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Aula 05

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

Curso de Bacharelado em Engenharia de Materiais

[AULA 05]

Professora: Valdeci Bosco dos Santos


Processamento dos materiais cerâmicos
Matéria-Prima (MP)
 O que são Matérias-primas (MP) ?
A substância bruta principal e essencial com que se faz alguma coisa. (Aurélio versão 2002)

 Podem variar quanto a:  Escolha da MP:


 Produto
 Composição química e mineral  Técnicas de Processamento
 Pureza  Requisitos de desempenho
 Estrutura cristalina  Fatores de mercado
 Distribuição de tamanhos de partículas  Preço do produto final
 Propriedades físico-químicas
 Preço
• Regula a importância da MP no
custo da produção
• Pode determinar custo final
Seleção da MP Cerâmica

ATENÇÃO:
MP de composição indesejável pode trazer
transtornos para o consumidor e a
empresa.
 Em cerâmica, na maioria das vezes, uma
MP com qualidade superior à especificada
é tão negativa quanto uma abaixo das  O que é uma MP adequada ?
especificações.
Matérias-Primas Cerâmicas (MP)
• Porque estuda-las?

Fluxograma: Processamento dos materiais cerâmicos


Quais os critérios de seleção das Matérias-Primas (MPs)?

 Pureza

 Distribuição de tamanho de partícula

 Reatividade
Critérios de seleção das MPs

 Pureza:
Quanto maior for a pureza da MP melhor será as propriedades mecânicas,
elétricas, óticas, magnéticas e outras.

Qual o efeito da impureza??


Qual o efeito da impureza??

 Impurezas – concentradores de tensão Decréscimo das propriedades mecânicas.

 Dopantes indesejáveis Funcionamento inadequado dos produtos/dispositivos.


Critérios de seleção das MPs
Tamanho das partículas:
Normalmente diâmetro () da partícula
 partícula < 1μm cerâmica avançada
  partícula entre 0,5 a 5 m cerâmica tradicional

Qual o efeito do tamanho de partícula??


Efeito do tamanho de partícula X porosidade

Pós sinterização
Po Pf (%) Dg (µm)

Al2O3 70 % 65 > 100

50 %

40 %

Porosidade inicial: Po ( cerâmica à verde)


Porosidade final: Pf
(cerâmica sinterizada)
Diâmetro do grão: Dg
Critérios de seleção das MPs

Qual o efeito do tamanho de partícula??

Tamanho PEQUENO de partícula:

 uniformidade menor contração e porosidade durante a sinterização


 aumento da densidade de empacotamento
 Tamanho das partículas:

Em geral, se utiliza vários tamanhos de partículas, pois isso conduz à um


material cerâmico com menor porosidade à “verde”.

Após compactação (conformação)


 Tamanho das partículas:

Exemplo: 2 tamanhos diferentes de partícula

D1 D2 D12

Melhor empacotamento das partículas

Diminuição da distância entre as partículas


durante a conformação

Redução da porosidade

D : diâmetro da partícula
Empacotamento das partículas

 Empacotamento de esferas regulares


O ideal seria a correta seleção da proporção e do tamanho adequado dos
materiais particulados, de forma que os vazios maiores são preenchidos com
partículas menores, cujos vazios novamente preenchidos com partículas
menores e assim sucessivamente. (McGeary)
D1 D2 D12

 Dn-1..... D4 > D3 > D2 > D1

D : diâmetro da partícula
 Diferentes tamanhos de partículas: MENOR porosidade à verde

Exemplo: 3 diâmetros diferentes de partículas


 1 Tamanho de partículas: 30 % de porosidade à verde MAIOR densificação
 2 Tamanhos de partículas: 26% de porosidade à verde
 3 Tamanhos de partículas: 23% de porosidade à verde
Cerâmica sinterizada BNT-BT (Relativa = 95%)

R. Machado, V. B. Santos et al. Journal of Alloys and Compounds 690 (2017) 568 - 574
Critérios de seleção das MPs
 Reatividade:

Quanto menor o tamanho das partículas maior a reatividade entre elas (maior
superfície total a ser eliminada na sinterização) reduzindo a temperatura/tempo
necessário na sinterização e na porosidade final do cerâmico.

área superficial
Reatividade
volume
Classificação das Matérias-Primas
 Duas Classes

Natural Sintética

Jazida Natural Laboratório


Matérias-Primas Natural
Fonte Natural: obtidas através de operações físicas (extração de
rochas e sedimentos).
Exemplos: Argila, bauxita...
Características Gerais
• Extraídas da natureza;
• Grande variação composição, pureza variável;
• Propriedades interessantes e custos (baixo);
• Submetidas apenas a tratamentos físicos (por exemplo, moagem).
Argilominerais Jazida de Argila

São silicatos hidratados de alumínio,


essencialmente cristalinos, constituídos de
partículas de dimensões pequenas, geralmente
inferiores a 2 µm (0,002 mm).

• Fração argila
Tamanho de partícula: (composta por argilominerais)
Argilominerais
• Propriedades em presença de água (devido ao ARGILOMINERAIS):

 Plasticidade;
 Resistência mecânica à verde (úmido) e à seco;
 Retração linear de secagem;
 Compactação;
 Tixotropia;
 Viscosidade de barbotinas aquosas.
Classificação dos argilominerais

Argilominerais
Filossilicatos

Argilominerais
Fibrosos
Aplicações
Classificação das Matérias-Primas
 Duas Classes

Natural Sintética

Jazida Natural Laboratório


Matérias-Primas Sintética
Fonte (produzida em laboratórios): obtidas através de processos químicos, a
partir de:
• Matérias-primas naturais (bauxita, magnesita, calcita...)
• Outras matérias-primas sintéticas (alumina, zircônia...)
Pureza:  99 %

 Usada para a produção de Cerâmica Avançada.


Matérias-Primas Sintética
Matéria-Prima Sintética
 Características dos pós
Composição química: alta pureza (  99 % );
 Partícula de tamanho pequeno (< 1 µm);
 Distribuição de tamanho de partícula controlada;
Forma da partícula: esférica ou equiaxial.

 Influência das características dos pós


 Composição química da fase e microestrutura bem controlada;

 Boas propriedades.

MP sintética (usada até hoje): larga escala em laboratório.


Recordando...
Matérias-Primas Sintética

Funções térmicas, mecânicas e biológicas


Exemplos
• MP Natural MP Sintética
Processo Bayer
• Bauxita Alumina (Al2O3)

Processo Bayer

 Al2O3 (50 – 70 % )
 Impurezas: caulinita, quartzo, • O processo Bayer foi desenvolvido e
óxidos de ferro, TiO2. patenteado por Karl Josef Bayer (1888);
Exemplos
• Reagentes Químicos Sintéticos MP Sintética

(Al(NO3 )3 .9H2 O + outros reagentes Alumina (Al2O3 )

Produção de BaTiO3
+ (Titanato de Bário)
Métodos de preparação dos pós cerâmicos

Reação em fase sólida Reação em fase líquida Reação em fase gasosa

Vaporização do solvente Rotas gel


*reação no estado sólido *spray drying *sol-gel *reação sólido -gasosa
*decomposição térmica *spray *Pechini *reação líquida- gasosa
dos sólidos *freeze drying *reação entre os gases

Precipitação ou coprecipitação
*Precipitação ou
coprecipitação
Métodos de preparação dos pós cerâmicos

Escolha do método de síntese


 : µm • Vantagens e Desvantagens
• Custo de produção
• Produto final desejado

 : nm

 : tamanho de partícula
 : nm
Preparação dos pós cerâmicos
 Síntese via fase sólida

 Reação no estado sólido


É uma reação que ocorre entre dois ou mais sólidos para produzir uma outra
substância sólida sem a utilização de solventes para solubilizar os reagentes.
Reagentes Químicos
Produção de pós
(Precursores)
Sólido 1:

+
Sólido 2:
Mecanismo de difusão atômica

 Transporte de massa (íons, átomos ou moléculas)


 Processo ativado termicamente

Esquema da reação via estado sólido

Início da reação
(Reação final)
Pós cerâmicos obtidos por reação em estado sólido

Reagentes Químicos Produção de pós


óxidos

 Exemplos:

Reagentes Produção de pós


Bi4Ti3O12
(Titanato de bismuto)

Sólido 1 + Sólido 2 Sólido 3


Bi2O3 (s) +TiO2 (s) → Bi4Ti3O12(s)
ZnO (s) + Al2O3 (s) → ZnAl2O4 (s)
 Exemplos:

Reagentes Produção de pós

Sólido 1 + Sólido 2 Sólido 3 + Gás


Reação em estado sólido

 Pós óxidos complexos: titanatos, ferritas, silicatos e etc;

 Síntese para a obtenção de materiais em forma de “bulk”;

Conformação

 (tamanho de partícula) : µm
Etapas da reação em estado sólido
Óxidos

Sólido 1:

Sólido 2:

 Cálculo estequiométrico da formulação


 Pesagem dos reagentes químicos (pó de
partida, MP de partida)
 Etapas 1, 2 e 3
Etapas da reação em estado sólido

1- Mistura/Moagem dos reagentes:



(mistura/moagem)
Sólido 1:

Sólido 2:

Pó calcinado
2- Calcinação (Tratamento Térmico):
Etapas da reação no estado sólido

3- Moagem (etapa final):

Atenção: Moagem SEMPRE


necessária após a
calcinação!!
Pós resultantes da Reação em Estado Sólido

 Características finais (fortemente influenciados)

• Natureza química dos reagentes


• Tamanho e distribuição de tamanho das partículas dos reagentes
• Condições atmosféricas do ambiente (forno, e se necessário)
• Temperatura e tempo

Exemplo:
CaCO3 T = 900oC (decomposição)  (tamanho de partícula) : µm
MgCO3 T = 400oC (decomposição)
Reação em estado sólido

Pó calcinado

 Caracterizações: DRX, MEV, TG/DSC e outros


Etapas da reação em estado sólido

Sólido 1:

Sólido 2:

 Cálculo estequiométrico da formulação


 Pesagem dos reagentes químicos (pó de
partida, MP de partida)
Síntese reação em estado sólido

Pó calcinado

Caracterizações
Caracterizações
(DRX, MEV,
(DRX, MEV, TG/DSC e outros)
outros)
Caracterização especificas
Caracterizações
das Aplicações
específicas das
aplicações)
Preparação dos pós cerâmicos
 Síntese via fase líquida

 Produção de materiais na forma de “bulk” ou de filmes finos,


com dimensões nanométricas.

 (tamanho de partícula): nm
Método sol-gel
Representação esquemática da
 Processo de transição
passagem de um sol para um gel.

Transição

 Sol: dispersão de  Gel: sólido de partículas


partículas coloidais coloidais (gel coloidal) ou
(dimensão entre 1 e de cadeias poliméricas
100 nm) estável em (gel polimérico) que
um líquido. imobiliza a fase líquida
nos seus interstícios.
Cotidiano: exemplo de coloides Sol Gel
Classificação do Método Sol Gel
Dependência da natureza do precursor inorgânico utilizado:

 Sol gel coloidal


 sol gel polimérico
 sol-gel envolvendo a formação de uma resina polimérica (Método Pechini)
Método Pechini
Etapas da preparação da solução
Sais (cloretos, nitratos, sulfetos e etc)
Quelantes
Poliálcool

 Cálculo estequiométrico da formulação


 Pesagem dos reagentes químicos (pó de
partida, MP de partida, precursores)
Método Pechini Sal metálico
1ª Etapa (R-COOH)

Resina ou gel
polimérico

2ª Etapa 3ª Etapa Matriz Polimérica

ou

M=Cátion metálico
 Todas as etapas de processo ocorre entre 80 – 110oC. L = líquido
Método Pechini
Matriz Polimérica
 Princípio básico do Método Sol Gel:

Formação do gel: mistura dos


componentes ocorre na escala
atômica por um processo de
polimerização.

M=Cátions metálicos distribuídos homogeneamente


L = Líquido
Método Pechini
Pré calcinação
Resina ou gel T = 300oC Pó precursor
polimérico (semi carbonizado)

OU Formação do “Puff”
Método Pechini
Calcinação (Tratamento térmico)
LaMnO3 Tcalcinação = 900 Co
adequada:
 eliminação do material orgânico;
 obtenção da fase cristalina
desejada.

Tpre calcinação = 300 o C


Bulk

Pó precursor
(semi carbonizado)
Rotas sol gel

Resina ou gel Técnicas de deposição de filmes


ou solução coloidal
Calcinação (Tratamento térmico)
Técnicas de deposição de Filmes adequada:
 eliminação do material orgânico;
 obtenção da fase cristalina desejada.
Spin coating

Tcalcinação Dip coating

E. Pousaneh et al. / Journal of Rare Earths 35 (2017) 1248e1254


Técnicas de deposição de Filmes
Sistemas spray ou Bicos atomizadores
Técnicas de deposição de Filmes
Sistemas spray ou Bicos atomizadores
Dispositivo para Spray-Pirólise
Síntese em estado líquido
Síntese em estado líquido
 Características dos gerais:
• Boa homogeneidade química dos
multicomponentes em escala atômica;
• Pós-cerâmicos com partículas muito finas (escala
nanometrica (1-100 nm);
• Materiais com área superficial elevada e
propriedades mecânicas superiores quando
comparada com outras rotas de síntese;
• Simplicidade de processamento e maior
reprodutibilidade;
• Temperaturas de calcinações relativamente baixas
comparada com outras rotas de síntese.

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