Gestão de Qualidade em Unidades de Alimentação E Nutrição
Gestão de Qualidade em Unidades de Alimentação E Nutrição
Gestão de Qualidade em Unidades de Alimentação E Nutrição
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Sumário
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 3
Segurança Alimentar ................................................................................................................... 9
O Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle – APPCC .............................. 11
Boas Práticas de Manipulação e Processamento ....................................................................... 12
1. Sensibilização, conscientização e comprometimento da direção com as mudanças ......... 13
2. Formação da equipe de trabalho ............................................................................................ 13
3. Capacitação do pessoal .......................................................................................................... 13
4. Avaliação inicial da unidade.................................................................................................. 14
5. Implantação do Programa ...................................................................................................... 14
6. Avaliação do Programa de Boas Práticas .............................................................................. 14
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 17
INTRODUÇÃO
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potenciais à sua segurança, bem como nas medidas para o controle das condições que
geram o perigo.
O sistema APPCC/PAS está normatizado pela Portaria nº 1.428 do Ministério da
Saúde (1993) e pela NBR 14.900 da ABNT (2002) que descreve os requisitos para
implementação, em qualquer estabelecimento alimentício, do sistema de gestão de
segurança dos alimentos.
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A manutenção da saúde depende de uma alimentação adequada, através
do equilíbrio nutricional. Quando desequilibrada, propicia uma deficiência
orgânica, aumentando a susceptibilidade às doenças, potencializando a ação dos
microrganismos patogênicos. Assim sendo, a relação saúde/doença é diretamente
proporcional ao equilíbrio da dieta e ao controle higiênico-sanitário dos alimentos.
Para fortalecer e legitimar esses conceitos, a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA), através da Resolução RDC nº 40 de 21/03/2001, estabeleceu as
regras para a rotulagem nutricional dos alimentos, considerando a necessidade do
aperfeiçoamento constante das ações de controle sanitário na área de alimentos: definiu
a prevalência de doenças nutricionais na população brasileira; priorizou as diretrizes
estabelecidas na Política Nacional de Alimentação e Nutrição; ressaltou a necessidade
de estabelecer ações para orientar o consumo de alimentos, com vistas a uma
alimentação saudável e finalmente considerou a necessidade de padronizar o conteúdo
de nutrientes para a rotulagem obrigatória.
Visando melhorar as condições higiênico-sanitárias na preparação de
alimentos e adequar as ações da Vigilância Sanitária, o Ministério da Saúde
publicou a Portaria nº 1.428 (Brasil, 1993), estabelecendo procedimentos para garantir a
qualidade sanitária dos alimentos, conhecidos como pré-requisitos (Boas Práticas),
necessários à implantação de qualquer sistema de qualidade (SBCTA, 1995 A ; 1992 B)
. O Ministério também recomendou a elaboração de um Manual de Boas Práticas de
manipulação de alimentos, baseado nas publicações técnicas da Sociedade Brasileira de
Ciência e Tecnologia de Alimentos (SBCTA), OMS e Codex
Alimentarius. Em agosto de 1997 o mesmo Ministério publicou a Portaria nº 326
(BRASIL, 1997), definindo as condições técnicas para elaboração do Manual de
Boas Práticas. De acordo com essas recomendações, em 1999, o Centro de Vigilância
Sanitária do Estado de São Paulo publicou a Portaria CVS-6 (1999), que consiste em
um “Regulamento Técnico sobre os Parâmetros e Critérios” para orientar as ações da
Vigilância Sanitária e as operações de controle para os estabelecimentos produtores e
prestadores de serviços de alimentação. Nesta publicação, foram definidos condutas e
critérios importantes, para servir como referência na elaboração do Manual de Boas
Práticas pelos Responsáveis Técnicos (RT) das empresas produtoras de alimentos.
(ABERC, 2003)
Todas as publicações oficiais referidas visam um melhor entrosamento
entre “produzir” e “fiscalizar”, tendo como conseqüência um alimento seguro e
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de melhor qualidade higiênico-sanitária.
Para isso, fica obrigatória a presença de um Responsável Técnico (RT)
que assegure o desenvolvimento das atividades dos estabelecimentos
alimentícios com competência técnica e legal. O Responsável Técnico deve possuir
certificado de órgão competente que o habilite nos procedimentos, métodos e técnicas
do fornecimento de alimentos saudáveis e seguros. É atribuição deste profissional a
elaboração do Manual de Boas Práticas e sua aplicação nos estabelecimentos
alimentícios (RESOLUÇÃO CFN n.218/1999).
Entre os profissionais que atuam ao longo da cadeia produtiva de
alimentos, destacam-se os nutricionistas, responsáveis pelas cozinhas industriais
e hospitalares, nutrição clínica e alimentos para fins especiais; os médicos veterinários,
responsáveis por matadouros e laticínios e os engenheiros de alimentos, responsáveis
por industrias de processamento. Os conselhos de classe desses profissionais são
responsáveis pela fiscalização do cumprimento do exercício legal das respectivas
profissões.
O Manual de Boas Práticas, segundo Lopes (2003), deve conter uma
descrição real dos procedimentos técnicos para cada estabelecimento em
especial, entre os quais: controle de saúde dos funcionários, controle da água para
consumo, controle integrado de pragas, regras para visitantes, controle das matérias
primas, adequação estrutural do estabelecimento, higiene pessoal, ambiental e de
alimentos, manipulação e processamento dos alimentos nas etapas básicas de
preparação (recebimento, armazenamento, pré-preparo, cocção, refrigeração,
congelamento, descongelamento, reaquecimento, porcionamento, distribuição e
transporte).(SÃO PAULO,1999)
Conjuntamente com as boas práticas, a ANVISA, através da Resolução RDC
275 (BRASIL, 2002), define o Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais
Padronizados (POPS), aplicados aos estabelecimentos produtores de alimentos nas
seguintes situações: higienização das instalações, equipamentos, móveis e utensílios;
controle da potabilidade da água; higiene e saúde dos manipuladores; manejo dos
resíduos; manutenção preventiva e calibração de equipamentos; controle integrado de
vetores e pragas urbanas; programa de recolhimento de alimentos, referidos também por
Figueiredo (1999) em sua publicação.
Além das Boas Práticas e dos POPs, é importante que se aplique nos
estabelecimentos alimentícios, a análise de perigos e pontos críticos de controle
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(APPCC) (BAUMAN,1990); (BRASIL, 1999); (GELLI, 1999).É importante ressaltar
que as Boas Práticas e os POPS (Figueiredo, 1999) contemplam o controle higiênico
das operações e o Plano APPCC define os controles críticos com ênfase ao controle
sanitário dos alimentos.
O APPCC/PAS é baseado em um sistema de engenharia conhecido como
análise das causas e efeitos de falhas, FMEA (Failure Mode and Effect
Analysis), onde se observa em cada etapa do processo do alimento o que pode dar
errado, juntamente com as prováveis causas e efeitos. A partir daí estabelecem-se os
mecanismos de controle. (FRANCO 1996). Na sua implantação é necessário que seja
elaborado o Plano APPCC, construído pelas seguintes etapas: formação da equipe
APPCC; descrição dos produtos e ingredientes; uso intencional do produto; construção
do fluxograma de processo; verificação do fluxograma “in loco”; aplicação dos
princípios do APPCC (determinação dos perigos e caracterização das medidas
preventivas, identificação dos pontos críticos de controle (PCCs), definição dos limites
críticos para cada PCC, elaboração dos procedimentos de monitorização,
estabelecimento das ações corretivas, determinação dos procedimentos de registro e
documentação, estabelecimento dos procedimentos de verificação) (SILVA JR, 2002;
BRASIL, 1998); DESTRO, 1998).
No APPCC/PAS deve se analisar os perigos e relacioná-los com as
etapas de preparação, determinando os PCCs, ou seja, definindo no fluxograma
de cada preparação ou de grupos de preparações, as reais situações onde devem ser
realizados os controles e a monitorização, para confirmar se os critérios estipulados
estão sendo atingidos. A análise de perigos consiste em avaliar as possíveis
contaminações biológicas, físicas e químicas presentes nas matérias-primas, nos
ingredientes e nas etapas de preparação dos alimentos. Deve ser levado em consideração
o controle de tempo e temperatura, que envolve a sobrevivência e a multiplicação dos
microrganismos em todas as etapas de preparação dos alimentos.(FRANCO, 1996).
Destro (1998) e Silva Jr (2002) ressaltam as seguintes características do APPCC:
é racional, por ser baseado em informações históricas sobre causas das doenças e
deteriorações, através de dados epidemiológicos; é focal, ou seja, focaliza a atenção nas
operações críticas, onde o controle é essencial para a segurança do alimento; é
compreensível, porque leva em consideração os ingredientes, processos e o uso
posterior dos produtos, podendo ser aplicado da produção ao consumo; é contínuo, vez
que os problemas são detectados assim que ocorrem ou imediatamente após, indicando
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com objetividade as medidas corretivas a serem tomadas e é sistemático porque é um
plano completo, que cobre as operações e os procedimentos passo a passo.
Na preparação dos alimentos, o tempo e a temperatura são fundamentais como
regra básica do Sistema APPCC. Recentemente pesquisas indicam em média que 41%
dos surtos de ETAs estão relacionados com aquecimento inadequado, 79% com a
conservação inadequada pelo frio, 83% devido ao tempo prolongado entre o preparo e o
consumo e 45% devido à falta de higiene. (SESA/ISEP/CSA, 1999; apud Silva Jr,
2002). Depreende-se, portanto, que 80% em média dos surtos estão relacionados ao
controle de tempo e temperatura envolvendo fatores como: manutenção de alimentos
prontos por mais que quatro horas abaixo da temperatura de segurança; refrigeração
inadequada devido a grandes porções de alimentos; a deficiência das geladeiras e o
preparo dos alimentos várias horas antes do consumo (Germano P.M.L. e Germano
M.I.S.A, 2002).
As condutas e critérios descritos no Manual de Boas Práticas e nos POPS
configuram os procedimentos básicos que devem ser seguidos para o cumprimento do
controle higiênico-sanitário, como um todo, e os PCCs do sistema APPCC/PAS
constituem as situações prioritárias de segurança nas etapas de preparação dos alimentos
onde o controle deve ser efetivamente realizado (SILVA JR, 2002; LOPES, 1999;
ANVISA 2002).
Todas estas adequações técnicas são fundamentais, porque os microrganismos
estão se tornando mais resistentes aos métodos de controle convencionais, além de
causarem quadros clínicos mais graves e constituírem um maior número de espécies
patogênicas para o homem, compondo novos grupos de patógenos, definidos como
emergentes e reemergentes (SILVA JR 2002).
Os produtores e prestadores de serviços de alimentação estão sujeitos à
inspeção sanitária a fim de verificar a adequação dos produtos às normas de
Saúde Pública relativas aos padrões de identidade e qualidade dos alimentos, colocados
a disposição dos consumidores, bem como às condições para o consumo (BRASIL,
1993).
O controle sanitário dos alimentos é exercido no âmbito federal pelo Ministério
da Agricultura, Abastecimento e Reforma Agrária (MAARA), através do Serviço de
Inspeção Federal (SIF) e o Ministério da Saúde (MS), através da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) e do Centro Nacional de Epidemiologia da
Fundação Nacional de Saúde (CENEP/FNS). Nos Estados e Municípios, as
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Secretarias de Agricultura e da Saúde estão encarregados destas inspeções.
(BRASIL, 1993, 1997, 1998, 2002).
Melhorar o consumo de alimentos através de uma dieta saudável e
equilibrada, aperfeiçoar as condições higiênico-sanitário e controlar os perigos
na preparação dos alimentos, em UANs, assegurando assim uma alimentação segura
para seus comensais e conseqüentemente proteger a saúde do trabalhador.
Segurança Alimentar
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MAGNANI et al. (2000), em estudos com carne suína in natura e salame
colonial, observou a presença de Salmonella sp. Em 6% das amostras de carne suína e
de salame colonial e E. coli em 82% das carnes suínas e 84% de salame colonial. Tais
produtos foram julgados em condições higiênico-sanitárias insatisfatórias e com riscos
de intoxicações alimentares pelo elevado número destes microrganismos. Evidências
semelhantes em relação a coliformes fecais (90%) foram encontradas por Alves e Monte
(2000) em 30 amostras de carne moída, precedentes de supermercados, açougues e
feiras livres na cidade de São Luiz do Maranhão.
Pesquisas realizadas por Rêgo, Guerra e Pires (1997) em Unidades de
Alimentação e Nutrição (UAN) hospitalar, constataram que as enfermidades provocadas
por alimentos contaminados têm sido a causa de muitos problemas, acarretando sérios
danos à saúde e prejuízos às empresas fornecedoras de refeições, por comprometerem a
qualidade do serviço prestado. Corroborando neste aspecto, os estudos de Rêgo, PIres e
Peres (1999) em Hospitais, evidenciam que esta contaminação, na maioria das vezes, é
provocada por equipamentos e utensílios mal higienizados, falta de treinamento dos
manipuladores, controle de saúde deficiente, tempo/temperatura que os alimentos são
mantidos e presença de insetos e roedores.
Rego, Pires (1997), revelam que os níveis de portadores de Staphylococcus
aureus entre manipuladores de alimentos são altos (85,7%), podendo constituir-se em
elementos importantes na cadeia epidemiológica da intoxicação alimentar desde que
estejam infectados com S. aureus produtores de enterotoxina. Este fato constitui-se um
alerta para a possibilidade de aparecimento de síndrome de choque tóxico em pacientes
imunodeficientes (HERRERO et al. 1998), assim como em crianças hospitalizadas
(KUERTEN, GOULART, 1997).
Fatos como esses têm despertado preocupação por parte do governo e
profissionais da área, fazendo surgir, nestas últimas décadas, normas e
programas os mais diversos, com o fim de ampliar os níveis de conhecimento e
estabelecer um controle rígido em relação à qualidade dos alimentos, visando a proteção
à saúde do consumidor. Para fortalecer e legitimar este sistema, o Centro de Vigilância
Sanitária do Estado de São Paulo (CVS-6) (São Paulo, 1999), estabelece regulamento
técnico sobre parâmetros e critérios para o controle higiênico-sanitário e de boas
práticas em estabelecimentos alimentícios, para controle das ações da vigilância
sanitária e elaboração dos manuais de boas práticas.
As empresas produtoras de refeições e de demais áreas de alimentos,
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reconhecem as limitações dos programas tradicionais de controle de qualidade
caracterizados principalmente pela inspeção do produto final e testes laboratoriais.
Admitem, portanto, que estes não vêm atendendo com precisão os interesses
tecnológicos atuais. Pela necessidade de otimizar processos específicos, se têm buscado
novos sistemas de gerenciamento que permitem produzir alimentos mais seguros e
conseqüentemente de melhor qualidade, surgindo então os sistemas TQM (Total Quality
Management), ISO 9000 (NBR – 1900), HACCP (Hazard Analysis Critical Control
Point), entre outros. (PRATA, 2000)
3. Capacitação do pessoal
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4. Avaliação inicial da unidade
Deve ser realizada uma auditoria técnica inicial através da aplicação de “chek
list” em forma de perguntas e/ou escolha múltipla de respostas, constando dos seguintes
itens: fluxograma do processo produtivo, estrutura física e ambiental, aspectos
organizacionais, recursos humanos, processo operacional, aspectos materiais,
financeiros, educativos, procedimentos de limpeza e desinfecção e controle integrado de
pragas.
Também serão ressaltadas suas conformidades, ou seja, os pontos positivos e
negativos encontrados além de consultas a documentos e registros. Posteriormente, será
elaborado um relatório contendo um parecer das condições encontradas na (s) UAN(s)
seguindo-se de sugestões sobre medidas corretivas a serem aplicadas na correção dos
desvios encontrados.
5. Implantação do Programa
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• Controle sistemático dos principais pontos críticos, com aplicação de “check list”,
utilizando-se requisitos estabelecidos por RÊGO, PIRES e STAMFORD (2000), CVS-6
(Brasil, 1999), SILVA Jr. (2001) VSM (Brasil, 1998 )
• Auditorias, em intervalos regulares, por equipes técnicas especializadas para observação
da adequação dos controles
• Fiscalização pelo Órgão Sanitário competente
• Análises microbiológicas, quando necessário, utilizando-se os critérios de referência
estabelecidos pela legislação vigente.
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controle higiênico-sanitário dos alimentos, baseados em requisitos e critérios pré-
estabelecidos. Com isto, garante-se a oferta de refeições seguras, adequadas à política
de alimentação e nutrição que visa a melhoria no atendimento nutricional e higiênico-
sanitário da população.
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REFERÊNCIAS
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