Acórdão TJSP - Caso Lindemberg
Acórdão TJSP - Caso Lindemberg
Acórdão TJSP - Caso Lindemberg
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Registro: 2013.0000318219
ACÓRDÃO
Se impresso, para conferência acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/esaj, informe o processo 9000016-07.2008.8.26.0554 e o código RI000000GS5UX.
ACORDAM, em 16ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de
São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Após a sustentação oral do Ilmo. Dr. Fábio
Tofic Simantob e uso da palavra pelo Exmo. Sr. Procurador de Justiça, Dr. Roberto
Tardelli, deram provimento parcial ao recurso, nos termos que constarão do acórdão.
V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.
Pedro Menin
RELATOR
Assinatura Eletrônica
Este documento foi assinado digitalmente por PEDRO LUIZ AGUIRRE MENIN.
fls. 2
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16ª Câmara de Direito Criminal
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Voto nº 16.416
Ementa:
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2. Condenação Necessidade - Provas que não contrariam
as evidências dos autos Manutenção Anulação do
julgamento e submissão do acusado a um novo
Impossibilidade.
3. Penas Correção Necessidade Penas-base fixadas no
máximo legal para todos os crimes indistintamente Não
observância das circunstâncias judiciais do artigo 59 do
Código Penal Afronta ao princípio da individualização da
pena Adequação - Afastamento do concurso material de
crimes e reconhecimento da continuidade delitiva para cada
espécie de delito (bloco de crimes) Possibilidade Crimes
praticados nas mesmas condições de tempo, lugar e maneira
de execução Contexto fático único Desdobramento dos
fatos Reconhecimento.
4. Regime inicial de pena - Fechado para os crimes de
homicídio Manutenção Alteração para o semiaberto para
os delitos de cárcere privado e disparo de arma de fogo
Adequação - Necessidade - Recurso parcialmente provido.
Apelação nº 9000016-07.2008.8.26.0554 2
fls. 3
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IV, por cinco vezes (vítimas Eloá, Victor, Iago e Nayara, esta
por duas vezes), todos do Código Penal, às penas de 98 anos e
10 meses de reclusão e pagamento de 1320 dias-multa, no
valor mínimo legal, negado o direito de recorrer em liberdade,
por ter, por motivo torpe, mediante uso de arma de fogo e
utilizando-se de recurso que dificultou a defesa da vítima,
matado Eloá Cristina Pimentel da Silva; pelos mesmos
motivos e mediante disparos de arma de fogo, ter tentado
matar Nayara Rodrigues da Silva, causando-lhe ferimentos
descritos no laudo pericial, só não consumando o crime por
circunstâncias alheias à sua vontade; por ter efetuado disparos
de arma de fogo objetivando assegurar a execução de outros
crimes; ter efetuado, com ânimo homicida, disparo de arma de
fogo contra o policial militar Atos Antonio Valeriano, não
consumando o crime por circunstâncias alheias à sua vontade,
vez que errou o alvo; por ter privado a liberdade dos menores
de 18 anos de idade, mediante cárcere privado, Eloá Cristina
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Pimentel da Silva, Victor Lopes de Campos, Iago Vilera de
Oliveira e Nayara Rodrigues da Silva, esta por duas vezes e,
por possuir arma de fogo com numeração raspada, disparando-
a, em lugar habitado, por quatro vezes.
Apelação nº 9000016-07.2008.8.26.0554 3
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postulando a submissão de Lindemberg a novo julgamento
pelo Tribunal do Júri, com fundamento nas nulidades acima
descritas, bem como quanto à dosimetria das penas, no que
toca ao afastamento do concurso material de crimes, para os
delitos de cárceres privado e disparos de arma de fogo. Por
fim, insurgiu-se quanto a pena-base, fixada no máximo legal
de forma indistinta para todos os crimes, em patente
demonstração de ausência de individualização da pena,
configurando ilegalidade, bem como nulidade. Ainda com
relação a pena, em especial no que toca aos delitos de cárcere
privado, pediu o reconhecimento de crime único, tendo em
vista a pluralidade de vítimas e, subsidiariamente, o
reconhecimento do concurso formal ou da continuidade
delitiva para todos os delitos, especialmente para os crimes
contra a vida e de disparo de arma de fogo, assim como o
crime único para o delito de cárcere privado, ou na pior das
hipóteses, o concurso formal, respeitadas, no mais, as
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diretrizes do artigo 59 do Código Penal para fixação das penas-
base (fls. 3057/3093).
É o relatório do essencial.
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Consta também, que nas mesmas circunstâncias
de local e horário, Lindemberg, mediante disparo de arma de
fogo, por motivo torpe e utilizando-se de recurso que
dificultou a defesa da vítima, atirou contra Nayara Rodrigues
da Silva, causando-lhe ferimentos descritos no laudo de exame
de corpo de delito, os quais não foram à causa da sua morte
por circunstâncias alheias à sua vontade.
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mediante cárcere privado, das vítimas menores de 18 anos de
idade, Eloá Cristina Pimentel da Silva, Nayara Rodrigues da
Silva, Victor Lopes de Campos e Iago Vilera de Oliveira.
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e Iago juntamente com Eloá, vez que iriam se reunir a fim de
realizar um trabalho escolar, pois estudavam na mesma classe.
Indignado com tal situação, Lindemberg disse a Everton que
“iria mandar aqueles moleques para fora de casa”, para que
pudesse ficar a sós com Eloá. Na sequência, levou o garoto
para o “Parque do Pedroso”, deixando-o lá e pegando o celular
de Everton, dizendo-lhe que iria buscar um lanche para ambos.
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por isso, mataria a todos.
Apelação nº 9000016-07.2008.8.26.0554 6
fls. 7
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quem seria o indivíduo e sem qualquer controle dirigiu-se até a
janela, disparando a arma de fogo, sem, contudo, atingir
alguém.
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noite, como parte da estratégia militar, o fornecimento de
energia foi interrompido, no sentido de dissuadir o acusado a
soltar as vítimas, mas Lindemberg exigiu que fosse religada e
foi atendido. Às 23 horas desse mesmo dia, após vinte e três
horas de cativeiro, ele libertou Nayara.
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dizia que em breve se renderia. Contudo, não cumpriu com o
acordo, mantendo as duas como reféns, submetendo-as a
intenso sofrimento psicológico, oportunidade em que Eloá
perdeu o controle emocional, passando a gritar: “não aguento
mais, me mate, me mate, não aguento mais ficar aqui”.
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momentos que passou ao lado de Eloá, irritando-se,
disparando arma de fogo contra o teto do imóvel e exigindo
garantias quanto à sua incolumidade física em caso de
rendição, solicitando, inclusive, a presença de um Promotor de
Justiça, no que foi atendido, na pessoa do Dr. Augusto
Rossini, para que ajudasse nas negociações que continuavam
infrutíferas.
Apelação nº 9000016-07.2008.8.26.0554 8
fls. 9
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vítimas, acertando-as. Alguns segundos após, os policiais
militares entraram na residência, dominando o acusado que
relutava em se entregar.
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término do namoro.
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Seja como for, a fim de se evitar eventuais
alegações de omissão por parte deste Julgado, elas serão
novamente rebatidas, a saber:
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que macule o processo. A fundamentação sobre as
qualificadoras se mostram, embora sucinta, suficiente. Além
disso, elas se confundem com o mérito e com ele serão
analisadas. Menciona-se que quanto a nova decisão de
pronúncia, o apelante declinou do seu direito de recorrer (fls.
2150).
Apelação nº 9000016-07.2008.8.26.0554 10
fls. 11
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Salienta-se que há controvérsia doutrinária
acerca da necessidade ou não de formulação de quesito sobre a
continuidade delitiva ou do reconhecimento de concurso
formal, ou se tal assunto está afeto apenas à apreciação do
Magistrado. Mesmo os autores que sustentam que a matéria
deve ser levada ao Conselho de Sentença, entendem que caso
não haja manifestação dos jurados sobre o tema, compete ao
Juiz Presidente sobre ele decidir ou ao Tribunal de Justiça
examiná-lo quando do julgamento da apelação de maneira
que, a esse respeito, os fatos igualmente serão analisados
juntamente com o mérito.
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é certo ou errado ou ilegal é fator inerente que se espera do
homem probo, independentemente do local onde está
ocorrendo o julgamento, tornando, no caso, desnecessário o
desaforamento.
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Por outro lado, foram diversos os
requerimentos formulados pela defesa que foram aceitos pela
Magistrada, não obstante as manifestações Ministeriais em
contrário, fato, aliás, aventado pelo digno Procurador Geral de
Justiça (fls. 3140 e 3181).
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com o emprego da técnica de estenotipia para registro dos
depoimentos, conforme se vê na ata de julgamento.
Apelação nº 9000016-07.2008.8.26.0554 12
fls. 13
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241/243, 244/246, 249/251, 252/254, 255/257, 258/260,
261/263 e 417/510), do computador (fls. 523/540), do
aparelho celular (fls. 542/550), exames grafológico e
residuográfico (fls. 552/556 e 557/560), do local dos fatos (fls.
561/629), dos exames médicos realizados em Eloá (fls.
455/464 e 631/633), cronologia de ocorrência com reféns (fls.
665/672), laudo de lesões corporais da vítima Nayara (fls. fls.
441 e 678/679 ) , de fls. 442, da vítima Victor e fls. 440, da
vítima Iago, exames de confronto balístico (fls. 366/387 e
703/726), auto de entrega dos bens retirados da casa de Eloá
que foram periciados (fls. 750/751), degravação da negociação
(fls. 393/406), transcrições oferecidas pela “Rede Gazeta de
Televisão” (fls. 804/817), pelo “Jornal da Band” (fls. 819/835)
e pela “Rede Record” (fls. 819/879 e fls. 1215/1231), pela
“Rede Globo” (fls. 1279/1289), dos exames de reconstituição
dos crimes (fls. 881/910) e residuográfico (fls. 1332/1337 e
1339/1343), além do laudo pericial complementar do DVD,
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para degravação de som (fls. 1381/1398).
Apelação nº 9000016-07.2008.8.26.0554 13
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prontamente recusado por todos, sob o argumento de que só
iriam se ele liberasse Eloá também. Negou ter agredido
qualquer uma das vítimas e narrou como estava nervoso,
“perdido”, sem saber o que fazer, nem como agir, tendo, por
isso atirado na tela do computador. Relatou não ter disparado,
efetivamente, objetivando acertar alguém, muito menos
policiais, já que os tiros foram dados a ermo, em momento de
desespero e como forma de represália por eles estarem
avançando o espaço da casa, ameaçando invadi-la. Disse não
ter saído antes do apartamento por não confiar na polícia,
temer represálias e retaliações por parte do público que ali
estava, bem como e principalmente dos policiais, temendo que
eles atirassem como costumam fazer em casos semelhantes.
Contou que ficava nervoso, igualmente, com o descontrole e
berros de Eloá, mas que tinham momentos de paz,
relaxamento, se alimentavam e dormiam.
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Ao final, Lindemberg Alves confirmou ter
atirado em Eloá, justamente no momento que ocorreu a
explosão seguida da invasão policial no apartamento, mais
como um impulso, reflexo de que ela viria em sua direção,
mas negou ter disparado a arma contra Nayara. Por fim,
demonstrou arrependimento e tristeza por todo o corrido,
pedindo perdão aos familiares das vítimas.
Apelação nº 9000016-07.2008.8.26.0554 14
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mérito, por seu improvimento. Em igual tecla, opinou o douto
Procurador Geral de Justiça (fls. 1422/1426).
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Contudo, destaca-se que, o processo foi
anulado a partir da audiência de instrução e interrogatório
anteriormente realizada, através de julgamento do HC n.
4592008 554012008 0387557 990090071150 990090072250,
realizado em 26/10/2010, por decisão proferida pela 6ª Turma
do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, relatado pela Min.
Maria Thereza de Assis Moura que após leitura dos autos,
entendeu que a prolação da sentença de pronúncia assim como
a designação de audiência, sem que a Defensoria tivesse
acesso à prova produzida (laudos e DVDs juntados antes da
audiência final) incorreu em cerceamento de defesa, em
patente prejuízo para o acusado, daí porque tais provas não
poderiam deixar de ser consideradas para efeito de pronúncia,
ainda que em respeito à nova redação trazida pelos artigos 410
Apelação nº 9000016-07.2008.8.26.0554 15
fls. 16
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Importante destacar o depoimento das vítimas.
Nayara Rodrigues da Silva contou os fatos com detalhes, tais
como descritos na denúncia. Disse que Lindemberg não se
conformava com a separação e insistia para que Eloá voltasse,
alegando que ela teria sido “injusta” e “desonesta” com ele.
Ao ingressar na casa, o acusado lhes dizia que eles tinham
estragado tudo, pois ele queria estar só com Eloá. Asseverou
que foi o sargento Atos quem teria dado início as negociações
e que o réu, ao perceber sua aproximação, disse para que ele se
afastasse, disparando em sua direção. Confirmou que na
segunda-feira à noite, com sua intervenção, Vitor e Iago foram
liberados para saírem da casa, acrescentando, ainda, que
Lindemberg tinha alternâncias de humor e que nos “momentos
de fúria”, sem motivo aparente, chegou a atirar contra tela do
computador e contra o teto. Por fim, aduziu que foi liberada na
terça-feira à noite, mas que na quinta-feira, pela manhã, um
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policial compareceu em sua residência, lhe dizendo para que
ela e Everton voltassem para participar das negociações já que
se tratava de pessoas de confiança do acusado, mas ao
estender as mãos para Eloá que se encontrava atrás da porta,
com uma arma apontada para cabeça, acabou ingressando no
imóvel novamente. Sobre a invasão policial, Nayara disse que
houve uma explosão, cujo barulho acabou por atordoar todos
que estavam no interior da casa, além da fumaça que se
dissipou no local. Em seguida, percebeu que policiais
tentavam ingressar no imóvel e para isso, empurraram a mesa
que segurava a porta, momento em que cobriu o rosto com um
“edredom”, nada mais presenciando, apenas ouvindo um
barulho forte e sentindo algo escorrer por sobre seu rosto,
oportunidade em que descobriu os olhos e viu Lindemberg se
debatendo e Eloá desacordada no sofá (fls. 932/1003 e
Apelação nº 9000016-07.2008.8.26.0554 16
fls. 17
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1698/1766).
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contudo, cumprir com o combinado. Asseverou não ter
presenciado o acusado bater em sua irmã e que só a via
chorando algumas vezes (fls. 1769/1790).
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O policial militar Atos Antonio Valeriano foi
quem teria dado início as negociações, substituído,
posteriormente, por decisão do GATE, por outro agente, de
nome Giovanini, já que a negociação, com ele, não estava
progredindo, mas presenciou a liberação de Nayara, na quarta-
feira, apresentando a ocorrência, bem como a levando para
fazer exame de corpo de delito. Acrescentou que no primeiro
dia, não viu para que lado Lindemberg disparou a arma de
fogo, ouvindo apenas o barulho (fls. 1048/1076 e 1817/1828).
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Mario Magalhães Neto, testemunha do juízo e
policial do GATE, contou como se deu a operação, dizendo ter
recebido, juntamente com outros policiais, determinação de
ingressar no imóvel caso em que houvesse novo disparo de
arma de fogo dentro da casa, ocupada por Lindemberg e as
vítimas. Contou que ao ingressar na residência, sua visão era
bastante limitada e que após ultrapassar a barreira, viu as mãos
de Lindemberg encostadas na parede, sem, contudo, ter
condições de vê-lo, afirmando que ele teria se rendido a partir
de então (fls. 1102/ 1115).
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GATE (fls. 1968/1991 e 2016/2034).
Apelação nº 9000016-07.2008.8.26.0554 18
fls. 19
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15 caput, da Lei n. 10.826/2003, por quatro vezes, tendo sido
negado o direito de recorrer em liberdade (fls. 2138/2144).
Este documento foi assinado digitalmente por PEDRO LUIZ AGUIRRE MENIN.
Estado, condenando Lindemberg Alves Fernandes, como
incurso nas sanções dos artigos 121, §2º, incisos I e IV (vítima
Eloá), 121, §2º, incisos I e IV, combinado com o artigo 14,
inciso II (vítima Nayara); artigo 121, §2º, inciso V, combinado
com o artigo 14, inciso II (vítima Atos); artigo 148, §1º, inciso
IV, por cinco vezes (vítimas Eloá, Victor, Iago e Nayara, esta
por duas vezes), todos do Código Penal e artigo 15 caput, da
Lei n. 10.826/2003, por quatro vezes, as penas de 98 anos e 10
meses de reclusão e pagamento de 1320 dias-multa, no valor
unitário mínimo legal, negado o seu direito de recorrer em
liberdade (fls. 2369/2377). Contra essa decisão foi interposto
recurso de apelação pela Defesa (fls. 2399 e 3057/3093), o
qual foi recebido (fls. 3055).
Apelação nº 9000016-07.2008.8.26.0554 19
fls. 20
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Destaca-se que as provas não são contrárias as
evidências e todo o contexto converge para a
responsabilização do réu pelos atos criminosos que vitimaram
fatalmente Eloá, que causou lesões corporais graves em
Nayara, bem como pelos disparados de arma de fogo
proferidos em direção à via pública, local habitado e que quase
atingiu o policial Atos. Igualmente no que toca a privação da
liberdade das vítimas Eloá, Nayara, Vitor e Iago, motivo pelo
qual, não poderia ser outro o desfecho do processo que não a
condenação que não se mostra, portanto, contrária à prova dos
autos.
Este documento foi assinado digitalmente por PEDRO LUIZ AGUIRRE MENIN.
Pretendida anulação do julgamento, sob o
argumento de que a decisão dos jurados
contraria a prova dos autos. Impossibilidade. A
decisão não é manifestamente contrária à
prova dos autos, porque encontra respaldo em
uma das versões verossímeis existentes.
Precedentes citados”. (9000004671995826 SP
9000004-67.1995.8.26.0224, Relator: Souza
Nery - Data de Julgamento: 13/09/2012, 9ª
Câmara de Direito Criminal, Data de
Publicação: 19/09/2012).
Apelação nº 9000016-07.2008.8.26.0554 20
fls. 21
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Igualmente quanto às qualificadoras do motivo
torpe e do emprego de recurso que dificultou a defesa das
vítimas, no que toca aos crimes de homicídios consumado
(vítima Eloá) e tentado (vítima Nayara), vez que foram
reconhecidas pelo Conselho de Sentença, com base no
conteúdo das provas amealhadas aos autos.
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tornar impossível a defesa da vítima” (apud, pg. 296). No
caso, o acusado estava armado, mostrava-se agressivo e muitas
vezes fora de controle, além de ter atirado contra as vítimas
Nayara e Eloá quando se encontravam deitadas.
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hora de sua saída, pelo mesmo motivo, teria libertado Iago.
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Por outro lado, no que tange a aplicação da
pena, cuja competência era da Juíza Presidente do Júri
realizado, a mesma merece reparos, porquanto, respeitado o
trabalho da zelosa e culta Magistrada, a sentença apresenta
diversas “falhas técnicas”, sob o ponto de vista técnico-
jurídico, além de se mostrar desproporcional e desarrazoada.
Apelação nº 9000016-07.2008.8.26.0554 22
fls. 23
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fossem desfavoráveis ao réu, o que não ocorre no presente
caso, já que pelo menos duas das circunstâncias acima
mencionadas militam em seu favor, quais sejam: a conduta
social, vez que se trata de pessoa trabalhadora, responsável ou
pelo menos contribuinte pelo sustento da família e os
antecedentes, pois Lindemberg é primário e de bons
antecedentes, circunstâncias que não podem ser
desconsideradas quando da dosimetria sob pena de ao se
exacerbar o quantum a ser fixado, condená-lo duas vezes pelos
mesmos crimes, o que seria inadmissível, além de injusto, na
acepção da palavra. A fixação das penas-base na fração
máxima para todos os crimes, da forma como se operou, feriu
frontalmente o princípio da individualização da pena.
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e de maneira contraditória desconsiderou tão fato, fixando as
penas-base acima do mínimo legal, em patamar máximo, para
cada crime. (fls. 2370) - grifei
Apelação nº 9000016-07.2008.8.26.0554 23
fls. 24
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Atos, a exacerbação foge dos princípios da proporcionalidade
e razoabilidade, vez que a vítima não sofreu qualquer lesão
corporal. Recorda-se que referidos princípios devem nortear o
Magistrado quando da aplicação da pena, a qual deve se
apresentar em medida suficiente para a reprovação e
prevenção da conduta. Não se pode olvidar ainda, o precípuo
caráter ressocializador da pena.
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Sentenciante quando ao considerar os motivos dos crimes para
majorar a pena-base, dizendo: “os seus egoísticos e abjetos
motivos (...)”, se olvidou a Magistrada de aplicar regra básica,
ou seja, se os homicídios foram praticados de forma
duplamente qualificada e na hipótese, menciona-se o motivo
torpe no que toca a motivação dos delitos, nesse caso, a
reprimenda não poderia sofrer novo aumento, sob pena de se
incorrer no odioso bis in iden que, como é sabido, é vedado
pelo ordenamento jurídico pátrio.
Apelação nº 9000016-07.2008.8.26.0554 24
fls. 25
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bem próxima. Isso porque as pessoas costumam ter interesse
por casos desse jaez, razão pela qual ela funciona como “olhos
da sociedade”, não tendo como ficar alheia ao interesse que os
crimes causam. Mas muitas vezes, ao se veicular notícia de tal
porte, cria-se, de forma inerente e involuntária, a falsa
realidade que foge aos reais números e aspectos da
criminalidade, em especial, do caso que está sendo veiculado.
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impingido à mãe e parentes das vítimas, principalmente a de
Eloá, como mencionado pela Magistrada, vez que vida é
sempre vida, a dor e o desequilíbrio causado em decorrência
dos delitos praticados pelo réu não é fator que por si só, enseja
aumento da pena, já que não pode ser considerado como
circunstância desfavorável do crime, em desfavor do
sentenciado. Diferente seria na hipótese em que o crime fosse
cometido contra arrimo de família ou contra os pais de vítimas
menores que, no caso, não teriam como sobreviver
dignamente ao lado de sua família, em termos de sustento,
educação etc. Nesses casos, as consequências dos crimes
seriam gravíssimas para os menores, circunstância em que
deveria ser considerada para majorar a pena-base.
Apelação nº 9000016-07.2008.8.26.0554 25
fls. 26
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A interação entre mídia e acusado, na hipótese,
de modo algum pode caracterizar personalidade desvirtuada.
Ali se viu interesses comuns. De um lado, o de garantir sua
própria vida além das garantias processuais e de outro, manter
a sociedade informada, buscar detalhes sobre o que
verdadeiramente ocorria no “cativeiro”.
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mesmo contexto fático, em iguais circunstâncias de tempo,
lugar, modo de execução e em um curto espaço de tempo (no
caso, menos de 05 dias). Dessa forma, ficam também afastado
o reconhecimento de concurso formal de crimes ou crime
único, para qualquer dos delitos, requeridos pela Defensoria.
Apelação nº 9000016-07.2008.8.26.0554 26
fls. 27
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condizente para cada caso, em 1/3 com relação a Nayara e 2/3
no que toca a vítima Atos.
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consequências, ou seja, a ausência dos requisitos previstos no
inciso III, do artigo 44 e inciso II, do artigo 77, ambos do
Código Penal, não permitem a substituição ou suspensão.
Derradeiramente, ad argumentandum,
inoportuna a determinação da Magistrada para que os autos
fossem remetidos ao Ministério Público, a fim de que fossem
tomadas eventuais providências cabíveis quanto ao fato da
Sentenciante ter se sentido violada em sua honra, no caso, por
parte da Defesa.
Apelação nº 9000016-07.2008.8.26.0554 27
fls. 28
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tipicidade penal da injúria, difamação eventualmente originada
por "ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela
parte ou por seu procurador", o que não afasta, diga-se, a
possibilidade de punição administrativa por parte do órgão
responsável, no caso, o Conselho de Ética da Ordem dos
Advogados do Brasil.
1) Vítima Eloá:
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desdobramentos culminaram na morte de uma jovem, bem
como a personalidade do acusado, que na hipótese,
demonstrou periculosidade diante da alternância de
comportamento, tornando-se muitas vezes agressivo, assim
como as circunstâncias favoráveis ao réu (primariedade e boa
conduta social), vez que era trabalhador e vivia com sua
família, além de considerar uma das qualificadoras (motivo
torpe) como circunstância judicial desfavorável, fixa-se a pena-
base em 1/2, acima do mínimo legal, perfazendo 18 anos de
reclusão. Na segunda fase, tendo em vista a qualificadora do
uso de recurso que dificultou a defesa da vítima, aumenta-se a
pena em 1/6, totalizando 21 anos de reclusão. Na terceira fase,
não há causas de aumento nem de diminuição de pena.
2) Vítima Nayara:
Apelação nº 9000016-07.2008.8.26.0554 28
fls. 29
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conta a outra qualificadora (recurso que dificultou a defesa da
vítima) aumento a pena em 1/6, totalizando 16 anos e 04
meses de reclusão. Pela tentativa, considerando-se o iter
criminis percorrido (laudo de fls. 678/679), diminuo a pena em
1/3, totalizando 10 anos, 10 meses e 20 dias de reclusão, assim
permanecendo.
3) Vítima Atos:
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praticado visando assegurar a execução de dos cárceres
privados), perfazendo 14 anos de reclusão. Por fim, quanto à
tentativa e reconhecendo-se que o crime, in casu, ficou
distante de sua consumação, reduzo a sanção em grau máximo
de 2/3, totalizando 04 anos e 08 meses de reclusão.
Apelação nº 9000016-07.2008.8.26.0554 29
fls. 30
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vítimas menores de 18 anos de idade e, ainda, considerando-se
que duas delas foram libertadas horas após o ingresso de
Lindemberg na residência de Eloá, fixo a pena-base, acima do
mínimo, para cada um dos delitos de cárcere privado,
elevando-as em 1/3, culminando em uma pena de 02 anos e 08
meses de reclusão, assim permanecendo, à mingua de
alterações, exceção feita ao delito de cárcere privado cometido
contra a vítima Eloá, pelo qual Lindemberg confessou, razão
pela qual, com relação a ela, reduzo as penas em 1/6,
totalizando 02 anos, 02 meses e 20 dias.
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Por fim, quanto aos crimes de disparos de arma
de fogo (por quatro vezes), considerando-se as circunstâncias
judiciais aplicadas para o crime de cárcere privado e ainda,
que dois deles foram praticados no interior da residência,
atingindo o teto do imóvel e a tela do computador, este último,
propositadamente, fixo a pena-base no mínimo, para cada um
dos delitos em 02 anos de reclusão, além do pagamento de 10
dias-multa, no piso. Igualmente, forçoso aplicar a atenuante da
confissão, reconhecida pela respeitável sentença quanto aos
delitos de disparos de arma de fogo, porquanto confirmados
pelo acusado quando ouvido em Juízo. Contudo, em nada
alterando as penas tendo em vista que já foram estabelecidas
no mínimo, não podendo ir aquém, em conformidade com
jurisprudência consolidada pela Súmula n. 231 do Superior
Apelação nº 9000016-07.2008.8.26.0554 30
fls. 31
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03 anos e 04 meses de reclusão e pagamento de 16 dias-
multa, no piso mínimo.
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Ante o exposto, rejeito as preliminares e dou
parcial provimento a apelação interposta, para, nos termos
acima estabelecidos, diminuir as penas de LINDEMBERG
ALVES para 39 anos e 03 meses de reclusão e pagamento de
16 dias-multa, no piso legal, pela prática dos crimes
descritos nos artigos 121, §2º, incisos I e IV (vítima Eloá),
artigo 121, §2º, incisos I e IV, combinado com artigo 14,
inciso II (vítima Nayara), artigo 121, §2º, inciso V, combinado
com artigo 14, inciso II (vítima Atos), artigo 148, §1º, inciso
IV, por cinco vezes (vítimas Eloá, Victor, Iago e Nayara, esta
por duas vezes), todos do Código Penal e artigo 15 caput, da
Lei n. 10.826/2003, por quatro vezes, todos na forma do artigo
71, parágrafo único e 69, do Código Penal, mantendo, no
Apelação nº 9000016-07.2008.8.26.0554 31
fls. 32
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