Embriologia Cardiovascular

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1.

Embriologia cardiovascular
Embriologia Clínica Moore 10 ed

● Desenvolvimento inicial do coração e dos vasos sanguíneos

- Coração primitivo e sistema vascular aparecem na terceira semana, quando o


embrião não consegue mais suprir suas exigências nutricionais e de oxigênio
através da difusão.
- Células progenitoras cardíacas multipotentes: campo cardíaco primário e segundo
campo cardíaco + células da crista neural
- Coração começa a bater entre 22 e 23 dias, enquanto o fluxo sanguíneo inicia
durante a quarta semana.
→ Células mesodérmicas da linha primitiva migram para formar cordões pareados
bilaterais do campo cardíaco primário.
→ Células progenitoras cardíacas do mesoderma faríngeo são o segundo campo cardíaco,,
anterior ao tubo cardíaco primitivo (campo cardíaco anterior) → miocárdio ventricular,
parede miocárdica do trato de fluxo de saída.

- Mesoderma lateral: componentes do somatopleura e esplancnopleura (dá origem


a quase todos componentes do coração).

células endocárdicas iniciais → separação do mesoderma → tubos cardíacos pareados →


dobramento lateral embrionário → aproximação dos tubos endocárdicos do coração →
fusão para formar um único tubo cardíaco (sentido crânio caudal)

● Desenvolvimento das veias associadas ao coração embrionário

- Veias vitelinas: retornam o sangue pobre em oxigênio da vesícula umbilical


Acompanham o ducto onfaloentérico, tubo estreito que conecta a vesícula umbilical com o
intestino médio.
Septo transverso (caminho para os vasos sanguíneos) → seio venoso (extremidade venosa
do coração) → veia vitelina esquerda regride / veia vitelina direita → maior parte do sistema
porta hepático + porção superior da veia cava inferior.

- Veias umbilicais: sangue bem oxigenado do saco coriônico


Correm de cada lado do fígado, transportam sangue bem oxigenado da placenta para o seio
venoso. Com o crescimento do fígado, estas perdem suas conexões com o coração e se
esvaziam no fígado.
A veia umbilical direita e parte cranial da esquerda desaparecem na 7° semana, e a parte
caudal da esquerda se torna o único vaso transportando sangue oxigenado para o embrião.
Ducto venoso (desvio venoso) dentro do fígado → conecta veia umbilical com a VCI →
desvio através do fígado → sangue da placenta ao coração sem passar pelos capilares do
fígado (sinusoides hepáticos).

- Veias cardinais comuns: sangue pobre em oxigênio do embrião → coração


Principal sistema de drenagem venosa do embrião
Veia cardinal anterior: porção cranial

Bruna Bergamo - 57
Veia cardinal posterior: porção caudal
Cardinal anterior + posterior → veia cardinal comum → seio venoso
8° semana: veias cardinais anteriores esquerda e direita→ conectadas por anastomose →
desvio do sangue da esquerda para a direita → porção caudal da cardinal anterior esquerda
degenera → veia braquiocefálica esquerda
Veia cardinal anterior direita + veia cardinal comum direita → veia cava superior
Veias cardinais posteriores → vasos dos mesonefros (rins provisórios) → maioria
desaparece com os rins provisórios + derivação adulta: veia ázigo e veia ilíaca comum
Veia subcardinal + supracardinal → complementam as cardinais posteriores

As veias subcardinais aparecem primeiro, conectadas pela anastomose subcardinal e pelos


sinusoides mesonéfricos com as cardinais posteriores.
Veias subcardinais → tronco da veia renal esquerda + veia suprarrenal + veias
gonadais + segmento da VCI
Veia supracardinal direita → porção inferior da VCI

● Desenvolvimento da veia cava inferior

Formada pela alteração do circuito do sangue retornando da porção caudal do embrião, que
é deslocado do lado esquerdo para o lado direito do corpo.

Veia vitelina direita → veia hepática + sinusoides hepáticos → segmento hepático


Veia subcardinal direita → segmento pré renal
Anastomose da subcardinal com supracardinal → segmento renal
Veia supracardinal direita → segmento pós renal

● Artérias

Formadas pelas células da crista neural, que se separam em camadas no tubo neural, e
contribuem para a formação do trato de saída do coração e artérias do arco faríngeo.
Saco aórtico → artérias dos arcos faríngeos
- Primeiramente: aortas dorsais por todo embrião
- Posteriormente: fusão das porções caudais das aortas dorsais pareadas → aorta
torácica/abdominal inferior
- Restante da aorta dorsal esquerda → aorta primitiva / Restante da aorta dorsal
direita regride
- Ramos da artéria dorsal: artérias intersegmentares → transporte de sangue para os
somitos
- Ramos da artéria dorsal no pescoço → artéria vertebral
- Ramos da artéria dorsal no tórax → artérias intercostais
- Ramos da artéria dorsal no abdome → artérias lombares / quinto par → artérias
ilíacas
- Ramos da artéria dorsal na região sacral → artérias sacrais laterais

- Ramos das artérias dorsais não pareadas → abastecem vesícula umbilical, alantoide
e córion
- Artérias vitelínicas → vesícula umbilical → intestino primitivo (porção incorporada da
vesícula umbilical)

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- Artérias vitelínicas e seus três derivados que permanecem:
tronco arterial celíaco → intestino anterior
artéria mesentérica superior → intestino médio
artéria mesentérica inferior → intestino posterior

- Artérias umbilicais pareadas → pedículo de conexão (cordão umbilical primitivo) →


vasos no córion (porção embrionária da placenta) → transporte de sangue pobre em
oxigênio para placenta

Porções proximais das artérias umbilicais → artérias ilíacas internas e artérias vesicais
superiores
Porções distais das artérias umbilicais → diferenciação → ligamentos umbilicais médios

● Desenvolvimento do coração
- Primórdio observado no 18° dia na área cardiogênica

Acúmulo de células mesenquimais esplâncnicas ventrais + celoma pericárdico → cordões


angioblásticos → fusão → dois tubos endocárdicos → dobramento lateral do embrião →
fusão dos tubos → único tubo cardíaco (sentido crânio caudal, 22° ao 28° dia)

- Composição: tubo endotelial (endocárdio) separado de um tubo muscular (miocárdio


primitivo) por tecido gelatinoso (geleia cardíaca). O revestimento ocorre por células
mesoteliais, originadas na superfície externa do seio venoso (recebe as veias
umbilicais, cardinais e vitelínicas), que será o epicárdio. Ainda é um tubo reto, pré
dobramento cardíaco.

Dobramento cefálico → coração + cavidade pericárdica → ventrais ao intestino anterior e


causais na membrana bucofaríngea → coração tubular se alonga → desenvolvimento do
tronco arterial, bulbo cardíaco, ventrículo primitivo, átrio primitivo e seio venoso.

1. Fase plexiforme: plexo endotelial (endocárdio) envolvido pelo miocárdio


2. Fase tubular reta: dois tubos endocárdicos dando origem a um ventrículo único
3. Fase da alça cardíaca: o coração torna-se em formato de S.

- Fixação das extremidades arterial e venosa = arcos faríngeos e septo transverso,


suspensos na parede dorsal do mesocárdio dorsal.

Coração se invagina para a cavidade pericárdica + parte central do mesocárdio se degenera


→ seio pericárdico transverso (entre os lados direito e esquerdo da cavidade, separando
os vasos de entrada e saída)

Crescimento mais rápido do bulbo cardíaco e ventrículo primitivo → alça bulboventricular


em forma de U

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Tubo reto → dobramento cardíaco em C → quatro futuras câmaras nas relações
espaciais
Bulbo cardíaco deslocado caudalmente, ventralmente e para a direita;
Ventrículo primitivo deslocado para a esquerda
Átrio primitivo deslocado dorsalmente e cranialmente.

- Composição do novo coração primitivo: seio venoso, válvula sinoatrial, átrio


primitivo, ventrículo primitivo, bulbo cardíaco e tronco arterial
- 4° semana de desenvolvimento: fluxo unidirecional de sangue
seio venoso → átrio primitivo → canal atrioventricular → ventrículo primitivo → ventrículo
contrai → bulbo cardíaco → tronco arterial → saco aórtico → arcos aórticos → aorta dorsal

- 4° semana/5° semana: septação do canal atrioventricular

Dobramento cardíaco perto do fim → células endocárdicas nos coxins → transformação


epitélio mesenquimal (EMT) → matriz extracelular secretada entre endocárdio e miocárdio
Geleia cardíaca (matriz extracelular especializada + crista neural) → tecido conjuntivo →
desenvolvimento dos coxins endocárdicos nas paredes ventrais e dorsais do canal
atrioventricular → fusionam-se → divisão do canal AV em direito e esquerdo → separação
do átrio e do ventrículo + coxins funcionam com válvulas.

- Coxins: septação completa (porção membranosa ou fibrosa dos septos


interventriculares e atriais + separação da artéria aorta e pulmonar
- Canal atrioventricular da esquerda passa para direita → átrio direito comunica com
ventrículo direito
- Forame interventricular → ventrículo esquerdo se conecta com tronco arterial

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- Final da 4° semana: septação do átrio primitivo → átrio direito e esquerdo
septum primum (fina membrana de meia lua no teto do átrio em direção aos coxins
endocárdicos em fusão) → abertura → forâmen primum (sangue oxigenado do átrio direito
para esquerdo) / perfurações resultantes de apoptoses próximo ao teto do átrio → foramen
secundum = septum primum → degeneração cranial + parte distal → válvula do forame oval
formação do septum secundum (novo desvio de sangue oxigenado) → incompleta →
forame oval (divisão incompleta do átrio)

Antes do nascimento: sangue oxigenado desviado do átrio direito para o átrio esquerdo
através do forame oval quando há aumento de pressão. Em queda de pressão no átrio
direito, a valva do forame oval (parte distal do septum primum) é pressionada contra o
septo secundum (divisão AV), fechando o forame oval.

Após nascimento: pressão no átrio esquerdo aumenta conforme o sangue retorna dos
pulmões, após a primeira respiração. Assim, o septum primum é pressionado contra o
septum secundum e se adere a ele, fechando o forame oval e formando a fossa oval, com
aproximadamente 3 meses, permitindo a divisão completa entre os átrios.

- Desvios do seio venoso: aumento progressivo do corno direito, gerado pelos desvios
de sangue da esquerda para direita
1. Transformações das veias vitelinas e umbilicais
2. Veias cardinais anteriores conectadas por uma anastomose → desvia o sangue da
artéria cardinal esquerda para direita → veia braquiocefálica esquerda / veia
cardinal anterior direita e comum direita → veia cava superior

- Final da 4° semana: corno direito do seio venoso > corno esquerdo → orifício
sinoatrial se move para direita → abre na porção do átrio direito no adulto → corno
direito do seio venoso aumentado → recebe sangue da cabeça e pescoço pela VCS
e placenta + regiões caudais pela VCI
corno esquerdo → seio coronário
corno direito → incorporado a parede do átrio direito

Átrio direito: porção lisa = sinus venarum do átrio direito / porção trabeculada e rugosa =
aurícula direita

Átrio esquerdo: maior porção é lisa devido a formação a partir da incorporação da veia
pulmonar primitiva (protuberância da parede atrial dorsal) + formação de 4 veias
pulmonares. A aurícula esquerda é derivada do átrio primitivo.

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Septação do ventrículo primitivo:

Miócitos dos ventrículos → septo interventricular muscular (crista mediana no assoalho do


ventrículo) → inicia com uma margem côncava livre → proliferação ativa de mioblastos
→ aumento do tamanho do septo → até a 7° semana = forame interventricular entre a
margem livre do septo interventricular e os coxins → comunicação dos ventrículos →
fusão das cristas bulbares com os coxins endocárdicos → fechamento do forame
interventricular ao final da 7° semana.

→ Fechamento a partir da fusão de tecidos de 3 fontes: crista bulbar direita, crista bulbar
esquerda e coxim endocárdico.

Porção membranosa = extensão tecidual do lado direito do coxim até porção muscular do
septo → fusão ao septo aorticopulmonar e a porção espessa do septo interventricular =
comunicação do tronco pulmonar com ventrículo direito / aorta com ventrículo
esquerdo.

Cavitação das paredes ventriculares → massa esponjosa de feixes musculares →


trabéculas cárneas → músculos papilares + cordas tendíneas → controle das valvas.

- Septação do bulbo cardíaco e tronco arterioso:

Proliferação ativa de células mesenquimais da crista neural nas paredes do bulbo cardíaco
→ cristas bulbares + cristas troncais → tronco arterioso

Migração das células da crista neural através da faringe primitiva e arcos faríngeos →
cristas bulbar e troncal sofrem uma rotação de 180 graus em espiral → formação do septo
aorticopulmonar quando as cristas se fundem = divisão do bulbo cardíaco e tronco
arterioso em dois canais → aorta ascendente e tronco pulmonar + incorporação do bulbo
cardíaco às paredes dos ventrículos primitivos, sendo:
Ventrículo direito: cone arterioso (infundíbulo), origem do tronco pulmonar
Ventrículo esquerdo: paredes do vestíbulo aórtico, porção ventricular abaixo da valva aórtica

- Desenvolvimento das valvas cardíacas

Valvas semilunares: 3 brotamentos do tecido subendocárdico ao redor dos orifícios da


aorta e do tronco pulmonar + células da crista neural → sofrem cavitação → remodelados
para formar 3 cúspides de parede delgada.

Válvulas bicúspide (mitral) e tricúspide: forma similar a partir de proliferações de tecido


subendocárdico nos canais AV.

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● Anomalias
- Defeitos do septo ventricular (sopro)
Falha no desenvolvimento da parte membranosa do septo interventricular → fechamento
incompleto do forame interventricular → falha de crescimento da extensão do tecido
subendocárdico do lado direito do coxim endocárdico, que se funde ao ao septo
articopulmonar e porção muscular do septo interventricular

Cavitação excessiva do tecido miocárdico durante a formação das paredes ventriculares e


porção do septo interventricular → DSV muscular (qualquer lugar do septo interventricular)

● Resumo

- Mesoderma esplâncnico → proliferação → dois tubos cardíacos → unem-se →


sistema vascular primitivo
- Mesoderma esplâncnico ao redor do tubo cardíaco → miocárdio primitivo
- Coração primitivo: bulbo cardíaco, ventrículo, átrio e seio venoso
- Tronco arterioso → aorta ascendente e tronco pulmonar, contínuo com o bulbo
cardíaco, que se torna parte dos ventrículos
- Divisão das quatro câmaras → entre 4° e 7° semana
- Veias pareadas que drenam para o coração primitivo:
sistema vitelino → sistema porta
veias cardinais → sistema cava
veias umbilicais → regridem após nascimento

- Saco aórtico → artérias faríngeas → penetram arcos faríngeos → 6° a 8° semana →


arranjo arterial adulto das artérias carótida, subclávia e pulmonar
- Período crítico de desenvolvimento cardíaco: 20° a 50° dia pós fecundação.
- Anomalias relacionadas à mudança no padrão circulatório: forame oval patente e
ducto arterioso patente.

● Sopro inocente
- Paciente possui o sopro do tronco arterioso
- Ao nascer, as artérias aorta e pulmonar possui conexão ao sair do coração
- Com o aumento da pressão na artéria aorta em relação à pulmonar, devido a
necessidade de ejeção de sangue para o corpo todo, ocorre o fechamento do
ligamento aórtico pulmonar.

Bruna Bergamo - 57

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