Literatura no Enem Joabedan (2)
Literatura no Enem Joabedan (2)
Literatura no Enem Joabedan (2)
02 - (ENEM/2009)
O SERTÃO E O SERTANEJO
Ali começa o sertão chamado bruto. Nesses campos, tão diversos pelo matiz
das cores, o capim crescido e ressecado pelo ardor do sol transforma-se em
vicejante tapete de relva, quando lavra o incêndio que algum tropeiro, por
acaso ou mero desenfado, ateia com uma faúlha do seu isqueiro. Minando à
surda na touceira, queda a vívida centelha. Corra daí a instantes qualquer
aragem, por débil que seja, e levanta-se a língua de fogo esguia e trêmula,
como que a contemplar medrosa e vacilante os espaços imensos que se
alongam diante dela. O fogo, detido em pontos, aqui, ali, a consumir com
mais lentidão algum estorvo, vai aos poucos morrendo até se extinguir de
todo, deixando como sinal da avassaladora passagem o alvacento lençol,
que lhe foi seguindo os velozes passos. Por toda a parte melancolia; de
todos os lados tétricas perspectivas. É cair, porém, daí a dias copiosa chuva,
e parece que uma varinha de fada andou por aqueles sombrios recantos a
traçar às pressas jardins encantados e nunca vistos. Entra tudo num
trabalho íntimo de espantosa atividade. Transborda a vida.
03 - (ENEM/2009)
Canção amiga
se reconheçam
homens e
adormecer as
crianças.
ANDRADE, C. D. Novos
Isto
ou minto Tudo
que escrevo.
Não. Eu
simplesmente
sinto Com a
imaginação.
ou passo O que
me falha ou finda,
É como que um
terraço Sobre
outra coisa
ainda. Essa
coisa é que é
linda.
Livre do meu
enleio, Sério do
que não é.
PESSOA, F. Poemas
escolhidos. São
Paulo: Globo,
1997.
Fernando Pessoa é um dos poetas mais extraordinários do século XX. Sua
obsessão pelo fazer poético não encontrou limites. Pessoa viveu mais no
plano criativo do que no plano concreto, e criar foi a grande finalidade de
sua vida. Poeta da “Geração Orfeu”, assumiu uma atitude irreverente.
05 - (ENEM/2009)
Ó meio-dia confuso,
ó vinte-e-um de abril
de ouro e de sonho
houve em tua
formação?
Quem ordena,
julga e pune?
Quem é culpado e
inocente? Na
mesma cova do
e o perdão.
sentenças e o
sangue dos
enforcados...
— liras, espadas e
agora são.
pensamento, as
coroas e os
machados,
mentira e
verdade estão.
[...]
MEIRELES, C. Romanceiro da
06 - (ENEM/2009)
Texto 1
O Morcego
Meia-noite. Ao meu quarto me
Minh’alma se concentra.
quarto!
a) reencantar a vida pelo mistério com que os fatos banais são revestidos na
poesia.
07 - (ENEM/2010)
Negrinha
Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha
escura, de cabelos ruços e olhos assustados.
e) rejeição aos criados por parte da senhora, que preferia tratá-los com
castigos.
08 - (ENEM/2010)
Capítulo III
09 - (ENEM/2010)
Após estudar na Europa, Anita Malfatti retornou ao Brasil com uma mostra
que abalou a cultura nacional do início do século XX. Elogiada por seus
mestres na Europa, Anita se considerava pronta para mostrar seu trabalho
no Brasil, mas enfrentou as duras críticas de Monteiro Lobato. Com a
intenção de criar uma arte que valorizasse a cultura brasileira, Anita
Malfatti e outros artistas modernistas
Do calabouço olhando
imensidades, Mares,
sonhando, as imortalidades
colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço,
atroz, funéreo!
abrir-vos as portas do
Mistério?!
11 - (ENEM/2009)
12 - (ENEM/2009)
A partida
1
Acordei pela madrugada. A princípio com tranquilidade, e logo com
obstinação, quis novamente dormir. Inútil, o sono esgotara-se. Com
precaução, 4acendi um fósforo: passava das três. Restava-me, portanto,
menos de duas horas, pois o trem chegaria às cinco. Veio-me então o desejo
de não passar mais 7nem uma hora naquela casa. Partir, sem dizer nada,
deixar quanto antes minhas cadeias de disciplina e de amor.
10
Com receio de fazer barulho, dirigi-me à cozinha, lavei o rosto, os
dentes, penteei-me e, voltando ao meu quarto, vesti-me. Calcei os sapatos,
13
sentei-me um instante à beira da cama. Minha avó continuava dormindo.
Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas palavras... Que me custava
acordá-la, 16dizer-lhe adeus?
d) “Partir, sem dizer nada, deixar quanto antes minhas cadeias de disciplina
e amor” (ref. 7).
e) “Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas palavras...” (ref. 13).
13 - (ENEM/2009)
Confidência do Itabirano
Itabira. Principalmente
nasci em Itabira.
[comunicação.
[sem horizontes.
itabirana.
baixa...
Tive ouro, tive gado, tive
funcionário público.
ANDRADE, C. D. Poesia
14 - (ENEM/2010)
Texto I
XLI
Ouvia:
Que não
podia odiar
E nem temer
Porque tu
eras eu.
E como seria
Texto II
Transforma-se o amador na
Camões. Sonetos.
Disponível em: http://www.jornaldepoesia.jor.br.
Acesso em: 03 set. 2010 (fragmento).
Nesses fragmentos de poemas de Hilda Hilst e de Camões, a temática
comum é
15 - (ENEM/2010)
Texto I
já;
Cantar o sabiá!
Lá na quadra infantil;
já!
Texto II
16 - (ENEM/2010)
Quincas Borba mal podia encobrir a satisfação do triunfo. Tinha uma asa de
frango no prato, e trincava-a com filosófica serenidade. Eu fiz-lhe ainda
algumas objeções, mas tão frouxas, que ele não gastou muito tempo em
destruí-las.
– Para entender bem o meu sistema, concluiu ele, importa não esquecer
nunca o princípio universal, repartido e resumido em cada homem. Olha: a
guerra, que parece uma calamidade, é uma operação conveniente, como se
disséssemos o estalar dos dedos de Humanitas; a fome (e ele chupava
filosoficamente a asa do frango), a fome é uma prova a que Humanitas
submete a própria víscera. Mas eu não quero outro documento da
sublimidade do meu sistema, senão este mesmo frango. Nutriu-se de
milho, que foi plantado por um africano, suponhamos, importado de
Angola. Nasceu esse africano, cresceu, foi vendido; um navio o trouxe, um
navio construído de madeira cortada no mato por dez ou doze homens,
levado por velas, que oito ou dez homens teceram, sem contar a cordoalha
e outras partes do aparelho náutico. Assim, este frango, que eu almocei
agora mesmo, é o resultado de uma multidão de esforços e lutas,
executadas com o único fim de dar mate ao meu apetite.
17 - (ENEM/2010)
18 - (ENEM/2010)
O modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas europeias. A
partir da Semana de Arte Moderna, esses conceitos passaram a fazer parte
da arte brasileira definitivamente. Tomando como referência o quadro O
mamoeiro, identifica-se que, nas artes plásticas, a
19 -
(ENEM/201
0)
Texto I
Texto II
À margem esquerda do rio Belém, nos fundos do mercado de peixe,
ergue-se o velho ingazeiro – ali os bêbados são felizes. Curitiba os considera
animais sagrados, provê as suas necessidades de cachaça e pirão. No trivial
contentavam-se com as sobras do mercado,
20 - (ENEM/2010)
Soneto
Já da morte o palor me
fenece,
reter!... já esmorece
O corpo exausto que o repouso
vive!
21 - (ENEM/2011)
No capricho
Por suas características formais, por sua função e uso, o texto pertence ao
gênero
22 -
(ENEM/201
1)
Estrada
criatura é única.
Até os cães.
Estes cães da roça parecem homens de
23 - (ENEM/2011)
24 - (ENEM/2010)
O texto aponta para uma discussão antiga e recorrente sobre o que é arte.
Artesanato é arte ou não? De acordo com uma tendência inclusiva sobre a
relação entre arte e educação,
a) o artesanato é algo do passado e tem sua sobrevivência fadada à
extinção por se tratar de trabalho estático produzido por poucos.
25 - (ENEM/2012)
O sedutor médio
Vamos
juntar
Nossas
rendas e
expectativas
de vida
querida,
o que me dizes?
Ter 2, 3 filhos
d) nos dois primeiros versos, em que “juntar rendas” indica que o sujeito
poético passa por dificuldades financeiras e almeja os rendimentos da
mulher.
e) no título, em que o adjetivo “médio” qualifica o sujeito poético como
desinteressante ao sexo oposto e inábil em termos de conquistas
amorosas.
26 - (ENEM/2012)
Todo o sentido
da vida principia
a vossa porta:
seu perfume em
sonho e sois a
audácia, calúnia,
fúria, derrota...
elabora... E dos
venenos
humanos sois a
poderosa! Reis,
impérios, povos,
impulso rodam...
Aguilar, 1985
(fragmento).
O fragmento destacado foi transcrito do Romanceiro da Inconfidência, de
Cecília Meireles. Centralizada no episódio histórico da Inconfidência
Mineira, a obra, no entanto, elabora uma reflexão mais ampla sobre a
seguinte relação entre o homem e a linguagem:
27 - (ENEM/2012)
28 - (ENEM/2014)
29 - (ENEM/2011)
Somos muitos
Severinos iguais
em tudo na
vida:
equilibra, no mesmo
as mesmas pernas
finas,
E se somos
Severinos iguais
em tudo na vida,
morremos de
morte igual,
mesma morte
Severina:
se morre de velhice
de emboscada antes
30 - (ENEM/2009)
Texto 1
Texto 2
31 - (ENEM/2009)
Linhas tortas
[...]
32 -
(ENEM/200
9)
Os poemas
onde e pousam
alçapão.
porto;
alimentam-se um instante
partem.
QUINTANA, Mário.
Antologia Poética. Porto
Alegre: L&PM Pocket, 2001,
p. 104.
33 - (ENEM/2009)
34 - (ENEM/2009)
35 - (ENEM/2009)
Oferta
Quem
sabe
Se
algum
dia
Traria
eleva
dor
Até
aqui
O teu amor
36 - (ENEM/2009)
Sorriso interior
augusto
as próprias dores
Canta por entre as águas do Dilúvio!
c) “O ser que é ser e que jamais vacila/Nas guerras imortais entra sem
susto”.
37 - (ENEM/2009)
38 - (ENEM/2015)
Primeiro surgiu o homem nu de cabeça baixa. Deus veio num raio. Então
apareceram os bichos que comiam os homens. E se fez o fogo, as
especiarias, a roupa, a espada e o dever. Em seguida se criou a filosofia, que
explicava como não fazer o que não devia ser feito. Então surgiram os
números racionais e a História, organizando os eventos sem sentido. A
fome desde sempre, das coisas e das pessoas. Foram inventados o
calmante e o estimulante. E alguém apagou a luz. E cada um se vira como
pode, arrancando as cascas das feridas que alcança.
Cântico VI
Tu tens um
medo de
Acabar.
no amor.
Na
triste
za.
Na
dúvid
a. No
desej
o.
Que te renovas
todo dia. No
amor.
Na
triste
za.
Na
dúvid
a. No
desej
o.
Que és sempre
outro. Que és
sempre o
mesmo.
MEIRELES, C. Antologia
poética. Rio de Janeiro:
Record, 1963 (fragmento).
40 - (ENEM/2015)
Carta ao Tom 74
As canções de canção do
tempo feliz
Ah, que
saudade,
Ipanema era só
felicidade
via da janela
41 - (ENEM/2011)
O nascimento da crônica
Mas, leitor amigo, esse meio é mais velho ainda do que as crônicas, que
apenas datam de Esdras. Antes de Esdras, antes de Moisés, antes de
Abraão, Isaque e Jacó, antes mesmo de Noé, houve calor e crônicas. No
paraíso é provável, é certo que o calor era mediano, e não é prova do
contrário o fato de Adão andar nu. Adão andava nu por duas razões, uma
capital e outra provincial. A primeira é que não havia alfaiates, não havia
sequer casimiras; a segunda é que, ainda havendo-os, Adão andava baldo
ao naipe. Digo que esta razão é provincial, porque as nossas províncias
estão nas circunstâncias do primeiro homem.
42 - (ENEM/2012)
Cegueira
43 -
(ENEM/2
012)
TEXTO I
A canção do africano
Lá na úmida
senzala, Sentado
na estreita sala,
Junto ao braseiro,
no chão, entoa o
escravo o seu
canto,
E ao cantar correm-lhe
em pranto Saudades do
seu torrão...
De um lado, uma
negra escrava Os
embalar... E à
meia-voz lá
responde
Ao canto, e o filhinho
mais bonita,
ALVES, C. Poesias
completas. Rio de Janeiro:
Ediouro, 1995 (fragmento).
TEXTO II
44 - (ENEM/2012)
Sambinha
Vêm duas costureirinhas pela rua das
depressinha
explorando perigos...
Vestido é de seda.
Roupa-branca é de morim.
— Você vai?
sapecas
tardinha de abril
A tardinha cor-de-rosa.
batendo
Uma era
ítalo-brasileira.
Outra era
áfrico-brasileira.
Uma era
branca.
Outra era
preta.
45 - (ENEM/2012)
46 - (ENEM/2012)
47 - (ENEM/2012)
Todo bom escritor tem o seu instante de graça, possui a sua obra-prima,
aquela que congrega numa estrutura perfeita os seus dons mais pessoais.
Para Dias Gomes essa hora de inspiração veio- lhe no dia que escreveu O
pagador de promessas. Em torno de Zé-do-Burro — herói ideal, por unir
o máximo de caráter ao mínimo de inteligência, naquela zona fronteiriça
entre o idiota e o santo —
o enredo espalha a malícia e a maldade de uma capital como Salvador,
mitificada pela música popular e pela literatura, na qual o explorador de
mulheres se chama inevitavelmente Bonitão, o poeta popular, Dedé
Cospe-Rima, e o mestre de capoeira, Manuelzinho Sua Mãe. O colorido do
quadro contrasta fortemente com a simplicidade da ação, que caminha
numa linha reta da chegada de Zé-do-Burro à sua entrada trágica e triunfal
na igreja — não sob a cruz, conforme prometera, mas sobre ela, carregado
pelos capoeiras, “como um crucifixado”.
no fruto A
árvore nova
Na garganta do futuro
Meu povo em
meu poema Se
reflete
Do que planta
49 - (ENEM/2014)
Soneto
desgraçado!... Ardei,
irmã! em sossegado
Texto I
Texto II
http://www.terra.com.br. Acesso
50 - (ENEM/2009)
10) Gab: C 20) Gab: B 30) Gab: C 40) Gab: B 50) Gab: C