Cartilha de Radiofarmcia-1

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Radiofarmacia

2ª Edição
2023
CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
CRF-SP

RADIOFARMÁCIA

2ª Edição

DEPARTAMENTO DE APOIO TÉCNICO E EDUCAÇÃO PERMANENTE


GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA

SÃO PAULO
2023
Expediente
Publicação do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo – 2ª edição -
Setembro/2023

DIRETORIA REVISÃO ORTOGRÁFICA


Marcelo Polacow Bisson Carlos Nascimento
Presidente
DIAGRAMAÇÃO
Luciana Canetto Fernandes
Vice-Presidente Gustavo Barbosa Pereira
Adriano Falvo FOTOS DA CAPA
Secretário-Geral 1: 621005314 - souvikonline2005@gmail.com - Depositphotos
Danyelle Cristine Marini 2: 188291724 - Elnur_ - Depositphotos
3: 5794839 - sirer61 - Depositphotos
Diretora-Tesoureira 4: 358682256 - shmeljov - Depositphotos

COLABORADORES
Adriano Radin
Ana Cláudia Camargo Miranda
Ana Claudia Ranucci Durante
Ana Lúcia Callegari Rensi
Caiubi Rodrigues de Paula Santos
Felipe de Freitas Menezes
Danielle Bachiega Lessa
Ulisses Lacerda de Figueiredo Sá
Vania Pereira de Castro

C766c Brasil. Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo.


Departamento de Apoio Técnico e Educação Permanente. Grupo Técnico de Trabalho de
Radiofarmácia . / Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo. – São Paulo: Conselho
Regional de Farmácia do Estado de São Paulo, 2023. 2ª edição
62 p.
ISBN 978-85-9533-043-6
1. Competência Profissional. 2. Compostos Radiofarmacêuticos. 3. Fontes de radiação. 4. Legislação.
5. Radioatividade. 6. Relação dose-resposta à radiação. I. Conselho Regional de Farmácia do Estado de
São Paulo. II. Radiofarmácia. III. Série.

CDD-615
COLABORADORES DAS EDIÇÕES
ANTERIORES
Adriano Radin
Ana Cláudia Camargo Miranda
Ana Claudia Ranucci Durante
Caiubi Rodrigues de Paula Santos
Cristian Antonio Wieczorek Villas Boas
Danielle Bachiega Lessa
Danilo Matos Carvalho
Jefferson de Jesus Silva
Jéssica Gonçalves Santana
Leonardo Lima Fuscaldi
Raquel Benedetto
Ulisses Lacerda de Figueiredo Sá
Vania Pereira de Castro
PALAVRA DA DIRETORIA
A elaboração deste material representa a concretização de um projeto
idealizado pela diretoria do Conselho Regional de Farmácia do Estado de
São Paulo (CRF-SP) com o intuito de oferecer informações sobre as várias
áreas de atuação do profissional farmacêutico em linguagem acessível e com
diagramação moderna.

As cartilhas são desenvolvidas por profissionais que atuam nas respectivas


áreas abrangidas pelos Grupos Técnicos de Trabalho (GTT) do CRF-SP.

Nessas cartilhas são apresentadas:

• As áreas de atuação;
• O papel e as atribuições dos farmacêuticos que nelas atuam;
• As atividades que podem ser desenvolvidas;
• As Boas Práticas;
• O histórico do respectivo GTT.

Cada exemplar traz relações das principais normas que regulamentam o


segmento abordado e de sites úteis para o exercício profissional. Se as cartilhas
forem colocadas juntas, podemos dizer que temos um roteiro geral e detalhado
de praticamente todo o âmbito farmacêutico.

Por conta disso, tais publicações são ferramentas de orientação


indispensáveis para toda a categoria farmacêutica, tanto para aqueles que
estão iniciando sua vida profissional, como para quem decide mudar de área.
Aqui lhes apresentamos a cartilha da área de Radiofarmácia.
Boa leitura!

Dr. Marcelo Polacow Bisson - Presidente


Dra. Luciana Canetto Fernandes - Vice-presidente
Dr. Adriano Falvo - Secretário-geral
Dra. Danyelle Cristine Marini - Diretora-tesoureira
APRESENTAÇÃO
Essa cartilha foi construída com o objetivo de elucidar os conceitos básicos
que envolvem a área da Radiofarmácia.

A Radiofarmácia é uma especialidade farmacêutica que possui como


principais atividades o desenvolvimento, a produção e manipulação, o controle
de qualidade, a garantia da qualidade e demais aspectos relacionados aos
radiofármacos utilizados em Medicina Nuclear, que por sua vez, se caracteriza
como uma especialidade médica responsável pelo diagnóstico por imagem
funcional e/ou tratamento de doenças.

De forma geral, a Radiofarmácia é classificada em industrial, hospitalar e


centralizada.

Todas as atividades relacionadas com a área radiofarmacêutica devem


obedecer às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e às
exigências de proteção radiológica determinadas pela Comissão Nacional de
Energia Nuclear (CNEN). O cumprimento destas normas garante a qualidade e
eficácia necessárias para o radiofármaco, bem como a proteção do trabalhador.

Os radiofármacos são medicamentos administrados, em sua maioria, por


via intravenosa e utilizados em Medicina Nuclear para fins de diagnóstico e/ou
terapia de doenças. Sua produção, distribuição e utilização são consideradas
peculiares em comparação aos medicamentos convencionais, por isso seguem
uma regulamentação específica.

Atualmente, a Radiofarmácia, em conjunto à Medicina Nuclear, encontra-se


em um processo gradual de expansão, fato impulsionado pela promulgação
da Emenda Constitucional nº 49, de 8 de fevereiro de 2006, que excluiu do
monopólio da União a produção, comercialização e utilização de radioisótopos
de meia-vida curta para usos médicos, agrícolas e industriais e, mais

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recentemente, a promulgação da Emenda Constitucional nº 118, de 26 de
abril de 2022, que autoriza a produção, comercialização, e a utilização de
radioisótopos para a pesquisa e uso médico, quebrando o monopólio estatal
destas atividades.

Tendo em vista esse crescimento, a Comissão Assessora de Radiofarmácia


do CRF-SP foi criada em junho de 2018, com o objetivo de promover discussões
e ações em defesa do âmbito profissional. As competências inerentes ao
farmacêutico atuante em Radiofarmácia foram descritas pelo CFF por meio da
Resolução nº 486 de 23 de setembro de 2008 e modificada pela Resolução nº
656 de 24 de maio de 2018.

Em 2022, as Comissões Assessoras do CRF-SP passaram a ser denominadas


“Grupos Técnicos de Trabalho”, com a publicação da Deliberação nº 02, de
06 de fevereiro de 2020. Atualmente, os Grupos Técnicos de Trabalho são
regulamentados pela Deliberação nº 08, de 13 de maio de 2022.

8
Sumário
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................. 11
CONCEITOS BÁSICOS EM RADIOFARMÁCIA.................................................................14
Radiação....................................................................................................................................................14
Radiações não ionizantes...........................................................................................................14
Radiações ionizantes......................................................................................................................15
Radiações Alfa......................................................................................................................................15
Radiações Beta................................................................................................................................... 16
Radiações Gama................................................................................................................................17
Poder de penetração da radiação......................................................................................17
Radionuclídeos e suas origens............................................................................................ 18
Meia-vida física................................................................................................................................... 19
Meia-vida biológica e efetiva.................................................................................................20
ATIVIDADE .....................................................................................................................................................21
Unidades da radioatividade.....................................................................................................21
Equipamentos para detecção da radiação.................................................................21
PROTEÇÃO RADIOLÓGICA............................................................................................................. 24
Definição e objetivos...................................................................................................................... 24
Princípios.................................................................................................................................................. 24

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Tipos de exposição e formas de proteção radiológica.................................. 25
Monitoramento................................................................................................................................... 27
RADIOFÁRMACOS..................................................................................................................................29
APLICAÇÕES DOS RADIOFÁRMACOS EM MEDICINA NUCLEAR...............31
Radiofármacos para diagnóstico.........................................................................................31
Radiofármacos para terapia....................................................................................................35
Radiofármacos teranósticos...................................................................................................36
GARANTIA DA QUALIDADE...........................................................................................................40
Boas Práticas de Fabricação...................................................................................................40
Controle de Qualidade.................................................................................................................41
Farmacovigilância.............................................................................................................................44
CLASSIFICAÇÃO DA RADIOFARMÁCIA...............................................................................46
ÁREAS DE ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO EM RADIOFARMÁCIA............49
LEGISLAÇÃO................................................................................................................................................51
SITES INTERESSANTES....................................................................................................................55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................................56

10 GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA


INTRODUÇÃO

História da Radiofarmácia
A Radiofarmácia tem seu contexto histórico com o início da utilização
dos radiofármacos em 1905, após a descoberta dos raios X por Wihelm
Conrad Röntgen em seu laboratório em 1895. Além de Röntgen, outros
pesquisadores contribuíram com destaque para o desenvolvimento da
área, dentre eles Marie e Pierre Curie e Henri Becquerel.

Concomitante a essas descobertas, radionuclídeos (nuclídeos


que possuem instabilidade no núcleo e que se desintegram
espontaneamente emitindo radiação) foram inicialmente utilizados em
humanos por Blumgart e Yens em 1927.

Em 14 de junho de 1945, o Oak Ridge National Laboratories anunciou


na Revista Science a disponibilidade de radionuclídeos ao setor privado.
Posteriormente, o Brookhaven National Laboratories também passou
a produzir e comercializar radionuclídeos, porém esses produtos
não possuíam nenhuma garantia de esterilidade e apirogenicidade.
Somente mais tarde, os parâmetros de controle de qualidade foram
incluídos, quando a Abbot Laboratories decidiu comprar os laboratórios
de produção de radionuclídeos supracitados e transformá-los para
a produção de radiofármacos, tornando-se o primeiro produtor no
mundo. A comercialização do primeiro radiofármaco iodeto de sódio,
cuja Denominação Comum Brasileira (DCB) é iodeto de sódio (131 I), só
começou em 1950.

GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA 11


Os radiofármacos são medicamentos radioativos utilizados no
diagnóstico e tratamento de doenças.

Em 1957, foi anunciado o desenvolvimento do gerador de molibdênio-


99m/tecnécio-99m (99Mo/99mTc). Até os dias de hoje, o radionuclídeo
99m
Tc, também denominado elemento número 43, é amplamente
utilizado na marcação de reagentes liofilizados na rotina da Medicina
Nuclear.

No Brasil, a partir de 1956, foi criado o IEA (Instituto de Energia Atô-


mica) por um convênio entre o CNPq (Conselho Nacional de Desenvol-
vimento Científico e Tecnológico) e a USP (Universidade de São Paulo).
Em 1959, começa a produção do radiofármaco iodeto de sódio (131 I)
para diagnóstico e terapia de doenças da tireoide. Somente em 1963,
o IEA, atualmente IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nuclea-
res), iniciou a produção rotineira de radionuclídeos e de radiofármacos,
após a inclusão dos procedimentos farmacêuticos consolidando a Me-
dicina Nuclear no país. De 1956 até 2006, o monopólio de produção de
radionuclídeos e radiofármacos sempre pertenceu à CNEN (Comissão
Nacional de Energia Nuclear), conforme promulgada na constituição
brasileira. Contudo, a Emenda Constitucional nº 49, de 8 de fevereiro de
2006 excluiu desse monopólio a produção, comercialização e a utiliza-
ção de radioisótopos de meia-vida curta, para usos médicos, agrícolas
e industriais. Há pouco tempo, o monopólio estatal destas atividades foi
totalmente quebrado pela Emenda Constitucional nº 118, de 26 de abril
de 2022.

12 GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA


A CNEN possui quatro autarquias produtoras de radiofármacos: IPEN;
IEN (Instituto de Engenharia Nuclear), no Rio de Janeiro; CDTN (Centro
de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear), em Belo Horizonte e
CRCN- NE (Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste), em
Recife. E o IPEN, em São Paulo, que é o principal fabricante juntamente
com indústrias radiofarmacêuticas privadas.

GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA 13


CONCEITOS BÁSICOS EM RADIOFARMÁCIA

RADIAÇÃO

A radiação é a propagação de energia sob várias formas. Dependendo


da quantidade de energia, pode ser classificada em não ionizantes e
ionizantes.

RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES

As radiações não ionizantes são caracterizadas por não possuírem


energia suficiente para remover elétrons da eletrosfera do átomo, não
ocasionando o processo de ionização da matéria. São classificadas de
acordo com o comprimento de onda: ultravioleta, luz visível, infraverme-
lho, micro-ondas e ondas de rádio (Figura 1). É importante ressaltar que
quanto menor o comprimento de onda, maior é a energia da radiação.

Figura 1 - Espectro das ondas eletromagnéticas.

Fonte: Adaptado de iStock by Getty Images.

14 GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA


RADIAÇÕES IONIZANTES

As radiações ionizantes possuem energia suficiente para provocar


a ionização da matéria, ou seja, são capazes de promover a saída de
elétrons da eletrosfera dos átomos, podendo causar modificações na
estrutura de moléculas e do DNA (Figura 2). Estas radiações podem
ser corpusculares (partículas alfa e beta) ou ondas eletromagnéticas
(radiação gama).

Figura 2 - Processo de ionização.

Fonte: Elaborado pelo autor.

RADIAÇÃO ALFA

A partícula alfa (α) é composta por dois prótons e dois nêutrons


(núcleo de hélio), é emitida com alta energia e possui baixo poder de

GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA 15


penetração e alto poder ionizante. São emissões típicas de átomos com
alto peso atômico. Esse tipo de radiação tem grande importância na
medicina para o tratamento de doenças, como o câncer. Exemplos de
radionuclídeos emissores de alfa: rádio-223 (223Ra) e actínio-225 (225Ac).

RADIAÇÃO BETA

A radiação beta é subdividida em dois tipos, beta menos (β-) e


pósitron (β+). As emissões do tipo β- possuem a mesma característica
dos elétrons atômicos, com a diferença que sua origem se dá no núcleo
que possui um número excessivo de nêutrons sendo, portanto, instável.
Neste decaimento, o nêutron se “transforma” em um elétron (ejetado) e
um próton (este permanece no núcleo). Assim como a radiação alfa, ele-
mentos emissores de beta menos (β-) podem ser usados no tratamento
de doenças. Exemplos: iodo-131 (131I); lutécio-177 (177Lu) e ítrio-90 (90Y).

Outro tipo de emissão beta é o pósitron (β+), que consiste na


transformação de um próton em nêutron e pósitron (antielétron), uma
vez que o núcleo se encontra instável devido ao número elevado de
prótons. Após sua emissão do núcleo, os pósitrons são quase que ins-
tantaneamente aniquilados, dando origem a dois fótons com mesma
energia (511 keV) e direções opostas. Esse tipo de radiação é utilizado
na medicina diagnóstica. Exemplo de radionuclídeos emissores de pó-
sitrons: flúor-18 (18F); gálio-68 (68Ga) e zircônio-89 (89Zr).

16 GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA


RADIAÇÃO GAMA

A radiação gama (y) é conceituada como ondas eletromagnéticas


emitidas do núcleo de um átomo. Apresenta energia superiores e alto
poder de penetração, enquanto que os raios X são menos energéticos.
Exemplo de radionuclídeos emissores de radiação gama: tecnécio-99m
(99mTc), gálio-67 (67Ga) e tálio-201 (201Tl).

PODER DE PENETRAÇÃO DA RADIAÇÃO

As diferentes formas de radiação são emitidas do núcleo com energia


e poder de penetração específicos de cada radionuclídeo, assim são
capazes de produzir diferentes efeitos nos seres vivos. A partícula alfa
possui grande massa, por isso caminha pouco no meio e uma folha de
papel é capaz de barrá-la. No caso de irradiar o ser vivo, é capaz de
penetrar apenas a camada superficial da pele. Por outro lado, a radiação
beta, dependendo da energia, pode penetrar milímetros até centímetros,
ou seja, é mais penetrante do que a radiação alfa. Por último, a radiação
gama que possui a velocidade da luz, pode atravessar blocos de chumbo
ou concreto, por possuir alto poder de penetração (Figura 3). Com isso,
os radionuclídeos emissores de alfa e beta podem ser utilizados na
terapia de doenças e os emissores de gama, no diagnóstico.

GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA 17


Figura 3 - Poder de penetração das radiações.

Fonte: Adaptado de iStock by Getty Images.

RADIONUCLÍDEOS E SUAS ORIGENS

Os radionuclídeos podem ser encontrados na natureza, como o urâ-


nio-238 (238U) e o 223Ra, ou podem ser produzidos artificialmente, de forma
direta, em reatores nucleares e cíclotrons, ou obtidos de forma indireta,
por geradores.

O radionuclídeo é um átomo considerado instável em função de seu


núcleo possuir energia “em excesso”. Essa energia será naturalmente
liberada pela emissão de radiação gama, alfa ou beta (processo de

18 GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA


desintegração ou decaimento radioativo – Figura 4), com o objetivo de
assumir uma condição energética inferior e mais estável, dando origem
a novos elementos que podem ser radioativos ou não.

Figura 4 - Processo de desintegração do radionuclídeo.

Fonte: Elaborado pelo autor.

MEIA-VIDA FÍSICA

Meia-vida física (T½) corresponde ao tempo necessário para a ativi-


dade inicial de um elemento radioativo ser reduzida à metade por meio
de seu decaimento e consequente emissão de radiação (Figura 5). A
meia-vida de um radionuclídeo pode variar de poucos segundos a vá-
rios anos.

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Figura 5 - Decaimento do iodo-131 (131I) pela sua meia-vida física de 8 dias.

Fonte: Elaborado pelo autor.

MEIA-VIDA BIOLÓGICA E EFETIVA

A meia-vida biológica representa o tempo necessário para que o


organismo excrete 50% do fármaco. Quando se trata de radiofármacos,
é necessário levar em conta também a meia-vida efetiva, que é a soma
da meia-vida física e a meia-vida biológica.

20 GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA


ATIVIDADE
A atividade de uma amostra é definida pelo número de desintegrações
por segundo do núcleo instável de um radionuclídeo. Dessa forma, é
possível mensurar a radioatividade de uma amostra.

UNIDADES DA RADIOATIVIDADE

As unidades de medição da radioatividade são o Curie (Ci) e o Bequerel


(Bq) que é considerado como a unidade do Sistema Internacional, sendo
que 1 Bq representa 1 desintegração por segundo. Correlacionando as
duas unidades, 1 Ci representa 3,7 x 1010 Bq.

EQUIPAMENTOS PARA DETECÇÃO DA RADIAÇÃO

Detectores de radiação são equipamentos constituídos de materiais


sensíveis à radiação ionizante, capazes de produzir uma resposta ou
sinal mensurável quando a energia da radiação é absorvida por esses
materiais. A interação da radiação com o meio detector pode ocorrer
por diversos processos, dependendo do tipo de material constituinte
do detector, tais como os que envolvem a geração de luz e/ou cargas
elétricas, e a sensibilização de películas fotográficas, dentre outros. Em
Radiofarmácia são utilizados, basicamente, o detector Geiger-Müller, o
calibrador de doses e os dosímetros pessoais (Figura 6).

GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA 21


Figura 6 - Detectores de radiação comuns em Radiofarmácia:

a) Detector Geiger-Müller; b) Calibrador de doses; c) Dosímetro pessoal.

Fontes: (a) e (c): iStock by Getty Images; (b): acervo pessoal da Dra. Ana
Cláudia Camargo Miranda.

O detector Geiger-Müller (a) é constituído de um sistema relativa-


mente simples e robusto, composto de um tubo contendo gás iner-
te (argônio ou hélio) que, quando na presença de radiação ionizante,
é ionizado e, por meio da aplicação de uma voltagem, os elétrons são
direcionados para o ânodo (filamento no centro do tubo), gerando um
sinal. Este equipamento é utilizado para verificar a presença de conta-
minações ambientais e superficiais. Apesar de ser excelente para o mo-
nitoramento, o detector Geiger-Müller não é adequado para quantificar
a atividade radioativa.

22 GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA


O calibrador de dose (b), por sua vez, é um equipamento utilizado
para a quantificação da atividade radioativa. Consiste, essencialmente,
em uma câmara de ionização do tipo poço acoplada a um equipamen-
to digital que fornece medidas diretas em unidades de radioatividade.
Nesta câmara, são medidas as atividades dos radiofármacos a serem
administrados nos pacientes em Medicina Nuclear.

Por fim, os dosímetros pessoais (c) são pequenos detectores de ra-


diação, constituídos por um filme fotográfico ou termoluminescente, uti-
lizados para o monitoramento individual da dose de radiação recebida
pelo profissional durante o seu período de trabalho.

GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA 23


PROTEÇÃO RADIOLÓGICA

DEFINIÇÃO E OBJETIVOS

A radioproteção é um conjunto de medidas que visam proteger as


pessoas e o meio ambiente dos possíveis efeitos indesejáveis causa-
dos pela radiação ionizante. Os radiofármacos são fontes de radiação
ionizante e, portanto, o profissional deve trabalhar em Radiofarmácia le-
vando em consideração as normas da proteção radiológica. No Brasil, a
CNEN estabelece as normas que devem ser seguidas. Em se tratando
de Radiofarmácia hospitalar ou centralizada, a norma CNEN NN 3.05
deve ser observada. Já para a Radiofarmácia industrial, deve ser levada
em conta a norma CNEN NN 6.02.

PRINCÍPIOS

A proteção radiológica tem por base três princípios fundamentais:


justificação, otimização e limitação das doses. Esses devem ser consi-
derados ao se trabalhar com uma fonte de radiação ionizante, mesmo
para fins de aplicação em saúde, como é o caso da Radiofarmácia. Dose
é definida como a quantidade absorvida por unidade de massa de ma-
terial irradiado (por exemplo, tecido vivo).

O princípio da justificação define que nenhuma prática com material


radioativo deve ser autorizada, a menos que produza benefícios para as
pessoas expostas ou para a sociedade em geral, compensando os ris-

24 GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA


cos. Já o princípio da otimização estabelece que a exposição à radiação
ionizante deva ser mantida tão baixa quanto razoavelmente alcançável –
ALARA (do inglês, As Low As Reasonably Achievable). Por fim, o princípio
da limitação das doses estabelece que os limites de dose devam ser
respeitados. No Brasil, o Ministério da Saúde adota os limites de dose
recomendados pela Comissão Internacional de Proteção Radiológica.
Para o trabalhador, este limite é de 20 mSv/ano, considerando o valor
médio anual em qualquer período consecutivo de cinco anos, não po-
dendo exceder 50 mSv em nenhum ano. Para os pacientes, não existe
limite de dose, sendo estabelecido caso a caso, de acordo com os be-
nefícios para a sua saúde.

TIPOS DE EXPOSIÇÃO E FORMAS DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA

A exposição à radiação ionizante pode se dar de duas maneiras (Figura


7): por irradiação, que ocorre quando a fonte radioativa não entra em
contato direto com a pessoa, mas há exposição à energia da radiação
emitida pela mesma; por contaminação, quando há contato físico com o
material radioativo, por inalação, ingestão ou contato com a pele. Neste
sentido, são estabelecidos os fatores de proteção radiológica para se
evitar ou minimizar a exposição à radiação ionizante.

GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA 25


Figura 7 – Tipos de exposição à radiação.

Fonte: Elaborado pelo autor.

As formas de proteção radiológica contra a irradiação são: minimização


do tempo, maximização da distância e uso de blindagem. Uma vez que
a dose de radiação recebida por irradiação é diretamente proporcional
ao tempo de exposição, deve-se planejar e executar uma atividade com
material radioativo no menor tempo possível, sem prejudicar a qualidade
do trabalho. Já a distância possui uma relação inversa e a exposição
se reduz com o aumento da distância à fonte. Entretanto, nem sempre

26 GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA


é possível reduzir o tempo e aumentar a distância, assim a blindagem
deverá ser utilizada. Esta consiste em um aparato colocado entre a fonte
de radiação e o profissional, de forma a barrar a propagação da energia
emitida pelo material radioativo. O uso de blindagem consiste no fator
de proteção radiológica mais eficiente contra a exposição por irradiação.

Para se evitar a contaminação, é indispensável o uso de equipamentos


de proteção individual, como luvas, avental de manga comprida com
punho e óculos de proteção, além de realizar os trabalhos seguindo as
normas de radioproteção estabelecidas.

MONITORAMENTO
Outro ponto importante da radioproteção é o monitoramento do
ambiente de trabalho e do profissional. Faz parte da rotina de trabalho
da Radiofarmácia utilizar o detector Geiger-Müller (detector a gás) para
o rastreamento de fontes radioativas, monitoramento de superfícies,
como: bancadas, objetos, pisos e superfícies corporais, especialmente
as mãos, com o intuito de mensurar possíveis contaminações. O
profissional também precisa ser monitorado individualmente, para
tanto, é obrigatório o uso de dosímetro pessoal e intransferível. Este é
um pequeno detector do tipo filme ou tipo termoluminescente, utilizado
para a avaliação da dose recebida pelo profissional por irradiação. Deve
ser colocado em local representativo do corpo, como na altura do tórax,
e utilizado durante todo o tempo de permanência em área controlada.
Mensalmente, o dosímetro é recolhido para medida da dose de

GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA 27


exposição. Além disso, exames periódicos, como o hemograma, devem
ser solicitados para avaliação médica de possíveis efeitos biológicos
indesejáveis da exposição à radiação ionizante.

É importante lembrar que a radiação ionizante não interage com os


sentidos humanos, ou seja, não possui cor, sabor e odor, portanto, deve-
se trabalhar em Radiofarmácia seguindo as normas de radioproteção,
de forma a se obter os benefícios sem prejuízo à saúde do profissional,
do paciente e da sociedade em geral.

28 GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA


RADIOFÁRMACOS
Os radiofármacos são preparações farmacêuticas (medicamentos)
utilizadas em Medicina Nuclear para fins de diagnóstico e/ou terapia
de doenças. Sua estrutura é composta de um elemento não radioativo
(carregador ou ligante) e um elemento radioativo (radionuclídeo),
conforme Figura 8. O carregador ou ligante possui o objetivo de
direcionar o composto a um órgão de interesse pela função fisiológica
ou fisiopatológica da doença e o radionuclídeo, dependendo do tipo de
emissão, promoverá o diagnóstico ou terapia. A ligação do composto
ao alvo pode ocorrer pela perfusão sanguínea ou por mecanismos
específicos, como ligação a um receptor celular ou processo bioquímico.

Figura 8 - Radiofármaco composto por um elemento não radioativo (por


exemplo: hemácias, leucócitos, anticorpos, substâncias sintéticas, reagentes
liofilizados ou peptídeos) acoplado por meio de um método de marcação
específico a um elemento radioativo (radionuclídeo).

Fonte: Adaptado de iStock by Getty Images.

GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA 29


Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os radiofármacos
podem ser classificados em quatro categorias:

1. produtos radioativos prontos para uso;


2. geradores de radionuclídeos;
3. componentes não radioativos (reagentes liofilizados) para preparação
de compostos marcados com elementos radioativos (normalmente o
eluato provindo de um gerador de radionuclídeos);
4. precursores utilizados para marcação de outras substâncias antes da
administração, como por exemplo, amostras provenientes do paciente.

O prazo de validade de um radiofármaco tende a ser mais curto


devido à presença do componente radioativo em sua composição e a
possibilidade de ocorrer sua decomposição pelo processo da radiólise;
o que o torna menos estável e com maior probabilidade de sofrer
alterações em sua qualidade com o tempo. O decaimento radioativo
impõe exigências rigorosas sobre a produção e uso de um radiofármaco.

Apesar das peculiaridades relacionadas à produção e controle de


qualidade de radiofármacos em função da presença do elemento ra-
dioativo em sua composição, os mesmos são medicamentos admi-
nistrados, na maioria das vezes, intravenosamente. Devem, portanto,
ser produzidos de acordo com as Boas Práticas de Fabricação (BPF) e
sua qualidade avaliada através da realização de testes de controle de
qualidade. Por outro lado, nas Radiofarmácias hospitalares, apenas em
2008 com a publicação da Resolução da ANVISA - RDC nº 38/2008,
a realização do controle de qualidade dos eluatos e radiofármacos de
99m
Tc antes da administração no paciente se tornou obrigatório.

30 GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA


APLICAÇÕES DOS RADIOFÁRMACOS EM
MEDICINA NUCLEAR

RADIOFÁRMACOS PARA DIAGNÓSTICO

Existe uma diversidade de radiofármacos no mercado destinados à


realização do diagnóstico, de forma não invasiva, da fisiopatologia de uma
dada doença. Esses radiofármacos devem possuir em sua constituição
um radionuclídeo emissor de radiação gama (y) com energia entre 100 a
300 keV ou de pósitrons (β+), capazes de permitir a realização da imagem;
devem decair por captura eletrônica ou transição isomérica; não devem
emitir radiação corpuscular para minimizar a dose de radiação para o
paciente. A meia-vida física deve ser adequada ao estudo fisiológico de
interesse, não promovendo efeitos farmacológicos.

Os radionuclídeos emissores de raios gama comumente utilizados


para este fim são: tecnécio-99m (99mTc - T½ de 6,0 h); iodo-123 (123I - T½
de 13,0 h); índio-111 (111In - T½ de 67,3 h); tálio-201 (201TI - T½ de 73,0 h) e
gálio-67 (67Ga - T½ de 78,3 h).

O 99mTc é o radionuclídeo de maior utilização, pois possui características


favoráveis à prática clínica, como: meia-vida curta suficiente para realizar
o estudo do paciente; decaimento por processo isomérico que envolve
a emissão de raios gama de baixa energia (140 keV) e elétrons de
baixa energia, sem emissão de partículas beta de alta energia; possui
propriedades químicas que o tornam versátil, podendo ser utilizado na

GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA 31


marcação de diferentes reagentes liofilizados e, por último, pode ser
facilmente obtido através de um sistema de gerador de 99Mo – 99mTc
(Figura 9).

Figura 9 - Gerador de 99Mo - 99mTc produzido pelo IPEN/SP.

CAMPANHAS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE

Fonte: Acervo pessoal da Dra. Ana Cláudia Camargo Miranda.

Os radiofármacos gama emissores permitem o diagnóstico de


doenças pela aquisição das imagens cintilográficas que são realizadas
na gama câmara, podendo ser usada a técnica SPECT ou SPECT-CT,
do inglês, Single Photon Emission Tomography ou Single Photon Emission
Tomography – Computed Tomography (Figura 10).

32 GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA


Figura 10 - Etapas do exame de SPECT cerebral em gama câmara com o
radiofármaco ECD-99mTc, cuja DCB é definida por bicisato (99m Tc).

Fonte: Adaptado de iStock by Getty Images.

Os radionuclídeos emissores de pósitrons também são utilizados em


procedimentos diagnósticos, são exemplos: oxigênio-15 (15O - T½ de 2,0
min.); nitrogênio-13 (13N - T½ de 9,9 min.); carbono-11 (11C - T½ de 20,4
min.); gálio-68 (68Ga - T½ de 67,7 min.); flúor-18 (18F - T½ de 109,7 min.);

GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA 33


zircônio-89 (89Zr - T½ de 78,4 horas) e o cobre-64 (64Cu - T½ de 12,7
horas). Nesse caso, as imagens são realizadas no equipamento híbrido
PET-CT, do inglês, Positron Emission Tomography – Computed Tomogra-
phy, ou seja, em um mesmo equipamento são realizadas as imagens
metabólicas (PET) e imagens anatômicas por Tomografia Computadori-
zada (CT). Por ferramentas de software, as imagens são fusionadas com
o objetivo de se obter informações do metabolismo e da anatomia do
paciente em um mesmo exame. Atualmente, o principal radiofármaco
emissor de pósitron utilizado na rotina da Medicina Nuclear é a flude-
soxiglicose (18 F), que possui um mecanismo de ação análogo ao da
glicose e que proporciona o mapeamento do metabolismo celular com
inúmeras aplicações, principalmente, na área oncológica (Figura 11).

Figura 11 - Etapas do exame de PET-CT com o radiofármaco FDG-18F, DCB,


fludesoxiglicose (18F).

Fonte: Adaptado de Patching (2015).

34 GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA


RADIOFÁRMACOS PARA TERAPIA

Assim como ocorre com os radiofármacos usados no diagnóstico de


doenças, na terapia, utiliza-se a propriedade de instabilidade nuclear do
radionuclídeo e consequente emissão de radiação ionizante para tratar
doenças de forma direcionada, atingindo alvos específicos tumorais, tais
como: o câncer da tireoide, linfomas ou metástases ósseas. A terapia
com radionuclídeos tem por objetivo curar, mitigar e/ou controlar um
processo patológico, observando-se poucos eventos adversos e efeitos
colaterais. O mecanismo da destruição consiste no poder de ionização
das radiações corpusculares. Quando a célula tumoral absorve o radio-
nuclídeo, seu DNA pode ser danificado pela ação direta da radiação,
que resulta na quebra das fitas duplas contendo as bases nitrogenadas,
ou indireta, por meio da formação de radicais livres após a interação da
radiação com as moléculas de água presentes nas células.

Os radiofármacos utilizados com intuito de promover terapia de uma


doença específica precisam possuir em sua estrutura um radionuclídeo
que atenda as seguintes características: ser emissor de radiação
particulada como, beta (β-), alfa (α) e elétrons Auger com energia maior
que 500 keV; ter capacidade de se concentrar o mais especificamente
possível no tecido alvo para transferir a ele uma alta taxa de dose
de radiação para destruí-lo, não prejudicando os tecidos sadios
adjacentes. Nesse caso, o radiofármaco pode também promover efeito
farmacológico. Em relação à meia-vida do radionuclídeo, alguns fatores
devem ser considerados, dentre eles, a cinética de concentração no
tecido alvo. É importante que haja uma compatibilidade entre o tempo
necessário para o radiofármaco se concentrar no tecido alvo e a meia-
vida efetiva do radionuclídeo.

GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA 35


Os radionuclídeos podem ser administrados sozinhos ou associados
a um fármaco direcionador, porém ambos são denominados
radiofármacos. São exemplos de radionuclídeos emissores de partícula
beta: lutécio-177 (177Lu - T½ de 64,0 h); samário-153 (153Sm - T½ de 48,0
h); ítrio-90 (90Y - T½ de 67,9 h); rênio-186 (186Re - T½ de 73,0 h) e o iodo-
131 (131I - T½ de 8,0 dias). O 131I é o mais antigo radionuclídeo utilizado na
terapia de doenças benignas da tireoide como: Doença de Graves, Bócio
multinodular tóxico e nódulos tireoidianos tóxicos de funcionamento
autônomo; bem como no tratamento do carcinoma diferenciado de
tireoide (CDT). No tratamento do CDT, a terapia com 131I tem sido usada
para a ablação pós-operatória de fragmentos remanescentes tumorais
e para o tratamento de possíveis metástases após a tireoidectomia
parcial ou completa.

O rádio-223 (223Ra), emissor de partícula alfa com meia-vida de 11,4


dias, foi recentemente inserido na rotina clínica da Medicina Nuclear
para tratamento de metástases avançadas promovidas por câncer de
próstata resistente à castração.

RADIOFÁRMACOS TERANÓSTICOS

O termo teranóstico provém da união das palavras “terapia” e “diag-


nóstico”. Também utilizado para classificar os radiofármacos, caracteri-
za-se pela combinação de um radiofármaco terapêutico com um radio-
fármaco diagnóstico, desta forma, são denominados um par teranóstico.

Um par teranóstico é desenvolvido a partir de uma mesma molécula


precursora ou de moléculas semelhantes que tenham afinidade por

36 GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA


um alvo específico radiomarcadas com radionuclídeos de diferentes
emissões, um emissor de radiação β- ou α (terapia) e o outro emissor de
radiação y ou β+ (diagnóstico). Adicionalmente, existem os radionuclídeos
teranósticos que, por suas características físicas, possuem um espectro
de emissões com radiações pareadas, ou seja, diagnóstica e terapêutica.

A propriedade teranóstica surgiu há mais de 50 anos e tem como prin-


cipal objetivo realizar o diagnóstico e o estadiamento de uma doença
com confirmação da expressão do alvo para posterior indicação da tera-
pia específica, a partir de radiofármacos específicos. Esse conceito está
alinhado a prática da Medicina Personalizada que se baseia nas caracte-
rísticas individuais, metabólicas e funcionais do paciente, proporcionando
uma conduta médica mais assertiva e tratamentos com poucos efeitos
colaterais associados e boa adesão ao esquema terapêutico (Figura 12).

Figura 12 - Exemplo de interação do radiofármaco teranóstico com o alvo


específico (receptor) na membrana da célula tumoral.

Fonte: Adaptado de Vahidfar, et al (2021).

GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA 37


Na rotina clínica da Medicina Nuclear, o primeiro radiofármaco a ser
utilizado no conceito teranóstico foi o iodeto de sódio (131 I), emissor de
radiação y e β-, caracterizado como um radionuclídeo teranóstico, apli-
cado às doenças tireoidianas até os dias atuais. Porém, esse conceito
se estende a outros compostos e moléculas como, por exemplo, PSMA
(ligante do antígeno de membrana específico da próstata) e ao DOTATA-
TO (análogo da somatostatina). Quando radiomarcados com emissores
de β+, tais como o 68Ga ou o 18F, se tornam excelentes agentes de inves-
tigação de focos tumorais. Por outro lado, quando radiomarcados com
emissores particulados, tais como o 177Lu (β-) ou o 225Ac (α) permitem
tratar tumores de modo seletivo, já que interagem em nível molecular
com os tecidos tumorais que superexpressam receptores de membra-
na para estes ligantes.

Nos últimos anos houve um grande progresso no campo da teranós-


tica nuclear com a disponibilização de novos pares de radiofármacos,
principalmente no que tange as aplicações em Oncologia voltadas para
a expressão de alvos específicos de doenças, como receptores de su-
perfície celular ou transportadores de membrana. A Tabela 1 apresenta
os principais pares em uso no âmbito brasileiro.

38 GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA


Tabela 1 - Pares teranósticos em uso na rotina clínica da Medicina Nuclear
brasileira.

RADIOFÁRMACO RADIOFÁRMACO
INDICAÇÃO CLÍNICA
DIAGNÓSTICO TERAPÊUTICO
iodeto de sódio (123 I)
Doenças tireoidianas iodeto de sódio (131 I)
iodeto de sódio (131 I)
Tumores adrenérgicos iobenguano (123 I) iobenguano (131 I)
Tumores hepáticos macrosalbe (99m Tc) microesferas de vidro (90 Y)
octreotato tetraxetana
Tumores neuroendócrinos octreotato tetraxetana (68 Ga)
(177 Lu)
gozetotida (68 Ga) / amespro
Tumores de próstata vipivotida tetraxetana (177 Lu)
fluornicotinamida (18 F)

Fonte: Adaptado de Ballinger (2018) e Marin (2020).

Apesar de existirem poucos pares teranósticos disponíveis para uso


clínico, são inúmeros os estudos realizados nas duas últimas décadas
evidenciando sua importância e potencial para a Medicina Nuclear.

O VIRTUAL DAS REDES SOCIAIS TAMBÉM VALEM AS LEIS, AS

GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA 39


GARANTIA DA QUALIDADE
BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO

A resolução relacionada às Boas Práticas de Fabricação (BPF) de


Radiofármacos (RDC Anvisa nº 63/2009), em sua primeira versão, foi
publicada no Diário Oficial da União em 23 de dezembro de 2009 e suas
exigências destinaram-se a suplementar àquelas estabelecidas pela RDC
Anvisa nº 17/2010, que dispunha sobre as BPF de medicamentos. Essas
resoluções foram revogadas em 21 de agosto de 2019 e substituídas pela
RDC Anvisa nº 301/2019, seguidas das Instruções normativas IN nº35 e
IN nº 37. Atualmente, a RDC nº 301 também foi revogada e substituída
pela RDC nº 658/2022, seguida da Instrução Normativa IN nº 128.

As unidades de Radiofarmácia que produzem radiofármacos devem


cumprir com as diretrizes gerais de Boas Práticas de Fabricação de
Medicamentos. O local de produção deve estar sob a supervisão de um
farmacêutico com experiência em Radiofarmácia e Radioproteção e o
pessoal que realiza o manuseio dos radiofármacos ou executa tarefas em
áreas limpas ou assépticas deve ser cuidadosamente selecionado para
que os princípios de BPF sejam assegurados. Um sistema da qualidade
farmacêutica deve ser estritamente implementado e cumprido, já
que os radiofármacos são, em geral, utilizados antes da obtenção dos
resultados dos ensaios de controle de qualidade, como por exemplo, o
teste de esterilidade.

Dentre os fatores que envolvem a garantia da qualidade dos


radiofármacos também devem considerar as questões relacionadas

40 GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA


à radioproteção, conforme a norma CNEN NN 3.05 e a RDC Anvisa nº
38/2008. Estas normas descrevem os profissionais e os equipamentos
que um serviço de Medicina Nuclear, incluindo o laboratório de
Radiofarmácia, deve possuir, bem como a periodicidade de calibração
e de realização dos testes dos instrumentos; um sistema de registros
e um fluxo de materiais e pessoas que devem ser desenhados e
implantados; as dependências (infraestrutura) necessárias e um plano
de radioproteção que deve estar de acordo com a norma CNEN-NN-3.01
“Diretrizes Básicas de Radioproteção”. As normas para manipulação
e administração de radiofármacos e monitoração dos trabalhadores
devem seguir as normas CNEN-NN-3.01 e CNEN-NE-3.02 “Serviços de
Radioproteção”.

Os rejeitos radioativos devem ser gerenciados conforme a norma


CNEN-NN-8.01 “Gerência de Rejeitos Radioativos de baixo e médio
níveis de Radiação”; inspeções e auditorias devem ser realizadas
periodicamente pela CNEN e autoinspeções realizadas pelo próprio
serviço de Medicina Nuclear.

CONTROLE DE QUALIDADE

O controle de qualidade é parte das Boas Práticas de Fabricação


referente à amostragem, especificações, ensaios, procedimentos
de organização, documentação e procedimentos de liberação que
asseguram que os ensaios necessários e relevantes sejam executados
e que os materiais não sejam liberados para uso, nem os produtos

GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA 41


liberados para venda ou fornecimento até que a qualidade dos mesmos
seja julgada satisfatória. O controle de qualidade não deve limitar-se
às operações laboratoriais, deve estar envolvido em todas as decisões
relacionadas à qualidade do produto.

Assim como ocorre para um medicamento não radioativo, para ser


comercializado, um radiofármaco deve passar por testes de controle
de qualidade para assegurar sua qualidade. Os radiofármacos são
classificados como um tipo de medicamento, por isso, para serem
administrados em seres humanos, também devem ser produzidos
conforme as exigências das BPFs, além de passar por vários ensaios
com o objetivo de comprovar sua qualidade.

Basicamente, o controle de qualidade envolve testes específicos


e medidas que garantam sua pureza, potencialidade, identidade,
segurança biológica e eficácia; ou seja, todos os procedimentos aplicados
aos fármacos devem ser aplicados aos radiofármacos, porém, também
devem ser realizados os testes para verificar sua pureza radionuclídica e
radioquímica. O controle de qualidade se inicia nas matérias-primas, ou
seja, do começo da produção até o produto final. No caso dos reagentes
liofilizados (kits), que são produzidos na Radiofarmácia Industrial para
serem marcados na Radiofarmácia Hospitalar com o radionuclídeo
99m
Tc, também irão requerer testes de controle de qualidade antes de
serem dispensados para administração em humanos.

Os testes de controle de qualidade se dividem em duas categorias:


testes físico-químicos e testes microbiológicos. Os testes físico-químicos
indicam o nível de pureza radionuclídica, definida como a fração total

42 GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA


de radioatividade na forma do radionuclídeo de interesse presente
no radiofármaco; de pureza radioquímica, definida como a fração
total de radioatividade na forma química desejada do radiofármaco e
determinam o pH, força iônica, osmolaridade, estado físico da amostra
(características organolépticas), particularmente se o radiofármaco
for um coloide. Os testes microbiológicos determinam a esterilidade,
apirogenicidade e toxicidade do produto.

As impurezas radionuclídicas podem provir do modo de produção


do radionuclídeo, ou seja, das reações nucleares, devido às impurezas
isotópicas do alvo ou da fissão de elementos pesados no reator. A
preparação inadequada de um gerador pode gerar impureza e um
exemplo prático é a presença do radionuclídeo 99Mo no eluato de
99m
Tc. Na produção de radionuclídeos em cíclotron, nem sempre é
possível eliminar as impurezas radionuclídicas, mesmo com o maior
enriquecimento isotópico e a mais ampla seleção de energia. Esse tipo
de impureza pode ser determinado pela medida das meias-vidas e
características da radiação emitida pelos radionuclídeos.

As impurezas radioquímicas originam-se do processo de


decomposição de um radiofármaco devido à ação de solventes,
mudança de temperatura ou pH, luz, presença de agentes oxidantes
ou redutores e radiólise. São exemplos de impureza radioquímica em
complexos marcados com 99mTc: 99mTcO4- livre e formas hidrolisadas de
99m
Tc (99mTcO2). Na prática, a técnica cromatográfica, em papel ou em
camada delgada, é a mais utilizada para determinação desse tipo de
impurezas em uma amostra.

GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA 43


FARMACOVIGILÂNCIA

Segundo a OMS, a Farmacovigilância é a ciência que acompanha o


comportamento de medicamentos comercializados, a fim de detectar,
avaliar, compreender e prevenir efeitos adversos ou quaisquer proble-
mas relacionados aos medicamentos. Dentre os conceitos relacionados
a essa ciência estão o efeito colateral e o evento adverso. O efeito co-
lateral é caracterizado pelo efeito indesejável devido à ação farmaco-
lógica principal do medicamento. Por outro lado, o evento adverso é
qualquer ocorrência médica desfavorável apresentada por um paciente
em uso de medicamento, sem relação causal obrigatória com este.

A Resolução da Diretoria Colegiada - RDC n° 406 de 22 de julho de


2020 dispõe sobre as Boas Práticas de Farmacovigilância para os de-
tentores de registro de medicamentos de uso humano e classifica os
eventos adversos como: suspeita de reações adversas a medicamentos
(RAM); eventos adversos por desvios da qualidade de medicamentos;
eventos adversos decorrentes do uso não aprovado de medicamentos;
interações medicamentosas; inefetividade terapêutica, total ou parcial;
intoxicações relacionadas a medicamentos; uso abusivo de medica-
mentos e erros de medicação potenciais e reais. Qualquer evento ad-
verso deve ser notificado ao Sistema de Notificações em Vigilância Sani-
tária da Anvisa ou para a Vigilância Sanitária Estadual ou Municipal.

As reações adversas ao radiofármacos são consideradas raras por


suas características próprias como: conter em sua composição quan-
tidades muito pequenas do princípio ativo (em nível de ng ou mcg) e
serem administrados em dose única ou doses limitadas. Porém, assim

44 GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA


como para os fármacos, os eventos adversos provindos de radiofárma-
cos também devem ser notificados conforme RDC Anvisa nº 38/2008,
que descreve que: “O serviço de Medicina Nuclear deve realizar ações
de farmacovigilância, tecnovigilância, hemovigilância e investigar qual-
quer evento adverso ocorrido no serviço, em especial se estiver relacio-
nado ao tratamento administrado por equívoco a um paciente, reações
adversas aos medicamentos, alterações neurológicas ou cardiovascu-
lares graves e reações vaso-vagais”.

GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA 45


CLASSIFICAÇÃO DA RADIOFARMÁCIA

A Radiofarmácia (Figura 13) é classificada em industrial, hospitalar e


centralizada, conforme definições a seguir:

• Radiofarmácia industrial: entidade produtora de insumos radio-


farmacêuticos em lotes para distribuição às Radiofarmácias hos-
pitalares e centralizadas, como: radionuclídeos e geradores de
radionuclídeos; reagentes liofilizados para marcação com 99mTc;
radiofármacos prontos para usos que possuem o radionuclídeo
produzido em reator ou em cíclotron;

• Radiofarmácia hospitalar: unidade responsável pela preparação


do radiofármacos que engloba a manipulação, o controle de
qualidade, o fracionamento e a dispensação de “doses” individuais
a serem administradas aos pacientes em um serviço de Medicina
Nuclear. Os insumos radiofarmacêuticos são adquiridos da
Radiofarmácia industrial;

• Radiofarmácia centralizada: unidade externa independente


de um serviço de Medicina Nuclear; ou seja, os radiofármacos
manipulados são fornecidos prontos para uso, na forma unitária
(“monodoses”) às unidades de Medicina Nuclear.

46 GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA


Figura 13 - Classificação da Radiofarmácia: Industrial; Hospitalar e
Centralizada.

Radiofarmácia industrial

Fonte: Adaptado de iStock by Getty Images.

GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA 47


Radiofarmácia hospitalar e centralizada

Fonte: Imagem cedida pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medici-


na da Universidade de São Paulo - HCFMUSP.

Em todas as vertentes da Radiofarmácia devem estar presentes um


programa de Garantia da Qualidade e de Gerenciamento de Rejeitos
Radioativos.

48 GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA


ÁREAS DE ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO
EM RADIOFARMÁCIA
O farmacêutico especialista em Radiofarmácia, também denominado
radiofarmacêutico, pode atuar em Radiofarmácia Industrial com ativida-
des relacionadas à produção de radionuclídeos provindos de cíclotron
ou reator e de moléculas marcadas em centros PET ou não e em pro-
dução de reagentes liofilizados. Na Radiofarmácia Hospitalar e Centrali-
zada, pode atuar com atividades voltadas para o preparo, manipulação,
controle de qualidade de radiofármacos que serão diretamente dispen-
sados para serem utilizados na rotina do serviço de Medicina Nuclear.
Em pesquisa, o radiofarmacêutico poderá desenvolver novos radiofár-
macos, passando pelas etapas de planejamento teórico e desenvolvi-
mento de um novo alvo, realização dos estudos pré-clínicos, construção
do dossiê para o registro do novo radiofármaco (assuntos regulatórios) e
elaboração de protocolos clínicos de radiofármacos (Figura 13).

Figura 13 - Áreas de atuação do radiofarmacêutico.

Fonte: Elaborado pelo autor.

GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA 49


As atribuições do farmacêutico na Radiofarmácia e os critérios para
atuar nessa área estão descritos em detalhes pelo Conselho Federal
de Farmácia por meio da Resolução nº 486/2008, modificada pela
Resolução nº 656/2018.

50 GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA


LEGISLAÇÃO
Anexo 2 do anexo XXVII da Portaria MS/GM nº 02, de 28 de setembro
de 2017 - Consolidação de normas sobre as políticas nacionais de saúde
do Sistema Único de Saúde.

Emenda Constitucional nº 49, de 8 de fevereiro de 2006 - Altera a


redação da alínea b e acrescenta alínea c ao inciso XXIII do caput do art. 21
e altera a redação do inciso V do caput do art. 177 da Constituição Federal
para excluir do monopólio da União a produção, a comercialização e
a utilização de radioisótopos de meia-vida curta, para usos médicos,
agrícolas e industriais.

Emenda Constitucional nº 118, de 26 de abril de 2022 - Dá nova


redação às alíneas “b” e “c” do inciso XXIII do caput do art. 21 da
Constituição Federal, para autorizar a produção, a comercialização e a
utilização de radioisótopos para pesquisa e uso médicos.

IN Anvisa nº 35, de 21 de agosto de 2019 – Dispõe sobre as Boas


Práticas de Fabricação complementares a Medicamentos Estéreis.

IN Anvisa nº 80, de 16 de dezembro de 2020 - Regulamenta a


documentação necessária para o protocolo de registro de radiofármaco.

IN Anvisa nº 81, de 16 de dezembro de 2020 - Regulamenta a lista


de radiofármacos passíveis de apresentarem dados de literatura para
comprovação da segurança e eficácia.

GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA 51


IN Anvisa nº 128, de 30 de março de 2022 - Dispõe sobre as Boas
Práticas de Fabricação complementares a Medicamentos Radiofármacos.

RDC Anvisa nº 67, de 08 de outubro de 2007 - Dispõe sobre Boas


Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso
Humano em farmácias.

RDC Anvisa nº 38, de 4 de junho de 2008 - Dispõe sobre a instalação


e o funcionamento de Serviços de Medicina Nuclear “in vivo’’.

RDC Anvisa nº 47, de 8 de setembro de 2009 - Estabelece regras para


elaboração, harmonização, atualização, publicação e disponibilização
de bulas de medicamentos para pacientes e para profissionais de saúde.

RDC Anvisa nº 40, de 1° de agosto de 2014 - Altera a Resolução da


Diretoria Colegiada n° 16, de 1º de abril de 2014, que dispõe sobre os
Critérios para Peticionamento de Autorização de Funcionamento (AFE)
e Autorização Especial (AE) de Empresas.

RDC Anvisa nº 58, de 10 de outubro de 2014 - Dispõe sobre as


medidas a serem adotadas junto à Anvisa pelos titulares de registro de
medicamentos para a intercambialidade de medicamentos similares
com o medicamento de referência.

RDC Anvisa nº 9, de 20 de fevereiro de 2015 - Dispõe sobre o


Regulamento para a realização de ensaios clínicos com medicamentos
no Brasil.

52 GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA


RDC Anvisa n° 406, de 22 de julho de 2020 - Dispõe sobre as
Boas Práticas de Farmacovigilância para Detentores de Registro de
Medicamento de uso humano, e dá outras providências.

RDC Anvisa nº 658, de 30 de março de 2022 - Dispõe sobre as


Diretrizes Gerais de Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos.

RDC Anvisa nº 738, de 28 de julho de 2022 - Dispõe sobre o registro,


notificação, importação e controle de qualidade de radiofármacos.

RDC Anvisa nº 751, de 15 de setembro de 2022 - Dispõe sobre a


classificação de risco, os regimes de notificação e de registro, e os
requisitos de rotulagem e instruções de uso de dispositivos médicos.

RDC Anvisa nº 768, de 12 de dezembro de 2022 - Estabelece as


regras para a rotulagem de medicamentos.

Resolução CFF nº 486, de 23 de setembro de 2008 - Dispõe sobre


as atribuições do farmacêutico na área de radiofarmácia e dá outras
providências.

Resolução CFF nº 656, de 24 de maio de 2018 – Dispõe nova redação


aos artigos 1º, 2º e 3º da Resolução CFF nº 486/04, estabelecendo
critérios para a atuação do farmacêutico em radiofarmácia.

Norma CNEN- NN -3.01 - Estabelece os requisitos básicos de


proteção radiológica das pessoas em relação à exposição à radiação
ionizante.

GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA 53


Norma CNEN- NE -3.02 - Estabelece os requisitos relativos à
implantação e ao funcionamento de Serviços de Radioproteção.

Norma CNEN- NN -3.05 - Dispõe sobre os requisitos de segurança e


proteção radiológica em Serviços de Medicina Nuclear in vivo.

Norma CNEN- NN -5.01 - Estabelece requisitos de segurança e


proteção radiológica para o transporte de materiais radioativos.

Norma CNEN- NN -6.01 - Regula o processo de registro de


profissionais de nível superior habilitados para o preparo, o uso e o
manuseio de fontes radioativas.

Norma CNEN- NN -6.02 - Dispõe sobre o licenciamento de


instalações radiativas que utilizam fontes seladas, fontes não-seladas,
equipamentos geradores de radiação ionizante e instalações radiativas
para produção de radioisótopos.

Norma CNEN- NN -6.05 - Gerência de Rejeitos Radioativos em


Instalações Radiativas.

Norma CNEN- NN -6.11 - Dispõe sobre os requisitos de segurança e


proteção radiológica em instalações produtoras de radioisótopos com
aceleradores cíclotrons.

Norma CNEN- NN -8.01 - Estabelece os critérios gerais e requisitos


básicos de segurança e proteção radiológica relativos à gerência de
rejeitos radioativos de baixo e médio níveis de radiação, bem como de
rejeitos radioativos de meia-vida muito curta.

54 GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE RADIOFARMÁCIA


SITES INTERESSANTES
Agência Internacional de Energia Atômica – (IAEA) -
https://www.iaea.org/

Agência de Vigilância Sanitária – (Anvisa) - http://portal.anvisa.gov.br/

Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear – (CDTM) -


http://www.cdtn.br/

Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste – (CRCN/ NE) -


https://www.gov.br/crcnne/pt-br

Comissão Nacional de Energia Nuclear – (CNEN) -


http://www.cnen.gov.br/

Farmacopeia Brasileira - Volume 1 e Volume 2 -


https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/farmacopeia/farmacopeia-brasileira

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