6 Reconquista

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Reconquista

A Reconquista (também referenciada como Conquista


cristã) é a designação historiográfica para o movimento
ibérico cristão com início no século VIII que visava à re- L N
cuperação dos ibéricos cristãos das terras perdidas para
os invasores árabes durante a invasão muçulmana da C A
península Ibérica. P
Houve resistência em várias partes da península e os
muçulmanos não conseguiram ocupar o norte, onde resis-
tiram bravamente muitos refugiados; aí surgiria Pelágio
(ou Pelaio) que se pôs à frente dos refugiados, iniciando Sevilla ALMOHADS
Granada
imediatamente um movimento para reconquistar o terri-
tório perdido, houve retrocessos, como em Portugal que
quase terminou sua Reconquista em 1187, mas o sul foi
1157
invadido pelo Califado Almóada do Norte da África ou
no século X devido as constantes razias islâmicas e entre Extensão da Reconquista no Território Almóada em 1157.
outros, a desunião ibérica favoreceu bastante os muçul-
manos.
Os reinos ibéricos eram monarquias feudais, era eficiente
para combater incursões muçulmanas e razias mas difi-
podiam contornar essa região pois estavam mais interes-
cultava o processo de Reconquista devido a desunião e
sados em atravessar os Pirenéus e derrotar os Francos, do
as guerras feudais. A ocupação das terras conquistadas
outro lado, visto terem como objectivos conquistar todos
fazia-se com um cerimonial: cum cornu et albende de
os territórios à volta do Mediterrâneo, o que acabou por
rege, isto é, com o toque das trombetas e o estandarte
não acontecer, pois foram derrotados pelos tais Francos.
desfraldado.
Assim, o período compreendido entre 711 e 1492 foi
A ideia de guerra santa, pela cruz cristã, só veio a sur-
marcado, na península Ibérica, entre outros fatos, pela
gir na época das Cruzadas (1096) e já em 1085, os rei-
presença de governantes muçulmanos. Em nome da re-
nos ibéricos já haviam reconquistado mais da metade da
cuperação da região, ocorreu um longo processo de lutas,
península Ibérica. A reconquista de todo o território pe-
considerado por alguns como parte do movimento de cru-
ninsular durou cerca de sete séculos, só ficando concluída
zadas, resultando finalmente na completa reconquista do
em 1492 com a tomada do reino muçulmano de Granada
território por parte dos cristãos.
pelos Reis Católicos.
Durante esta fase, dá-se o nascimento do Reino de Por-
Em Portugal, a reconquista terminou antes com a con-
tugal e de diversos outros reinos na península Ibérica,
quista definitiva da cidade de Faro pelas forças de D.
tal como, o Reino dos Algarves pertencente ao primeiro.
Afonso III, em 1249, o extremo sul do país estava com-
Enquanto Portugal já em 1168 tinha seus limites muito
pletamente despovoado, a população encontrava-se no
próximos dos atuais, a unificação da Espanha deu-se de
centro-norte até ao sul de Évora e Santiago do Cacém.
forma gradual; até hoje ainda existem movimentos sepa-
O Algarve foi repovoado na segunda metade do século
ratistas.
XIII.
No século XII, os almorávidas foram substituídos pelo
Califado Almóada no extremo Sul do território peninsu-
lar. Os almóadas surgiram em Marrocos, descontentes
1 Precedentes com o insucesso dos almorávidas em revigorar os estados
muçulmanos fantoches na península Ibérica, bem como
Por volta do ano 711 toda a península Ibérica seria in- em suster a reconquista ibérica cristã. Isso porque os rei-
vadida por hordas Berberes, comandadas por Tárique, nos cristãos ibéricos, que já haviam reconquistado quase
obrigando os Visigodos a recolher-se principalmente nas 3/4 da Ibéria no século XII, tinham juntos cerca de sete
Astúrias, uma região no Norte da península, que, pelas milhões de habitantes, enquanto o Sul, dominado pelos
suas características naturais, colocava grandes dificulda- mouros, tinha uma população muito escassa em compa-
des ao domínio muçulmano. Além disso, os muçulmanos ração.

1
2 3 A OPORTUNIDADE

2 A revolta pusera por vezes em prática, cerca de novecentos anos


antes: ainda que muito a custo, os cavaleiros enviados
em cilada para a floresta à esquerda das gargantas de
Covadonga, puderam chegar aí sem serem sentidos pe-
los árabes. Aquando da aproximação dos árabes, os cris-
tãos recuaram e os primeiros, atribuindo ao temor esta
fuga simulada, precipitaram-se em sua direcção. Pouco
a pouco, o duque da Cantábria atraiu-os para a entrada
da gruta de Covadonga. Ao som da trombeta de Pelágio,
do cimo dos rochedos surgiram guerreiros que dizimaram
os africanos e os renegados godos com tiros e lançando
rochedos.
Na batalha de Auseba foram vingados os valentes que
pereceram na Batalha de Guadalete, nas margens do
Chrysus, com a morte de vinte mil sarracenos.

3 A oportunidade

Estátua de Pelágio das Astúrias

Antes de 750, os soldados berberes, que se acantonavam


nas terras mais ao norte, revoltaram-se contra os árabes:
estes eram pouco numerosos e chamaram tropas sírias,
que dominaram a revolta. Em 718, Pelágio, chefe dos
Visigodos, aproveita a desorganização muçulmana e dá
início a um processo de reconquista dos territórios hispâ-
nicos, que iria durar cerca de seis ou sete séculos.
Não se sabe muito sobre Pelágio: o nome não é gótico: os
autores de pequenas crónicas escritas pelo fim do século
IX e no X procuram relacioná-lo com os antigos reis vi-
sigodos, para estabelecerem uma relação entre os guer-
rilheiros montanheses e a «restauração» do cristianismo
Os cristãos esperavam esses combates na esperança de
em Espanha. Um escritor árabe coevo diz que se tratavaum avanço na reconquistas cristã, e encontravam nas
de um galego. Um historiador moderno supõe que seria
montanhas das Astúrias um campo propício. Delas des-
um servo que se conseguiu impor aos companheiros no ceu um dia um grupo de godos, capitaneados pelo refe-
período de crise que seguiu a queda da monarquia; um
rido Pelágio, que infligiria aos sarracenos uma formidá-
outro considera-o um nativo das Astúrias; outros autores
vel derrota na batalha de Cangas de Onís (cerca de 722),
consideram que Pelágio era duque da Cantábria, parente,
e que seria o primeiro elo dessa cadeia de combates que,
segundo a tradição, do rei Rodrigo. prolongando-se através de quase oito séculos, fez recuar
Pelágio seria então o chefe daquele heroico grupo de o Alcorão para as praias de África e restituiu a península
montanheses (ástures e cántabros) que escaparam à do- ao cristianismo.
minação árabe da península, refugiados nas montanhas Seguiu-se uma prolongada guerra civil, a cerca de 740,
quase inacessíveis das Astúrias. O domínio muçulmano em consequência da qual as terras para o norte do Douro
na península levava os guerreiros cristãos a porfiadas ficaram livres, ou quase livres, dos invasores, porque os
pelejas, cada um querendo «gizar» um reino para si. berberes, que lá estavam, marcharam para o sul para fazer
É em 722 que ocorre a primeira grande vitória dos cris- guerra aos árabes. As populações hispano-góticas des-
tãos contra os mouros, na Batalha de Covadonga; dá- sas regiões puderam, então, levantar cabeça e colocaram-
se assim a derrota dos muçulmanos. Alexandre Hercu- se do lado dos cristãos contra esses mouros. A Galiza
lano considera que o ardil de guerra que deu a vitória foi uma zona onde essa luta foi mais renhida e devasta-
a Pelágio tem muito de comum com aquele que Viriato dora. Antes de terminar o século VIII, por efeito do recuo
3

dos mouros, divididos por guerras internas, a península 5 Cavalaria e infantaria


Ibérica tinha duas zonas, cujo limite passava, aproxima-
damente, por Coimbra, seguia o curso do Mondego por
Talavera, Toledo, Tudela e Pamplona. As populações não As táticas ibéricas de cavalaria envolvem os cavaleiros
estavam submetidas a nenhuma organização definida per- que se aproximavam do inimigo e atirando dardos, antes
manente, a não ser ao clero. de retirar-se para uma distância segura, antes de iniciar
um outro assalto. Uma vez que a formação dos inimi-
Algumas sés (entre elas as do Porto e Braga) foram aban-
gos estava suficientemente enfraquecidos, os cavaleiros
donadas pelos bispos, mas o culto cristão nunca foi in-
encarregados de empunhar lanças (as lanças pesadas não
terrompido. Alguns historiadores, entre eles Alexandre
chegariam a Hispânia até o século 11). Havia três tipos
Herculano, tomaram à letra algumas frases dos cronicões
de cavaleiros: os cavaleiros reais, os nobres cavaleiros (os
da reconquista, em especial o atribuído a Sebastião, bispo
cavalheiros fidalgos) e os cavaleiros plebeus (os cavalhei-
de Salamanca.
ros vilões). Os cavaleiros reais eram principalmente no-
Rezam as crónicas que foi Afonso I (um chefe asturiano) bres com uma estreita relação com o rei, e, portanto, rei-
quem reconquistou uma enorme região, que incluía toda vindicavam uma herança gótica direta.
a Galiza, o Minho, o Douro e parte da actual Beira Alta,
Os cavaleiros reais foram equipados da mesma maneira
passando os mouros a fio de espada e levando consigo,
como seu antecessores góticos - os braceletes, o escudo
para norte, todos os cristãos que encontrou no território.
pipa, uma espada longa (projetado para lutar a partir do
É essa a origem da teoria do ermamento: se todos os cavalo) e, assim como os dardos e as lanças, um ma-
mouros foram mortos e todos os cristãos levados, a terra chado de origem gótico similar à francisca dos francos.
transformou-se num grande deserto, onde a vida social Os cavaleiros nobres vieram das fileiras dos nobres me-
parou e só veio a renascer a partir da sua incorporação nores, enquanto os cavaleiros plebeu não eram nobres,
nos novos reinos cristãos. Este ponto de vista foi depois mas eram ricos o suficiente para pagar um cavalo. Excep-
corrigido. Os cristãos levados para o norte pode explicar- cionalmente, na Europa, esses cavaleiros compreendeu
se pela necessidade de mão-de-obra. E, entre os mortos uma força de cavalaria de milícia sem ligações feudais,
e os feridos, há sempre alguns que escapam. estando sob o controle exclusivo do rei ou a contagem de
Castela por causa das " charters " (ou foros). Os cavalei-
ros entre nobres e plebeus usavam armaduras de couro e
levava dardos, lanças e escudos redondos (influência dos
escudos mouriscos), bem como uma espada.
Os peões eram os camponeses que iam para a batalha a
4 A cultura militar na península serviço de seu senhor feudal. Mal equipados, com arcos e
Ibérica flechas, lanças e espadas curtas, eles eram usados princi-
palmente como as tropas auxiliares. Sua principal função
no campo de batalha era conter as tropas inimigas até que
Em situação de constante conflito, a guerra e a vida coti- a cavalaria chegar e para bloquear a infantaria inimiga de
diana foram fortemente interligados durante este período. atacar os cavaleiros.
Pequenos exércitos, levemente equipados reflete como a O arco longo, o arco compósito (arco composto ou lami-
sociedade tinha que estar em estado de alerta em todos os
nado construído de madeira, osso ou chifre, e tendões de
momentos. Estas forças são capazes de percorrer gran- animais) e a besta são os tipos básicos de arcos, e especi-
des distâncias em tempos curtos, permitindo um rápido
almente populares na infantaria. O lançamento de dardos
retorno para casa depois de eliminar e saquear um alvo. e o tiro com a funda, o arco e a besta era intensamente
As batalhas que tiveram lugar foram, principalmente en-
incentivado pela população. O treino regular era muito
tre clãs, expulsando exércitos intrusos ou expedições de importante para qualquer guerreiro.
saque e pilhagem.
Normalmente a armadura era feita de couro, com ma-
No contexto do relativo isolamento da Península Ibérica lhas e escamas de ferro; os casacos cheios de cota de
do resto da Europa, e o contato com a cultura mourisca, as malha eram extremamente raros e a barda para os ca-
diferenças geográficas e culturais implicava o uso de es- valos completamente desconhecido. As proteções para a
tratégias militares, táticas e equipamentos que eram mar- cabeça consistiu em um capacete com protetor em volta
cadamente diferentes daqueles encontrados no restante do nariz (influenciado pelos desenhos usados por Vikings
do Europa Ocidental durante este período. que atacaram durante os séculos VIII e IX) e um capa-
Os exércitos ibéricos medievais foram compostos prin- cete de cota de malha. Os escudos eram muitas vezes
cipalmente de dois tipos de forças: a cavalaria (princi- redondos ou em forma de rim, com exceção dos projetos
palmente de nobres, mas incluindo os cavaleiros vilões a em forma de pipa usados pelos cavaleiros reais. Normal-
partir do século X) e a infantaria ou os peões (os cam- mente, adornado com desenhos geométricos, cruzes ou
poneses). A infantaria somente iria para a guerra, se era borlas, escudos eram feitos de madeira e tinha uma capa
necessário, o que não era comum. de couro.
4 7 OS ATAQUES

As espadas de aço eram a arma mais comum. A cavala- aproximação dos soldados (umas vezes mouros, outras
ria usavam as espadas longas de dois gumes, a infantaria vezes cristãos), os aldeões faziam como em Coimbra:
usavam as espadas curtas de um gume. As guardas eram refugiavam-se nos montes e voltavam depois para cons-
reta ou semicircular, mas sempre altamente ornamenta- truir novas choupanas e continuar as sementeiras. E estas
dos com padrões geométricos. As lanças e dardos eram dificuldades iam fortalecendo o poder popular. As con-
de até 1,5 metros de comprimento e tinha uma ponta de dições sociais desta época são pouco conhecidas. Apesar
ferro. O machado de duas lâminas, feito de ferro, e com disso, há indicações de conflitos sociais violentos entre os
30 cm de comprimento e extremamente afiado e possuir servos e os senhores feudais.
uma grande vantagem, foi projetado para ser igualmente
útil como uma arma de arremesso ou no combate corpo
a corpo. As maças e os martelos não eram comuns, mas
alguns espécimes permaneceram, e são pensados para ter
sido usado por membros da cavalaria.
Finalmente, os bandos de mercenários foram um fator
importante, como muitos reis não tinham soldados sufici-
entes disponíveis. Os escandinavos, os lanceiros flamen-
gos, os cavaleiros francos, os arqueiros montados mouros
e a cavalaria ligeira berbere foram os principais tipos de
mercenário disponível e utilizado no conflito.

6 As mudanças tecnológicas
Este estilo de guerra permaneceu dominante na península
Ibérica até o final do século XI, quando expressa as tá-
ticas da lança pesada de cavalaria pesada chegaram da
França, embora as técnicas tradicionais de arremessos de Os cristãos consideravam que o seu protector era Santiago (ainda
dardos com cavalos continuaram a ser usados. Nos sécu- hoje patrono da Espanha), apelidado de Santiago Matamouros.
los XII e XIII, os soldados normalmente carregava uma
espada, uma lança, um dardo, e quer um arco e flechas
ou uma besta e virotes/setas. A armadura consistia de
A Crónica Sebastianense e a crónica Albeldense falam-
uma cota de malha sobre um casaco de couro acolcho-
nos de uma revolta de libertinos, isto é, descendentes de
ado, estendendo-se pelo menos até os joelhos, um elmo
antigos escravos. Diz que se revoltaram contra os senho-
ou um capacete de ferro, e as braçadeiras para proteger
res mas foram vencidos e «reconduzidos à escravidão».
os braços e os coxetes para as coxas, feitos de couro ou
Em alguns casos, as populações revoltavam-se após a in-
metal.
corporação dos territórios em que habitavam no domí-
Os escudos eram redondos ou triangulares, feito de ma- nio cristão. Essas revoltas não eram de carácter religioso:
deira, coberto com couro, e protegido por uma faixa de não existem indícios de uma profunda adesão dos povos
ferro, os escudos dos cavaleiros e nobres suportaria o em- ao credo islâmico. Mas os «reconquistadores» não acei-
blema de armas da família. Os cavaleiros andava tanto tavam as organizações dos vizinhos que, entretanto, se
no estilo muçulmano, a la ginete (ou seja, o equivalente tinham enraizado.
a um assento de jóquei moderno), um cinto de estribo
curto e joelhos permitidos para um melhor controle e ve-
locidade, ou no estilo francês, a la brida , uma cinta de
estribo longo permitiu mais segurança na sela (ou seja, o
equivalente ao assento de cavalaria moderna, que é mais 7.1 Santiago Mata-Mouros
seguro) quando atua como uma cavalaria pesada. Os ca-
valos foram ocasionalmente também equipados com uma
cota de malha. De acordo com outras tradições, Santiago teria apare-
cido miraculosamente em vários combates travados em
Hispânia durante a Reconquista Cristã, sendo a partir de
então apelidado de Matamoros (Mata-Mouros). Santiago
7 Os ataques y cierra España foi desde então o grito de guerra dos exér-
citos da península. Santiago era também protector do
As razias eram feitas nos lugares onde os saques podiam exército português até à crise de 1383-1385, altura em
ser compensadores, e o facto de se repetirem várias ve- que o seu brado foi substituído pelo de São Jorge, trazido
zes mostra que as populações estavam enraizadas. À pelos ingleses contra as hostes espanholas.
8.1 Portugal na Reconquista 5

de Leão, de Castela e de Galiza.


Afonso VI, aproveitando as lutas entre os principados
muçulmanos após a desagregação do califado de Córdova
(1031), prosseguiu a guerra contra os infiéis e conquistou
Toledo, onde fixou a capital.
Face às vitórias cristãs, os emires pedem auxilio aos
Almorávidas da Mauritânia, e estes, vindo à penín-
sula, derrotam os exércitos cristãos na Batalha de Zalaca
(1086). Porém, a oeste, os nobres galegos e do condado
portucalense, tomam Santarém e a seguir Lisboa e Sintra
(1093), estendendo assim a reconquista até ao Tejo. Con-
tudo, em 1110, uma reacção mais forte dos Sarracenos
trouxe-os de novo até junto de Santarém e após um longo
Mapa da evolução da conquista cristã. assédio a cidade rendeu-se, diminuindo de extensão o
poder dos leoneses. Santarém permanece então no po-
der dos mouros até ser reconquistada definitivamente por
8 Os reinos cristãos D. Afonso Henriques em 1147. Acudindo aos apelos de
Afonso VI, entre os cavaleiros de além-Pirenéus, vem
Raimundo da Borgonha, filho do conde de Borgonha, que
O primeiro reino cristão foi o das Astúrias, fundado por casaria com D. Urraca, filha do rei de Leão e recebe deste
Pelágio, e mais tarde o Reino de Leão. Nos princípios do (1093) o governo de toda a Galiza até ao Tejo. No ano
século X, a província de Navarra tornou-se independente, seguinte chega à Península D. Henrique, irmão do Duque
formando o Reino de Navarra. de Borgonha e primo de Raimundo, que recebe a mão de
Os reis ásturo-leoneses foram alargando os domínios cris- D. Teresa, filha ilegítima de Afonso VI e recebe, depois,
tãos que atingiram o rio Mondego (Afonso III de Leão, e, o governo da província portucalense que fazia parte do
ao mesmo tempo, iam repovoando terras e reconstruindo Reino da Galiza - terra que seu filho Afonso Henriques
igrejas e mosteiros, ficando célebre na parte ocidental o (revoltando-se contra ela e o seu padrasto Fernão Peres de
Mosteiro de Guimarães – com grandes propriedades rús- Trava) alargou e tornou em reino independente. Assim,
ticas e muitos castelos por todo o norte do país. a formação do reino de Portugal foi uma frutuosa con-
sequência das cruzadas do Ocidente. O reino da Galiza
Porém, já no século X, as discórdias entre os chefes cris-
passou a ser unicamente aquele ao norte do rio Minho, fi-
tãos enfraqueceram o reino, e Almançor tomou a ofensiva
cando, com o tempo, mais dependente do poder do Reino
destruindo Leão, a capital, e reduzindo o reino cristão ao
de Castela — limitada por Leão a Este e por Portugal a
último extremo.
Sul, a Galiza assumia assim a sua fronteira e Portugal se-
No século XI, Sancho de Pamplona, rei de Navarra, ane- ria o único a constituir um estado independente do poder
xou o condado de Castela e, por sua morte, os seus esta- castelhano.
dos foram divididos pelos três filhos, sendo nessa altura
Depois de D. Afonso VI de Leão, o último grande recon-
os condados de Aragão e de Castela elevados à catego-
quistador espanhol até aos Reis Católicos, a reconquista
ria de reinos. O reino de Castela coube a Fernando I, o
contra o Califado Almóada foi prosseguida pelos reis de
Magno, mas este em breve se apoderou também do reino
Portugal, Castela, Aragão e pelos condes de Barcelona.
de Leão.
Fernando, rei de Leão e Castela, notabilizou-se na luta
contra os muçulmanos recuperando muitas terras, en-
tre as quais Coimbra (1064), alargando assim definitiva-
mente os limites da reconquista até ao Mondego. Este
monarca desenvolveu o território entre o Douro e Mon-
dego, o qual aparece designado por Portucale, separada-
mente dos outros territórios da Galiza, com dois distritos
ou condados – Portugal e Coimbra – gozando de autono- 8.1 Portugal na Reconquista
mia administrativa, com magistrados próprios.
Fernando I, ao falecer (1065), repartiu os seus domínios
pelos filhos: Sancho ficou com Castela, Afonso com Leão D. Afonso Henriques, filho do conde de Portucale,
e Astúrias, e Garcia com a Galiza (e com ele o condado de iria revoltar-se contra a sua mãe, conquistando a
Portugal), transformado no independente Reino da Ga- Independência de Portugal e iniciando a reconquista por-
liza. Depois de varias lutas entre os irmãos, morto Sancho tuguesa autonomamente. Desde o início do seu reinado,
e destronado Garcia, Afonso VI de Castela reúne nova- conseguimos documentar as seguintes batalhas:
mente todos os estados de seu pai, tornando-se assim rei * - Considerada lendária pela historiografia moderna
6 13 BIBLIOGRAFIA

9 Cronologia da Reconquista • Decreto de Alhambra

10 Ordens religiosas e Cruzadas 13 Bibliografia


Todos os reinos ibéricos puderam beneficiar do apoio de • AFONSO, A. Martins, Curso de história da civiliza-
várias Ordens Militares, das quais se destaca a Ordem dos ção portuguesa - 8ª ed. - Porto: Porto Editora, [D.L.
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• REILLY, Bernard F., Cristãos e muçulmanos: a luta
Portugal, especialmente, viria a beneficiar das Cruzadas
pela Península Ibérica (The contest of Christian and
em trânsito para o Médio Oriente, tendo estas desempe-
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nhado um papel importantíssimo na tomada de algumas
Teorema, 1998 - 327 p. - ISBN 972-695-262-X
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na fundação do próprio Reino de Portugal. • SARAIVA, José Hermano, 1919 - História de Por-
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124, [2] p. : il. ; 25 cm. - (Pequena história das
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Vol I: Antes de Portugal / dir. José Mattoso . - [Lis-
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1492, (Great Britain: Osprey Publishing Limited,
1988)
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liger Krieg - die Deutung des Krieges im christli-
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conquista chegava ao fim. Já os reinos da Galiza, Leão, Wilhelm Heyne Verlag, München 1980. ISBN 3-
Castela, Navarra e Aragão iniciavam uma relativa unifi- 453-48067-8
cação ao possuir um único rei (embora mantendo a auto-
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nomia económica, administrativa e comercial), que pos-
- XIIIe siècle) le peuplement musulman au nord de
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l'Ebre et les débuts de la reconquête aragonaise , Pa-
mente com o reino independente de Portugal, debatiam-
ris , Maisonneuve et Larose , 2000 , ISBN 2-7068-
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1421-7
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Leão, Aragão, Portugal Historia medieval 27, pp. 153-70. http://campus.
usal.es/~{}revistas_trabajo/index.php/Studia_H_
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600_dpi_black_and_white_with_OCR

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8 14 FONTES, CONTRIBUIDORES E LICENÇAS DE TEXTO E IMAGEM

14 Fontes, contribuidores e licenças de texto e imagem


14.1 Texto
• Reconquista Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Reconquista?oldid=42635107 Contribuidores: Manuel Anastácio, Joaotg, Msch-
lindwein, PedroPVZ, Andreas Herzog, Mecanismo, LeonardoRob0t, Pedrassani, Alexg, Lusitana, Whooligan, Nuno Tavares, Get It, Indech,
NTBot, RobotQuistnix, Rei-artur, Epinheiro, André Koehne, Gz2005, OS2Warp, Lampiao, Quinhotadeu, Oitcd, Chobot, YurikBot, Gda-
masceno, FlaBot, Jsobral, PatríciaR, Chlewbot, Dantadd, LijeBot, Reynaldo, Thijs!bot, Rei-bot, Escarbot, Ingowilges, JAnDbot, Capmo,
Bisbis, Unica semper, Albmont, CommonsDelinker, Idioma-bot, Carlos28, TXiKiBoT, SieBot, Vasco-RJ, Bluedenim, AMRR, YonaBot,
Teles, Escarlati, AlleborgoBot, GOE2, Mvmattke, Leandro Drudo, Maañón, PatiBot, Igiul, Heiligenfeld, Lusitanium, Beria, PixelBot, Ra-
faAzevedo, PauloNandufe, Alexbot, Lourencoalmada, SilvonenBot, Marcelotavares1965, Numbo3-bot, Mr.Yahoo!, Luckas-bot, LinkFA-
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