Cartilha Farmacia Hospitalar Versao Web
Cartilha Farmacia Hospitalar Versao Web
Cartilha Farmacia Hospitalar Versao Web
EXPEDIENTE
Publicação do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo - 2024
C766c Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo. Departamento de Apoio Técnico e Educação Perma-
nente. Grupo Técnico de Trabalho de Farmácia Hospitalar.
Farmácia Hospitalar. Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo. – São Paulo: CRF-SP, 2024.
62 p.; 20 cm. - -
ISBN 978-85-9533-051-1
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PALAVRA DA DIRETORIA
A elaboração deste material representa a concretização de um projeto idealizado pela
Diretoria do CRF-SP, com o intuito de oferecer informações sobre as várias áreas de atua-
ção do farmacêutico, em linguagem acessível e com diagramação moderna.
As Cartilhas são desenvolvidas por profissionais que atuam nas respectivas áreas abran-
gidas pelos Grupos Técnicos de Trabalho (GTT) do Conselho Regional de Farmácia do
Estado de São Paulo (CRF-SP).
Nessas Cartilhas são apresentadas:
• As áreas de atuação;
• O papel e as atribuições dos profissionais farmacêuticos que nelas atuam;
• As atividades que podem ser desenvolvidas;
• As Boas Práticas;
• O histórico da respectiva Comissão Assessora.
Cada exemplar traz relações das principais normas que regulamentam o segmento
abordado e de sites úteis para o exercício profissional. Se as Cartilhas forem colocadas
juntas, podemos dizer que temos um roteiro geral e detalhado de praticamente todo o
âmbito farmacêutico.
Por conta disso, tais publicações são ferramentas de orientação indispensável para
toda a categoria farmacêutica, tanto para aqueles que estão iniciando sua vida profissional,
como para quem decide mudar de área.
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8 GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE FARMÁCIA HOSPITALAR
SUMÁRIO
1. Introdução..................................................................................................... 10
2. Histórico....................................................................................................... 11
3. Grupo Técnico de Trabalho de Farmácia Hospitalar ��������������������������������������� 14
4. A Farmácia Hospitalar................................................................................... 16
5. O Profissional (Perfil e Atribuições) ������������������������������������������������������������� 20
5.1. Atividades Logísticas e de distribuição ���������������������������������������������� 22
5.2. Atividades de Manipulação/Produção ����������������������������������������������� 25
5.3. Atividades Focadas no Paciente �������������������������������������������������������� 30
5.4. Garantia de Qualidade ���������������������������������������������������������������������� 34
5.5. Atividades Intersetoriais �������������������������������������������������������������������� 35
6. Qualidade e Certificações ���������������������������������������������������������������������������� 41
7. Legislação - Farmácia Hospitalar ������������������������������������������������������������������ 46
7.1. Leis..................................................................................................... 46
7.2. Portarias............................................................................................. 46
7.3. Resoluções......................................................................................... 47
8. Sugestões de leitura...................................................................................... 53
Referências bibliográficas.................................................................................. 56
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1. INTRODUÇÃO
A atividade farmacêutica em um serviço de farmácia hospitalar requer co-
nhecimentos que compreendem vasta gama de conceitos, além de habilidades
adquiridas por meio de experiências vividas na rotina de um serviço de saúde.
O medicamento deixa de ser a figura central na prestação do cuidado, sendo
substituído pela segurança do paciente. Todas as atividades desenvolvidas pela
farmácia hospitalar, desde a infraestrutura (técnica e operacional), modelos de
gestão, serviços clínicos e logísticos, dentre outros, buscam oferecer a melhor
prestação do serviço, assegurando justamente a segurança do paciente.
A profissão farmacêutica pode ser considerada uma das mais antigas e fasci-
nantes, tendo como princípio fundamental a melhoria da qualidade de vida da
população. O farmacêutico deve nortear-se pela ética ao se apresentar como
essencial para a sociedade, pois é a garantia do fornecimento de toda informa-
ção voltada ao uso dos medicamentos.
Nos Estados Unidos, o período entre 1920 e 1940 foi marcado por um iní-
cio de reorganização em que ocorreu principalmente o estabelecimento de pa-
drões para a prática farmacêutica.
Neste contexto surgiu nos EUA a farmácia clínica, ramo da farmácia hospi-
talar que tem como meta principal o uso racional dos medicamentos. O farma-
cêutico, além de suas atribuições relacionadas aos medicamentos, passa a ter
atividades clínicas voltadas para o paciente (ANTUNES, 2008).
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Em 1950, no Brasil, os serviços de farmácia hospitalar representados pelas
Santas Casas de Misericórdia e hospitais-escola passaram a se desenvolver e a
se modernizar. O farmacêutico Dr. José Sylvio Cimino, diretor do Serviço de
Farmácia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo, destacou-se muito nesta fase, sendo, inclusive, autor da primeira
publicação a respeito da farmácia hospitalar no país, já em 1973, intitulada “Ini-
ciação à Farmácia Hospitalar”. Somente em 1979 foi criado o primeiro serviço
de farmácia clínica brasileiro, no Hospital das Clínicas do Rio Grande do Norte,
hoje Hospital Universitário Onofre Lopes (DANTAS, 2011).
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3. GRUPO TÉCNICO DE TRABALHO DE FARMÁCIA
HOSPITALAR
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4. A FARMÁCIA HOSPITALAR
De acordo com o Conselho Federal de Farmácia (CFF), farmácia hospitalar
e outros serviços de saúde definem-se como “unidade clínica, administrativa
e econômica, dirigida por farmacêutico, ligada hierarquicamente à direção
do hospital ou serviço de saúde e integrada funcionalmente com as demais
unidades administrativas e de assistência ao paciente”.
Assistência Farmacêutica
Farmácia Hospitalar
Logística Manipulação
Farmacêutica
Garantia de
Qualidade
Atenção Farmácia
Farmacêutica Clínica
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A fim de estabelecer alguns parâmetros para as atividades hospitalares, a Socie-
dade Brasileira de Farmácia Hospitalar (SBRAFH) publicou o material “Os Padrões
Mínimos Para A Farmácia Hospitalar e Serviços De Saúde”.
Além disso, a farmácia hospitalar deve buscar estratégias eficientes para se-
gurança de seus pacientes/clientes e colaboradores, e horário de funcionamento
atendendo a Lei Federal nº 13.021/2014.
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5. O PROFISSIONAL (PERFIL E ATRIBUIÇÕES)
Em 1997, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um documento
denominado The role of the pharmacist in the health care system (“O papel do
farmacêutico no sistema de atenção à saúde”) em que se destacaram sete qualida-
des que o farmacêutico deve apresentar:
Atividades
Logísticas e de
Distribuição
Atividades de
Garantia de Manipulação/
Qualidade Farmacêutico Produção
Hospitalar
Atividades Atividades
Intersetoriais Focadas no
Paciente
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5.1. ATIVIDADES LOGÍSTICAS E DE DISTRIBUIÇÃO
A gestão dos materiais, medicamentos, produtos para a saúde e demais itens
estocáveis, compreende um ciclo contínuo de operações correlatas e interde-
pendentes.
I - Dispensação
A dispensação é a principal atividade logística da farmácia hospitalar, sendo
definida como o ato profissional farmacêutico de proporcionar um ou mais me-
dicamentos a um paciente, geralmente como resposta à apresentação de uma
receita elaborada por um profissional autorizado (BRASIL, 2001). A dispensação
deve ser realizada nas quantidades e especificações solicitadas, de forma segura
e no prazo requerido, promovendo o uso adequado e correto de medicamen-
tos e produtos para a saúde.
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leva a um aumento das necessidades de recursos humanos e estruturais
da farmácia hospitalar, incremento das atividades da farmácia e incor-
poração de novas tecnologias. Os estoques das unidades assistenciais
são mínimos, há uma otimização das devoluções à farmácia, equipe de
enfermagem disponível para cuidados ao paciente, maior integração do
farmacêutico com a equipe multidisciplinar, aprimorando a qualidade
assistencial.
III - Farmacoeconomia
Análise e comparação de custos e consequências das terapias medicamentosas
aos pacientes, sistemas de saúde e sociedade, com o objetivo de identificar produ-
tos e serviços farmacêuticos cujas características possam conciliar as necessidades
terapêuticas com as possibilidades de custeio. Propõe o trabalho integrado nas
áreas clínica e administrativa.
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parâmetros relevantes, como temperatura, umidade e pressão, são moni-
torados conforme necessário.
Manipulação de medicamentos
GRUPO a partir de insumos/matérias Regulamento
I primas, inclusive de origem Técnico e Anexo I
vegetal.
Manipulação de antibióticos,
GRUPO hormônios, citostáticos e Regulamento Técnico
III substâncias sujeitas a controle e Anexos I e III
especial.
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Dentro do cenário de manipulação, contamos com mais duas grandes
oportunidades de atuação do farmacêutico, a radiofarmácia e a nutrição
parenteral, além da avaliação técnica da prescrição, uma etapa essencial,
que se antecede ao do preparo.
II - Manipulação de radiofármacos
A radiofarmácia é o ramo da ciência farmacêutica que se ocupa da pesquisa
e desenvolvimento, produção e manipulação, controle de qualidade, garantia
da qualidade e demais aspectos relacionados aos radiofármacos utilizados em
medicina nuclear.
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5.3. ATIVIDADES FOCADAS NO PACIENTE
Dentre as atividades focadas no paciente temos:
I - Farmácia Clínica
Segundo o Comitê de Farmácia Clínica da Associação Americana de
Farmacêuticos Hospitalares (OMS, 1994), esta área pode ser definida como:
II - Atenção Farmacêutica
Segundo o Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica (BRASIL, 2002), a
Atenção Farmacêutica pode ser definida da seguinte forma:
IV - Telefarmácia
Entende-se a Telefarmácia como o exercício da Farmácia Clínica mediado
por tecnologia da informação e de comunicação, de forma remota, em tempo
real, para fins de promoção, proteção, monitoramento, recuperação da saúde,
prevenção de doenças e de outros problemas de saúde, bem como para a reso-
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lução de problemas da farmacoterapia, para o uso racional de medicamentos e
de outras tecnologias em saúde.
V - Erros de Medicação
O erro de medicação é qualquer erro em qualquer dos processos do sistema
de utilização de medicamentos. Pode assumir dimensões clinicamente significa-
tivas e impor custos relevantes ao sistema de saúde.
A maior parte dos danos são falhas evitáveis e oriundas da maneira como o
cuidado é organizado e coordenado. Uma cultura organizacional que evita focar
e enfatizar a culpa quando os erros são cometidos, torna-se um ambiente mais
propício para gerar cuidados mais seguros (OPAS/OMS, 2021).
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Essa variabilidade na garantia da qualidade é aceitável, pois constitui o pri-
meiro passo para ajudar as instituições com baixo desempenho a enfrentar seus
desafios e identificar oportunidades de melhoria em cinco domínios que carac-
terizam organizações de saúde com dificuldades na gestão de seus processos,
como:
II - Farmacovigilância
A Farmacovigilância é a ciência das atividades relativas à detecção, avaliação,
compreensão e prevenção de efeitos adversos ou quaisquer outros possíveis
problemas relacionados a medicamentos. Para execução das ações de farma-
covigilância, faz-se necessária a coleta de informações junto aos profissionais
diretamente envolvidos com o medicamento no ambiente hospitalar.
III - Tecnovigilância
Trata-se do acompanhamento do uso de produtos para saúde e equipamen-
tos médico-hospitalares quanto a sua eficácia, adequação, uso e segurança.
IV - Hemovigilância
A Hemovigilância está inserida nas áreas estratégicas de atuação da Anvisa e
do Ministério da Saúde, pois envolve risco sanitário com a ocorrência potencial
de incidentes transfusionais. A Portaria MS/GM nº 721/1989 estabelece normas
técnicas em hemoterapia para a realização da coleta, processamento e transfu-
são de sangue, componentes e hemoderivados.
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V - Centro de Informações de Medicamentos (CIM)
Tem como função essencial a seleção e sistematização de informações atuali-
zadas sobre medicamentos, de maneira a responder a demandas dos membros
da equipe de saúde e da comunidade, visando promover o uso racional.
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Monitorar as prescrições de antimicrobianos;
Auxiliar no controle de custos;
Elaborar relatórios de consumo.
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de manejo dos resíduos. Além disso, o PGRSS deve ser compatível com as
normas locais relativas à coleta, transporte e disposição final dos resíduos
gerados nos serviços de saúde, estabelecidas pelos órgãos locais responsá-
veis por tais etapas.
É possível que algum dos leitores deste material não concorde com a definição
acima citada, mas é exatamente este o motivo pelo qual é tão difícil discutir sobre
a qualidade, pois apesar de ser perceptível, defini-la é complexo. Para desenvol-
ver a qualidade, deve-se dispor de ferramentas que atendam suas necessidades,
além do engajamento de todos após a compreensão da definição que melhor
reproduza a circunstância envolvida. Estrategicamente, os conceitos de gestão da
qualidade já provaram ser uma alternativa viável e recomendável para o desen-
volvimento e crescimento organizacional, a redução de desperdícios, o aumento
da satisfação dos colaboradores, uma maior estabilidade dos processos e, conse-
quentemente, o aumento de competitividade. (Oliveira, O. J. ,2020)
Apesar do Brasil ainda não ter a qualidade dos serviços hospitalares como
uma política pública, os resultados até então atingidos pelas poucas instituições
com um sistema de gestão da qualidade maduro permitem considerar que é
possível implementar um modelo de mensuração de cuidados em saúde baseado
em valor. Vislumbrar mais qualidade e segurança ao paciente, com o uso racional
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dos recursos disponíveis, trazendo sinergia entre as áreas assistenciais, adminis-
trativas e financeiras, permite gerar informações úteis para a gestão da saúde
(Kinukawa, A. S., 2019).
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ISO – a ISO 7101 é o primeiro padrão de consenso internacional para
gestão da qualidade em saúde, definindo requisitos para uma abordagem
sistemática de sistemas de saúde sustentáveis e de alta qualidade, pois as
organizações de saúde em todo o mundo têm enfrentado ameaças como a
diminuição dos recursos financeiros, a escassez de mão-de-obra, o aumen-
to do número de pessoas que necessitam de cuidados em resultado do
envelhecimento da população, o aumento das taxas de doenças crônicas, a
falta de dados para tomar decisões com ausência de uma governança clara
do sistema de saúde.
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7. LEGISLAÇÃO - FARMÁCIA HOSPITALAR
7.1. LEIS
Lei nº 5.991/1973 – Dispõe sobre o controle sanitário do comércio de drogas,
medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, e dá outras providências;
7.2. PORTARIAS
Portaria GM/MS nº 721/1989 – Aprova Normas Técnicas em Hemoterapia para
a Coleta, Processamento e Transfusão de Sangue, Componentes e Derivados;
7.3. RESOLUÇÕES
RDC Anvisa nº 48/2000 - Aprova o roteiro de inspeção do programa de con-
trole de infecção hospitalar;
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RDC Anvisa nº 220/2004 – Aprova o Regulamento Técnico de funcionamento
dos Serviços de Terapia Antineoplásica;
RDC Anvisa nº 21/2009 – Altera o item 2.7, do Anexo III, da Resolução RDC nº
67, de 8 de outubro de 2007;
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Resolução CFF nº 470/2008 – Regula as atividades do farmacêutico em gases e
misturas de uso terapêutico e para fins de diagnóstico;
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processamento de produtos para saúde;
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JULIANI, R. G. M.; RETTO, M. P. F. Organização e funcionamento de farmácia
hospitalar. São Paulo: Érica, 2014;
55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANAHAP. Desafios de Qualidade em Saúde no Brasil 2022: Os elementos
fundamentais para medir a qualidade das instituições hospitalares. São Pau-
lo: ANAHP, 2022 Disponível em: https://www.anahp.com.br/pdf/manual-
-desafios-qualidade-em-saude-no-brasil.pdf. Acesso em: 07 jun. 2023.
SBFH. Padrões mínimos para farmácia hospitalar. São Paulo, 2017. Dispo-
nível em: https://www.sbrafh.org.br/site/public/docs/padroes.pdf. Acesso
em: 23 jan. 2024.
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KINUKAWA, Antonio Shenjiro. Medição de valor na saúde: uma análise
sobre a implementação do modelo de mensuração de cuidados em saú-
de baseado em valor no Brasil. Dissertação (mestrado profissional MPGC)
– Fundação Getulio Vargas, Escola de Administração de Empresas de São
Paulo, 2019.
SEDE
Rua Capote Valente, 487 – Jd. América
São Paulo – SP
CEP 05409-001
Tel.: (11) 3067.1450
SECCIONAIS
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Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo
Sede: Rua Capote Valente, 487 - Jardim América - São Paulo-SP - CEP 05409-001
Fone 11 3067.1450 – www.crfsp.org.br