Mestrado em Enfermagem Área de Especialização

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Mestrado em Enfermagem

Área de Especialização de Gestão em Enfermagem


Dissertação

Ambiente da Prática Profissional de Enfermagem –


Impacte na Qualidade dos Cuidados de Saúde

Carina Manuela Mouquinho Andrade

Lisboa
2016
Mestrado em Enfermagem
Área de Especialização de Gestão em Enfermagem
Dissertação

Ambiente da Prática Profissional de Enfermagem –


Impacte na Qualidade dos Cuidados de Saúde

Carina Manuela Mouquinho Andrade

Orientador: Professor Doutor Pedro Bernardes Lucas

Lisboa
2016
Não contempla as correções resultantes da discussão pública
I
“A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer
uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto a obra de
qualquer pintor ou escultor; pois o que é tratar da tela morta ou do frio
mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o templo do espírito de
Deus? É uma das artes; poder-se-ia dizer, a mais bela das artes!”

Florence Nightingale, 1871

II
III
AGRADECIMENTOS

A realização desta dissertação não teria sido possível sem o importante


contributo, apoio e incentivo das pessoas que, ao longo da minha vida e do meu
percurso académico e profissional, cruzaram os seus caminhos com o meu e me
motivaram.

Ao Professor Doutor Pedro Bernardes Lucas agradeço as orientações, o apoio,


a disponibilidade, a partilha do saber e a paciência nesta fase do meu percurso
académico e no desenvolvimento desta dissertação.

Aos responsáveis organizacionais que autorizaram a realização do estudo, aos


enfermeiros responsáveis pelos serviços que facilitaram a aplicação dos questionários
e aos enfermeiros que colaboraram com o estudo o meu sincero agradecimento.

Às minhas colegas do curso de mestrado e do meu serviço, agradeço o apoio,


companheirismo e incentivo ao longo deste percurso.

À minha família e sobretudo aos meus pais, agradeço o apoio incondicional, a


motivação e a paciência demonstrada em todos os momentos.

IV
V
RESUMO

O ambiente da prática de enfermagem assume uma crescente complexidade


com influência no enfermeiro, no cliente e na qualidade dos cuidados de enfermagem.
Este estudo pretende analisar a influência das características organizacionais
do ambiente da prática profissional dos enfermeiros de instituições de saúde
hospitalares na qualidade dos cuidados de enfermagem, assim como caracterizar e
identificar os atributos organizacionais do ambiente da prática profissional mais
valorizados pelos enfermeiros numa unidade hospitalar e descrever a relação entre
as características do ambiente da prática profissional dos enfermeiros e a qualidade
dos cuidados prestados.
Este é um estudo quantitativo, observacional, descritivo, transversal e
correlacional, tendo como questão de investigação “qual a influência das
características organizacionais do ambiente da prática profissional dos enfermeiros
na qualidade dos cuidados de saúde?”. A versão portuguesa do Revised Nursing Work
Index (NWI-R) avaliou o ambiente da prática de enfermagem, a qualidade foi avaliada
através da perceção dos enfermeiros, tendo como população alvo 157 enfermeiros de
cinco Unidades do Centro Hospitalar X.
Obteve-se uma amostra de 78 enfermeiros, dos quais 82,1% eram licenciados,
87,2% eram do sexo feminino, com uma média de 37,24 anos de idade e 14,25 anos
de atividade profissional, 47,4% desenvolve a sua atividade profissional em unidades
de Medicina, 7,7% em Cirurgia e 44,9% em unidades de outras tipologias. A qualidade
dos cuidados foi considerada “muito boa” por mais de 76% dos inquiridos. O ambiente
da prática profissional de enfermagem foi considerado favorável na generalidade
(média concordância 3,07). As subescalas Autonomia, Relação Multidisciplinar e
Suporte Organizacional obtiveram médias positivas (entre 3,16 e 3,50), já a subescala
Controlo sobre o Ambiente que obteve uma média de 2,97. Encontrou-se uma relação
significativa positiva entre as subescalas do NWI-R e a qualidade dos cuidados de
enfermagem. Conclui-se que ambientes da prática profissional de enfermagem
favoráveis influenciam positivamente a qualidade dos cuidados de enfermagem
percecionada pelos enfermeiros.

Palavras-chave: Ambiente de Organização Hospitalar; Qualidade; Cuidados de


Enfermagem; Gestão em Enfermagem.
VI
ABSTRACT

The nursing practice environment is becoming increasingly complex, influencing


the nurse, the patient and the quality of nursing care.
This study aims to analyse the influence of organizational characteristics of
professional practice environment of nurses from hospital institutions in the quality of
nursing care, as well as to characterize and identify organizational attributes of
professional practice environment most valued by nurses in a hospital and describe
the relationship between the environmental characteristics of professional nursing
practice and quality of care.
This is a quantitative, observational, descriptive, cross-sectional and
correlational study, with the research question "what is the influence of organizational
characteristics of the professional nursing practice environment in the quality of health
care?”. The Portuguese version of the Revised Nursing Work Index (NWI-R) evaluated
the nursing practice environment, the quality of care was assessed by the nurses’
perception, 157 nurses from five Units of the Centro Hospitalar de X were the targeted
population.
A sample of 78 nurses was obtained, of which 82.1% had a licentiate degree,
87.2% were female, with an age mean of 37.24 years and 14.25 years of professional
activity, 47.4% develops his professional activity in medical units, 7.7% in surgery and
44.9% in other type of units. The quality of care was considered "very good" by more
than 76% of respondents. The professional nursing practice environment was
considered generally favorable (average agreement 3.07). Subscales Autonomy,
Multidisciplinary Relations and Organizational Support had positive means (between
3.16 and 3.50), however the subscale Control over the Environment obtained a mean
of 2.97. A significant positive relationship between the subscales of the NWI-R and the
quality of nursing care was found. It is concluded that a favorable professional nursing
practice environment have positive influence over the quality of nursing care according
to nurses perceptions.

Keywords: Hospital Organization environment; Quality of care; Nursing Care; Nursing


Management.

VII
LISTA DE ABREVIATURAS

NWI-R - Revised Nursing Work Index


OE – Ordem dos Enfermeiros
OMS – Organização Mundial de Saúde
SPSS - Statistical Package for the Social Science

VIII
ÍNDICE

INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 1
PARTE I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO ....................................................................... 8
1 – QUALIDADE DOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM ............................................. 9
2 – AMBIENTE DA PRÁTICA PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM ..................... 18
3 – GESTÃO EM ENFERMAGEM .................................................................................. 27
PARTE II – TRABALHO EMPÍRICO ................................................................................. 33
1 – METODOLOGIA DO ESTUDO ................................................................................. 34
1.1 - Tipo de Estudo ........................................................................................................ 34
1.2 - População Alvo ................................................................................................... 35
1.3 - Procedimentos e Considerações Ético-Legais .......................................... 37
2 – INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS ........................................................ 38
3 – APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ............... 41
4 – CONCLUSÕES............................................................................................................ 55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 58
ANEXOS
Anexo 1 – Questionário
Anexo 2 – Póster 5º Congresso da Associação Portuguesa dos Enfermeiros
Gestores e Liderança

IX
ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Distribuição dos Enfermeiros por Sexo …………………………………… 41

Gráfico 2. Distribuição dos Enfermeiros por Tipologia de Unidade ……………….. 43

Gráfico 3. Distribuição dos Enfermeiros por Categoria Profissional ………………. 43

Gráfico 4. Distribuição das respostas dos enfermeiros em relação à qualidade


dos cuidados de enfermagem no mês anterior à aplicação do questionário ……… 45

Gráfico 5. Distribuição das respostas dos enfermeiros para a subescala


Autonomia ………………………………………………………………………………... 47

Gráfico 6. Distribuição das respostas dos enfermeiros para a subescala Controlo


sobre o Ambiente ………………………………………………………………………… 48

Gráfico 7. Distribuição das respostas dos enfermeiros para a subescala Relação


Multidisciplinar …………………………………………………………………………… 49

Gráfico 8. Distribuição das respostas dos enfermeiros para a subescala Suporte


Organizacional …………………………………………………………………………… 50

X
ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1. Serviços participantes no estudo e questionários entregues e


recolhidos ………………………………………………………………………………… 36

Quadro 2. Subescalas do NWI-R e distribuição dos itens da escala pelas


subescalas ……………………………………………………………………………….. 39

Quadro 3. Distribuição dos Enfermeiros por Idades ………………………………… 41

Quadro 4. Distribuição dos Enfermeiros segundo o Tempo de Atividade


Profissional ……………………………………..………………………………………... 42

Quadro 5. Distribuição dos Enfermeiros segundo o Tempo de Atividade


Profissional na Organização Atual ………..…………………………………………… 42

Quadro 6. Distribuição dos Enfermeiros por Habilitações Académicas …………… 43

Quadro 7. Medidas descritivas referentes à perceção da qualidade dos cuidados


de enfermagem pelos enfermeiros ………..…………………………………………… 45

Quadro 8. Medidas descritivas das subescalas do NWI-R – versão portuguesa … 51

Quadro 9. Resultado da aplicação do teste de Correlação de Spearman


relativamente às subescalas do NWI-R – versão portuguesa com a qualidade dos
cuidados de enfermagem no mês anterior à aplicação do questionário …………… 53

Quadro 10. Resultado da aplicação do teste de Correlação de Pearson entre as


subescalas do NWI-R – versão portuguesa ………………………………………...... 54

XI
INTRODUÇÃO

As organizações de saúde nacionais enfrentam profundas e frequentes


alterações impostas pelo ambiente de crise financeira e económica do país e que
afetam não só os profissionais de saúde mas sobretudo os clientes.

Os enfermeiros, como grupo profissional mais representativo no sector da


saúde, sobretudo a nível hospitalar, assumem o compromisso de assegurar a
excelência dos cuidados aos seus clientes, pelo que têm desempenhado um papel
cada vez mais ativo na avaliação e melhoria da qualidade, tanto na condição de
gestores, de elemento responsável em organizações com gabinetes ou grupos
dedicados a questões relativas à qualidade, gestão do risco e segurança do cliente,
como na prestação direta de cuidados.

Desta forma, a Gestão em Enfermagem surge como uma estratégia importante


e primordial para a qualidade dos cuidados prestados em qualquer unidade de saúde
e para o ambiente da prática profissional de enfermagem.

O enfermeiro gestor assume um papel de destaque, implementando,


supervisionando e monitorizando alterações organizacionais que promovam a
qualidade dos cuidados prestados (Regulamento do Perfil de Competências do
Enfermeiro Gestor, Regulamento nº 101/2015, 2015).

Porém, para que o enfermeiro gestor possa assegurar a manutenção e


melhoria da qualidade dos cuidados prestados há que considerar os fatores que a
influenciam, destacando-se o ambiente da prática profissional de enfermagem como
um fator determinante para uma prestação de cuidados de qualidade (Aiken, Havens
& Sloane, 2000; Kutney-Lee et al., 2009; Salmond, Begley, Brennan & Saimbert,
2009).

Apesar de existirem vários estudos internacionais potencializados pelas


características do ambiente da prática profissional de enfermagem e os seus efeitos
positivos nos outcomes profissionais e nos resultados sensíveis aos cuidados de
enfermagem este é um tema que só recentemente começou a ser abordado a nível
nacional. Esta escassez de estudos nacionais nesta área não facilita a adoção de
estratégias organizacionais adaptadas à realidade nacional que possam potenciar um

1
ambiente favorável à prática e, desta forma, assegurar a prestação de cuidados de
qualidade e promover a sua melhoria.

Tendo presente a melhoria da qualidade dos cuidados de enfermagem e, para


que se possam sugerir estratégias de intervenção na melhoria do ambiente da prática
profissional de enfermagem, há que primeiro determinar os atributos organizacionais
que caracterizam o ambiente da prática de enfermagem.

Para Aiken & Patrician (2000), os enfermeiros, comparados com outros


profissionais de saúde a nível hospitalar, serão aqueles que poderão providenciar
informações mais precisas sobre os atributos organizacionais dos hospitais devido ao
seu alargado campo de ação que os põe em contacto com uma grande parte dos
aspetos da organização e ao seu envolvimento direto na tomada de decisão clínica.

O “Revised Nursing Work Index - atributos organizacionais que caracterizam o


ambiente da prática profissional de enfermagem” (NWI-R), versão portuguesa, é um
instrumento focado na determinação dos atributos organizacionais do ambiente da
prática profissional de enfermagem a nível hospitalar, que pretende identificar e
reconhecer atributos de um hospital ou de uma unidade funcional hospitalar através
da confirmação da presença de uma série de fatores pelos enfermeiros, tendo vindo
a ser aplicado numa diversidade de contextos da prática de cuidados de enfermagem
a nível internacional (Aiken & Patrician, 2000).

Associados a um melhor ambiente da prática de enfermagem (Aiken &


Patrician, 2000), a autonomia, o controlo sobre o ambiente, a relação multidisciplinar
e o suporte organizacional são os atributos organizacionais avaliados pelas quatro
subescalas do NWI-R.

Os enfermeiros têm sido também a fonte de informação no que diz respeito à


avaliação da qualidade em diversos estudos. Segundo McHugh & Stimpfel (2012) as
perceções das enfermeiras a respeito da qualidade dos cuidados corresponde aos
dados fornecidos por outros indicadores de qualidade correspondentes ao
preconizado por Donabedian.

O ambiente tem vindo a ser progressivamente valorizado na enfermagem, quer


pela sua influência no cliente quer no enfermeiro (Roy & Andrews, 2001; Pfettscher,
2014). Há décadas que a investigação se debruçou sobre o ambiente da prática

2
profissional de enfermagem, tendo sido encontrada relação entre esta variável, os
resultados sensíveis aos cuidados de enfermagem e a qualidade dos cuidados. A
análise da influência das características organizacionais do ambiente da prática dos
enfermeiros em contexto hospitalar na qualidade dos cuidados de enfermagem pode
contribuir para um conhecimento mais profundo desta relação que permita às
organizações de saúde nacionais e, mais especificamente, às unidades de saúde
hospitalares, modificar o ambiente da prática de forma a torná-lo mais favorável,
rentabilizando o potencial dos enfermeiros existentes, refletindo-se numa melhoria da
qualidade dos cuidados.

Desta forma, é através das perceções dos enfermeiros sobre os atributos do


ambiente da sua prática de enfermagem e a qualidade dos cuidados de enfermagem
prestados que se pretende desenvolver este trabalho, segundo o método quantitativo
e tendo como linha orientadora a questão de investigação: qual a influência das
características organizacionais do ambiente da prática profissional dos enfermeiros
na qualidade dos cuidados de saúde?

Como tal, tem-se como objetivo geral analisar a influência das características
organizacionais do ambiente da prática profissional dos enfermeiros de instituições de
saúde hospitalares na qualidade dos cuidados de enfermagem, e como objetivos
específicos:

- Caracterizar os atributos organizacionais do ambiente da prática profissional


dos enfermeiros numa unidade hospitalar;

- Identificar as características do ambiente da prática profissional dos


enfermeiros mais valorizadas pelos enfermeiros duma unidade hospitalar;

- Descrever a relação entre as características do ambiente da prática


profissional dos enfermeiros e a qualidade dos cuidados prestados, de acordo
com a avaliação dos enfermeiros.

Estruturalmente, esta dissertação divide-se em duas partes fundamentais. A


primeira consiste no Enquadramento Teórico do tema, sendo composta por três
capítulos onde se faz referência ao conceito de Qualidade dos Cuidados de
Enfermagem, se descrevem os atributos do Ambiente da Prática Profissional de
Enfermagem que são considerados fundamentais para um ambiente positivo e se

3
explora a influência da Gestão em Enfermagem e o papel do Enfermeiro Gestor na
melhoria contínua da Qualidade e do Ambiente da Prática dos Enfermeiros.

A segunda parte é relativa ao Trabalho Empírico, sendo composta por quatro


capítulos onde se faz referência à Metodologia utilizada no estudo, onde consta a
questão de investigação, o objetivo geral e os objetivos específicos, se faz referência
ao tipo de estudo, à população alvo e ao instrumento de colheita de dados e se
apresentam, discutem e analisam os resultados que se obtiveram através da sua
aplicação aos enfermeiros, surgindo no último capítulo as conclusões que se
evidenciaram mais relevantes no contexto da investigação.

Em anexo constam o questionário aplicado à amostra, assim como o


documento relativo à autorização da aplicação dos questionários pela Comissão de
Ética da instituição de saúde onde foi realizado o estudo e o Póster apresentado no
5º Congresso da Associação Portuguesa de Enfermeiros Gestores e Liderança,
realizado com o intuito de iniciar a divulgação científica deste trabalho.

Este trabalho foi elaborado segundo as normas APA, conforme descritas no


Guia Orientador para a Elaboração de Trabalhos Escritos, Referências Bibliográficas
e Citações: Normas APA e ISO 690 (NP 450) da Escola Superior de Enfermagem de
Lisboa (Godinho, 2014).

4
PARTE I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

8
1 – QUALIDADE DOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM

A preocupação com a gestão e melhoria da qualidade surgiu e desenvolveu-se


particularmente a nível industrial. Os modelos industriais de qualidade desenvolvidos
por líderes industriais como Walter Shewhart, Joseph Juran, Philip Crosby e W.
Edwards Deming, influenciaram a forma como é compreendida e avaliada a qualidade
nos cuidados de saúde, ao providenciarem as bases para os programas de gestão da
melhoria da qualidade em enfermagem (Fragata, 2006; Huber, 2006).

A criação de organismos, iniciativas e programas dedicados à melhoria da


qualidade dos cuidados de saúde é relativamente recente, porém a preocupação com
a melhoria da qualidade relativamente aos cuidados de enfermagem surge com
Florence Nightingale. Segundo Stanhope & Lancaster (2011), foi Nightingale quem
começou por estabelecer padrões de cuidados de enfermagem, sendo os padrões de
cuidados e as questões de segurança, também defendidos por Nightingale, o núcleo
da garantia da qualidade. Nos dias de hoje são também os enfermeiros que
geralmente assumem um papel ativo na avaliação e melhoria da qualidade, tanto na
condição de gestores, de elemento responsável em organizações com gabinetes ou
grupos dedicados a questões relativas à qualidade, gestão do risco e segurança do
cliente, como na prestação direta de cuidados.

De acordo com os diversos autores que se debruçaram sobre o tema, a


qualidade não é fácil de definir, existindo diversas definições. Segundo Wold (2011,
p. 551), a existência de várias definições de qualidade deve-se ao facto de esta residir
em grande parte “na perceção do cliente, do prestador, do gestor de cuidados, do
comprador, do pagador ou do funcionário de saúde”. Para Hesbeen (2001, p. 77) “a
qualidade, à semelhança da própria prática de cuidados, é complexa”. Surge assim a
necessidade de definir qualidade que, para Mezomo (2001), é um conjunto de
propriedades de um serviço que o tornam adequado à missão de uma organização
concebida como resposta às necessidades e expectativas do seu cliente. Já na
perspetiva específica dos cuidados de saúde, refere-se ao grau em que os serviços
de saúde para indivíduos e populações aumentam a probabilidade de resultados de
saúde desejados e são consistentes com o conhecimento profissional atual (Lohr,

9
1990 citado por Huber, 2006), sendo esta a definição adotada pelo Institute of
Medicine (s.d.).

Legido-Quigley, McKee, Nolte & Glinos (2008), na sua publicação sobre a


garantia da qualidade dos cuidados na União Europeia, reuniram as definições de
qualidade mais utilizadas na literatura, acrescentado a definição do Conselho Europeu
e da Organização Mundial de Saúde (OMS) às definições já apresentadas. Assim,
segundo o Conselho Europeu (1998), a qualidade em saúde é o nível em que os
cuidados prestados aumentam as hipóteses de alcançar os resultados desejados e
diminuem as hipóteses de resultados indesejáveis no cliente, tendo em conta o estado
atual do conhecimento, enquanto segundo a OMS (2000) é o grau de concretização
das metas intrínsecas dos sistemas de saúde para a melhoria da saúde e capacidade
de resposta de forma a legitimar as expectativas da população (citado por Legido-
Quigley et al., 2008).

Campos, Saturno & Carneiro (2010, p. 12) distinguem a definição apresentada


pelo Programa Ibérico de 1990, em que a qualidade é a “prestação de cuidados
acessíveis e equitativos, com um nível profissional óptimo, que tenha em conta os
recursos disponíveis e consiga a adesão e satisfação dos utentes”.

Já Donabedian, citado por Mezomo (2001), define qualidade como a obtenção


dos maiores benefícios com os menores riscos para o cliente, garantindo os direitos
fundamentais da pessoa e preservando a sua integridade, pelo que são os resultados
do processo de cuidados que permitem analisar a eficiência, a efetividade e a
satisfação dos clientes face aos cuidados que receberam. Doran & Cranley (2006)
destacam que a medição de resultados no cliente é uma importante fonte de
evidências sobre a eficácia dos cuidados de enfermagem e um componente essencial
da avaliação da qualidade e eficácia desses cuidados, como tal Wold (2011, p.550)
defende que “a avaliação objectiva e sistemática dos cuidados de enfermagem é uma
prioridade para a profissão”.

Para avaliar a qualidade dos cuidados Donabedian (2003) sugere três


indicadores, amplamente aceites e difundidos, sendo estes:

- Indicadores de estrutura: referem-se às condições em que os cuidados são


prestados, onde se incluem os recursos materiais (instalações e equipamentos),
humanos (número e variedade de profissionais e as suas qualificações) e as
10
características organizacionais (organização das equipas médica e de enfermagem,
formação e investigação, supervisão, métodos de avaliação de desempenho,
modalidade de salário);

- Indicadores de processo: designam as atividades que constituem os


cuidados de saúde (diagnóstico, tratamento, reabilitação e prevenção) e que
geralmente são prestadas por profissionais de saúde, onde se incluem outros
contributos para os cuidados por parte do cliente e da família;

- Indicadores de resultados: referem-se às alterações (desejáveis ou


indesejáveis) atribuídas aos cuidados de saúde em indivíduos e populações, onde se
incluem as alterações no estado de saúde, nos conhecimentos adquiridos pelo cliente
e família através da educação para a saúde e a subsequente alteração de
comportamentos que podem influenciar futuramente a saúde e a satisfação do
cliente/família com os cuidados recebidos e os seus resultados.

Tendo em conta que os cuidados de saúde requerem o envolvimento de vários


profissionais de saúde, com níveis de formação diferenciados e especializados,
Ribeiro, Carvalho, Ferreira & Ferreira (2008) defendem que a qualidade deve ser
entendida como o produto final desta cadeia em que a equipa multidisciplinar contribui
para o resultado final. O Plano Nacional para a Segurança dos Doente 2015-2020
(Despacho nº 1400-A/2015, 2015) evidencia as várias dimensões em que assenta o
conceito de qualidade, tais como a pertinência dos cuidados, a sua segurança, a sua
acessibilidade e aceitabilidade e a prestação dos cuidados no momento adequado,
assim como na sua eficiência e efetividade e na garantia da sua continuidade.

Enquanto profissional de saúde que mais tempo passa junto do cliente, sendo
que a nível hospitalar o enfermeiro presta 90% dos cuidados ao cliente (Huber, 2006),
e como elo de ligação entre os vários profissionais de saúde da equipa multidisciplinar,
o enfermeiro encontra-se numa posição privilegiada para avaliar e intervir na melhoria
da qualidade dos cuidados prestados ao cliente. Por essa razão, a perceção do
enfermeiro sobre a qualidade dos cuidados tem sido utilizada como método de
avaliação em diversos estudos, uma vez que a sua avaliação corresponde aos dados
fornecidos pelos indicadores de qualidade preconizados por Donabedian (McHugh &
Stimpfel, 2012).

11
De acordo com o Plano Nacional de Saúde (PNS) 2012-2016, citando Saturno
et al. (1990), reconhece-se que qualidade em saúde implica a adequação dos
cuidados de saúde às necessidades e expectativas do cidadão, assim como o acesso
a cuidados de saúde de qualidade como um direito fundamental do cidadão a quem é
reconhecida legitimidade para exigir qualidade nos cuidados que lhe são prestados.

A participação ativa do enfermeiro na promoção e melhoria da qualidade nos


cuidados de saúde levou a Ordem dos Enfermeiros (OE) a publicar os padrões de
qualidade dos cuidados de enfermagem (OE, 2012) que procuram enaltecer a
qualidade dos cuidados de enfermagem em todas as suas vertentes e reforçam a
necessidade de estar desperto para os resultados das práticas, com vista à melhoria
constante da sua qualidade. Com a criação deste documento, a OE pretende dar a
conhecer o papel dos enfermeiros aos clientes, outros profissionais de saúde e ao
público, constituindo para tal seis categorias de enunciados descritivos (OE, 2012):

- Satisfação dos clientes;

- Promoção da saúde;

- Prevenção de complicações;

- Bem-estar e autocuidado dos clientes;

- Readaptação funcional;

- Organização dos serviços de enfermagem.

A procura da melhoria contínua da qualidade transparece nestes enunciados,


porém a definição e o conhecimento geral dos enunciados não assegura a sua
execução. Assim, a vigilância do cumprimento dos padrões de qualidade dos cuidados
de enfermagem é da competência dos Colégios da Especialidade da OE e dos
Conselhos de Enfermagem Regionais enquanto às instituições de saúde compete a
adequação dos recursos e a criação de estruturas e ambientes favoráveis ao exercício
profissional de enfermagem de qualidade (OE, 2012).

Prevê-se que, segundo o Regulamento do Perfil de Competências do


Enfermeiro Gestor (OE, 2014; Regulamento nº 101/2015, 2015), o cumprimento do
enunciado descritivo organização dos serviços de enfermagem seja garantido pelo
enfermeiro gestor, uma vez que este é “o motor do desenvolvimento profissional

12
(técnico-científico e relacional) da sua equipa, da construção de ambientes favoráveis
à prática clínica e da qualidade do serviço prestado ao cidadão” (OE, 2014, p.2),
gerindo, entre outros, as pessoas e os recursos.

A melhoria contínua da qualidade é então uma constante na prática profissional


do enfermeiro e nas organizações de saúde nacionais. Definida como um processo
organizacional estruturado que envolve os colaboradores no planeamento e
implementação de melhorias contínuas na prestação de cuidados de saúde que
igualam ou excedem as expectativas (Masters, 2014), a melhoria contínua da
qualidade encontra-se atualmente em curso sob a forma de programas europeus,
nacionais e institucionais, através de processos de acreditação e certificação, e em
projetos específicos a nível das unidades de saúde. Porém, de acordo com Ribeiro et
al. (2008), para que os projetos de qualidade se tornem parte da rotina, as instituições
de saúde devem comprometer-se a criar um ambiente favorável à sua implementação
e consolidação.

A melhoria da qualidade é um método que assegura o cliente que “está a


receber cuidados de alta qualidade com a melhor relação qualidade/preço” (Wold,
2011, p. 549) e garante que os padrões de excelência estão a ser atingidos na
prestação de cuidados, ao que Huber (2006) acrescenta que resulta da avaliação do
desempenho na prestação de cuidados e na proposta de alterações baseadas na
melhor evidência possível. Porém, constata-se uma dificuldade em reunir dados
concretos sobre as práticas que permitam esta análise, não existindo evidências que
comprovem a existência de avaliações nas instituições de saúde (Observatório
Português dos Sistemas de Saúde, 2010). Wold (2011) afirma que a avaliação dos
efeitos dos cuidados de enfermagem é uma das tarefas mais difíceis da enfermagem
atual. Neste contexto, cabe aos enfermeiros comprovar que os seus cuidados têm
qualidade e que promovem melhorias significativas no estado de saúde do cliente.
Para tal, os enfermeiros servem-se de modelos que auxiliam no processo de melhoria
da qualidade em prática nas organizações de saúde. No entanto, como refere
Hesbeen (2001) a utilização de instrumentos de medida da qualidade em saúde é
importante, mas é essencial que não se esqueça a vertente holística do cuidar ao
realizar essa avaliação, uma vez que pode levar à insatisfação do cliente e de alguns
profissionais de saúde motivados para o cuidar.

13
Segundo Amaral (2010), é através da estrutura, do processo e dos resultados
que a qualidade é estudada. O Nursing Role Effectiveness Model (NREM) é um
modelo conceptual desenvolvido por Irvine, Sidani & Hall (1998) com o objetivo de
orientar a avaliação da contribuição dos enfermeiros para os resultados sensíveis aos
cuidados de enfermagem e foi baseado no modelo da qualidade dos cuidados
estrutura-processo-resultados, tendo sido alvo de reformulações após testes
empíricos (Doran, Sidani, Keatings & Doidge, 2002; Doran & Cranley, 2006). Os
processos e resultados dos cuidados de saúde são influenciados pelos componentes
da estrutura, que são variáveis associadas aos enfermeiros, aos clientes e à
organização de cuidados de saúde (Doran, Sidani, Keatings & Doidge, 2002).

Assim, associam-se aos enfermeiros variáveis como a experiência, o


conhecimento e o nível de competência, uma vez que são as que podem afetar a
qualidade dos cuidados (Doran, 2011). O estudo de Aiken, Havens & Sloane (2000)
sugere que hospitais cujos enfermeiros têm níveis de formação superiores e maiores
índices de retenção de enfermeiros apresentam melhores outcomes profissionais e
resultados sensíveis aos cuidados de enfermagem. Van Bogaert, Clarke, Roelant,
Meulemans & Van de Heyning (2010) afirmam que a garantia de cuidados de elevada
qualidade requer um excelente desempenho dos enfermeiros das equipas de
enfermagem suportado por políticas de gestão hospitalar adequadas.

Relativamente aos clientes, as variáveis incluem as características pessoais e


relativas ao processo saúde/doença, como a idade, o tipo e gravidade da patologia,
assim como quaisquer co morbilidades que possam influenciar a prestação de
cuidados ou os resultados de saúde (Doran, 2011).

No que diz respeito à organização de cuidados de saúde, as variáveis


centram-se no número de enfermeiros por turno e no rácio enfermeiro/cliente, assim
como a autonomia, que influenciam diretamente a prestação de cuidados de
enfermagem (Amaral, 2010; Doran, 2011) e que se pode associar ao ambiente da
prática dos cuidados de enfermagem. Van Bogaert, Clarke, Vermeyen, Meulemans &
Van de Heyning (2009b) afirmam que a estabilidade dos recursos humanos deve ser
suportada pela gestão de enfermagem para que se assegure uma prestação de
cuidados de excelência. O estudo de Hinno, Partanen & Vehviläinen-Julkunen (2011)

14
confirma que o rácio adequado e uma gestão solidária que garanta a competência dos
enfermeiros são fatores fundamentais para a qualidade dos cuidados.

Os componentes do processo consistem nas funções independentes,


dependentes e interdependentes inerentes ao papel do enfermeiro, sendo que as
funções independentes são aquelas cuja responsabilidade é assumida somente pelo
enfermeiro, incluindo atividades como a avaliação do cliente, a tomada de decisão,
intervenção e follow-up (Doran et al., 2002), e que são autónomas, ou seja, partem da
iniciativa do enfermeiro em resposta aos problemas apresentados pelo cliente e aos
respetivos diagnósticos de enfermagem e não requerem uma prescrição médica
(Doran, 2011). As funções dependentes referem-se a avaliações clínicas e atividades
associadas à implementação de prescrições e tratamentos médicos (Doran et al.
2002). Já as funções interdependentes abrangem as funções e responsabilidades
inerentes ao papel do enfermeiro que são partilhadas com outros elementos da equipa
de saúde, o que inclui atividades como a comunicação interdisciplinar de forma a
promover a continuidade, coordenação e integração dos vários profissionais de saúde
no processo de cuidados ao cliente (Doran et al., 2002; Doran, 2011).

Segundo Amaral (2010), o NREM permite uma avaliação compreensiva dos


resultados sensíveis aos cuidados de enfermagem, considerando o impacto das
características dos enfermeiros e do seu número, tendo as intervenções de
enfermagem como mediadoras entre as condições do cliente no início de um evento
e após a prestação de cuidados. Assim, a perspetiva do NREM afasta-se da análise
exclusiva de resultados medidos em termos de segurança de doentes e centra-se no
processo de cuidados salientando que os resultados dependem de múltiplas variáveis
associadas aos cuidados, como o contexto da prestação de cuidados, a sua
adequação e as características dos enfermeiros e dos clientes (Amaral, 2010).

Desta forma, verifica-se que o modelo conceptual NREM contempla a


autonomia do enfermeiro, o controlo sobre o ambiente, a relação multidisciplinar e o
suporte organizacional, analisados através NWI-R, nas variáveis de estrutura relativas
ao enfermeiro e à organização de cuidados de saúde, assim como nas componentes
de processo relativas às funções inerentes ao papel do enfermeiro e cuja relação se
reflete nos resultados sensíveis aos cuidados de enfermagem.

15
Também o Regulamento do Perfil de Competências do Enfermeiro Gestor (OE,
2014; Regulamento nº 101/2015, 2015) se parece enquadrar no NREM, uma vez que
o enfermeiro gestor tem um papel ativo na gestão de elementos referentes aos
componentes da estrutura, porém, apesar da influência do enfermeiro gestor, a
estrutura continua muito dependente da organização. Do enfermeiro gestor espera-se
ainda que garanta as unidades de competências contempladas no Regulamento do
Perfil de Competências do Enfermeiro Gestor (Regulamento nº 101/2015, 2015) que
definem as funções major ou conjunto de elementos que representam uma realização
concreta, intervindo assim nos componentes de processo, e, por fim, nos resultados,
ao avaliar os aspetos de desempenho que representam “evidência do desempenho
profissional competente em exercício” (OE, 2014, p.2).

O enfermeiro gestor é assim associado à qualidade dos cuidados de


enfermagem. São vários os estudos que apontam o apoio do enfermeiro gestor, tanto
a nível da unidade como na gestão superior, como fundamental para a melhoria da
qualidade dos cuidados (Aiken & Poghosyan, 2009; Van Bogaert et al, 2009a,b; Hinno
et al., 2011), sendo o seu envolvimento considerado especialmente crítico a nível da
unidade por Van Bogaert et al (2013), devido à sua associação com características do
trabalho dos enfermeiros, como é o caso da amplitude de decisão, do capital social e
de variáveis relativas aos resultados.

Existem vários fatores que influenciam os cuidados de enfermagem e que


podem interferir na sua qualidade e efetividade, o ambiente onde a prática se
desenvolve é um destes fatores (Lake, 2002). Assim, da evidência científica sobre as
variáveis que influenciam a qualidade dos cuidados de enfermagem destaca-se o
ambiente da prática profissional dos enfermeiros, encontrando-se uma relação
definitiva ou significativa entre o ambiente da prática dos enfermeiros e os resultados
sensíveis aos cuidados de enfermagem (Amaral & Ferreira, 2013) e,
consequentemente, a qualidade dos cuidados de enfermagem prestados (Kutney-
Lee, et al. 2009; Van Bogaert et al., 2010; Rochefort & Clarke, 2010; Hinno et al.,
2011).

Assim, apesar da complexidade que envolve a definição de qualidade em


saúde, constata-se que é uma prioridade e um objetivo a atingir na prestação de
cuidados ao cliente. O NREM é o modelo conceptual (Doran et al., 2002; Doran &

16
Cranley, 2006) que orienta a avaliação da contribuição dos enfermeiros para os
resultados sensíveis aos cuidados de saúde, considerando a qualidade segundo os
indicadores de estrutura, processo e resultados preconizados por Donabedian (2003).

É assim necessário analisar o ambiente da prática profissional de enfermagem


para compreender o seu impacte na qualidade dos cuidados de enfermagem.

17
2 – AMBIENTE DA PRÁTICA PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM

O ambiente da prática determina em grande parte a qualidade da prestação de


cuidados de enfermagem ao estabelecer, ainda antes do seu início, os recursos e as
condições que o enfermeiro dispõe para o processo de prestação de cuidados.

Papastavrou et al. (2012) considera o ambiente da prática profissional de


enfermagem um ambiente social complexo, onde há uma necessidade constante de
decisões pelo enfermeiro como indivíduo, como elemento de uma equipa
multidisciplinar ou em parceria com o cliente.

Aiken & Patrician (2000) citam a definição de Hoffart & Woods (1996) para o
ambiente da prática profissional de enfermeiros, definindo-o como um sistema que
apoia o controlo do enfermeiro sobre a prestação de cuidados de enfermagem e o
ambiente em que os cuidados são prestados.

Já Lake (2002) define o ambiente da prática como as características


organizacionais de um contexto de trabalho que facilitam ou constrangem a prática
profissional de enfermagem. De acordo com Amaral & Ferreira (2013), esta definição
é a mais consensual entre os autores.

Segundo Aiken & Patrician (2000), os resultados relativos ao cliente, à


enfermagem e à organização são afetados pelo ambiente em que os cuidados são
prestados, afirmando que a relação com o médico, a comunicação atempada de
problemas aos profissionais de saúde adequados e a equidade na distribuição de
recursos de forma a responder às necessidades específicas do cliente melhoram
quando o ambiente da prática dos enfermeiros apresenta determinados fatores, como
a autonomia, o controlo sobre o ambiente e o controlo sobre a prática.

Geiger-Brown & Lipscomb (2010) acrescentam que as condições de trabalho


dos enfermeiros estão profundamente associadas à qualidade dos cuidados
prestados ao cliente e à segurança do cliente.

Assim, o ambiente da prática profissional de enfermagem, decorrente das


características da organização onde se desenvolve a prestação de cuidados, surge
como determinante na qualidade dos cuidados prestados ao cliente.

18
A Ordem dos Enfermeiros (OE, 2012) destaca a tarefa multiprofissional que é
a qualidade em saúde, com um contexto de aplicação local, confiando às instituições
de saúde a adequação dos recursos e a criação de estruturas que assegurem o
exercício profissional de qualidade, desenvolvendo esforços para proporcionar
condições e criar um ambiente favorecedor do desenvolvimento profissional dos
enfermeiros. Para Alves & Feldman (2011, p. 21), as organizações devem “possibilitar
e oferecer condições para o indivíduo desempenhar as suas funções dentro dos
padrões de excelência”.

Huber (2006) afirma que o ambiente de trabalho fornece a oportunidade para


os enfermeiros aplicarem os seus conhecimentos especializados e a sua perícia e
promove a tomada de decisão partilhada, a colaboração e o crescimento profissional.

O Conselho Internacional de Enfermeiros (2007) aponta como características


dos ambientes favoráveis à prática:

- Enquadramentos políticos inovadores focados no recrutamento e retenção de


enfermeiros;

- Estratégias que permitam a continuidade de formação e promoção;

- Compensações adequadas;

- Programas de reconhecimento;

- Equipamento e materiais suficientes e adequados e um ambiente de trabalho


seguro.

Porém, as necessidades de saúde das populações aumentam, enquanto as


restrições financeiras limitam o fortalecimento das infra-estruturas e o potencial dos
profissionais de saúde (Conselho Internacional de Enfermeiros, 2007). A acrescentar
ao problema da carência de enfermeiros acentuado pela crise financeira, o Conselho
Internacional de Enfermeiros (2007) destaca os ambientes de trabalho pouco
saudáveis, prejudiciais para o desempenho ou alheamento dos enfermeiros e
provocam o afastamento dos locais de trabalho e mesmo da própria profissão.

Chiavenato (1992) afirma que o comportamento das pessoas numa


organização é complexo e dependente de fatores internos e externos, ou ambientais,
numa relação de causa-efeito, que vão condicionar a sua motivação. Doran (2011)

19
reconhece que a prática dos cuidados de enfermagem se inclui num ambiente cada
vez mais complexo e, embora a análise do papel da enfermagem continue subjacente
aos resultados sensíveis aos cuidados de enfermagem desenvolvidos no mesmo
quadro conceptual de qualidade proposto por Donabedian (1982), muitos são os
fatores que regulam e interferem na prestação dos cuidados.

Florence Nightingale foi a primeira enfermeira a reconhecer a influência de


fatores externos associados ao ambiente dos clientes na sua saúde e na recuperação
da doença, destacando o papel da enfermeira no controlo do ambiente físico e
administrativo (Pfettscher, 2014). Segundo Pfettcher (2014), o ambiente surge como
base da teoria de Nightingale e o seu conceito de ambiente enfatiza que a
enfermagem deveria auxiliar a natureza no processo de cura do doente, pelo que se
esperava que a enfermeira fosse uma excelente observadora do ambiente e do doente
de forma a poder criar e manter um ambiente terapêutico que melhorasse o conforto
e a recuperação do doente. Lobo (2000, p. 35) afirma que as notas de Nightingale
proporcionaram “muitas informações sobre a influência do ambiente sobre o ser
humano e sobre a natureza crítica do equilíbrio entre eles”, sendo os aspetos do
ambiente físico (ventilação, aquecimento, ruído, luz e limpeza) influenciados pelo
ambiente social e psicológico do indivíduo. Assim, constata-se que na sua teoria
Nightingale encontrou relações entre o ambiente e o cliente, a enfermeira e o ambiente
e a enfermeira e o cliente (Pfettscher, 2014). O legado de Nightingale encontra-se em
modelos e teorias de enfermagem mais recentes.

O Modelo de Adaptação de Roy (Roy & Andrews, 2001) assemelha-se aos


pressupostos de Nightingale. Aqui, o objetivo da enfermagem é a promoção da
adaptação ao ambiente, minimizando respostas ineficazes para a integridade. O
ambiente é entendido como o mundo interior ou exterior da pessoa, que estimula a
pessoa para criar respostas adaptáveis. A saúde é então considerada um reflexo de
adaptação da interação entre pessoa e ambiente. Para Roy “o ambiente inclui todas
as condições, circunstâncias e influências que envolvem e afectam o desenvolvimento
e o comportamento da pessoa” (Roy & Andrews, 2001, p.32). Os estímulos a que as
pessoas estão sujeitas desencadeiam respostas, as respostas podem ser adaptativas,
promovendo a integridade com o ambiente, ou ineficazes (Roy & Andrews, 2001). O
ambiente sustenta a avaliação, as intervenções e os resultados, surgindo como um
fator crucial na prática de enfermagem.
20
Segundo o Modelo de Adaptação de Roy existem quatro modos de adaptação:
físico-fisiológico, identidade de autoconceito, interdependência e desempenho de
papel. Assim, para além de afetar a resposta do cliente aos cuidados de enfermagem,
o ambiente também afeta a conduta do enfermeiro favorecendo ou dificultando o seu
desenvolvimento profissional e, desta forma, a qualidade dos cuidados que este
presta (Roy & Andrews, 2001), o que corresponde à evidência científica, uma vez que
o ambiente influência resultados sensíveis aos cuidados de enfermagem (Amaral &
Ferreira, 2013) e a qualidade dos cuidados e a satisfação dos clientes é superior em
hospitais onde existe um ambiente satisfatório e produtivo na prática profissional dos
enfermeiros (Kutney-Lee et al., 2009; Kelly, McHugh & Aiken, 2012; Aiken et al., 2012).

O Regulamento do Perfil de Competências do Enfermeiro Gestor (OE, 2014;


Regulamento nº 101/2015, 2015) destaca o papel do enfermeiro gestor na construção
de ambientes favoráveis à prática clínica. Desta forma, para além de gerir as pessoas,
a adequação de recursos, a segurança dos cuidados, a formação e as relações
profissionais, espera-se que o enfermeiro gestor promova, mantenha e desenvolva
um bom ambiente de trabalho, garantindo a implementação da melhoria contínua da
qualidade dos cuidados de enfermagem, otimizando as respostas às necessidades
dos clientes.

Existem vários estudos internacionais que caracterizaram os ambientes da


prática de enfermagem a partir de um conjunto de hospitais norte-americanos,
denominados de Magnet Hospitals, que conseguiram atrair e reter enfermeiros num
contexto de carência de profissionais, evidenciando um conjunto de características,
como por exemplo, maior autonomia, uso da prática baseada na evidência, melhores
ambientes de trabalho, menores níveis de burnout e melhor satisfação profissional
(Jayawardhana, Welton & Lindrooth, 2011), que favoreciam o ambiente da prática de
cuidados, demonstrando melhor qualidade dos cuidados e uma superior satisfação
dos clientes e profissionais (Aiken, Havens & Sloane, 2000; Kutney-Lee et al., 2009;
Roche & Duffield, 2010; Kelly, McHugh & Aiken, 2012; Aiken et al., 2012).

Apesar de o contexto de carência de enfermeiros que levou ao estudo das


características dos Magnet Hospitals pertencer à realidade americana, a nível
nacional a realidade é outra, constatando-se uma carência de profissionais apesar de
existirem enfermeiros licenciados desempregados e a procurarem oportunidades de

21
trabalho noutros países (Amaral, Ferreira, Vidinha & Cardoso, 2013). A acrescentar a
esta realidade surge a aposentação dos profissionais no ativo e a redução sistemática
do número de admissões de enfermeiros devido à necessidade das organizações de
melhorarem a sua eficiência, aumentando a carga de trabalho para cada enfermeiro
e, consequentemente, deteriorando a qualidade dos cuidados de saúde (Amaral et al.,
2013).

Salmond, Begley, Brennan & Saimbert (2009), confirmaram na sua revisão da


literatura que melhores ambientes da prática profissional de enfermagem estão
associados com menores níveis de burnout, melhores níveis de satisfação dos
enfermeiros, melhores perceções de qualidade dos cuidados e menores intenções de
abandonar a organização. Constata-se que os resultados evidenciados justificam um
investimento na melhoria do ambiente da prática, uma vez que, de acordo com o
Modelo de Adaptação de Roy (Roy & Andrews, 2001), o ambiente da prática afeta a
prestação de cuidados do enfermeiro, o que se vai refletir na qualidade dos cuidados
de enfermagem.

Assim, associam-se a um melhor ambiente da prática de enfermagem as


seguintes características:

- Maior autonomia do enfermeiro;

- Uma boa relação entre enfermeiro e médico;

- Envolvimento dos enfermeiros nos assuntos do hospital;

- Boa colaboração com o gestor;

- Investimento da organização na formação dos enfermeiros;

- Investimento da organização na melhoria da qualidade (Rafferty, Ball & Aiken,


2001; Van Bogaert et al. 2009b; Van Bogaert et al., 2010; Nantsupawat, et al., 2011;
Aiken et al., 2012).

Às caracteristicas apresentadas Hinno, Partanen & Vehviläinen-Julkunen


(2011, 2012) acrescentam o adequado rácio enfermeiro-cliente, enquanto Aiken &
Poghsyan (2009) referem também a continuidade de cuidados de enfermagem.

Desta forma, constata-se que as características referidas são os atributos que,


para Aiken & Patrician (2000), definem um ambiente de prática favorável, sendo
22
avaliados nas quatro subescalas do NWI-R: autonomia, controlo sobre o ambiente,
relação multidisciplinar e suporte organizacional (Aiken & Patrician, 2000), conforme
se pode verificar no capítulo dois da segunda parte deste documento.

A escassez de estudos nacionais dificulta uma análise aprofundada das


características do ambiente da prática profissional de enfermagem evidenciadas a
nível nacional, porém, é possível extrair algumas conclusões.

Num estudo realizado a enfermeiros portugueses sobre a perceção do


ambiente da prática dos cuidados, Amaral et al. (2013) constataram que, dos quatro
hospitais que participaram no estudo, apenas um registou um ambiente da prática
profissional de enfermagem favorável, apesar de, no geral, os enfermeiros
evidenciarem satisfação com o ambiente em que prestam os cuidados, com a sua
área de autonomia, com a relação com o médico e a qualidade dos cuidados
prestados. Porém, o estudo demonstrou que os enfermeiros não estão satisfeitos com
a participação nas políticas do hospital e a adequação dos recursos humanos e
materiais. O estudo mais recente de Jesus, Roque & Amaral (2015), realizado em 31
hospitais portugueses, revelou resultados semelhantes, tendo os autores encontrado
grande variabilidade entre as organizações e mesmo entre os serviços pertencentes
à mesma organização, tendo ainda acrescentado a evidência de insatisfação dos
enfermeiros com a gestão, liderança e suporte dos profissionais. Jesus et al. (2015)
encontraram uma relação significativa entre o ambiente da prática e a dimensão do
hospital, o grupo etário e a antiguidade profissional dos enfermeiros, sendo os
enfermeiros que se inserem nos escalões intermédios, relativamente à idade e
antiguidade profissional, os que avaliam os seus ambientes da prática de enfermagem
de forma mais desfavorável.

Posteriormente, Amaral & Ferreira (2013) verificaram a influência do ambiente


da prática nos resultados dos cuidados ao nível da funcionalidade das pessoas,
determinando o nível de auto desempenho nas Atividades de Vida Diárias entre a
admissão e a alta hospitalar, constatando que “a evolução do estado funcional nos
doentes é um resultado sensível aos cuidados de enfermagem” (Amaral & Ferreira, p.
72) e que as melhorias mais significativas se verificaram nos ambientes da prática
mais favoráveis.

23
Porém, no estudo comparativo de sete países realizado por Papastavrou, et al.
(2012), onde se incluí Portugal, países no norte da Europa, do Mediterrânio e o estado
do Kansas, nos Estados Unidos da América, verificou-se que, no que diz respeito à
relação e comunicação enfermeiro-médico, Portugal parece apresentar os resultados
mais baixos, enquanto apresenta os resultados mais altos relativamente à autonomia
e a liderança, em conjunto com o Kansas, o que o autor considerou dever-se a uma
ausência de consenso sobre a natureza da autonomia clínica e como esta é percebida
ou interpretada (Papastavrou, et al., 2012), o que pode dever-se a diferenças culturais.

A evidência científica sugere que existe uma relação definitiva e significativa


entre o ambiente da prática dos enfermeiros e qualidade dos cuidados de
enfermagem avaliada pelos enfermeiros em prestação direta de cuidados. Assim,
ambientes favoráveis da prática de enfermagem traduzem-se em avaliações positivas
da qualidade dos cuidados de enfermagem por parte dos enfermeiros. Esta relação é
encontrada independentemente do contexto profissional (tipologia da unidade
hospitalar) e socioeconómico, ainda que com ligeiras diferenças atribuídas às
especificidades culturais do país onde o estudo foi desenvolvido, o que se traduz na
possibilidade de aplicar medidas de melhoria do ambiente da prática de enfermagem
em diversos contextos (Aiken, Buchan, Ball & Rafferty, 2008; Aiken & Poghosyan,
2009; Aiken et al., 2011; Van Bogaert et al, 2009b; Rochefort & Clarke, 2010; Hinno
et al., 2011, 2012). Este achado vai ao encontro do estudo de Mckee et al. (2012) que
sugere que a aplicação de medidas para a melhoria das condições e do ambiente da
prática podem ser implementadas a nível Europeu, adequando-as às particularidades
específicas de cada país.

Estes estudos permitiram desenvolver ferramentas para a melhoria do


ambiente da prática de enfermagem. Van Bogaert et al. (2009a) desenvolveram um
modelo de equações estruturais para melhorar a compreensão da relação entre
aspetos da prática profissional dos enfermeiros de forma a alcançar resultados de
enfermagem favoráveis. Aiken & Patrician (2000) defendem que os fatores que os
enfermeiros consideram importantes nos seus ambientes de trabalho são conhecidos,
porém há que associar as características mais relevantes ao ambiente da prática
profissional de enfermagem, sendo o NWI-R uma ferramenta útil na determinação de
atributos organizacionais que caracterizam o ambiente da prática de enfermagem.

24
O modelo de equações estruturais, revisto posteriormente por Van Bogaert et
al. (2013), permitiu constatar que as dimensões do ambiente da prática dos
enfermeiros preveem as variáveis de outcomes profissionais e avaliação da qualidade
dos cuidados pelos enfermeiros. Desta forma, a carga de trabalho relatada pelos
enfermeiros, o grau de decisão e o capital social assumem um papel mediador entre
as variáveis características do ambiente da prática dos enfermeiros e as dimensões
do burnout, outcomes profissionais e avaliação da qualidade dos cuidados pelos
enfermeiros, encontrando-se uma relação direta entre uma forte gestão de
enfermagem ao nível dos serviços e a avaliação da qualidade dos cuidados e
outcomes profissionais.

Os instrumentos utilizados para avaliar e mensurar o ambiente da prática de


enfermagem são importantes para antecipar dificuldades nas organizações. Um
estudo internacional realizado por Aiken et al. (2011) em 9 países alertou para os
ambientes desfavoráveis da prática de enfermagem encontrados numa percentagem
significativa dos hospitais de cada país, refletindo-se em avaliações negativas da
qualidade dos cuidados de enfermagem e insatisfação profissional. Aiken, Sloane,
Bruyneel, Van den Heede & Sermeus (2013), no seu estudo em 12 países da Europa,
constataram que os enfermeiros percepcionam uma diminuição da qualidade do seu
ambiente de trabalho e da qualidade dos cuidados de enfermagem, identificando
fatores que poderiam ser melhorados sem grandes compromissos financeiros
associados, como o envolvimento dos enfermeiros nas decisões sobre a sua unidade
e organização, investimento na evolução da carreira e formação dos enfermeiros e
uma gestão dos recursos humanos mais baseada na evidência cientifica.

Ao constatar que as variações das características do ambiente da prática de


enfermagem a nível das unidades de internamento são preditores do nível de
qualidade dos cuidados e dos outcomes profissionais, as organizações podem atuar
de forma a conseguir um ambiente da prática atrativo e melhores resultados de saúde
(Van Bogaert et al., 2010; Aiken, Buchan, Ball & Rafferty, 2008), pois, segundo Van
den Heede et al. (2013), um ambiente da prática que fomente a autonomia do
enfermeiro, o envolvimento dos enfermeiros nas decisões que influenciam o ambiente
e uma gestão participativa pode ser a melhor estratégia na retenção de enfermeiros
no contexto hospitalar.

25
Apoiar o desenvolvimento profissional dos enfermeiros, as dotações
adequadas (Hinno et al., 2011), são aspetos que correspondem às competências do
domínio do Enfermeiro Gestor (OE, 2014), assim como o apoio da gestão e maior
autonomia dos enfermeiros são fatores-chave na produção de um ambiente de
trabalho positivo, melhorando a qualidade dos cuidados prestados ao cliente e os
planos de carreira dos enfermeiros (Hinno et al., 2011).

Para Hinno et al. (2011, 2012) um investimento no ambiente da prática dos


enfermeiros é um desafio, mas representará uma mais-valia para as organizações
hospitalares e os seus líderes.

26
3 – GESTÃO EM ENFERMAGEM

A gestão é considerada uma arte e uma ciência que planeia e gere o esforço
humano e recursos escassos para alcançar determinados objetivos (Huber, 2006).

Segundo o Plano Nacional para a Segurança dos Doentes 2015-2020


(Despacho nº 1400-A/2015, 2015), a prestação de cuidados de saúde requer uma
gestão atenta e inovadora dos vários e complexos aspetos humanos, técnicos e
organizacionais, devido à necessidade permanente de adaptação à variedade de
patologias, atos, diagnósticos e terapêuticas de cada serviço prestador de cuidados.

A Gestão em Enfermagem surge como uma estratégia importante e primordial


para a qualidade dos cuidados prestados em qualquer unidade de saúde e para o
ambiente da prática profissional de enfermagem. Pertencendo ao grupo profissional
mais representativo na saúde e, particularmente nas instituições hospitalares, o
enfermeiro desempenha um papel fundamental no processo de cuidados e na sua
gestão.

Reconhecendo a elevada importância do exercício de funções de gestão por


parte dos enfermeiros, de forma a assegurar a qualidade do exercício profissional dos
enfermeiros, a Ordem dos Enfermeiros aprovou o Regulamento do Perfil de
Competências do Enfermeiro Gestor, sendo este recentemente publicado em Diário
da República (Regulamento nº 101/2015, 2015).

Assim, de acordo com o Regulamento do Perfil de Competências do Enfermeiro


Gestor (OE, 2014; Regulamento nº 101/2015, 2015), a Gestão em Enfermagem surge
como uma estratégia fundamental para a qualidade dos cuidados prestados em
qualquer unidade de saúde, destacando o enfermeiro gestor como o profissional
técnica e cientificamente habilitado para responder com rigor, eficiência e eficácia aos
desafios das organizações e das pessoas na garantia da qualidade dos cuidados
prestados, aos vários níveis de atuação: prevenção, promoção e reabilitação.

McSherry, Pearce, Grimwood & McSherry (2012) destacam o papel do


enfermeiro gestor como líder no caminho para a excelência e como elemento
essencial na organização dos recursos existentes, criando um ambiente de segurança
e excelência nos cuidados de enfermagem. Também o Plano Nacional para a

27
Segurança dos Doentes 2015-2020 (Despacho nº 1400-A/2015, 2015) confere ao
gestor, enquanto elemento pertencente aos órgãos máximos de gestão ou enquanto
gestor de uma unidade de saúde, a responsabilidade de gerir os recursos e a
implementação, acompanhamento e monitorização das ações de melhoria da
qualidade e gestão do risco, uma vez que esta é uma prioridade consignada na
Estratégia Nacional para a Qualidade na Saúde e faz parte das competências do
Enfermeiro Gestor previstas no Regulamento do Perfil de Competências do
Enfermeiro Gestor (OE, 2014; Regulamento nº 101/2015, 2015).

Segundo o Regulamento do Perfil de Competências do Enfermeiro Gestor (OE,


2014; Regulamento nº 101/2015, 2015), os enfermeiros gestores determinam
cuidados de qualidade ao desempenhar “um papel pró-ativo na definição de políticas
de saúde” (OE, 2014, p. 3) e de enfermagem e ao liderar a implementação dessas
políticas, sendo a qualidade transversal a todo o Regulamento. De salientar que o
cumprimento do enunciado descritivo “a organização dos cuidados de enfermagem”
dos Padrões de Qualidade dos Cuidados de Enfermagem (OE, 2012) deverá ser
garantido pelo Enfermeiro Gestor, já que lidera e impulsiona o desenvolvimento
profissional da sua equipa e a construção de ambientes favoráveis à prática clínica,
estando a gestão dos recursos humanos, materiais e equipamentos sob a sua
responsabilidade.

A capacidade de liderança surge como um atributo imprescindível para o


Enfermeiro Gestor. Para Câmara, Guerra & Rodrigues (2010), as competências de
liderança e gestão requerem que o gestor alinhe estrategicamente e conheça a
missão e objetivos da organização, inspire as pessoas a conhecer a organização e
seja agente de mudança.

Laschinger, Wong, Grau, Read & Stam (2011), apontam para as práticas de
liderança transformacional para a melhoria da perceção de suporte organizacional,
qualidade de cuidados e diminuição da intenção de abandono da organização,
alertando para a necessidade de estas partirem dos enfermeiros na gestão de topo
no sentido de fortalecerem as práticas de liderança dos gestores das unidades e assim
criarem melhores ambientes da prática para os enfermeiros. Uma relação positiva
entre os enfermeiros gestores e os enfermeiros é a base para o empoderamento dos

28
enfermeiros, resultando em baixos níveis de burnout e melhor satisfação profissional
(Laschinger, Finegan & Wilk, 2011).

Os modelos de gestão atuais refletem a busca de percursos para melhorar o


desempenho organizacional, trazendo conceitos de inovação, flexibilidade, trabalho
em equipa e decisões descentralizadas, o que conduz a uma participação mais efetiva
de todos os envolvidos nos processos administrativos e operacionais da instituição
(Câmara, Guerra & Rodrigues, 2010).

Para a Ordem dos Enfermeiros (2014), as competências do enfermeiro gestor


possibilitam o desenvolvimento de competências nos níveis individuais e funcionais,
mobilizando pessoas para o alcance de resultados, estimulando o seu crescimento
profissional, otimizando os recursos e atendendo às necessidades e expectativas dos
clientes. Acresce ao enfermeiro gestor fazer uma eficaz gestão do talento, envolver
novos líderes na organização, definir os perfis de funções, avaliar o desempenho,
fomentar um feedback contínuo e implementar estratégias de reconhecimento e
recompensa. Choi, Cheung & Pang (2013) apontam para a necessidade de uma
gestão detalhada dos recursos, uma gestão efetiva e da remoção de limitações
organizacionais que afetam a prática de enfermagem, fatores essenciais para o
processo de melhoria do ambiente da prática profissional.

As organizações hospitalares são sistemas complexos que exigem uma gestão


capaz de garantir o seu funcionamento. O processo de gestão em Enfermagem é
principalmente dirigido ao elemento humano, ou seja, à gestão de recursos humanos,
procurando encontrar um equilíbrio entre as necessidades dos colaboradores em
relação à eficiência, motivação e realização profissional e as necessidades da
organização em termos de produtividade, custo-benefício e qualidade, tendo como
resultados desejados a satisfação dos colaboradores e a produtividade (Huber, 2006).
Para Lake (2002), nas organizações hospitalares, o ambiente da prática de
enfermagem reflete a abordagem do gestor na resolução destes dilemas. Assim, o
gestor gere as pessoas e o ambiente, desempenhando um papel crucial no
relacionamento dos profissionais na equipa multidisciplinar (Huber, 2006).

No que diz respeito particularmente aos recursos humanos, o enfermeiro gestor


deve otimizar os recursos humanos existentes em função das competências e das
necessidades de cuidados, assim como otimizar e desenvolver os
29
recursos/competências existentes em si mesmo e nos outros, promovendo a prática
baseada na evidência (OE, 2014; Regulamento nº 101/2015, 2015).

Amaral & Ferreira (2013) referem que o contexto de escassez de recursos leva
ao sacrifício da aplicação dos recursos numa área em detrimento de outra em que
poderiam ser gerados melhores resultados, pelo que as decisões sobre o destino dos
recursos devem ser ponderadas e devidamente fundamentadas. Para além disso, as
atividades dos gestores das entidades públicas são legisladas pela chamada “Lei dos
Compromissos” (Lei nº 8/2012, 2012), pelo que, estas decisões devem obedecer aos
critérios definidos pela Lei nº 8/2012 e posteriores alterações, o que se reflete num
controlo rigoroso da gestão dos fundos disponíveis.

Assim, segundo a Lei nº 8/2012 (2012), o gestor que atue em desconformidade


com as regras e procedimentos da assunção de compromissos devem responder
“pessoal e solidariamente perante os agentes económicos quanto aos danos por estes
incorridos” (Lei nº 8/2012, 2012, p. 827), incorrendo em “responsabilidade civil,
criminal, disciplinar e financeira, sancionatória e ou reintegratória” (Lei nº 8/2012,
2012, p. 827) caso sejam assumidos compromissos em violação desta Lei. A alteração
mais recente à “Lei dos Compromissos” (Lei nº 22/2015, 2015) acrescenta que o
incumprimento dos compromissos assumidos resultará na impossibilidade de
pagamentos de despesas de caráter permanente e de despesas com o pessoal, o que
coloca um peso acrescido nas decisões do Enfermeiro Gestor, sobretudo no que diz
respeito à gestão dos recursos humanos, materiais e equipamentos e ao
desenvolvimento do planeamento estratégico (OE, 2015; Regulamento nº 101/2015).

O Gestor de Enfermagem está significativamente relacionado com a satisfação


dos enfermeiros e clientes, é dele que partem as decisões relativas à gestão das
equipas e implementação de práticas de segurança e qualidade dos cuidados
(Schmalenberg & Kramer, 2008; Hinno et al., 2011; Boev, 2012; Brewer & Verran,
2013). Segundo Aiken, Clarke, Douglas, Lake & Cheney (2008), a melhoria do
ambiente da prática é uma das opções que os enfermeiros gestores dispõem para
reter os enfermeiros e melhorar os resultados sensíveis aos cuidados de enfermagem.

Hinno et al. (2011) constataram que apoiar o desenvolvimento profissional dos


enfermeiros, as dotações adequadas, o apoio da gestão e maior autonomia dos
enfermeiros são fatores-chave na produção de um ambiente de trabalho positivo,
30
melhorando a qualidade dos cuidados prestados ao cliente e os planos de carreira
dos enfermeiros.

No que diz respeito aos resultados dos estudos nacionais, há que considerar
os achados de Amaral et al. (2013) e Jesus et al. (2015), onde a participação nas
políticas organizacionais, a adequação de recursos humanos e materiais e a gestão,
liderança e suporte dos profissionais não foi satisfatória para os enfermeiros, um
aspeto a considerar pelos enfermeiros gestores, uma vez que a otimização dos
recursos humanos, a gestão eficiente dos materiais e a promoção de estratégias de
gestão participativa são critério de avaliação da competência presentes no
Regulamento do Perfil de Competências do Enfermeiro Gestor (OE, 2014;
Regulamento nº 101/2015, 2015) e podem representar uma possível intervenção no
sentido de melhorar o ambiente da prática profissional de enfermagem, de forma a
assegurar a manutenção e melhoria da qualidade dos cuidados ao cliente.

Os gestores devem estar despertos para os contributos que a investigação


pode trazer para a otimização do ambiente de forma a assegurar a qualidade dos
cuidados de enfermagem, o que, para Amaral & Ferreira (2013), trará repercussões
positivas na gestão das organizações e na efetividade dos cuidados de enfermagem.

O modelo de equações estruturais desenvolvido por Van Bogaert et al. (2009a,


2013) procurou fornecer conceitos importantes que acompanhem o trabalho dos
gestores, tendo encontrado uma relação direta entre uma forte gestão de enfermagem
ao nível dos serviços e a avaliação da qualidade dos cuidados e outcomes
profissionais, em que classificações positivas dos enfermeiros relativamente à relação
multidisciplinar e gestão hospitalar-suporte organizacional parecem estar
relacionadas com menor exaustão emocional e despersonalização, um maior sentido
de realização pessoal e outcomes profissionais mais favoráveis e melhores avaliações
de qualidade dos cuidados.

Os instrumentos utilizados para avaliar e mensurar o ambiente da prática de


enfermagem são importantes para antecipar dificuldades nas organizações (Van
Bogaert et al., 2010, 2014). Tendo encontrado relação entre múltiplas dimensões do
ambiente da prática dos enfermeiros a diferentes níveis organizacionais, Van Bogaert
et al. (2010, 2014) alerta os gestores para a necessidade de considerar a conceção e
desenvolvimento de unidades de enfermagem no contexto organizacional hospitalar
31
mais alargado. Assim, equipas de enfermagem com consciência da importância do
trabalho em equipa, apoiadas pela organização, pelos gestores a nível do serviço e
do hospital e pelos médicos com quem colaboram serão capazes de dar resposta a
clientes com necessidade de cuidados cada vez mais complexos. Para Van Bogaert
et al. (2010, 2014), a autonomia adquirida permitir-lhes-á transformar a organização
numa organização de excelência e conseguir um ambiente da prática atrativo, com
enfermeiros satisfeitos e melhores resultados de saúde.

Já Aiken & Poghosyan (2009) ao comparar os resultados de unidades de


internamento de dois hospitais na Rússia e Arménia que sofreram uma intervenção
para reforçar o ambiente da prática profissional de enfermagem e serviços que não
sofrerem essa intervenção, constataram que características do ambiente da prática
como o envolvimento dos enfermeiros nas decisões hospitalares, o relacionamento
entre enfermeiros e médicos, o apoio dos gestores para os cuidados de enfermagem
e a continuidade dos cuidados melhoraram, ainda que a adequação dos recursos se
tenha mantido inalterada. Assim, uma intervenção para a melhoria do ambiente da
prática não obriga a um investimento financeiro, trazendo vantagens para os
profissionais e para os clientes.

A gestão de enfermagem ao nível dos serviços e a gestão hospitalar-suporte


organizacional surge como um fator determinante para a melhoria do ambiente da
prática de enfermagem, apresentando uma relação significativamente positiva com a
avaliação da qualidade pelos enfermeiros, a nível do serviço e do hospital, e a
realização pessoal (Van Bogaert et al., 2009b), encontrando-se avaliações negativas
da qualidade dos cuidados pelos enfermeiros quando os respondentes não referiram
suporte por parte da organização (Van Bogaert et al., 2010).

Para Hinno et al. (2011, 2012), o desafio que é o investimento na melhoria do


ambiente da prática dos enfermeiros é compensado pelo benefício que resulta para
as organizações hospitalares e os seus líderes.

A gestão e as organizações hospitalares devem encarar o desafio da melhoria


do ambiente da prática de enfermagem como um investimento que se refletirá na
melhoria dos resultados sensíveis ao cliente, nos outcomes profissionais e sobretudo
na qualidade dos cuidados prestados, independentemente do contexto onde esse
investimento ocorra.
32
PARTE II – TRABALHO EMPÍRICO

33
1 – METODOLOGIA DO ESTUDO

É no sentido de obter uma resposta imparcial, rigorosa e fidedigna a uma


problemática que se desenvolve a investigação científica. Segundo Ribeiro (2010, p.
11) “a questão de investigação constitui o elemento fundamental do início de uma
investigação”, sendo os objetivos da investigação, a representação do que o
investigador se propõe a realizar para responder à questão de investigação. Tendo
isto presente, tem-se como questão de investigação: qual a influência das
características organizacionais do ambiente da prática profissional dos enfermeiros
na qualidade dos cuidados de saúde?

Tendo com objetivo geral, analisar a influência das características


organizacionais do ambiente da prática profissional dos enfermeiros de instituições de
saúde hospitalares na qualidade dos cuidados de enfermagem, e como objetivos
específicos:

- Caracterizar os atributos organizacionais do ambiente da prática profissional


dos enfermeiros numa unidade hospitalar;

- Identificar as características do ambiente da prática profissional dos


enfermeiros mais valorizadas pelos enfermeiros duma unidade hospitalar;

- Descrever a relação entre as características do ambiente da prática


profissional dos enfermeiros e a qualidade dos cuidados prestados, de acordo
com a avaliação dos enfermeiros.

1.1 - Tipo de Estudo

Este é um estudo quantitativo, observacional, descritivo, transversal e


correlacional. Fortin (1999, p. 22) define o método quantitativo como “um processo
sistemático de colheita de dados observáveis e quantificáveis”, conduzindo a
resultados passíveis de contribuir para o desenvolvimento e validação dos
conhecimentos e oferecendo a possibilidade de generalizar os resultados, predizer e
controlar os acontecimentos. Para Burns & Grove (2004), o método quantitativo é
baseado no rigor, objetividade e controlo.

34
De acordo com Ribeiro (2010), num estudo observacional o investigador não
intervém, desenvolvendo procedimentos que lhe permitam descrever os
acontecimentos e quais os seus efeitos nos sujeitos em estudo. Quando se trata de
um estudo observacional-descritivo, pretende-se explorar e descrever o fenómeno em
estudo, gerando novo conhecimento sobre conceitos e tópicos até então pouco
estudados (Burns & Grove, 2004).

Num estudo transversal, o foco incide sobre um grupo representativo da


população em estudo (Ribeiro, 2010), sendo os dados colhidos apenas numa ocasião
(LoBiondo-Wood & Haber, 2001).

Relativamente ao estudo correlacional, este é o “estudo das relações entre


variáveis” (Almeida & Freire, 2003, p. 99) e permite ao investigador estabelecer e
quantificar as relações entre as variáveis em estudo sem, no entanto, estabelecer
significado de causalidade nas relações encontradas (Almeida & Freire, 2003). O
estudo correlacional examina o tipo (positivo ou negativo) e a força da relação entre
duas ou mais variáveis (Burns & Grove, 2004). Segundo Ribeiro (2010), insere-se no
método epidemiológico de investigação, dando como exemplo, uma possível
associação fator de risco e doença através da verificação de uma correlação forte.

De referir que o tratamento dos dados obtidos através da aplicação do


questionário em anexo (Anexo 1) foi realizado informaticamente recorrendo ao
programa de tratamento estatístico Statistical Package for the Social Science (SPSS),
IBM® SPSS® Statistics, versão 22.

1.2 - População Alvo e Amostra

Hill & Hill (2012, p. 41) definem população alvo como o “conjunto total dos casos
sobre os quais se pretende retirar conclusões”.

Segundo Aiken & Patrician (2000), os enfermeiros, comparados com outros


profissionais de saúde a nível hospitalar, serão aqueles que poderão providenciar
informações mais precisas sobre os atributos organizacionais dos hospitais devido ao
seu alargado campo de ação que os põe em contacto com uma grande parte dos
aspetos da organização e ao seu envolvimento direto na tomada de decisão clínica.

35
Assim, define-se como população alvo os enfermeiros a desempenhar funções
em contexto hospitalar, em duas Unidades de Internamento de Medicina, uma do
Hospital A e outra do Hospital B, assim como no Bloco Operatório, Unidade de
Transplantes e Unidade de Internamento de Cirurgia do Hospital B, pertencentes ao
Centro Hospitalar X.

Relativamente à amostra, Ghiglione & Matalon (2001) reconhecem que é raro


conseguir-se inquirir todos os membros de uma população e, sendo praticamente
impossível e dispendioso, seria inútil pois é possível obter-se as mesmas informações,
com uma margem de erro calculável. Como tal, dos 157 enfermeiros pertencentes à
população alvo definida obteve-se uma amostra de 78 enfermeiros, cuja distribuição
dos enfermeiros pelas unidades se encontra descrito no Quadro 1.

Quadro 1. Serviços participantes no estudo e questionários entregues e recolhidos


Enfermeiros Questionários Questionários Taxa de
Hospital Unidade
do Serviço entregues respondidos Resposta
Hospital
Medicina A 50 50 16 32%
A
Medicina B 30 30 21 70%
Bloco
38 38 24 63,2%
Operatório
Hospital
B Unidade
21 21 11 52,4%
Transplantes

Cirurgia 18 10 6 60%

Total 157 149 78 52,3%

Os questionários foram entregues no período de 13 de Abril de 2015 a 29 de


Maio de 2015, nas unidades mencionadas, e recolhidos posteriormente, sendo a
aplicação dos questionários facilitada pelos elementos responsáveis pelos serviços.

Esta é uma amostra não probabilística ou intencional, pois desconhece-se a


probabilidade relativa de um qualquer elemento ser incluído na amostra (Burns &
Grove, 2004; Ribeiro, 2010), e sequencial, uma vez que todos os indivíduos que são
elegíveis e constituem a amostra são escolhidos sem métodos probabilísticos, tal
como refere Ribeiro (2010, p. 44) “primeiro que aparece, primeiro escolhido”.

36
1.3 - Procedimentos e Considerações Ético-Legais

Para o desenvolvimento de um projeto de investigação que envolva pessoas


há que considerar a concordância da investigação segundo o código de ética (Ribeiro,
2010). Assim, foi enviado um pedido de autorização à instituição onde se aplicaram
os questionários. Obtido o devido parecer da Comissão de Ética e a autorização para
a aplicação dos questionários, procedeu-se à distribuição dos questionários pelos
enfermeiros.

O preenchimento do questionário pressupôs o consentimento informado e


esclarecido, sendo garantida a confidencialidade e anonimato dos participantes, em
conformidade com os princípios de ética (Burns & Grove, 2004).

37
2 – INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS

Ghiglione & Matalon (2001, p. 7-8) definem o inquérito como “uma interrogação
particular acerca de uma situação englobando indivíduos, com o objetivo de
generalizar”, em que o investigador não pretende modificar a situação em estudo.

“A escala de avaliação dos atributos organizacionais que caracterizam o


ambiente da prática profissional de enfermagem” Revised Nursing Work Index versão
portuguesa (NWI-R), é o instrumento de colheita de dados a aplicar tendo a sua
utilização neste estudo sido autorizada pelos autores, apesar de a versão portuguesa
não ter sido ainda publicada.

O Revised Nursing Work Index (NWI-R), um instrumento focado na


determinação dos atributos organizacionais do ambiente da prática profissional de
enfermagem a nível hospitalar, que pretende identificar e reconhecer atributos de um
hospital ou de uma unidade funcional hospitalar através da confirmação da presença
de uma série de fatores pelos enfermeiros, tendo vindo a ser aplicado numa
diversidade de contextos da prática de cuidados de enfermagem a nível internacional
(Aiken & Patrician, 2000).

O NWI-R divide-se em quatro subescalas que pretendem avaliar a autonomia,


o controlo sobre o ambiente, a relação multidisciplinar e o suporte organizacional,
encontrando-se os itens da escala referentes a cada subescala, distribuídos de acordo
com o Quadro 2. De referir que o instrumento NWI-R tem sido amplamente utilizado
em estudos desenvolvidos a nível internacional porém, a adequação cultural do
instrumento aos contextos onde é aplicado gerou alterações a nível da sua adaptação
linguística e do número de itens que se refletiram em instrumentos com diferentes
subescalas, sendo o mais comum o instrumento com três subescalas relativas à
gestão de enfermagem, adequação de recursos humanos e materiais e relação
multidisciplinar (Van Bogaert et al., 2009a,b, 2010, 2013, 2014; Rochefort & Clarke,
2010; Hinno et al., 2012). Tal como afirmam Van Bogaert et al. (2009b) e Hinno et al.
(2012), apesar das diferenças linguísticas e culturais e das variações na estrutura e,
consequentemente, nas subescalas, o NWI-R é o instrumento que apresenta melhor
validade e o mais amplamente utilizado em investigação, contribuindo para o estudo
do ambiente da prática profissional de enfermagem a nível internacional.

38
Quadro 2. Subescalas do NWI-R e distribuição dos itens da escala pelas subescalas
SUBESCALA ITENS
4. Os enfermeiros sentem-se apoiados pela gestão.
6. A enfermagem controla a sua prática.
17. Autonomia para tomar importantes decisões sobre os cuidados e
Autonomia sobre a organização do trabalho.
(5 itens) 24. A Direção de Enfermagem espera por elevados padrões de
cuidados de enfermagem.
33. O enfermeiro gestor defende a equipa de enfermagem nas
tomadas de decisão, mesmo quando em conflito com outros técnicos.
1. Serviços de apoio adequados que me permitem dedicar tempo aos
clientes.
11. Espaço para discussão dos cuidados aos clientes, entre a equipa
de enfermagem.
12. Dotação de enfermeiros suficientes na equipa para prestar
Controlo sobre o
cuidados de qualidade aos clientes.
ambiente
13. O enfermeiro gestor é um bom gestor e líder.
(7 itens)
16. Dotações suficientes para a prestação de cuidados.
44. Oportunidade de trabalhar num serviço altamente especializado.
46. A distribuição dos clientes fomenta a continuidade dos cuidados
(i.e., o mesmo enfermeiro presta cuidados ao mesmo cliente durante
o internamento).
Relação 2. A equipa multidisciplinar tem uma boa relação de trabalho.
multidisciplinar 26. Os profissionais de saúde trabalham em equipa multidisciplinar.
(3 Itens) 37. Existe colaboração multidisciplinar.
1. Serviços de apoio adequados que me permitem dedicar tempo aos
clientes.
2. A equipa multidisciplinar tem uma boa relação de trabalho.
6. A enfermagem controla a sua prática.
11. Espaço para discussão dos cuidados aos clientes, entre a equipa
de enfermagem.
12. Dotação de enfermeiros suficientes na equipa para prestar
Suporte cuidados de qualidade aos clientes.
organizacional 13. O enfermeiro gestor é um bom gestor e líder.
(10 Itens) 17. Autonomia para tomar importantes decisões sobre os cuidados e
sobre a organização do trabalho.
24. A Direção de Enfermagem espera por elevados padrões de
cuidados de enfermagem.
26. Os profissionais de saúde trabalham em equipa multidisciplinar.
46. A distribuição dos clientes fomenta a continuidade dos cuidados
(i.e., o mesmo enfermeiro presta cuidados ao mesmo cliente durante
o internamento).

Definida como uma coleção de itens criado para avaliar uma dimensão, atributo
ou fator com suposta relação entre si, a escala fornece uma nota ao que se pretende
avaliar tendo em conta o resultado da soma dos itens que a constituem (Ribeiro,
2010). Assim, a versão portuguesa do NWI-R é composta por um questionário de 54
afirmações cuja concordância é determinada através de escala de Likert, variando
entre “discordo totalmente” e “concordo totalmente”.
39
Quanto à avaliação da qualidade dos cuidados pelos enfermeiros, a sua
determinação surgiu através da concordância determinada por uma escala de Likert
idêntica à supracitada, aplicada a quatro afirmações sobre a qualidade dos cuidados
prestados pelo próprio, pela equipa onde se inclui, na unidade onde presta cuidados
e pela sua perceção da satisfação do cliente relativamente à qualidade dos cuidados
que lhe são prestados. Esta forma de avaliação da qualidade tem sido utilizada em
diversos estudos e foi testada por McHugh & Stimpfel (2012), tendo concluído que as
perceções dos enfermeiros a respeito da qualidade dos cuidados correspondia aos
dados fornecidos por outros indicadores de qualidade, incluindo os resultados
sensíveis aos cuidados como a mortalidade, as falhas de assistência e socorro, a
satisfação do cliente, assim como as medidas de avaliação dos processos, o que se
traduziu numa avaliação da qualidade correspondente à preconizada por Donabedian.

Atendendo a que o instrumento de colheita de dados utilizado, a NWI-R - versão


portuguesa assim como a avaliação da perceção da qualidade dos cuidados pelos
enfermeiros, é um questionário cuja concordância com as afirmações apresentadas é
determinada através de escala de Likert, optou-se pela aplicação de testes não
paramétricos, uma vez que “a escala de Likert produz uma escala ordinal que deve
ser tratada com estatística não paramétrica” (Ribeiro, 2010, p.95). Assim, tendo em
conta que a escala de Likert utilizada varia entre 1 e 5 pontos, considera-se que
valores inferiores a 3 são discordantes e maiores que 3 são concordantes, tendo o
valor exato de 3 como ponto neutro.

Para sistematizar e realçar a informação fornecida pelos dados foram utilizadas


técnicas da estatística descritiva e inferencial das quais constam: as frequências
(absolutas e relativas), as medidas de tendência central (média, mediana e moda),
medidas de dispersão ou variabilidade (desvios padrão) e coeficientes (correlação de
Spearman e Pearson), tendo sido fixado o valor de 0,05 para o nível de significância
para todos os testes.

40
3 – APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

A aplicação do questionário em anexo (Anexo 1) permitiu a obtenção dos dados


necessários para a caracterização da amostra e do ambiente organizacional que
serão apresentados em seguida. Assim, observando os dados apresentados no
Gráfico 1 verifica-se que a maioria dos enfermeiros da amostra, concretamente 87,2%,
são do sexo feminino.

Gráfico 1. Distribuição dos Enfermeiros por Sexo

Masculino
12,8%

Feminino
87,2%

Em relação à idade, de acordo com o Quadro 3 esta varia entre 24 e 56 anos,


sendo a idade média de 37,24 anos com desvio padrão de 8,67 anos. Como se pode
verificar 39,4% dos enfermeiros tinham entre 30 e 39 anos, estando a mediana nos
35 anos.

Quadro 3. Distribuição dos Enfermeiros por Idades

ANOS N Percentagem 𝓍̅ Md s xmin xmáx


20-29 16 21%
30-39 30 39,4%
37,24 35,00 8,67 24,00 56,00
40-49 22 28,8%
50-59 8 10,4%

No que diz respeito ao tempo de atividade profissional (Quadro 4), este varia
entre os 6 meses e os 36 anos, estando 41,6% dos enfermeiros na primeira década
de atividade profissional. A média de anos de atividade profissional situa-se nos 14,25
anos, com desvio padrão de 8,34 anos, verificando-se que o tempo de atividade
profissional para metade dos enfermeiros é igual ou inferior a 13 anos.

41
Quadro 4. Distribuição dos Enfermeiros segundo o Tempo de Atividade Profissional

ANOS N Percentagem 𝓍̅ Md s xmin xmáx


0-9 32 41,6%
10-19 18 23,4%
14,25 13,00 8,34 0,50 36,00
20-29 26 33,8%
30-39 1 1,3%

Observando os dados do Quadro 5 constata-se que o tempo de atividade


profissional dos enfermeiros na organização atual varia entre 1 mês e 36 anos, com
uma média de 11,65 anos e desvio padrão de 8,18 anos, verificando-se que metade
dos enfermeiros estão na organização há 10 anos ou menos.

Quadro 5. Distribuição dos Enfermeiros segundo o Tempo de Atividade Profissional na Organização


Atual

ANOS N Percentagem 𝓍̅ Md s xmin xmáx


0-9 36 46,8%
10-19 24 31,2%
11,65 10,00 8,18 0,08 36,00
20-29 16 20,8%
30-39 1 1,3%

Relativamente aos resultados apresentados (a média de idade, tempo de


atividade profissional e tempo de atividade na atual organização), constata-se que são
próximos aos de Amaral et al. (2013) e Jesus et al. (2015) nos seus estudos nacionais
assim como aos de vários estudos internacionais (Aiken et al., 2008; Aiken &
Poghosyan, 2009; Van Bogaert et al., 2009a,b, 2010). Já os enfermeiros dos estudos
de Nantsupawat et al. (2011) e Hinno et al. (2011, 2012) apresentaram médias
ligeiramente inferiores no que diz respeito ao tempo de atividade profissional e de
atividade na atual organização e Rochefort & Clarke (2010) médias superiores.

No que diz respeito à tipologia do local de trabalho, segundo o Gráfico 2


constata-se que 47,4% desenvolve a sua atividade profissional em unidades de
Medicina, 7,7% em unidades de Cirurgia e 44,9% em unidades de outras tipologias,
enquadrando-se nesta categoria os enfermeiros do Bloco Operatório e Unidade de
Transplantes.

42
Gráfico 2. Distribuição dos Enfermeiros por Tipologia de Unidade

Outra Medicina
44,9% 47,4%

Cirurgia
7,7%

Relativamente às habilitações académicas (Quadro 6) verifica-se que a maioria


dos enfermeiros é Licenciado, concretamente 82,1%, e que 15,4% dos enfermeiros
possui formação académica posterior à Licenciatura, sendo que 7,7% possui um
Mestrado, 6,4% uma Especialização e 1,3% uma Pós-Graduação, não existindo
nenhum enfermeiro com o grau académico de doutor, resultados sobreponíveis aos
de Amaral & Ferreira (2013) e ligeiramente inferiores aos de Jesus et al. (2015).

Quadro 6. Distribuição dos Enfermeiros por Habilitações Académicas


HABILITAÇÕES ACADÉMICAS N Percentagem
Bacharelato 2 2,6%
Licenciatura 64 82,1%
Mestrado 6 7,7%
Especialização 5 6,4%
Pós-Graduação 1 1,3%

No que diz respeito à categoria profissional (Gráfico 3), de acordo com o regime
geral da carreira de enfermagem aprovada pelo Decreto-Lei nº 437/91 de 8 de
Novembro ainda em vigor, constata-se que 9% dos enfermeiros são Enfermeiros
Especialistas, enquanto 33,3% se encontram na categoria de Enfermeiro Graduado,
sendo o maior grupo o que se enquadra na categoria de Enfermeiro (55,1%) e o menor
grupo o que se enquadra na categoria de Enfermeiro Chefe (2,6%).

Gráfico 3. Distribuição dos Enfermeiros por Categoria Profissional

Enfermeiro Chefe 2,6


Enfermeiro Especialista 9
Enfermeiro Graduado 33,3
Enfermeiro 55,1
0 10 20 30 40 50 60
Percentagem

43
Relativamente à qualidade dos cuidados de enfermagem, esta foi avaliada
segundo a perceção dos enfermeiros sobre os cuidados prestados no mês anterior à
aplicação do questionário, tendo na sua globalidade, sido avaliada positivamente, uma
vez que percentagem de concordância dos enfermeiros com as afirmações foi
superior a 70% em todos os itens (Gráfico 4), resultado semelhante aos de Van
Bogaert et al. (2009a,b, 2010). Já Hinno et al. (2011, 2012) e Van Bogaert et al. (2013,
2014) obtiveram uma concordância superior à encontrada no presente estudo em 10%
a 16%, respetivamente. De notar que a diferença entre as percentagens de
concordância se verificaram nos artigos cuja publicação foi posterior a 2010. Tal
diferença na avaliação da qualidade dos cuidados de enfermagem pelos enfermeiros
poderá estar relacionado com o clima de austeridade vivenciado a nível nacional e
que se repercutiu a nível da saúde através das limitações económico-financeiras que
interferiram na gestão dos recursos materiais e humanos e cujos efeitos foram
sentidos em primeira mão pelos clientes e pelos enfermeiros na sua prestação de
cuidados.

Destaca-se ainda o item com percentagem de concordância mais elevado, o


da qualidade dos cuidados de enfermagem prestados pelo próprio com uma
concordância de 83,3%, em que 14,1% dizem respeito à concordância total, sendo o
único item que não obteve percentagem de discordância, e o que obteve a
concordância mais baixa, o da perceção da satisfação do cliente com os cuidados de
enfermagem com 76,9% de concordância. No que diz respeito à percentagem de
discordância, a mais elevada (9%) verificou-se no item relativo à qualidade dos
cuidados de enfermagem prestados na unidade. Rochefort & Clark (2010) e
Nantsupawat et al. (2011) obtiveram resultados superiores no seu estudo, tendo
19,2% e 27% dos enfermeiros inquiridos, respetivamente, avaliado a qualidade dos
cuidados prestados na sua unidade como suficientes ou pobres, já Van Bogaert et al.
(2009a) obteve apenas 3% de discordância. De referir que os enfermeiros inquiridos
por Rochefort & Clark (2010) se encontravam a prestar cuidados numa área específica
(Unidades de Cuidados Intensivos Neonatais) e com mais tempo de experiência
profissional e na organização que a amostra do presente estudo, o que se poderá
refletir numa capacidade crítica sobre a qualidade dos cuidados de enfermagem mais
desenvolvida pelo tempo de experiência profissional. Quanto aos resultados de
Nantsupawat et al. (2011), o facto de as dotações de enfermeiros estarem muito
44
aquém do desejado e de 40% dos enfermeiros inquiridos sofrerem de elevado burnout
podem estar na origem dos resultados relativos à qualidade dos cuidados.

Gráfico 4. Distribuição das respostas dos enfermeiros em relação à qualidade dos cuidados de
enfermagem no mês anterior à aplicação do questionário

0% 20% 40% 60% 80% 100%

1 - A qualidade dos cuidados de enfermagem 7,7 11,5 73,1 6,4


prestados na sua unidade foram muito bons. 1,3
2 - A qualidade dos cuidados de enfermagem 0 16,7 69,2 14,1
prestados por si foi muito boa.
3 - A qualidade dos cuidados de enfermagem 0 16,7 74,4 7,7
prestados pela sua equipa foi muito boa 1,3
4 - Tem a perceção que os clientes manifestam 1,3 17,9 71,8 5,1
satisfação relativamente aos cuidados de… 3,8

Discordo totalmente Discordo Não concordo/nem discordo Concordo Concordo totalmente

Quanto à média da concordância em relação à qualidade dos cuidados de


enfermagem (Quadro 7), verificou-se uma média global de 3,84 (Mediana 4,0, Desvio
padrão 0,48). Também a nível da média de concordância se observou um valor mais
elevado relativamente aos cuidados de enfermagem prestados pelo próprio (3,97).
Uma vez que quanto maior for a pontuação melhor será a avaliação de qualidade,
constatou-se que, no geral, a qualidade dos cuidados de enfermagem no mês anterior
à aplicação do questionário foi avaliada positivamente pelos enfermeiros.

Quadro 7. Medidas descritivas referentes à perceção da qualidade dos cuidados de enfermagem


pelos enfermeiros

QUALIDADE DOS CUIDADOS 𝓍̅ Md s xmin xmáx


Cuidados prestados na Unidade 3,76 4,00 0,74 1,00 5,00
Cuidados prestados pelo próprio 3,97 4,00 0,56 3,00 5,00
Cuidados prestados pela equipa 3,88 4,00 0,53 2,00 5,00
Perceção da satisfação dos clientes 3,76 4,00 0,67 1,00 5,00

A aplicação da versão portuguesa do NWI-R permitiu determinar a perceção


dos enfermeiros inquiridos em relação ao seu ambiente de trabalho. Os dados
relativos à frequência de respostas dos enfermeiros inquiridos permitem analisar as
características do ambiente profissional de enfermagem mais valorizadas pelos
enfermeiros, tendo em conta as quatro subescalas do NWI-R.

45
Para os 5 itens da subescala Autonomia verificou-se uma percentagem de
concordância entre 30,8% e 64,9%, tal como se pode observar no Gráfico 5, sendo o
item 6 “A enfermagem controla a sua prática” aquele que apresentou menor
percentagem de concordância e o item 24 “A Direção de Enfermagem espera por
elevados padrões de cuidados de enfermagem” a maior, tendo Hinno et al. (2011)
obtido um resultado aproximado neste item (62%). O item 17 “Autonomia para tomar
importantes decisões sobre os cuidados e sobre a organização do trabalho”
apresentou percentagens muito próximas de concordância e discordância, 35,9% e
34,7% respetivamente, assim como o item 4 “os enfermeiros sentem-se apoiados pela
gestão”, 34,7% de concordância e 32% de discordância, ficando muito aquém dos
68% de concordância obtidos por Hinno et al. (2011). No que diz respeito ao item 33
“O enfermeiro gestor defende a equipa de enfermagem nas tomadas de decisão,
mesmo quando em conflito com outros técnicos”, 52,6% dos inquiridos revelaram
concordância com a afirmação, tendo Hinno et al. (2011) obtido 61% de concordância
neste item.

Verificou-se que 3 dos 5 itens da subescala apresentaram resultados de


concordância e discordância relativamente próximos, sendo estes os itens cujas
afirmações eram diretamente relativas à autonomia experienciada pelo enfermeiro, o
que levanta algumas questões sobre a perceção de autonomia que os enfermeiros
inquiridos experienciam na sua prestação de cuidados. No seu estudo sobre a
autonomia dos enfermeiros, Ribeiro (2011) concluiu que a perceção de autonomia
profissional depende de fatores como a satisfação profissional, a capacidade de tomar
decisões no seu quotidiano de trabalho, variando também em função das habilitações
académicas, da categoria profissional e do local de trabalho, como tal, e tendo em
conta os resultados obtidos e as características da amostra, a predominância de
enfermeiros licenciados e com categoria profissional de enfermeiros pode estar na
origem da perceção de autonomia evidenciada.

O Nursing Role Effectiveness Model (NREM) aponta a autonomia como uma


das variáveis relacionadas com a organização dos cuidados de saúde com influência
direta na prestação de cuidados de enfermagem (Amaral, 2010; Doran, 2011), assim
como a dotação de enfermeiros, pelo que intervenções do enfermeiro gestor no
sentido de garantir e desenvolver a competência dos enfermeiros através de uma
melhoria ao nível da dotação permitiriam ao enfermeiro desenvolver a sua autonomia
46
na prestação de cuidados pois, tal como refere Van Bogaert et al. (2013), o
envolvimento do enfermeiro gestor a nível da unidade é fundamental devido à sua
influência a nível da amplitude de decisão dos enfermeiros e do capital social.

Gráfico 5. Distribuição das respostas dos enfermeiros para a subescala Autonomia

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%100%

4. Os enfermeiros sentem-se apoiados pela gestão. 5,1 26,9 33,3 32,1 2,6

6. A enfermagem controla a sua prática. 2,6 25,6 41,0 29,5 1,3

17. Autonomia para tomar importantes decisões…2,6 32,1 29,5 34,6 1,3

1,3 7,8
24. A Direção de Enfermagem espera por… 26,0 55,8 9,1

33. O enfermeiro gestor defende a equipa de…3,8 16,7 26,9 44,9 7,7

Discordo totalmente Discordo Não concordo/nem discordo Concordo Concordo totalmente

Relativamente aos 7 itens da subescala Controlo sobre o Ambiente,


representados no Gráfico 6, verificou-se uma percentagem de concordância com os
itens entre 16,7% e 52,6%, sendo que 4 itens apresentaram percentagens elevadas
de concordância, destacando-se a percentagem de concordância no item referente à
capacidade de liderança e gestão do enfermeiro gestor (52,6%). Van Bogaert et al.
(2009, 2009a, 2010, 2013), Hinno et al. (2011), Amaral & Ferreira (2013) também
obtiveram resultados positivos no que diz respeito à liderança e gestão do enfermeiro
gestor, contudo tal não se verificou no estudo nacional mais recente, tendo Jesus et
al. (2015) obtido resultados negativos. Assim, os enfermeiros inquiridos revelam ter
uma perceção positiva relativamente à capacidade de liderança e gestão do
enfermeiro gestor, o que poderá ser um fator chave na implementação de estratégias
de melhoria do ambiente da prática de enfermagem e, consequentemente, na
qualidade dos cuidados de enfermagem, tendo Van Bogaert et al. (2013) encontrado
uma relação direta entre a gestão ao nível dos serviços e a avaliação da qualidade
dos cuidados e outcomes profissionais.

Porém, para 3 dos itens que compõem a subescala, referentes à adequação


dos serviços de apoio e dotação de enfermeiros, uma maior percentagem de
enfermeiros referiu discordância em relação à afirmação apresentada, sendo o item
47
12 “Dotação de enfermeiros suficientes na equipa para prestar cuidados de qualidade
aos clientes” aquele que apresentou a percentagem mais elevada (61,6%), um achado
significativo, tendo em conta a relação encontrada por de Hinno et al. (2011, 2012)
entre resultados negativos em relação à dotação de enfermeiros e avaliações
desfavoráveis de qualidade dos cuidados pelos enfermeiros. Os resultados
encontrados diferem dos de Aiken & Poghosyan (2009), Rochefort & Clark (2010),
Hinno et al. (2011), em que a percentagem de concordância com a adequação dos
serviços de apoio e com a dotação de enfermeiros ultrapassou os 55%, mas
assemelham-se aos resultados de Van Bogaert et al. (2009), Nantsupawat et al.
(2011), Amaral & Ferreira (2013) e Jesus et al. (2015) cujos estudos não evidenciaram
resultados favoráveis, enquadrando-se desta forma nos resultados dos estudos
nacionais.

Gráfico 6. Distribuição das respostas dos enfermeiros para a subescala Controlo sobre o Ambiente

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%100%

1. Serviços de apoio adequados que me… 15,4 38,5 29,5 16,7 0

11. Espaço para discussão dos cuidados aos…2,6 17,9 29,5 43,6 6,4

12. Dotação de enfermeiros suficientes na… 29,5 32,1 11,5 25,6 1,3

13. O enfermeiro gestor é um bom gestor e líder. 2,6 7,7 37,2 44,9 7,7

16. Dotações suficientes para a prestação de… 20,5 17,9 24,4 33,3 3,8

44. Oportunidade de trabalhar num serviço… 10,3 19,2 21,8 42,3 6,4

46. A distribuição dos clientes fomenta a… 7,7 14,1 38,5 35,9 3,8

Discordo totalmente Discordo Não concordo/nem discordo Concordo Concordo totalmente

Boev (2012) afirma que sem recursos suficientes os enfermeiros não


conseguem prestar cuidados de excelência, facto que parece estar presente na
perceção dos enfermeiros inquiridos sobre a adequação dos recursos existentes. Os
equipamentos e materiais adequados e suficientes para a prestação de cuidados num
ambiente de trabalho seguro são apontados como uma das características do
ambiente favorável à prática de enfermagem pelo Conselho Internacional de
Enfermagem (2007). Tendo em conta que, segundo o Modelo de Adaptação de Roy
(Roy & Andrews, 2001), o ambiente afeta a conduta do enfermeiro e o seu
desenvolvimento profissional, favorecendo-o ou dificultando-o, a melhoria da
adequação dos serviços de apoio e da dotação de enfermeiros poderá ser um fator
48
facilitador de uma conduta dos enfermeiros mais motivada para a procura da
excelência no cuidar, refletindo-se no ambiente da prática dos enfermeiros.

Quanto aos 3 itens da subescala Relação Multidisciplinar, tendo em conta o


Gráfico 7, a percentagem de concordância superou os 50% em todos os itens, sendo
o item 2 “A equipa multidisciplinar tem uma boa relação de trabalho” aquele que
apresentou maior percentagem, mais precisamente 74,3%. Os resultados
encontrados são corroborados pelos artigos encontrados, onde os itens referentes à
relação multidisciplinar foram avaliados positivamente (Aiken & Poghosyan, 2009; Van
Bogaert et al., 2009a, 2010, 2013, 2014; Rochefort & Clarke, 2010; Hinno et al., 2011,
2012; Nantsupawat et al., 2011, Amaral et al., 2013; Jesus et al., 2015), o que reflete
a forma como os enfermeiros valorizam a comunicação e colaboração com os médicos
e os vários profissionais de saúde envolvidos na prestação de cuidados, pois,
considerando a realidade dos enfermeiros, a relação em questão não se limita aos
enfermeiros e médicos mas engloba toda uma equipa multidisciplinar que participa
nos cuidados ao cliente e da qual o enfermeiro é parte integrante. Segundo Van
Bogaert et al. (2010), as equipas de enfermagem que reconhecem a importância do
trabalho de equipa e que tenham o apoio dos médicos e gestores a nível da unidade
da organização serão capazes de dar resposta a necessidades de cuidados
complexas.

Gráfico 7. Distribuição das respostas dos enfermeiros para a subescala Relação Multidisciplinar

0% 20% 40% 60% 80% 100%

2. A equipa multidisciplinar tem uma boa relação 1,3 10,3 14,1 69,2 5,1
de trabalho.
26. Os profissionais de saúde trabalham em equipa 0 15,4 33,3 42,3 9
multidisciplinar.

37. Existe colaboração multidisciplinar. 1,3 15,4 26,9 56,4 0

Discordo totalmente Discordo Não concordo/nem discordo Concordo Concordo totalmente

Relativamente aos 10 itens da subescala Suporte Organizacional, observou-se


que a percentagem de concordância foi superior à de discordância em 8 itens,
situando-se nestes casos entre os 31,8% e os 74,3%, tal como se pode verificar no
Gráfico 8. Os dois itens que receberam maior percentagem de discordância, 43,9% e

49
61,6%, referem-se à adequação dos serviços de apoio e às dotações de enfermeiros,
tal como já se tinha verificado anteriormente.

Gráfico 8. Distribuição das respostas dos enfermeiros para a subescala Suporte Organizacional

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%100%

1. Serviços de apoio adequados que me… 15,4 38,5 29,5 16,7 0


2. A equipa multidisciplinar tem uma boa relação…
1,3 10,3 14,1 69,2 5,1
6. A enfermagem controla a sua prática. 2,6 25,6 41 29,5 1,3
11. Espaço para discussão dos cuidados aos…2,6 17,9 29,5 43,6 6,4
12. Dotação de enfermeiros suficientes na… 29,5 32,1 11,5 25,6 1,3
13. O enfermeiro gestor é um bom gestor e líder. 2,6 7,7 37,2 44,9 7,7
17. Autonomia para tomar importantes decisões…2,6 32,1 29,5 34,6 1,3
24. A Direção de Enfermagem espera por…1,3 7,8 26 55,8 9,1
26. Os profissionais de saúde trabalham em…0 15,4 33,3 42,3 9
46. A distribuição dos clientes fomenta a… 7,7 14,1 38,5 35,9 3,8

Discordo totalmente Discordo Não concordo/nem discordo Concordo Concordo totalmente

A maioria dos estudos encontrados apresentaram resultados neutros (Van


Bogaert et al., 2009a) ou negativos (Van Bogaert et al., 2009b, 2010, 2014; Hinno et
al., 2011, 2012). Já no estudo de Amaral et al. (2013) os resultados foram positivos,
corroborando os resultados encontrados, contudo Jesus et al. (2015) obteve
resultados negativos no que diz respeito ao suporte dos enfermeiros. Aiken &
Poghosyan (2009) comprovaram a utilidade de intervenções para a melhoria do
ambiente da prática profissional de enfermagem, uma vez que os resultados
tendencialmente neutros obtidos nesta subescala tornaram-se positivos após um
programa de intervenção para a melhoria do ambiente da prática.

A média global de concordância dos enfermeiros com os itens do NWI-R –


versão portuguesa foi de 3,07 (Mediana 3,08; Desvio padrão 0,42), pelo que o
ambiente da prática profissional de enfermagem é, no geral, favorável, ainda que
pouco acima do ponto neutro.

Quanto à média de concordância por subescala (Quadro 8) e, tendo presente


que quanto maior for a pontuação de cada subescala maior será a presença dos
atributos favoráveis à prática profissional de enfermagem, verifica-se que a média é
superior a 3 em todas as subescalas, exceto a subescala Controlo sobre o Ambiente
com uma média de 2,97.
50
Quadro 8. Medidas descritivas das subescalas do NWI-R – versão portuguesa

SUBESCALA 𝓍̅ Md s
Autonomia 3,21 3,20 0,60
Controlo sobre o ambiente 2,97 3,00 0,71
Relação multidisciplinar 3,50 3,67 0,66
Suporte organizacional 3,16 3,20 0,50

Para Amaral et al. (2013) a subescala participação nas políticas do hospital foi
a que apresentou a média mais baixa, enquanto para Jesus et al. (2015), apesar de
também ter apresentado uma média inferior ao ponto neutro, a média mais baixa
estava relacionada com a adequação dos recursos humanos e materiais. Também no
estudo de Van Bogaert (2009a,b) os itens relacionados com o controlo sobre o
ambiente e políticas hospitalares evidenciaram resultados baixos, porém Hinno et al.
(2011) obteve resultados positivos. Os resultados obtidos sugerem alguma dificuldade
de envolvimento nas decisões da organização passíveis de influenciar o ambiente da
prática pelos enfermeiros inquiridos. Aiken & Poghosyan (2009) afirmam que o
envolvimento dos enfermeiros nas decisões organizacionais e nas políticas
hospitalares é um fator determinante nas reformas hospitalares.

A subescala que registou a média superior foi a subescala Relação


multidisciplinar com 3,50. Nos estudos internacionais (Aiken & Poghosyan, 2009; Van
Bogaert et al., 2009a,b, 2010, 2013, 2014; Hinno et al., 2011; 2012; Nantsupawat et
al., 2011; Papastavrou et al., 2012) e nacionais (Amaral et al., 2013; Jesus et al., 2015)
as subescalas relativas à relação multidisciplinar e equipa multidisciplinar também
evidenciaram resultados favoráveis, tal como se tinha verificado aquando da análise
da percentagem de concordância a cada um dos itens da subescala. Porém, dos sete
países onde o estudo de Papastavrou et al. (2012) foi realizado, Portugal apresentou
os resultados mais baixos nesta subescala, ainda que positivos.

A subescala com a segunda melhor média foi a subescala Autonomia com 3,21.
Como já foi referido, a adaptação cultural e linguística do NWI-R originou instrumentos
com diferentes subescalas, pelo que nos estudos encontrados a subescala Autonomia
do instrumento original e avaliada no presente estudo foi suprimida, o que dificultou a
discussão dos resultados relativos a esta subescala. Porém, Papastavrou et al. (2012)
e Van Bogaert et al. (2013) incluíram a autonomia dos enfermeiros nos seus estudos,

51
avaliando-a através da amplitude de decisão, obtendo também resultados positivos.
Apesar de, como se verificou na análise da percentagem de concordância, os
enfermeiros inquiridos revelarem alguma ambiguidade quando questionados
diretamente sobre a perceção de autonomia, contata-se que é ao nível da intervenção
do enfermeiro gestor e da Direção de Enfermagem, ao promover elevados padrões
de qualidade nos cuidados, que a perceção de autonomia é evidenciada.

Por fim, a subescala Suporte Organizacional apresentou uma média de 3,16,


tendo Amaral et al. (2013) também obtido um resultado positivo. No entanto, a maioria
dos estudos evidenciaram resultados menos favoráveis (Van Bogaert et al., 2009a, b,
2010; Hinno et al., 2011, 2012; Jesus et al., 2015), sendo o estudo de Amaral et al.
(2013) a exceção, corroborando os resultados obtidos. Considerando que a perceção
de suporte organizacional pode ser melhorada através de práticas de liderança
transformacional (Laschinger et al., 2011), o enfermeiro gestor pode otimizar os
recursos humanos, gerir eficazmente o talento e implementar estratégias de
reconhecimento e recompensa (OE, 2014).

De referir que dos 54 itens do NWI-R – versão portuguesa, o item que revelou
menor média (1,68) e maior percentagem de discordância (84,6%) foi o item 5
“Remuneração satisfatória”, achado que poderá estar associado ao clima de
austeridade que afeta o país nos últimos anos e que, para além de ter reduzido o
salário dos enfermeiros, impossibilitou o descongelamento das carreiras e a
progressão remuneratória, assim como os achados relativos à elevada percentagem
de discordância relativamente à adequação dos serviços de apoio e dotação de
enfermeiros, também penalizados com os efeitos da austeridade. Ainda assim, apesar
de estes fatores exercerem uma influência significativa no ambiente da prática
profissional de enfermagem, tal como referido pelo Conselho Internacional de
Enfermeiros (2007), Aiken & Poghosyan (2009) demonstraram no seu estudo que é
possível melhorar o ambiente da prática sem que necessariamente haja um
investimento a nível do fortalecimento das remunerações e dos recursos. O
enfermeiro gestor tem então um papel preponderante ao liderar o processo de
melhoria do ambiente da prática de enfermagem e organizando detalhadamente os
recursos humanos e materiais existentes de forma a dar resposta às necessidades do

52
cliente e promovendo a segurança, a excelência e a qualidade dos cuidados
(McSherry et al., 2012; Choi et al., 2013; OE, 2014).

Os resultados relativos às subescalas do NWI-R – versão portuguesa e à


perceção da qualidade dos cuidados de enfermagem pelos enfermeiros no mês
anterior à aplicação do questionário foram submetidos a estudos de correlação
através do coeficiente de correlação de Spearman e do respetivo teste de
significância, de forma a determinar se existe relação entre as variáveis e qual o tipo
de relação.

Como se pode observar no Quadro 9, verificou-se a existência de correlação


significativa (p≤0,05) entre todas as subescalas do NWI-R – versão portuguesa e a
qualidade dos cuidados prestados na unidade e pela equipa. Todas as correlações
estatisticamente significativas encontradas foram positivas, variando entre 0,32 e
0,47. Tendo em conta que a força da relação entre as variáveis é maior quanto mais
próxima de -1 ou +1, ou seja, de acordo com Polit & Beck (2004), valores maiores
indicam associações mais fortes entre as variáveis, porém, para a maioria das
variáveis psicossociais as correlações encontram-se entre 0,10 e 0,40.

Quadro 9. Resultado da aplicação do teste de Correlação de Spearman relativamente às subescalas


do NWI-R – versão portuguesa com a qualidade dos cuidados de enfermagem no mês anterior à
aplicação do questionário

QUALIDADE DOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM (𝓍̅ )

SUBESCALA do NWI-R rs P
Autonomia +0,32 0,004
Controlo sobre o ambiente +0,38 0,001
Relação multidisciplinar +0,45 0,000
Suporte organizacional +0,47 0,000

Ao testar a relação das subescalas do NWI-R – versão portuguesa entre si,


através da correlação de Pearson (Quadro 10), verificou-se a existência de correlação
significativa (p≤0,05) entre todas as subescalas, encontrando-se uma correlação
positiva forte entre a subescala Suporte organizacional e as restantes subescalas,
destacando-se a correlação positiva entre o Suporte organizacional e o Controlo sobre
o ambiente como a mais forte (+0,88).

53
Quadro 10. Resultado da aplicação do teste de Correlação de Pearson entre as subescalas do NWI-
R – versão portuguesa

SUBESCALA do NWI-R
Controlo sobre Relação Suporte
Autonomia
SUBESCALA do NWI-R o ambiente multidisciplinar organizacional
**
Autonomia +1 +0,53 +0,29* +0,75**
Controlo sobre o ambiente +0,53** +1 +0,55** +0,88**
Relação multidisciplinar +0,29* +0,55** +1 +0,67**
Suporte organizacional +0,75** +0,88** +0,67** +1
*p≤0,05 **p≤0,01

Assim, os resultados sugerem que ambientes da prática profissional de


enfermagem favoráveis influenciam positivamente a qualidade dos cuidados de
enfermagem percecionada pelos enfermeiros. Este achado é corroborado pelos
estudos de Aiken & Poghosyan (2009), Van Bogaert et al. (2009a,b, 2010, 2013,
2014), Rochefort & Clarke (2010) e Hinno et al. (2011, 2012), onde esta relação foi
também encontrada. Já os achados de Nantsupawat et al. (2011) e Hinno et al. (2011)
sugerem que nos hospitais onde o ambiente da prática profissional de enfermagem e
a dotação de enfermeiros é favorável têm menos probabilidade de obter avaliações
negativas da qualidade dos cuidados percecionada pelos enfermeiros. De referir que
no seu estudo 2011 de Hinno et al. (2011) não encontrou relação entre a subescala
relativa à relação multidisciplinar e trabalho de equipa e a qualidade dos cuidados de
enfermagem, porém, esta relação é encontrada na amostra finlandesa do estudo de
2012 (Hinno et al., 2012).

Lake (2002) afirma que o ambiente da prática profissional de enfermagem é um


dos fatores que influenciam os cuidados de enfermagem, interferindo na sua
qualidade e efetividade. A relação significativa entre as subescalas do NWI-R e a
perceção da qualidade dos cuidados pelos enfermeiros encontrada nos resultados
deste estudo e corroborada pelas evidências apresentadas, vem reforçar esta
afirmação.

54
4 – CONCLUSÕES

O ambiente da prática profissional de enfermagem é um ambiente complexo


onde a necessidade de decisões pelo enfermeiro como indivíduo, elemento de uma
equipa multidisciplinar ou em parceria com o cliente é constante (Papastavrou et al.,
2012), sendo as características organizacionais do ambiente de trabalho do
enfermeiro facilitadoras ou constrangedoras para a prática profissional de
enfermagem (Lake, 2002).

Através da aplicação da versão portuguesa do instrumento NWI-R, verificou-se


que os enfermeiros que participam no estudo consideram, no geral, que o ambiente
da prática profissional de enfermagem em que se inserem é favorável. Porém, a
subescala Controlo sobre o Ambiente foi avaliada desfavoravelmente, sugerindo que
os enfermeiros inquiridos poderiam ter um maior envolvimento nas decisões
organizacionais passíveis de influenciar o ambiente da sua prática profissional.

Os itens relativos à dotação de enfermeiros e a adequabilidade dos serviços de


apoio foram, em conjunto com o item relativo à satisfação com a remuneração, os que
obtiveram os resultados mais desfavoráveis, evidenciando a escassez de recursos
humanos e materiais que os enfermeiros inquiridos vivenciam diariamente na sua
prestação de cuidados. Também Aiken, Sloane, Bruyneel, Van den Heede & Sermeus
(2013), no seu estudo Europeu, constaram que os fatores de insatisfação mais
apontados pelos enfermeiros eram a remuneração, as oportunidades formativas e de
progressão na carreira e a gestão dos recursos humanos e materiais, concluindo que
mais de um em cada cinco enfermeiros estava insatisfeito com o seu trabalho.

De referir que, apesar de na sua globalidade a subescala Autonomia ter


evidenciado resultados favoráveis, os itens relativos à autonomia experienciada
diretamente pelo enfermeiro apresentaram resultados próximos de concordância e
discordância, o que sugere a necessidade de intervir no sentido de fortalecer a
Autonomia dos enfermeiros na prestação de cuidados de enfermagem.

A subescala Relação Multidisciplinar e o item referente à capacidade de


liderança do gestor obtiveram resultados muito favoráveis, constatando-se que os
enfermeiros inquiridos consideram que têm uma boa relação com o enfermeiro gestor

55
e a equipa multidisciplinar, o que demonstra a importância que atribuem ao trabalho
de equipa e à relação com o gestor.

No que diz respeito à qualidade dos cuidados de enfermagem, contatou-se que


os enfermeiros inquiridos têm uma perceção positiva da qualidade dos cuidados
prestados por si e pela sua equipa, assim como da satisfação dos clientes com os
cuidados prestados.

Encontrou-se uma relação significativa e positiva entre todas as subescalas do


NWI-R e da qualidade dos cuidados de enfermagem, segundo a avaliação dos
enfermeiros. Desta forma, conclui-se que o ambiente da prática profissional de
enfermagem influencia positivamente a qualidade dos cuidados de enfermagem, ou
seja, ambientes da prática de enfermagem favoráveis estão relacionados com
avaliações positivas da qualidade dos cuidados de enfermagem.

Como foi sendo referido no capítulo anterior, os resultados evidenciaram


algumas semelhanças com outros estudos realizados nesta área, porém, verifica-se
que há espaço para a implementação de melhorias, sobretudo no que diz respeito à
autonomia do enfermeiro, na participação dos enfermeiros nas decisões que
influenciem o ambiente da sua prática e otimização dos recursos humanos e materiais.
Estudos realizados a nível Europeu reforçam as vantagens de investir nestas
melhorias, já que a participação dos enfermeiros nas decisões relativas à unidade
onde prestam cuidados e à organização, o apoio da gestão, a relação multidisciplinar,
a gestão eficaz dos recursos humanos e materiais, a oportunidade de progressão na
carreira e de formação e os projetos organizacionais relativos à qualidade dos
cuidados surgem como fatores fundamentais para um ambiente da prática favorável
(Rafferty, Ball & Aiken, 2001; Aiken et al., 2013; Van den Heede et al., 2013). Também
Rafferty, Ball & Aiken (2001) concluíram que resultados favoráveis de trabalho em
equipa multidisciplinar influenciam a qualidade dos cuidados segundo a perceção dos
enfermeiros, tendo também encontrado uma forte relação entre o trabalho em equipa
e a autonomia, sugerindo a existência de uma sinergia na interação entre estas duas
variáveis. A autonomia pode ser então incentivada pelas organizações sem receio de
afetar a relação entre a equipa multidisciplinar (Rafferty, Ball & Aiken, 2001).

Como principais limitações a este estudo apontam-se: a amostra reduzida, pelo


que os resultados encontrados se referem apenas aos enfermeiros inquiridos, não
56
sendo passível de generalizações; o método de amostragem, sendo este não
probabilístico e menos desejável que o probabilístico, mas o que mais se adequou ao
tempo e recursos disponíveis; e a diferença nos métodos, instrumentos e subescalas
utilizadas nos vários estudos encontrados, dificultando a comparação dos resultados
obtidos.

Desta forma, sugere-se que, em estudos futuros, se procure obter uma amostra
mais representativa dos enfermeiros, incluindo unidades de outras tipologias, e se
procurem utilizar métodos de pontuação semelhantes, de forma a obter uma maior
consistência e facilitar a comparação de resultados.

A realização deste estudo permitiu que os enfermeiros inquiridos exprimissem


a sua perceção sobre o ambiente da sua prática e a qualidade dos cuidados prestados
e forneceu à Gestão em Enfermagem evidências importantes para a sua atuação na
organização dos serviços de enfermagem e no desenvolvimento de ambientes
favoráveis à prática, o que terá influência positiva na prestação de cuidados de
enfermagem e se refletirá numa melhoria da qualidade dos cuidados de enfermagem.
A identificação de áreas que carecem de intervenção e otimização permitirão ao
Enfermeiro-Gestor antecipar dificuldades e desenvolver estratégias de melhoria, pois,
tendo presente que a insatisfação dos profissionais com o ambiente da sua prática
está associado a uma elevada percentagem de intenção de abandono do hospital
mesmo existindo dificuldades para encontrar um novo emprego (Aiken et al., 2013) e
num momento em que se assiste a uma elevada rotatividade de enfermeiros dos
hospitais para as unidades de cuidados de saúde primários, um investimento na
melhoria do ambiente da prática profissional de enfermagem será uma das estratégias
fundamentais para reter enfermeiros experientes nas unidades hospitalares.

Considera-se que a realização deste estudo também trouxe um importante


contributo para a investigação, uma vez que a aplicação do instrumento NWI-R versão
portuguesa permitiu reforçar a sua validade e contribuir com evidência científica para
a investigação em Enfermagem através da caracterização do ambiente da prática
profissional de enfermagem dos enfermeiros inquiridos e ao demonstrar uma relação
significativa e positiva com a qualidade dos cuidados de enfermagem, como tal,
pretende-se que os achados deste estudo sejam devidamente divulgados, sempre
que haja oportunidade e nos meios adequados para o efeito.

57
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65
ANEXOS
ANEXO 1 – Questionário
_________

QUESTIONÁRIO AMBIENTE ORGANIZACIONAL – VERSÃO PORTUGUESA

Aos enfermeiros

Pretendemos estudar os atributos organizacionais que caracterizam o ambiente da prática profissional de


enfermagem – impacto nos enfermeiros, na qualidade dos cuidados e nos resultados em saúde, tem por base a
utilização de um questionário de Aiken, L. H.; Patrician, P. – Measuring Organizational Traits of Hospitals: The
Revised Nursing Work Index. Nursing Research, 49 (3). 2000, que traduzimos e nos encontramos a validar para
o contexto cultural português, com autorização da autora americana.

Solicitamos que responda a todos os itens com (X) nas escalas tipo Likert de cinco pontos que está colocada
lateralmente. A escala é apresentada no início das questões.

Por atributo organizacional entende-se as características do ambiente de trabalho que contribuem para a
prática profissional do enfermeiro.

Por enfermeiro gestor consideramos os enfermeiros chefes, supervisores ou directores e os enfermeiros com
outra categoria profissional mas que exerçam funções de gestão.

Por método de trabalho em equipa entende-se método em que os enfermeiros estão organizados por equipas
que são responsáveis pela prestação de cuidados a um determinado grupo de doentes;

Por método de Enfermeiro de Referência entende-se método de trabalho em que o enfermeiro é responsável
pela prestação de cuidados a um ou vários clientes desde a sua admissão à sua alta;

Por método de trabalho individual entende-se método onde a distribuição da responsabilidade por todos os
cuidados a prestar a um/vários clientes durante um turno é atribuído a um enfermeiro.

Por flutuação, conceito abordado nas questões 47 e 51, entende-se flutuação de um enfermeiro do seu serviço
permanente para um outro serviço da organização, tendo a duração de um turno (McHugh, 1997).

A Parte A consiste na caracterização dos profissionais, a Parte B relaciona-se com o tema em estudo e a Parte
C consiste na aquisição de sugestões dos respondentes para a melhoria do instrumento de recolha de dados -
questionário.

Pela colaboração prestada, sem a qual este estudo seria inviável, manifestamos desde já os nossos
agradecimentos.
Gratos
Enfª. Carina Andrade: cb_carina@hotmail.com – Telef: 962 360 459
Outubro de 2014
_________

Questionário anónimo
A – Caracterização Geral
1. Género: Feminino Masculino

2. Idade: ___________

3. Habilitações académicas:
Bacharelato ……………………….
Licenciatura ……………………….
Mestrado ….……………………….
Outra ……….……………………….
Qual?__________________________________________________________________

4. Grupo Profissional:
Enfermeiro …………………………………. Enfermeiro Chefe ……………….………
Enfermeiro Graduado…….……………
Enfermeiro Supervisor ………………….
Enfermeiro Especialista ………………… Enfermeiro Diretor …………..…………

5. Tempo de atividade profissional: ___________________

6. Tempo de actividade profissional nesta organização: ______________

7. Tipologia de internamento onde presta serviço:

Medicina…………….…….
Cirurgia……………..………
Outro: Qual? ______________________________
_________

B – AMBIENTE ORGANIZACIONAL ________________ _________________________


8. Considerando a sua opinião acerca da existência, no seu local de trabalho, das características organizacionais
abaixo apresentadas, assinale com uma cruz (X) o grau de concordância que atribui a cada item. Para o efeito
utilize a seguinte escala:

1 2 3 4 5
Discordo totalmente Discordo Não concordo/nem discordo Concordo Concordo totalmente

Presente no trabalho atual…

1. Serviços de apoio adequados que me permitem dedicar tempo aos clientes. 1 2 3 4 5

2. A equipa multidisciplinar tem uma boa relação de trabalho. 1 2 3 4 5

3. Bom programa de integração para enfermeiros recém-contratados. 1 2 3 4 5

4. Os enfermeiros sentem-se apoiados pela gestão. 1 2 3 4 5

5. Remuneração satisfatória. 1 2 3 4 5

6. A enfermagem controla a sua prática. 1 2 3 4 5

7. Programa de formação em serviço e formação contínua para enfermeiros. 1 2 3 4 5

8. Oportunidades de desenvolvimento profissionais e de carreira. 1 2 3 4 5


9. Os enfermeiros têm oportunidade de participar nas decisões da política
1 2 3 4 5
organizacional.
10. Valorização de novas ideias obre os cuidados a prestar. 1 2 3 4 5

11. Espaço para discussão dos cuidados aos clientes, entre a equipa de enfermagem. 1 2 3 4 5
12. Dotação de enfermeiros suficientes na equipa para prestar cuidados de
1 2 3 4 5
qualidade aos clientes.
13. O enfermeiro gestor é um bom gestor e líder. 1 2 3 4 5

14. O enfermeiro gestor é bastante visível e acessível à equipa de enfermagem. 1 2 3 4 5

15. Flexibilidade na alteração do horário de trabalho. 1 2 3 4 5

16. Dotações suficientes para a prestação de cuidados. 1 2 3 4 5


17. Autonomia para tomar importantes decisões sobre os cuidados e sobre a
1 2 3 4 5
organização do trabalho.
18. Elogio e reconhecimento por um trabalho bem feito. 1 2 3 4 5

19. Os enfermeiros especialistas são consultados sobre os cuidados ao cliente. 1 2 3 4 5


20. Método de Trabalho em Equipa como método de organização e distribuição do
1 2 3 4 5
trabalho.
21. Método de Enfermeiro de Referência como método de organização e distribuição
1 2 3 4 5
do trabalho.
_________

22. Método de Trabalho Individual como método de organização e distribuição do


1 2 3 4 5
trabalho.
23. Não ser colocado em posição de ter que realizar atividades que são contra os
1 2 3 4 5
meus princípios éticos.
24. A Direcção de Enfermagem espera por elevados padrões de cuidados de
1 2 3 4 5
enfermagem.
25. O enfermeiro diretor tem idêntico poder e autoridade a de outros membros da 1 2 3 4 5
administração da organização.
26. Os profissionais de saúde trabalham em equipa multidisciplinar. 1 2 3 4 5

27. Oportunidade de evolução. 1 2 3 4 5


28. A equipa de enfermagem é incentivada a prosseguir estudos académicos em
1 2 3 4 5
enfermagem.
29. Uma filosofia de enfermagem clara atravessa o ambiente de cuidados ao cliente. 1 2 3 4 5

30. Os enfermeiros participam ativamente nos esforços para controlar os custos. 1 2 3 4 5

31. Trabalho com enfermeiros clinicamente competentes. 1 2 3 4 5

32. A equipa de enfermagem participa na escolha de novos equipamentos. 1 2 3 4 5


33. O enfermeiro gestor defende a equipa de enfermagem nas tomadas de decisão,
1 2 3 4 5
mesmo quando em conflito com outros técnicos.
34. A administração ouve e responde às preocupações dos colaboradores. 1 2 3 4 5

35. Existência de um Sistema de Gestão da Qualidade. 1 2 3 4 5


36. Os enfermeiros são envolvidos na gestão interna da organização (p. ex.:
1 2 3 4 5
comissões de ética e de práticas clinicas).
37. Existe colaboração multidisciplinar 1 2 3 4 5

38. Existe um programa de tutoria para enfermeiros recém-contratados. 1 2 3 4 5


39. O cuidado de enfermagem é baseado num modelo de enfermagem e não no
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modelo biomédico.
40. Os enfermeiros têm a oportunidade de integrar grupos de trabalho de
1 2 3 4 5
enfermagem e da organização.
41. Os contributos que os enfermeiros dão para os cuidados aos clientes são
1 2 3 4 5
reconhecidos publicamente.
42. Os enfermeiros gestores consultam a equipa de enfermagem sobre problemas e
1 2 3 4 5
procedimentos diários.
43. O ambiente de trabalho é agradável atractivo e confortável. 1 2 3 4 5

44. Oportunidade de trabalhar num serviço altamente especializado. 1 2 3 4 5

45. Existem planos de cuidados estabelecidos e atualizados para todos os clientes. 1 2 3 4 5


46. A distribuição dos clientes fomenta a continuidade dos cuidados (i.e., o mesmo
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enfermeiro presta cuidados ao mesmo cliente durante o internamento).
47. Enfermeiros de um serviço nunca têm de flutuar para outro serviço. 1 2 3 4 5

48. Os enfermeiros participam ativamente no desenvolvimento dos seus horários. 1 2 3 4 5


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49. Políticas, procedimentos e normas de atuação de enfermagem, em vigor. 1 2 3 4 5

50. Utilização de diagnósticos de enfermagem. 1 2 3 4 5


51. Flutuação de enfermeiros, para que as dotações estejam igualadas entre
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serviços.
52. Cada serviço de enfermagem determina as suas políticas e procedimentos. 1 2 3 4 5
53. A equipa de enfermagem tem enfermeiros experientes que conhecem a
1 2 3 4 5
organização.
54. Planos de cuidados de enfermagem são transmitidos verbalmente entre
1 2 3 4 5
enfermeiros.

9. Considerando a sua opinião, é-lhe proposto que avalie a qualidade dos cuidados de enfermagem na sua
unidade, atendendo às seguintes significações:
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Discordo totalmente Discordo Não concordo/nem discordo Concordo Concordo totalmente

1 2 3 4 5
1 - No último mês, a qualidade dos cuidados de enfermagem prestados na sua
unidade foram muito bons.
2 - No último mês, a qualidade dos cuidados de enfermagem prestados por si foi
muito boa.
3 - No último mês, a qualidade dos cuidados de enfermagem prestados pela sua
equipa foi muito boa
4 - No último mês, tem a perceção que os clientes manifestam satisfação
relativamente aos cuidados de enfermagem que lhe são prestados.

C – SUGESTÕES_________________________________________

10. Quer apresentar alguma sugestão?


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Muito obrigado pela sua participação!


ANEXO 2 – Póster 5º Congresso da Associação Portuguesa dos
Enfermeiros Gestores e Liderança

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