TCC Eliana
TCC Eliana
TCC Eliana
SÃO MATEUS
2022
ELIANA DE JESUS SOUZA REIS
SÃO MATEUS
2022
ELIANA DE JESUS SOUZA REIS
Comissão Avaliadora
______________________________________
Rita de Cassia Cristofoleti
Orientadora Ceunes-Ufes
______________________________________
Maria Alayde Alcântara Salim
Examinadora Ceunes-Ufes
______________________________________
Záira Bomfante dos Santos
Examinadora Ceunes-Ufes
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar quero agradecer ao meu Deus por tudo que aconteceu até aqui.
Desde a minha primeira série eu já queria estudar e me formar para ser uma
professora e Deus conduziu tudo de forma inexplicável. Agradeço ao meu Senhor pelo
fôlego de vida, pela saúde, pela inteligência e capacidade que Ele tem me dado para
aprender cada dia mais. Sem o meu Deus eu nada seria.
Quero agradecer ao meu esposo que sempre me apoiou nos meus estudos, pois
quando nos casamos eu havia concluído apenas o ensino fundamental e ele me
incentivou para que eu terminasse o ensino médio, e me apoiou mais ainda durante
todo esse tempo na universidade para concluir o curso de Pedagogia.
Agradeço aos meus pais pela vida, meu pai Sebastião (in memorian), minha mãe e
também ao meu padrasto, pois estes sempre fizeram de tudo para que as filhas
estudassem e tivessem a oportunidade de terem uma formação que, infelizmente, eles
não tiveram.
Agradeço imensamente aos meus amigos Adilson e Diane e Alecir e família, que
também me ajudaram e me apoiaram muito nessa jornada e a todos que de alguma
forma me apoiaram.
Agradeço aos meus professores, em especial à professora Rita que é uma grande
referência para mim da professora que eu quero ser.
Dupla delícia. O livro traz a vantagem de a gente
poder estar só e ao mesmo tempo
acompanhado (Mário Quintana).
RESUMO
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................7
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................36
APÊNDICE 1..............................................................................................................38
APÊNDICE 2..............................................................................................................40
7
1 INTRODUÇÃO
A leitura sempre foi algo que me fez muito bem, desde o início do meu processo
escolar eu já era fascinada pela leitura, foi assim no período do ensino fundamental e
esse gosto por ler e descobrir novos mundos intensificou-se ainda mais no ensino
médio, no qual minha professora de literatura sempre trazia autores e textos que
despertavam e prendiam a minha atenção.
Porém, eu percebia que muitos dos outros alunos não tinham esse mesmo prazer
nessas aulas de leitura. Sendo assim decidi fazer a presente pesquisa para mostrar
como a leitura pode contribuir na aprendizagem, na formação de leitores e
consequentemente como pode estimular o senso crítico.
É extremamente necessário que os alunos tenham essa prática de leitura e, isso deve
ser apresentado da forma mais dinâmica, agradável e prazerosa possível. Esse
incentivo pela leitura deve começar desde cedo, ainda quando criança, mas é na
escola, onde existem vários recursos pedagógicos e didáticos, que deve ser
ressaltada a importância da leitura.
Esse estudo justifica-se pela minha paixão por ler desde o início da vida escolar, e por
observar que a leitura é algo que tem sido cada vez mais deixada de lado, suponho
que pela forma como é trabalhada na escola, pelo fato de as pessoas terem passado
muito mais tempo nas redes sociais. De acordo com a matéria publicada em setembro
de 2020 “de 2015 a 2019, o país perdeu cerca de 4,6 milhões de leitores, e boa parte
deles nas faixas etárias de 14 a 17 anos e de 18 a 24, chegando a oito pontos
8
Este trabalho está dividido da seguinte forma: o primeiro capítulo é a introdução, onde
é feita uma apresentação geral do tema, contendo a justificativa de estudo, objetivo
geral e específicos e o problema de pesquisa.
1
Matéria retirada do site: https://www.ufrgs.br/sextante/ha-futuro-para-a-leitura-no-brasil/ Acesso em
15 de nov. de 2022.
prazerosa, atentando para a escolha de textos que sejam do interesse dos educandos.
Apresenta as contribuições dos seguintes autores: Abramovich (2009); Freire (2001),
Gomes (2014), Oliveira (2009), Silva (2002), Solé (1998), Souza (2009), Tfouni (2006),
Vygotsky (2007), entre outros.
A leitura está presente em nosso cotidiano o tempo todo, seja para ler um jornal, uma
placa de ônibus, entender uma receita, ler uma bula de remédio, enfim, lê-se para
atingir diversas finalidades.
Mas, qual a definição de leitura? Segundo Solé (1998, p.30) “a leitura é um processo
de interação entre o leitor e o texto”, dessa forma, o leitor deve ser um sujeito ativo
nesse processo, estabelecendo uma finalidade para sua leitura e ao final deve-se
refletir se chegou ao seu objetivo ou não. O ato da leitura não é algo inato do ser
humano, pois requer concentração, esforço mental, escolha do que será lido e uso da
imaginação, e particularmente este último aspecto é um dos mais encantadores da
leitura.
A leitura requer esforço mental, concentração e pelo fato de não ser algo inato, daí a
necessidade de ser incentivada e estimulada desde muito cedo. Com a leitura é
possível construir conhecimentos e despertar o senso crítico de quem está lendo,
contribuindo assim para que o indivíduo consiga transcender sua realidade.
Por consequência dessa relação entre leitor e texto, Freire (1989) afirma que com a
leitura é possível criar uma relação de transformação das práticas cotidianas. Dessa
forma,
Leitura é uma atividade que envolve a interação entre autor, leitor e o texto. É
fundamental para entender o mundo, sendo uma das formas mais antigas e eficazes
de adquirir conhecimento. Não importa a quantidade de livros já lidos, mas sim, a
profundidade dessa leitura.
Para a melhor compreensão do texto lido, existem algumas estratégias que devem
ser utilizadas de acordo com o perfil de cada aluno. Vale ressaltar também que o
professor ocupa um lugar de destaque e importância na hora de apresentar a leitura
para seus alunos.
A prática da leitura é algo essencial para uma aprendizagem efetiva, pois envolve
conhecimentos diversos que colaboram para as aprendizagens de saberes que são
veiculados na escola e fora dela.
Esse incentivo pela leitura deve começar desde cedo, ainda quando criança, mas é
na escola, onde existem vários recursos pedagógicos e didáticos, que deve ser
ressaltada a relevância da leitura.
Muitos alunos têm contato com livros somente na escola, por isso, a necessidade de
incentivar constantemente esse hábito no espaço escolar, mas para isso é preciso
usar abordagens criativas, lúdicas e dinâmicas para despertar a atenção. O autor
Ariano Suassuna fez a seguinte afirmação certa vez: "Eu não tenho o hábito da leitura.
Eu tenho a paixão da leitura. O livro sempre foi para mim uma fonte de encantamento.
Eu leio com prazer, leio com alegria."3
Quando se fala em leitura, esta é uma prática que depende de vários fatores, tais
como: decodificar, codificar, escrever, capacidade de interpretação, experiência de
vida, conhecimentos prévios... Pode- se afirmar que “[...] o processo de leitura envolve
vários aspectos, incluindo não apenas características do texto e do momento histórico
em que ele é produzido, mas também características do leitor e do momento histórico
em que o texto é lido” (SOUZA, 2009, p. 01).
É preciso mostrar para os alunos que existem várias finalidades para a leitura e não
simplesmente para se fazer uma prova, por exemplo. O estudante precisa desde cedo
perceber que a leitura pode atender a diversas finalidades. Pode-se dizer que a
finalidade da leitura é justamente uma compreensão necessária, se não há
compreensão, não há leitura, mas sim apenas uma decodificação de signos.
Solé (1998) fala que para acontecer a compreensão de um texto é necessário utilizar
o conhecimento de mundo que os alunos já possuem e a capacidade de associar
aquilo que já sabem com o que está lendo e para se ter conhecimento do texto é
É importante ressaltar três pontos importantes como já foi dito: a introdução da prática
leitora antes do ensino fundamental; conceito de que a leitura não é meramente
codificação e decodificação; e leituras significativas, apresentar ao aluno textos que
tenham sentido e significado para ele.
Essencialmente deve ser pensado em fazer com que os estudantes vejam a leitura
como algo prazeroso, mas muitas vezes antes desse processo importante acontecer
o professor dá um texto para leitura de difícil compreensão e é nesse momento que
se perde o gosto pela leitura. Existe uma necessidade de dar espaço aos alunos para
que eles tenham a liberdade de escolher temas que mais lhe agradem até formarem
o gosto e hábito pela leitura. Diante disso, Abramovich assegura que:
14
Não estou dizendo que isso não deva ser aplicado, mas o professor pode e deve ir
além. É necessário que o aluno seja incentivado a fazer um paralelo com o que leu, o
que levará à autonomia e à criticidade. O mais importante é o processo de leitura e
não as simplórias perguntas de interpretação de texto que serão feitas posteriormente.
O foco no processo deve resultar em uma habilidade leitora. E como adquirir essa
habilidade leitora? A partir de estratégias de leitura, fazendo uma ressalva que não se
pode confundir estratégias com técnicas. Solé (1998) não propõe técnicas infalíveis,
levando em conta que a estratégia é flexível, já que uma pessoa é diferente da outra,
técnica é um passo-a-passo que é considerado infalível.
15
Uma estratégia importante é a diversificação, tanto no texto que está sendo oferecido
como no que diz respeito à cultura que está sendo transmitida ou buscada. Algumas
dicas dessa diversificação podem ser: gênero literário, por exemplo: jornal, revista,
livro, poema, parlenda.
São situações que estão no cotidiano do aluno, tipos de textos: narrativos, expositivos,
descritivos; cultura: o estilo e o conteúdo, por exemplo folclore, realidade social,
cultura estrangeira, cultura afro-brasileira. Essa diversificação é necessária para
representar melhor a realidade, aproximar, dar sentido e significado à leitura, para que
os alunos tenham prazer em ler.
O outro ponto importante para obter melhor compreensão do que está sendo lido é o
uso do dicionário, que deve ser incentivado desde cedo, pode se fazer uso também
da leitura compartilhada e leitura individual, sendo esta uma prática de reflexão e
leitura atenta. É importante avaliar se os alunos estão compreendendo, observar a
forma como eles leem, a oralidade, a produção de resumos e a atenção na hora da
leitura.
Apenas reforçando o que já foi dito, o trabalho com a leitura deve ser dividido em três
partes: o antes da leitura, com antecipação do tema através da análise das imagens
do texto, do título; o durante, a confirmação ou não das expectativas, identificação das
ideias principais; e o depois, que podem ser as discussões em grupo sobre o sentido
do texto, se há críticas ou não.
16
Espera-se que a leitura seja apresentada como algo prazeroso e necessário para a
produção de novos conhecimentos. Consequentemente, os alunos terão prazer e
mais alegria em ler, contribuindo assim para a formação de leitores críticos
conscientes de seu papel como cidadãos. Após conquistar a autonomia na prática da
leitura, o aluno estabelecerá uma relação dialética com o material lido. Assim pode-
se afirmar que,
[...] a relação entre o texto e o leitor durante a leitura pode ser qualificada
como dialética: o leitor baseia- se em seus conhecimentos para interpretar o
texto, para extrair significados, e esse novo significado, por sua vez permite-
lhe criar, modificar, elaborar, incorporar novos conhecimentos em seus
esquemas mentais (SOUZA, 2009, p. 68).
Para Abramovich (2009) o fato de existir a leitura em sala de aula com a incorporação
da literatura infanto-juvenil não é certeza de que as crianças passarão a ler e amarão
essa prática, pois a leitura ainda é trabalhada como tarefa e como um dever, quando
na realidade deveria ser um momento de prazer, de deleite, de descoberta, de
encantamento.
Outro ponto importante que a autora também destaca é que o livro não é escolhido
pela criança e sim pelo professor e ela faz um questionamento sobre como uma
mesma história pode chamar a atenção de todos os alunos, será que todos estão
exatamente no mesmo ritmo de desenvolvimento e será que aquela determinada
história é realmente do interesse de todos?
Após todas essas considerações, podemos concluir que ler é criar maneiras para que
um indivíduo se aproprie do texto sendo capaz de compreender plenamente os seus
significados e utilizando-se dos mesmos para ampliar sua percepção de realidade, do
mundo e de si próprio, daí a extrema importância da utilização de estratégias de leitura
para alcançar esse objetivo.
18
A teoria defendida por Piaget é problematizada por Vigotski, pois aquele acredita que
a aprendizagem e o desenvolvimento são processos distintos entre si, ou seja, um
não depende do outro, são autônomos, sendo assim:
Nos primeiros anos de vida da criança, sua forma de acesso ao conhecimento é pela
linguagem falada, através do contato com as pessoas que a cercam. À medida que
vai crescendo, ela começa a ter contato com a linguagem escrita, que irá proporcionar
um maior desenvolvimento em sua vida.
Sendo assim, Rego (1995, p. 68) afirma que “o aprendizado da linguagem escrita,
representa um novo e considerável salto no desenvolvimento da pessoa”. A partir do
momento em que o indivíduo começa a ter contato e dominar a linguagem escrita,
através da leitura, ele aumenta sua forma de acesso a outros conhecimentos, fazendo
com que aconteça um desenvolvimento de suas atividades cognitivas e enriquecendo
suas capacidades intelectuais.
Para Vigotski, o que acontece é que os esforços dos educadores se concentram mais
em ensinar a linguagem escrita através do desenho das letras, focando apenas na
capacidade motora em si e esquecem-se de que a linguagem escrita é muito mais do
que isso.
20
Para ele, a escrita é uma forma bastante avançada de representar o mundo e a partir
disso a linguagem falada vai sendo colocada em segundo plano e a linguagem escrita
adquire cada vez mais uma função relevante na vida do indivíduo.
Consoante com isso, Tfouni destaca que “a ausência tanto quanto a presença da
escrita em uma sociedade são fatores importantes que atuam ao mesmo tempo como
causa e consequência de transformações sociais, culturais e psicológicas superiores
às vezes radicais” (TFOUNI, 2006, p. 21).
Como resultado dessa atribuição da linguagem escrita na vida do ser humano, a partir
do momento em que ela consegue ser dominada começa a acontecer uma relação
dialética, onde quanto mais se lê mais se escreve melhor e vice versa, e quanto mais
se lê mais o indivíduo é transformado por aquilo que está lendo e dialeticamente
também transforma aquilo que está sendo lido.
Haja vista essa relação dialética, cabe ao professor estar atento ao nível de
conhecimento real que seu aluno já possui e trabalhar a partir disso, estando atento
ao conhecimento do conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal. Esse conceito
que foi criado e defendido por Vigotski (2007) é de extrema importância para que o
educador fique atento ao conhecimento que já está consolidado em seu aluno e
trabalhe a partir disso.
Vamos entender um pouco mais sobre esse conceito vigotskiano. Para o autor a
definição desse conceito é:
desenvolvimento potencial, que se torna possível a partir da realidade (ainda não foi
consolidado, mas que a partir disso o professor terá que criar meios e estratégias para
que se chegue ao conhecimento real). E entre os dois níveis de desenvolvimento está
a zona de desenvolvimento proximal que é onde o professor deve trabalhar fazendo
o incentivo e a mediação necessária para que a criança consiga se desenvolver.
Além da relação com o professor que a criança mantém, existe a relação com as
outras crianças, e que acrescentam e muito no desenvolvimento do indivíduo nessa
fase escolar, pois “a intervenção de outras pessoas - que, no caso específico da
escola, são o professor e as demais crianças - é fundamental para a promoção do
desenvolvimento do indivíduo” (OLIVEIRA, 2009, p.64).
Para Vigotski, o ser humano tem a necessidade de estar em convívio com outros
indivíduos para que consiga ter novos aprendizados e consequentemente se
desenvolver, dessa forma Oliveira diz que:
Então, reforça-se mais uma vez que a escola tem o papel crucial de se preocupar com
isso, e dentro da sala de aula o ato da leitura deve ser mediado pelo professor,
preocupando-se com a aprendizagem dos seus alunos.
24
Neste capítulo iremos detalhar sobre como aconteceu o processo metodológico desta
monografia, que foi a realização de uma entrevista semidirigida com duas professoras
dos anos iniciais do ensino fundamental. A entrevista foi realizada com os objetivos
de entender qual a concepção de leitura para elas e principalmente conhecer quais
estratégias de leitura as professoras utilizam em sala de aula.
A escola escolhida atende aos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental (1 o ao
5o ano), com o nome de “Pequeno Aprendiz5”, a qual faz parte da rede municipal de
ensino, atualmente a escola possui 9 salas de aula, 01 sala de recursos para
Atendimento Educacional Especializado (que não funciona no momento), 01
laboratório de informática, pátio coberto (que serve como refeitório), 01 banheiro
masculino e 01 banheiro feminino, secretaria, sala dos professores, sala de direção,
sala de coordenação, biblioteca, cozinha, dispensa, um pequeno estacionamento para
4
Ver no roteiro no Apêndice 2.
5
Nome fictício.
25
Atendendo aos objetivos propostos para esse estudo, a seguir, seguem os dados
obtidos de forma categorizada.
Nessa primeira seção serão analisadas as falas das professoras com relação às suas
concepções sobre o que é leitura e com qual frequência praticam em sala de aula com
seus alunos.
Como já foi dito anteriormente, é esperado que o professor seja o exemplo de leitor
no qual os alunos irão se inspirar, haja vista que a criança tem como grande referência
o que o docente faz. Dessa maneira, o professor deve demonstrar sua paixão pela
leitura, pois o exemplo tem muita força.
O desinteresse dos alunos pelo hábito da leitura, talvez tenha início ao observarem
que o próprio professor não cultiva essa prática de ler e quando o docente quer exigir
6
Ver Termo de Consentimento Livre e Esclarecido no Apêndice 1.
26
que os alunos façam algo que ele mesmo não faz, percebendo isso, os alunos até
podem ler o que foi exigido, mas o fazem de forma mecânica e sem prazer algum.
Mas também é necessário falar que talvez o professor não tenha esse gosto pela
leitura e automaticamente não passa isso, pois ele também não foi formado tendo
acesso a livros e leituras de forma prazerosa e enriquecedora. Um professor que
mantém o hábito da leitura, consequentemente irá passar isso adiante, influenciando
seus alunos de forma positiva nesse sentido.
A leitura para mim ela na realidade é a base que o aluno tem que ter
no início, ele tem que aprender a ler, escrever e a leitura ela hoje na
escola ela é muito importante. Porque agora a gente tem o
campeonato de leitura, onde a gente vê se aluno lê com fluência, se
está silabando, se respeita os sinais de pontuação na leitura. Então
tudo isso é trabalhado e assim ao decorrer das aulas a gente percebe
qual o aluno que tem dificuldade, qual que não tem, as palavras que
eles falam com dificuldade, as letras que eles acabam comendo, o s,
o r, então assim a gente percebe que hoje a leitura ela é fundamental,
principalmente do primeiro ao quinto ano, onde tem que ser muito bem
trabalhado essa questão (Professora Joana).
A leitura é o mundo, tudo que nos cerca envolve leitura, e essa leitura
pode conter as letras ou não, porque eu posso interpretar uma
imagem, então a leitura faz parte do nosso dia a dia e é tudo que nos
envolve (Professora Paula).
O ato de ler é algo que faz muito uso da imaginação do leitor e leva ao ato de refletir
sobre o que está lendo, fazendo com que aconteça uma participação efetiva, de
acordo com Sabino (2008, p. 02):
descubra que a língua escrita é um sistema de signos que não tem significado
em si. Os signos representam outra realidade; isto é o que escreve tem uma
função instrumental, funciona como um suporte para a memória e a
transmissão de ideias e conceitos (OLIVEIRA, 2009, p. 70).
De acordo com Gomes (2009), o professor necessita ter o pensamento de que a leitura
não é somente pronunciar o que está escrito em um pedaço de papel, uma placa de
ônibus ou o que quer que seja. Ensinar a ler é muito mais do que isso, é instigar o
aluno a questionar, a procurar outros sentidos àquilo que está lendo, é fazer
inferências, é levantar hipóteses, é mostrar a leitura como um instrumento capaz de
fazer possível conhecer outros mundos, outras realidades.
É sabido que o nível de leitura é algo preocupante, por isso cabe à escola, mais
especificamente ao professor, fazer tudo o que for possível para formar bons leitores.
O ideal é que seja praticada e incentivada uma leitura reflexiva, a qual seja capaz de
fazer com que os alunos pratiquem o exercício de refletirem sobre sua realidade, que
seja capaz de criticar, criar, imaginar.
Para que o hábito da leitura seja criado nos alunos é necessário, como já foi falado
anteriormente, usar diferentes estratégias para diversificar o momento da leitura em
sala de aula.
A leitura pode ser comparada a uma viagem, pois mesmo sem sair do lugar é possível
ser levado para outras realidades. Cada leitura é uma experiência única. Sempre que
se lê é possível ter uma variedade enorme de sentimentos e sensações, pode-se
chorar, rir, duvidar, se apaixonar… Quem nunca sentiu esses sentimentos em uma de
suas leituras?! Sobre isso Abramovich esclarece que:
É preciso que a escola entenda que ensinar a ler, transcende as ações de decifrar, ou
simplesmente converter as letras escritas em algum lugar em simples sons. Dessa
forma, é importante que sejam criadas condições para que o aluno tenha acesso a
uma leitura de qualidade, a qual seja capaz de aumentar seus conhecimentos,
proporcione prazer, revele aspectos culturais de outros lugares ainda desconhecidos
e que também seja uma forma de lazer.
A formação de bons leitores é importante para que esse indivíduo, tendo se apropriado
dos benefícios decorrentes da leitura de qualidade, que já foram aqui citados, possa
participar ativamente na sociedade onde vive, estando consciente de seu papel como
cidadão e possa refletir criticamente, exercendo uma atividade dialética. Sobre isso
Sabino (2008, p. 03) diz que “o leitor torna-se progressivamente mais capacitado para
se autonomizar cultural e civicamente”.
Consolidando essa ideia sobre a relevância da leitura para o senso crítico, Abramovich
reforça:
A professora Paula disse algo que despertou muito a atenção sobre o papel do
professor em sempre estar incentivando a leitura em seus alunos.
Nesta segunda seção, serão expostas as concepções das duas professoras sobre
como elas veem a relação entre leitura e a aprendizagem.
Quando o aluno ele tem uma boa leitura ele já é um aluno alfabetizado,
quando o aluno ele está silabando, formando pequenas palavras ele
29
está naquele processo de alfabetização, o aluno hoje para ele ter uma
boa aprendizagem ele lê bem, tira notas boas, lê com fluência, a
aprendizagem dele já está concluída, e aqueles que estão naquele
nível silábico, pré silábico, é um período maior para a aprendizagem
dele (Professora Joana).
O esperado é que o professor tenha a percepção de que a leitura é algo que está
interligada em todo o universo escolar, visto que a leitura é utilizada em todas as
disciplinas, dessa forma ela é fundamental para a aquisição de novos conhecimentos.
Concordando com isso, a professora Paula respondeu da seguinte maneira quando
foi perguntada sobre qual a relação entre leitura e aprendizagem:
Quando a professora Paula diz que a aprendizagem pode acontecer de forma rápida
ou não, nesse momento é importante lembrar da teoria do Desenvolvimento da Zona
Proximal de Vigotski, a qual já foi discutida no capítulo 3 e o professor deve trabalhar
em cima disso.
Após estudar as teorias vigotskianas, Ferreira (2016) declara que a leitura e a escrita
são aspectos necessários no processo de socialização do indivíduo, sendo assim
quando a criança aprende a ler, ela começa a entender como funciona o mundo da
escrita e sua função na vida do ser humano.
Solé (1998) diz que os leitores principiantes, ou seja, as pessoas que estão
aprendendo a ler, sejam crianças ou adultos, deparam- se com alguns obstáculos e
isso faz com que não tenham o mesmo nível de leitura dos colegas e que o professor
espera. Sendo assim, pode surgir um sentimento de fracasso e que se não houver a
intervenção correta pode acontecer que esses primeiros contatos com a leitura não
sejam tão agradáveis.
Segundo Ferreira (2016), o professor deve desenvolver uma prática que seja possível
observar cada aluno individualmente, indo contra a generalização do modo de ensinar
que acontece frequentemente, sendo assim, o docente consegue observar o que cada
aluno necessita de forma individual.
Para Solé (1998) a leitura e a escrita são dois processos de extrema importância no
Ensino Fundamental e que precisam ser muito bem trabalhadas, pois ao final dessa
etapa, o aluno deve ser capaz de ler um texto com autonomia e ter um olhar crítico
sobre o que está lendo, desse modo a criança aprenderá progressivamente a utilizar
a leitura com fins de informação e aprendizagem.
Para Ferreira (2016) não se pode esperar que em uma sala de aula, onde existem
vários alunos, consequentemente, cada um terá um ritmo de aprendizagem diferente,
dessa forma o professor que esteja realmente preocupado com a aprendizagem dos
seus alunos, irá se preocupar em trabalhar em cima da Zona de Desenvolvimento
Proximal dos seus educandos para consolidar suas futuras aprendizagens.
Para Solé (1998) o interesse pela leitura é algo que pode ser criado pelo professor, a
forma como o educador apresenta a leitura e cria esses momentos têm grande
influência na formação leitora de seus alunos, pois muitas vezes, a falta de novidade
sendo feitas sempre as mesmas coisas, resulta em ação desmotivadora para seus
alunos.
31
Ainda de acordo com a autora, ela ressalta que o êxito da leitura está relacionado ao
objetivo que o leitor estabelece diante do que será lido, pois “no âmbito do ensino, é
bom que meninos e meninas aprendam a ler com diferentes intenções para alcançar
objetivos diversos. Dessa forma, [...] aprendem que a leitura pode ser útil para muitas
coisas” (SOLÉ, 1998, p.58).
Com o uso de algumas estratégias de leitura adotadas, o aluno tomará gosto por ler
e assim, consequentemente, será cada dia mais um leitor ativo que, retomando o
conceito de Solé (1988) é aquele que interage com o texto. E o aluno terá autonomia
para escolher as leituras que mais lhe darão prazer.
Após essa escolha do que será lido, Kleiman (1989) pontua que é importante que o
leitor consiga observar as marcas formais do texto que formam a coesão e criam o
que pode ser chamado de macroestrutura. O autor tem por função escrever um texto
que seja coerente, que desperte a atenção do leitor e que de certa forma proporcione
prazer à quem está lendo. E dessa forma o leitor deve portar-se como um sujeito ativo
que interaja com o autor na leitura do texto.
Para que o hábito da leitura seja criado nos alunos é necessário, como já foi falado
anteriormente, usar diferentes estratégias para diversificar o momento da leitura em
32
sala de aula. É preciso que a escola entenda que ensinar a ler, transcende as ações
de decifrar, ou simplesmente converter as letras escritas em algum lugar em simples
sons.
Dessa forma, é importante que sejam criadas condições para que o aluno tenha
acesso a uma leitura de qualidade, a qual seja capaz de aumentar seus
conhecimentos, proporcione prazer, revele aspectos culturais de outros lugares ainda
desconhecidos e que também seja uma forma de lazer.
Segundo Kleiman (1989), uma estratégia interessante na hora da leitura para uma
melhor compreensão do texto é o ativamento do conhecimento prévio, que é o
conhecimento que o leitor já possui sobre o assunto que possibilita fazer inferências
sobre o texto, dessa forma:
dizer é uma história que os alunos já conhecem mas que eles não tem
preguiça de ler porque gostam da história e é algo que atrai eles
(Professora Joana).
A partir das falas dessas falas das professoras, é reforçada mais uma vez que o
professor é um elemento indispensável na formação de futuros leitores. Ele deve
procurar leituras que chamem a atenção dos seus alunos e na hora dessa leitura,
segundo Abramovich (2009) o momento da contação de história não deve ser de
qualquer jeito. É necessário que o narrador leia a história com antecedência para não
ser surpreendido por uma palavra desconhecida, para que seja possível criar um clima
de envolvimento durante a narrativa. É preciso saber dar as pausas necessárias, fazer
os intervalos corretamente respeitando a pontuação, falar na entonação que o
momento da história exige, por exemplo, falar baixinho nos momentos de dúvida ou
reflexão, fazer uso correto das onomatopeias, dos ruídos e espantos etc.
Durante a entrevista com a professora Paula, ela disse algumas coisas que são
relevantes de serem expostas nesse trabalho. Ela falou sobre o concurso de leitura e
falou também do momento em que ela lê para seus alunos e eles leem para ela, mas
não é que eles leem apenas por ler, durante a fala dela foi notável que seus alunos
gostam de ler, pois são incentivados pela professora e principalmente pelo fato de ela
ser um exemplo de leitora para eles.
É esperado que o momento da leitura seja algo prazeroso para as crianças e que não
seja simplesmente um momento em que o aluno tenha que ler um texto, o qual está
sendo forçado. É claro que existem ocasiões em que é necessário ler algo que não
seja do nosso agrado, mas sempre que possível deve ser dada a oportunidade de
escolher o que mais agrada até que seja criado o hábito de ler.
Antes de ler o texto é importante que o leitor estabeleça objetivos e propósitos para
sua leitura. Para Kleiman (1989) quando o leitor age dessa forma, a capacidade de
processamento e compreensão melhora significativamente. A capacidade de
estabelecer objetivos na leitura é considerada uma estratégia metacognitiva.
Dessa forma, a criança aprofundará cada dia mais no mundo da escrita, que é algo
tão presente e necessário na nossa sociedade, pois de acordo com Tfouni (2006) a
escrita é algo tão humano que são atribuídas características humanas aos livros, como
pode- se verificar na seguinte fala dela:
Estas foram as estratégias que as professoras utilizam em suas aulas. Cada uma com
suas concepções do que é leitura e sua importância no processo de aprendizagem.
De acordo com Freire (1989) não se pode dizer que exista somente uma forma de
leitura, pois a ação de ler transcende ao simples reconhecimento de signos linguísticos
da língua. Segundo o autor, ler é um ato que perpassa pela leitura de um contexto no
qual o sujeito está inserido, mas também ler o mundo de forma que seja possível
conhecer outras realidades.
Dessa forma, fazendo uma análise sobre as concepções de leitura das professoras
entrevistadas é possível perceber que a primeira professora, que recebeu o nome
fictício de Joana, para ela a leitura é algo que sim é importante na vida do sujeito,
porém é notório em sua fala que a leitura é trabalhada de forma que não possibilite ao
aluno ir muito além do que está lendo. Percebe-se que ela possui uma certa
dificuldade em expressar sua concepção sobre leitura, sem deixar muito claro o que
entende por leitura.
Ambas têm em comum a prática da leitura diária, seja de forma individual ou coletiva,
elas também fazem uma leitura em que o professor lê um texto e vai questionando os
alunos sobre alguns pontos. É importante que o docente tenha uma concepção bem
formada sobre o que é leitura para que isso reflita nas suas práticas cotidianas em
sala de aula.
36
Ao iniciar esse trabalho de pesquisa que surgiu a partir do meu gosto pela leitura
desde o início da minha vida escolar e por observar que o hábito de ler tem sido
deixado de lado, suscitou então o interesse em escrever a presente monografia para
compreender mais sobre o seguinte tema A aprendizagem da leitura e as estratégias
utilizadas nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Então, para que o aluno leia e aprenda cada vez mais, as estratégias pesquisadas
neste estudo foram: visitas à biblioteca, onde a criança tem a oportunidade de escolher
qual livro quer ler; concursos de leitura; doação de livros mensalmente, onde após a
leitura desse material existe um momento em sala de aula em que é dada a
oportunidade aos alunos para que sejam compartilhadas as experiências que tiveram
com suas leituras; uso de diversos gêneros textuais; aula invertida, na qual a
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professora lança o tema e os alunos pesquisam e trazem para a sala de aula o que
descobriram e aprenderam.
Apesar dos resultados alcançados, essa pesquisa teve como limitação a questão do
tempo para um aprofundamento maior em um aspecto que surgiu durante as
respostas das duas professoras, que foi o fato de quais estratégias de leitura são mais
apropriadas para utilizar com os alunos que são público alvo da educação especial.
Certamente, em um outro momento oportuno será feita uma pesquisa mais
aprofundada para procurar respostas a essa indagação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PACHECO, Vitória. Há futuro para a leitura no Brasil? Sextante 57: Um país plural.
11 nov. 2021. Disponível em: https://www.ufrgs.br/sextante/ha-futuro-para-a-leitura-
no-brasil/ Acesso em 15 de nov. de 2022.
SILVA, Ezequiel Theodoro da. O ato de ler. Fundamentos Psicológicos para uma
Nova Pedagogia da Leitura. 9.ed. São Paulo: Cortez, 2002.
APÊNDICE 1
Riscos e Desconfortos:
Toda pesquisa com seres humanos envolve riscos em tipos e graus variados. Por
envolver entrevista semidirigida, pode haver constrangimento dos envolvidos na
situação de coleta de dados e alterar a dinâmica das relações ali instauradas.
Benefícios:
Os benefícios dessa pesquisa estão relacionados às reflexões sobre o processo de
como a leitura contribui com a aprendizagem.
O (A) Sr. (A) não é obrigado (a) a participar da pesquisa, podendo deixar de participar
dela a qualquer momento de sua execução, sem que haja penalidades ou prejuízos
decorrentes de sua recusa. Caso decida retirar seu consentimento, o (a) Sr (a) não
mais será contatado (a) pela pesquisadora.
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Esclarecimento de dúvidas:
Em caso de dúvidas sobre a pesquisa ou para relatar algum problema, o (a) Sr. (A)
pode contatar a pesquisadora __________________________, no telefone
____________________________.
Declaro que fui verbalmente informado (a) e esclarecido (a) sobre o presente
documento, entendendo todos os termos acima expostos, e que voluntariamente
aceito participar deste estudo. Também declaro ter recebido uma via deste Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, de igual teor, assinada pela pesquisadora
principal e rubricada em todas as páginas.
_______________________________________________________________
PARTICIPANTE DA PESQUISA
_______________________________________________________________
PESQUISADORA RESPONSÁVEL
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APÊNDICE 2