipo de procedimento, riscos assistenciais e intercorrências.
Um checklist é uma ferramenta que pode ser utilizada para a padronização de
documentos, para registro dos cuidados prestados, além de poder ser considerado
fonte de dados para processos gerenciais e atividades de ensino e pesquisa. A
implementação pode ser considerada de baixo custo, mesmo sendo necessário
41

capacitação da equipe para o uso, os maiores gastos se resumem à reprodução e


distribuição do instrumento quando usado na forma impressa ou na disponibilização
do mesmo em sistemas informatizados (AMAYA et al., 2016; LANE-FALL et al., 2020;
PARSONS LEIGH et al., 2020; SOPPA et al., 2019; THONGPRAYOON et al., 2016).
No entanto, a transição do paciente de ambientes especializados, como uma
Unidade de Terapia Intensiva (UTI), por exemplo, para unidades não intensivas é um
processo complicado, devido à complexidade do quadro clínico apresentado, à
mudança de ambiente e à diferença de recursos disponíveis. Os pacientes que
recebem alta da UTI são um grupo particularmente vulnerável, com risco de
deterioração clínica devido ao acentuado declínio no monitoramento e nos recursos
que ocorrem durante a transição para a enfermaria (CZERWONKA et al., 2015; DE
GROOD et al., 2018; HERRIDGE, 2017; PARSONS LEIGH et al., 2016; PETERS,
2017; STELFOX et al., 2013; VAN SLUISVELD et al., 2015).
Desta forma, Parsons Leigh et al (2016), observa que o prontuário médico de
um paciente desempenha uma função vital na manutenção da continuidade do
cuidado, porque é o mecanismo central pelo qual a comunicação textual entre os
profissionais acontece. Além disso, segundo o mesmo autor, um paciente pode
experimentar vários episódios de transição durante sua hospitalização, mas a
documentação incluída no prontuário médico acompanha o paciente como uma
representação objetiva de sua história, objetivos diários do plano de cuidados e do
tratamento oferecido.
Ao trabalhar com informações incompletas, os profissionais de saúde correm o
risco de rediagnosticar condições conhecidas, afastar-se dos planos de tratamento
estabelecidos ou deixar de abordar as barreiras originais que impediam os pacientes
de seguir adiante com um plano de cuidados previamente desenvolvido (DE GROOD
et al., 2019; FACCHINETTI et al., 2020; SCHULZ; SILVA, 2011; STELFOX et al.,
2017).
Embora a coleta de informações completas consuma inicialmente mais tempo,
fornece ao profissional um olhar clínico mais crítico. A realização da avaliação
individual do paciente permite que a equipe use todo o período de internação
hospitalar para atender às necessidades, explorar expectativas e elaborar uma
estratégia que envolva não só apenas aquela internação, mas que seja baseada na
atenção primária, após o período de hospitalização (CHABOYER; JAMES; KENDALL,
2005; PARSONS LEIGH et al., 2016; PETERS, 2017).
42

É imprescindível que as evoluções clínicas contenham os seguintes dados:


nome do paciente, número de registro no hospital, data, hora além do nome e a
designação do profissional que inseriu a anotação. Além disso, as anotações devem
ser apresentadas em ordem cronológica para refletir a continuidade do cuidado ao
paciente e devem ocorrer imediatamente após o acontecimento de um evento
relevante (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2015; CONSELHO FEDERAL
DE MEDICINA, 2002).
Uma estratégia comumente utilizada para documentação da evolução clínica
é o uso do acrônimo SOAP (Subjetivo, objetivo, avaliação e prescrição). Foi
demonstrado que o uso do SOAP fornece um modelo de evolução clínica, melhora a
comunicação entre os profissionais de saúde, além de servir de apoio ao ensino de
estudantes (RAITEN et al., 2015; SCHULZ; SILVA, 2011). No CHC-UFPR, este
modelo de evolução é padronizado para a equipe multiprofissional. A Figura 5 sintetiza
a aplicação do SOAP na prática clínica.

Figura 5 - Aplicação do SOAP


S - Subjetivo
•Observações do paciente sobre seu estado de
saúde, história clínica, relato de familiares

O - Objetivo
•Exame físico, exames realizados, aplicação de
escalas

A - Avaliação
•Análise dos achados em S e O

P - Prescrição
•Conduta a ser tomada ou plano de tratamento

Fonte: A autora (2020), baseado em SCHULZ; SILVA (2011).

Diversas abordagens baseadas em acrônimos para padronizar a


comunicação verbal foram implementadas e utilizadas. A passagem de plantão
realizada por meio destes métodos serve como auxílio cognitivo e demonstrou reduzir
as omissões de conteúdo.
43

Dentre estas, a mais citada é a SBAR, que foi originalmente desenvolvida pela
Marinha dos Estados Unidos para facilitar a transferência de informações em uma
estrutura precisa e previsível (MÜLLER et al., 2018; O’ROURKE et al., 2018; RAITEN
et al., 2015). Segundo O’Rourke et al (2018), este acrônimo foi usado pela primeira
vez na área da saúde como uma maneira de os enfermeiros comunicarem uma
mudança na situação do paciente aos médicos. Desde então, tem sido recomendado
como uma maneira estruturada para que os profissionais de saúde realizem a
passagem de plantão ou informem intercorrências (O’ROURKE et al., 2018; YEAMAN;
KO; ALVAREZ DEL CASTILLO, 2015). A Figura 6 exemplifica o uso da ferramenta
SBAR em passagens de plantão ou comunicação de intercorrências clínicas.

Figura 6 - Ferramenta SBAR e exemplificação

O QUE COMO EXEMPLO

S Frase concisa Olá, Dr AAA, aqui é a Enfª BBB. Estou cuidando


sobre o do paciente CCC. Ele teve uma dor torácica de
SITUAÇÃO forte intensidade há cerca de 2 minutos, com
problema dispneia e sudorese.

Detalhes e
B contexto
É um homem de 68 anos, com histórico de
doença cardíaca, que foi submetido a colectomia
BREVE HISTÓRICO pertinente ao ontem, sem complicações.
problema
Pedi um eletrocardiograma. Meu receio
A
Análise e opções é que ele esteja tendo um infarto ou
AVALIAÇÃO
consideradas embolia pulmonar.

R Ação É muito importante que você venha


RECOMENDAÇÃO recomendada imediatamente.

Fonte: A autora (2020), baseado em MULLER et al (2018).

Outra abordagem é a realização de rondas ou planos interprofissionais,


também conhecidas como "plano multidisciplinar" (CHEW et al., 2019; GONZALO et
al., 2016; PETERS, 2017; SHARMA; HASHMI; FRIEDE, 2021). Quando bem-
sucedida, o aprimoramento da comunicação criada por essas rondas tem impacto em
outros aspectos das funções da equipe de saúde, pois criam um sentimento de
empoderamento entre os membros da equipe de assistência, ajudando-os a entender
os papéis e os pontos fortes dos outros membros.
44

De acordo com os autores Gonzalo et al (2016), Chew et al (2019) e Sharma


et al (2020), planos multiprofissionais bem-sucedidos devem seguir os seguintes
passos:
● Incluir, no mínimo, as principais partes interessadas: enfermeiros, médicos,
assistentes sociais, fisioterapeutas, nutricionistas e farmacêuticos. Se possível,
a presença de especialistas, mesmo que apenas de forma intermitente.
● Estabelecer explicitamente os papéis de cada participante, de modo que cada
pessoa que participe esteja preparada com as informações que precisa trazer
para o grupo e tenha pensado sobre quais informações precisa obter do grupo.
● Ocorrer diariamente (ou pelo menos de segunda a sexta-feira) em um horário
definido, geralmente no meio da manhã.
● Exigir um "proprietário". Essa pessoa, normalmente enfermeiro ou médico
visitador, mantém a equipe focada.
● Usar a tecnologia disponível. Projetar listas de pacientes em uma tela,
permitindo que pedidos eletrônicos sejam feitos durante os encontros ou
buscando resultados rápidos em laboratórios ou anotações para fins de
planejamento.
● Usar um script ou checklist para que todos saibam quem precisa falar quando
e quais informações devem ser apresentadas.
● Deve ser breve. Essas rodadas devem ter uma média de 60 a 90 segundos por
paciente, concentrando-se nas informações necessárias para o dia atual e no
planejamento para os próximos dois dias e alta.
● Deve procurar identificar perguntas antecipadas (dos membros da equipe de
atendimento e pacientes) e abordar as barreiras para mover o paciente durante
sua hospitalização.
● Precisa ser documentado para que os planos implementados possam ser
seguidos e os responsáveis sejam responsabilizados.
Em busca de abordagens potencialmente positivas para que as transições
sejam seguras encontra-se a reconciliação medicamentosa, que é definida como um
processo para obtenção de uma lista completa, precisa e atualizada dos
medicamentos que cada paciente utiliza em casa incluindo nome, dose, periodicidade
e via de administração, e que deve ser comparada com as prescrições médicas feitas
na admissão, transferência, consultas ambulatoriais e na alta hospitalar (SANTOS et
al., 2019; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2019).
45

A OMS por meio dos materiais “The World Health Organization's Medication
without Harm: 3rd Global Patient Safety Challenge” de 2017 e “Medication safety in
transitions of care” de 2019 visa reduzir eventos adversos evitáveis relacionados à
medicação em 50% até 2022 e identifica os cuidados de transição como uma área
prioritária de ação (HAHN-GOLDBERG et al., 2021; REDMOND et al., 2018; WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 2017, 2019).
Certos grupos de pacientes estão em maior risco de eventos adversos durante
as transições do hospital para casa devido a desafios de comunicação, além da
necessidade de gerenciar diversos tipos de medicações associada à complexidade
clínica do paciente. Porém, durante as transições intra-hospitalares, os erros de
medicação também podem ocorrer devido à falhas de comunicação relativas à
documentação incompleta (HAHN-GOLDBERG et al., 2021; SANTOS et al., 2019;
WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2017, 2019).
Em busca da segurança do paciente, é importante que haja a implementação
de processos estruturados para a reconciliação medicamentosa em todas as
transições em que o paciente navegar. A documentação do paciente deve conter a
história medicamentosa, com medicações de uso contínuo pré hospitalização,
medicações descontinuadas, inserção de novos medicamentos, posologia, dosagem
e as infusões contínuas em uso no momento da transferência do paciente (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 2017, 2019). A Figura 7 explora as mudanças nas
medicações decorrentes da transição do paciente entre diversos níveis de atenção.

Figura 7 - Reconciliação medicamentosa

Fonte: A autora (2021), baseado em WHO (2019)


46

A equipe multidisciplinar deve trabalhar para obter uma única lista de


medicamentos adequadamente registrada, obtida por meio de entrevista com o
paciente no momento da admissão hospitalar, transferências ou alta e paralelamente
confirmada por meio de outra fonte confiável. Quando as entrevistas são realizadas
por mais de um profissional e sem a devida comunicação e registro pode gerar
insegurança e incômodo ao paciente, pela necessidade de repetir informações já
fornecidas, podendo ocorrer divergências entre as informações obtidas, além de gerar
retrabalho (SANTOS et al., 2019; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2019).
Quando os pacientes são incapazes de falar ou advogar por si, como é comum
em muitos pacientes de UTI ou naqueles com sequelas de AVE ou outras patologias,
os registros médicos são ainda mais cruciais, pois representam a história do paciente
durante sua internação. Os pacientes expressam várias necessidades em cada ponto
de transição. Nas fases iniciais, necessidades humanas fundamentais de nutrição,
hidratação, conforto, segurança e suporte físico e emocional vêm à tona. Se não forem
atendidas no início, essas necessidades provavelmente continuarão e aumentarão em
uma fase posterior de recuperação (KING et al., 2019; PARSONS LEIGH et al., 2016).
Observa-se que em todo o momento da hospitalização o paciente se encontra
em um momento da transição e que as ações propostas pelos profissionais
responsáveis por eles são essenciais para o processo seja conduzido pelo paciente
de forma positiva. A sensação de previsibilidade e a qualidade das informações que
são transmitidas a partir da padronização de condutas e de instrumentos têm potencial
de oferecer ao paciente melhores oportunidades de enfrentamento à doença.
47

5 MÉTODO

Neste capítulo, é apresentada a trajetória metodológica para que os objetivos


propostos fossem alcançados. Para tanto, discorre-se sobre: o tipo de estudo, cenário,
participantes, coleta e análise dos dados e os aspectos éticos. O desenvolvimento da
pesquisa seguiu as seguintes etapas conforme Figura 8.

Figura 8 - Etapas da Pesquisa

Fonte: A autora (2021).


48

5.1 TIPO DE ESTUDO

Trata-se de uma pesquisa exploratória de abordagem qualitativa. As


pesquisas exploratórias têm a finalidade de desenvolver, esclarecer e modificar
conceitos e ideias, objetivando proporcionar uma visão geral acerca de determinado
fato. Comumente as pesquisas exploratórias se traduzem na primeira etapa de uma
investigação mais ampla. O produto deste processo passa a ser um problema mais
esclarecido, passível de investigação mediante procedimentos mais sistematizados
(GIL, 2002).

5.2 CENÁRIO DO ESTUDO

O cenário do estudo foram as Unidades de Terapia Intensiva (UTI), Centro de


Terapia Semi Intensiva (CTSI) e Enfermaria de Clínica Médica (CM) do Complexo
Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC-UFPR).
O CHC-UFPR teve suas atividades iniciadas em 1961, nos dias de hoje é
conhecido por ser o maior hospital público do estado do Paraná e o terceiro maior do
país. Sua área construída abrange 63 mil m 2, por onde circulam, aproximadamente,
11 mil pessoas por dia. São quase 96 mil pacientes atendidos em média por mês, com
1.237 internações e 634 cirurgias/mês (EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS
HOSPITALARES, 2014).
O hospital caracteriza-se por prestar atendimento terciário, uma vez que
possui estrutura tecnológica, instrumental e recursos humanos especializados para
abordar casos de alta complexidade, realizando exames diagnósticos avançados e
procedimentos terapêuticos de ponta e desde 2014 é gerenciado pela Empresa
Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) (EMPRESA BRASILEIRA DE
SERVIÇOS HOSPITALARES, 2014).
Tem como especialidades clínicas Infectologia Adulto e Pediátrica, Urologia,
Nefrologia, Neurologia, Oftalmologia, Otorrinolaringologia, Clínica Médica Geral,
Pediatria, Neonatologia, Cardiologia, Hematopediatria, Terapia Intensiva Adulto,
Pediátrica e Neonatal; tratamento Oncológico com Transplante de Medula Óssea,
Quimioterapia de alto risco, além das especialidades cirúrgicas como Cirurgia do
Aparelho Digestivo, Torácica, Geral, Plástica, Transplante Hepático e Renal e
49

Neurocirurgia. Além destes, possui atendimento para casos de baixo e alto risco
obstétrico e ginecologia.
O Complexo é formado pelo CHC-UFPR e pela Maternidade Victor Ferreira
do Amaral, que foi anexada à estrutura desde 2001 por meio de um convênio entre a
Prefeitura Municipal de Curitiba e a UFPR (EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS
HOSPITALARES, 2014).
À época da definição dos setores em que a pesquisa seria aplicada, as
unidades pré-determinadas realizavam atendimento de adultos e adolescentes a partir
de 12 anos. A UTI possuía estrutura para 14 leitos de internação, o CTSI continha 10
leitos de terapia intensiva e 06 leitos de semi-intensiva e as enfermarias de CM
possuíam 36 leitos de internação divididos entre leitos masculinos e femininos,
separadamente.
Devido à pandemia de COVID-19, desde março 2020, a conformação de
setores, leitos e lotação de profissionais foi drasticamente alterada, com muitas
mudanças de localização de unidades, criação e fechamento de unidades para
atendimento de pacientes suspeitos e confirmados de COVID-19 e a realocação dos
profissionais para outras unidades.
No momento atual, a UTI Geral foi transformada em UTI Respiratória com 15
leitos, atendendo tanto pacientes suspeitos e confirmados de COVID-19, quanto
outras patologias, a CTSI foi determinada como a única UTI não respiratória do
complexo com 16 leitos de UTI e a Clínica Médica mantem o atendimento dos
pacientes clínicos não acometidos pela COVID-19 com aumento de 36 para 52 leitos
com a abertura de novas unidades.

5.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO

Os participantes do estudo foram os Profissionais de saúde pertencentes à


equipe multiprofissional dos setores de UTI geral, CTSI e Enfermaria de Clínica
Médica: Assistentes Sociais, Enfermeiros, Fisioterapeutas, Fonoaudiólogos, Médicos,
Nutricionistas, Odontólogos, Psicólogos e Técnicos de Enfermagem.

5.3.1. Critérios de Inclusão


50

Profissionais de saúde pertencentes à equipe multiprofissional dos setores de


UTI geral, CTSI e Enfermaria de Clínica Médica: Assistentes Sociais, Enfermeiros,
Fisioterapeutas, Fonoaudiólogos, Médicos, Nutricionistas, Odontólogos, Psicólogos e
Técnicos de Enfermagem, que aceitaram participar do estudo e que assinaram o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

5.3.2 Critérios de Exclusão

Profissionais de saúde pertencentes à equipe multiprofissional dos setores de


UTI geral, CTSI e Enfermaria de Clínica Médica: Assistentes Sociais, Enfermeiros,
Fisioterapeutas, Fonoaudiólogos, Médicos, Nutricionistas, Odontólogos, Psicólogos e
Técnicos de Enfermagem, em períodos de férias ou outros afastamentos e que se
recusaram a participar da pesquisa.

5.4 COLETA DE DADOS

A coleta de dados aconteceu no mês de janeiro de 2021, após a aprovação


do projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética da UFPR. Primeiramente foi solicitada a
autorização das chefias das unidades por meio de envio das cartas-convite
(APÊNDICE A), estas contendo explicações gerais sobre a pesquisa e a apresentação
das pesquisadoras.
Após a autorização formal das chefias das unidades, a pesquisadora visitou
as unidades participantes em momentos agendados com os profissionais para
explanações sobre a pesquisa e esclarecimentos de dúvidas. Nestes encontros foram
disponibilizados os TCLE (APÊNDICE B), questionários impressos (APÊNDICES C e
D), condicionados à assinatura do TCLE, para aqueles participantes que relataram
preferir responder o questionário em meio físico, além de apresentação de uma
vinheta (APÊNDICE E) sobre cuidados de transição e continuidade de cuidados. Além
disso, uma vinheta foi encaminhada por meio de aplicativo de mensagens
instantâneas de modo a aumentar o engajamento dos participantes.
A vinheta é conceituada como uma descrição breve de eventos ou situações,
reais ou fictícias, às quais os participantes são solicitados a reagir e tem o objetivo de
apreender informações acerca da percepção, opinião ou conhecimento sobre o
51

fenômeno estudado. Apresenta a vantagem de oferecer aos participantes maior


familiaridade com o tema, gerando impacto na qualidade das respostas, enriquecendo
o conteúdo e promovendo reflexão e sensibilização dos participantes a respeito da
temática (POLIT; BECK, 2011).
Ainda, foi enviado aos participantes e-mail para acesso à plataforma
eletrônica Google Forms®, para aqueles que preferirem responder o questionário
online, além de mensagem instantânea por meio de aplicativo de mensagens
(WhatsApp®). O preenchimento do questionário foi precedido pelo aceite ao TCLE
eletrônico na mesma plataforma.
O instrumento (APÊNDICES C e D) foi submetido a pré-teste com quatro
profissionais de outro hospital e, posteriormente, ajustado conforme as necessidades
identificadas.
O método de coleta de dados por meio de questionário foi definido após o
início da pandemia, devido às restrições sanitárias relativas às aglomerações de
pessoas, com vistas à redução de contaminação pela COVID-19. Desta forma,
também foi cancelada a realização do grupo focal, que inicialmente seria o condutor
da construção do protocolo, que por fim se tornou um checklist. O questionário foi
considerado uma maneira eficaz e segura para realizar a pesquisa, além de
apresentar tempo estimado de cinco a sete minutos para resposta, otimizando o
tempo dos participantes.
Um questionário é definido como a técnica de investigação composta por um
conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o propósito de obter
informações sobre diversos aspectos. A construção do questionário consiste
basicamente em traduzir objetivos da pesquisa em questões específicas (GIL, 2002;
RAMOS et al., 2019).
As respostas às questões proporcionam ao pesquisador subsídios para
descrever as características da população pesquisada. Assim, a construção de um
questionário é procedimento técnico cuja elaboração deve seguir os seguintes passos:
constatação da eficácia para verificação dos objetivos; determinação da forma e do
conteúdo das questões; quantidade e ordenação das questões; construção das
alternativas; apresentação do questionário e pré-teste (RAMOS et al., 2019).
O questionário sociodemográfico foi composto por questões para a
caracterização dos participantes da pesquisa (idade, sexo, tempo de experiência
profissional, de atuação na unidade e formação, qualificação e categoria profissional).
52

Já o questionário acerca dos cuidados de transição, foi composto por dez


questões que objetivavam conhecer a realidade dos profissionais referente à transição
dos pacientes tanto da UTI para a enfermaria como o contrário, além de questões
acerca dos itens necessários para a elaboração do produto.
A questão um aborda sobre o conhecimento da existência de protocolo de
transição/transferência na unidade de atuação, a segunda questão, complementar à
primeira, solicita as informações acerca do protocolo caso o participante tenha
respondido sim à primeira pergunta.
A terceira questão questiona o participante sobre a experiência deste no
processo de transição. As questões quatro e cinco solicitam aos participantes quais
são as informações essenciais para a elaboração do checklist na perspectiva de quem
recebe o paciente e de quem o transfere e apresentam 13 itens (diagnóstico principal,
diagnósticos secundários, medicações em uso, alergias, plano de tratamento atual,
objetivos do tratamento atual, resultados de exames, pendências, status cognitivo,
nível de dependência assistencial, diretrizes avançadas de vida, planejamento para
alta hospitalar, disponibilidade de apoio familiar), além de oferecer espaço para
sugestões.
A sexta questão se refere à forma que o participante julga ser a mais
adequada para a transmissão das informações, a sétima questão pede ao
participante que informe as dificuldades encontradas no processo de transição, a
oitava questão pergunta aos participantes quais são os agentes que devem participar
do processo de transição.
A nona questão pede ao participante que defina o momento em que deve ser
iniciado o processo de transição e, finalmente a décima questão oferece ao
participante um espaço para colocações, sugestões.
A amostra foi aleatória com os profissionais que aceitaram participar da
pesquisa com número total de 23 respondentes por meio da plataforma Google
Forms® e destas subtraídas três respostas devido um dos participantes ter respondido
à pesquisa por duas vezes e um dos participantes ter respondido por três vezes ao
questionário exatamente com as mesmas respostas, totalizando 20 participantes no
total. Os participantes foram identificados com o codinome “P” seguido de numerais
correspondentes de 1 a 20 (P1; P2; P3... P20) a fim de proteger a confidencialidade
dos participantes.
53

5.5 ANÁLISE DE DADOS

A análise dos dados do questionário sociodemográfico foi realizada com auxílio


do Microsoft Excel®, onde a pesquisadora analisou separadamente cada variável do
questionário.
A primeira etapa da análise da pesquisa do questionário sobre cuidados de
transição foi realizada a partir da leitura das respostas deste pela pesquisadora. Os
dados da segunda etapa da pesquisa foram analisados com o apoio do software
IRAMUTEQ® versão 0.7 alpha 2 (Interface de R pourles Analyses
Multidimensionneles de Textes et de Questionnaires), que utiliza a linguagem Python
e dispõe de funcionalidades através do software estatístico R, para auxiliar na
construção e apreensão dos discursos e identificar as suposições mais adequadas a
partir dos dados (CAMARGO; JUSTO, 2013).
Desde 2013, software é utilizado no Brasil em pesquisas na área de psicologia
e ciências sociais, e, na área de Enfermagem seu uso é observado desde 2015, o que
pode ser explicado pela busca de variação de modalidades de análise de dados
qualitativos, já que o IRAMUTEQ® permite diferentes formas de análises estatísticas
de textos, produzidas a partir de entrevistas, documentos, artigos, questionários, entre
outras (CAMARGO; JUSTO, 2013).
O IRAMUTEQ® oferece ao pesquisador uma variedade de formas de análise
de dados, desde a lexicografia básica, exemplificada pelo cálculo de frequência de
palavras, e análises multivariadas como Classificação Hierárquica Descendente
(CHD) e Análise Pós-Fatorial, além de fornecer a Análise de Similitude e Nuvem de
Palavras (CAMARGO; JUSTO, 2013).
Nesta pesquisa foram usadas as seguintes formas de análise de segmentos de
textos como explicado a seguir, de acordo com Camargo e Justo (2013):
• Classificação Hierárquica Descendente - Os segmentos de texto são
classificados em função dos seus respectivos vocabulários, e o conjunto
deles é repartido em função da frequência das formas reduzidas. A partir
de matrizes cruzando segmentos de textos (ST) e palavras (em repetidos
testes do tipo qui-quadrado), aplica-se o método de CHD e obtém-se uma
classificação estável e definitiva visando obter classes de ST que, ao
mesmo tempo, apresentam vocabulário semelhante entre si, e
vocabulário diferente dos ST das outras classes.
54

• Nuvem de palavras – Faz o agrupamento de palavras e a organização


gráfica de acordo com a frequência de aparecimento.
• Análise de similitude – Baseada na teoria dos grafos, possibilita identificar
as coocorrências entre as palavras trazendo indicações da conexidade
entre as palavras, auxiliando na identificação da estrutura da
representação gráfica.
De forma a otimizar o uso do IRAMUTEQ®, o pesquisador deve realizar a
preparação do corpus textual da pesquisa. Esta preparação inclui a leitura, correção
e configuração do corpus textual em busca do maior número de palavras sejam
aproveitadas, gerando uma porcentagem maior de ST. É considerado adequado um
aproveitamento de ST de cerca 75%, podendo variar até no mínimo de 70%. Pode-se
realizar a utilização de pelo menos dez entrevistas ou textos, com sugestão de que o
corpus ideal seria entre 20 e 30 textos para análise no software. (ACAUAN et al., 2020;
CAMARGO; JUSTO, 2013).
Na análise de questões abertas do questionário do estudo, cada questão foi
codificada e analisada separadamente totalizando cinco corpus textuais. As questões
que contaram com o auxílio do software IRAMUTEQ® foram as questões três “Como
você descreveria sua experiência na transição/transferência do paciente da UTI para
Enfermaria e/ou da Enfermaria para UTI?”, seis “De que maneira você considera que
essas informações devem ser repassadas?”, sete “Quais as principais dificuldades
observadas durante a transição/transferência entre as unidades mencionadas?”, oito
“Qual é o momento ideal para o processo de transição iniciar?” e nove “Quais são os
agentes que devem estar implicados no processo de transição?”.
A análise das questões processadas a partir do software seguiram os passos
da análise temática proposta por Braun e Clarke (2006), composta pelos seguintes
níveis:

1. Familiarizando-se com seus dados: Transcrição dos dados (se necessário),


leitura e releitura dos dados, apontamento de ideias iniciais.

2. Gerando códigos iniciais: Codificação das características interessantes dos


dados de forma sistemática em todo o conjunto de dados, e coleta de dados
relevantes para cada código.
55

3. Buscando por temas: Agrupamento de códigos em temas potenciais, reunindo


todos os dados relevantes para cada tema potencial.

4. Revisando temas: Verificação se os temas funcionam em relação aos extratos


codificados (nível 1) e ao conjunto de dados inteiro (nível 2), gerando um "mapa"
temático da análise.

5. Definindo e nomeando temas: Nova análise para refinar as especificidades de


cada tema, e a história geral contada pela análise; geração de definições e nomes
claros para cada tema.

6. Produzindo o relatório: Seleção de exemplos vívidos e convincentes do extrato,


análise final dos extratos selecionados, relação entre análise, questão da pesquisa
e literatura, produzindo um relatório da análise.

A variedade de agrupamentos lexicais o software fornece contribui na


realização da análise temática, uma vez que agiliza a etapa de recorte dos textos em
que são retiradas as ideias centrais das falas dos participantes. Além disso, o
agrupamento de palavras que é fornecido pelo IRAMUTEQ® a partir da frequência de
aparecimento e a disposição gráfica destas, favorece a compreensão das falas dos
participantes.
A etapa 2, geração de códigos iniciais foi realizada com a determinação dos
ST. O software forneceu o agrupamento de códigos em temas potenciais, de modo
que possibilitou o cumprimento do nível 3.
Nessa etapa é sugerido pelos autores que o maior número de temas seja
incluído, para que seja possível identificar possíveis contradições, bem como explicitar
um “mapa temático” que evidencie o padrão dos dados e a relação entre eles. Nesta
perspectiva, o uso do IRAMUTEQ® viabilizou o processo de forma objetiva, uma vez
que contribuiu com o resultado de análise do corpus, pois executou análises lexicais
clássicas, assim como reduziu palavras com base em suas raízes, fornecendo os
códigos iniciais e, posteriormente, a categorização nos níveis 3 e 4 (BRAUN;
CLARKE, 2006; CAMARGO; JUSTO, 2013).
A análise de similitude realiza o agrupamento do tema pela conexidade entre
as palavras, o que potencializa o corpus para a próxima fase de tratamento dos
resultados obtidos e a interpretação. Esta é a fase mais delicada da análise temática,
pois é a parte interpretativa da construção dos dados, que perpassa pela necessidade
56

do diálogo com o referencial teórico escolhido previamente, e desta forma foi realizada
uma análise temática indutiva, em que os dados são prioritários ao surgimento das
categorias para a compreensão do fenômeno durante o processo de tratamento dos
dados (CAMARGO; JUSTO, 2013).
O Quadro 3 sintetiza as etapas da metodologia e resultados da pesquisa.

Quadro 3 – Representação da Metodologia de Pesquisa


Objetivos Coleta de dados Análise de dados Resultados
a) Verificar a - Questão 3 “Como - Estatística - Desconhecimento
percepção dos você descreveria sua descritiva pelo de ferramenta de
profissionais de experiência na software Microsoft transição;
saúde sobre transição/transferência Excel
cuidados de do paciente da UTI - Equipe
transição para Enfermaria e/ou - Análise com multiprofissional é
da Enfermaria para auxílio do software essencial para
UTI?” IRAMUTEQ® transição segura;

- Questão 4 “Quais - Análise temática - Padronização do


informações você processo de
considera essenciais transição é
serem recebidas?” necessária;

- Questão 5 “Quais - Existem muitas


informações você falhas de
considera essenciais comunicação;
serem repassadas?”

- Questão 6 “De que


maneira você
considera que essas
informações devem
ser repassadas?”

- Questão 7 “Quais as
principais dificuldades
observadas durante a
transição/transferência
entre as unidades
mencionadas?”

- Questão 8 “Qual é o
momento ideal para o
processo de transição
iniciar?”

- Questão 9 “Quais
são os agentes que
devem estar
implicados no
processo de
transição?”
57

b) Elaborar - Questão 3 “Como - Revisão de - Checklist de


checklist para você descreveria sua literatura transferência interna
transição de experiência na de pacientes
pacientes entre transição/transferência - Resultados
unidades do paciente da UTI obtidos a partir do
para Enfermaria e/ou objetivo “a”
da Enfermaria para
UTI?”

- Questão 4 “Quais
informações você
considera essenciais
serem recebidas?”

- Questão 5 “Quais
informações você
considera essenciais
serem repassadas?”

- Questão 6 “De que


maneira você
considera que essas
informações devem
ser repassadas?”

- Questão 7 “Quais as
principais dificuldades
observadas durante a
transição/transferência
entre as unidades
mencionadas?”

- Questão 8 “Qual é o
momento ideal para o
processo de transição
iniciar?”

- Questão 9 “Quais
são os agentes que
devem estar
implicados no
processo de
transição?”
Fonte: A Autora (2021).

5.6 ASPECTOS ÉTICOS

Esta pesquisa foi aprovada pelo parecer nº 4.413.880 (ANEXO 1) do Comitê


de Ética em Pesquisa do Setor de Ciências da Saúde da Universidade Federal do
58

Paraná em 23 de novembro de 2020, cumprindo as normas descritas pela Resolução


466/12 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde.
A documentação completa do projeto por ser acessada a partir da Plataforma
Brasil pelo CAAE 34646920.9.0000.0102.
59

6 RESULTADOS

Quanto ao sexo, 17 eram do sexo feminino (85%) e apenas três do sexo


masculino (15%). Em relação a idade, 12 participantes (60%) estavam na faixa etária
de 31 a 40 anos, quatro participantes (20%) encontravam-se na faixa etária de 41 a
50 anos, três participantes (15%) entre 21 e 30 anos e um participante (5%) acima de
50 anos.
Em relação à formação profissional, a maior parte dos participantes da
pesquisa eram da classe da Enfermagem com 12 respondentes que somam 60% das
respostas, divididos em nove enfermeiros (45%) e três técnicos em enfermagem
(15%), em seguida quatro médicos (20%), dois fisioterapeutas (10%) e uma
nutricionista e uma fonoaudióloga cada um com 5% de representatividade.
A qualificação profissional destes era na maioria de Pós-graduação lato sensu
com nove participantes (45%), Residência com três participantes (15%), Nível técnico,
Graduação, Mestrado e Doutorado com dois participantes cada, perfazendo 10%.
No que tange ao tempo de experiência profissional, a metade dos
participantes (50%) apresentou de 11 a 20 anos de formação, seguido de sete
participantes (35%) com tempo entre cinco e 10 anos, dois participantes (10%) com
mais de 20 anos de formação e um participante (5%) com menos de cinco anos de
experiência profissional. O tempo de trabalho na unidade atual foi menor de cinco
anos em 14 das respostas (70%) e maior de cinco anos em seis das respostas obtidas
(30%). A Tabela 1 apresenta os dados encontrados entre os participantes da
pesquisa.

Tabela 1 - Caracterização dos participantes


Variáveis n %
Gênero
Feminino 17 85
Masculino 3 15

Idade
21 a 30 anos 3 15
31 a 40 anos 12 60
41 a 50 anos 4 20
>50 anos 1 5

Formação
Enfermagem superior 9 45
Enfermagem técnico 3 15
60

Medicina 4 20
Fisioterapia 2 10
Fonoaudiologia 1 5
Nutrição 1 5

Qualificação profissional
Nível técnico 2 10
Graduação 2 10
Pós-graduação lato sensu 9 45
Residência 3 15
Mestrado 2 10
Doutorado 2 10

Tempo de experiência profissional


<5 anos 1 5
5 a 10 anos 7 30
11 a 20 anos 10 50
>20anos 2 10

Tempo de trabalho na unidade atual


<5 anos 14 70
>5 anos 6 30
Fonte: A autora (2021).

6.1 Percepção dos participantes quanto aos cuidados de transição

A primeira questão do questionário proposto aos participantes tratava do


conhecimento destes acerca de um protocolo de transição/transferência dos pacientes
internados no CHC/UFPR e teve 100% de negativas, ou seja, no momento da
realização da pesquisa nenhum dos profissionais participantes tinha conhecimento de
algum protocolo em relação à transferência de pacientes.
A pergunta “Quais informações você considera essenciais serem repassadas?”
apresentava um quadro com 13 opções que poderiam ser escolhidas
concomitantemente, de forma a demonstrar as informações essenciais de estarem
dispostas no protocolo, além de uma opção em branco para sugestões. As opções
eram diagnóstico principal, status cognitivo, resultados de exames, plano de
tratamento atual, planejamento para alta hospitalar, pendências, objetivos do
tratamento atual, nível de dependência assistencial, medicações em uso,
disponibilidade de apoio familiar, diretrizes avançadas de vida, diagnósticos
secundários e alergias.
Dentre as opções, diagnóstico principal foi escolhido como essencial por todos
os 20 participantes da pesquisa, alergias apareceu com 17 respostas, plano de
61

tratamento atual e nível de dependência assistencial obtiveram 16 marcações,


pendências e diagnósticos secundários representaram 15 marcações cada,
medicações em uso representam 14 respostas, status cognitivo apareceu em 13
respostas, objetivos do tratamento atual em 12 respostas dos participantes, diretrizes
avançadas de vida representou 12 marcações dos participantes, resultados de
exames e disponibilidade de apoio familiar compreenderam oito marcações e
planejamento para alta hospitalar teve quatro marcações. O Gráfico 1 apresenta os
resultados encontrados na pesquisa a partir da resposta dos participantes.

Gráfico 1 - Principais informações repassadas

Diagnóstico principal 20
Alergias 17
Plano de tratamento atual 16
Nível de dependência assistencial 16
Pendências 15
Diagnósticos secundários 15
Medicações em uso 14
Status cognitivo 13
Objetivos do tratamento atual 12
Diretrizes avançadas de vida 9
Resultados de exames 8
Disponibilidade de apoio familiar 8
Planejamento para alta hospitalar 4

0 5 10 15 20 25

Fonte: A autora (2021).

A pergunta “Quais informações você considera essenciais serem recebidas?”


concentrava as mesmas perguntas da questão anterior e tinha o propósito de
compreender se as demandas de informação seriam as mesmas para a unidade que
recebe o paciente tanto quanto para a unidade de irá transferi-lo. Como na questão
anterior, havia uma questão em branco aberta para sugestões pertinentes e foram
recebidas duas sugestões de um dos participantes Qualidade da aceitação da dieta e
quantificação de eliminações fisiológicas e tipo de via de alimentação. O Gráfico 2
representa as respostas dos participantes conforme descrito.
62

Gráfico 2 - Principais informações recebidas

Diagnóstico principal 20
Plano de tratamento atual 18
Alergias 18
Medicações em uso 16
Pendências 15
Nível de dependência assistencial 15
Status cognitivo 14
Objetivos do tratamento atual 14
Diagnósticos secundários 14
Disponibilidade de apoio familiar 12
Resultados de exames 11
Diretrizes avançadas de vida 11
Planejamento para alta hospitalar 7
Tipo de via de alimentação 1
Qualidade da aceitação da dieta e quantificação de… 1
0 5 10 15 20 25

Fonte: a autora (2021).

Assim como na questão anterior, todos os 20 participantes consideraram


essencial a informação de diagnóstico principal, 18 dos participantes consideraram
plano de tratamento atual e alergias como essenciais, medicações em uso foi marcado
com 16 respostas, pendências e nível de dependência assistencial foi representativo
para 15 participantes, 14 respostas definiram como essenciais status cognitivo,
objetivos do tratamento atual e diagnósticos secundários, disponibilidade de apoio
familiar recebeu 12 marcações, diretrizes avançadas de vida e resultados de exames
representaram 11 marcações, planejamento para alta hospitalar representou sete
respostas dos participantes.
Quando se compara as respostas das perguntas acima, percebe-se que
mesmo sendo um movimento cíclico de recebimento de informações e repasse
destas, os participantes apreendem relevância diferente entre as informações. As
informações consideradas menos relevantes foram planejamento para alta hospitalar,
diretivas avançadas de vida, disponibilidade de apoio familiar e resultados de exames
em ambas as perguntas, além da sugestão de uma das participantes sobre tipo de via
de alimentação e qualidade da aceitação da dieta.
Foram processados e analisados cinco textos pelo software IRAMUTEQ®,
dos quais obtiveram-se 49 segmentos de texto (ST), em que 43, ou seja, 87,86%
foram aproveitados. Foram encontradas 1762 ocorrências, 487 formas e 287 hapax,
que representam as palavras utilizadas apenas uma vez pelos participantes. Após o
63

dimensionamento desses segmentos de texto, definiram-se sete classes,


apresentadas no dendrograma da Classificação Hierárquica Descendente (CHD)
(FIGURA 8).
O corpus total foi dividido em três subcorpora. De um dos subcorpora, obteve-
se as classes um e quatro fortemente ligadas entre si e diretamente ligadas com a
classe seis, que está interligada à classe cinco, que por sua vez encontra-se
interligada à classe dois, e esta encontra-se fortemente ligada à classe três. A classe
sete se encontra conectada e fortemente interligada às classes cinco e seis.
O subcorpora da classe sete, correspondendo a 16,3% dos STs. O subcorpus
da classe seis corresponde a 11,6 % dos STs e mais duas repartições que originaram
a classe quatro, representando 16,3% dos STs e classe um, com 16,3% do total dos
STs do corpus total. Do outro subcorpora, obteve-se a classe cinco que concentra
11,6% dos STs do corpus total, e mais duas repartições que originaram as classes
dois, representando 16,3% dos STs. E a classe três representando 11,6% do corpus
total (FIGURA 9).
Figura 9 – Dendrograma 3 de classes

Fonte: a autora (2021)

3Dendrograma (dendr(o) = árvore) é um tipo específico de diagrama ou representação icônica que


organiza determinados fatores e variáveis.
64

As principais palavras ativas encontradas pela análise do IRAMUTEQ® foram


paciente (n=50), transferência (n=23), informação (n=21), comunicação (n=20),
equipe (n=18), médico (n=14), UTI (n=13), unidade (n=13), enfermaria (n=10), leito
(n=9) e enfermeiro (n=9).
A nuvem de palavras (FIGURA 10) extraída do software, produz uma
representação gráfica das palavras mais frequentes do corpus textual. As palavras
com maior destaque se concentram no centro da nuvem de palavras e possibilitam
identificar as ideias mais vinculadas ao tema principal da pesquisa.

Figura 10 - Nuvem de palavras

Fonte: A autora (2021)

Assim como na Análise de Similitude (FIGURA 11), que demonstra a forma


como as palavras se conectam, mostrando de forma bastante didática as classes que
foram estabelecidas pela CHD. Na representação escolhida para representar este tipo
de análise do sottware chamada de “árvore máxima”, as palavras se conectam como
em ramos partindo de uma raiz, neste caso, a palavra raiz encontrada é paciente,
ramificando-se em agrupamentos principais pelas palavras uti, unidade, transferência,
informação, comunicação e equipe.
65

Figura 11 - Análise de Similitude

Fonte: a autora (2021)


66

Após a leitura e releitura das respostas do questionário associando as


palavras ativas mais frequentes, as classes geradas pelo IRAMUTEQ®, a conexão
mostrada entre essas palavras (FIGURA 12), além da revisão de literatura foram
determinados três temas para análise efetiva da pesquisadora:
• A multidisciplinaridade como ferramenta de cuidados de transição composta
pela classe 7;
• Ferramentas necessárias para efetivação dos cuidados de transição
compostas pelas classes 2, 3 e 5;
• Comportamentos e ações necessárias para transição segura compostas pelas
classes 1, 4 e 6.

Figura 12 - Dendrograma com os principais ST

Fonte: a autora (2021)

6.1.1 A multidisciplinaridade como ferramenta de cuidados de transição

As palavras mais utilizadas na classe 7 foram enfermagem, fisioterapeuta,


multidisciplinar, médico, equipe. O papel da equipe multidisciplinar é considerado
essencial e é o início, meio e fim para que haja mudança de condutas, culturas e
67

quebras de paradigmas nos serviços. A análise realizada pelo software IRAMUTEQ®,


fez a mesma associação devido à frequência e colocação das palavras nas respostas
dos participantes e, mesmo sendo uma classe isolada na representação do
dendrograma de classes, esta é a classe matriz das outras.
O discurso dos profissionais participantes da pesquisa, quando perguntados
acerca das categorias profissionais que deveriam participar da transição entre as
unidades, demonstra que grande parte entende que este processo deve ocorrer de
forma multidisciplinar, com protagonismo da classe médica e enfermagem.
“Equipe multidisciplinar” (P4)

“Médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas e psicólogos.


Basicamente toda equipe multidisciplinar.” (P5)

“Equipe multidisciplinar” (P7)

“Médico enfermeiro fisioterapeuta” (P8)

“Todos os profissionais.” (P9)

“Equipe multidisciplinar” (P12)

“Enfermeira, técnico de enfermagem, médico, fisioterapeuta, assistente social (avisar


família)” (P15)

“Médico e enfermeiro.” (P20)

Para que a transição do paciente seja segura entre os níveis assistenciais


dentro das instituições, é essencial que um profissional seja designado como líder e
este desempenhe o papel de coordenação da alta hospitalar, e promova a integração
os membros da equipe assistencial a favor de uma ação conjunta e de uma assistência

mais qualificada.
Como já dito anteriormente, a transferência de pacientes entre unidades é um
fenômeno complexo, que envolve vários complicadores como alteração na quantidade
de equipamentos médico-hospitalares, medo da morte, complexidade clínica do
paciente, além do relacionamento entre os profissionais e entre os profissionais e o
paciente e família.
Apenas dois participantes da pesquisa citaram os próprios pacientes e/ou suas
famílias como personagens relevantes no processo de transição.
“Equipe multidisciplinar, paciente e apoio familiar ou serviço social” (P11)
68

“Paciente, equipe multidisciplinar das duas unidades e familiares” (P14)

Estas falas demonstram que há uma falta de entendimento dos profissionais


acerca do protagonismo do paciente dentro do processo de cuidado e transição.
Os participantes também apontaram o papel do Núcleo Interno de Regulação4
(NIR) como relevante na transmissão de informações, servindo como um elo entre as
equipes assistenciais.
“O papel do NIR nesse processo deve ser discutido. Como regulador das vagas, entendo
que ele deve ser ponto entre as equipes da UTI e Enfermaria para facilitar o estabelecimento
fácil e rápido de comunicação DIRETA entre médicos e enfermeiros das unidades.” (P6)

“A transferência se dá por meio informal e começa com a comunicação pela Regulação do


nome do paciente e posteriormente a unidade que vai transferir faz uma “passagem de
plantão” verbal. Normalmente via telefone” (P14)

“Omissão de informações, ruído de comunicação com diferentes dados sobre o mesmo


paciente (Regulação fala uma coisa e a unidade de origem outra coisa) e registro das
informações pela enfermagem” (P14)

O NIR foi alocado nesta categoria devido ao fato de coordenar as


transferências dos pacientes em conjunto com a equipe assistencial no CHC-UFPR,
e devido ao fato de ter como membros da equipe médicos e enfermeiros. É
responsabilidade do núcleo definir para onde o paciente vai ser transferido a partir da
patologia e quadro clínico e passar o caso clínico ao médico responsável, antes da
comunicação entre as equipes acontecer.

6.1.2 Ferramentas necessárias para efetivação dos cuidados de transição

As palavras mais utilizadas nesta categoria foram checklist, processo, seguro,


transferência, informação, falta, comunicação, estabelecer, acesso, sempre e risco.
Compreende-se deste apanhado que para uma transição segura é necessário um
processo padronizado, como um checklist para estabelecer uma comunicação livre de
riscos. A fala dos participantes demonstra a necessidade deste processo conforme
relatado, sugerindo que um checklist poderia fortalecer a segurança das transições.
Poderia ter um checklist implantado nos setores ao qual deveria ser preenchido ...para não
haver falta de informações.” (P1)

4O Núcleo Interno de Regulação (NIR) é uma unidade que possibilita monitoramento do paciente desde
a sua chegada à instituição, durante o processo de internação e sua movimentação interna e externa,
até a alta hospitalar.
69

“Checklist rápido, com especificações para cada especialidade preencher.” (P4)

“Um formulário padronizado com informações inerentes as equipes (fisio, médico,


enfermagem, fono, psico) assistenciais auxiliaria na transparência das informações
relevantes a serem passadas para que a assistência não seja descontinuada.” (P14)

“Falta um checklist para a transferência dos pacientes” (P16)

“Ideal seria com um instrumento de apoio. Facilitaria o processo e diminuiria a perda de


informações.” (P18)

No sentido de estabelecer contato com à unidade responsável, a


comunicação pode ser realizada tanto de forma verbal, como por escrito. As duas
formas são complementares, com a diferença de que a comunicação verbal reporta
os acontecimentos em tempo real e a comunicação escrita garante a documentação
permanente ao longo do tempo.
Esta forma multimodal de comunicação foi a escolhida da maioria dos
participantes da pesquisa, que associaram a comunicação verbal e escrita como a a
forma mas adequada de se transferir informações do paciente.
“Verbalmente e por escrito” (P2)

“Verbal e por escrito” (P3)

“Verbalmente, por telefone ou ao vivo.“ (P6)

“Verbalmente e por escrito” (P7)

“Repassada verbalmente e por escrito” (P10)

“Telefone e por escrito” (P12)

“Pessoalmente ou via telefonia” (P17)

Ainda, é salientado pelos participantes quais seriam as informações mais


importantes que deveriam estar inseridas na passagem de caso do paciente,
independente de sua procedência.
“[...] deve haver um protocolo ou documento escrito e assinado com todas as informações
escritas, horário de transferência e quem transfere/quem recebe.” (P5)
“[...]informações sobre o paciente (diagnóstico, medicações, exames, tipo de prevenção,
alterações em exames, alergias, tipo de dependência e acessos) e etc.” (P17)

6.1.3 Comportamentos e ações necessárias para transição segura

Nesta categoria as palavras mais relevantes foram transferência, receber,


telefone, experiência, UTI, enfermaria, prontuário, preparar, leito e medicação.
70

Se por um lado, a comunicação é a chave para transições seguras, falhas de


comunicação são identificadas como fundamentais para processos inadequados e
fragmentação do cuidado. Informações incompletas, dificuldade de acesso ao
profissional responsável pelo paciente, desconhecimento do caso clínico do paciente,
são as principais dificuldades apresentadas pelos participantes da pesquisa.
“As dificuldades são a falta de comunicação e muitas vezes o esquecimento de uma
informação...” (P1)

“A falta de comunicação” (P3)

“Perda de informações, gerando descontinuidade do tratamento.” (P4)

“Perda de informações importantes.” (P5)

“O estabelecimento de comunicação entre os dois médicos. No HC, o grande número de


médicos e residentes faz com que seja difícil estabelecer contato direto com o próximo
médico responsável pelos cuidados do paciente, para então repassar as informações.” (P6)

“Informações não condizentes com o quadro falta de entendimento e de preparo para quem
vai receber o paciente quando sai da unidade intensiva para enfermaria” (P8)

“Falha de comunicação” (P10)

“O repasse correto dessas informações.” (P11)

“Informações importantes muitas vezes não são repassadas, o que prejudica o cuidado
integral ao paciente” (P12)

“Informações incorretas, seja pela avaliação do próprio paciente. Ou desconhecimento do


profissional que está transferindo o paciente.” (P18)

Para reduzir as chances de problemas de comunicação, que são


potencialmente danosos aos pacientes, a transição deve ser iniciada assim que o
paciente é admitido no hospital, mesmo que tenha sido internado devido à causas
agudas. Isso com o objetivo de que os planos de cuidado possam ser realizados
precocemente, e as condutas tomadas estejam dentro de um planejamento realizado
entre a equipe, o paciente e a família. Como relatado uma pequena parte dos
participantes.
“Na entrada do paciente na Unidade e na transferência ou alta hospitalar” (P3)

“Admissão do paciente” (P12)

“Na admissão.” (P18)

Esta parte dos participantes da pesquisa percebem que o processo de


transição deve ser iniciado antes da alta do paciente, mas entendem o processo de
forma pouco aprofundada, tratando a transição como o momento de transferência
71

entre as unidades e não como um processo complexo. Este pensamento é relatado


pelos participantes com o entendimento de que a transição inicia na alta médica.
“Desde a decisão de transferir o paciente” (P14)

“No ato da alta do médico” (P16)

“No momento do conhecimento da transição” (P17)

Ainda quando perguntados quando o processo de transição deve começar, a


maioria dos participantes assimilou o processo de transição à transferência física do
paciente, observa-se a preocupação com o tempo para realizar os procedimentos de
transferência, conferência dos dispositivos e organização do prontuário médico.
“Nosso trabalho focado no momento da transferência segue estabelecer uma comunicação
com a unidade de transferência para saber a respeito do leito... essa comunicação é feita
pela enfermeira responsável. Após confirmado e liberado então preparamos o paciente,
comunicando e colocando seus pertences, medicação, prontuário juntos... e assim
encaminhamos o mesmo ao setor... Ao chegarmos no setor aguardamos o responsável
pelo paciente...e faz parte ajudar a acomodar o paciente no leito... passamos o plantão. Ao
receber um paciente na UTI, devemos saber o prognóstico e como o estado do paciente
chegará ao setor para que possamos preparar o leito conforme suas necessidades.” (P1)

“Sempre muito importante o cuidado com sondas e drenos, risco de queda, verificação de
sinais vitais antes e durante a mobilização do paciente da cama para a maca ou cadeira
de rodas. O transporte do paciente em macas nem sempre é confortável então, tentar
tornar o trajeto menos penoso conversando com o cliente, observando e verificando
possíveis expressão de dor ou dispneia. Ansiedade do paciente em voltar para casa é
quase sempre perceptível ou externada durante a conversa, transferir para a enfermaria é
o meio.” (P13)

“A transferência é realizada após contato telefônico dos profissionais de enfermagem e


medicina, para passar o caso do paciente em questão. No entanto, há informações e
documentos que são perdidos nesse processo.” (P5)

“O processo é simples. Assim q o leito é disponibilizado. Realiza-se a passagem de plantão


p enfermeiro, que orienta o preparo do leito. Encaminha-se o paciente, se crítico com
médico e enfermeiro, se estável com equipe técnica. Prontuário, medicações em uso são
levadas com paciente bem como uso de pulseira de identificação. Se finaliza transferindo
no sistema.” (P18)

Outro ponto importante apresentado foi a qualidade da preparação da equipe


receptora em receber o paciente, nestes casos, proveniente de UTI. Os profissionais
observam que durante a transição do paciente que apresenta necessidades de
cuidado mais complexas, pode haver dificuldade da unidade receptora em realizar os
cuidados adequadamente, o que pode acontecer por diversos motivos como menor
proporção de profissionais por paciente, diminuição de aparato tecnológico,
experiência profissional e estado clínico do doente.
72

“Despreparo e medo da equipe de enfermaria para receber paciente dependente e que


necessita de maior cuidado na assistência” (P8)

“Negativa. Principalmente que às vezes o paciente tem alta da UTI com Nada Por Via Oral
e quando chega na Enfermaria eles liberam a dieta sem ler o prontuário do paciente.” (P20)

Ainda, foi observado que outros fatores podem dificultar a segurança da


transição, como horario e efetivo de profissionais disponível.
“Às vezes confusa por causa do efetivo de funcionários ou horário, mas na maioria das vezes
da uti para enfermaria pelo menos no noturno tem dado certo apesar de alguns contratempos
as vezes.” (P19)

6.2 Produto da pesquisa: Checklist de transferência interna de pacientes

A elaboração do presente instrumento levou em conta a revisão de literatura


realizada, associada aos resultados da pesquisa. Este foi um processo complexo,
profundo e com necessidade de muita atenção da pesquisadora para que itens
essenciais não fossem excluídos.
Assim como no estudo de De Grood et al (2018), o instrumento foi baseado
em três pilares: usabilidade, flexibilidade e accountability. A usabilidade se refere à
facilidade de preenchimento, a construção intuitiva e a possibilidade de atualização
conforme as necessidades dos profissionais. A flexibilidade é associada às formas
variadas de preenchimento como itens com texto livre e itens com marcação em
caixas de seleção, oferendo ao profissional otimização do seu tempo e possibilidade
de personalização de informações consideradas importantes. E a accountability é a
responsabilização dos profissionais em todo o processo, determinando quem é e
quem será o profissional de referência para a transição do paciente.
O layout do instrumento e o conteúdo foram baseados no estudo de Hemesath
et al.(2019) e alterado conforme os resultados da pesquisa e composto por 40 itens.
Inicia-se pela identificação das unidades relacionadas e dos responsáveis pelo
processo de transferência do paciente. A seguir, encontram-se os dados do paciente
com nome completo, registro hospitalar, data de nascimento, idade, nome da mãe,
familiar/cuidador de referência e telefone de contato.
Em seguida são apresentados os dados da internação atual com data de
internação, diagnóstico principal/ motivo da internação, diagnósticos secundários,
alergias, tipo de isolamento, medicações em uso, infusões contínuas, complexidade
assistencial (cuidado mínimo, intermediário, alta dependência, semi intensivo,
intensivo) baseado no modelo de Fugulin (2002), dieta (via oral, sonda nasoenteral,
73

sonda nasogástrica, gastrostomia, jejunostomia, jejum, nada por via oral), acesso
venoso (periférico, central ou central para hemodiálise e localização), suporte
ventilatório (ar ambiente, cateter nasal, máscara de reservatório, névoa úmida,
ventilação mecânica invasiva por tubo orotraqueal ou traqueostomia, névoa úmida em
traqueostomia, cateter nasal de alto fluxo).
As eliminações foram divididas entre diurese (espontânea, uropen,
cateterismo vesical intermitente ou de demora) e evacuação (espontânea ou sonda
retal), drenos e curativos (tipo e localização), exames alterados, pendências,
intercorrências nas últimas 24 horas, planejamento antecipado de alta e objetivos do
tratamento atual.
O último bloco de informações corresponde aos riscos assistenciais e
observações da equipe referentes a alteração do nível de consciência, contenção
mecânica, fratura ou restrição para mobilização, risco de fuga, risco de quedas, risco
de suicídio, lesão de pele, pertences. Este com opção de marcação de sim ou não e
anotação de observações pertinentes.
O item “pertences” foi colocado no instrumento pela experiência empírica da
pesquisadora enquanto enfermeira assistencial, uma vez que as unidades de
internação não dispõem de armários para a guarda dos pertences dos pacientes e
frequentemente estes internam com variados itens como celulares, próteses
dentárias, vestimentas, objetos pequenos de alto valor financeiro ou emocional como
alianças e dinheiro.
Para facilitar o preenchimento e otimizar o espaço do instrumento, ao final da
página encontra-se a legenda das abreviações realizadas. Diferente do painel de De
Grood et al (2018) que contava com 63 itens optou-se por uma versão mais enxuta,
com os itens específicos dos sistemas corporais podendo ser acrescentados na opção
“intercorrências nas últimas 24h” ou nos “objetivos do tratamento atual”. A
representação do instrumento é mostrada na Figura 13.
O presente instrumento foi registrado na Câmara Brasileira do Livro por meio
do registro DA-2021-009901.
74

Figura 13 - Produto da Pesquisa


CHECKLIST DE TRANSFERÊNCIA INTERNA DE PACIENTES

DATA: ____/____/___
Unidade de origem: Unidade de destino:
Responsável: Responsável:
IDENTIFICAÇÃO
Nome completo:
Registro: Data de nascimento: ____/____/____ Idade:

Nome da mãe:

Familiar/cuidador de referência: Contato:

DADOS DA INTERNAÇÃO
Data de internação CHC/UFPR:
Diagnóstico principal/ motivo da internação:

Diagnósticos secundários:
Alergias ( )Sim ( )Não Tipo: Isolamento:
Medicações em uso: Infusão contínua:

Complexidade assistencial: ( ) Cuidado mínimo ( )Intermediário ( )Alta dependência ( )Semi-intensivo ( )Intensivo

Dieta ( )VO1 ( )SNG2 ( )SNE3 ( )Gastrostomia ( )Jejunostomia ( )Jejum ( )NPO4


Acesso venoso ( )Periférico ( )Central ( )Central HD5 Localização:

Suporte ventilatório ( )Ar ambiente ( )Cateter nasal __l/min ( )Máscara com reservatório __l/min ( )Névoa __l/min ( )VMI TOT 6
Fio2___ PEEP___ ( )VMI TQT7 Fio2___ PEEP___ ( )TQT névoa ___l/min_ ( )CNAF8 __l/min

Diurese: ( )Espontânea ( )Uropen ( )CVI9 ( )CVD10 Evacuação: ( )Espontânea ( )Sonda retal

Drenos ( )sim ( )não Tipo/Localização:

Curativos ( )sim ( )não Tipo/Localização:

Exames alterados Pendências Intercorrências Planejamento Objetivos do


nas últimas 24h antecipado de alta tratamento atual

RISCOS E OBSERVAÇÕES
Sim Não Observações
Alteração do nível de consciência
Contenção mecânica
Fratura ou restrição para mobilização
Fuga
Queda
Suicídio
Lesão de pele
Pertences
Legenda: 1 VO: VIA ORAL; 2 SNG: SONDA NASOGÁSTRICA; 3 SNE: SONDA NASOENTERAL; 4 NPO: NADA POR VIA ORAL; 5 HD:
HEMODIÁLISE; 6 VMI TOT: VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA POR TUBO OROTRAQUEAL; 7 VMI TQT VENTILAÇÃO MECÂNICA
INVASIVA POR TRAQUEOSTOMIA; 8 CNAF: CÂNULA NASAL DE ALTO FLUXO; 9CVI: CATETERISMO VESICAL INTERMITENTE; 10 CVD:
CATETERISMO VESICAL DE DEMORA
75

7 DISCUSSÃO

Os resultados da pesquisa relativos à caracterização dos participantes, não


diferem de outros estudos, principalmente em relação ao gênero dos participantes.
Para exemplificar, um diagnóstico do perfil da equipe de enfermagem no Brasil
realizado pelo COFEn em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) em
2015, identificou que a classe é composta por cerca de 85% de mulheres. Outro
estudo, realizado pelo CFM em conjunto com Universidade de São Paulo (USP),
encontrou maior representatividade entre as mulheres na faixa etária até 34 anos, com
discreta diminuição após esta faixa (SCHEFFER et al., 2020; SILVA, M. C. N. Da;
MACHADO, 2020).
A maior parte dos respondentes se caracterizou por profissionais de
enfermagem, o que pode ser explicado por ser o maior quantitativo profissional na
instituição. O tempo de trabalho na unidade atual menos que cinco anos tem relação
ao ingresso a partir de 2015 de parte dos participantes pela rede EBSERH após
concurso e durante a pandemia de COVID-19 onde foi necessária a abertura de
Processo Seletivo Emergencial (PSE) para a contratação de novos profissionais.
Quando questionados sobre a existência de protocolos de transferência, os
profissionais afirmaram desconhecer tal instrumento, porém o hospital possui fluxos
de transferência entre unidades de responsabilidade da Unidade de Regulação
Assistencial (URA), especificamente o Núcleo Interno de Regulação (NIR), disponíveis
pela intranet do CHC-UFPR, com livre acesso aos trabalhadores. A unidade dispõe
de sete Procedimentos Operacionais Padrão (POP), destes três tratam de
transferência de pacientes (POP-URA-Nº1; POP-URA-Nº2 E POP-URA-Nº5).
Estes protocolos são direcionados ao NIR, mas determinam o caminho que as
equipes assistenciais devem seguir para efetivar a transferência de um paciente. Além
disso, apresenta um modelo base de informações que são solicitadas pelo NIR
quando da informação da alta do paciente pelo médico assistente com classificação
de estado mental, oxigenação, deambulação, alimentação, eliminação e outras
condições (isolamento, tipo de internamento clínico ou cirúrgico).
O NIR tem papel estratégico na transição dos pacientes. Realiza a organização
do fluxo do paciente desde sua entrada no hospital até sua alta, determina as unidades
de internação a partir do quadro clínico, patologia e recursos disponíveis e fornece à
76

gestão informações acerca da ocupação de leitos, tempo de limpeza de leitos, tempo


de internação hospitalar, realocando os pacientes de forma a evitar a superlotação
que pode gerar suspensão de procedimentos cirúrgicos, o não atendimento de
demandas de cuidados intensivos e também favorece o aproveitamento de leitos pela
condição clínica do doente e não pela especialidade (BRASIL, 2017).
A percepção dos participantes quanto à experiência no processo de transição
na prática assistencial é prioritariamente negativa, devido a aspectos operacionais
como falta de padronização do processo e pela perda de informações decorrente
desta falta. Os profissionais compreendem a necessidade de uma transição
parametrizada, mas entendem que mesmo com um instrumento, ainda é dependente
de profissional para profissional. Meleis (2010), afirma que as transições sempre têm
caráter positivo, porém para que tenham esta característica são necessárias
mudanças culturais que levam tempo até a implementação efetiva de forma
institucionalizada afim de proporcionar o tempo necessário para que o paciente
transite.
Percebe-se no discurso dos participantes que o processo de transferência é
visto majoritariamente da UTI para a enfermaria, isso se deve a maior parte dos
participantes serem de profissionais de saúde lotados em UTI. Na literatura também
se encontra um abismo entre os estudos que avaliam as transições em UTI para
aqueles que avaliam em sentido oposto. Uma revisão de escopo realizada por
Rochester-Eyeguokan et al (2016), avaliando o cenário das práticas de transição do
cuidado encontrou apenas um estudo que tratava da transferência de pacientes para
UTI.
Outro aspecto importante é a preparação da equipe para receber o paciente
na unidade de destino. Com o uso de critérios bem estabelecidos de transferência, as
equipes podem se preparar melhor para o cuidado que será necessário,
individualizando o cuidado e a gestão pode oferecer recursos para treinamento desses
profissionais para que as diferenças de recursos materiais e recursos humanos não
representem perigo para o paciente (LE BERRE et al., 2017).
Ainda, transferências realizadas à noite e equipes com dimensionamento
reduzido podem ser consideradas fatores de risco para a segurança do paciente.
Porém, a necessidade de vagas e a superlotação de serviços de saúde fazem com
que o processo possa ser abreviado em desfavor da transição mais adequada ao
paciente. Essa urgência de realocação de pacientes pode gerar um cuidado focado
77

no profissional e nas demandas do serviço, traduzindo transições insatisfatórias para


o paciente (HERBST et al., 2018; PARENMARK et al., 2019).
O paciente deve ser o centro do cuidado, com todas as ações visando seu
bem estar, educação, reabilitação ou controle de sintomas. A mudança de cultura
frente às concepções dos profissionais e pacientes sobre como realizar transições
seguras é um fator importante para a promoção da continuidade do cuidado. Em
ambientes que promovem o cuidado centrado no paciente, pode ser observado maior
envolvimento e engajamento do próprio paciente e cuidadores, menores barreiras de
comunicação, oferecendo bem estar psicológico, de modo a garantir a continuidade
do cuidado e melhorar as percepções do paciente e da família sobre o cuidado
recebido. Esta mudança de cultura deve reconhecer o paciente como centro do
cuidado, considerando o paciente e seus cuidadores como parceiros da equipe
multiprofissional (DE GROOD et al., 2018; STELFOX et al., 2017; WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2018).
A pandemia de COVID-19 além de dizimar as vidas de milhares de brasileiros
e de milhões de pessoas no mundo, ainda propiciou uma corrida por leitos de
enfermaria e UTI, complicando ainda mais a situação das organizações hospitalares.
A restrição ou proibição de visitas e acompanhantes é um fator que reduz a qualidade
da transição no sentido de que a presença de um familiar ou cuidador promove mais
segurança ao paciente, estabelece novas formas de cuidado e empodera o
familiar/cuidador para os próximos passos que o paciente irá trilhar no caminho da
transição segura.
O processo de alta hospitalar é composto por três fases sequenciais de acordo
com Meleis (2010), a fase da hospitalização onde ocorre a preparação para alta; o
momento durante a alta hospitalar quando os resultados da fase de preparação
podem ser verificados e após a alta hospitalar quando o paciente deve avaliar suas
habilidades e analisar a necessidade de suporte e cuidado.
Uma transição leva tempo e este tempo é necessário para que o paciente
possa experimentar as diferentes estratégias e padrões de resposta e incorporá-los
ao seu próprio repertório. O tempo necessário é variável e depende da natureza da
mudança e na extensão que esta influencia outros aspectos da vida do indivíduo
(MELEIS, 2010).
Os participantes entendem prioritariamente a transição como o momento da
transferência, preocupando-se com os aspectos práticos como preparação de leito e
78

conferência de dispositivos. Além disso, quando a transição se inicia precocemente já


no início da internação hospitalar com um plano antecipado de cuidados, se oferece
um cuidado de acordo com as expectativas do paciente e familiares/cuidadores e
ainda há potencial para redução de readmissões e melhora da qualidade de vida
(FOX, 2013).
Entende-se que a transição pode ser liderada ou conduzida por alguma classe
profissional em particular, como no caso dos enfermeiros. Estes profissionais atendem
às demandas dos pacientes rotineiramente provocadas pelas transições. Além disso,
os enfermeiros geralmente são os responsáveis em preparar o paciente e familiares
ensinando novas habilidades no processo de saúde-doença como no processo de
admissão hospitalar, alta hospitalar, recuperação, entre outros (MELEIS, 2010).
Em busca de otimizar o processo de transferência e alta hospitalar, foi
introduzido em serviços de saúde a partir dos anos 1960 no Canadá, a enfermeira de
ligação que atua com o objetivo de redução do tempo de internação e tem sido
utilizada como estratégia para a identificação dos pacientes que apresentam
necessidades de acompanhamento após a alta hospitalar e o estabelecimento de
contrarreferência, podendo também ser utilizada entre as transições as quais os
pacientes passam durante a internação hospitalar (AUED et al., 2019; BERNARDINO
et al., 2010; TABANEJAD; PAZOKIAN; EBADI, 2014).
As enfermeiras de ligação se destacam pelo papel de coordenação do
processo de alta hospitalar, agindo como pontos de convergência entre diferentes
equipes de saúde e entre os membros de uma equipe. Neste contexto, a comunicação
é um fator essencial para que as enfermeiras de ligação desempenhem sua função
de colaboradoras e coordenadoras, fundamentado no cuidado centrado no paciente
(AUED et al., 2019; BERNARDINO et al., 2010).
Assim como no TCM, este modelo de cuidado é guiado e liderado por
enfermeiros. Hoje no CHC-UFPR as enfermeiras de ligação atendem à demanda de
pacientes com necessidades complexas, que necessitam de acompanhamento
prolongado ou contínuo na APS.
A comunicação foi um fator considerado essencial para a transição efetiva do
paciente. A literatura corrobora com os participantes da pesquisa, sugerindo que é
necessária uma reinvenção do processo de transferência do paciente, como práticas
multimodais de comunicação (verbais e escritas) e o uso de ferramentas padronizadas
79

em busca da continuidade do cuidado (BOYD et al., 2018; DE GROOD et al., 2018;


HOFFMAN et al., 2017; STELFOX et al., 2017).
Falhas de comunicação foram associadas a erros de medicação, insatisfação
de pacientes, familiares e cuidadores com o cuidado recebido, insegurança dos
profissionais quanto à qualidade do cuidado oferecido e desta forma, entende-se que
a comunicação em todo o processo de transição deva ser padronizada (JONES;
JOHNSTONE, 2019; LANE-FALL et al., 2020).
A elaboração de ferramentas como checklists pode facilitar a assistência em
saúde, no sentido de que proporcionam a sistematização do cuidado prestado,
auxiliam na realização de rotinas complexas, aumentam a segurança do paciente, tem
potencial para reduzir gastos e evitar desperdício de tempo e retrabalho dos
profissionais (AMAYA et al., 2016; SOPPA et al., 2019; THONGPRAYOON et al.,
2016).
Parsons Leigh, et al (2020) desenvolveram um instrumento com objetivo de
orientar os processos de transição de pacientes intra-hospitalar e na alta hospitalar,
chamada de “eTransfer tool”. A pesquisa foi realizada em quatro hospitais no Canadá
contando com a participação de médicos e enfermeiros.
Este estudo identificou oito itens essenciais que devem estar disponíveis na
documentação de transferência. São eles, informações de entrada (data e hora da
admissão no hospital, data e hora da admissão na UTI e data, hora e local da alta da
UTI), objetivos do cuidado, alergias, diagnósticos e problemas (diagnóstico principal
de entrada, motivo da internação na UTI, procedimentos e histórico médico), estadia
na UTI (história da doença atual, resumo da internação, lista de problemas,
necessidades de cuidados, dispositivos), investigação (exames relevantes),
medicação (reconciliação medicamentosa) e finalmente, alta hospitalar
(acompanhamento pelo médico da família, instruções ao paciente, consultas e
encaminhamentos) (PARSONS LEIGH et al., 2020).
O instrumento desta pesquisa mostra-se mais abrangente pela característica
de ter utilidade nas variadas unidades de internação hospitalar, servindo tanto para
transferências de UTI para enfermaria como o contrário, porém, não aborda questões
específicas de alta hospitalar já que não são objetos de pesquisa deste estudo.
Outro estudo realizado no Canadá, com participação de 53 hospitais e 293
administradores hospitalares, objetivando analisar as características de instrumentos
para transferência de paciente para elencar as informações essenciais que devem
80

estar contidas nesses materiais, resultou nos seguintes dados: dados demográficos
do paciente e comorbidades pré-existentes, avaliação de risco (estado de fragilidade,
gravidade da doença, objetivos de atendimento), informações do curso clínico do
paciente (diagnóstico primário, problemas ativos e resolvidos), elementos pertinentes
relacionados à revisão de sistemas (necessidade de isolamento, dispositivos
intravasculares, drenos e cateteres) e documentação relacionada ao processo de
transferência com um checklist de confirmação da realização da transferência verbal
e escrita, envio e recebimento de informações dos profissionais responsáveis em cada
unidade (BOYD et al., 2018).
Estudo de Thongprayoon e colegas (2014) comparou a aplicação de um
mesmo checklist para pacientes de cuidados intensivos em vias manual e
informatizada, e chegou ao resultado que este instrumento aplicado por via
informatizada tem potencial para reduzir tempo de trabalho, e erros de preenchimento.
O “Checklist de transferência interna de pacientes” foi concebido para
preenchimento digitalizado em softwares como o Microsoft Word® ou Adobe PDF®
editável ou preenchimento manual a partir de cópias impressas. Para facilitar a sua
implantação em momento oportuno, poderia ser acrescentado ao sistema de
prontuário eletrônico do hospital.
O uso de instrumentos em sistemas informatizados, têm função de facilitar a
comunicação entre os profissionais de saúde, tanto os que recebem o paciente em
suas unidades quanto para aqueles que transmitem as informaçãoes necessárias.
Assim, além de facilitar a comunicação, esses instrumentos funcionam de maneira
melhor quando estão inseridas em um sistema eletrônico com fácil acesso às equipes,
em conjunto ao prontuário médico (DE GROOD et al., 2018, 2019; PARSONS LEIGH
et al., 2020, 2021).
Além disso, estudo de Thongprayoon, et al (2016), que incluía o
preenchimento de checklists em versões manuais e digitalizadas por profissionais em
UTIs encontrou que o preenchimento realizado por meio eletrônico oferece maior
segurança e diminuição de erros, mesmo com tempo semelhante para completar a
tarefa.
Apesar das vantagens para o uso de ferramentas informatizadas, De Grood
et al (2018) chama a atenção para possíveis riscos relativos à privacidade dos
pacientes com o uso da tecnologia e apresenta preocupações de como o uso destes
pode diminuir o tempo de interação entre os profissionais e os pacientes e familiares/
81

cuidadores. A otimização do processo deve servir para que os profissionais tenham


condições de estabelecerem vínculo com os pacientes, realizem uma assistência mais
humanizada e de qualidade.
82

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa atendeu majoritariamente aos objetivos propostos frente às


readequações que foram necessárias devido à pandemia vigente desde março de
2020 e ainda sem previsão de fim. Foi necessário a retirada dos grupos focais para
construção do protocolo devido medidas de segurança para evitar aglomerações, visto
que não era possível realizar encontros presenciais frequentes durante a pandemia.
Ainda a rotina dos profissionais sofreu severas mudanças com realocação de setores
de trabalho, turnos de trabalho e aumento da carga de trabalho, o que impossibilitou
a realização destes encontros de forma online.
A opção por elaborar o checklist, produto desta dissertação partiu da
necessidade apresentada pelos participantes na padronização do processo de
transferência dos pacientes e, ainda que a pesquisa não tenha abrangido todo o
escopo dos cuidados de transição necessários para a promoção da continuidade do
cuidado, pode se tornar uma ferramenta eficaz para reduzir falhas de comunicação.
As transições pelas quais os indivíduos e suas famílias passam são estudadas
há mais de duas décadas e ainda são um campo de pesquisa rico para o estudo de
novas abordagens que coloquem o paciente no centro do cuidado. Os participantes
da pesquisa consideraram que a instrumentalização do processo de transferência tem
potencial de promover transições mais seguras independente da unidade assistencial
em que este encontra-se.
A enfermagem é a classe profissional que mais passa tempo com o paciente
e os enfermeiros são descritos em diversos trabalhos como protagonistas ou líderes
no processo de transição. A atuação das enfermeiras de ligação dentro das transições
intra-hospitalares tem potencial para fornecer transferências mais seguras para os
pacientes. Devido à falta de recursos humanos constante em instituições saúde,
poderiam ser instituídos enfermeiros da assistência para serem os condutores das
transferências intra-hospitalares.
A revisão de literatura apontou ferramentas importantes com potencial para
fornecer documentação e condutas padronizadas como o uso do SOAP para
evoluções clínicas, o uso de SBAR para passagens de plantão concisas e seguras,
os planos multidisciplinares para atualização e conhecimento de toda a equipe de
saúde responsável pelo paciente de sua história, problemas atuais, diretrizes de
cuidado, planejamento de cuidados e planejamento antecipado de alta. Um achado
83

relevante nas pesquisas consultadas é a importância da reconciliação medicamentosa


na diminuição de eventos adversos associados à assistência.
A contribuição deste trabalho para o hospital está em oferecer aos
profissionais uma ferramenta simples, de fácil implantação e com potencial de atender
às demandas profissionais de transições mais seguras, além de ser uma ferramenta
que pode favorecer ao processo de transição do paciente.
Na visão da pesquisadora, este trabalho alterou de forma positiva a percepção
sobre a complexidade das transições e um universo de conhecimentos puderam ser
adquiridos, fornecendo uma nova visão acerca do caminho que o paciente percorre
ao longo do processo de internação hospitalar e que este caminho deve ser pautado
na centralidade do cuidado no paciente em busca da continuidade do cuidado.
A implementação do presente instrumento ainda necessita de validação,
aprovação em comissões específicas do CHC-UFPR e diagramação conforme os
padrões do hospital. Após esta etapa, seria relevante uma sensibilização da equipe
com treinamentos e a avaliação periódica de efetividade da ferramenta.
Uma importante limitação deste estudo foi a falta de estudos que tratam da
transição de pacientes para UTI, em contrapartida à quantidade de estudos que
avaliam o caminho para a estabilidade e alta hospitalar. Ainda observamos a baixa
participação de profissionais provenientes da enfermaria na adesão a esta pesquisa.
O estudo aponta o caminho para pesquisas futuras em transferências
planejadas e não planejadas entre unidades não necessariamente de terapia intensiva
e de que forma estas transferências afetam o processo de transição dos pacientes.
Sugere-se a elaboração de um protocolo completo de transição de pacientes
orientando as melhores práticas para promoção da continuidade do cuidado desde a
internação até a alta hospitalar com a participação dos profissionais e apoio
institucional.
84

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90
91

APÊNDICE A

APÊNDICE A: CARTA-CONVITE PARA PARTICIPAÇÃO DOS PROFISSIONAIS NO


ESTUDO

Prezada,
Dirijo-me à Vossa Senhoria para convidar-lhe a participar da pesquisa
intitulada Cuidados de transição como estratégia para continuidade do cuidado entre
unidades intra-hospitalares. O estudo pretende avaliar as ações de cuidados de
transição realizadas pelos profissionais da equipe multiprofissional e elaborar um
protocolo de cuidados de transição a fim de garantir a continuidade do cuidado durante
as transições entre unidades assistências intra-hospitalares.
A pesquisa está vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
do Setor de Ciências da Saúde da UFPR – Prática do Cuidado em Saúde (Mestrado
Profissional) e tem como orientadora a Prof.ª Dr.ª Elizabeth Bernardino.
Os resultados desta pesquisa proporcionarão aos leitores, estudantes,
profissionais e pesquisadores ferramentas para efetivação dos cuidados de transição
com vistas à garantia de continuidade de cuidado e melhor assistência ao paciente.
Agradeço desde já sua colaboração e disposição em participar da construção
deste conhecimento.

Atenciosamente,

Camila Rorato
92

APÊNDICE B

APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA O


PARTICIPANTE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nós, Prof.ª Dr.ª Elizabeth Bernardino (professora) e Camila Rorato (aluna de pós-
graduação) da Universidade Federal do Paraná, estamos convidando você,
profissional de saúde atuante na assistência aos pacientes internados na Unidade de
Terapia Intensiva, Centro de Terapia Semi Intensiva e Enfermaria de Clínica Médica
a participar de um estudo intitulado “Cuidados de Transição como estratégia para
Continuidade do Cuidado entre Unidades Intra-hospitalares”. ESTE PROJETO DE
PESQUISA FOI APROVADO POR MEIO DO PROTOCOLO Nº 4.413.880 do Comitê
de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (CEP/SD) do Setor de Ciências da Saúde
da Universidade Federal do Paraná e está inscrito na Plataforma Brasil por meio do
CAAE 34646920.9.0000.0102.

Os cuidados de transição são definidos como um conjunto de ações destinadas a


garantir a coordenação e continuidade do cuidado seguras e eficazes, quando os
pacientes experimentam uma mudança no estado de saúde, nas necessidades de
cuidados, nos prestadores de cuidados de saúde ou entre diferentes níveis de
atenção, são uma abordagem eficaz para aprimorar o atendimento ao paciente, evitar
reinternações, erros médicos e eventos adversos.

a) O objetivo desta pesquisa é realizar a capacitação da equipe multiprofissional


atuante nestas unidades em abordagens efetivas de cuidados de transição e elaborar
um protocolo para sistematizar o processo de transição dos pacientes entre as
unidades hospitalares.
b) Caso você participe da pesquisa, será necessária a sua participação nas seguintes
etapas: responder um questionário sobre o conhecimento acerca dos cuidados de
transição e participar de oficinas sobre o tema da pesquisa.
c) Para tanto, as pesquisadoras disponibilizarão os questionários nas unidades de
trabalho dos participantes e de modo online, por meio de envio de correio eletrônico e
serão realizadas três oficinas com tempo médio de uma hora e duração estimada de
três semanas. As oficinas acontecerão na própria instituição com horário e local a
definir.
d) É possível que você experimente algum desconforto, que pode ser relacionado ao
desconhecimento do tema ou constrangimento ao responder ao questionário e na
participação das oficinas. A qualquer momento você pode recusar-se a participar da
pesquisa ou retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa e ter a garantia
da devolução do TCLE assinado sem prejuízo ao participante.

Rubricas:
Participante da Pesquisa e /ou responsável legal________

Pesquisador Responsável ou quem aplicou o TCLE________


93

e) Alguns riscos relacionados ao estudo podem ser desconforto, cansaço,


aborrecimento ou constrangimento ao responder os questionários de pesquisa e
participar das oficinas de grupo, relacionado ao desconhecimento acerca do tema.
f) Os benefícios esperados com essa pesquisa são: identificação dos desafios para a
continuidade do cuidado na transição dos pacientes entre as unidades assistenciais,
na perspectiva da equipe multiprofissional; construção de um protocolo de cuidados
de transição entre as unidades intra-hospitalares; contribuições na qualidade da
assistência prestada por meio da continuidade do cuidado. No entanto, nem sempre
você será diretamente beneficiado com o resultado da pesquisa, mas poderá
contribuir para o avanço científico.
g) As pesquisadores Elizabeth Bernardino e Camila Rorato responsáveis por este
estudo poderão ser localizadas de segunda a sexta de 08:00h às 16:00h; no
Endereço: Av. Prefeito Lothário Meissner, 632 - Bloco Didático II - Jardim Botânico,
Curitiba - PR - Brasil e pelos telefones em horário comercial de 08:00h às 18:00h,
Camila Rorato (41) 988017429 e Elizabeth Bernardino (41) 33613752 para esclarecer
eventuais dúvidas que você possa ter e fornecer-lhe as informações que queira, antes,
durante ou depois de encerrado o estudo.
h) A sua participação neste estudo é voluntária e se você não quiser mais fazer parte
da pesquisa poderá desistir a qualquer momento e solicitar que lhe devolvam este
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado.
i) As informações relacionadas ao estudo poderão ser conhecidas por pessoas
autorizadas e serão armazenadas em arquivo físico sob guarda e responsabilidade
das pesquisadoras. No entanto, se qualquer informação for divulgada em relatório ou
publicação, isto será feito sob forma codificada, para que a sua identidade seja
preservada e mantida sua confidencialidade.
j) O material obtido – questionários, diários de campo, anotações dos participantes –
será utilizado unicamente para essa pesquisa e será destruído/descartado ao término
do estudo, dentro de um período de cinco anos.
k) As despesas necessárias para a realização da pesquisa como materiais de
escritório e impressões não são de sua responsabilidade e você não receberá
qualquer valor em dinheiro pela sua participação.
l) Quando os resultados forem publicados, não aparecerá seu nome, e sim um código.
m) Se você tiver dúvidas sobre seus direitos como participante de pesquisa, você pode
contatar também o Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (CEP/SD) do
Setor de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Paraná, pelo telefone 3360-
7259. O Comitê de Ética em Pesquisa é um órgão colegiado multi e transdisciplinar,
independente, que existe nas instituições que realizam pesquisa envolvendo seres
humanos no Brasil e foi criado com o objetivo de proteger os participantes de
pesquisa, em sua integridade e dignidade, e assegurar que as pesquisas sejam
desenvolvidas dentro de padrões éticos (Resolução nº 466/12 Conselho Nacional de
Saúde).

Eu,_________________________________ li esse Termo de Consentimento e


compreendi a natureza e objetivo do estudo do qual concordei em participar. A
explicação que recebi menciona os riscos e benefícios. Eu entendi que sou livre para
Rubricas:
Participante da Pesquisa e /ou responsável legal________

Pesquisador Responsável ou quem aplicou o TCLE________


94

interromper minha participação a qualquer momento sem justificar minha decisão e


sem qualquer prejuízo para mim.

Eu concordo voluntariamente em participar deste estudo.

_______________________________________________________
Nome por extenso, legível do Participante e/ou Responsável Legal

______________________________________________
Assinatura do Participante e/ou Responsável Legal

(Somente para o responsável do projeto)


Declaro que obtive, de forma apropriada e voluntária, o Consentimento Livre e
Esclarecido deste participante ou seu representante legal para a participação neste
estudo.
__________________________________________________
Nome extenso do Pesquisador e/ou quem aplicou o TCLE

______________________________________________
Assinatura do Pesquisador e/ou quem aplicou o TCLE

Curitiba, _______________________________________.

Rubricas:
Participante da Pesquisa e /ou responsável legal________

Pesquisador Responsável ou quem aplicou o TCLE________


95

APÊNDICE C

APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO


Idade:
( ) 20 A 30 Anos
( ) 31 A 40 Anos
( ) 41 A 50 Anos
( ) Mais De 50 Anos

Gênero:
( ) Feminino
( ) Masculino
( ) Prefiro Não Informar

Nível De Escolaridade (Maior Titulação):


( ) Técnico
( ) Graduação
( ) Pós Graduação Lato Sensu
( ) Residência
( ) Mestrado
( ) Doutorado

Formação:
( ) Enfermeiro (A)
( ) Fisioterapeuta
( ) Fonoaudiólogo (A)
( ) Médico (A)
( ) Nutricionista
( ) Odontólogo
( ) Psicólogo (A)
( ) Técnico Em Enfermagem

Tempo De Formação:
( ) Menos De 5 Anos
( ) Entre 5 E 10 Anos
( ) Entre 11 E 20 Anos
( ) Mais De 20 Anos

Tempo De Trabalho Na Unidade Atual:


( ) Menos De 5 Anos
( ) Entre 5 E 10 Anos
( ) Entre 11 E 20 Anos
( ) Mais De 20 Anos
96

APÊNDICE D

APÊNDICE D - QUESTIONÁRIO “CONHECIMENTO DA EQUIPE


MULTIPROFISSIONAL ACERCA DE CUIDADOS DE TRANSIÇÃO”

1- Você conhece a existência de protocolo de transição/transferência na sua


unidade?
( )Sim
( )Não

2- Se sim, quais informações estão contidas neste protocolo?

3- Como você descreveria sua experiência na transição/transferência do


paciente da UTI para Enfermaria e/ou da Enfermaria para UTI?

4- Quais informações você considera essenciais serem recebidas?


( )Diagnóstico principal
( )Diagnósticos secundários
( )Medicações em uso
( )Alergias
( )Plano de tratamento atual
( )Objetivos do tratamento atual
( )Resultados de exames
( )Pendências
( )Status cognitivo
( )Nível de dependência assistencial
( )Diretrizes avançadas de vida
( )Planejamento para alta hospitalar
( )Disponibilidade de apoio familiar
( )Outro:

5- Quais informações você considera essenciais serem repassadas?


( )Diagnóstico principal
( )Diagnósticos secundários
( )Medicações em uso
( )Alergias
( )Plano de tratamento atual
( )Objetivos do tratamento atual
( )Resultados de exames
( )Pendências
( )Status cognitivo
( )Nível de dependência assistencial
( )Diretrizes avançadas de vida
( )Planejamento para alta hospitalar
( )Disponibilidade de apoio familiar
( )Outro:

6- De que maneira você considera que essas informações devem ser


repassadas?
97

7- Quais as principais dificuldades observadas durante a transição/transferência


entre as unidades mencionadas?

8- Qual é o momento ideal para o processo de transição iniciar?

9- Quais são os agentes que devem estar implicados no processo de transição?

10- Você tem algo a acrescentar?


98

APÊNDICE E

APÊNDICE E – VINHETA

A continuidade do cuidado1 é definida como a relação entre um único profissional e


um paciente que se estende além de episódios específicos de doença. Continuidade
implica um senso de afiliação entre pacientes e seus profissionais, muitas vezes
expresso como um contrato implícito de lealdade pelo paciente e responsabilidade
clínica pelo profissional. Pode ser classificada em quatro esferas2:

Relacional Gerencial Informacional Longitudinal

Experiência Colaboração Disponibilidad História da


subjetiva da eficaz de e de interação com o
relação de equipes através informações mesmo
cuidado entre dos níveis de psicossociais em profissional de
um paciente e atenção para todos os saúde em uma
um profissional oferecer encontros série de
de saúde cuidado profissionais episódios
distintos

Cuidados de transição3 são definidos como um conjunto de ações destinadas a


garantir a coordenação e continuidade do cuidado, quando os pacientes
experimentam uma mudança no estado de saúde, nas necessidades de cuidados, de
prestadores de cuidados de saúde, em diferentes locais ou em diferentes níveis de
cuidados do mesmo local.

1- HAGGERTY, J. L., et al. CONTINUITY OF CARE: A MULTIDISCIPLINARY REVIEW. BMJ,


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https://doi:10.3912/OJIN.Vol20No03Man01.
99

ANEXO 1
100
101
102
103

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