A Vida Da Mente Sistemas de Funcionamento
A Vida Da Mente Sistemas de Funcionamento
A Vida Da Mente Sistemas de Funcionamento
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https://doi.org/10.18012/arf.v9i1.61289
Recebido: 30/11/2021 | Aceito: 30/03/2022
Licença: Creative Commons 4.0 International (CC BY 4.0)
RESUMO: O artigo apresenta uma abordagem ABSTRACT: The article presents a philosophical
filosófica sobre ‘a Vida da Mente’ e tem como approach about ‘the Life of the Mind’ and has
principal objectivo de descrever o percurso e o as main objective of describing the course and
ciclo de Vida da Mente, para tal recorreuse a the cycle of Life of the Mind, for such the
pesquisa bibliográfica e a reflexões pessoais. O bibliographical research and the personal
estudo permitiu compreender que, a Mente reflections was appealed. The study allowed to
constitui a segunda entidade do Organismo understand that, the Mind constitutes the second
Humano que emerge do Esp rito para o servir, entity of the Human Organism that emerges of
no princ pio a Mente encontrase ligada ao the Spirit to serve him, in the beginning the
Esp rito e contempla o mundo com alegria, mas Mind is linked to the Spirit and it contemplates
pelo desejo desligase do Esp rito passando a the world with happiness, but because of the
experimentar o bem e o mal e a preocuparse desire the Mind lose the connection with the
com a sua própria existência separada do Spirit starting to try the good and the badly and
Esp rito o que culmina com um medo que a faz getting worry with her own existence far of the
voltar a se ligar e a se dissolver completamente Spirit that culminates with a fear that makes the
no Esp rito onde finalmente encontra a Mind to return the link and being dissolved
verdadeira felicidade. completely in the Spirit where finally she finds
PALAVRASCHAVE: Esp rito; Mente; Corpo; the true happiness.
Funcionamento do Encéfalo; Meditação KEYWORDS: Spirit; Mind; Body; Operation of
the encephalon; Meditation
INTRODUÇÃO
Organismos e ao Planeta Terra no geral. Ela pode ser abordada sob o olhar de diferentes
áreas de conhecimento, como a psicologia, a neurologia, a filosofia, a religião e a
espiritualidade; Neste texto, a Mente é abordada no âmbito filosófico e da
espiritualidade, na medida em que, foram efectuadas reflexões acuradas sobre a Mente
com base na análise de obras literárias, resultantes essencialmente de Wu Hsin,
128 Bhagavan Sri Ramana Maharshi e a B blia Sagrada, bem como nas experiências
pessoais durante as meditações profundas.
Assim, este texto apresenta respostas filosóficas de questões fundamentais sobre
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por estar em desarmonia com o Esp rito, por isso este aproveita momentos de sono
profundo, quando a Mente está completamente integrada nele, para construir e regenerar
o Corpo. Num súbito perigo real o Esp rito integra automaticamente em si a Mente
separada e age logo, depois a Mente emerge e exclama, ‘Afinal Deus existe!’. Nesse
caso, o Esp rito preservou o Organismo sozinho, mas se a Mente estivesse ligada
agiriam juntos e não exclamaria por conhecer e ser fiel ao Esp rito que a originou e no 129
qual vive e descansa. A Mente deve ficar ligada ao Esp rito e confiar só nele, tal como
diz o próprio Esp rito, “ […] não tema, pois estou com você; […] o fortalecerei […]; Eu
não iluminadas imperfeitas constituem a maioria, nelas a Mente está separada do seu
Esp rito, o que as possibilita sentir o sofrimento e não perceber de que a sua essência é
Espiritual, elas não entendem as verdadeiras causas e soluções do sofrimento no mundo,
preocupamse com a satisfação dos desejos do Corpo, a satisfação do orgulho e a
demonstração da sua capacidade de dominar os outros.
130 O Esp rito pode ser encontrado no Estágio Passivo, Revelado ou Activo. O
Estágio Passivo é aquele no qual a Mente gere o Corpo seguindo apenas informações de
fontes diferentes do Esp rito, corresponde ao estado mental de pensamento, em que a
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Mente desconhece perfeitamente o Esp rito considerandoo como ser de outro mundo,
nesse Estágio predomina o uso da força, a preocupação para a satisfação dos desejos, o
medo da morte, o ódio, os conflitos, as acções de autodestruição e de destruição do
próximo e do ambiente. Fazem parte desse estágio a maioria das pessoas do mundo em
que vivemos.
O Estágio Revelado é aquele no qual a Mente gere o Corpo seguindo algumas
informações do Esp rito, corresponde ao estado mental de percepção, em que o Esp rito
começa a se revelar para a Mente, que passa a ter noção de Esp rito e a reconhecer a sua
existência no Organismo, nesse Estágio predomina o dom nio dos desejos, o abandono
do interesse pelas coisas do mundo e a prática sistemática da meditação, começam a
surgir e a prevalecer os sentimentos e as acções de amor, compaixão, e vontade de fazer
qualquer coisa para ajudar a humanidade a compreender a verdade e a livrarse do
sofrimento. Nesse Estágio temos exemplos de pessoas iluminadas, como João Batista
(Jo. 1, 8) e Sidarta Gautama (ALENCAR; MOREIRA, 1999).
O Estágio Activo é aquele no qual a Mente gere o Corpo seguindo apenas
informações do Esp rito, equivale ao estado mental de silêncio, em que a Mente conhece
perfeitamente o Esp rito e o serve de forma plena, nesse Estágio predomina o usufruto
da imortalidade, o puro amor e o uso do poder divino, podendo curar ou ressuscitar os
outros usando simples palavras como ‘levantese’, tal como relata a B blia, “disse ao
paral tico – eu lhe digo: Levantese, […] Ele se levantou, pegou a maca e saiu à vista de
todos” (Mc. 2, 1012) e “ […] sabiam que ela estava morta. Mas ele a tomou pela mão e
disse: "Menina, levantese! " O esp rito dela voltou, e ela se levantou
imediatamente” (Lc. 8, 5355). Nesse Estágio o exemplo é Jesus Cristo.
Em segunda posição encontrase a Mente, que emerge do Esp rito. A Mente serve
como base para a construção do Corpo, assim, a qualidade da Mente determina a
qualidade do Corpo. O plano original de construção do Corpo criado pelo Espírito é
inicialmente implementado numa Mente pura, mas na medida em que ela vai sendo
influenciada por informações diferentes do Esp rito, a originalidade do plano de
construção do Corpo vai se perdendo de vida em vida até que se proceda o retorno à
originalidade ou perfeição, conforme recomenda a B blia, “Portanto, sejam perfeitos
como perfeito é o Pai celestial de vocês” (Mt. 5, 48). Nesse caso, o Pai celestial é o
Supremo Criador do Cosmos que originou o Esp rito ou o Ser Humano, por isso,
quando se alcança o Estágio máximo de evolução humana passase a ter capacidades
semelhantes com as do Pai celestial. Os verdadeiros filhos do Pai celestial são aqueles
que andam no Esp rito, amam a todos e respeitam o livre arb trio dos outros, vivem na
plena fé e graça divina, tem o dom nio dos seus desejos e não fazem parte do mundo.
A Mente serve também como gestora do Corpo, podendo gerir o Corpo segundo
ordens do Esp rito ou ordens externas ao Organismo. Um dos exemplos mais notórios
no qual a Mente funciona como gestora do Corpo é quando ela informa ao Corpo de que
há perigo e este, por sua vez, mobilizase para a protecção, defesa ou fuga; Por outro
lado, quando a Mente informa ao Corpo de que o perigo já passou e não há mais
nenhum problema, o Corpo entra em relaxamento e tranquilizase. Quando os avisos de
A Vida da Mente: sistemas de funcionamento do encéfalo, meditação
perigo que a Mente transmite ao Corpo forem frequentes, acabam causando a s ndrome
de pânico e o definhamento do Corpo.
Em terceira posição está o Corpo, que serve de instrumento de manifestação do
Espírito através da Mente. Cabe ao Corpo cumprir obrigatoriamente as ordens da
Mente, não importa se são ordens boas ou ruins, quando as ordens ou informações
frequentes forem de paz e amor, então o Corpo enchese de felicidade e vitalidade, 131
todavia se as informações forem de conflito e ódio, o Corpo enchese de infelicidade e
mortalidade.
A Mente, na sua função de gerir o Corpo, deve fazer funcionar essas três regiões
de forma equitativa para que não haja desequil brios no Organismo, por exemplo,
pensamento sem acção nem atenção acaba causando estresse, acção sem reflexão nem
atenção acaba causando desordens de crescimento e de inteligência, por outro lado,
atenção sem reflexão nem acção acaba causando torpor e agnosia; Mas se existir um
132 dano no substrato da Mente, esta pode não conseguir tratar adequadamente as
informações, tanto externas como internas ao Organismo.
As informações do dono do Corpo, que é o Esp rito, sempre são verdadeiras e
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construtivas e, embora possam ser percebidas de forma escassa e intuitiva por uma
Mente em estado de percepção, não são percebidas por uma Mente em estado de
pensamento; Apenas uma Mente em estado de silêncio pode perceber plenamente as
informações do Esp rito. Contudo, as informações externas ao Organismo podem ser
verdadeiras ou destrutivas, por exemplo, a Mente pode receber do exterior a informação
de que ‘fumar cigarro e beber álcool é relaxante’ ou ‘boxe é um desporto para pessoas
valentes’, essas informações são destrutivas, porque o cigarro e o álcool causam
problemas sérios no Organismo e boxe causa hematomas e sequelas no Corpo, essas não
são acções de amor a si mesmo nem amor ao próximo, uma pessoa com consciência de
amor a si mesmo e ao próximo jamais praticaria esse tipo de acções.
A pessoa que pratica as más acções não se ama a si mesma, e não sabe disso, ou
seja, essa pessoa não sabe de que não si ama a si mesma, pois uma pessoa que si ama a
si mesma é incapaz de fazer mal a si e ao seu próximo, por isso, Jesus Cristo curou
automaticamente a orelha do soldado que ia prendêlo cortada pelo seu apóstolo, como
conta a B blia, “ […] um deles feriu o servo do sumo sacerdote, decepandolhe a orelha
direita. Jesus, porém, respondeu: "Basta! " E tocando na orelha do homem, ele o
curou” (Lc. 22, 4951). Entretanto, o Corpo obedece qualquer informação da Mente;
Mas, se a Mente estiver minimamente ligada ao Esp rito ela será observada pelo Esp rito
e a informação será reconhecida, se for informação destrutiva será descartada e se for
informação construtiva pode ser executada pelo Corpo caso haja necessidade.
As más acções devem ser perdoadas porque as Mentes originamse do mesmo
Esp rito cuja natureza é o perdão e ofendemse por ignorância. A Mente separada ou
ignorante ofende e não consegue perdoar por não saber que o Esp rito Humano é um só
para todas Mentes, de tal modo que odiando ou amando o próximo está se odiando ou
amando a si mesmo. A Mente ligada sente compaixão e perdoa facilmente por saber que
todos somos um embora com traços Mentais diferentes. Enquanto, a Mente fundida é o
próprio perdão e não sente nenhuma ofensa mas tranquiliza, cura e cicatriza os danos
causados pela Mente ignorante, segundo a B blia, “tocou em seu manto, […]
Imediatamente cessou sua hemorragia […] fé a curou! […]” (Mc. 5, 2734); Uma Mente
fundida participa na construção do Corpo por estar em harmonia com o Esp rito e a
construção ocorre também em momentos acordados ou atentos.
A sequência correcta do funcionamento do Encéfalo é: Sistema L mbico –
Cérebro – Cerebelo ou seja, Atenção – Reflexão – Acção. Porém, há muitas pessoas cujo
funcionamento do seu Encéfalo limitase à sequência: Cérebro – Cerebelo. Essas
pessoas não tem o hábito de prestar atenção e reflectir antes de agir, vivem apenas no
ciclo de Pensamento – Acção, neste caso, a Mente faz funcionar apenas o Cérebro e o
Cerebelo tornando o Sistema L mbico cada vez mais inactivo e disfuncional, o que, caso
não seja corrigido nesta vida, será transferido para a vida posterior da pessoa até que ela
empreenda mecanismos que tornem o funcionamento do Encéfalo correcto e
equilibrado.
Outrossim, o desenvolvimento integral de uma pessoa implica o funcionamento
equilibrado dessas três regiões do Encéfalo, na medida em que, o Sistema Límbico
A Vida da Mente: sistemas de funcionamento do encéfalo, meditação
134
3.O CONCEITO E A TRANSFORMAÇÃO DA MENTE
A Mente1 é a parte subtil do Organismo que emerge do Esp rito para construção e
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gestão do Corpo segundo informações do Esp rito e de fontes diferentes do Esp rito. Ela,
consciousness, é a consciência variável, significa ‘com conhecimento’, sendo ‘com
conhecimento da Aparência’ quando separada do Esp rito ou ‘com conhecimento da
Verdade’ quando ligada, mas quando dissolvida ela é a Verdade; A Mente é pensamento
ou a percepção, que pode ser irreal ou real. O Esp rito, awareness, é a consciência
invariável, significa o ‘Ser’, a Verdade, o ‘Estar Vivo’, ele é o alfa e o ômega, o que
existe antes e depois da Mente, conforme Wu Hsin, “A consciência é a condição anterior
para toda a percepção” (ANÓNIMO, 2018, p. 33).
As informações do Esp rito são de carácter energético puro, dócil, edificante,
vitalizante e regenerativo. As informações que a Mente recebe de fontes diferentes do
Esp rito podem ser de origem interna e externa ao Organismo, as de origem interna
encontramse impl citas na matériaprima que se utiliza na construção do Corpo e
geralmente são de ndole qu mico, enquanto as de origem externa encontramse no
ambiente em que o Organismo está inserido e podem ser de diversos tipos tais como
qu mico, f sico ou táctil, sonoro, visual, térmico e luminoso. Quando o Organismo se
encontra em construção ou formação no ventre da Mãe, as informações são mormente
do Esp rito e de ndole qu mico, pois neste momento procurase cumprir com o plano de
construção do Corpo, que pode variar de nascimento para nascimento, por exemplo, se
em um nascimento o Esp rito criou o plano de construção de um Corpo masculino,
depois da morte deste Corpo masculino, para outro nascimento o Esp rito pode criar o
plano de construção de um Corpo feminino; Porém, a situação em que a Mente se
encontra e os outros factores derivados de fontes diferentes do Esp rito podem afectar o
processo de construção do Corpo e determinar o género, bem como o destino do
Organismo.
O que o Esp rito procura fazer é experienciar uma diversidade de situações por
meio da Mente e do Corpo, mas o que o Esp rito reforma quando está fora de um Corpo
f sico é o plano de construção do Corpo e as principais experiências que irá passar. A
Mente, por sua vez, deve reformarse ainda num Corpo f sico vivo, porque a sua
reforma deve ser voluntária e consciente no sentido de finalmente ela estar repleta de
sabedoria e paz real. Aquando da morte do Corpo f sico a Mente integrase no seu
Esp rito e com ele abandonam o Corpo, e em caso de haver uma ressurreição dentro de
alguns dias o Esp rito juntamente com aquela mesma Mente voltam a entrar no Corpo e
restabelecem o funcionamento do Corpo, segundo a descrição da B blia, “ […] sabiam
que ela estava morta. Mas ele a tomou pela mão e disse: "Menina, levantese! " O
esp rito dela voltou, e ela se levantou imediatamente” (Lc. 8, 5355).
A partir do momento em que o Organismo é nascido, a Mente passa a ser
influenciada tanto por informações do Esp rito como por informações de fonte externa
ao Organismo que pode ser natural ou artificial. Na situação em que a Mente é
influenciada apenas por informações do Esp rito, ela é considerada pura ou mesmo não
Mente e encontrase em estado de Silêncio dissolvida no Esp rito. Mas, quando o
Organismo nasce com defeitos é sinal de que ou a Mente já estava impura devido às
A Vida da Mente: sistemas de funcionamento do encéfalo, meditação
influências que recebeu nas vidas anteriores a esta ou o Organismo foi sendo afectado
por certos factores durante a sua formação no ventre da Mãe.
Uma Mente impura integrada, mas não dissolvida, no seu Esp rito após a morte
do Corpo acaba fazendo com que o Esp rito seja também considerado de impuro,
naqueles que são designados de Esp ritos impuros ou maus, quando na verdade um
Esp rito nunca é impuro, assim como uma luz nunca é escuridão, ele sempre é 135
imaculado ou santo e puro Cocriador, apenas a Mente se torna impura ao ser
influenciada por informações diferentes do seu Esp rito, por isso, é a Mente que
Assim sendo, por exemplo, quando as pessoas dizem, ‘Que a sua alma descanse
em paz no esplendor da luz perpétua’, estão se referindo a integração da Mente no seu
Esp rito aquando da morte do Corpo, porque o Esp rito é luz, neste caso, a Mente
descansa mas se ela é impura não vai se purificar durante a integração, o mesmo
acontece no momento em que uma pessoa está a dormir num sono sem sonho, no qual a
sua Mente descansa mas acaba acordando com a mesma Mente, desse modo, essa
integração não significa dissolução da Mente no seu Esp rito, pois, a Mente integrada
ainda está separada, apenas a Mente dissolvida é que se torna um com o seu Esp rito.
Por conseguinte, a integração da Mente no Esp rito é diferente da dissolução da Mente
no Esp rito, na integração a Mente por ser impura não se funde no Esp rito e não se
torna um com ele, enquanto na dissolução a Mente passa a ser pura pela influência
evidente e gradual do Esp rito até que se funde completamente no Esp rito tornandose
um com ele.
A integração é um processo inconsciente, rápido e directo que geralmente se
verifica quando o Corpo dorme ou morre; Num Corpo dormindo a Mente está ausente e
o Esp rito está presente pois vêse apenas suas acções como as respiratórias e do
coração, num Corpo morto a Mente e o Esp rito estão ausentes. Por outro lado, a
dissolução é um processo voluntário, lento e indirecto porque implica acções
conscientes na pessoa, tais como a renúncia ao mundo e a prática da meditação, ela
permite que a Mente nasça de novo no mesmo Corpo em que ainda se encontra.
Portanto, uma Mente impura só pode se purificar quando passar a ser dominada ou
ungida pelo Espírito ainda num Corpo f sico vivo, assim como se recomenda na B blia,
que se deve revestir da mentalidade do Esp rito – Cristo, “revistamse de…compaixão,
bondade, […]” (Cl. 3, 12), “A mentalidade da carne é morte, mas a mentalidade do
Esp rito é vida e paz”(Rm. 8, 6). Na mentalidade da carne a Mente se identifica com o
Corpo – carne – mundo, na do Esp rito com o Esp rito. Jesus destacouse por ter a sua
Mente dissolvida no seu Esp rito, por isso, quando disse que, “Eu e o Pai somos
um” (Jo. 10, 30), ele revelou que a sua Meditação consistia em atenção na sensação da
sua unidade com o Esp rito Cósmico.
4.ESTADOS DA MENTE
A Mente pode ser encontrada no estado de silêncio, de percepção ou de
pensamento.
4.1.Estado de Silêncio
É o estado original da Mente, quando ela está em casa, isto é, fundida no Esp rito
ou na Consciência Pura. Isso assemelhase a uma porção de água antes de emergir,
quando se encontra na imensidão do oceano. Nesse estado não há mundo nem há tempo,
não há coisas nem situações, não há presente, passado, nem futuro; Não há o querer, o
A Vida da Mente: sistemas de funcionamento do encéfalo, meditação
fazer, nem o ter; Só há o Ser, que pode se tornar o favorável ou o desfavorável. Tratase
de um estado perfeito, o Estado de Silêncio Acabado (ESA), existente nas pessoas
iluminadas perfeitas cujo Esp rito está no Estágio Activo, em que há paz com capacidade
de manifestação do poder divino. Constitui um estado em que a Mente é o Esp rito, pois,
em analogia com a porção de água ajuntada no oceano, ela se torna o próprio oceano na
medida em que se vê apenas o oceano. Nesse estado a pessoa é a luz que ilumina as 137
outras pessoas, é a luz do mundo, de acordo com a B blia, “Eu sou a luz do mundo.
Quem me segue, nunca andará em trevas, […]” (Jo. 8, 12).
4.3.Estado de Pensamento
É o estado em que a Mente está separada do Esp rito. Isso assemelhase a porção
de água em forma de coluna quando está totalmente solta e separada do oceano, neste
caso, a coluna de água já não se encontra ligada ao oceano e, consequentemente, está
por sua conta, já não pode perceber nem compreender o oceano. Nesse estado há o
mundo artificial, o tempo passado e futuro, há o querer, o fazer e o ter interessado. Trata
se de um estado em que o Ser se tornou o desfavorável, um estado imperfeito e de
preocupação com o bemestar na vida. Constitui um estado em que a Mente,
extremamente distante, não está ligada ao Esp rito e a pessoa é considerada como sendo
ignorante, como estando na escuridão, segundo a B blia, “os homens amaram as trevas,
e não a luz, porque as suas obras eram más” (Jo. 3, 19).
coisa que necessitar. O Esp rito vê a si mesmo e ao mundo através da sua criação, isto é,
vê através da sua Mente que, por sua vez, utiliza os órgãos de sentido do seu Corpo.
Deste modo, a Mente deve estar ligada ao Esp rito, caso contrário, já não servirá como
olho do Esp rito, mas como escrava dos desejos do Corpo.
139
7.A VELHICE DA MENTE
no momento em que o Corpo adormece ou morre, por isso Jesus Cristo disse, “ […] se
alguém guardar a minha palavra, jamais verá a morte” (Jo. 8, 51).
Não ver a morte significa estar realmente vivo ou ter vida eterna. Estar vivo é
estar em plena percepção de realidades internas e externas do Organismo exactamente
no momento de suas ocorrências e estar eternamente vivo é estar permanentemente em
140 plena percepção de realidades no momento de suas ocorrências. Assim, uma pessoa com
a Mente separada do seu Esp rito é considerada morta, porque não consegue perceber a
verdade, tal como Jesus Cristo considerou ao dizer, “deixe que os mortos sepultem os
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seus próprios mortos” (Mt. 8, 22). Pessoas com a Mente separada do Esp rito pensam
que estão vivas, mas na verdade estão mortas, pois, estar apartado do Esp rito é estar em
pecado e estar em pecado é estar morto, segundo a B blia, “não coma da árvore do
conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você
morrerá" (Gn. 2, 17), “[…] meu filho estava morto e voltou à vida (Lc. 15, 24) e “Vocês
estavam mortos em suas transgressões e pecados” (Ef. 2, 1). A Mente é livre de escolher
estar ligada ou separada do Esp rito, mas não escapa da consequência de sua escolha.
Então, a Mente separada do Espírito, que pensa estar viva e não percebe que está
morta, precisa morrer dissolvendose no Espírito para renascer e ter vida real, conforme
Jesus, “É necessário que vocês nasçam de novo. […] do Esp rito” (Jo. 3, 78).
chuva, eu sou estagnado, eu sou limpo, eu sou sujo, eu sou corrente, até voltar a se
ajuntar novamente no oceano e ser um com ele.
A Mente perde a sua identidade original ao se afastar e desligar do Esp rito
passando a assumir diversas formas consoante a situação da vida em que se encontra, ela
cai na ignorância e no orgulho, causando muitos conflitos entre as pessoas, assim, torna
se essencial compreender esse facto para tomar a atitude de parar de se identificar com 141
situações da vida.
adoradores que o Pai procura. Deus é esp rito […]” (Jo. 4, 2324). A Oração permite
reconhecer a existência do Esp rito Cósmico e dos Esp ritos Activos, ter mais afinidade e
cooperação com eles e receber orientação necessária no processo evolutivo.
Então, o que passa a ser percebido na medida em que a percepção vai se tornando
aguçada, pela prática correcta da Meditação, é a Verdade, porque a Mente ligase e
dissolvese no seu Esp rito que é a Pura Verdade e a Luz; Respostas de grandes questões
sobre a vida, a natureza, o universo e o cosmos começam a ser reveladas pouco a pouco
com impacto directo na mudança de atitudes e de modo de vida na pessoa que percebe.
A pessoa passa a perceber que ela é essencialmente um Esp rito, que há nela uma Mente
condicionada ou impura e que precisa de ser purificada, que o que morre é apenas o
Corpo, que se deve viver no amor a si, ao próximo e ao Planeta Terra, que é por
ignorância que as pessoas praticam acções do mal tanto a si como aos outros e ao
Planeta Terra, entre outros aspectos percebidos. A pessoa percebe que deve mudar
radicalmente a sua vida passando a praticar apenas acções do bem tanto a si mesma
como aos outros, ela deixa de consumir substâncias prejudiciais ao Organismo, deixa de
praticar esporte que prejudica a si e ao outro, deixa de competir, deixa de ser part cipe
no maltrato e na matança de animais para fins Humanos, ela passa a sentir amor por
todos e por tudo e a ter compaixão pelo sofrimento Humano e começa a fazer qualquer
coisa para ajudar a humanidade a compreender a verdade e acabar com o sofrimento; A
sua principal tarefa passa a ser de harmonizarse e sintonizarse com as leis e as energias
da Natureza. Assim, com a prática sistemática e ininterrupta da Meditação podese
alcançar um estado interior de plena sintonia com as vibrações subtis do cosmos.
Portanto, a entrada ao estado de Percepção e de Silêncio só é poss vel pela
prática cont nua da Meditação. Existem várias formas de Meditação2, todavia, neste
texto são apresentadas duas formas que se acredita serem as que tornam rápido o
processo de entrada respectivamente no estado de Percepção e de Silêncio
(RAMANAN, 2015). Essas duas formas designamse por Meditação da Imersão na
Matriz Atmosférica e Meditação da Auto – investigação.
da análise de três categorias de conteúdos, a saber, o local onde um ser vivo pode crescer
e se sentir seguro, os conceitos de terra, solo e subsolo, e a classificação dos animais
feita por Teofrasto disc pulo de Aristóteles.
Assim, em relação ao local verificouse que, a toupeira vive no solo, porque é
onde pode crescer e se sentir seguro; O Homem vive sobre o solo; O peixe vive na água;
A mangueira vive no solo, porque é onde crescem as suas ra zes que a conferem 143
estabilidade; O hipopótamo, golfinho, vivem na água; A águia, o pássaro vivem nas
árvores; A avestruz, o elefante, vivem sobre o solo. Quanto aos conceitos, terra é o nome
Desse modo, no Planeta Terra há seres vivos aquáticos e aéreos, os seres vivos
aquáticos são todos aqueles que, na sua respiração, utilizam o oxigénio dissolvido na
água, é o caso dos peixes; Na água não existe ar, mas alguns componentes do ar
dissolvidos, por isso podemos ver as bolhas que se libertam da água. Os seres vivos
aéreos são todos aqueles que utilizam o oxigénio do ar atmosférico na sua respiração, é
o caso de Homem, baleia, árvores e aves. Por conseguinte, seres vivos terrestres são
todos aqueles que vivem no Planeta Terra, dentre eles, os peixes vivem imersos na água,
a toupeira vive imersa no solo e o Homem vive sobre o solo imerso na imensidão do ar
atmosférico, pois a parte da superf cie do solo é a Atmosfera.
Esse modo de se ver no Planeta Terra muda radicalmente a relação com o ar e a
forma de se sentir no mundo, pois, melhora a respiração tornandoa natural, isto é,
calma, profunda, diafragmática e abdominal, e garantindo o consumo necessário do
oxigénio, o que revigora o Organismo; Contribui para o desenvolvimento da
compreensão, autodom nio e compaixão, que são dons do Esp rito conforme a B blia,
visto que, “o fruto do Esp rito é amor, […], mansidão e dom nio próprio” (Gl. 5, 2223).
A Vida é Respiração e Percepção, a qualidade da Vida depende da qualidade da
Amâncio Maurício Xavier Rêgo
num meio aéreo e procura sentirse imersa no ar atmosférico. Assim, existem três passos
na sua prática, a saber:
• 1o. Passo: Sentar – se direito ao ar livre num lugar calmo, para iniciantes;
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NOTAS
AUFKLÄRUNG, João Pessoa, v.9, n.1., Jan.Abr., 2022, p.127146