A Chegada de Lampião No Inferno
A Chegada de Lampião No Inferno
A Chegada de Lampião No Inferno
A- CHECiADA DE LAMPE'ÃO'
NO rNfERN'O-
,
Direitos adquiridos e registrados de acôrdo com' o lei' no
, Biblioteca Nacional
~t'---=:R I '
~ J~lúdio~
'RUA VISCONDE DE 'PARNA!BA, 3042/50
\ '" 'FONE: 93-3897 .; SÃO PAULO-6
Inscrição C. G. C. N ,0 60.856.994
,
, '
JOSÉ PACHECO
A CHEGADA DE LAMPEÁO NO
INFERNO, -" ,
Um -cobro de Lcmpeõo
Por nome Pilão, Deitado
" Que, morreu numa trincheira
Um' certo tempo passado
Agora pelo sertão, '
Ando correndo vísõo
Fazendo mal as~ombrado.
E foi quem trouxe a notícia
l Que viu Lompeõo chegar
O inferno nesse dia ..
'Faltou pouco p'ra virar
Incendiou-se o merccdo
Morreu tanto. cão queimado
Que faz pena até contar.
Morreu a mãe de Canguinha
- \ O pai de Forrobodó
Cem netos de Parafuso
Um cão chorncdo Cotá
Escapuliu Bôca Insô.ssa'·
E uma moleco moço-
Quase queimava o Totó.
Morreram cem negros velhos
Que não trabalhavam 'mals~
, Um cão chamado Troz-có
Víro-volte e' Capataz
Tromba-sujo e Bigodei.rq
Um 'cão cbamadoGoféiro
Cunh<;ldo de Satanás. '
A CHEGADA DE LAMPEÃO NO INFERNO
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4 J os É P A-C li E C O
O vigiafói e disse
Vamos tratar no chegada· A Satanás no salão:
Quando Lampeão bateu _ Sorbo vossa senhoria
Um moleque ainda moço Qua.oi chegou Lampeão
No portão apareceu Dizendo- que quer entrar
_ Quem é você cavalheiro? E eu vim lhe perguntar
_ Moloque sou cangaceiro Se dou-lhe o ingresso ou não.
Lamp 50 lhe rospondeu. _ Não senhor, Satanás disse ---
_ Moleque nõo sou vigia Vá dizer que vá amboro
n50 sou seu parceiro
I Só me chega gente ruim
_ E você aqui não entra Eu ondo muito cai poro
Sem dizer quem é primeiro ... Eu jáestbu com vontade
_ Moleque abrá o portão De botar mais da metade
Saiba que sou Lampeão . Dos que tenho cqui p'ra fora.
. Assombro do mundo inteiro. Lampeão é um bandido
Entõo êsse tal vigia Ladrão da hónestidade
Que trabalha no portão Só vem desmoralizar
Dá pisa que voa cinzo A nosso propriedade
Não procura distinção .E eu não vou procurar
o negro escreveu não leu Sarna para me coçar
A·macaíba comeu Sem haver necessidade.
Ali não se useperdôo. Disse 6 vigia: _.Patrão
O vigia disse assim: A coiso vai se arruinar
_ Fique fora que eu' entro ·Eu sei que êle se dana
Vou conversar com o chefe Quando não puder entrar
No gabinete do centro /' Satanós disse: - Isto é nada
Por certo êle não lhe quer Convide aí a negrada
Mas 'conforme o-que disser E leve os que precisar.
Eu levo o senhor p'ra .dentro. Leve cem dúzias de negros
Lampeõodisse: - Vá logo Entre homens e mulher
Quem \conversa perde hora Vá na loja de ferragem
Vá depressa e volte logo Tire as armas que .quiser
Eu quero pouco demora· . 1 É bom avisar também
JosÉ PACHECO
6 Nesse voz 'ouviu-se os tiros
Que só pipoca -no caco
E reuniu-se a negrada Lampeão pulava tanto
Primeiro chegou Fuchico Que parecia um macaco
Com um bacamarte velho Tinha um negro nesse meio
Gritando por Cão de Bico Que durante o t.irote}o
Que trouxesse o pau~da prensa Brigou tomando tabaco.
. t . .
(O CASAMENTO DO SAPO)
~
. pireitos adquiridos e registrGdos de acôrdo como lei no
Biblioteca Nacional
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LEANDRO GOMES DE BARROS
(O Casamento do Sapo)
*
-
No tempo do ccrrcnslsrnc
"
Tempo que os bichos fà19vam' -
Como hoje vivem os 'homens
Êles tornbém transitavam'
Havia ,muitas questões
Casos fundos que se davam.
Na cidade da Caipora
Perto da Tábua Lascada
Munidpio-da Re~ugem
Freguesia de S. Nada
Rua de não sei se há
Esquina da sorte minguadçl.
/
Morava nesse chalet
. Um sapo velho caldereiro
-Ti,nha uma grande família
Um filho ainda solteiro'
( O velho era arrumado
-E o filho tinha dinheiro,
'A filho. caçula dêle
Sapa também .qrrumcdó
Filha dcquele lugar
Por todo mundo estirnada
Por amar 'muito a seu pai
Ainda nõo ero casada.
OÔSTO COM DESG~STO
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14 LEANDRO GOMES DE BARROS
o visconde Cururu
o visconde Cururu Deu parte ao caldereiro
Barão da cria quebrad~ Êsse com gôsto aceitou
Morava na Vila Nojento Quase recusa primeiro
Rua da Esfarrapada Mas depois se resolveu
Travessa do Alagodiço Contrataram para janeiro.
Na casa número nada.
Disse o sapo calde[eiro:
o visconde tinha um filho _ É preciso eu prepcrcr
Um rcpoz também solteiro Um Y,;estido muito fino.
Não era lá dêsses ricos Poro o noiva se casar
Mos também tinha 'dinhéi~o 'EuqllJe~o: dar um banqu~te
Eqgraçou-se da sopinha Para ninguém censúrar ..
A fllho dó caldereiro.
Compróu vestido de sêda
A víscondêsso dona Gio . Espartilhoecapela
Conhecendo que o filho amava Guarda-sol,' luvas, scpctos
A sapinha ccldereirc : Tudo, que agradasse a ela
Com vergonha não falava E disse que convidasse
Respeitava muito 00 pai Tôdas as amigas dela.
Por isso nada trotava.
Tinham tratado o casamento
Disse. a Gia ao Cururu: Para doze de janeiro
- Seu filho quer se casar - Em dezembro choveu muito
Mas tem-lhe muito respeito 'Quase que enche o barreiro
Acanhou-se ern lhe falar Resolveram o casamento
Venho consultar a você ,Devido a êsse aguaceiro.
Acha bom se ela cceitor?
Reuni.ram-se ,as famílias
Acho: ,Respondeu o sapo E derem, logo andamento
A sopa é bem arranjada . Saiu da Vi'la NOjenta
Filho de um homem distinto .Um g'rqnde acempanharnento
Um bellssimo comcrado Sapos de tôdes
., os- clnsses
.
, Ela e .o pai aceitando Que vinham ao cosomento.
Sé faz eu não digo nc:da.,
, 16 LEA'NDRO GOMES DE BARROS GÔSTO COM DESGÔSTO 17
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*
Eu' ainda 'estovo orelhudo
Com êstes versos que faço
Porque nunca achei poeta
Que me fizesse embaraço
Porém uma velha -agora
Quase me quebro o cachaço.
A-velha /fêz-me subir
Onde nem urubu vai
-Andei n'uma dependuro
. Já esteve cai ou não col
'\
Ainda chamei tio ..a gato
- (
Trotei ~achorro por pai.
Quando partiu Joibabando
c corpo vinho tremendo
Antes de dar boa noite
De Iqnge me foi dizendo:
- "Méu amigo eu venho metê-Ia
Entre um' quente e dois fervendo".
Eu sei que o senhor é duro
Eu cá sou da mansidão -
Porém 'só: pode salvar-se
Se eu. 'lhe der 'a certidão'
Pois ó boi no terra at'heia
Até osvocos lhe dão.
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22 LEANDRO GOMES E A VELHA DE SERGlPR LEANDRO GOMES E A VELHA DE SERGIPE 23
·,F PROFESSOR
~/ AUGUSTINHO
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