V Sociologia
V Sociologia
V Sociologia
Sociedade
Conteudista
Prof.ª Dra. Vivian Fiori
Revisão Textual
Aline de Fátima Camargo da Silva
Sumário
Objetivos da Unidade............................................................................................................ 3
Introdução............................................................................................................................... 4
A Mulher e a Sociedade........................................................................................................ 4
Material Complementar.................................................................................................... 26
Referências........................................................................................................................... 27
Objetivos da Unidade
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VOCÊ SABE RESPONDER?
Qual é o impacto da participação das mulheres, dos jovens e dos idosos na socieda-
de brasileira e em outras sociedades ao redor do mundo, considerando as condições
e desafios enfrentados por essas populações?
Introdução
Nesta Unidade vamos tratar da situação das populações de mulheres, jovens e ido-
sos no mundo, dando ênfase às condições existentes na sociedade brasileira.
A Mulher e a Sociedade
No decorrer da história humana, as mulheres tiveram diferentes papéis sociais e na
divisão do trabalho, variando essa condição de acordo com o lugar, o povo e a classe
social na qual estavam inseridas.
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Em relação ao voto, por exemplo:
somente no século XX alguns países
passaram a dar o direito ao voto às
mulheres. Mesmo em países centrais
como França e Inglaterra, a mulher não
podia votar até o começo do século
XX. No final do século XIX e começo
do século XX, houve movimentos fe-
ministas que lutaram pelo direito ao
voto das mulheres, e ficaram conheci-
das como sufragistas.
A Nova Zelândia foi um dos primeiros países a reconhecer o direito das mulheres ao
voto, em 1893. Na Inglaterra, um grupo de mulheres fundou um movimento social
chamado de “União Política e Social das Mulheres”, que usou estratégias de mili-
tância política, propaganda e desobediência civil, as quais acabaram servindo de
referência para outras mulheres no mundo.
Essa situação foi retratada no filme “As sufragistas”, que conta a história das mulhe-
res que lutaram pelo voto na Inglaterra, evidenciando o papel social delas na época
do começo do século XX.
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Figura 1 – Passeata pelo voto feminino em Nova York, 1912
Fonte: Wikimedia Commons
#ParaTodosVerem: na imagem, é possível ver um grupo de mulheres marchando nas ruas de Nova York. Elas
estão vestidas com roupas da época, como vestidos longos e chapéus. Algumas, seguram bandeiras e faixas
com mensagens relacionadas à causa do voto feminino. Apesar da imagem estar em preto e branco, é possível
imaginar o movimento e a energia presentes na passeata. Fim da descrição.
No Brasil, tal direito foi definido por lei em 1932; na África do Sul somente em 1994,
com final do Apartheid; e na Arábia Saudita somente em 2011.
Leitura
Explore a história da conquista do direito ao voto
feminino: um marco na luta pela igualdade de
gênero. Acesse o site para conhecer os desafios,
as figuras importantes e os momentos decisivos
desse movimento histórico.
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Tal situação está relacionada às condições de pobreza e ignorância, ou a costu-
mes ancestrais e religiosos de alguns povos, que coagem mulheres ainda crianças
(menores de 15 anos) a casamentos forçados, muitas ficando à mercê de violência,
escravidão e abusos sexuais. Há ainda casos de pais que “vendem” suas filhas para
pagar dívidas ou para auferir alguma renda.
Tais práticas de violência com a criança do sexo feminino acontecem, mais comu-
mente, em países do Sul do continente asiático, do sul da África Subsaariana (ao
Sul do deserto do Saara), sendo grande em países como Bangladesh, Índia, Níger,
Afeganistão, Paquistão, entre outros, principalmente entre os mais pobres. O hábito
de casamentos no período da puberdade, ocorre também por fatores culturais, de
maneira a preservar a virgindade até o casamento, o que para algumas sociedades
é considerado fundamental.
Como diz Hannah Arendt (2005, p. 213): “O único fator material indispensável para
a geração de poder é a convivência entre os homens. Estes só retêm poder quando
vivem tão próximos um aos outros que as potencialidades da ação estão presentes
[...]”. Desse modo, não há poder de só um indivíduo, o poder se manifesta no grupo,
como também pelas instituições e organizações existentes no mundo.
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Importante
A “Declaração Universal dos Direitos Humanos”, estabelecida
em comum acordo entre as nações, é um marco importante no
entendimento da busca da cidadania, da igualdade e da frater-
nidade no mundo, embora concretamente ainda há muito a ser
feito em diversos países.
A questão de gênero como política pública vem, por conseguinte, dessa mundializa-
ção e globalização da sociedade humana, adquirindo visibilidade nas Conferências
Mundiais de Mulheres no México (1975), em Nairóbi (1985) e em Pequim (1995).
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Figura 2 – Livro sobre a IV Conferência Mundial sobre a Mulher
Fonte: Divulgação
#ParaTodosVerem: a imagem mostra a capa de um livro que retrata a IV Conferência Mundial sobre a Mulher. A
capa apresenta um design colorido e chamativo, com o título do livro em destaque, nas cores amarelo e vermelho.
vermelho. Fim da descrição.
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O direito reprodutivo tem como premissa o direito à dignidade, à integri-
dade psicológica e física, assim como o direito à definição da liberdade da
escolha de como o planejamento familiar ocorrerá pelo casal. Direito que
necessita, portanto, de acessos à informação acerca do assunto, acesso ao
conhecimento sobre assistência ginecológica, saúde sexual e saúde repro-
dutiva, assim como assistência à maternidade.
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Quadro 1 – Razão de Mortalidade Materna por Regiões no Mundo
Países Desenvolvidos 10 10 11 15
Para analisar esta sociedade tão desigual é preciso opor o modo de vida capitalista e
a maneira dominante de viver, não vendo tais situações como acaso, como aciden-
tais, tanto em relação ao sexo, gênero ou condição de classe social. Como afirma a
socióloga Mary Garcia Castro:
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Assim, na visão da autora tais situações não podem ser dissociadas da cultura e
concepção do mundo global, capitalista, individualista a que todos estão cada vez
mais expostos.
Contudo, isso não significa que devemos ser meros espectadores num mundo tão
desigual, machista, intolerante e preconceituoso. É necessário refletir sobre a nossa
conduta em relação às outras pessoas.
Com a promulgação de tal Lei, pela primeira vez no Brasil há uma legislação especí-
fica sobre a violência contra a mulher, garantindo que o agressor(a) seja julgado(a)
por um juizado especial que cuida, especificamente, acerca de crimes e violências
familiar e doméstica contra a mulher, que podem ser tipificadas como violência físi-
ca, patrimonial, moral, psicológica e sexual. O atendimento policial será feito prefe-
rencialmente nas delegacias da mulher.
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Nos últimos anos houve vários casos ocorridos no Brasil, de repercussão na
mídia, sobretudo, de ex-casais, cujos maridos ou namorados não aceitam o
fim do relacionamento e começam a ameaçar as mulheres. Alguns desses
casos culminam em homicídios, sem que a vítima tenha tido a chance de
ser protegida, porque somente a denúncia não as protege, já que muitas
vezes suas moradias ou locais de trabalho são conhecidos.
Além das delegacias, temos também no Brasil outras instituições que atendem
mulheres, algumas destas se desenvolvem por parceria público-privada, são or-
ganizações não governamentais que se utilizam de verba pública. Destacam-se as
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seguintes instituições: Centros de Referência de Atendimento à Mulher, Casas de
Abrigo, Serviços de Atendimento às Mulheres Vítimas de Violência Sexual, Pastorais
da Mulher Marginalizada, entre outras entidades.
Para além das leis, dos planos, dos equipamentos sociais destinados ao atendimento
da mulher, necessitamos de uma educação para a emancipação feminina, para a con-
vivência pacífica entre os sexos, para o respeito mútuo do seres humanos, homens e
mulheres, independentemente de sua posição social, racial e de sua opção sexual.
Embora ainda haja muitos problemas em relação aos direitos da mulher e de sua
condição social, seja no trabalho, na família ou na saúde sexual e reprodutiva, houve
avanços dos anos 1990 aos dias atuais no Brasil.
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Figura 4 – Mulher com megafone
Fonte: Freepik
Há ainda muitas disparidades no Brasil, quer porque ainda faltam espaços que pos-
sam atender adequadamente à mulher, quer porque persistem políticas inadequa-
das e preconceitos em relação ao papel desempenhado pela mulher.
Em Síntese
Por fim, falta também uma atenção maior na educação de ho-
mens e mulheres, uma educação que busque tratar dos direi-
tos humanos e da importância do respeito entre sexos, respeito
pelas diferenças, em busca de maior igualdade de acesso aos
direitos e à cidadania.
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A Mulher e o Trabalho no Brasil
No Brasil, a maioria da população é formada por mulheres, e o número de domicí-
lios chefiados por mulheres vem aumentando, concomitantemente à ampliação do
nível de escolaridade das mulheres, que é maior do que a dos homens. Verifica-se,
percentualmente, que esse número aumentou em todas as regiões do Brasil entre
1991, 2000 e 2010. Como demonstra dados do IBGE:
Cabe ressaltar que se tratar de chefia por domicílio, não de família propriamente
dita, já que o Censo é feito por domicílio e não por unidade familiar. Os arranjos fa-
miliares nos domicílios são bastante diversos, sendo comum em áreas mais pobres
que existam mais de uma geração no mesmo domicílio, com mães mais velhas que
sustentam toda a família, filhos e netos.
Essa situação ocorre por causa da maior inserção da mulher no mercado de trabalho,
bem como devido ao fato do aumento do número de mulheres que vivem sozinhas
com seus filhos, ou seja, são famílias monoparentais femininas, situação comum em
todas as classes sociais.
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Figura 5 – Mulher no mercado de trabalho brasileiro
Fonte: Wikimedia Commons
#ParaTodosVerem: a imagem mostra uma mulher no mercado de trabalho brasileiro. Ela está em um ambiente
de trabalho, possivelmente uma indústria, e está focada em mexer em uma máquina. A mulher está vestindo
uma blusa xadrez nas cores preta e vermelha. Fim da descrição.
No caso das mulheres mais pobres, com filhos, a vulnerabilidade social sucede por-
que estas necessitam ter emprego e nem sempre há com quem deixar os seus fi-
lhos, faltam creches. Se de um lado há emancipação da mulher e sua maior inserção
no mercado de trabalho; de outro lado, há uma dupla jornada da mulher que trabalha
fora e ainda precisa cuidar de seus filhos, não havendo muitas vezes condições so-
ciais e de infraestrutura para existência adequada dessa dupla função.
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As estatísticas mais recentes sobre as mulheres brasileiras mostram que,
cada vez mais, elas estão presentes no mercado de trabalho e com níveis
de escolaridade mais elevados do que os homens. Estas mudanças in-
fluenciam o comportamento social das mulheres tanto no âmbito público
como no privado. Independentemente de se tratar de casal sem filhos ou
casal com filhos, houve um aumento considerável da proporção de mu-
lheres responsáveis pelos núcleos familiares entre 2002 e 2012. No caso
dos núcleos formados por casal sem filhos, a proporção de mulheres pas-
sou de 6,1% para 18,9%, nos casais com filhos de 4,6 % passou para 19,4%.
Nas monoparentais, as mulheres sempre foram maioria, proporção que se
mantém no período.
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É fundamental a emancipação da mulher, seja a que tem emprego formal ou não. Para
isso, é importante que toda a sociedade brasileira incorpore os avanços nas leis para
refletir, reivindicar e lutar por melhores condições sociais para as mulheres no Brasil.
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Figura 5 – O envelhecimento da população brasileira
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: a imagem mostra duas mãos de um idoso segurando uma bengala. As mãos são enrugadas
e demonstram sinais de envelhecimento. O idoso segura firmemente a bengala, utilizando-a como apoio para
sua mobilidade, na mão direita o senhor usa um anel. Fim da descrição.
No Brasil, em 2003, foi criado o Estatuto do Idoso com a Lei n˚ 10.741, de 1º de ou-
tubro de 2003, que em seu art. 3º expõe:
Vivemos em uma sociedade na qual o apelo a ser jovem é muito grande, em que
a aparência tem ganho cada vez mais notoriedade, o que torna árdua a tarefa de
ser idoso. Reconhecer os idosos, em sua totalidade, observando-se as necessidades
especiais de cuidado, atenção, na saúde, de lazer etc. seja da família ou por parte
do governo, é primordial, especialmente à medida em que a população dessa faixa
etária tende a aumentar.
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Já em relação aos jovens no Brasil, algumas Regiões Metropolitanas apresentam alto
número de homicídios entre eles, principalmente, envolvidos em crimes ou aciden-
tes de trânsito, ou que estão vulneráveis e moram em lugares nos quais a criminali-
dade é alta.
Entre 1998-2008 a taxa de homicídio cresceu de 232% para 258%, entre jovens de 15
a 24 anos. Isso reflete a situação de calamidade pública de países que se encontram
em guerra, porém a nossa sociedade trata como se fosse algo normal, corriqueiro, e
assim vamos nos acostumando com a violência.
Importante
É fundamental estabelecer condições sociais que permitam a
todos terem acesso a uma boa educação, prevenção à saúde,
respeito mútuo – independente da classe social, raça, cultura,
sexo e idade, garantindo a todos o acesso básico aos direitos
fundamentais do ser humano.
Observe os dados da tabela a seguir, na qual se evidencia que muitos jovens, espe-
cialmente, depois dos 18 anos param de estudar.
15 a 17 18 a 24 25 a 29 Total
anos anos Anos
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Os mais pobres têm ainda muitos problemas de inserção social e na educação até
o Ensino Superior. Muitos jovens ainda param de estudar, principalmente no Ensino
Médio, eventualmente por necessidade de trabalhar para sustentar suas famílias.
Apesar disso, vem melhorando os dados de escolaridade dos jovens brasileiros: de
1992 a 2013 a proporção de jovens que estudavam de 15 a 17 anos passou de 59,7%
para 84,4%, bem como de 2004 a 2013, na mesma faixa etária que frequentava o
Ensino Médio aumentou de 44,2% para 55,2%.
Por outro lado, muitos jovens preocupados numa sociedade de consumo em “Ter”
mais do que “Ser”, envolvem-se na “cultura da ostentação”, em uma demonstração
de autoafirmação por intermédio de usos de roupas de marcas famosas, da aparên-
cia – como dita a ordem capitalista global.
Deve-se ter o cuidado de não encarar a separação entre jovens pobres e ricos ape-
nas pelo viés econômico, mas, igualmente, pelos diferentes pontos de vista originá-
rios de seus ambientes familiares, suas redes de relações, que denotam a riqueza do
universo dos jovens. Como explica a socióloga Mary Garcia Castro (2014):
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Figura 6 – Jovens em movimentos sociais
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: a imagem em preto e branco retrata jovens engajados em um movimento social. Na foto,
duas mulheres estão segurando uma faixa com uma mensagem de protesto ou reivindicação. Ao fundo, é pos-
sível ver outras pessoas participando da manifestação. Fim da descrição.
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Importante
Se por um lado é necessário estabelecer limites na vida social
dos jovens, ao mesmo tempo, é importante a renovação nas
formas de encarar o mundo que a juventude proporciona. É es-
sencial garantir a existência de uma rede de apoio social e fami-
liar, seja na educação formal, na proteção à saúde para o jovem
e adolescente, principalmente, em relação à sexualidade e pre-
venção à saúde em geral, bem como equipamentos sociais, de
cultura e lazer.
Em relação aos jovens que moram no campo, muitos pensam em migrar para a
cidade em virtude da maior possibilidade de ter uma formação, emprego, por conta
do menor acesso à infraestrutura no campo. Muitos gostariam de ter uma vida no
campo, mas acabam migrando em alguns casos pela falta de condições de perma-
necer e ampliar seu horizonte social e econômico nas áreas rurais.
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Em relação aos jovens negros, estabelecem-se inúmeros problemas, que refletem
as desigualdades de acesso aos negros no Brasil. Como explicam Matijascic e Silva
(2016):
Os negros ganham menos que os brancos no Brasil, estudam menos e tem menor
renda. Programas do governo federal instituídos no começo do século XXI, caso
do Programa Universidade Para Todos (Prouni), e as Cotas Raciais instituídas em
algumas Universidades vêm desempenhando um papel para inserir alguns jovens
pobres no Ensino Superior e permitir que alguns jovens negros alcancem a mesma
condição.
Embora tenha havido políticas públicas buscando inserir os jovens por meio da edu-
cação e do trabalho, há ainda muito a ser feito no Brasil, tanto em relação aos jovens,
quanto aos idosos. Uma sociedade que não valoriza o professor, o idoso, a mulher,
e na qual a educação é concebida como algo menos importante, não pode diminuir
as desigualdades existentes.
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Material Complementar
Sites
Notícias do Censo 2010
https://bit.ly/3DHxSuJ
Anuário Estatístico do Brasil
https://bit.ly/3q9dlfH
Vídeos
IPEA Apresenta Pesquisa sobre os Valores da População e a Estrutura Social
no Brasil
https://youtu.be/8GkpvLvIfhs
Eu, Idoso
https://youtu.be/y-YZxSWv9U0
Leitura
Dimensões da Experiência Juvenil Brasileira e Novos Desafios às Políticas
Públicas
https://bit.ly/3OEpKS2
26
Referências
ARENDT, H.. A condição humana. Tradução de Roberto Raposo. Rio de Janeiro: Fo-
rense Universitária, 2005. p. 188-338.
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Referências
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Referências
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Referências
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