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Máquinas Mecânicas

Unidade 1
Máquinas-Ferramentas
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
FABIANA MATOS DA SILVA
AUTORIA
Fabiana Matos da Silva
Sou formada em Engenharia de Produção Mecânica e atuei na
indústria automobilística na Região do Vale do Paraíba. Meu interesse pela
área técnica nasceu com minha passagem pelo SENAI com o curso de
Aprendizagem Industrial em Eletricista de Manutenção e ao término deste
com o curso Técnico em Mecânica. Entender como as coisas funcionam
sempre foi minha motivação maior nesse período de aprendizagem. Passei
por algumas empresas da região, mas sempre motivada pela vontade de
aprender cada vez mais. Participei do Programa Agente Local de Inovação-
CNPq – SEBRAE, em que auxiliávamos pequenas empresas fomentando
ações inovadoras dentro de seus limites e, assim, apaixonei-me pela
inovação, e iniciei meu mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional
estudando a temática Desenvolvimento da Inovação em Pequenas e
Médias Empresas da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral
Norte. Sou apaixonada pelo que faço e principalmente pela transmissão de
conhecimento. Acredito que compartilhar meus conhecimentos e minha
experiência de vida com aqueles que estão iniciando em suas profissões
tem grande valia. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar
seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar
você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
O que são máquinas-ferramentas........................................................ 10
Aspectos teóricos sobre máquinas-ferramentas.....................................................10

Evolução histórica do conceito de máquina-ferramenta................................... 15

Elementos construtivos.............................................................................20
Constituição física das máquinas-ferramentas......................................................... 20

Caixa Norton........................................................................................................................................25

Movimentos nas máquinas-ferramentas........................................... 27


Os movimentos no processo de usinagem..................................................................27

Direções dos movimentos........................................................................................................ 30

Velocidades.......................................................................................................................................... 31

Tecnologia e máquinas-ferramentas.................................................. 35
Automação do processo de usinagem............................................................................35

Ferramentas para usinagem CNC...................................................................................... 39


Máquinas Mecânicas 7

01
UNIDADE
8 Máquinas Mecânicas

INTRODUÇÃO
Você sabia que a área que engloba as máquinas mecânicas é vital
para o desenvolvimento da indústria? Em expansão desde a Revolução
Industrial, o surgimento de novos materiais e novos equipamentos
impulsiona o segmento e auxilia no desenvolvimento de produtos cada
vez mais complexos e com altos padrões de qualidade. Inseridos nesse
contexto extremamente competitivo, em que a competição se dá em
níveis globais, o mercado define os preços dos produtos, os ciclos de vida
dos produtos são cada vez mais curtos, os produtos são customizados,
os avanços tecnológicos são generosos e os sistemas de produção têm
que atender a demandas cada vez mais flexíveis. Podemos salientar
que o comércio de máquinas-ferramentas representa uma das grandes
fatias da riqueza mundial, contando com importantes fabricantes e
com grande tecnologia empregada. Entendeu? Ao longo desta unidade
letiva, você vai mergulhar nesse universo!
Máquinas Mecânicas 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Definir o conceito de máquinas-ferramentas, compreendendo sua


importância e aplicabilidade na indústria mecânica.

2. Identificar os elementos construtivos e a sua função.

3. Identificar os movimentos existentes nas máquinas-ferramentas.

4. Discernir sobre a influência da tecnologia aplicável às máquinas-


ferramentas e sua evolução.
10 Máquinas Mecânicas

O que são máquinas-ferramentas


OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de definir o


conceito de máquinas-ferramentas, compreendendo sua
importância e aplicabilidade na indústria mecânica. Toda o
processo que nasce na Revolução Industrial coincide com
o desenvolvimento das primeiras máquinas-ferramentas
desenvolvidas. Com a evolução da tecnologia, as máquinas
também evoluem e tornam-se fundamentais nas atividades
econômicas do país. Conhecer essas máquinas e sua
evolução faz parte de uma formação sólida do profissional.
E então? Motivado para desenvolver essa competência?
Então vamos lá. Avante!

Aspectos teóricos sobre máquinas-


ferramentas
Define-se máquina-ferramenta como um dispositivo mecânico
destinado à fabricação de componentes, cujo princípio de funcionamento
é baseado no processo de remoção do excesso de material de um bloco
de matéria-prima (FREITAS, 2015).

Nesse processo em que há remoção de aparas, também


conhecidas pelo nome de cavacos, temos os processos convencionais e
não convencionais. São os processos convencionais:

• Torneamento (figura 2).

• Fresamento.

• Furação.

• Retificação.

• Aplainamento.

• Brochamento.
Máquinas Mecânicas 11

A figura 1 demonstra alguns processos como o torneamento,


fresamento, corte laser e furação.
Figura 1- Processos de fabricação convencionais e não convencionais

Fonte: Freepik.

Caracterizam-se como não convencionais, mas com remoção de


aparas:

• Jato d’água.

• Jato abrasivo.

• Fluxo abrasivo.

• Ultrassom.

• Eletroquímico.

• Eletroerosão.

• Laser.

• Plasma.

• Químicos.
12 Máquinas Mecânicas

Figura 2 - Processo de torneamento

Fonte: Pixabay.

A máquina-ferramenta é uma máquina utilizada na fabricação


de peças de diversos materiais (metálicas, plásticas, de madeira etc.),
por meio da movimentação mecânica de um conjunto de ferramentas
(HEINZLER; GOMERINGER, 2011).

Destacam-se no grupo de máquinas-ferramentas o torno


mecânico, que é a máquina-ferramenta mais antiga, e dele derivaram
outras máquinas (HEINZLER; GOMERINGER, 2011). A figura 3 demonstra
um mecânico ajustando a peça no torno para iniciar um processo de
usinagem.
Figura 3 - Mecânico ajustando a peça em torno

Fonte: Freepik.
Máquinas Mecânicas 13

Cada um dos processos convencionais mencionados faz uso de


uma ferramenta de corte especificas (figura 4), com materiais apropriados
e envolvendo um certo número de parâmetros configuráveis (posição,
velocidade, avanço, geometria da ferramenta de corte etc.) e da escolha
da ferramenta (FREITAS, 2015).
Figura 4 - Ferramentas de corte e furação

Fonte: Pixabay.

VOCÊ SABIA?

As principais propriedades desejáveis em um material


para ferramenta de corte podem ser assim listadas: Alta
dureza; Tenacidade suficiente para evitar falha por fratura;
Alta resistência ao desgaste abrasivo; Alta resistência
à compressão; Alta resistência ao cisalhamento; Boas
propriedades mecânicas e térmicas em temperaturas
elevadas; Alta resistência ao choque térmico; Alta resistência
ao impacto; Ser inerte quimicamente (MACHADO et al., 2015).

As propriedades citadas são conferidas ao material por meio da


adição de elementos de liga que são adicionados ao aço. Cada um dos
elementos de liga confere ao material uma propriedade diferente. Com
a escolha adequada desses parâmetros, conseguimos garantir que o
produto desejado e suas especificações serão alcançados, além de tornar
o processo mais eficiente e produtivo.
14 Máquinas Mecânicas

É a NBR 6175 que estabelece a nomenclatura, a definição e a


classificação dos processos mecânicos de usinagem. Por meio dela, as
indústrias brasileiras e estrangeiras adotam a mesma denominação e
classificação para definir os processos de usinagem. O uso da mesma
linguagem técnica apresenta inúmeras vantagens, entre elas:

• facilitar o processo de comunicação e intercâmbio;

• garantir a confiabilidade do produto, ou seja, garantir que ele foi


submetido ao processo adequado de usinagem;

• possibilitar o entendimento correto de manuais técnicos e outros


documentos relacionados às operações de usinagem.

De acordo a norma NBR 6175 (TB - 83), existem inúmeros processos


de usinagem, que se subdividem em vários subprocessos. A opção por
um ou outro processo depende de alguns fatores, tais como:

• Formato da peça (plano, curvo, cilíndrico ou cônico).

• Exatidão dimensional.

• Acabamento superficial.

Todas as superfícies apresentam irregularidades se observadas


detalhadamente, e elas são causadas pelas ferramentas utilizadas que
provocam sulcos ou marcas deixadas pela ferramenta que atuou sobre
a superfície da peça. São esses sulcos e marcas que classificam o
acabamento superficial. Com o aumento da complexidade e à medida
que crescem as demandas por precisão de ajuste entre as peças a serem
acopladas – demandas em que somente a precisão dimensional, de
forma e de posição não é suficiente para garantir a funcionabilidade do
par acoplado –, o acabamento superficial torna-se ainda mais relevante.
Ele é medido por meio da rugosidade superficial, a qual é expressa em
mícrons (mm ou m). No Brasil, os conceitos de rugosidade superficial são
definidos pela norma ABNT NBR 6405-1985.

Máquinas-ferramentas têm uma importância fundamental na


evolução da indústria e da economia. Por meio delas, o nível dos produtos
também aumentou e alavancou-se o desenvolvimento tecnológico.
Máquinas Mecânicas 15

Evolução histórica do conceito de


máquina-ferramenta
As máquinas ferramentas surgem com a necessidade do homem de
encontrar meios de efetuar formas de corte adequados para a produção
de determinados utensílios. Essa necessidade trouxe o desenvolvimento
do processo de corte que originou gradativamente a máquina-ferramenta.

Em geral, até parte do século XVIII, a matéria-prima mais utilizada


para peças, em engenharia, era a madeira, salvo raras exceções. Ela era
usinada com ferramentas de aço-carbono (MACHADO, 2015).

Durante a Revolução Industrial, surgem novos materiais que têm


características melhoradas, como, por exemplo, a resistência. Isso
impulsiona o desenvolvimento de aços-ligas como ferramenta de corte
(MACHADO, 2015).

VOCÊ SABIA?

A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) define


como aços-liga aços que possuem outros elementos
que tenham sido adicionados para melhoria da sua
usinabilidade, considerando que a soma desses elementos
não ultrapasse 6%. São elementos que constituem o aço-
liga: carbono (C), silício (Si), manganês (Mn), fósforo (P) e
enxofre (S). No caso de elementos como silício, manganês e
alumínio, sempre presentes nos aços-carbono, os aços são
considerados ligados quando seus teores ultrapassarem
0,6%, 1,65% e 0,1%, respectivamente. Os aços-liga costumam
ser designados de acordo com o elemento predominante.
Por exemplo: aço-níquel, aço-cromo, aço-cromo-vanádio.

No final do século XVIII e início do século XIX, com a utilização


da máquina a vapor, surgem as máquinas-ferramentas responsáveis
pela fabricação de outras variedades de máquinas e instrumentos em
substituição ao trabalho humano em diversas atividades (MACHADO,
2015).
16 Máquinas Mecânicas

O torno mecânico (figura 5) foi a primeira máquina-ferramenta


a ser desenvolvida, e ainda hoje o torneamento continua a ser um dos
processos de fabricação mais usados. Já a invenção da fresadora (figura
6) é atribuída a Eli Whitney, em 1818, e foi desenvolvida inicialmente
para a fabricação de armas. A sua expansão e industrialização ocorreu
devido à crescente necessidade de produção de peças para bicicletas e
automóveis, no início do século XX (SUH; KANG; CHUNG; STROUD, 2008).
Figura 5 - Ferramenta de tornearia

Fonte: Pixabay.

Figura 6 - Processo de fresamento

Fonte: Pixabay.

Com o aumento da complexidade das necessidades, há o avanço das


máquinas incorporando tecnologias como a automatização. A exploração
do potencial máximo tornou-se um aspecto vital na investigação de novas
soluções para novas máquinas-ferramentas. Assim surgem as primeiras
máquinas com controle numérico (CNC – computer numerical control).
Máquinas Mecânicas 17

Com o avanço em direção ao CNC, surgiram as máquinas transfer


(que também são conhecidas como centros de usinagem – figura 7), que
consistem em uma linha de produção em que uma determinada peça é
montada em um carrinho que a transporta ao longo de vários cabeçotes
(torno, fresadora, furadeira etc.). A sua repetibilidade e cadência de
produção permitiram a esse tipo de máquina uma elevada importância
(THYER, 1993).
Figura 7 - Centro de usinagem

Fonte: Pixabay.

VOCÊ SABIA?

CNC é a sigla de “Controle Numérico Computadorizado”, ou


“Comando Numérico Computadorizado”. É uma evolução
do termo “NC”, que significa apenas “Comando Numérico”.
Como o próprio nome diz, refere-se ao controle de
máquinas-ferramentas programáveis por computador.

Com a evolução do sistema CNC, temos vantagens e desvantagens


da adoção desse sistema de acordo com a Tabela 1.
18 Máquinas Mecânicas

Tabela 1 - Vantagens e Desvantagens do CNC

Vantagens Desvantagens

Aumento de produtividade das máquinas Investimento inicial elevado

Diminuição do tempo total de produção Manutenção exigente e especializada

Não elimina completamente erros


Flexibilidade
humanos

Realização de um maior número de


operações que os sistemas convencionais, Necessita de operadores mais
bastando trocar de programa para que a especializados
máquina fabrique outro produto

Não apresenta vantagens para séries


Precisão
pequenas

Permitem realizar várias operações com


a mesma fixação da peça, minimizando
erros de reposicionamento

Fonte: Elaborado pelo autor.

Observamos na Tabela 1 a comparação das vantagens e


desvantagens do uso do CNC. Em geral, destaca-se a produtividade e
flexibilidade. O comando numérico computadorizado ou CNC nasce da
necessidade de se aumentar a produtividade das máquinas operatrizes e
mais ainda de se produzirem formas mais complexas com uma precisão
na repetição que permitisse a intercambialidade de peças produzidas em
um lote.

As primeiras máquinas CNCs são empregadas em um contexto


de desenvolvimento na década de 1950 com a expansão da indústria
aeronáutica, entretanto, somente nos anos 1970 o surgimento dos
computadores permitiu a criação de máquinas que utilizam comandos
numéricos. O aprimoramento contínuo dos softwares e hardwares permitiu
um desenvolvimento e uma ampliação na utilização desse gênero de
máquinas (SOUSA, 1998).

Durante o último século, a engenharia avançou significativamente,


principalmente as tecnologias de novos materiais, e com isso a usinagem
também evoluiu. Com isso, há o desenvolvimento das máquinas-
ferramentas, ferramentas de corte e fluidos de corte (SOUSA, 1998).
Máquinas Mecânicas 19

Hoje, com a incorporação de novas tecnologias às linhas de


produção, nas quais há direta ou indiretamente a atuação das máquinas
operatrizes, de sistemas como o CAD/CAM (Computer Aided Design /
Computer Aided Manufacturing), HSM (High Speed Machining), FMS
(Flexible Manufacturing Systems), CBS (Computer Business Systems)
e CIM (Computer Integrated Manufacturing). Todas têm em comum a
automatização, visando minimizar falhas operacionais e aperfeiçoar as
várias etapas do processo produtivo (SOUSA, 1998).

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você aprendeu
que as máquinas mecânicas têm uma relevância
muito grande quando estamos falando da evolução
dos processos de fabricação e que sua aplicação está
presente em praticamente toda a indústria. Os processos
de fabricação em que há remoção de aparas (cavacos)
podem ser classificados em processos convencionais e
não convencionais. Como processos convencionais, por
exemplo, temos a tornearia, a fresagem e o brochamento,
entre outros. Nos processos não convencionais, temos
jato abrasivo, ultrassom, eletroerosão, entre outros.
Cada um dos processos convencionais mencionados
faz uso de uma ferramenta de corte especifica, com
materiais apropriados e envolvendo um certo número de
parâmetros configuráveis (posição, velocidade, avanço,
geometria da ferramenta de corte etc.) e da escolha da
ferramenta. Com o desenvolvimento da tecnologia, nasce
o comando numérico computadorizado ou CNC, que
imprime produtividade ao processo e ainda permite uma
precisão maior na manufatura e intercambialidade de
peças produzidas em um lote. Durante o último século, a
engenharia avançou significativamente, principalmente no
que tange às tecnologias de novos materiais, e, com isso, a
usinagem também evoluiu.
20 Máquinas Mecânicas

Elementos construtivos
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de identificar


os elementos construtivos e a sua função, entendendo
o funcionamento e a constituição construtiva dessas
máquinas tão relevantes do nosso desenvolvimento
industrial. Conhecer as particularidades dessas máquinas
contribui significativamente para sua formação. E então?
Motivado para desenvolver essa competência? Então
vamos lá. Avante!

Constituição física das máquinas-


ferramentas
As estruturas de máquinas-ferramentas têm por objetivo maior
servir de superfície de montagem para todos os demais elementos que
constituirão a máquina como um todo. Entre esses elementos, podemos
citar guias, acionamentos, sistemas de medição e controle, dispositivos
de segurança, sistemas hidráulicos ou pneumáticos, fiações, tubulações,
sistemas de coleta e remoção de cavacos e fluidos etc. (STOETERAU, 2004).

Para a elaboração de projetos de máquinas-ferramentas, algumas


características devem ser consideradas, uma vez que os aspectos
construtivos devem ser observados e atendidos. Esses aspectos são
(STOETERAU, 2004):

• Rigidez estática.

• Rigidez dinâmica.

• Estabilidade térmica.

• Estabilidade química.

• Facilidade de manipulação.

• Acessibilidade aos componentes internos.

• Custo.
Máquinas Mecânicas 21

Como regra geral para o projeto de estruturas de máquinas-


ferramentas, recomenda-se que, quando ela possuir dimensões tais que
tornem sua manipulação dificultada, quer por seu tamanho, quer por seu
peso, ela seja dividida em estruturas menores. A divisão em estruturas
menores implica maior facilidade de transporte, contudo deve-se tomar
cuidado com referências de montagem, de forma a garantir a exatidão
geométrica da máquina sem a necessidade de dispositivos de ajustagem
complexos (STOETERAU, 2004).

O requisito de rigidez estática é caracterizado quando se trata


sob a ótica das deformações resultantes dos esforços aplicados sobre a
máquina-ferramenta, sendo as mais importantes aquelas causadas por
carregamentos flexivos e torcionais (STOETERAU, 2004).

Podem-se pontuar esses carregamentos como importantes, pois


são eles que geram os desalinhamentos e deslocamentos das guias,
ocasionando a falta de exatidão na máquina. E são causas dessas
deformações, principalmente (STOETERAU, 2004):

a. Peso das partes móveis.

b. Peso das peças de trabalho.

c. Forças de usinagem.

d. Gradientes térmicos.

VOCÊ SABIA?

Os impactos dessas deformações causam variações no


processo. As deformações pontuadas, se não tratadas,
geram variações dimensionais, apresentando alterações
nas medidas ou variações nas formas, que inicialmente
seriam cilíndricas, mas, dadas as “folgas”, apresentam-se
distorcidas.

A figura 8, retirada da obra de Stoeterau (2004), demonstra as partes


constituintes de um torno universal.
22 Máquinas Mecânicas

Figura 8 - Partes de um torno convencional

Fonte: STOETERAU (2015).


Cada uma das partes constituintes tem uma função específica e
fundamental no equipamento em questão. Vamos aqui descrever de
forma sucinta e objetiva. A estrutura-árvore é constituída da árvore
principal e do sistema de fixação da peça.

O eixo da árvore trata-se de um eixo oco construído de um aço


especial que deve ter suas superfícies super acabadas e polidas nos
contatos dos mancais. Ele é assentado em mancais de bronze fosforoso
ou rolamentos de esferas. Como finalidade do furo central, temos:

• A parte da frente serve para colocar as pontas do centro, e a haste


das ferramentas, como broca, mandril e alargador, todos esses
dispositivos são fixados por meio do cone interno.

• Permitir o torneamento de peças diretamente no vergalhão, sem


que para isso seja necessário cortá-lo previamente, uma vez que
ele atravessa o oco do eixo da árvore.

Já o sistema de fixação da peça, também conhecido como cabeçote


fixo, trata-se da parte do torno à qual a peça a ser usinada é presa e que
transmite o movimento rotacional que caracteriza o torneamento.
Máquinas Mecânicas 23

Dentro do cabeçote fixo do torno, há, além de sua peça principal, o


eixo da árvore, os mecanismos de redução e de inversão do movimento.
Importante destacar que o eixo-árvore é vazado de ponta a ponta, de
modo a permitir a passagem de barras.
Figura 9 - Placa de fixação da peça

Fonte: Pixabay.

O eixo-árvore, na maior parte dos tornos, é constituído por


rolamentos de alta precisão e rigidez, para garantir a circularidade que
caracteriza as peças torneadas. Geralmente o cabeçote fixo é assentado
sobre o barramento, que possui as guias de deslocamento dos carros e
onde se assenta o cabeçote móvel.

O cabeçote móvel, por sua vez, abriga a contraponta, que é utilizada


para facilitar o torneamento de peças mais longas. Ela atua como apoio
para evitar vibrações e geração de erros de forma. O cabeçote móvel do
torno compõe-se das seguintes partes principais:

• Base.

• Corpo.

• Mangote.

• Volante.

• Dispositivos de fixação.
24 Máquinas Mecânicas

Figura 10 - Contraponta e porta-ferramenta

Fonte: Pixabay.

O carro porta-ferramenta ou carro principal possui uma sela que


desliza sobre os trilhos do barramento, portando as ferramentas de
trabalho. Lateralmente se encontra o avental com o volante que move
o carro por meio de um jogo de engrenagens e a porca partida que
acopla o carro com o fuso de movimentação proveniente da caixa Norton
(ZAVELINSKI, 2017).
Figura 11 - Movimento manual

Fonte: Pixabay.

Os movimentos oriundos da ferramenta são dados pelo carro


transversal, que desliza sobre a mesa por meio de movimento manual
ou automático. Ao se tratar do movimento automático, o giro da vara
movimenta a rosca sem-fim existente no avental (SENAI, 2010).
Máquinas Mecânicas 25

Tal movimento é transmitido até a engrenagem do parafuso de


deslocamento transversal por meio de um conjunto de engrenagens, e
esse conjunto de engrenagens faz girar o parafuso, deslocando a porca
fixada no carro (SENAI, 2010).

O movimento manual é realizado por meio do manípulo existente


no volante montado na extremidade do parafuso de deslocamento
transversal. O movimento é controlado por meio de um anel graduado,
montado no volante.

Caixa Norton
A caixa Norton também é conhecida por caixa de engrenagem
e é formada por carcaça, eixos e engrenagens; serve para transmitir o
movimento de avanço do recâmbio para a ferramenta (SENAI, 2010).

A caixa Norton ou caixa de mudança rápida serve para proporcionar


avanços mecânicos e passos de roscas com economia de tempo. Em
lugar de calcular e montar as engrenagens da grade, é preciso apenas
mudar a posição de certas alavancas.

Por outro lado, a combinação, na grade, de diferentes jogos de


engrenagens possibilita uma variedade limitada de avanços do carro do
torno, conforme o número de engrenagens disponíveis (SENAI, 2010).

As combinações da engrenagem da grade são estabelecidas


pelo cálculo de mudança de rotação, determinando as relações entre
os números dos dentes da engrenagem condutora e da engrenagem
conduzida. A mudança dos avanços, nos tornos antigos, dependia de
cálculos e de trabalhos de desmontagem e montagem das engrenagens
da grade, resultando em perda de tempo.
26 Máquinas Mecânicas

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos
resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que, ao
projetar máquinas-ferramentas, existe a necessidade de se
pensar em todos os elementos que irão compor a máquina.
Entre eles, podemos destacar aqui guias, acionamentos,
sistemas de medição e controle, dispositivos de segurança,
sistemas hidráulicos ou pneumáticos, entre outros. Os
aspectos a serem considerados e atendidos passam
pela rigidez dinâmica e estática, estabilidade térmica e
química, além de facilidades construtivas, como acesso
para manutenção e facilidade de manipulação, sempre
nos atentando para a questão de custos e produtividade.
O requisito de rigidez estática é caracterizado quando se
trata sob a ótica das deformações resultantes dos esforços
aplicados sobre a máquina-ferramenta, e nunca pode ser
deixado de lado ou em segundo plano. Não podemos
esquecer aqui dos desalinhamentos e deslocamentos das
guias, ocasionando a falta de exatidão na máquina. Tais
deformações causam variação e erros dimensionais nas
peças usinadas.
Máquinas Mecânicas 27

Movimentos nas máquinas-ferramentas


OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de identificar


os movimentos existentes nas máquinas-ferramentas,
compreendendo o funcionamento e como se dá o processo
de usinagem. Conhecer as particularidades dessas
máquinas contribui significativamente para sua formação.
E então? Motivado para desenvolver essa competência?
Então vamos lá. Avante!

Os movimentos no processo de usinagem


O princípio básico de funcionamento de uma máquina ferramenta
é fazer com que, dados um movimento previamente pensado e a ação
de uma ferramenta cortante contra uma superfície, um perfil comece a
se formar em uma peça. Sendo assim, faz-se necessário compreender as
grandezas físicas que ocasionam o processo de corte.

A NBR 6162 – Movimentos e Relações Geométricas na Usinagem


dos Metais: Terminologia – trata justamente desses conceitos, define os
termos empregados nos movimentos e relações geométricas, envolvidos
na técnica de usinagem, constituindo o fundamento para uma série de
normas referentes ao corte dos materiais. Os conceitos sobre movimentos
e relações geométricas estabelecidos por essa norma aplicam-se a
todos os processos de usinagem (ABNT, 1989), porém ela encontra-se
cancelada desde 2012. Entretanto, mesmo cancelada, algumas definições
básicas foram extraídas dessa NBR.

De acordo com Machado (2015), há dois movimentos decorrentes


das operações de usinagem que são gerados entre a peça e a aresta
cortante e a peça considerada estacionária. São eles: os que causam
diretamente a saída de cavaco (ativos) e os que não tomam parte
diretamente na sua retirada (passivos).

Movimentos que causam a saída do cavaco (MACHADO, 2015):


28 Máquinas Mecânicas

• Movimento de corte: realizado entre a peça e a aresta de corte,


que, na ausência do movimento de avanço, produz somente uma
única retirada do trabalho. O movimento de corte consiste na volta
ou curso dado no material bruto ou na ferramenta para remover
o sobremetal localizado nesse percurso. Nos manuais, catálogos
e demais documentos, o movimento de corte é indicado pelas
letras “mc”. O movimento de corte gera o comprimento do cavaco

• Movimento de avanço: realizado entre a peça e a aresta de corte,


que, com o movimento de corte, provoca a retirada contínua
de cavaco. Já o movimento de avanço possibilita a retirada do
sobremetal nas voltas ou cursos seguintes, dando origem à
espessura do cavaco. O movimento de avanço é indicado nos
manuais, catálogos e demais documentos pelas letras “ma”.

• Movimento efetivo: resultante dos movimentos de corte e avanço,


realizados ao mesmo tempo. Os movimentos são ilustrados nas
figuras, que seguem e tratam dos processos de torneamento,
furação e fresamento.
Figura 12 - Movimentos de corte, avanço e efetivo no torneamento

Fonte: Machado (2015, p. 29).

Figura 13 - Movimentos de corte, avanço e efetivo no torneamento

Fonte: Machado (2015, p. 29).


Máquinas Mecânicas 29

Figura 14 - Movimentos de corte, avanço e efetivo no fresamento

Fonte: Machado (2015, p. 29).

SAIBA MAIS:

Pelo que você acabou de ver, podemos estabelecer as


seguintes relações: movimento de corte/comprimento
do cavaco; movimento de avanço/espessura do cavaco;
movimento de profundidade/largura do cavaco.

Movimentos que não causam diretamente a formação do cavaco


(MACHADO, 2015):

• Movimento de aproximação - realizado entre a peça e a aresta de


corte, por meio do qual ambas se aproximam antes da usinagem.

• Movimento de ajuste - realizado entre a peça e a aresta de corte


para determinar a espessura de material a ser retirado.

É predeterminada a espessura do material a ser removida. Nos


processos de sangramento, furação e brochamento, esse movimento não
ocorre, pois a espessura do material a ser removida está definida pela
geometria da ferramenta.

• Movimento de correção - é o movimento entre a ferramenta e a


peça, empregado para compensar alterações do posicionamento,
que, normalmente, ocorrem durante o processo (desgaste de
ferramenta, variações térmicas, deformações plásticas etc.).

• Movimento de recuo - realizado entre a peça e a aresta de corte


com o qual a ferramenta, após a usinagem, é afastada da peça.
30 Máquinas Mecânicas

A todos esses movimentos são associados direções, sentidos,


velocidades e percursos. As direções são suas direções instantâneas, os
sentidos são aqueles resultantes quando se considera a peça parada e a
ferramenta realizando todo o movimento, e as velocidades do movimento
são suas velocidades instantâneas.

Direções dos movimentos


No que diz respeito às direções dos movimentos que causam
diretamente a retirada de cavaco:

• Direção de corte - instantânea do movimento de corte.

• Direção de avanço - instantânea do movimento de avanço.

• Direção efetiva - instantânea do movimento efetivo de corte.

Percursos da ferramenta

Percurso de corte (Le): é o espaço percorrido pelo ponto de


referência da aresta cortante sobre a peça, segundo a direção de corte.

Percurso de avanço (Lf): é o espaço percorrido pelo ponto de


referência da aresta cortante sobre a peça, segundo a direção de avanço.
Nos casos em que há movimento de avanço principal e lateral, devem-se
distinguir os componentes do percurso de avanço.

Percurso efetivo (Le): é o espaço percorrido pelo ponto de referência


da aresta cortante sobre a peça, segundo a direção efetiva do corte.

Definições análogas são válidas para os movimentos que não


tomam parte diretamente na retirada do cavaco. A figura ilustra o percurso
da ferramenta na operação de fresamento tangencial discordante.
Máquinas Mecânicas 31

Figura 15 - Percurso de corte para fresamento tangencial discordante

Fonte: Machado (2015, p. 29).

Relações de direção, velocidade e percurso

Relacionam-se os seguintes parâmetros:

• Direção efetiva, velocidade efetiva (Ve) e percurso efetivo (Ie).

• Direção de corte, velocidade de corte (Vc) e percurso de corte (Ic).

• Direção de avanço, velocidade de avanço (Vc) e Percurso de


avanço (Ic).

• Direção de ajuste, velocidade de ajuste (Vz) e percurso de ajuste


(Iz).

• Direção de correção, velocidade de correção (Vn) e percurso de


correção (In).

• Direção de aproximação, velocidade de aproximação (Va) e


percurso de aproximação (Ia).

• Direção de recuo, velocidade de recuo (Vr) e percurso de recuo (Ir).

Velocidades
A usinagem dos materiais é um conjunto de parâmetros combinados
e cujo produto ao final do processo é a manufatura de peças em si, com
todas as suas características construtivas.
32 Máquinas Mecânicas

O que tange o tempo de corte, como o nome indica, corresponde ao


intervalo de tempo necessário para execução de uma peça. A velocidade
de corte empregada depende das propriedades físicas dos materiais que
estão sendo usinados. Isso influencia desde o acabamento superficial
desejado ao tipo e material da ferramenta empregada (SENAI, 1998).

Materiais considerados “duros”, como o aço temperado, quando


usinados em altas velocidades de corte, provocam o desgaste prematuro
das ferramentas. Isso porque a alta velocidade de corte provoca mais
atrito entre a ferramenta e a peça, aumentando o calor na região de
corte. O calor causa na ferramenta uma perda da dureza, ocasionando
um desgaste prematuro da ferramenta, e, com isso, há necessidade de
produzir ferramentas que sejam resistentes a altas temperaturas e ao
desgaste (SENAI, 1998).

Materiais vistos como mais “moles” ou dúcteis, como, por exemplo,


o alumínio, quando são usinados em baixas velocidades de corte, causam
o empastamento dos cavacos, ou seja, amontoam-se na ponta da
ferramenta. Essas situações, além de ocasionarem a quebra da ferramenta,
prejudicam o processo de usinagem, pois ocasionam alterações em suas
dimensões, interferindo, portanto, na qualidade final do produto obtido
(SENAI, 1998).

Velocidade de corte

A velocidade de corte é a velocidade desenvolvida pelo movimento


de corte. Ela é indicada nos manuais, catálogos etc., e é indicada pelas
letras “Vc” e expressa em metros por minuto (m/min) (SENAI, 1998).

Há uma diferença do tipo de ferramenta empregada, sendo que os


movimentos de corte podem ser rotativos ou lineares. Com o torno, por
exemplo, são realizados os movimentos rotativos; já a plaina é específica
para os movimentos lineares (SENAI, 1998).

Velocidade de avanço

A velocidade de avanço corresponde à velocidade do movimento


de avanço e é indicada em manuais e catálogos como “Va”. Seu valor é
expresso em mm/min (SENAI, 1998).
Máquinas Mecânicas 33

Para obter o valor da velocidade de avanço, vamos entender antes


o que é: Avanço nas ferramentas monocortantes.

• Avanço por dente nas ferramentas multicortantes.


Figura 16 - Ferramentas multicortantes

Fonte: Pixabay.

Figura 17 - Ferramentas monocortantes

Fonte: Pixabay.

Avanço nas ferramentas monocortantes

Em ferramentas monocortantes, a peça ou as ferramentas


deslocam-se em direção do movimento de avanço. Esse deslocamento
caracteriza o avanço nas ferramentas monocortantes e ocorre a cada
volta ou golpe da ferramenta sobre a peça. O avanço é indicado pela letra
“a” e é expresso em mm/golpe ou mm/volta (SENAI, 1998).
34 Máquinas Mecânicas

Avanço por dente nas ferramentas multicortantes

Em ferramentas multicortantes, o avanço é distribuído pelo número


de facas ou dentes que compõem a ferramenta multicortante. O avanço
por dente é indicado pelas letras “ad” e é expresso mm/volta x dente ou
mm/ volta x faca (SENAI, 1998).

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que há dois movimentos decorrentes das operações de
usinagem que são gerados entre a peça e a aresta cortante
e a peça considerada estacionária. São eles: os que causam
diretamente a saída de cavaco (ativos) e os que não
tomam parte diretamente na sua retirada (passivos). Como
movimentos ativos, temos: movimento de corte, movimento
de avanço e movimento efetivo. Já os movimentos que não
causam diretamente a formação do cavaco: movimento
de aproximação, movimento de ajuste, movimento de
correção e movimento de recuo. A usinagem dos materiais
é um conjunto de parâmetros combinados e cujo produto,
ao final do processo, é a manufatura de peças em si, com
todas as suas características construtivas. A velocidade de
corte empregada depende das propriedades físicas dos
materiais que estão sendo usinados. Isso influencia desde
o acabamento superficial desejado ao tipo de material da
ferramenta empregada.
Máquinas Mecânicas 35

Tecnologia e máquinas-ferramentas
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de discernir


sobre a influência da tecnologia aplicável às máquinas-
ferramentas e sua evolução. Reconhecer o papel da
tecnologia na evolução das máquinas-ferramentas é
relevante para a formação, já que auxilia no planejamento
de fabricação dos mais diversos itens e contribui
significativamente na produtividade da empresa. E então?
Motivado para desenvolver essa competência? Então
vamos lá. Avante!

Automação do processo de usinagem


O desenvolvimento da Usinagem e das máquinas-ferramentas é
de fundamental importância para o desenvolvimento industrial e para a
economia. São essas máquinas as responsáveis pela manufatura de vários
produtos que consumimos e é por meio delas que fabricamos produtos
cada vez mais elaborados e com tolerâncias cada vez menores.

Podemos citar a usinagem CNC (Comando Numérico


Computadorizado) como sendo responsável por aferir precisão tão
pequena quanto a de 1 mícron, possibilitando alta padronização, alta
performance e confiabilidade no processo de produção (BAYER, 2011).
Figura 18 - Torno automático programado por CNC

Fonte: Commons.
36 Máquinas Mecânicas

A Revolução Industrial revolucionou a produção de mercadorias,


uma vez que conseguiu produzi-las em tempo menor, com adesão à
mecanização, e não há ideia de substituir homens por máquinas. Nesse
período, o objetivo era otimizar o tempo, produzindo assim mais e melhor.
Atualmente nos encontramos no início da Quarta Revolução Industrial,
cujo foco é a centralização da tecnologia digital (BAYER, 2011).
Figura 19 - Processo de tornearia Manual

Fonte: Wikimedia Commons.

O uso do CNC em processos de fabricação apresenta uma série


de vantagens quando o comparamos aos métodos convencionais e
podemos citar (BAYER,2011):

• Aumento na produtividade.

• Facilidade de programação e controle de produção.

• Troca automática de velocidades.

• Redução de custos em controle de qualidade, aumento da


qualidade.

• Padronização de ferramentas, ferramentas intercambiáveis.

• Alta versatilidade de operações.

• Aumento do controle em operações complexas.

• Possibilidade de simulações de usinagem.


Máquinas Mecânicas 37

• Redução da quantidade de máquinas.

• Aumento da vida útil de máquinas e ferramentas.

• Aumento do controle sobre desgaste de ferramentas.

• Alta flexibilidade de produção.

• Automação de sistemas.

• Aumento da repetibilidade das peças.

• Maior segurança do operador.

• Redução do custo e produção mais rápida de protótipos de peças.

Não podemos deixar de mencionar que, para haver o avanço do


processo de CNC, houve também o avanço dos materiais que constituem
as ferramentas, uma vez que são necessários materiais que suportem
trabalhar em altíssimas velocidades e materiais utilizados na produção
dessas novas peças.

Basicamente, podemos compor um sistema de controle numérico


com três elementos básicos, que são (BAYER, 2011):

• Programa de instruções.

• Unidade de controle da máquina.

• Equipamentos de processamento.

Os programas de instruções são constituídos de comandos


detalhados passo a passo que direcionam o equipamento de
processamento. Em suma, os comandos referem-se à situação de um eixo
de máquina-ferramenta com relação à mesa de trabalho na qual a peça
é fixada. Instruções mais avançadas incluem a seleção de velocidades do
eixo, ferramentas de corte, e outras funções (BAYER, 2011).

Já a unidade de controle da máquina (MCU) consiste na eletrônica


e hardware de controle que lê e interpreta o programa de instrução e
converte-o em ações mecânicas da máquina-ferramenta ou outro
equipamento (BAYER, 2011).
38 Máquinas Mecânicas

E, por fim, o equipamento de processamento trata-se de um


componente básico de um sistema NC. Exemplificando o controle
numérico, podemos dizer que é aquele que executa operações de
usinagem, consistindo em uma mesa de trabalho e eixos, bem como de
motores e controles necessários para conduzi-los (BAYER, 2011).

VOCÊ SABIA?

O mercado CNC conta com alguns fabricantes importantes:


Brasil – Ergomat, Romi.
EUA – Hurco, Haas.
Japão – DMG MORI, Amada, JTEKT, Yamazaki, Okuma,
Komatsu, FANUC, Makino.
Europa – EMAG GmbH.
China – Dalian Machine Tool
Consulte o link aqui.

Há atualmente diversas máquinas que utilizam CNC nas mais


diversas áreas, dando destaque principalmente à área metalúrgica
e metalmecânica. A gama de modelos de máquinas CNC vai desde
fresadoras ou máquinas de furar até sofisticados equipamentos capazes
de controlar um determinado processo de produção.

Os tipos mais comuns de máquinas-ferramentas CNC utilizados


na indústria são os tornos CNC, as fresadoras, os centros de usinagem,
as máquinas de eletroerosão por penetração e a fio e as injetoras CNC.
Existem, no entanto, outras máquinas de controle numérico, como as
retificadoras, os centros de furação, as mandriladoras, as máquinas de
medir por coordenadas, as prensas, as dobradeiras de perfis e de tubos,
as puncionadeiras, as máquinas de corte por laser, as máquinas de corte
por água (BAYER, 2011).
Máquinas Mecânicas 39

Figura 20 - Processo de usinagem usando CNC

Fonte: Wikimedia Commons.

Figura 21 - Processo de corte plasma usando CNC

Fonte: Wikimedia Commons.

O avanço tecnológico contribuiu significativamente para o processo


CNC, pois, sem o desenvolvimento da técnica e do comando numérico, o
desenvolvimento industrial estaria seriamente comprometido.

Ferramentas para usinagem CNC


Como já vimos, a usinagem é um processo de fabricação por
remoção de cavacos, e, para a remoção desses cavacos, é necessária a
utilização de ferramentas de corte. Com o avanço da tecnologia, tornou-
se necessário desenvolver ferramentas que fossem capazes de trabalhar
em temperaturas mais altas e a velocidades cada vez maiores.
40 Máquinas Mecânicas

Assim, Oliveira (2003) pontua o surgimento do processo de


usinagem em altas velocidades, que é conhecido por HSC (High Speed
Cutting) e que é aplicado na indústria desde a década de 1970.

A tecnologia HSC, embora existente desde a década de 1970, ainda


é um dos principais temas trabalhados no setor industrial. Principalmente
por estar em consonância aos conceitos de manufatura avançada nos
mercados aeroespacial, de moldes e matrizes e o automotivo, a tecnologia
ganha cada vez mais espaço com o ciclo de vida de produtos industriais
tornando-se cada vez mais curto.

Com o avanço da indústria, que busca a todo tempo novas


tecnologias e métodos de trabalho, tendo como foco a alta produtividade
e rapidez na fabricação, isso tudo com um acabamento superficial cada
vez melhor, sustenta-se o desenvolvimento da tecnologia HSC.

A usinagem com alta velocidade de corte (HSC - High Speed


Cutting ou HSM - High Speed Machining) é uma das novas tecnologias
que pode garantir maior produtividade, redução dos custos, flexibilidade
da produção, melhor qualidade superficial e dimensional, além do uso de
novos materiais em curto espaço de tempo.

Quando se trata da usinagem em alta velocidade, pode-se afirmar


que a usinagem ocorre a altíssimas velocidades de corte, que geralmente
se encontram entre 600 m/min e 1500 m/min, permitindo assim que
sejam usinadas peças com altas durezas e em um menor período do
que na usinagem convencional. Peças produzidas com essa tecnologia
possuem uma superfície com excelente qualidade, reduzindo assim
operações de acabamento (SCHULZ; MORIWAKI, 1996).

Nas operações de fresamento com a tecnologia HSM, os parâmetros


de corte encontram-se na ordem:

• Profundidade de corte – 0,01 a 0,5 mm.

• Largura de corte – 0,05 e 4,0 mm.

• Avanço por dente – até 0,25 mm/dente.


Máquinas Mecânicas 41

Apesar de parecerem pequenos, esses parâmetros de corte


tornam o processo muito produtivo, uma vez que trabalham a altíssimas
velocidades de corte e avanço. Em geral, utilizar o HSM permite uma
diminuição da cadeia de processo necessária à fabricação de um produto.
O bom acabamento superficial em muitos casos elimina a necessidade de
retificação e reduz bastante o tempo de polimento.

ACESSE:

Quer conhecer mais sobre ferramentas de usinagem?


Consulte um dos maiores fornecedores de soluções no
segmento. Acesse aqui.

Nunes et al. (2008) afirma que a usinagem com altas velocidades


de corte surge como uma solução para a produção de matrizes e moldes,
uma vez que há o aprimoramento do tempo de fabricação, custo e
qualidade. (HELLENO; SCHÜTZER, 2003).

Atualmente, o processo de manufatura de moldes e matrizes


apresenta um elevado tempo de produção, uma vez que consiste na
usinagem de superfícies complexas em material normalizado, com baixas
velocidades de corte e avanço, endurecimento do material (tratamento
térmico) após a usinagem e acabamento superficial manual, a fim de
obter o acabamento necessário (HELLENO; SCHÜTZER, 2004).

As vantagens e desvantagens foram condensadas e expostas na


Tabela 1, com base em alguns autores (CHRISTOFFEL, 2001; DEWES;
ASPINWALL, 1997; SCHULZ, 1999; SCHULZ; ABELE; SAHM, 2001; SILVA,
2002; TÖNSHOFF et al., 2001).
42 Máquinas Mecânicas

Tabela 2 - Vantagens e Desvantagens da usinagem com altas velocidades

Vantagens Desvantagens

Altas taxas de remoção do material Maior desgaste da ferramenta

Menores forças de corte Custos dos materiais mais elevados

Menor distorção das peças Controle e máquinas caras

Cuidado no balanceamento das


Melhor rugosidade
ferramentas

Menos vibrações mecânicas Baixa vida útil dos eixos das máquinas

Dissipação de calor pelo cavaco Alto custo de manutenção

Melhor precisão Necessita mão de obra especializada

Fonte: Christoffel (2001); Dewes e Aspinwall (1997); Schulz (1999);


Schulz, Abele e Sahm (2001); Silva (2002); Tönshoff et al. (2001).

A alta velocidade de corte é amplamente utilizada em operações


de usinagem de materiais leves (como alumínio ou com partes à base de
magnésio na produção em massa) e aços estruturais e peças a partir de
ferro fundido cinzento. Essas aplicações são intensamente utilizadas na
indústria automobilística (DOLINŠEK; ŠUŠTARŠIĈ; KOPAĈ, 2001). Limido
et al. (2007) acrescentam que, na indústria aeronáutica, a usinagem é
utilizada para gerar peças submetidas à fadiga. Nos últimos anos, esse
processo evoluiu para a usinagem com altas velocidades, por tornar
possível a melhora da produtividade desses componentes.
Máquinas Mecânicas 43

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter
aprendido que o desenvolvimento da usinagem e das
máquinas-ferramentas foi de fundamental importância
para o desenvolvimento industrial e para a economia.
São essas máquinas as responsáveis pela manufatura de
vários produtos que consumimos, e é por meio delas que
fabricamos produtos cada vez mais elaborados e com
tolerâncias cada vez menores. O surgimento do processo
de usinagem CNC (Comando Numérico Computadorizado)
é responsável por aferir precisão tão pequena quanto a de 1
mícron, possibilitando alta padronização, alta performance e
confiabilidade no processo de produção. O uso do CNC em
processos de fabricação apresenta uma série de vantagens
quando o comparamos aos métodos convencionais, e
podemos citar algumas como por exemplo: aumento na
produtividade, facilidade de programação e controle de
produção, troca automática de velocidades e mais uma
série de benefícios. Não podemos deixar de mencionar
que, para haver o avanço do processo CNC, houve também
o avanço dos materiais que constituem as ferramentas,
uma vez que são necessários materiais que suportem
trabalhar em altíssimas velocidades e materiais utilizados
na produção dessas novas peças.
44 Máquinas Mecânicas

REFERÊNCIAS
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Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria; Colégio Técnico Industrial
de Santa Maria; Escola Técnica Aberta do Brasil, 2011.

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2003, Uberlândia. Anais... Uberlândia: UFU, 2003.

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THYER, G. E. Computer numerical control of machine tools. [s. l.]:


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ZAVELINSKI, A. L. Projeto de torno CNC para prototipagem rápida


e outros usos. 2017. Monografia (Especialização em Automação Industrial),
Departamento Acadêmico de Eletrônica, Universidade Tecnológica
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