TCC Eliana

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO


DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

ELIANA DE JESUS SOUZA REIS

A APRENDIZAGEM DA LEITURA E AS ESTRATÉGIAS UTILIZADAS NOS ANOS


INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

SÃO MATEUS
2022
ELIANA DE JESUS SOUZA REIS

A APRENDIZAGEM DA LEITURA E AS ESTRATÉGIAS UTILIZADAS NOS ANOS


INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Departamento de Educação e Ciências Humanas
do Centro Universitário Norte do Espírito Santo –
Campus São Mateus da Universidade Federal do
Espírito Santo, como requisito parcial para
obtenção do título de licenciada em Pedagogia.

Orientadora: Profª. Drª Rita de Cassia


Cristofoleti.

SÃO MATEUS
2022
ELIANA DE JESUS SOUZA REIS

A APRENDIZAGEM DA LEITURA E AS ESTRATÉGIAS UTILIZADAS NOS ANOS


INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Defendido em 24 de janeiro de 2023.

Comissão Avaliadora

______________________________________
Rita de Cassia Cristofoleti
Orientadora Ceunes-Ufes

______________________________________
Maria Alayde Alcântara Salim
Examinadora Ceunes-Ufes

______________________________________
Záira Bomfante dos Santos
Examinadora Ceunes-Ufes
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar quero agradecer ao meu Deus por tudo que aconteceu até aqui.
Desde a minha primeira série eu já queria estudar e me formar para ser uma
professora e Deus conduziu tudo de forma inexplicável. Agradeço ao meu Senhor pelo
fôlego de vida, pela saúde, pela inteligência e capacidade que Ele tem me dado para
aprender cada dia mais. Sem o meu Deus eu nada seria.

Quero agradecer ao meu esposo que sempre me apoiou nos meus estudos, pois
quando nos casamos eu havia concluído apenas o ensino fundamental e ele me
incentivou para que eu terminasse o ensino médio, e me apoiou mais ainda durante
todo esse tempo na universidade para concluir o curso de Pedagogia.

Agradeço aos meus pais pela vida, meu pai Sebastião (in memorian), minha mãe e
também ao meu padrasto, pois estes sempre fizeram de tudo para que as filhas
estudassem e tivessem a oportunidade de terem uma formação que, infelizmente, eles
não tiveram.

Agradeço imensamente aos meus amigos Adilson e Diane e Alecir e família, que
também me ajudaram e me apoiaram muito nessa jornada e a todos que de alguma
forma me apoiaram.

Agradeço aos meus professores, em especial à professora Rita que é uma grande
referência para mim da professora que eu quero ser.
Dupla delícia. O livro traz a vantagem de a gente
poder estar só e ao mesmo tempo
acompanhado (Mário Quintana).
RESUMO

Esse trabalho de conclusão de curso tem como título A aprendizagem da leitura e


as estratégias utilizadas nos anos iniciais do Ensino Fundamental. O objetivo
geral é compreender as concepções de professores sobre como a leitura pode ajudar
na aquisição de novos conhecimentos no processo de aprendizagem dos alunos. A
metodologia utilizada foi uma pesquisa qualitativa, baseando- se em uma entrevista
semidirigida, foram entrevistadas duas professoras, uma do quarto e outra do quinto
ano do Ensino Fundamental, as entrevistas foram gravadas e posteriormente
transcritas para análise dos dados. Alguns dos principais autores que contribuíram no
referencial teórico são: Abramovich (2009); Freire (2001), Gomes (2014), Oliveira
(2009), Silva (2002), Solé (1998), Souza (2009), Tfouni (2006), Vygotsky (2007), entre
outros. Com os resultados alcançados verifica-se que a leitura é extremamente
relevante na aquisição de novas aprendizagens e que o professor possui um papel
indispensável nesse processo. O educador é tido como referência para seus alunos e
possui grande influência sobre eles, é necessário que o hábito de ler seja
constantemente incentivado, principalmente, no ambiente escolar pela figura do
professor. As práticas vivenciadas no estágio supervisionado e na pesquisa
desenvolvida apontam que a leitura é vista como algo monótono e que na maioria das
vezes é feita somente para aprender determinado conteúdo e responder a um
questionário ou a uma prova, quando na realidade a leitura é algo muito além disso.
Conclui-se que a leitura precisa ser incentivada sempre para a formação de bons
leitores que sejam capazes de aprenderem cada vez mais utilizando-se do hábito de
ler e que consequentemente tenham uma visão crítica e reflitam sobre o que estão
lendo.

Palavras-chave: Leitura na escola. Aprendizagem. Estratégias de leitura.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................7

2 O QUE É A LEITURA? ............................................................................................10

2.1. A importância da leitura na sala aula.................................................................12

3. A APRENDIZAGEM DA LEITURA E AS CONTRIBUIÇÕES DA PERSPECTIVA


HISTÓRICO- CULTURAL..........................................................................................17

3.1 A relação entre aprendizagem e desenvolvimento..............................................18

3.2 A zona de desenvolvimento proximal..................................................................20

3.3 Conceito de mediação pedagógica.....................................................................21

4.A CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DOS


DADOS.......................................................................................................................23

4.1.Concepções das professoras sobre o que é


leitura..........................................................................................................................24

4.2 Relação entre leitura e aprendizagem...................................................................27

4.3Estratégias de leituras utilizadas pelas professoras


entrevistadas..............................................................................................................30

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................34

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................36

APÊNDICE 1..............................................................................................................38

APÊNDICE 2..............................................................................................................40
7

1 INTRODUÇÃO

A leitura sempre foi algo que me fez muito bem, desde o início do meu processo
escolar eu já era fascinada pela leitura, foi assim no período do ensino fundamental e
esse gosto por ler e descobrir novos mundos intensificou-se ainda mais no ensino
médio, no qual minha professora de literatura sempre trazia autores e textos que
despertavam e prendiam a minha atenção.

Porém, eu percebia que muitos dos outros alunos não tinham esse mesmo prazer
nessas aulas de leitura. Sendo assim decidi fazer a presente pesquisa para mostrar
como a leitura pode contribuir na aprendizagem, na formação de leitores e
consequentemente como pode estimular o senso crítico.

A prática da leitura é algo essencial para uma aprendizagem de qualidade,


interpretação, comunicação, formação do senso crítico, desenvolvimento da
imaginação, enriquecimento cultural, melhora da memória entre outros diversos
benefícios. Pode-se citar mais alguns benefícios da leitura: exploração e exposição de
novos conhecimentos, aperfeiçoamento do conhecimento de mundo, compreensão,
preparação e planejamento (ajuda e orientação), comunicação e conexão, silêncio,
concentração e criatividade.

É extremamente necessário que os alunos tenham essa prática de leitura e, isso deve
ser apresentado da forma mais dinâmica, agradável e prazerosa possível. Esse
incentivo pela leitura deve começar desde cedo, ainda quando criança, mas é na
escola, onde existem vários recursos pedagógicos e didáticos, que deve ser
ressaltada a importância da leitura.

Esse estudo justifica-se pela minha paixão por ler desde o início da vida escolar, e por
observar que a leitura é algo que tem sido cada vez mais deixada de lado, suponho
que pela forma como é trabalhada na escola, pelo fato de as pessoas terem passado
muito mais tempo nas redes sociais. De acordo com a matéria publicada em setembro
de 2020 “de 2015 a 2019, o país perdeu cerca de 4,6 milhões de leitores, e boa parte
deles nas faixas etárias de 14 a 17 anos e de 18 a 24, chegando a oito pontos
8

percentuais de diferença”1 e ainda o que aponta a pesquisa “Retratos da Leitura no


Brasil”, a penetração de livros, um índice que calcula a leitura de pelo menos um livro
inteiro ou em partes, decaiu de 56% para 52% da população na comparação entre
2015 e 2019”2.

As práticas vivenciadas no estágio supervisionado apontam que a leitura é vista como


algo monótono e que na maioria das vezes é feita somente para aprender determinado
conteúdo e responder a um questionário ou a uma prova, quando na realidade a leitura
é algo muito além que isso.

Após isso, surgiu o interesse em aprofundar os estudos sobre o tema abordado. A


partir dessa contextualização, esse trabalho tem o seguinte problema de pesquisa:
Como a leitura ajuda no processo de aprendizagem dos alunos e quais
estratégias são usadas para incentivar o hábito da leitura?

O objetivo geral é compreender as concepções de professores sobre como a leitura


pode ajudar na aquisição de novos conhecimentos no processo de aprendizagem dos
alunos. E como objetivos específicos o trabalho procura analisar por meio de
entrevistas semi-estruturadas quais são as estratégias que as professoras utilizam
para criar o gosto pela leitura; citar as estratégias utilizadas pelas professoras
entrevistadas e relacionar o uso dessas estratégias com o referencial teórico utilizado
ao longo do trabalho.

Este trabalho está dividido da seguinte forma: o primeiro capítulo é a introdução, onde
é feita uma apresentação geral do tema, contendo a justificativa de estudo, objetivo
geral e específicos e o problema de pesquisa.

No segundo capítulo, é feita uma conceituação ampla do que é leitura e sua


importância na sala de aula, é falado da necessidade de o professor ser exemplo de
leitor para seus alunos e como é importante que a leitura seja trabalhada de forma

1
Matéria retirada do site: https://www.ufrgs.br/sextante/ha-futuro-para-a-leitura-no-brasil/ Acesso em
15 de nov. de 2022.

2Matéria retirada do site: http://jornalismojunior.com.br/leitura-no-brasil/Acesso em 11 de fev. de 2023.


9

prazerosa, atentando para a escolha de textos que sejam do interesse dos educandos.
Apresenta as contribuições dos seguintes autores: Abramovich (2009); Freire (2001),
Gomes (2014), Oliveira (2009), Silva (2002), Solé (1998), Souza (2009), Tfouni (2006),
Vygotsky (2007), entre outros.

No terceiro capítulo, é abordada a aprendizagem da leitura e as contribuições da


perspectiva histórico-cultural, a partir da análise sobre a relação entre a aprendizagem
e o desenvolvimento, importância de o professor trabalhar na Zona de
Desenvolvimento Proximal de seus alunos e consequentemente de que forma a
mediação pedagógica contribui nesse processo.

No quarto capítulo, é elucidada a metodologia, os instrumentos para produção e coleta


de dados e os procedimentos da pesquisa de campo, a qual foi classificada como
qualitativa e que foi baseada em uma entrevista semi-estruturada. Também foi feita a
análise da pesquisa de campo realizada, expondo e analisando as respostas das
professoras entrevistadas.
10

CAPÍTULO 2 O QUE É A LEITURA?

A leitura está presente em nosso cotidiano o tempo todo, seja para ler um jornal, uma
placa de ônibus, entender uma receita, ler uma bula de remédio, enfim, lê-se para
atingir diversas finalidades.

Mas, qual a definição de leitura? Segundo Solé (1998, p.30) “a leitura é um processo
de interação entre o leitor e o texto”, dessa forma, o leitor deve ser um sujeito ativo
nesse processo, estabelecendo uma finalidade para sua leitura e ao final deve-se
refletir se chegou ao seu objetivo ou não. O ato da leitura não é algo inato do ser
humano, pois requer concentração, esforço mental, escolha do que será lido e uso da
imaginação, e particularmente este último aspecto é um dos mais encantadores da
leitura.

A leitura requer esforço mental, concentração e pelo fato de não ser algo inato, daí a
necessidade de ser incentivada e estimulada desde muito cedo. Com a leitura é
possível construir conhecimentos e despertar o senso crítico de quem está lendo,
contribuindo assim para que o indivíduo consiga transcender sua realidade.

Por consequência dessa relação entre leitor e texto, Freire (1989) afirma que com a
leitura é possível criar uma relação de transformação das práticas cotidianas. Dessa
forma,

De alguma maneira, porém, podemos ir mais longe e dizer que a leitura da


palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo mas por uma certa
forma de “escrevê-lo” ou de “reescrevê-lo”, quer dizer, de transformá-lo
através de nossa prática consciente (FREIRE, 1989, p.13).

É interessante que se trabalhe a leitura com palavras presentes no mundo da criança


para facilitar o processo, pois assim a atenção será despertada mais facilmente. Sobre
isso, Freire (1989) diz:

A palavra tijolo, por exemplo, se inseriria numa representação pictórica, a de


um grupo de pedreiros, por exemplo, construindo uma casa. Mas, antes da
devolução, em forma escrita, da palavra oral dos grupos populares, a eles,
para o processo de sua apreensão e não de sua memorização mecânica,
costumávamos desafiar os alfabetizandos com um conjunto de situações
codificadas de cuja decodificação ou “leitura” resultava a percepção crítica do
11

que é cultura, pela compreensão da prática ou do trabalho humano,


transformador do mundo (FREIRE,1989, p.13).

Leitura é uma atividade que envolve a interação entre autor, leitor e o texto. É
fundamental para entender o mundo, sendo uma das formas mais antigas e eficazes
de adquirir conhecimento. Não importa a quantidade de livros já lidos, mas sim, a
profundidade dessa leitura.

Ao se referir sobre o poder da leitura Abramovich relata que “é também suscitar o


imaginário, é ter a curiosidade respondida em relação a tantas perguntas, é encontrar
outras ideias para solucionar questões (como os personagens fizeram…)”
(ABRAMOVICH, 2009, p. 17).

Para a melhor compreensão do texto lido, existem algumas estratégias que devem
ser utilizadas de acordo com o perfil de cada aluno. Vale ressaltar também que o
professor ocupa um lugar de destaque e importância na hora de apresentar a leitura
para seus alunos.

A prática da leitura é algo essencial para uma aprendizagem efetiva, pois envolve
conhecimentos diversos que colaboram para as aprendizagens de saberes que são
veiculados na escola e fora dela.

Esse incentivo pela leitura deve começar desde cedo, ainda quando criança, mas é
na escola, onde existem vários recursos pedagógicos e didáticos, que deve ser
ressaltada a relevância da leitura.

2.1 A importância da leitura na sala de aula

É necessário que haja na escola um ambiente de leitura e o professor deve ser


exemplo de leitor para seus alunos, dessa forma Gomes (2014) afirma:

A formação docente é um dos principais entraves a uma prática educativa de


qualidade, especialmente no que se refere ao ensino da leitura, pois o que se
percebe é certo conformismo e desgosto pela leitura presente na comunidade
escolar, tornando-a assim, uma prática desmotivadora tanto para o educador
quanto para o educando. Mesmo que todos os quesitos ideais necessários a
uma prática de ensino da leitura fossem efetivados na escola, seria
indispensável a presença de professores leitores, que sentissem prazer na
12

leitura, que fossem bem informados e instrumentalizados para tal prática


(GOMES, 2014, p.23).

Muitos alunos têm contato com livros somente na escola, por isso, a necessidade de
incentivar constantemente esse hábito no espaço escolar, mas para isso é preciso
usar abordagens criativas, lúdicas e dinâmicas para despertar a atenção. O autor
Ariano Suassuna fez a seguinte afirmação certa vez: "Eu não tenho o hábito da leitura.
Eu tenho a paixão da leitura. O livro sempre foi para mim uma fonte de encantamento.
Eu leio com prazer, leio com alegria."3

Quando se fala em leitura, esta é uma prática que depende de vários fatores, tais
como: decodificar, codificar, escrever, capacidade de interpretação, experiência de
vida, conhecimentos prévios... Pode- se afirmar que “[...] o processo de leitura envolve
vários aspectos, incluindo não apenas características do texto e do momento histórico
em que ele é produzido, mas também características do leitor e do momento histórico
em que o texto é lido” (SOUZA, 2009, p. 01).

É preciso mostrar para os alunos que existem várias finalidades para a leitura e não
simplesmente para se fazer uma prova, por exemplo. O estudante precisa desde cedo
perceber que a leitura pode atender a diversas finalidades. Pode-se dizer que a
finalidade da leitura é justamente uma compreensão necessária, se não há
compreensão, não há leitura, mas sim apenas uma decodificação de signos.

[...] para ler é necessário dominar habilidades de decodificação e aprender as


distintas estratégias que levam à compreensão. Também se supõe que o
leitor seja um processador ativo do texto, e que a leitura seja um processo
constante de emissão e verificação de hipóteses que levam à construção da
compreensão do texto e do controle desta compreensão- de comprovação de
que a compreensão realmente ocorre (SOUZA, 2009, p.19).

Solé (1998) fala que para acontecer a compreensão de um texto é necessário utilizar
o conhecimento de mundo que os alunos já possuem e a capacidade de associar
aquilo que já sabem com o que está lendo e para se ter conhecimento do texto é

3 Matéria retirada do site: http://decarlicris.blogspot.com/2016/05/eu-tenho-paixao-da-leitura-


ariano.html. Acesso em 11 de fev. de 2023.
13

necessário a habilidade leitora (interpretação, criação de hipóteses, previsões,


conclusões).

A compreensão correta do texto pode levar o leitor a concordar ou discordar. Quando


a escola trabalha esse processo de compreensão gera no aluno autonomia, “[...] não
basta decodificar as representações indicadas por sinais e signos; o leitor (que
assume o modo de compreensão) porta-se diante do texto, transformando e
transformando-se” (SILVA, 2002, p. 44).

A finalidade da prática escolar da leitura deve ser a de levar a essa autonomia,


desenvolver no estudante a capacidade de habilidade leitora, para que possa ler com
autonomia e encontrar suas respostas sozinho. Em concordância com Gomes (2014,
p.23) “o ato da leitura é importante nessa fase para transformar o aluno leitor passivo
em leitor sujeito, pois, só através dessa ação, ele se tornará capaz de construir sua
própria leitura e analisar sua visão de mundo”.

A leitura é fundamental, uma necessidade do ser humano para obter informações.


Deve-se incentivar as práticas de leitura de uma forma sistematizada, porém é
importante que a leitura seja estimulada desde muito cedo em casa pelos pais, depois
na pré-escola e é possível a introdução da criança nas práticas de leitura e escrita,
por exemplo, através da contação de histórias infantis com a utilização de livros bem
ilustrados.

É importante ressaltar três pontos importantes como já foi dito: a introdução da prática
leitora antes do ensino fundamental; conceito de que a leitura não é meramente
codificação e decodificação; e leituras significativas, apresentar ao aluno textos que
tenham sentido e significado para ele.

Essencialmente deve ser pensado em fazer com que os estudantes vejam a leitura
como algo prazeroso, mas muitas vezes antes desse processo importante acontecer
o professor dá um texto para leitura de difícil compreensão e é nesse momento que
se perde o gosto pela leitura. Existe uma necessidade de dar espaço aos alunos para
que eles tenham a liberdade de escolher temas que mais lhe agradem até formarem
o gosto e hábito pela leitura. Diante disso, Abramovich assegura que:
14

Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas,


muitas histórias… Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor,
e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de
compreensão do mundo… (ABRAMOVICH, 2009, p. 16).

Portanto, é imprescindível quebrar essa estrutura de prática da leitura que é muito


comum, é aplicado um texto e após um questionário ou uma avaliação.

O papel da escola é fundamental nesse processo, no qual o professor, sendo


o principal agente no processo de melhoria da qualidade do ensino, poderá
realizar uma série de atividades que favoreçam a aproximação do educando
com a leitura. Para que essa prática se torne interessante ao outro ela deve
ser introduzida de maneira agradável e estimulante e não de maneira
autoritária e em forma de obrigação, pois ela é condição essencial para o bom
desempenho da linguagem oral e escrita (GOMES, 2014, p.24).

Neste modelo de leitura habitual o foco está apenas no resultado. Normalmente as


perguntas sobre os textos são sobre identificação dos personagens, do lugar etc.
Muitas vezes o professor fica limitado àquilo que está no livro didático e não consegue
estabelecer uma discussão com os alunos e observar a análise dos mesmos sobre o
texto lido. O diálogo fica limitado. O foco continua no resultado. O ponto importante é
que o foco esteja no processo, pois a prática de ler e responder perguntas sobre o
texto é muito mecanicista.

A memorização mecânica da descrição do objeto não se constitui em


conhecimento do objeto. Por isso é que a leitura de um texto, tomado como
pura descrição de um objeto, é feita no sentido de memorizá-la, nem é real
leitura, nem dela, portanto resulta o conhecimento do objeto (FREIRE, 1989,
p.17).

Não estou dizendo que isso não deva ser aplicado, mas o professor pode e deve ir
além. É necessário que o aluno seja incentivado a fazer um paralelo com o que leu, o
que levará à autonomia e à criticidade. O mais importante é o processo de leitura e
não as simplórias perguntas de interpretação de texto que serão feitas posteriormente.

O foco no processo deve resultar em uma habilidade leitora. E como adquirir essa
habilidade leitora? A partir de estratégias de leitura, fazendo uma ressalva que não se
pode confundir estratégias com técnicas. Solé (1998) não propõe técnicas infalíveis,
levando em conta que a estratégia é flexível, já que uma pessoa é diferente da outra,
técnica é um passo-a-passo que é considerado infalível.
15

Uma estratégia importante é a diversificação, tanto no texto que está sendo oferecido
como no que diz respeito à cultura que está sendo transmitida ou buscada. Algumas
dicas dessa diversificação podem ser: gênero literário, por exemplo: jornal, revista,
livro, poema, parlenda.

As criações excepcionais e poéticas podem atuar de modo subconsciente e


inconsciente, operando uma espécie de inculcamento que não percebemos.
Quero dizer que as camadas profundas da nossa personalidade podem sofrer
um bombardeio poderoso das obras que lemos e que atuam de maneira que
não podemos avaliar (SOUZA, 2009, p. 20).

São situações que estão no cotidiano do aluno, tipos de textos: narrativos, expositivos,
descritivos; cultura: o estilo e o conteúdo, por exemplo folclore, realidade social,
cultura estrangeira, cultura afro-brasileira. Essa diversificação é necessária para
representar melhor a realidade, aproximar, dar sentido e significado à leitura, para que
os alunos tenham prazer em ler.

É importante lembrar que as estratégias não são técnicas, podem representar um


caminho mais flexível pelo qual o aluno aprenderá desde cedo a ter autonomia na
hora da leitura. As estratégias são fundamentais para o planejamento da leitura, as
quais levam a compreensão e Solé (1998) menciona uma estratégia que é o resumo,
o qual une a leitura e a escrita, e isso ajudará os estudantes a elaborarem suas
técnicas de leituras para ler uma, duas, três vezes...

O outro ponto importante para obter melhor compreensão do que está sendo lido é o
uso do dicionário, que deve ser incentivado desde cedo, pode se fazer uso também
da leitura compartilhada e leitura individual, sendo esta uma prática de reflexão e
leitura atenta. É importante avaliar se os alunos estão compreendendo, observar a
forma como eles leem, a oralidade, a produção de resumos e a atenção na hora da
leitura.

Apenas reforçando o que já foi dito, o trabalho com a leitura deve ser dividido em três
partes: o antes da leitura, com antecipação do tema através da análise das imagens
do texto, do título; o durante, a confirmação ou não das expectativas, identificação das
ideias principais; e o depois, que podem ser as discussões em grupo sobre o sentido
do texto, se há críticas ou não.
16

A leitura é algo imprescindível para a formação de cidadãos conscientes e bem


informados, sabendo disso a leitura deve ser apresentada como algo capaz de ampliar
seus horizontes, algo maravilhoso, que só quem tem contato com ela consegue sentir
a sua importância.

Segundo Vigotski (2007), a leitura tem a capacidade de “duplicar o mundo”, pois


quando lemos conhecemos outras realidades, outros lugares, culturas e pessoas, mas
para isso é necessário que a leitura seja apresentada de forma correta utilizando– se
das estratégias de leitura, de tal forma que:

É através duma história que se podem descobrir outros lugares, outros


tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra ética, outra ótica… É ficar
sabendo História, Geografia, Filosofia, Política, Sociologia, sem precisar
saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de
aula…(ABRAMOVICH, 2009, p. 17, grifos do autor).

Espera-se que a leitura seja apresentada como algo prazeroso e necessário para a
produção de novos conhecimentos. Consequentemente, os alunos terão prazer e
mais alegria em ler, contribuindo assim para a formação de leitores críticos
conscientes de seu papel como cidadãos. Após conquistar a autonomia na prática da
leitura, o aluno estabelecerá uma relação dialética com o material lido. Assim pode-
se afirmar que,
[...] a relação entre o texto e o leitor durante a leitura pode ser qualificada
como dialética: o leitor baseia- se em seus conhecimentos para interpretar o
texto, para extrair significados, e esse novo significado, por sua vez permite-
lhe criar, modificar, elaborar, incorporar novos conhecimentos em seus
esquemas mentais (SOUZA, 2009, p. 68).

Para Abramovich (2009) o fato de existir a leitura em sala de aula com a incorporação
da literatura infanto-juvenil não é certeza de que as crianças passarão a ler e amarão
essa prática, pois a leitura ainda é trabalhada como tarefa e como um dever, quando
na realidade deveria ser um momento de prazer, de deleite, de descoberta, de
encantamento.

A partir do momento em que é estabelecido prazo, a criança é obrigada a ler e entregar


um relatório sobre a história que leu, isso faz com que o aluno não tenha interesse e
prazer na leitura e sem falar que não é respeitada a vontade e o ritmo da criança.
17

Outro ponto importante que a autora também destaca é que o livro não é escolhido
pela criança e sim pelo professor e ela faz um questionamento sobre como uma
mesma história pode chamar a atenção de todos os alunos, será que todos estão
exatamente no mesmo ritmo de desenvolvimento e será que aquela determinada
história é realmente do interesse de todos?

A autora acrescenta que se pode usar de estratégias de leitura a conversação com as


crianças sobre o que foi lido, se gostaram ou não, discutirem sobre a história, debater
sobre o começo e o fim da narrativa, falar sobre as personagens. É importante também
conversar sobre a capa do livro, o tipo e o tamanho das letras, discutir o formato do
livro.

Após todas essas considerações, podemos concluir que ler é criar maneiras para que
um indivíduo se aproprie do texto sendo capaz de compreender plenamente os seus
significados e utilizando-se dos mesmos para ampliar sua percepção de realidade, do
mundo e de si próprio, daí a extrema importância da utilização de estratégias de leitura
para alcançar esse objetivo.
18

CAPÍTULO 3 A APRENDIZAGEM DA LEITURA E AS CONTRIBUIÇÕES DA


PERSPECTIVA HISTÓRICO-CULTURAL

Para a realização desse capítulo iremos elencar alguns conceitos importantes da


teoria de Vigotski (2007) que nos auxiliam a pensar as relações de ensino e as
questões da aprendizagem.

3.1 A relação entre aprendizagem e desenvolvimento

Sendo a base de pesquisa desta monografia a discussão sobre a leitura e consciente


de sua relevância no processo de aprendizagem, buscou-se apoio nas contribuições
da perspectiva histórico-cultural de Vigotski (2007) para reforçar ainda mais o
pensamento que a leitura é algo valioso no processo de aprendizagem e
desenvolvimento do estudante.

Ao analisar as teorias sobre a relação entre aprendizagem e desenvolvimento,


Vigotski (2007) problematiza três teorias que considera importantes ao se pensar nos
processos de aprendizagem dos alunos. Vigotski (2007) critica essas teorias, pois
para ele os processos de aprendizado e desenvolvimento não ocorrem
simultaneamente, mas sim que o aprendizado é que leva ao desenvolvimento.

A teoria defendida por Piaget é problematizada por Vigotski, pois aquele acredita que
a aprendizagem e o desenvolvimento são processos distintos entre si, ou seja, um
não depende do outro, são autônomos, sendo assim:

Uma vez que essa abordagem se baseia na premissa de que o aprendizado


segue a trilha do desenvolvimento e que o desenvolvimento sempre se
adianta ao aprendizado, ela exclui a noção de que o aprendizado pode ter um
papel no curso do desenvolvimento ou maturação daquelas funções ativadas
durante o próprio processo de aprendizado. O desenvolvimento ou a
maturação é visto como uma pré-condição do aprendizado, mas nunca como
resultado dele. Para resumir essa posição: o aprendizado forma uma
superestrutura sobre o desenvolvimento, deixando este último
essencialmente inalterado (VIGOTSKI, 2007, p.89).

A segunda teoria baseada no behaviorismo, acredita que a aprendizagem é o próprio


desenvolvimento, pois ambos acontecem de forma simultânea, ambos se chocam em
todos os aspectos, estão interligados e são inseparáveis, dessa forma Vigotski (2007,
p.90) diz “os dois processos ocorrem simultaneamente: aprendizado e
19

desenvolvimento coincidem em todos os pontos, da mesma maneira que duas figuras


geométricas idênticas coincidem quando superpostas”.

A terceira teoria tendo como fundamento os princípios da Gestalt postula a junção


entre as duas primeiras teorias. Para Kofka (apud VIGOTSKI, 2007), a ação do
desenvolvimento é composta por dois processos diferentes, porém um depende e
impulsiona o outro, o ato da maturação depende do desenvolvimento do sistema
nervoso, por conseguinte o aprendizado é em si uma etapa do desenvolvimento.
Sendo assim, a maturação propicia o acontecimento do aprendizado e o processo de
aprendizado, por sua vez, incentiva e impulsiona adiante a maturação.

Nos primeiros anos de vida da criança, sua forma de acesso ao conhecimento é pela
linguagem falada, através do contato com as pessoas que a cercam. À medida que
vai crescendo, ela começa a ter contato com a linguagem escrita, que irá proporcionar
um maior desenvolvimento em sua vida.

Sendo assim, Rego (1995, p. 68) afirma que “o aprendizado da linguagem escrita,
representa um novo e considerável salto no desenvolvimento da pessoa”. A partir do
momento em que o indivíduo começa a ter contato e dominar a linguagem escrita,
através da leitura, ele aumenta sua forma de acesso a outros conhecimentos, fazendo
com que aconteça um desenvolvimento de suas atividades cognitivas e enriquecendo
suas capacidades intelectuais.

Por isso Rego (1995) aponta que:

O domínio desse sistema complexo de signos fornece novo instrumento de


pensamento (na medida em que aumenta a capacidade de memória, registro
de informações etc.), propicia diferentes formas de organizar a ação e permite
um outro tipo de acesso ao patrimônio da cultura humana (que se encontra
registrado nos livros e outros portadores ·de textos). Enfim, promove modos
diferentes e ainda mais abstratos de pensar, de se relacionar com as pessoas
e com o conhecimento (REGO, 1995, p.68).

Para Vigotski, o que acontece é que os esforços dos educadores se concentram mais
em ensinar a linguagem escrita através do desenho das letras, focando apenas na
capacidade motora em si e esquecem-se de que a linguagem escrita é muito mais do
que isso.
20

Para ele, a escrita é uma forma bastante avançada de representar o mundo e a partir
disso a linguagem falada vai sendo colocada em segundo plano e a linguagem escrita
adquire cada vez mais uma função relevante na vida do indivíduo.

Consoante com isso, Tfouni destaca que “a ausência tanto quanto a presença da
escrita em uma sociedade são fatores importantes que atuam ao mesmo tempo como
causa e consequência de transformações sociais, culturais e psicológicas superiores
às vezes radicais” (TFOUNI, 2006, p. 21).

Como resultado dessa atribuição da linguagem escrita na vida do ser humano, a partir
do momento em que ela consegue ser dominada começa a acontecer uma relação
dialética, onde quanto mais se lê mais se escreve melhor e vice versa, e quanto mais
se lê mais o indivíduo é transformado por aquilo que está lendo e dialeticamente
também transforma aquilo que está sendo lido.

3.2 A Zona de Desenvolvimento Proximal

Haja vista essa relação dialética, cabe ao professor estar atento ao nível de
conhecimento real que seu aluno já possui e trabalhar a partir disso, estando atento
ao conhecimento do conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal. Esse conceito
que foi criado e defendido por Vigotski (2007) é de extrema importância para que o
educador fique atento ao conhecimento que já está consolidado em seu aluno e
trabalhe a partir disso.

Vamos entender um pouco mais sobre esse conceito vigotskiano. Para o autor a
definição desse conceito é:

[...] a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma


determinar através da solução independente de problemas, e o nível de
desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas
sob a orientação de um adulto ou em colaboração de companheiros mais
capazes (VIGOTSKI, 2007, p.97).

Para o autor, existem dois níveis de desenvolvimento. O nível de desenvolvimento


real, o qual pode ser caracterizado por aquilo que a criança consegue fazer sozinha
sem o auxílio de um adulto ou de um colega com mais experiência. O nível de
21

desenvolvimento potencial, que se torna possível a partir da realidade (ainda não foi
consolidado, mas que a partir disso o professor terá que criar meios e estratégias para
que se chegue ao conhecimento real). E entre os dois níveis de desenvolvimento está
a zona de desenvolvimento proximal que é onde o professor deve trabalhar fazendo
o incentivo e a mediação necessária para que a criança consiga se desenvolver.

Um exemplo de trabalho pedagógico envolvendo a zona de desenvolvimento proximal


pode ser elucidado da seguinte maneira: um estudante que conhece bem os números
de zero a dez mas ainda não sabe realizar adição, por exemplo, o professor deve
trabalhar a partir do que a criança já sabe e a partir disso criar estratégias para que
seu aluno consiga realizar essa operação matemática, pode- se usar estratégias de
adição com os dedos da mão da própria criança, usar objetos concretos etc.

Outro exemplo de trabalho envolvendo a zona de desenvolvimento proximal, pode ser


visto em: a criança que está aprendendo a ler, o professor pode ajudar pronunciando
palavras e reconhecendo palavras que a criança ainda não sabe, ampliando o
vocabulário oral e escrito da criança.

3.3 Conceito de mediação pedagógica

Um outro conceito muito importante abordado por Vigotski (2007) é o conceito de


mediação ou intervenção pedagógica. De acordo com o teórico, a relação entre
desenvolvimento e aprendizagem tem forte influência a partir do meio em que o
indivíduo está inserido, é a questão da interação social.

Portanto, é necessário ter relações sociais de qualidade para que o indivíduo se


desenvolva da melhor forma possível, por isso Oliveira (2009, p.63) afirma que “é na
zona de desenvolvimento proximal que a interferência de outros indivíduos é mais
transformadora”.

Por consequência, a escola é um ambiente de riquíssimas interações sociais para a


criança, o que certamente terá contribuições significativas no aprendizado e
desenvolvimento dos indivíduos que nela estão, porquanto:

Se o aprendizado impulsiona o desenvolvimento, então a escola tem um


papel essencial na construção do ser psicológico adulto dos indivíduos que
vivem em sociedades escolarizadas. Mas o desempenho desse papel só se
22

dará adequadamente quando, conhecendo o nível de desenvolvimento dos


alunos, a escola dirigir o ensino não para as etapas intelectuais já alcançadas,
mas para estágios de desenvolvimento que ainda não incorporados pelos
alunos, funcionando realmente como um motor de novas conquistas
psicológicas. Para a criança que frequenta a escola, o aprendizado escolar é
elemento central no seu desenvolvimento (OLIVEIRA, 2009, p.64).

Ainda de acordo com Oliveira (2009),

O professor tem o papel explícito de interferir na zona de desenvolvimento


proximal dos alunos, provocando avanços que não ocorreriam
espontaneamente. O único bom ensino, afirma Vygotsky, é aquele que se
adianta ao desenvolvimento (OLIVEIRA, 2009, p.64, grifos do autor).

Além da relação com o professor que a criança mantém, existe a relação com as
outras crianças, e que acrescentam e muito no desenvolvimento do indivíduo nessa
fase escolar, pois “a intervenção de outras pessoas - que, no caso específico da
escola, são o professor e as demais crianças - é fundamental para a promoção do
desenvolvimento do indivíduo” (OLIVEIRA, 2009, p.64).

Para Vigotski, o ser humano tem a necessidade de estar em convívio com outros
indivíduos para que consiga ter novos aprendizados e consequentemente se
desenvolver, dessa forma Oliveira diz que:

É impossível pensar o ser humano privado do contato com um grupo cultural,


que lhe fornecerá os instrumentos e signos que possibilitarão o
desenvolvimento das atividades psicológicas mediadas, tipicamente
humanas. O aprendizado, nessa concepção, é o processo fundamental para
a construção do ser humano. O desenvolvimento da espécie humana e do
indivíduo dessa espécie está, pois, baseado no aprendizado que, para
Vygotsky, sempre envolve a interferência, direta ou indireta, de outros
indivíduos e a reconstrução pessoal da experiência e dos significados
(OLIVEIRA, 2009, p.81).

Em suma, de acordo com a perspectiva histórico-cultural, o desenvolvimento do ser


humano como seu modo de agir, pensar e sentir acontecem a partir de suas relações.
Por isso, quanto mais riqueza existir nessas relações, mais aprendizado ocorrerá e
consequentemente, o desenvolvimento. Ainda contribuindo com isso, Tfouni
baseando- se nas contribuições de Vigotski afirma que:

[...] o letramento representa o coroamento de um processo histórico de


transformação e diferenciação no uso de instrumentos mediadores.
Representa também a causa da elaboração de formas mais sofisticadas do
comportamento humano que são os chamados “processos mentais
superiores”, tais como: raciocínio abstrato, memória ativa, resolução de
problemas etc (TFOUNI, 2006, p. 21).
23

Então, reforça-se mais uma vez que a escola tem o papel crucial de se preocupar com
isso, e dentro da sala de aula o ato da leitura deve ser mediado pelo professor,
preocupando-se com a aprendizagem dos seus alunos.
24

CAPÍTULO 4 A CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

Neste capítulo iremos detalhar sobre como aconteceu o processo metodológico desta
monografia, que foi a realização de uma entrevista semidirigida com duas professoras
dos anos iniciais do ensino fundamental. A entrevista foi realizada com os objetivos
de entender qual a concepção de leitura para elas e principalmente conhecer quais
estratégias de leitura as professoras utilizam em sala de aula.

Segundo Lakatos e Marconi (2003, p.156) “a pesquisa, portanto, é um procedimento


formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e
se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades
parciais”. Dessa forma, a pesquisa qualitativa é constitutiva dessa pesquisa. Para
Lakatos e Marconi (2003), uma entrevista é uma conversa que acontece face a face,
baseada em um método, que “proporciona ao entrevistado, verbalmente, a informação
necessária”. A entrevista é uma forma de obter informações que jamais conseguiriam
ser disponibilizadas de outra maneira.

As entrevistas foram feitas de forma presencial na escola onde as professoras


trabalham. Foram gravadas para serem posteriormente transcritas e analisadas,
aconteceram em dois dias diferentes, no horário de planejamento das professoras e
o roteiro da entrevista foi semi-estruturado4. Essa coleta de dados através de
entrevista foi algo essencial para a composição desse trabalho, devido a importância
dessa fase que é onde se dá início a execução do que foi previamente escolhido como
instrumentos e técnicas para obter os dados desejados (LAKATOS E MARCONI,
2003).

A escola escolhida atende aos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental (1 o ao
5o ano), com o nome de “Pequeno Aprendiz5”, a qual faz parte da rede municipal de
ensino, atualmente a escola possui 9 salas de aula, 01 sala de recursos para
Atendimento Educacional Especializado (que não funciona no momento), 01
laboratório de informática, pátio coberto (que serve como refeitório), 01 banheiro
masculino e 01 banheiro feminino, secretaria, sala dos professores, sala de direção,
sala de coordenação, biblioteca, cozinha, dispensa, um pequeno estacionamento para

4
Ver no roteiro no Apêndice 2.
5
Nome fictício.
25

bicicletas e moto, 01 almoxarifado e ao fundo da escola existe um pequeno quintal


onde existe um parquinho de madeira.

Primeiramente, foi feito um primeiro contato com a diretora sobre a possibilidade de


ser feita uma entrevista com duas professoras e felizmente não houve objeção alguma
por parte da diretora. Logo a seguir foi feita a apresentação da entrevistadora às
professoras, as quais aceitaram prontamente em participar da pesquisa. Foi
preenchido o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido6 para que elas assinassem
e nos dias marcados por elas, as entrevistas aconteceram.

A primeira entrevista foi com uma professora do quinto ano no laboratório de


informática e teve duração de mais ou menos vinte minutos, no dia 09 de novembro
de 2022 e a segunda entrevista realizada no dia 10 de novembro de 2022, foi com
uma professora do quarto ano, teve duração de mais ou menos trinta minutos e foi
realizada na biblioteca da escola. A primeira professora terá o nome fictício de Joana
e a segunda de Paula. As entrevistas foram gravadas e posteriormente, transcritas.

Atendendo aos objetivos propostos para esse estudo, a seguir, seguem os dados
obtidos de forma categorizada.

4.1 Concepções das professoras sobre o que é leitura

Nessa primeira seção serão analisadas as falas das professoras com relação às suas
concepções sobre o que é leitura e com qual frequência praticam em sala de aula com
seus alunos.

Como já foi dito anteriormente, é esperado que o professor seja o exemplo de leitor
no qual os alunos irão se inspirar, haja vista que a criança tem como grande referência
o que o docente faz. Dessa maneira, o professor deve demonstrar sua paixão pela
leitura, pois o exemplo tem muita força.

O desinteresse dos alunos pelo hábito da leitura, talvez tenha início ao observarem
que o próprio professor não cultiva essa prática de ler e quando o docente quer exigir

6
Ver Termo de Consentimento Livre e Esclarecido no Apêndice 1.
26

que os alunos façam algo que ele mesmo não faz, percebendo isso, os alunos até
podem ler o que foi exigido, mas o fazem de forma mecânica e sem prazer algum.

Mas também é necessário falar que talvez o professor não tenha esse gosto pela
leitura e automaticamente não passa isso, pois ele também não foi formado tendo
acesso a livros e leituras de forma prazerosa e enriquecedora. Um professor que
mantém o hábito da leitura, consequentemente irá passar isso adiante, influenciando
seus alunos de forma positiva nesse sentido.

Quando questionadas sobre o que é leitura, as professoras entrevistadas


responderam:

A leitura para mim ela na realidade é a base que o aluno tem que ter
no início, ele tem que aprender a ler, escrever e a leitura ela hoje na
escola ela é muito importante. Porque agora a gente tem o
campeonato de leitura, onde a gente vê se aluno lê com fluência, se
está silabando, se respeita os sinais de pontuação na leitura. Então
tudo isso é trabalhado e assim ao decorrer das aulas a gente percebe
qual o aluno que tem dificuldade, qual que não tem, as palavras que
eles falam com dificuldade, as letras que eles acabam comendo, o s,
o r, então assim a gente percebe que hoje a leitura ela é fundamental,
principalmente do primeiro ao quinto ano, onde tem que ser muito bem
trabalhado essa questão (Professora Joana).

A leitura é o mundo, tudo que nos cerca envolve leitura, e essa leitura
pode conter as letras ou não, porque eu posso interpretar uma
imagem, então a leitura faz parte do nosso dia a dia e é tudo que nos
envolve (Professora Paula).

O ato de ler é algo que faz muito uso da imaginação do leitor e leva ao ato de refletir
sobre o que está lendo, fazendo com que aconteça uma participação efetiva, de
acordo com Sabino (2008, p. 02):

Ler é apreender o significado do conjunto dos símbolos descodificados, tentar


descobrir o sentido que o autor deu à narrativa e comparar as próprias
experiências com as descritas no texto, descobrindo novos conceitos e
reformulando os antigos. Tal atitude leva o leitor ao questionamento e à busca
de respostas. Ao leitor reflexivo, exige-se uma participação efectiva enquanto
sujeito que desenvolve o acto de ler. Ler é também imaginar sem recorrer à
imagem, o que representa um exercício mental mais activo do que aquele
que é suscitado pela narrativa televisiva ou cinematográfica.

Ambas as professoras concebem a leitura como sendo algo de extrema relevância na


vida do indivíduo, concordando com isso Oliveira (2009) afirma:

A principal condição necessária para que uma criança seja capaz de


compreender adequadamente o funcionamento da língua escrita é que ela
27

descubra que a língua escrita é um sistema de signos que não tem significado
em si. Os signos representam outra realidade; isto é o que escreve tem uma
função instrumental, funciona como um suporte para a memória e a
transmissão de ideias e conceitos (OLIVEIRA, 2009, p. 70).

Quem lê mais consegue articular suas ideias de um modo coerente e lógico e


consequentemente consegue expressar melhor seus pensamentos e sua opinião.

De acordo com Gomes (2009), o professor necessita ter o pensamento de que a leitura
não é somente pronunciar o que está escrito em um pedaço de papel, uma placa de
ônibus ou o que quer que seja. Ensinar a ler é muito mais do que isso, é instigar o
aluno a questionar, a procurar outros sentidos àquilo que está lendo, é fazer
inferências, é levantar hipóteses, é mostrar a leitura como um instrumento capaz de
fazer possível conhecer outros mundos, outras realidades.

É sabido que o nível de leitura é algo preocupante, por isso cabe à escola, mais
especificamente ao professor, fazer tudo o que for possível para formar bons leitores.
O ideal é que seja praticada e incentivada uma leitura reflexiva, a qual seja capaz de
fazer com que os alunos pratiquem o exercício de refletirem sobre sua realidade, que
seja capaz de criticar, criar, imaginar.

Para que o hábito da leitura seja criado nos alunos é necessário, como já foi falado
anteriormente, usar diferentes estratégias para diversificar o momento da leitura em
sala de aula.

A leitura pode ser comparada a uma viagem, pois mesmo sem sair do lugar é possível
ser levado para outras realidades. Cada leitura é uma experiência única. Sempre que
se lê é possível ter uma variedade enorme de sentimentos e sensações, pode-se
chorar, rir, duvidar, se apaixonar… Quem nunca sentiu esses sentimentos em uma de
suas leituras?! Sobre isso Abramovich esclarece que:

É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como


a tristeza, a raiva, a irritação, o bem- estar, o medo, a alegria, o pavor, a
insegurança, a tranquilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente
tudo o que as narrativas provocam em quem as ouve - com toda amplitude,
significância e verdade que cada uma delas fez (ou não) brotar… Pois é ouvir,
sentir e enxergar com os olhos do imaginário! (ABRAMOVICH, 2009, p. 17)
28

É preciso que a escola entenda que ensinar a ler, transcende as ações de decifrar, ou
simplesmente converter as letras escritas em algum lugar em simples sons. Dessa
forma, é importante que sejam criadas condições para que o aluno tenha acesso a
uma leitura de qualidade, a qual seja capaz de aumentar seus conhecimentos,
proporcione prazer, revele aspectos culturais de outros lugares ainda desconhecidos
e que também seja uma forma de lazer.

A formação de bons leitores é importante para que esse indivíduo, tendo se apropriado
dos benefícios decorrentes da leitura de qualidade, que já foram aqui citados, possa
participar ativamente na sociedade onde vive, estando consciente de seu papel como
cidadão e possa refletir criticamente, exercendo uma atividade dialética. Sobre isso
Sabino (2008, p. 03) diz que “o leitor torna-se progressivamente mais capacitado para
se autonomizar cultural e civicamente”.

Consolidando essa ideia sobre a relevância da leitura para o senso crítico, Abramovich
reforça:

Ao ler uma história a criança também desenvolve todo um potencial crítico. A


partir daí ela pode pensar, duvidar, se perguntar, questionar... Pode se sentir
inquietada, cutucada, querendo saber mais e melhor ou percebendo que se
pode mudar de opinião... E isso não sendo feito uma vez ao ano... Mas
fazendo parte da rotina escolar, sendo sistematizado, sempre presente [...]
(ABRAMOVICH, 2009, p. 143).

A professora Paula disse algo que despertou muito a atenção sobre o papel do
professor em sempre estar incentivando a leitura em seus alunos.

Toda semana a gente lê alguma coisa, o professor ele é instigado a


leitura, porque se ele não fizer isso ele não consegue formar leitores,
ele não consegue incentivar o seu aluno a ler. Eu sempre falo, a gente
como professor deve ser o último a desistir de alguma coisa, porque a
gente tem que tentar sempre. E a leitura é uma tentativa constante. A
leitura e a escrita é uma tentativa constante e é prática. Se você não
tiver o hábito, você realmente deixa de lado (Professora Paula).

4.2 Relação entre leitura e aprendizagem

Nesta segunda seção, serão expostas as concepções das duas professoras sobre
como elas veem a relação entre leitura e a aprendizagem.

Quando o aluno ele tem uma boa leitura ele já é um aluno alfabetizado,
quando o aluno ele está silabando, formando pequenas palavras ele
29

está naquele processo de alfabetização, o aluno hoje para ele ter uma
boa aprendizagem ele lê bem, tira notas boas, lê com fluência, a
aprendizagem dele já está concluída, e aqueles que estão naquele
nível silábico, pré silábico, é um período maior para a aprendizagem
dele (Professora Joana).

A leitura contribui o tempo todo para essa aquisição de


conhecimentos, porque existem vários tipos de leitura. Porque como
eu disse, o aluno pode fazer a leitura de um gráfico, a leitura de uma
imagem, a leitura de uma fábula, ao mesmo tempo ele pode ler um
artigo de opinião. Então esse universo aí está todo conectado. Não
tem como falar que vai ensinar seu aluno, que vai alfabetizar seu aluno
sem haver o hábito de leitura, não tem como (Professora Paula).

O esperado é que o professor tenha a percepção de que a leitura é algo que está
interligada em todo o universo escolar, visto que a leitura é utilizada em todas as
disciplinas, dessa forma ela é fundamental para a aquisição de novos conhecimentos.
Concordando com isso, a professora Paula respondeu da seguinte maneira quando
foi perguntada sobre qual a relação entre leitura e aprendizagem:

Totalmente interligados, uma conexão muito forte. Como eu disse a


leitura está constantemente ali né? E a aprendizagem do aluno, as
vezes ela pode acontecer de uma forma rápida, as vezes de forma
mais lenta e a conexão com a leitura ela está constantemente
interligada. Porque eu tenho diversos componentes, História,
Geografia, Matemática, tudo isso requer leitura, então assim, eu tenho
perfis diferentes em sala de aula, consequentemente, hábitos de
leitura diferentes (Professora Paula).

Quando a professora Paula diz que a aprendizagem pode acontecer de forma rápida
ou não, nesse momento é importante lembrar da teoria do Desenvolvimento da Zona
Proximal de Vigotski, a qual já foi discutida no capítulo 3 e o professor deve trabalhar
em cima disso.

Após estudar as teorias vigotskianas, Ferreira (2016) declara que a leitura e a escrita
são aspectos necessários no processo de socialização do indivíduo, sendo assim
quando a criança aprende a ler, ela começa a entender como funciona o mundo da
escrita e sua função na vida do ser humano.

O professor precisa preocupar-se com o avanço da aprendizagem dos seus alunos, o


ideal é que cada aluno fosse acompanhado de forma individual, para que fosse
30

possível trabalhar em cima da Zona de Desenvolvimento Proximal de cada um, mas


nem sempre isso é possível.

Solé (1998) diz que os leitores principiantes, ou seja, as pessoas que estão
aprendendo a ler, sejam crianças ou adultos, deparam- se com alguns obstáculos e
isso faz com que não tenham o mesmo nível de leitura dos colegas e que o professor
espera. Sendo assim, pode surgir um sentimento de fracasso e que se não houver a
intervenção correta pode acontecer que esses primeiros contatos com a leitura não
sejam tão agradáveis.

Segundo Ferreira (2016), o professor deve desenvolver uma prática que seja possível
observar cada aluno individualmente, indo contra a generalização do modo de ensinar
que acontece frequentemente, sendo assim, o docente consegue observar o que cada
aluno necessita de forma individual.

Para Solé (1998) a leitura e a escrita são dois processos de extrema importância no
Ensino Fundamental e que precisam ser muito bem trabalhadas, pois ao final dessa
etapa, o aluno deve ser capaz de ler um texto com autonomia e ter um olhar crítico
sobre o que está lendo, desse modo a criança aprenderá progressivamente a utilizar
a leitura com fins de informação e aprendizagem.

Para Ferreira (2016) não se pode esperar que em uma sala de aula, onde existem
vários alunos, consequentemente, cada um terá um ritmo de aprendizagem diferente,
dessa forma o professor que esteja realmente preocupado com a aprendizagem dos
seus alunos, irá se preocupar em trabalhar em cima da Zona de Desenvolvimento
Proximal dos seus educandos para consolidar suas futuras aprendizagens.

Para Solé (1998) o interesse pela leitura é algo que pode ser criado pelo professor, a
forma como o educador apresenta a leitura e cria esses momentos têm grande
influência na formação leitora de seus alunos, pois muitas vezes, a falta de novidade
sendo feitas sempre as mesmas coisas, resulta em ação desmotivadora para seus
alunos.
31

Em geral, essa sequência inclui a leitura em voz alta pelos alunos de um


determinado texto – cada um deles lê um fragmento, enquanto os outros
“acompanham” em seu próprio livro; se o leitor cometer algum erro, este
costuma ser corrigido diretamente pelo professor ou, a pedido deste, por
outro aluno. Depois da leitura elaboram-se diversas perguntas relacionadas
ao conteúdo do texto, formuladas pelo professor. A seguir, se preenche uma
ficha de trabalho mais ou menos relacionada ao texto lido e que pode
abranger aspectos de sintaxe morfológica, ortografia, vocabulário e,
eventualmente, a compreensão da leitura (SOLÉ, 1998, p.49).

Ainda de acordo com a autora, ela ressalta que o êxito da leitura está relacionado ao
objetivo que o leitor estabelece diante do que será lido, pois “no âmbito do ensino, é
bom que meninos e meninas aprendam a ler com diferentes intenções para alcançar
objetivos diversos. Dessa forma, [...] aprendem que a leitura pode ser útil para muitas
coisas” (SOLÉ, 1998, p.58).

Em suma, o papel do professor é conhecer a Zona de Desenvolvimento Proximal de


seus alunos para que possa trabalhar com vistas a auxiliar que seus alunos consigam
consolidar suas aprendizagens que estão em amadurecimento e que de outra forma,
sem a mediação correta, não aconteceriam.

4.3 Estratégias de leituras utilizadas pelas professoras entrevistadas

Nessa seção serão detalhadas as estratégias utilizadas pelas professoras que


participaram da pesquisa, segundo os enunciados produzidos nas entrevistas.

Com o uso de algumas estratégias de leitura adotadas, o aluno tomará gosto por ler
e assim, consequentemente, será cada dia mais um leitor ativo que, retomando o
conceito de Solé (1988) é aquele que interage com o texto. E o aluno terá autonomia
para escolher as leituras que mais lhe darão prazer.

Após essa escolha do que será lido, Kleiman (1989) pontua que é importante que o
leitor consiga observar as marcas formais do texto que formam a coesão e criam o
que pode ser chamado de macroestrutura. O autor tem por função escrever um texto
que seja coerente, que desperte a atenção do leitor e que de certa forma proporcione
prazer à quem está lendo. E dessa forma o leitor deve portar-se como um sujeito ativo
que interaja com o autor na leitura do texto.

Para que o hábito da leitura seja criado nos alunos é necessário, como já foi falado
anteriormente, usar diferentes estratégias para diversificar o momento da leitura em
32

sala de aula. É preciso que a escola entenda que ensinar a ler, transcende as ações
de decifrar, ou simplesmente converter as letras escritas em algum lugar em simples
sons.

Dessa forma, é importante que sejam criadas condições para que o aluno tenha
acesso a uma leitura de qualidade, a qual seja capaz de aumentar seus
conhecimentos, proporcione prazer, revele aspectos culturais de outros lugares ainda
desconhecidos e que também seja uma forma de lazer.

Segundo Kleiman (1989), uma estratégia interessante na hora da leitura para uma
melhor compreensão do texto é o ativamento do conhecimento prévio, que é o
conhecimento que o leitor já possui sobre o assunto que possibilita fazer inferências
sobre o texto, dessa forma:

A compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização


de conhecimento prévio: o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe, o
conhecimento adquirido ao longo de sua vida. É mediante a interação de
diversos níveis de conhecimento, que como o conhecimento linguístico, o
textual, o conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir o sentido
do texto. E porque o leitor utiliza justamente diversos níveis de conhecimento
que interagem entre si, a leitura é considerada um processo interativo. Pode-
se dizer com segurança que sem o engajamento do conhecimento prévio do
leitor não haverá compreensão (Kleiman, 1989, p. 13).

Sobre quais estratégias de leitura as professoras entrevistadas usam em sala de aula,


elas responderam que a rede municipal de educação tem um projeto de leitura que
consiste em distribuir livros para os alunos uma vez por mês, as crianças levam esses
livros para casa, leem e depois trazem para a sala informações sobre suas leituras e
é possível então nesse momento usar a estratégia da leitura compartilhada, esse
momento de socialização da leitura é importante, pois permite ao professor saber
quem de fato leu o livro, como está o nível de interpretação dos alunos e aos poucos
vão criando o hábito da leitura.

A gente usa o livro didático, a biblioteca e também a prefeitura esse


ano está com um projeto “Pedro Canário lê”, todo mês é mandado um
livro para casa, a gente discute sobre o tema do livro, eu escolho um
aluno para estar lendo aquele livro na frente para ver o que ele
entendeu. Tem aqueles livros que são interessantes, tem aqueles
menos interessantes, então assim eu acho que o livro do primeiro ao
quinto ano ele tem que ser ilustrativo, ele tem que ser colorido e não
aquele monte de leitura, mas que o aluno se sinta atraído, pois senão
o aluno folheia aquilo ali e para ele não tem interesse. Igual o último
agora mesmo foi o Pinóquio é uma fábula muito interessante, quer
33

dizer é uma história que os alunos já conhecem mas que eles não tem
preguiça de ler porque gostam da história e é algo que atrai eles
(Professora Joana).

Eu trabalho com diversos gêneros textuais [...]. Também existe aquele


hábito de ler que eu provoco, que é onde eu lanço o tema, eu faço uma
aula invertida, eu coloco o tema para pesquisa, porque eles terão que
pesquisar e ler. Por exemplo, eu estava trabalhando cidadania e
democracia, eu pedi que eles pesquisassem sobre eleições, e eles
trouxeram o que pesquisaram, o que entenderam, pois isso agrega ao
assunto e pude aprofundar e trabalhar esses temas (Professora
Paula).

A partir das falas dessas falas das professoras, é reforçada mais uma vez que o
professor é um elemento indispensável na formação de futuros leitores. Ele deve
procurar leituras que chamem a atenção dos seus alunos e na hora dessa leitura,
segundo Abramovich (2009) o momento da contação de história não deve ser de
qualquer jeito. É necessário que o narrador leia a história com antecedência para não
ser surpreendido por uma palavra desconhecida, para que seja possível criar um clima
de envolvimento durante a narrativa. É preciso saber dar as pausas necessárias, fazer
os intervalos corretamente respeitando a pontuação, falar na entonação que o
momento da história exige, por exemplo, falar baixinho nos momentos de dúvida ou
reflexão, fazer uso correto das onomatopeias, dos ruídos e espantos etc.

Outras estratégias utilizadas também pelas professoras é a ida à biblioteca, onde é


possível que os alunos escolham os livros que mais lhe chamam a atenção e
despertem o interesse, pois é dando essa oportunidade de escolherem suas próprias
leituras, que a criança passa a ter cada dia mais prazer em ler. Nessa escola que foi
feita a entrevista, além dos alunos participarem do projeto citado existe também um
concurso que foi criado pela própria escola também voltado para a leitura.

Sobre a ida à biblioteca, Abramovich articula dizendo o quanto é importante essa


prática de dar oportunidade para que as próprias crianças tenham momentos em que
elas mesmas possam escolher o que querem ler.

[...] Por que não ampliar os horizontes indo às livrarias ou bibliotecas e


deixando cada aluno manusear, folhear, buscar, achar, separar, repensar,
rever, reescolher, até se decidir por aquele volume, aquele autor, aquele
gênero, que naquele determinado dia lhe desperta a curiosidade, a vontade,
a inquietação??? (ABRAMOVICH, 2009, p 140)
34

Durante a entrevista com a professora Paula, ela disse algumas coisas que são
relevantes de serem expostas nesse trabalho. Ela falou sobre o concurso de leitura e
falou também do momento em que ela lê para seus alunos e eles leem para ela, mas
não é que eles leem apenas por ler, durante a fala dela foi notável que seus alunos
gostam de ler, pois são incentivados pela professora e principalmente pelo fato de ela
ser um exemplo de leitora para eles.

Eu como professora leio para os meus alunos e os meus alunos leem


para mim. E eles leem também para os colegas deles, porque a gente
tem esse momento. Aqui na nossa escola a gente tem o concurso de
leitura, a gente realiza esse concurso, então existe uma preparação
durante o ano todo para esse momento. [...] Tem o momento de leitura
na biblioteca e na sala também, tem o momento do concurso de leitura
também. A gente tem as apresentações de histórias que eles mesmo
leem e gostam, alguns se manifestam querendo dramatizar a história
que leram. Têm alunos que gostam de produzir suas próprias histórias
e gostam de contar. Às vezes eu trago uma história quando ela é
interessante, eu olho e penso que minha turma vai gostar e vejo que
é o perfil da turma (Professora Paula).

É esperado que o momento da leitura seja algo prazeroso para as crianças e que não
seja simplesmente um momento em que o aluno tenha que ler um texto, o qual está
sendo forçado. É claro que existem ocasiões em que é necessário ler algo que não
seja do nosso agrado, mas sempre que possível deve ser dada a oportunidade de
escolher o que mais agrada até que seja criado o hábito de ler.
Antes de ler o texto é importante que o leitor estabeleça objetivos e propósitos para
sua leitura. Para Kleiman (1989) quando o leitor age dessa forma, a capacidade de
processamento e compreensão melhora significativamente. A capacidade de
estabelecer objetivos na leitura é considerada uma estratégia metacognitiva.

Dessa forma, a criança aprofundará cada dia mais no mundo da escrita, que é algo
tão presente e necessário na nossa sociedade, pois de acordo com Tfouni (2006) a
escrita é algo tão humano que são atribuídas características humanas aos livros, como
pode- se verificar na seguinte fala dela:

A escrita é o produto cultural por excelência. É, de fato, o resultado tão


exemplar da atividade humana sobre o mundo, que o livro, subproduto mais
acabado da escrita, é tomado como uma metáfora do corpo humano: fala- se
nas “orelhas” do livro; na sua página de “rosto”, nas notas de roda- “pé”, e o
capítulo nada mais é do que a “cabeça” em latim (TFOUNI, 2006, p. 10).
35

Estas foram as estratégias que as professoras utilizam em suas aulas. Cada uma com
suas concepções do que é leitura e sua importância no processo de aprendizagem.

4.4 Semelhanças e diferenças entre as concepções de leitura para as


professoras entrevistadas

De acordo com Freire (1989) não se pode dizer que exista somente uma forma de
leitura, pois a ação de ler transcende ao simples reconhecimento de signos linguísticos
da língua. Segundo o autor, ler é um ato que perpassa pela leitura de um contexto no
qual o sujeito está inserido, mas também ler o mundo de forma que seja possível
conhecer outras realidades.

Dessa forma, fazendo uma análise sobre as concepções de leitura das professoras
entrevistadas é possível perceber que a primeira professora, que recebeu o nome
fictício de Joana, para ela a leitura é algo que sim é importante na vida do sujeito,
porém é notório em sua fala que a leitura é trabalhada de forma que não possibilite ao
aluno ir muito além do que está lendo. Percebe-se que ela possui uma certa
dificuldade em expressar sua concepção sobre leitura, sem deixar muito claro o que
entende por leitura.

Já na concepção da segunda professora percebe-se que ela entende a leitura como


algo que tem a capacidade de ampliar os conhecimentos, resultando no senso crítico,
aumento do vocabulário, relação dialética entre leitor e texto.

Ambas têm em comum a prática da leitura diária, seja de forma individual ou coletiva,
elas também fazem uma leitura em que o professor lê um texto e vai questionando os
alunos sobre alguns pontos. É importante que o docente tenha uma concepção bem
formada sobre o que é leitura para que isso reflita nas suas práticas cotidianas em
sala de aula.
36

CAPÍTULO 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao iniciar esse trabalho de pesquisa que surgiu a partir do meu gosto pela leitura
desde o início da minha vida escolar e por observar que o hábito de ler tem sido
deixado de lado, suscitou então o interesse em escrever a presente monografia para
compreender mais sobre o seguinte tema A aprendizagem da leitura e as estratégias
utilizadas nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

Na sequência, o problema de pesquisa tinha como pergunta: Como a leitura ajuda no


processo de aprendizagem dos alunos e quais estratégias usar para incentivar o
hábito de ler? O objetivo geral foi compreender as concepções de professores sobre
como a leitura pode ajudar na aquisição de novos conhecimentos no processo de
aprendizagem dos alunos. E como objetivos específicos o trabalho procurou analisar
por meio de entrevistas semi-estruturadas quais são as estratégias que as professoras
utilizam para criar o gosto pela leitura; citar as estratégias utilizadas pelas professoras
entrevistadas e relacionar o uso dessas estratégias com o referencial teórico utilizado
ao longo do trabalho, destacando o processo de aprendizagem.

Portanto, verificou- se que os objetivos do estudo foram alcançados, pois o trabalho


conseguiu compreender como as professoras entendem que a leitura pode contribuir
no processo de aprendizagem, através de suas concepções sobre o que é leitura e as
estratégias utilizadas para desenvolver o hábito de ler. Em suma, a leitura contribui no
processo de aprendizagem possibilitando que o indivíduo tenha acesso a novos
conhecimentos a partir do momento em que passa a ter contato com o mundo da
escrita.

Então, para que o aluno leia e aprenda cada vez mais, as estratégias pesquisadas
neste estudo foram: visitas à biblioteca, onde a criança tem a oportunidade de escolher
qual livro quer ler; concursos de leitura; doação de livros mensalmente, onde após a
leitura desse material existe um momento em sala de aula em que é dada a
oportunidade aos alunos para que sejam compartilhadas as experiências que tiveram
com suas leituras; uso de diversos gêneros textuais; aula invertida, na qual a
37

professora lança o tema e os alunos pesquisam e trazem para a sala de aula o que
descobriram e aprenderam.

Assim sendo, a metodologia utilizada durante o trabalho foi uma pesquisa


bibliográfica, pois recorreu- se à literatura existente sobre o tema e uma abordagem
qualitativa para análise dos dados coletados. Foi feita uma pesquisa de campo com
uma entrevista semidirigida, onde foram entrevistadas uma professora do quarto e
outra do quinto ano do Ensino Fundamental.

Apesar dos resultados alcançados, essa pesquisa teve como limitação a questão do
tempo para um aprofundamento maior em um aspecto que surgiu durante as
respostas das duas professoras, que foi o fato de quais estratégias de leitura são mais
apropriadas para utilizar com os alunos que são público alvo da educação especial.
Certamente, em um outro momento oportuno será feita uma pesquisa mais
aprofundada para procurar respostas a essa indagação.

Seguramente, tudo o que foi pesquisado, anotado, lido, ouvido e observado no


processo de escrita desta monografia contribuíram para meu crescimento como
pessoa, como pesquisadora e como futura docente. As descobertas, os desafios
enfrentados, as comprovações, enfim, tudo o que aconteceu nesse período foram de
muito valor para assegurar mais uma vez que a leitura é uma temática que deve ser
sempre trabalhada e que deve se sempre incentivar os alunos a lerem cada vez mais,
utilizando as estratégias mais adequadas para cada realidade.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAMOVICH, Fanny. Gostosuras e bobices. 5.ed. São Paulo. Editora Scipione.


2009. Pensamento e ação no magistério.

FERREIRA, Elan Cavalcante da Fonseca. Mediação na aprendizagem da leitura:


prática orientada pelos princípios de L. S. Vygotsky. Trabalho de Conclusão de Curso.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Rio Grande do Norte. 2016.

FREIRE, Paulo. A importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam.


42.ed. São Paulo: Cortez, 1989.

GOMES, Maria Goret Diniz. O papel do professor (a) na leitura e na escrita na


alfabetização: 3o ano do ensino fundamental. Trabalho de Curso de Especialização.
Universidade Estadual da Paraíba, João Pessoa. 2014.

KLEIMAN, Angela. Texto e leitor: Aspectos cognitivos da leitura. Campinas, São


Paulo. Pontes, 1989.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de


metodologia científica. 5.ed. São Paulo. Atlas S.A. 2003.

OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento: um


processo sócio- histórico. São Paulo. Scipione, 2009.

PACHECO, Vitória. Há futuro para a leitura no Brasil? Sextante 57: Um país plural.
11 nov. 2021. Disponível em: https://www.ufrgs.br/sextante/ha-futuro-para-a-leitura-
no-brasil/ Acesso em 15 de nov. de 2022.

REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico- cultural da educação.


Petrópolis, Rio de Janeiro. Vozes. 1995.

SABINO, Maria Manuela do Carmo. Importância educacional da leitura e


estratégias para a sua promoção. Escola Secundária Dr. Francisco Fernández
Lopes, Portugal. Revista Iberoamericana de Educación ISSN: 1681-5653 n.o 45/5 –
25 de marzo de 2008 EDITA: Organización de Estados Iberoamericanos para la
Educación, la Ciencia y la Cultura (OEI)

SILVA, Ezequiel Theodoro da. O ato de ler. Fundamentos Psicológicos para uma
Nova Pedagogia da Leitura. 9.ed. São Paulo: Cortez, 2002.

SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Porto Alegre, Artmed: 1998.

SOUZA, Silvana Ferreira de. Estratégias de leitura para a formação de uma


criança leitora. São Paulo: Editora, 2009.

TFOUNI, Leda Verdiani. Letramento e alfabetização. 8.ed. São Paulo. Cortez.


2006. (Coleções Questões da Nossa Época, v. 47).
39

VIGOTSKI, Lev Semenovich. A formação social da mente: o desenvolvimento dos


processos psicológicos superiores. 7.ed. São Paulo. Martins Fontes, 2007.

Disponível em: http://jornalismojunior.com.br/leitura-no-brasil Acesso em 11 de fev.


de 2023.

Disponível em: http://decarlicris.blogspot.com/2016/05/eu-tenho-paixao-da-leitura-


ariano.html Acesso em 11 de fev. de 2023.
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APÊNDICE 1

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA OS


PARTICIPANTES DA PESQUISA

O (A) Senhor (A) _________________________________foi convidado (a) a


participar da pesquisa intitulada “A aprendizagem da leitura e as estratégias utilizadas
pelas professoras do 4o e 5o ano dos anos iniciais do ensino fundamental”, sob a
responsabilidade de ___________________________________, aluna do curso de
Pedagogia da Universidade Federal do Espírito Santo, Centro Universitário Norte do
Espírito Santo – Campus São Mateus.

Justificativa: a presente entrevista se justifica pela necessidade de a entrevistadora


obter as respostas que necessita para entender como as professoras entrevistadas
concebem a relação entre a leitura e a aprendizagem e quais estratégias utilizam em
sala de aula.

Objetivo da Pesquisa: descobrir qual a concepção de leitura das professoras


entrevistadas; descrever quais estratégias são utilizadas em sala de aula.

Procedimentos para obtenção dos dados: As entrevistas serão gravadas e


posteriormente transcritas. Os nomes dos participantes da pesquisa na escrita do
texto do Trabalho de Conclusão de Curso serão fictícios, não havendo identificação
dos mesmos.

Riscos e Desconfortos:
Toda pesquisa com seres humanos envolve riscos em tipos e graus variados. Por
envolver entrevista semidirigida, pode haver constrangimento dos envolvidos na
situação de coleta de dados e alterar a dinâmica das relações ali instauradas.

Benefícios:
Os benefícios dessa pesquisa estão relacionados às reflexões sobre o processo de
como a leitura contribui com a aprendizagem.

Garantia do Sigilo e Privacidade:


É importante ressaltar que os dados dos participantes da pesquisa serão mantidos
em sigilo, durante todas as fases da pesquisa, inclusive após publicação. Nesse
sentido, os nomes dos participantes da pesquisa na escrita dos resultados e análise
dos dados serão fictícios.

Garantia de recusa em Participar da Pesquisa e/ou Retirada de Consentimento:

O (A) Sr. (A) não é obrigado (a) a participar da pesquisa, podendo deixar de participar
dela a qualquer momento de sua execução, sem que haja penalidades ou prejuízos
decorrentes de sua recusa. Caso decida retirar seu consentimento, o (a) Sr (a) não
mais será contatado (a) pela pesquisadora.
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Esclarecimento de dúvidas:
Em caso de dúvidas sobre a pesquisa ou para relatar algum problema, o (a) Sr. (A)
pode contatar a pesquisadora __________________________, no telefone
____________________________.

Nesse sentido, gostaria de contar com a sua colaboração, através de seu


Consentimento Livre e Esclarecido.

Declaro que fui verbalmente informado (a) e esclarecido (a) sobre o presente
documento, entendendo todos os termos acima expostos, e que voluntariamente
aceito participar deste estudo. Também declaro ter recebido uma via deste Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, de igual teor, assinada pela pesquisadora
principal e rubricada em todas as páginas.

Pedro Canário, de novembro de 2022.

_______________________________________________________________
PARTICIPANTE DA PESQUISA

Na qualidade de pesquisador (a) responsável pela pesquisa A aprendizagem da


leitura e as estratégias utilizadas pelas professoras do 4 o e 5o ano dos anos iniciais
do ensino fundamental, eu Eliana de Jesus Souza Reis, declaro ter cumprido as
exigências do termo IV.3, da Resolução CNS 466/12, a qual estabelece diretrizes e
normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos.

Pedro Canário, de outubro de 2022.

_______________________________________________________________
PESQUISADORA RESPONSÁVEL
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APÊNDICE 2

Roteiro de perguntas para as professoras do 4o e 5o ano

1.O que é leitura para você? Tem o hábito da leitura?


2. Você lê para seus alunos? O que é lido para as crianças? Com qual frequência?
3. Qual a relação entre leitura e aprendizagem? Como a leitura pode contribuir na
aquisição de novos conhecimentos?
4. As crianças têm a oportunidade de lerem em sala de aula?
5. As crianças vão até a biblioteca para pegarem livros? Elas leem esses livros? A
leitura desses livros é socializada e compartilhada com as demais crianças?
6. Quais estratégias de leitura você utiliza em sala de aula?

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