Realismo

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REALISMO – O Realismo é uma reação contra o Romantismo: o Romantismo era a

apoteose do sentimento; – o Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem.


É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos – para condenar o que houve de mau na
nossa sociedade.” Eça de Queirós.

No final do século XVIII e início do século XIX, com o advento da Revolução


Industrial, ocorre a migração das populações da periferia para os centros urbanos e a
formação da classe proletária, que passa a trabalhar nas fábricas, abandonando a
produção artesanal.
As mudanças políticas, econômicas e sociais abarcadas pelos ideais positivistas,
deterministas e cientificistas vieram contrapor os pensamentos românticos de
liberdade, igualdade e fraternidade, presentes na filosofia da Revolução Francesa que
permaneciam até então.
O artista mergulhado nesse contexto descreve ou representa os fatores humanos e
sociais no mesmo espírito com que o cientista observa ou estuda um fato na natureza.
Isto significa, diz Arnold Hauser, uma vitória na visão cientificista e na mentalidade
técnica da época sobre o espírito de tradição e idealismo do passado, manifesto pelo
neoclassicismo e pelo romantismo. A arte, segundo se pensa na época, deve servir ao
povo. A pintura, a literatura, a poesia e o teatro devem ser instrumentos de
doutrinação e denúncia das injustiças sociais. O artista pela primeira vez está
conscientemente politizado, engajado nas lutas sociais e partidárias. Denomina-se esse
movimento como Realismo/ Naturalismo.
"O pintor realista só pinta o que viu, ou mais rigorosamente o que está vendo". Fixa
elementos plásticos nas relações de formas, cores, sombras e luzes como a realidade
as oferece, acentuando apenas os aspectos que julga mais característicos. Os
pintores não foram inovadores no desenho e na cor, mas sim o foram no tocante à
composição. Abandonaram as convenções do eixo central simétrico, constituídas pelos
idealistas e adotadas pelos neoclássicos ou acadêmicos e do eixo diagonal, introduzido
pela turbulência emotiva dos barrocos e usado pelos românticos. O tipo de composição
e o uso das cores criam telas pesadas e tristes. Seu precursor foi Gustave Coubert,
com sua tela inaugural "Enterro em Ornans", exibida em 1850 que retratava o tema do
homem integrado no seu ambiente real adquirindo um sentido político e social.

Escultura: não se preocupou com a idealização da realidade, ao contrário, procurou


recriar os seres tais como eles são. Além disso, os escultores preferiram os temas
contemporâneos, assumindo muitas vezes uma intenção política em suas obras.

Dentre os escultores do período realista, o que mais se destaca é Auguste


Rodin (1840-1917), cuja produção desperta severas polêmicas. Já seu
primeiro trabalho importante, A Idade do Bronze (1877), causou uma
grande discussão motivada pelo seu intenso realismo. Alguns críticos
chegaram a acusar o artista de tê-lo feito a partir de moldes tirados do
próprio modelo vivo. Mas é com São João Pregando (1879), que Rodin
revela sua característica fundamental: a fixação do momento significativo
de um gesto humano. Essa mesma tentativa de surpreender o homem em
suas ações aparece em O Pensador .

Quanto aos retratos, nem sempre Rodin foi fiel à preocupação naturalista
de reproduzir os traços fisionômicos do seu modelo. A escultura que fez de Balzac (foto
26), por exemplo, chegou a ser recusada pela Sociedade dos Homens de Letras de
Paris que a encomendara, pois não havia semelhança física entre a obra e o retratado.
O que o escultor fez foi privilegiar, à sua maneira, o caráter vigoroso que a
personalidade do escritor lhe sugeria, o que o envolveu numa grande polêmica.

Na verdade, até mesmo a classificação da obra de Rodin como realista é


controvertida. Alguns críticos a consideram romântica por causa da forte emoção que
traduz. Mas outros enfatizam no trabalho desse escultor o acentuado e predominante
caráter naturalista. Há ainda os que vem na escultura de Rodin características do
Impressionismo, movimento do qual também foi contemporâneo e que revolucionou,
na época, a pintura europeia.

Arquitetura: ao adaptar-se ao novo contexto social, tende a tornar-se realista ou


científica, os arquitetos e engenheiros procuram responder adequadamente às novas
necessidades urbanas, criadas pela industrialização. As cidades não exigem mais ricos
palácios e templos. Elas precisam de fábricas, estações ferroviárias, armazéns, lojas,
bibliotecas, escolas, hospitais e moradias, tanto para os operários quanto para a nova
burguesia.

As quatro fases da Pintura

Durante a primeira metade do século XIX, enquanto o


Neoclassicismo se debatia com o Romantismo, o Realismo
surge como uma nova força, que iria dominar a arte na
segunda metade do século. O Realismo fez sempre parte da
arte ocidental. Durante a Renascença, os artistas superaram
todas as limitações técnicas para representar com fidelidade a
natureza. Mas, no Realismo, os artistas modificaram os temas
e insistiam na imitação precisa das percepções visuais sem
alteração. Os artistas foram buscar no seu mundo cotidiano,
moderno, as principais temáticas, deixando de lado deuses, deusas e heróis da
antiguidade. Camponeses e a classe trabalhadora urbana passaram a dominar as telas
dos realistas.

O pai do movimento realista foi Gustave Courbet ( 1819 - 77 ). Ele insistiu que "a
pintura é essencialmente uma arte concreta e tem de ser aplicada às coisas reais e
existentes". Quando lhe pediram que pintasse anjos, respondeu: "Nunca vi anjos. Se
me mostrarem um, eu pinto ". Ex. Auto - retrato
Nunca antes tinha sido realizado em tamanho épico - reservado somente para obras
históricas grandiosas - uma pintura sobre gente comum ( "Enterro em Ornams ).
Defendia em altos brados a classe trabalhadora e foi preso por seis meses por danificar
um monumento napoleônico. Detestava a teatralidade da arte acadêmica. ( " Mulheres
peneirando trigo ") Jean- François Milllet ( 1814 - 75) está sempre associado a retratos
de trabalhadores rurais arando, semeando e colhendo. Disse uma vez que desejava
"fazer com que o trivial servisse para exprimir o sublime". Antes dele, os camponeses
eram invariavelmente retratados como estúpidos. Millet lhes deu uma dignidade
resoluta. ("Angelus " )

CARACTERÍSTICAS:

1. O artista utiliza todo o conhecimento sobre perspectiva para criar a ilusão de


espaço, como também a perspectiva aérea, dando uma nova visão da paisagem ou da
cena (vista superior aérea).
2. Os volumes são muito bem representados, devido à gradação de cor, de luz e
sombra.
3. Há preocupação de representar a textura, a aparência real do objeto (a textura da
pele, dos tecidos, da parede, etc.)
4. O desenho e a técnica para representar o corpo humano são perfeitas.
5. Voltados para o desejo de representar a realidade tal e qual ela se apresenta e
voltados para temáticas de ordem social e política, os realistas pintam em geral
trabalhadores, cenas do cotidiano e da modernidade.

REALISMO NO BRASIL – No Brasil, o realismo marca mais intensamente a literatura e o


teatro. Artes plásticas –Entre os artistas brasileiros, tem maior expressão o realismo
burguês, nascido na França. Em vez de trabalhadores, o que se vê nas telas é o
cotidiano da burguesia. Dos seguidores dessa linha se destacam Belmiro de Almeida
(1858-1935), autor de Arrufos, que retrata a discussão de um casal, e Almeida Júnior
(1850-1899), autor de O Descanso do Modelo. Mais tarde, Almeida Júnior aproxima-se
de um realismo mais comprometido com as classes populares, como em Caipira
Picando Fumo.

NATURALISMO

• Pintura da Natureza, captada ao ar livre, inaugurando a pintura fora dos ateliers. •


Maior fidelidade possível aos fenômenos da Natureza. • Rejeição do subjetivismo e
sentimentalismo exagerados dos românticos (abandono da maior parte das temáticas
relacionadas ao romantismo como as fantasias, temas históricos e literários). •
Representação objetiva do real visível: paisagem, retrato e cenas do cotidiano. • A luz
e a atmosfera criadas pelos efeitos da luz desempenham um papel primordial: ar
torna-se num véu suave, e a luz numa substância atmosférica, que preenche todo o
espaço pictórico.

“O Naturalismo é uma ramificação do Realismo e uma das suas principais


características é a retratação da sociedade de uma forma bem objetiva. Os
naturalistas abordam a existência humana de forma materialista. O homem é encarado
como produto biológico passando a agir de acordo com seus instintos, chegando a ser
comparado com os animais (zoomorfização). Segundo o Naturalismo, o homem é
desprovido do livre-arbítrio, ou seja, o homem é uma máquina guiada por vários
fatores: leis físicas e químicas, hereditariedade e meio social, além de estar sempre à
mercê de forças que nem sempre consegue controlar. Para os naturalistas, o homem é
um brinquedo nas mãos do destino e deve ser estudado cientificamente.”

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