Jornada de Trabalho2

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 16

JORNADA DE TRABALHO

 O Direito do Trabalho nasceu da luta dos empregados pela limitação da jornada de trabalho e foi se generalizando no início do
século XX.

 A doutrina não é unânime quanto à denominação do tema; há autores que preferem a expressão “duração do trabalho” e
outros, ainda, “horário de trabalho”.

 Temos como fontes constitucionais que disciplinam a jornada de trabalho o artigo 7º e seus incisos: XIII, XIV e XV.
JORNADA DE TRABALHO

 A jornada de trabalho é calculada mediante três critérios:

 1.º) pelas horas de efetivo trabalho;


 2.º) pelas horas que o empregado permaneceu à disposição do empregador, trabalhando ou não;

 3.º) pelo tempo correspondente às horas que o empregado permaneceu à disposição do empregador, trabalhando ou não,
abrangendo o período in itinere (aquele em que o empregado se desloca de sua residência para o trabalho e vice-versa).
Jornada de Trabalho

 O Brasil optou pelo segundo critério (artigo 4.º da Consolidação das Leis do Trabalho), ou seja, considera-se tempo de serviço
efetivo a soma dos períodos de vigência do contrato de trabalho, em que o empregado executa ou aguarda ordens.

 Porém, há disposições legais que estabelecem o terceiro critério, como por exemplo, no caso dos ferroviários - artigo 238 da
Consolidação das Leis do Trabalho; e, ainda, no caso dos mineiros - artigo 294 do mesmo diploma legal.

REGRAS CONSTITUCIONAIS DE LIMITAÇÃO DA JORNADA

O artigo 7.º, inciso XIII, da Constituição Federal, limita a jornada de trabalho em 8 horas diárias e 44 horas semanais.
Nada impede, porém, que, por acordo ou convenção coletiva, estabeleça-se uma jornada INFERIOR, caso em que,
ultrapassada essa jornada estabelecida, incidirá hora extra.
Jornada de 12 x 36

 12 horas diárias ou 48 horas semanais;

 A cada 12 horas trabalhadas deve haver 36 horas de descanso;

 Pode ser pactuado mediante acordo individual ou coletivo;

 Deve ser observado ou indenizado os intervalos para repouso e alimentação.


REGRAS CONSTITUCIONAIS DE LIMITAÇÃO DA JORNADA
 Algumas profissões, em razão de peculiaridades da atividade, têm jornadas de trabalho especiais reduzidas, estabelecidas por
lei, como por exemplo:

 Jornada de 6 horas diárias:

 Cabineiro de elevador (ascensorista) – Lei n. 3.270/57.

 Operador cinematográfico (pessoas que ficam na sala de exibição) – artigo 234 da Consolidação das Leis do Trabalho.

 Telegrafista e telefonista – artigo 227 da Consolidação das Leis do Trabalho. Esse artigo fala em telefonista de empresa de
telefonia, porém a jurisprudência o estendeu a todas as telefonistas.
REGRAS CONSTITUCIONAIS DE LIMITAÇÃO DA JORNADA

 Bancário: tem jornada de trabalho de 6 horas diárias e 30 horas semanais, para eles sábado é dia não trabalhado. Porém, se
o banco for terceirizado, a jornada será normal (8 horas diárias e 44 semanais).

 O artigo 224, § 2.º, da Consolidação das Leis do Trabalho exclui dessa proteção os empregados de banco que exerçam cargo de
chefia ou confiança e recebam uma gratificação funcional de no mínimo 1/3 do salário. Neste caso, a jornada será normal, ou
seja, de 8 horas diárias e 44 semanais.
 O exercente de cargo com chefia bancária é o que tem efetivos poderes de distribuir, fiscalizar e controlar serviços de outros
funcionários. Esse empregado receberá gratificação e terá jornada diária de 8 horas.
JORNADA DE 6 HORAS NOS TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO (ARTIGO 7.º, INCISO XIV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL)

 A jornada de trabalho para o serviço realizado em turnos ininterruptos de revezamento de trabalho é de 6 horas diárias
(duração máxima normal da jornada em turnos ininterruptos de revezamento)

 É um sistema de trabalho muito comum nos grandes pólos industriais que funcionam durante as 24 horas do dia, cumpre-se
horários que permitam o funcionamento ininterrupto da indústria. Frise-se que acordo coletivo ou convenção coletiva de
trabalho podem estabelecer uma jornada diferenciada.

PRORROGAÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO (HORA EXTRA)


 Horas extras são aquelas que ultrapassam a jornada normal fixada por lei, convenção coletiva, sentença normativa ou
contrato individual de trabalho.

 O artigo 7.º, inciso XIII, da Constituição Federal admite a prorrogação da jornada de trabalho e o seu inciso XVI fixa o adicional
de pelo menos 50% superior à hora normal.
Assim, ficam revogadas as disposições da Consolidação das Leis do Trabalho que prevêem percentuais menores.
PRORROGAÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO (HORA EXTRA)
 O artigo 59 da Consolidação das Leis do Trabalho autoriza a prestação de horas extras por mero acordo individual entre
empregador e empregado ou por contrato coletivo de trabalho.

 O limite da prorrogação é de 2 horas diárias.

 Estando prevista no contrato a prorrogação da jornada (hora extra), o empregado deve cumpri-la. A recusa do empregado em
prestá-las pode significar falta grave que enseja dispensa por justa causa.

 Se, ao contrário, não constar no contrato, o empregado pode recusar-se a prestá-la, exceto nos casos de serviços inadiáveis e
por motivos de força maior.

PRORROGAÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO (HORA EXTRA)


 O artigo 61 da Consolidação das Leis do Trabalho estabelece essas duas hipóteses em que a prorrogação é obrigatória,
independente de acordo individual ou contrato coletivo, e pode ultrapassar o limite legal.

 serviço inadiável – o que não pode ser interrompido, pois, se parar ocorrerá o prejuízo.

 por motivo de força maior – é o imprevisto, apresentam-se situações inesperadas pela qual o empregador não concorreu.
Exemplo: enchente.

 Sempre que as horas extras se tornarem habituais, integrarão o salário para todos os efeitos legais.

 Enunciado n. 291: “Horas extras. Supressão. A supressão, pelo empregador, do serviço suplementar prestado com
habitualidade, durante pelo menos um ano, assegura ao empregado o direito à indenização correspondente ao valor de um
mês das horas suprimidas para cada ano ou fração igual ou superior a 6 (seis) meses de prestação de serviço acima da jornada
normal. O cálculo observará a média das horas suplementares efetivamente trabalhadas nos últimos 12 (doze) meses,
multiplicada pelo valor da hora extra do dia da supressão.”
REGIME DE COMPENSAÇÃO DE HORAS

 O regime de compensação de horas é uma possibilidade da prorrogação da jornada de trabalho, mas sem o pagamento
de horas extras. “É o acordo através do qual as horas excedentes das normais prestadas num dia são deduzidas em
outros dias, ou as horas não trabalhadas são futuramente repostas.” Assim, a jornada não ultrapassa o limite legal.

 A compensação está prevista no artigo 7.º, inciso XIII, da Constituição Federal e artigo 59, § 2.º, da Consolidação das
Leis do Trabalho.

 Para a compensação é fixado um módulo, que é a denominação do período a ser considerado para a totalização das
horas.
Banco de horas

 Poderá ser pactuado por acordo individual escrito, desde que a compensação ocorra no período máximo de 6 meses;

 É lícito o regime de compensação de jornada estabelecido por acordo individual, tácito ou escrito, para a compensação no
mesmo mês.

 A prestação de horas extras habituais não descaracteriza o acordo de compensação de jornada e o banco de horas.
Banco de horas

 Se ocorrer a rescisão de contrato dentro do prazo do banco de horas, o empregado receberá hora extra. Se houver, porém,
débito de hora extra, o empregado não pagará nada.

 Caso chegue ao final do banco de horas e haja crédito, a empresa pagará hora extra. Se houver débito, parte da doutrina
entende que pode ser prorrogado o banco de horas. Outra parcela doutrinária entende que o banco de horas não poderá
ser prorrogado. A jurisprudência ainda nada decidiu a respeito.
REGRAS ESPECÍFICAS DA JORNADA NOTURNA DE TRABALHO

É assegurada, constitucionalmente, a remuneração do trabalho noturno superior à do diurno (artigo 7.º, inciso IX, da Constituição
Federal).

Trabalho Urbano

 É considerado noturno o trabalho urbano realizado entre 22:00 horas de um dia e 5:00 horas do dia seguinte (artigo 73, § 2.º,
da Consolidação das Leis do Trabalho).

 Por ficção legal, a hora noturna é reduzida para 52 minutos e 30 segundos (artigo 73, § 1.º, da Consolidação das Leis do
Trabalho).
Trabalhador Urbano

 Portanto, cada 7 horas de trabalho noturno são consideradas 8 horas trabalhadas. Assim, quem trabalhou das 22:00 h às 6:00
h tem direito à uma hora extra.

 O valor da hora noturna é 20% superior ao valor da hora diurna.

 Aquele que cumpre jornada mista terá as horas diurnas calculadas como diurnas, as horas trabalhadas no período noturno
serão calculadas com o adicional de 20%, e 52 minutos e 30segundos corresponderão a 1 hora.
Trabalhador Urbano

 A jurisprudência vem entendendo que, quando o trabalhador cumpre integralmente a jornada noturna, o que passar da
jornada, mesmo já estando no período diurno, será considerado hora extra noturna.

 Para determinar a hora extra noturna, faz-se primeiro o cálculo do adicional noturno e sobre ele se calcula a hora extra.

 Se o empregador transferir o empregado do trabalho noturno para o diurno, poderá suprimir o pagamento do adicional
noturno (Enunciado n.
265 do Tribunal Superior do Trabalho).
Trabalho Rural

 O trabalho rural é regulado pela Lei n. 5.889, de 08 de junho de 1973, como vimos, e teve como critério a extensão ao
trabalhador rural da legislação trabalhista aplicável ao trabalhador urbano, com algumas restrições.

 É considerado trabalho rural noturno o realizado no período de:

 se for trabalho na lavoura: 21:00 h às 5:00 h;

 se for trabalho na pecuária: 20:00 h às 4:00 h.

 No trabalho rural não há redução da hora (hora = 60 minutos), porém o adicional, em ambos os trabalhos noturnos, será de
25% (Lei n.
5.889/73, artigo 7.º).
INTERVALOS ENTRE JORNADAS (INTERJORNADAS)

 O repouso interjornadas é o intervalo entre duas jornadas. Obrigatoriamente, apresentam-se nas seguintes formas:

 entre duas jornadas: deve haver, no mínimo, um intervalo de 11 horas (artigo 66 da Consolidação das Leis do Trabalho);

 intervalo semanal de 24 horas: trata-se do repouso semanal remunerado (artigo 67 da Consolidação das Leis do Trabalho). O
empregado descansa, mas recebe como se estivesse trabalhando.

 A folga semanal é paga como 1 dia de trabalho: parcelas fixas + variáveis (hora extra habitual, adicional noturno).

 No valor do trabalho mensal já está incluso o valor da folga semanal.

 O empregado, para ter direito ao repouso semanal, tem que preencher alguns requisitos previstos na Lei n. 605/49 (dispõe
sobre o repouso semanal remunerado e o pagamento de salário nos feriados civis e religiosos); são eles: assiduidade e
pontualidade.
 Caso o empregado tenha faltado injustificadamente, terá direito ao dia de folga, mas não receberá por ele. Os feriados são
considerados repouso semanal remunerado. O empregado que faltar na semana do feriado não receberá nem o feriado nem o
repouso semanal.

 Pergunta: E se o empregado trabalhar na folga semanal?

 Resposta: Se o empregado recebeu uma folga


(compensatória), o empregador não terá que pagar nada. Exemplo: empregado trabalha domingo e folga segunda.

 Sem a folga compensatória, o empregador deverá fazer o pagamento, do trabalho realizado na folga, em dobro (Lei n. 605/49,
artigo 9.º).
INTERVALOS DURANTE A JORNADA
(INTRAJORNADA)

 O artigo 71 da Consolidação das Leis do Trabalho disciplina o tempo de intervalo de descanso e refeição a que têm direito os
empregados. É o repouso que divide a jornada diária em dois turnos de trabalho.

 O parâmetro básico de trabalho contínuo conta com o tempo de 4 (quatro) horas, sem que seja necessário parada para
repouso.

 Sendo ultrapassado, mas inferior a 6 (seis) horas, haverá necessidade de um intervalo de 15 (quinze) minutos.

 Todo empregado que cumpre jornada superior a 6 (seis) horas tem direito a um intervalo mínimo, e como regra geral, de 1
(uma) hora, podendo ser reduzido.

 Jornada acima de 6 horas o período de descanso (intervalo intrajornada) é de, no mínimo, 30 minutos, desde que negociado
entre empregado e empregador;

 Se não for concedido o descanso, a empresa pode ser condenada a pagar apenas o tempo suprimido (diferença entre o tempo
concedido e o tempo efetivo de descanso), calculados com acréscimo de 50% sobre o valor da hora normal.

 O máximo será de 2 (duas) horas, podendo ser superior, desde que previsto em acordo escrito ou coletivo. Nesse período, o
empregado não fica à disposição do empregador, e, por isso, não é computado na jornada.
INTERVALOS ESPECIAIS

 Os serviços disciplinados no artigo 72 da Consolidação das Leis do Trabalho (serviços permanentes de mecanografia), possuem
um intervalo de 10 minutos a cada 90 minutos de trabalho, computáveis na jornada.

 O enunciado n. 346 do Tribunal Superior do Trabalho, estendeu este intervalo especial aos digitadores, a saber:

 “En. n. 346, TST – Digitador. Intervalos. Intrajornada. Os digitadores, por aplicação analógica do art. 72 da CLT, equiparam-se
aos trabalhadores nos serviços de mecanografia (datilografia, escrituração ou cálculo), razão pela qual têm direito a intervalos
de descanso de 10 (dez) minutos a cada 90 (noventa) de trabalho consecutivo.”

 Já a portaria n.º 3.751/90 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) estabeleceu que, nos serviços de digitação, os intervalos
devem ser de 10 (dez) minutos a cada 50 (cinqüenta) minutos de trabalho.

 O objetivo desse intervalo é evitar doenças como a tendinite.

 Também possuem intervalos especiais, computáveis na jornada, os trabalhos de:

 telefonia, radiotelefonia e radiotelegrafia (artigo 229 da Consolidação das Leis do Trabalho), de jornadas variáveis e que são de
20 minutos após 3 (três) horas;

 pessoal de minas e subsolo (artigo 298 da Consolidação das Leis do Trabalho) que são de 15 minutos após 3 (três) horas;

 mulher com filho em idade de amamentação, com 2 (dois) intervalos, que duram ½ (meia) hora cada um (artigo 396 da
Consolidação das Leis do Trabalho);

 trabalho em câmaras frias, com intervalo de 20 minutos após 100 minutos de trabalho contínuo (artigo 253 da Consolidação
das
Leis do Trabalho).
Sobreaviso e prontidão

 Considera-se de sobreaviso o empregado efetivo, que permanecer em sua própria casa, aguardando a qualquer momento o
chamado para o serviço. Cada escala de sobreaviso será de máximo de 24 horas. As horas de sobreaviso, para todos os efeitos,
serão contadas à razão de 1/3 (um terço) do salário normal.

 Considera-se de prontidão o empregado que ficar nas dependências da estrada, aguardando ordens. A escala de prontidão será,
no máximo, de 12 horas. As horas de prontidão serão, para todos os efeitos, contadas à razão de 2/3 (dois terços) do salário-hora
normal.
OUTRAS REGRAS ESPECIAIS DA JORNADA DE TRABALHO

 Médico: Lei n. 3.999/61 – a jurisprudência entendia que a jornada de trabalho era especial, ou seja, reduzida, de 4 horas
diárias. Porém, a Orientação
Jurisprudencial n. 53 da Subseção de Direitos
Individuais firmou entendimento de que o médico tem jornada de trabalho normal (8 horas diárias e 44 semanais):

 OJ/SDI n. 53: “Médico. Jornada de Trabalho. A lei n. 3.999/61 não estipula a jornada reduzida para os médicos, mas apenas
estabelece o salário mínimo da categoria para uma jornada de 4 horas. Não há que se falar em horas extras, salvo as
excedentes à 8ª (oitava), desde que seja respeitado o salário mínimo horário da categoria .”
OUTRAS REGRAS ESPECIAIS DA JORNADA DE TRABALHO

Advogado: A Lei n. 8.906/94 – O Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil dispõe em seu artigo 20 que a jornada de trabalho
para advogado empregado, que não tenha dedicação exclusiva no contrato, será de 4 horas diárias. Pode, porém, convenção
coletiva estabelecer jornada diferente
(flexibilização mediante tutela sindical).

Você também pode gostar