Polipose Intestinal e Câncer Colorretal
Polipose Intestinal e Câncer Colorretal
Polipose Intestinal e Câncer Colorretal
I S A B E L L A P A R E N T E
P Ó L I P O S E N EO P L AS I AS
INTESTINAIS
GASTROENTEROLOGIA Prof. Isabella Parente | Pólipos e Neoplasias Intestinais 2
APRESENTAÇÃO:
PROF. ISABELLA
PARENTE
Olá, querido(a) aluno(a),
Seja muito bem-vindo a mais um resumo de
Gastroenterologia. Neste livro, tivemos um desafio particular:
sumarizar um assunto bastante extenso e importante, os pólipos
e neoplasias intestinais! A missão foi árdua, mas acho que
conseguimos cumprir a meta e trazer conteúdo focado e de muita
qualidade para que você consiga revisar de uma forma rápida os
principais aspectos do terceiro tema mais prevalente nas provas
da nossa amada "Gastro". Vamos juntos nessa?!
Prof.ª Isabella Parente
@estrategiamed @estrategiamed
t.me/estrategiamed /estrategiamed
Estratégia
MED
GASTROENTEROLOGIA Pólipos e Neoplasias Intestinais Estratégia
MED
SUMÁRIO
1 .2 SEQUÊNCIA ADENOMA-CARCINOMA 7
1 .3 CLASSIFICAÇÃO DE HAGGITT 8
3 .2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 14
3 .3 DIAGNÓSTICO 16
3 .4 ESTADIAMENTO 23
CAPÍTULO
OS PÓLIPOS NA PROVA!
39,3%
40%
Pólipos intes�nais não associados a síndromes
Poliposes adenomatosas
26%
Perceba a importância das síndromes que predispõem ao câncer colorretal nesse contexto: elas são responsáveis por 60% das questões
sobre o tema. Impressionante, não é mesmo?! Perceba também que temos um “intruso” nesse gráfico: o câncer colorretal hereditário não
poliposo, como o próprio nome já diz, não cursa com polipose. Mas, como as questões de prova frequentemente envolvem o seu diferencial
diante de outras poliposes hereditárias que cursam com risco aumentado para câncer colorretal, optamos por não perder a excelente
oportunidade de estudarmos essa entidade.
Os pólipos nem sempre são benignos, alguns deles podem ser precursores de neoplasias malignas. Ademais, eles podem ser classificados
de diferentes formas:
• CLASSIFICAÇÃO QUANTO À SUA APARÊNCIA:
HIPERPLÁSICO
HAMARTOMATOSO
TUBULAR
VILOSO
Os pólipos não neoplásicos têm uma baixíssima chance de malignização. Já os pólipos neoplásicos podem ser benignos (adenomas)
ou malignos (adenocarcinomas) e apresentam um maior risco de malignização, mesmo em se tratando de adenomas. Vamos falar brevemente
sobre cada um deles?!
• PÓLIPOS NEOPLÁSICOS
Entre os pólipos neoplásicos, destacam-se os PÓLIPOS ADENOMATOSOS, tanto pelo fato de serem mais frequentes (2/3 dos pólipos
intestinais são adenomas) quanto pela sua importância clínica (risco de malignização). Histologicamente, os adenomas são classificados em
tubulares, tubulovilosos e vilosos.
• ADENOMAS TUBULARES → Correspondem a 65-80% dos pólipos adenomatosos, apresentam > 75% de componente
tubular. São os que têm menos células atípicas e, consequentemente, menor risco de malignização.
• ADENOMAS TUBULOVILOSOS → Correspondem a 10-25% dos pólipos adenomatosos, apresentam 25 a 75% de componente
viloso. Apresentam intermediária quantidade de células atípicas e taxa intermediária de malignização.
• ADENOMAS VILOSOS → Correspondem a 5-10% dos pólipos adenomatosos, apresentam > 75% de componente viloso. São
os que têm mais células atípicas e, consequentemente, maior risco de malignização.
ATENÇÃO! Para as provas de Residência Médica, é essencial que o aluno saiba reconhecer as características que definem um
ADENOMA AVANÇADO, ou seja, aqueles com risco aumentado de progressão para uma neoplasia maligna, no caso, um câncer colorretal.
Trouxe-as a seguir:
Os pólipos serrilhados ou serreados correspondem a um grupo heterogêneo de lesões que cursam com arquitetura serrilhada
ou criptas em “dente de serra”. Podem ser incluídos nesse grupo pólipos ou adenomas serreados sésseis (P/ASS), adenomas serreados
tradicionais (AST) e pólipos hiperplásicos (PH).
Aparentemente, a sequência adenoma-carcinoma relacionada à via serrilhada é mais rápida do que a clássica, que
estudaremos a seguir.
Os adenomas formam-se quando o mecanismo normal de renovação celular intestinal é interrompido, originando células displásicas
com potencial de tornarem-se invasivas (malignas). O carcinoma colorretal surge, em sua grande maioria, a partir da progressão de um
pólipo inicialmente benigno que, por meio de alterações genéticas específicas, é conduzido a um processo de transformação epitelial até
gerar o câncer invasivo. Ao processo por meio do qual um pólipo adenomatoso benigno vira um câncer, chamamos de “sequência adenoma-
carcinoma”.
A sequência adenoma-carcinoma ocorre por uma progressão ordenada de alterações moleculares/mutações genéticas distintas e
cumulativas, da seguinte forma:
1º - Mutação no gene APC, um dos principais genes supressores de tumor, corresponde à mutação mais precoce, dando início à
sequência adenoma-carcinoma;
2º - Ativação do K-RAS, um protoncogene, ou seja, gene que produz proteínas que promovem crescimento e proliferação celular;
3º - Mutação no gene DCC (deleted in colorectal carcinoma), um gene supressor de tumor;
4º - Mutação no gene p53, também um gene supressor de tumor, ocorre mais tardiamente na sequência adenoma-carcinoma.
Figura 1. Representação ilustrativa da sequência adenoma-carcinoma com as mutações sequenciais nos genes APC, K-RAS, DCC e p53.
Haggitt propôs uma classificação para pólipos contendo câncer, levando em consideração a profundidade de invasão da neoplasia.
Essa classificação apresenta nuances específicas, a depender do tipo de pólipo: se séssil ou pedunculado.
Observe atentamente a figura a seguir. Perceba, neste caso, a relação entre o adenocarcinoma (em azul) e as camadas do intestino
(mucosa, muscular da mucosa, submucosa, muscular própria e subserosa):
ESTADIAMENTO DE HAGGITT
Figura 2. Representação esquemática da classificação de Haggitt, tanto para pólipo séssil quanto para pólipo pedunculado.
Classificação de Haggitt
Nível 1 Carcinoma invade a muscular da mucosa, penetra na submucosa, mas é limitado à cabeça do pólipo
Nível 4 Carcinoma invade a submucosa, abaixo da haste, mas acima da muscular própria
Um carcinoma é considerado invasivo caso as células malignas se estendam através da muscular da mucosa do pólipo. Lesões que
se encontram confinadas à muscular da mucosa, sem ultrapassá-la, via de regra, não apresentariam chance de metástase.
CAPÍTULO
Síndrome de
Pólipos adenomatosos Pólipos hamartomatosos CCR hereditário
não poliposo
Genética
AD | Mutação
AD | Mutação no
AD | Mutação no gene AR | Mutação no AD | Mutação no AD | Mutação no gene AD | Mutação no nos genes MLH1,
gene SMAD4 e/ou
APC gene MUTYH gene PTEN PTEN gene STK1 MSH2, MSH6,
BMPR1A
PMS2
Assintomáticos
Variante clássica: > 100 até que cursem
pólipos adenomatosos Pólipos com CCR | Vários
colorretais. Pólipos adenomatosos Pólipos Múltiplos pólipos familiares
Pólipos gastrointestinais Múltiplos
duodenais e gástricos. colorretais, gastrointestinais GI hamartomatosos com CCR
hamartomatosos pólipos
Variante atenuada: geralmente < 500 | hamartomatosos na primeira década Assintomáticos
múltiplos hamartomatosos GI
10 a 99 pólipos Pólipos duodenais e múltiplos de vida até que cursem
adenomatosos gástricos com CCR | Vários
colorretais familiares
com CCR
Osteomas,
tumores Síndrome
desmoides, cistos Alterações de Muir-
epidérmicos, mucocutâneas: Torre:
Macrocefalia | Teleangiectasia Máculas
hipertrofia congênita triquilemomas, Neoplasias
Lentigos penianos hemorrágica hipercrômicas
do epitélio retiniano queratomas das
| Lipomas | hereditária na face,
Síndrome de Semelhantes acreais e glândulas
Anormalidades (pele, mucosa palmas,
Gardner: tumores à PAF papilomas orais sebáceas
vasculares oral, TGI) | plantas e
extraintestinais | Tumores Síndrome
| Atraso no Epistaxes | mucosa oral
benignos cerebrais de Turcot:
desenvolvimento Sangramentos (Lentigos)
Síndrome de benignos | tumores
Turcot: tumores Déficit cognitivo SNC
do SNC (gliomas e (gliomas)
meduloblastomas)
Endométrio,
ovário,
Câncer de
estômago,
Câncer periampular, duodeno, ovário, Câncer mama, Câncer Câncer gástrico, Mama, pulmão,
intestino
tireoide, fígado, SNC bexiga, tireoide, útero, tireoide, rim gastrointestinal CCR ovário, útero
delgado,
pele
pelve, ureter,
hepático, biliar
10 a 47%
39 a 68% evoluem 15 a 57%
13% evoluem para evoluem para
Próximo a 100% 18 a 43% Indeterminado para CCR até 60 evoluem para
CCR CCR 45–60
anos CCR
anos
Após análise dessa tabela, gostaria de detalhar mais alguns pontos sobre síndromes específicas que são muito prevalentes nas provas.
Vamos lá?!
Síndrome de Peutz-Jeghers
Essa síndrome é classicamente cobrada nas provas de Residência Médica por meio de fotografia de um achado
característico no exame dermatológico dos seus portadores, semelhante à imagem a seguir:
Figura 3. Paciente com múltiplas máculas hipercrômicas nos lábios e mucosa oral, características da síndrome de Peutz-Jeghers. Fonte: Shutterstock.
Síndrome de Lynch
Questão clássica de síndrome de Lynch trará um paciente que procura o clínico preocupado com a enorme incidência de
neoplasias (principalmente câncer colorretal e câncer de endométrio) entre os seus familiares, sem que haja menção da ocorrência
de polipose. Ao analisar o caso, você perceberá que esse paciente preenche os critérios de Amsterdã, descritos a seguir:
Tal síndrome deverá ser suspeita na presença de TODOS os três critérios abaixo:
1) Três ou mais familiares com cânceres associados à síndrome de Lynch, com confirmação
histológica.
Um deles deve ser parente de primeito grau dos outros dois.
A presença de polipose adenomatosa familiar deve se excluída.
3) Um dos portadores de câncer deve ter tido a neoplasia maligna diagnosticada com idade
inferior a 50 anos.
CAPÍTULO
HOMENS MULHERES
10º Sistema nervoso central (2,6%) 10º Sistema nervoso central (2,3%)
Percebeu que a neoplasia do trato gastrointestinal mais incidente em homens e mulheres é o câncer colorretal, seguida do câncer de
estômago?! Trata-se da segunda neoplasia maligna mais incidente em homens e mulheres. Entendeu a importância do tema?!
O CCR é neoplasia maligna mais comum nos idosos, incidindo, sobretudo, após os 60 anos, sendo a idade o seu principal fator de
risco. Quanto ao gênero, acomete homens com frequência maior do que mulheres. Além disso, costuma afetar comumente regiões mais
desenvolvidas. Dado preocupante diz respeito ao aumento da incidência do CCR em indivíduos mais jovens, homens e mulheres com
menos de 50 anos. Embora não haja um motivo claro que justifique essa tendência, o aumento da obesidade e do sedentarismo tem sido
apontado como causa provável.
CÂNCER COLORRETAL
O câncer colorretal pode ser diagnosticado de três formas diferentes: por meio da sua sintomatologia, que iremos estudar agora; por
meio de exames de rastreio, em indivíduos assintomáticos (iremos estudar no tópico sobre rastreio do CCR); por meio de complicações que
levam o paciente à urgência.
Ou seja, embora o CCR possa permanecer assintomático por anos, ele também pode apresentar-se com uma série de sinais e sintomas
que nos devem levantar a suspeita clínica dessa importante neoplasia. E quando deveremos desconfiar de câncer colorretal?
Quando pensamos nos tumores restritos ao RETO, acrescentamos os sintomas de TENESMO, DOR RETAL e REDUÇÃO DO CALIBRE DAS
FEZES, que se tornam finas e longas (ou “fezes em fita”, em decorrência do estreitamento provocado pela presença da neoplasia).
3.3 DIAGNÓSTICO
O câncer colorretal é uma das neoplasias malignas passíveis de rastreio. Além disso, é uma neoplasia que
pode ser prevenida por meio da remoção de pólipos de alto risco. E o que significa isso?! Significa que há indicação
de realização de exames com periodicidade regular a partir de certa idade, no intuito de avaliar a presença dessa
neoplasia, mesmo em indivíduos assintomáticos.
O rastreio do câncer colorretal é uma das questões mais exigidas nas provas de Residência Médica e, por
esse motivo, iremos pormenorizá-lo a partir de agora. Nem preciso pedir para você ficar bem atento(a), correto?!
Vamos entender agora como deve ser feito o rastreio do câncer colorretal segundo cada subgrupo:
• População de risco médio
Entende-se como população de risco médio as pessoas que não cursam com nenhuma das condições citadas no quadro anterior
como predisponentes ao CCR de forma a modificar o rastreio para essa condição. Na população de risco médio (em inglês, chamada de
“average-risk”), indica-se o início do rastreio para CCR aos 50 anos.
E que testes devem ser realizados para esse rastreio?! De forma geral, recomenda-se a realização de colonoscopia a cada 10 anos e de
pesquisa de sangue oculto nas fezes (ou teste imuno-histoquímico fecal) anualmente, como exames de primeira linha na pesquisa do CCR.
• Intervalo:
Colonoscopia a cada 10 anos
Pesquisa de sangue oculto nas fezes: anual
Atenção! Em maio de 2021, foi publicado no JAMA recomendação da US Preventive Services Task Force que propõe redução
da idade de início de rastreio da população de risco médio para 45 anos, com grau de evidência B. Esse novo guideline fomentou
bastante discussão na comunidade médica.
≤ 20 PH < 3 - 4 ps < 10 mm
10 mm Adenoma ou PS
≥ 10 mm
PH ≥ 10 mm
Adenoma viloso
ou tubuloviloso
ou com displasia
de alto grau
PS com displasia
Adenoma
serrilhado
tradicional
Mas… atenção! Nem sempre a banca da prova pode estar tão atualizada assim. Por esse motivo, trouxemos a tabela a seguir com as
recomendações para rastreio de câncer colorretal em pacientes com pólipos intestinais de importante referência brasileira:
12 a 14 anos (SEEG)
Polipose adenomatosa familiar A cada 1 a 2 anos
10 a 15 anos (AAG)
O toque retal é capaz de identificar cerca de 50% dos tumores malignos que acometem a região.
• EXAMES ENDOSCÓPICOS
Por fim, a colonoscopia é o exame padrão-ouro para avaliação de pacientes com suspeita de CCR. Ao permitir uma ampla avaliação
colônica, é excelente na detecção de tumores sincrônicos, além de permitir a biópsia das lesões tumorais e a retirada de pólipos. A
sensibilidade da colonoscopia para adenomas de 6mm ou maiores varia de 75 a 93%. A taxa de “perda” (ou seja, de não diagnóstico) é maior
em adenomas menores, sendo de 2% para adenomas de 10mm ou maiores e de 25% para aqueles < 5mm.
COLONOSCOPIA
Figura 8. Representação ilustrativa de médico endoscopista e paciente sendo submetido a exame de colonoscopia. O colonoscópio é introduzido pelo ânus e permite a
visualização do interior do intestino.
3.4 ESTADIAMENTO
Sempre que nos depararmos com o diagnóstico de um A probabilidade de metástase nodal aumenta com o tamanho
adenocarcinoma colorretal, deveremos fazer o estadiamento, com do tumor, histologia mal diferenciada, invasão linfovascular e
o intuito de estudar a extensão locorregional e investigar a presença profundidade da invasão. O estágio T é o preditor mais significativo
de metástases a distância. da disseminação para os nódulos linfáticos. O carcinoma in situ,
A extensão anatômica do tumor, ou seja, seu estádio (ou que não penetra a muscular da mucosa (ou seja, não atinge a
estágio), é avaliada indicando-se a penetração do tumor na submucosa, onde se localizam os vasos sanguíneos e linfáticos),
parede intestinal (estádio T), a extensão do comprometimento teoricamente não carrega risco de metástase linfonodal.
dos linfonodos regionais (estádio N) e a presença ou ausência A drenagem venosa do trato gastrointestinal espelha
de metástases a distância (estádio M). A classificação em uso o seu suprimento arterial e determina os principais sítios de
atualmente pela maioria dos serviços foi desenvolvida pelo metástases hematogênicas. Como a drenagem venosa do
American Joint Committee on Cancer (AJCC). Essa classificação, trato intestinal ocorre através do sistema porta, o primeiro
conhecida como sistema TNM (tumor, linfonodo, metástase), local de disseminação hematogênica é geralmente o fígado. O
combina informações clínicas obtidas no pré-operatório (o risco de metástase hepática também aumenta com o tamanho
chamado estadiamento clínico, designado pela inicial “c” antes das e grau histológico do tumor. O pulmão também é local de
letras TNM - cTNM), com dados obtidos durante a cirurgia. disseminação hematogênica do CCR. Metástases pulmonares
O adenocarcinoma colorretal surge na mucosa e pode raramente ocorrem isoladas no câncer do cólon; no entanto,
disseminar-se por contiguidade, ao invadir camadas mais profundas os tumores que surgem no reto distal podem sofrer metástases
da parede intestinal pelo seu crescimento radial. Outras formas de inicialmente nos pulmões, uma vez que sua drenagem venosa é
disseminação são: linfática, hematogênica e transperitoneal (ou feita preferencialmente para a veia cava inferior, contornando o
transcelômica). fígado. Rins, ossos e cérebro são sítios incomuns de metástases
O envolvimento de nódulos linfáticos regionais é a forma hematogênicas do CCR.
mais comum de disseminação e geralmente precede as metástases Que tal relembrarmos detalhes anatômicos da drenagem
hematogênicas ou o desenvolvimento de carcinomatose peritoneal. venosa desses tumores?
Figura 11: Drenagem venosa do trato gastrointestinal. Observe que a drenagem venosa dos cólons e do reto superior se faz para o sistema porta, enquanto os dois terços
mais distais do reto drenam para a veia ilíaca interna e veia cava inferior.
• CÂNCER DO CÓLON
O estadiamento clínico locorregional do câncer de cólon não retal é menos confiável, pois os exames disponíveis apresentam acurácia
limitada para detectar a profundidade de invasão transmural e o envolvimento dos linfonodos regionais, de forma que o estadiamento T e N
ficam comprometidos.
Cintilografia óssea e
tomografia computadorizada
Estão indicadas apenas na vigência de sintomas ósseos ou neurológicos.
ou ressonância magnética do
crânio
• CÂNCER DO RETO
Em se tratando de câncer do reto, caracterização precisa do tumor quanto à profundidade de penetração na parede intestinal é
necessária, bem como com relação à proximidade dos esfíncteres anais e disseminação para linfonodos adjacentes, já que o estadiamento
clínico T e N do câncer retal determina necessidade de tratamento neoadjuvante.
Ressonância Boa capacidade para avaliar acometimento da fáscia mesorretal e envolvimento das estruturas
magnética (RM) da pélvicas adjacentes.
pelve RM superior ao US endorretal para avaliar invasão da parede intestinal por lesões T3/T4.
Exames laboratoriais Antígeno carcinoembrionário (CEA): leia mais sobre ele no quadro anterior.
Figura 12. Ultrassom endoscópico endorretal. (A) Representação esquemática das camadas da parede retal observadas no ultrassom endoscópico. (B) Ultrassom
endorretal de paciente com tumor retal que invade a camada muscular e os tecidos perirretais.
ESTÁDIO CARACTERÍSTICAS
Tis Carcinoma in situ – intraepitelial ou invasão da lâmina própria, sem penetrar a muscular da mucosa.
LINFONODOS
REGIONAIS (N)
METÁSTASES A
DISTÂNCIA (M)
M1 Metástases a distância.
M1a Metástase confinada a um órgão ou local (fígado, pulmão, ovário), sem metástases peritoneais.
Estadiar um paciente com câncer colorretal pode, inicialmente, parecer difícil, no entanto podemos resumir todo o estadiamento de
forma bastante simplificada, da seguinte forma:
Tumor localmente avançado, T3 ou T4, que pode invadir órgãos adjacentes, mas não
ESTÁDIO II
acomete linfonodos regionais.
A cirurgia é a única modalidade terapêutica potencialmente curativa para o câncer de cólon localizado, cujo objetivo é remover o tumor
primário junto ao seu suprimento linfovascular, ou seja, a ressecção com intenção curativa do câncer colônico envolve uma COLECTOMIA
SEGMENTAR ASSOCIADA À LINFADENECTOMIA REGIONAL. Pelo fato de os nódulos linfáticos do cólon acompanharem o suprimento arterial
principal, a extensão do intestino ressecado depende de que vasos estão suprindo o segmento acometido pelo câncer. Ainda, RESSECÇÃO EM
BLOCO de estruturas contíguas é indicada se houver fixação ou infiltração do tumor em um órgão ou estrutura potencialmente ressecável. A
tabela orienta qual o procedimento mais adequado de acordo com a localização da lesão.
Importante ressaltar que, ao realizar a linfadenectomia, pelo menos 12 linfonodos deverão ser avaliados histologicamente. Caso
contrário, recomenda-se a realização de quimioterapia adjuvante. Atualmente, a colectomia assistida por laparoscopia é preferida pela
maioria dos cirurgiões para pacientes com câncer de cólon não obstruído ou perfurado e não localmente avançado, que não se submeteram
à cirurgia abdominal extensa prévia.
E para quem estaria indicada a quimioterapia adjuvante, ou seja, após a realização da cirurgia?!
A quimioterapia adjuvante geralmente é iniciada seis a oito semanas após a ressecção do tumor primário. Para os pacientes estádio III,
estudos recentes recomendam o esquema FOLFOX (5-fluorouracil, leucovorin e oxaliplatina). Os pacientes com doença em estádio II recebem
mais frequentemente um regime que não inclui oxaliplatina.
A radioterapia não tem nenhuma indicação no contexto do câncer de cólon não retal devido à proximidade com o intestino delgado,
que não tolera altas doses de radiação.
Ao contrário de muitas outras malignidades, pacientes selecionados com CCR e metástases ressecáveis no fígado e/ou pulmão podem
ser curados cirurgicamente de sua doença. Dessa forma, o tratamento dos pacientes em estádio IV depende, entre muitos outros fatores, da
localização e extensão das metástases.
Assim, em pacientes com doença metastática ressecável, justifica-se abordagem cirúrgica agressiva, tanto para o tumor primário
quanto para as metástases, sendo necessária a quimioterapia sistêmica em conjunto. Para os pacientes com doença em estádio IV considerada
irressecável, o tratamento será paliativo e não curativo, e os objetivos da quimioterapia serão prolongar a sobrevida geral e manter a
qualidade de vida pelo maior tempo possível.
Observe com carinho e atenção o fluxograma a seguir. Ele sintetiza o tratamento do câncer colônico!
CÂNCER DE CÓLON
NÃO RETAL
EC I EC II EC III EC IV
(T1 -T2, N0) (T3 -T4, N0) (N+) (M+)
*<12 linfonodos,
T4, perfurado,
obstrução, pouco
diferenciados,
invasão
angiolinfática
**Colectomia segmentar +
Linfadenectomia regional
No câncer retal, a anatomia da pelve e a proximidade de outras estruturas (bexiga, ureteres, próstata, vagina, vasos ilíacos, nervos
autonômicos e esfíncteres anais) tornam o acesso cirúrgico mais desafiador e dificultam a obtenção de margens radiais negativas em cânceres
retais que se aprofundam pela parede intestinal, tornando a recidiva local mais frequente nesses pacientes quando comparados aos doentes
com câncer colônico no mesmo estágio.
Entretanto, ao contrário do cólon intraperitoneal, a não proximidade do intestino delgado e de outras estruturas sensíveis à radiação
possibilitam a aplicação da radioterapia para os tumores retais.
Estádio II (Tumores cT3 ou cT4) Tumores que se estendem através da muscular da mucosa.
Mesmo para cânceres retais T2N0 clínicos muito seletos, a radioterapia pré-
operatória pode ser considerada quando tumor volumoso em íntima proximidade
com a parte superior do esfíncter anorretal impede a preservação do esfíncter.
Localização no reto inferior
Uma boa resposta à radioterapia pode reduzir de modo suficiente a massa
tumoral para permitir um procedimento poupador do aparelho esfincteriano,
evitando uma colostomia definitiva.
Importante pontuar que, mesmo que a quimiorradioterapia neoadjuvante leve à redução drástica do tamanho do tumor com sua
aparente redução completa, a ressecção cirúrgica ainda está indicada, sendo a pedra angular do tratamento curativo dos cânceres retais.
Mesmo os pacientes que apresentam erradicação aparentemente completa apresentarão recidiva se não submetidos à cirurgia após a
neoadjuvância.
Uma excisão local é geralmente realizada transanalmente. Uma excisão radical é realizada transabdominalmente,
com um procedimento poupador de esfíncter ou uma ressecção abdominoperineal.
Tumores móveis, < 3-4cm, < 40% da circunferência do reto envolvida, localizados a até 6-8cm da margem anal, bem
diferenciados, ausência de invasão linfovascular, ausência de doença linfonodal (US endorretal ou RM), lesão T1
confirmada no exame histológico final da peça.
• RESSECÇÃO RADICAL
A ressecção radical pode ser obtida por meio de duas técnicas principais: a RESSECÇÃO ANTERIOR BAIXA e a RESSECÇÃO
ABDOMINOPERINEAL. Confira a seguir as indicações de cada uma das técnicas:
Indicações:
Preferida sempre que tecnicamente exequível e
oncologicamente apropriada Indicações:
Tumor que compromete esfíncteres anais ou é muito
próximo dos esfíncteres para obter margens adequadas
Contraindicação: invasão tumoral do esfíncter anal e
Pacientes nos quais operação preservadora não é
dos músculos elevadores
possível, dada a impossibilidade de controle pós-
operatório dos esfíncteres.
Contraindicação relativa: função anorretal pré-
operatória muito comprometida
AMPUTAÇÃO ABDOMINOPERINEAL
Figura 13. Representação esquemática da ressecção abdominoperineal ou procedimento de Miles. Observe que reto e ânus são ressecados e uma colostomia
terminal é confeccionada.
Assim como vimos para o câncer colônico não retal, os pacientes com adenocarcinoma retal e com metástases a distância representam
uma população heterogênea para a qual é difícil definir uma estratégia única. As estratégias de tratamento baseiam-se principalmente nos
fatores relacionados com a lesão primária (sintomas, ressecabilidade), extensão das metástases (sítios, ressecabilidade) e com o paciente
(capacidade de suportar uma cirurgia de maior porte).
Uma estratégia dirigida para a intenção curativa pode ser adotada nos pacientes com tumor primário ressecável e doença metastática
ressecável limitada. Para os pacientes com doença em estádio IV considerada irressecável, o tratamento será paliativo.
Avalie cuidadosamente o fluxograma a seguir. Ele sumariza o tratamento do câncer de reto!
CÂNCER DO RETO
EC I EC II EC III EC IV
(T1 -T2, N0) (T3 -T4, N0) (N+) (M+)
ALTO
• Lesões T3/T4 METÁSTASES METÁSTASES
RISCO*
e/ou N+ RESSECÁVEIS IRESSECÁVEIS
• Invasão do
mesorreto
• Proximidade
com o aparelho
esfincteriano
Mais da metade dos portadores de CCR desenvolverá metástases hepáticas em algum momento. Por outro lado, o CCR, mesmo
com doença a distância, é uma das neoplasias que apresentou maior benefício com relação ao ganho de sobrevida quando adequadamente
tratada. O tratamento cirúrgico é o único que comprovadamente propicia a possibilidade de cura para esses pacientes e é o tratamento
de escolha para aqueles com metástases ressecáveis. As metástases hepáticas colorretais não tratadas correlacionam-se com prognóstico
reservado, com sobrevida média de 6 a 12 meses.
As metástases hepáticas podem ser classificadas como sincrônicas ou metacrônicas, a depender do momento do seu diagnóstico:
METÁSTASES SINCRÔNICAS: são aquelas diagnosticadas antes, ao mesmo tempo ou até seis meses após a detecção do tumor
primário. Em 15 a 25% dos portadores de câncer colorretal, detectam-se metástases hepáticas já no diagnóstico do tumor primário.
METÁSTASES METACRÔNICAS: são aquelas detectadas mais de seis meses após o diagnóstico do tumor primário. Cerca de
12 a 40% dos pacientes com CCR desenvolverão doença metastática hepática metacrônica. As lesões metacrônicas apresentam
comportamento biológico e prognóstico mais favorável, com tendência a serem menos numerosas e menos frequentemente
bilobares, quando comparadas às lesões sincrônicas.
Os pacientes portadores de metástases hepáticas serão então classificados em portadores de doença inicialmente ressecável, doença
potencialmente ressecável e doença considerada irressecável.
A definição de ressecabilidade mais aceita atualmente é a possibilidade de exérese total das lesões (macro
e microscópica), preservando pelo menos 20% a 25% de parênquima (em fígados não doentes) com efetiva
drenagem biliar, vascularização e drenagem venosa.
No entanto, a ressecção hepática sujeita os pacientes a estresse fisiológico substancial. Pacientes com comorbidades (doença hepática
subjacente, doença cardiopulmonar extensa, idade avançada), embora tenham lesões ressecáveis, podem apresentar riscos proibitivos
relacionados ao procedimento. As principais contraindicações à hepatectomia em portadores de metástases hepáticas do CCR são:
Presença de doença extra-hepática não ressecável, incluindo doença linfonodal ou peritoneal disseminada;
Multinodularidade impedindo a ressecção total das lesões com preservação de volume adequado de parênquima
hepático funcional;
Lesões próximas ou invadindo grandes vasos, de modo que impeçam tecnicamente a ressecção ou comprometam a
vascularização do remanescente hepático.
O tratamento da doença hepática metastática varia se estivermos diante de metástases sincrônicas ou metacrônicas. O manejo das
metástases hepáticas sincrônicas do adenocarcinoma colorretal é complexo e controverso e, felizmente, pouco cobrado nas provas. Assim,
neste resumo, vamos nos ater ao tratamento das metástases metacrônicas!
Escore de risco clínico para pacientes com metástases hepáticas de CCR - Escore de Fong
Critérios Pontos
RISCO PONTOS
Pacientes de alto risco serão submetidos à quimioterapia
BAIXO 0-2 neoadjuvante, enquanto pacientes de baixo risco serão operados
sem necessidade de quimioterapia prévia.
ALTO 3-5
EMBOLIZAÇÃO PORTAL E HEPATECTOMIA EM DOIS TEMPOS: Segue-se com a embolização portal do hemifígado contralateral
O parênquima hepático funcional insuficiente após ressecção é um e consequente atrofia do fígado a ser ressecado e hipertrofia do
dos principais limitantes à exérese das metástases. A embolização futuro fígado remanescente. Espera-se cerca de quatro semanas
portal visa induzir atrofia do hemifígado a ser ressecado e para controle radiológico e, se houver crescimento adequado do
hipertrofia compensatória do fígado remanescente, aumentando remanescente hepático, indica-se uma segunda laparotomia para
tanto a ressecabilidade quanto a segurança da cirurgia. remover completamente as lesões metastáticas. A embolização
Em um primeiro tempo, o fígado “residual” é completamente portal deve ser empregada sempre que existir dúvida quanto ao
“limpo” de lesões por meio de ressecções e/ou técnicas ablativas. volume de parênquima residual.
Figura 14. Volumetria do lobo hepático esquerdo antes e após embolização, demonstrando importante aumento de suas dimensões. A embolização é realizada
acessando a veia porta de forma percutânea por acesso transparieto-hepático, permitindo progredir cateteres através dos quais se administram material embólico como
cianoacrilato ou partículas, que vão ocluir a circulação portal no lobo que será removido na cirurgia e, dessa maneira, provocarão o estímulo para a hipertrofia do fígado
remanescente, que será máxima dentro de 3-4 semanas.
MÉTODOS ABLATIVOS: A ablação tumoral é uma alternativa não pode ser realizada); como um procedimento complementar à
à quimioterapia de conversão. A ablação por radiofrequência cirurgia e no tratamento das metástases recorrentes após ressecção.
(RFA) é o método ablativo mais utilizado. Seu objetivo é induzir Apresenta melhor resultado nos casos em que existem no máximo
necrose coagulativa hipertérmica da lesão alvo, bem como de uma três lesões e a maior delas apresenta diâmetro inferior a 3cm.
borda de parênquima hepático normal (cerca de 5 a 10mm). Para Devido às altas taxas de recidiva local e às limitações anatômicas
o tratamento das metástases hepáticas do câncer colorretal, a RFA descritas, a radiofrequência não está indicada em pacientes com
pode ser utilizada como tratamento definitivo (quando a ressecção metástases ressecáveis.
Que tal finalizamos esse importante tema com o fluxograma de conduta frente às metástases metacrônicas?!
RESSECÁVEIS IRRESECÁVEIS
QT DE CONVERSÃO ABLAÇÃO
AVALIAR E/OU (RFA)
FATORES DE MAU EMBOLIZAÇÃO
PROGNÓSTICO PORTAL
FONG 0-2 FONG 3-5
HEPATECTOMIA + QT NEOADJUVANTE
QT ADJUVANTE
RESECÁVEL?
4 semanas*
SIM
HEPATECTOMIA +
QT ADJUVANTE
ABLAÇÃO
HEPATECTOMIA (RFA)
CAPÍTULO
ATENÇÃO!
Até a sua última edição (20ª), o Tratado de Cirurgia do Sabiston ainda considerava o adenocarcinoma como
tumor maligno mais prevalente no intestino delgado (30-50% das neoplasias), estando o tumor neuroendócrino
em segundo lugar (25-30%).
Isso acaba reverberando nas questões de prova! Algumas bancas ainda têm considerado o ADENOCARCINOMA,
e não o TUMOR NEUROENDÓCRINO, como a neoplasia maligna mais comum de delgado. Haja jogo de
cintura, hein?!
https://estr.at/CTHp
CAPÍTULO
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CAPÍTULO