Confiabilidade Metrológica
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Confiabilidade Metrológica
Apresentação
A confiabilidade metrológica é a capacidade de um sistema de medição fornecer os resultados
coerentes com a aplicação de um produto específico.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar o conceito de confiabilidade metrológica, bem
como os fatores que contribuem para a confiabilidade.
Bons estudos.
Com base nisso, indique três fatores primordiais para implementar a confiabilidade metrológica e
faça suas considerações finais para traçar um rumo adequado à empresa que prestará consultoria.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
A metrologia é o campo de estudo das medições. A sua técnica visa a garantir
a precisão dos processos produtivos e a exatidão de medições executadas por
diferentes laboratórios, em diferentes lugares. Sem critérios bem estabelecidos
pela metrologia científica, seria impossível fazer comparações interlaboratoriais
e garantir a reprodutibilidade das medidas. De fato, essa padronização garante
que algo feito em um país seja importado por outro, independentemente de
distância ou cultura, estabelecendo, assim, uma qualidade global para os
produtos.
Em específico, a confiabilidade metrológica corresponde ao conjunto de
procedimentos que garante que o processo metrológico ocorrerá com a precisão
e a exatidão adequadas. Esse processo produz certificações e relatórios de
ensaios formalmente reconhecidos, garantindo que o processo de medição
seja metrologicamente confiável.
2 Confiabilidade metrológica
A ciência da medição
Parafraseando William Thomson, quando você consegue medir algo sobre o
qual está falando e expressá-lo em números, você sabe alguma coisa sobre
isso. Porém, quando não consegue medir nem expressar algo em números,
o seu conhecimento é escasso e insatisfatório. Pode ser o início do conhe-
cimento, mas você mal avançou para o estágio da ciência, seja qual for o
assunto (RESNICK; HALLIDAY, 1983).
Essa célebre afirmação do físico britânico que ficou conhecido como
Lord Kelvin enfatiza a importância da medida na ciência. De fato, seria difícil
imaginar o poder do moderno aparato tecnológico do nosso tempo não fosse
a capacidade de realizar medidas cada vez mais precisas em todas as áreas
do conhecimento. Segundo Thomson, a medida do nosso conhecimento está
relacionada com a nossa capacidade de quantificar os fenômenos.
De acordo com Albertazzi e Souza (2017), a ciência que estuda os pro-
cedimentos de medição chama-se metrologia. A metrologia se encarrega
de estabelecer padronizações que tornem válido o ato de atribuir um valor
numérico a uma grandeza, seja ela uma grandeza física, química, biológica
ou derivada dessas.
Embora possa parecer, medir não é uma tarefa simples, pois não se vincula
um valor numérico a uma determinada grandeza sem imprecisão. Pode-se
afirmar, portanto, que imprecisões são inerentes ao ato de medir, uma vez que
qualquer procedimento de medição está atrelado a condições instrumentais,
ambientais e metodológicas próprias. Essas condições particulares conduzirão,
indubitavelmente, à imprecisão da medida.
O simples ato de medir uma peça com um paquímetro analógico talvez
incorra em imprecisão, uma vez que variações da temperatura no local de
medição podem dilatar a escala do instrumento, afetando a precisão da
medida. Ainda que se utilize um paquímetro digital (Figura 1), não se estará
livre da imprecisão, já que a liberação de calor nos dispositivos eletrônicos
poderá ocasionar flutuações das características de alguns componentes do
paquímetro, afetando a medida em algum nível. Ainda que a precisão des-
Confiabilidade metrológica 3
Rastreabilidade
Uma vez alcançada a confiabilidade metrológica, um padrão primário de
medida é estabelecido. A partir dele, uma cadeia de padrões metrológicos
com maior grau de incerteza que o sistema de unidade do SI pode ser ado-
tada, de modo a atender às padronizações internacionais e nacionais, aos
institutos metrológicos nacionais, aos padrões de laboratórios de calibração
e às unidades produtivas (LINCK, 2017).
Chama-se a sequência ilustrada pela Figura 2 de cadeia de rastreabilidade.
O grau de precisão dos padrões descritos é crescente de baixo para cima.
6 Confiabilidade metrológica
Unidades do SI
Padrões internacionais
calibração acreditados
IL
ensaio acreditados
ST
chão de fábrica
COMPARABILIDADE
Erros do tipo A
Segundo Werkema (2011), os erros do tipo A são aqueles causados por variações
incontroláveis e aleatórias, associadas ao funcionamento dos instrumentos
de medida e às condições de referência, mencionadas na seção anterior
(temperatura, pressão, umidade, campos eletromagnéticos, etc.). Nesse caso,
as variações das medidas podem ser capturadas pela estatística.
A incerteza está associada ao conceito de desvio-padrão, que mede o
quanto as medidas realizadas variam em relação ao valor médio dessas
mesmas medidas após um número satisfatório de repetições:
∑1 ( )2
=
1
Na Figura 3a, caso se admita que o valor real da medida realizada por um
equipamento corresponde a um valor situado no centro do alvo, as sucessivas
medições realizadas por esse equipamento estarão, no seu conjunto, mais
distantes do centro, espalhadas pelo círculo. Isso implica desvios maiores de
medições em relação ao valor verdadeiro da grandeza medida. Nesse caso,
o desvio-padrão será alto.
Na Figura 3b, as sucessivas medições realizadas pelo equipamento estarão,
no seu conjunto, nas imediações da parte central do alvo, apontando desvios
menores em relação ao valor verdadeiro da grandeza medida. Nesse caso,
o desvio-padrão será baixo.
Os valores dos desvios-padrão determinam, portanto, as medidas de
incerteza na metrologia.
Erros do tipo B
Os erros do tipo B estão relacionados a equipamentos não calibrados ou
ao uso de um procedimento incorreto por parte de quem está realizando a
medida. Há, ainda, problemas metodológicos que podem afetar as medições,
como as simplificações impróprias do modelo teórico empregado (MENDES,
2019). Veja o exemplo a seguir.
Comparações interlaboratoriais
A Figura 4 apresenta algumas distribuições de medidas em um processo com
sucessivas medições. A forma da distribuição indica que a predominância das
medidas corresponde a valores próximos da média aritmética dos valores
das medições.
Tendência/
Curva mais estabilidade
afilada
Curva mais
achatada
µ1 = µ2 µ1 µ2
Nesta seção, você viu como estimar as incertezas das medidas e como
classificá-las quanto à sua natureza (sistemática ou aleatória). Também
aprendeu como se caracteriza o conjunto de medições (reprodutibilidade,
repetibilidade, tendência, estabilidade e linearidade) de modo a se dispor
de um programa de comparações entre laboratórios que torne possível a
padronização do processo de medição. Na próxima seção, será abordado o
monitoramento dos erros das medições de um ponto de vista distinto, que
considera a análise estatística do processo.
LIMITE
SUPERIOR Tendência descendente Tendência ascendente
MÉDIA
LIMITE
INFERIOR
A B
Nesta seção, você viu de que forma os erros de medições são monitora-
dos por meio das cartas de CEP. Nesses gráficos, o comportamento da linha
poligonal fornece indicativos importantes sobre o andamento do processo,
seja no que diz respeito ao equipamento, aos seus adequados funcionamento,
operação e calibração, seja no que se relaciona à ação dos operadores (ha-
bilitação, fadiga, troca de funcionário, etc.).
Ao longo do capítulo, foram discutidos os conceitos e as terminologias
fundamentais da metrologia, com destaque para a sua importância na ma-
nutenção da qualidade dos produtos. Além disso, foi esclarecido o quanto a
correta adoção dos sistemas de unidades, da rastreabilidade das medidas e da
calibração dos equipamentos é importante para a consecução desse objetivo.
Referências
ALBERTAZZI, A.; SOUZA, A. R. Fundamentos de metrologia cientifica e industrial. 2. ed.
Barueri: Manole, 2017.
BRASIL. Vocabulário internacional de metrologia: conceitos fundamentais e gerais e
termos associados. Duque de Caxias, RJ: Inmetro, 2012. (E-book).
INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 5725-2:1994: accuracy
(trueness and precision) of measurement methods and results — part 2: basic method
for the determination of repeatability and reproducibility of a standard measurement
method. Geneva: ISO, 1994.
LINCK, C. Fundamentos de metrologia. 2. ed. Porto Alegre: Sagah, 2017.
MACIEL, M. A. D. Erros da indicação de instrumentos de pesagem não automáticos devido
a aceleração da gravidade. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE METROLOGIA, 2., 2000, São
Paulo. Anais eletrônicos [...]. Disponível em: http://www.ipem.pr.gov.br/sites/default/
arquivos_restritos/files/migrados/File/producao_cientifica/erro_indicacao_e_instru-
mentos_marco_aurelio.pdf. Acesso em: 27 jul. 2022.
MENDES, A. Metrologia e incerteza de medição: conceitos e aplicações. Rio de Janeiro:
LTC, 2019.
RESNICK, R.; HALLIDAY, D. Física I. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1983.
WERKEMA, C. Avaliação de sistemas de medição. 2. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2011.
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Leituras recomendadas
INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 5725-2:1994/Cor. 1:2002:
accuracy (trueness and precision) of measurement methods and results — part 2:
basic method for the determination of repeatability and reproducibility of a standard
measurement method. Geneva: ISO, 2002.
INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 5725-2:2019: accuracy
(trueness and precision) of measurement methods and results — Part 2: basic method
for the determination of repeatability and reproducibility of a standard measurement
method. Geneva: ISO, 2019.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE METROLOGIA. O novo sistema internacional de unidades
(SI). Brasília: SBM, 2019. (E-book).
No vídeo da Dica do Professor, você vai saber como é alcançada a confiabilidade metrológica. Essa
condição leva à confiabilidade produtiva e à solidez no sistema de fabricação.
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Exercícios
B) Parâmetro não negativo que caracteriza a dispersão dos valores atribuídos a um mensurado,
com base nas informações utilizadas.
D) Faixa dentro da qual as indicações do processo de medição são esperadas quando são
envolvidos diferentes operadores, medindo a mesma característica do produto e em
condições operacionais naturais do processo de medição.
3) Quanto aos fatores pertinentes para estimar a incerteza de medição, avalie as afirmações a
seguir:
III. A incerteza é determinada com precisão com base na análise de sistemas de medição
(MSA).
E) I e II estão corretas.
4) Todo instrumento de medição deve estar calibrado para garantir que está realmente
medindo o valor indicado. Logo, é importante que a calibração seja bem feita. Considerando
isso, o que é rastreabilidade?
C) Parâmetro não negativo que caracteriza a dispersão dos valores atribuídos a um mensurado,
com base nas informações utilizadas.
II. É o conjunto de operações que estabelece, sob condições especificadas, a relação entre os
valores indicados por um instrumento de medição ou sistema de medição ou valores
representados por uma medida materializada ou um material de referência e os valores
correspondentes das grandezas estabelecidos por padrões.
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Confiabilidade metrológica
Neste vídeo, você vai saber mais sobre confiabilidade metrológica. Esse treinamento prepara
profissionais para um controle efetivo dos meios de medição, visando à obtenção da confiabilidade
metrológica e à qualidade dos produtos e dos serviços.
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