(2º Ano) - Recuperação - Língua Portuguesa

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Centro Educacional Santa Luzia

SÉRIE: 2º ANO DATA: 2 º BIMESTRE

ALUNO (A):

DISCIPLINA: L. PORTUGUESA PROFESSOR (A): LUCAS SAMPAIO

Recuperação Bimestral

1. O excerto a seguir foi extraído da obra “Noite na Taverna”, livro de contos escritos
pelo poeta ultrarromântico Álvares de Azevedo (1831-1852).
.
“Uma noite, e após uma orgia, eu deixara dormida no leito dela a condessa Bárbara. Dei
um último olhar àquela forma nua e adormecida com a febre nas faces e a lascívia nos
lábios úmidos, gemendo ainda nos sonhos como na agonia voluptuosa do amor. Saí.
Não sei se a noite era límpida ou negra; sei apenas que a cabeça me escaldava de
embriaguez. As taças tinham ficado vazias na mesa: aos lábios daquela criatura eu
bebera até a última gota o vinho do deleite…
Quando dei acordo de mim estava num lugar escuro: as estrelas passavam seus raios
brancos entre as vidraças de um templo. As luzes de quatro círios batiam num caixão
entreaberto. Abri-o: era o de uma moça. Aquele branco da mortalha, as grinaldas da
morte na fronte dela, naquela tez lívida e embaçada, o vidrento dos olhos mal
apertados… Era uma defunta!… e aqueles traços todos me lembravam uma ideia
perdida… — era o anjo do cemitério! Cerrei as portas da igreja, que, eu ignoro por
quê, eu achara abertas. Tomei o cadáver nos meus braços para fora do caixão. Pesava
como chumbo…” (São Paulo: Moderna, 1997, p. 23)
.
Com relação ao fragmento acima, afirma-se:
I) Acentua traços característicos da literatura romântica, como o subjetivismo, o
egocentrismo e o sentimentalismo; ao contrário, despreza o nacionalismo e o
indianismo, temas característicos da primeira geração romântica.
II) Idealiza figuras imaginárias, mulheres incorpóreas ou virgens, personagens que
confirmam o amor inatingível, idealizado na literatura ultrarromântica. Desta forma, no
1o parágrafo, o amor platônico não é superado pelo amor físico.
III) Tematiza a morte, presente em grande parte da obra do autor.
 Assinale a alternativa correta.
a) Apenas I está correta.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) I, II e III estão corretas.
d) Apenas I e II estão corretas.
e) Apenas I e III estão corretas.

SONETO

Já da morte o palor me cobre o rosto,


Nos lábios meus o alento desfalece,
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!
Do leito embalde no macio encosto
Tento o sono reter!… já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece…
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!

O adeus, o teu adeus, minha saudade,


Fazem que insano do viver me prive
E tenha os olhos meus na escuridade.

Dá-me a esperança com que o ser mantive!


Volve ao amante os olhos por piedade,
Olhos por quem viveu quem já não vive!

(AZEVEDO, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000)


2. O núcleo temático do soneto citado é típico da segunda geração do romantismo,
porém configura um lirismo que o projeta para além desse momento específico. O
fundamento desse lirismo é
a) a angústia alimentada pela constatação da irreversibilidade da morte.
b) a melancolia que frustra a possibilidade de reação diante da perda.
c) o descontrole das emoções provocado pela autopiedade.
d) o desejo de morrer como alívio para a desilusão amorosa.
e) o gosto pela escuridão como solução para o sofrimento.

“Eu deixo a vida como deixa o tédio


Do deserto, o poento caminheiro
– Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro.”

3. Os versos acima exemplificam:


a) a utilização de metáforas grandiosas para expressar a indignação com as injustiças
sociais que caracteriza a obra de Castro Alves.
b) a temática a procura da morte como solução para os problemas da existência em que
se encontra em Álvares de Azevedo.
c) tratamento ao mesmo tempo irônico e lírico a que Carlos Drummond de Andrade
submete o cotidiano.
d) a presença da natureza como cenário para o encontro do pastor com sua amada, como
ocorre em Tomás Antônio Gonzaga.
e) a exploração de ecos, assonâncias, aliterações em busca de uma sonoridade válida por
si mesma, como se vê na obra de Cruz e Sousa.

LEMBRANÇA DE MORRER
Quando em meu peito rebentar-se a fibra
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente.

E nem desfolhem na matéria impura


A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.
Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro
— Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;

Como o desterro de minh'alma errante,


Onde fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade — é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.

Só levo uma saudade — é dessas sombras


Que eu sentia velar nas noites minhas...
De ti, ó minha mãe, pobre coitada
Que por minha tristeza te definhas!

De meu pai... de meus únicos amigos,


Poucos — bem poucos — e que não zombavam
Quando, em noite de febre endoudecido,
Minhas pálidas crenças duvidavam.

Se uma lágrima as pálpebras me inundam,


Se um suspiro nos seios treme ainda
É pela virgem que sonhei... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!
(...)

4. Com base no poema “Lembrança de Morrer”, do livro Lira dos 20 anos, de Álvares
de Azevedo, pertencente à estética romântica brasileira, escolha a alternativa correta.
a) Uma das características românticas é o objetivismo, nesse sentido, a realidade é
revelada através da atitude impessoal do escritor. O artista traz à tona o mundo exterior
com plena liberdade;
b) No culto da natureza, percebe-se que esta é apenas pano de fundo ou cenário, onde o
poeta romântico mergulha para encontrar a paz de espírito necessária para compor seus
poemas;
c) Decorrente de sua adaptação ao mundo “real” o poeta romântico não tem consciência
da solidão. Então, ele mergulha no mundo exterior, pois não compreende o mundo
interior;
d) A paisagem descrita pelo poeta permanece impassível, não apresentando qualquer
vínculo de expressividade e significação;
e) Na evasão ou escapismo, o poeta romântico procura fugir para um mundo imaginário,
idealizado a partir dos sonhos e das emoções pessoais. Podendo evadir-se ainda para a
solidão, para o desespero e para a evasão das evasões: o suicídio, a morte.

5. Leia o soneto “Já da morte o palor me cobre o rosto”, de Álvares de Azevedo, que
pertence à estética romântica brasileira, período em que uma das vertentes passou a ser
designada como “geração do mal do século”, e assinale a ALTERNATIVA CORRETA.
SONETO

“Já da morte o palor me cobre o rosto,


Nos lábios meus o alento desfalece,
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!

Do leito embalde no macio encosto


Tento o sono reter!...já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece...
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!

O adeus, o teu adeus, minha saudade,


Fazem que insano do viver me prive
E tenha os olhos meus na escuridade.

Dá-me a esperança com que o ser mantive!


Volve ao amante os olhos por piedade,
Olhos por quem viveu quem já não vive!”
(AZEVEDO, Álvares de. Lira dos Vinte Anos (1853), São Paulo: Martin Claret, 1999.
p. 187)

a) O poeta faz uso constante de expressões ligadas à morte, revelando uma preferência
pelos aspectos dolorosos, cruéis e até repugnantes. Isso se caracteriza por meio de
impressões sensoriais e dentro do culto do contraste entre a vida e a morte, visando
revelar a miséria da condição humana;
b) Por meio do culto do contraste, uma das características românticas, o poeta faz uso
constante de elementos ligados às ideias de vida e de morte, visando não só a tentativa
de conciliação de polos opostos, considerados irreconciliáveis, como carne e espírito,
mas também a humanização do sobrenatural;
c) Por meio do uso constante de expressões ligadas à morte, o poeta busca descobrir
valores escondidos no âmago do seu “eu”, procurando dar-lhe objetividade para chegar
a um ideal realizável e provocar um movimento que afete o seu espírito e o mundo.
Com isso, pretende facilitar a fusão entre o subjetivo e o objetivo, a vigília e o sono,
visando o êxtase;
d) O poeta faz uso constante de expressões ligadas à morte, não só diretamente, como
“morte” e “fenece”, mas também indiretamente, como “desfalece”, “esmorece”, “viver
me prive” e “já não vive”. Essa opção pela intensificação na temática da morte,
vinculada aos demais aspectos do poema, representa a fuga da realidade e revela o
descontentamento do poeta com a realidade circundante;
e) Por meio da imaginação criadora, uma das características românticas, o poeta faz uso
constante de elementos ligados às ideias de vida e de morte, visando libertar o homem
das limitações de uma existência meramente utilitária. Com isso, busca, como atitude de
vida, sistematizar os valores da imaginação para modificar as estruturas do mecanismo
da realidade odiada, tal como se apresenta objetivamente.

6. Em todas as frases, os verbos estão na voz ativa, exceto em:


a) Ele, que sempre vivera órfão de afeições legítimas e duradouras, como então seria
feliz!...
b) O quinhão de ternura que a ela pretendia, estava intacto no coração do filho.
c) Os dois quadros tinham sido ambos bordados por Mariana e Ana Rosa, mãe e filha.
d) E dizia as inúmeras viagens que tinha feito até ali; contava episódios a respeito do
boqueirão.
e) Sobre a banca de Madalena estava o envelope de que ele tinha falado.

7. Considerando as formas verbais destacadas nas três frases abaixo, a opção com a
correta classificação de tempos e modos é, respectivamente:

1 – Pelo menos não descumpra suas obrigações.


2 – Talvez chova no final do dia.
3 – Digita este documento, por gentileza, Teresinha.

a) imperativo negativo/presente do subjuntivo/ imperativo afirmativo.


b) presente do subjuntivo/presente do subjuntivo/ imperativo afirmativo.
c) imperativo negativo/presente do subjuntivo/presente do indicativo.
d) presente do subjuntivo/presente do subjuntivo/presente do indicativo.
e) imperativo negativo/presente do indicativo/imperativo afirmativo.

8. Assinale os períodos cujos verbos destacados estão no modo subjuntivo:


I. Entenda que é preciso preservar os recursos naturais para as gerações futuras;
II. É necessário que nos preocupemos com camadas sociais menos favorecidas;
III. Nem todos sabem sobre a importância da ação do homem sobre a natureza;
IV. O voo fará duas escalas antes de chegar ao Brasil;
V. Ela poderá brincar caso termine a tarefa antes do anoitecer.

Estão corretas:
a) Todas as alternativas.
b) Apenas III e IV.
c) I, II e V.
d) II, III e V.
e) Apenas II e V.

As duas manas Lousadas! Secas, escuras e gárrulas como cigarras, desde longos anos,
em Oliveira, eram elas as esquadrinhadoras de todas as vidas, as espalhadoras de todas
as maledicências, as tecedeiras de todas as intrigas. E na desditosa cidade, não existia
nódoa, pecha, bule rachado, coração dorido, algibeira arrasada, janela entreaberta,
poeira a um canto, vulto a uma esquina, bolo encomendado nas Matildes, que seus
olhinhos furantes de azeviche sujo não descortinassem e que sua solta língua, entre os
dentes ralos, não comentasse com malícia estridente.
(Eça de Queirós, A ilustre Casa de Ramires)

9. No texto, o emprego de artigos definidos e a omissão de artigos indefinidos têm como


efeito, respectivamente:
a) atribuir às personagens traços negativos de caráter; apontar Oliveira como cidade
onde tudo acontece.
b) acentuar a exclusividade do comportamento típico das personagens; marcar a
generalidade das situações que são objeto de seus comentários.
c) definir a conduta das duas irmãs como criticável; colocá-las como responsáveis pela
maioria dos acontecimentos na cidade.
d) particularizar a maneira de ser das manas Lousadas; situá-las numa cidade onde são
famosas pela maledicência.
e) associar as ações das duas irmãs; enfatizar seu livre acesso a qualquer ambiente na
cidade.

A MENTE QUE TUDO PODE


O médico me garante que a maioria de nossos males tem origem psicossomática. Talvez
a totalidade, ele acrescenta. Do alto de sua longa experiência, garante que pessoas
felizes não ficam de cama. Para comprovar a tese, relaciona tipos de personalidade com
as doenças: os muito exigentes ficam hipertensos, os nervosos contraem dermatoses, os
obsessivos desenvolvem câncer, os estressados sofrem acidentes cardiovasculares. A
mente tudo pode. Mente?
O médico não está sozinho. Muita gente acredita que a mecânica newtoniana – a ação e
a reação – se aplica à saúde humana com a mesma precisão que às maçãs em queda
livre. Li um artigo sobre os males que acometeram pessoas famosas a partir da análise
de suas cabeças, do tipo fulano morreu assim porque era assado (assados morreram
muitos, porque ousaram pensar). Até parece que nossos miolos são imutáveis e possuem
uma característica única, sem direito à tristeza, estresse, euforia, obsessão ou felicidade
de vez em quando.
As listas de causa e efeito fazem as previsões de doenças a posteriori. Nunca antes dos
sintomas. Que mal contrairá o desempregado que teme voltar para casa à noite e
comunicar à família que nem biscate conseguiu? Como será hospitalizado o executivo
que adora desafio e viciou em estresse? Posto de outra forma, por que uma senhora sem
problemas familiares e financeiros, simpática, segura da vida eterna, contraiu um câncer
que a matou com dores terríveis? Por que alguns bebês vêm ao mundo com leucemia?
Por que indivíduos assumidamente infelizes chegam aos noventa anos infelizmente
(para eles) bem de saúde? A satisfação, o amor e o sucesso vacinam contra o vibrião do
cólera? Orgasmos múltiplos evitam a AIDS?
Enquanto o psicotudo se alastra, outros médicos destrinçam o genoma e descobrem
relações cada vez mais convincentes entre a herança genética e o futuro da pessoa. Ou
desvendam as reações químicas que os parasitas usam para penetrar nas células. Ou
fazem cirurgias nos fetos.
A mente humana é poderosa, porém não pode tudo. Como disse Montaigne há séculos,
ela cria milhares de deuses, mas não faz um rato. Com todo o arsenal de hoje, consegue
mudar os roedores a partir do código genético existente. Criar mesmo, do nada, neca.
Nem inteligência artificial. O mundo é bem maior do que a nossa imaginação.
Olho para o doutor com desconfiança, ele insiste que as gripes surgem através da queda
imunológica devida ao estresse dos dias atuais. Pergunto-lhe por que os vírus não
padecem do mesmo mal – ou por que derrotam as mentes psicologicamente
equilibradas, bem tranquilas.
E mudo de médico.
GIFFONI, Luiz. http://blogdoluisgiffoni.blogspot.com.br/2015/07/ a-mente-que-tudo-
pode.html?spref=fb. Acessado em: 22/07/2015.)

10. Na frase do texto “O médico não está sozinho.”, o uso do artigo definido “o” pode
se justificar porque
a) vulgariza esse simples especialista.
b) especifica uma categoria em ascensão.
c) determina um profissional em particular.
d) generaliza essa classe profissional.

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