Duas Décadas de Preservação Digital

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 32

Eixo Temático: Produção Mediação e Gestão da Informação

DUAS DÉCADAS DE PRESERVAÇÃO DIGITAL: O ESTADO DA ARTE A PARTIR


DA OBSERVAÇÃO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO, MODELOS, PADRÕES,
PLANOS E POLÍTICAS (2002-2022)
TWENTY YEARS OF DIGITAL PRESERVATION: THE STATE OF THE ART
OBSERVED FROM STRATEGIC PLANNING, MODELS, STANDARDS, PLANS AND
POLICIES (2000-2022)

João Andrade – Universidade Federal de Pernambuco - UFPE / Rede Cariniana/Ibict –


joaoandradeufpe@gmail.com
Modalidade: Trabalho Completo
Resumo: Introdução: Desde a publicação da ISO 16.363:2012 às práticas de preservação digital vem
experimentando uma nova perspectiva de longevidade dos ativos digitais em relação aos Repositórios
Digitais. No entanto, ainda há um longo caminho a ser trilhado até que a Preservação Digital chegue a
um nível mais avançado no Brasil. Objetivo: Neste contexto, este artigo visa identificar as práticas de
preservação que vêm sendo utilizadas para garantir a longevidade de estoques digitais, a partir de um
panorama nacional e internacional, nas últimas duas décadas. Metodologia: A metodologia para o
desenvolvimento do estado da arte neste estudo está pautada no levantamento qualitativo e
quantitativo de pesquisa descritiva, a partir da utilização do método de bibliometria. Resultados: A
revisão sistemática da literatura apontou que, na atualidade, a Preservação Digital caminha para um
estágio de maturidade, mas ainda há um longo caminho para alcançar este objetivo.
Conclusão:Instituições de Ensino Superior - IES do Brasil e muitas mundo afora, ainda não tem uma
política de preservação digital que assegure a fiabilidade de seus Repositórios Digitais, sem políticas
definidas, não há como planejar e sem planejamento as estratégias continuam sendo aplicadas de
forma aleatória.
Palavras-chave: Modelos para Preservação digital; Padrões para Preservação digital; Estratégias para
Preservação digital; Políticas para Preservação digital; Planos para Preservação digital.
Abstract: Since the publication of ISO 16363:2012, digital preservation practices have been
experiencing a new perspective on the longevity of digital assets in relation to Digital Repositories.
However, there is still a long way to go before Digital Preservation reaches a more advanced level in
Brazil. In this context, this article aims to identify the preservation practices that have been used to
guarantee the longevity of digital stocks, from a national and international perspective, in the last two
decades. The methodology for developing the state of the art in this study is based on the qualitative
and quantitative survey of descriptive research, based on the use of the bibliometric method. The
systematic review of the literature pointed out that, currently, Digital Preservation is moving towards a
stage of maturity, but there is still a long way to go to reach this goal. Lots of Universities in Brazil
and around the world, they still do not have a digital preservation policy that ensures the reliability of
their Digital Repositories. Without defined policies, there is no way to plan and without planning,
strategies continues to be applied in a random way.
Keywords: Models for Digital preservation; Standards for Digital Preservation; Digital Preservation
Strategies; Policies for Digital Preservation; Digital Preservation Plans.
1 INTRODUÇÃO
No âmbito do projeto de pesquisa “Preservação Digital e Análise de Risco em
Repositórios Institucionais” o desenvolvimento do estado da arte dos modelos de Preservação
Digital, buscou identificar as práticas de preservação que vêm sendo utilizadas para garantir a
longevidade de estoques digitais, a partir de um panorama nacional e internacional.
Neste estudo ficou claro que, nas últimas duas décadas, a produção científica vem se
intensificando em número, contudo atributos impreteríveis à gestão da Preservação Digital,
ainda, têm sido negligenciados. Na atualidade a Preservação Digital pode ser vista para além
de uma técnica ou um mero conjunto de práticas de longevidade que caminha para um estágio
de maturidade.
A arquitetura que sustenta todo este ecossistema se baseia na interoperabilidade
sistêmica de três dimensões distintas, porém interdependentes por natureza. A gestão da
Preservação Digital deve ser estruturada a partir da Política Preservação Digital (primeira
dimensão), a qual sistematiza a operabilidade deste ecossistema, orientando o bom
desenvolvimento e aplicação das práticas que fidelizam a longevidade digital. Norteado por
este conjunto de regras o planejamento estratégico (segunda dimensão), abrange estratégias e
táticas (terceira dimensão), as quais são elaboradas com base na normatização vigente, pois é
com base nas agências de padronização (Organization for Standardization) que se fundamenta
todo este ecossistema, o qual converge para a gestão gestão da Preservação Digital de
Repositórios de Instituições públicas brasileiras.
Assim a arquivologia e a ciência da informação têm na preservação digital um objeto
de estudo que engloba todas as tarefas envolvidas no fluxo informacional, mas que eram áreas
que estavam começando a propor padrões, normas, políticas e procedimentos para o
arquivamento digital. E que os critérios de preservação digital propostos estão relacionados
aos aspectos institucionais como confiabilidade, responsabilidade política e sustentabilidade
econômica. Como afirma Márdero Arellano:

“No âmbito nacional, a definição das políticas, obrigações e


metodologias mais apropriadas à preservação dos documentos
eletrônicos deve levar em consideração a implementação de modelos, a
fim de verificar se eles atendem às expectativas dos usuários de
instituições nacionais de pesquisa. Recomenda-se, também, comprovar
se eles estão em concordância com os padrões internacionais já
testados, que promovem a longo prazo o arquivamento digital da
produção científica. Tal discussão não pode ficar isolada ou postergada.
Ela é parte de um tema de debate internacional que, certamente, deve
incluir o Brasil (MARDERO, 2008, p.25)”.

A partir desta perspectiva se fez necessário realizar uma revisão sistemática da


literatura (RSL) com o objetivo de descobrir quais são os padrões e modelos que, na
atualidade, estão sendo aplicados e se estes são relevantes para o desenvolvimento do
planejamento estratégico dos Repositórios Institucionais - RIs.
Segundo Bodero Poveda, De Giusti e Morales (2022, p.2) uma RSL identifica lacunas
para realizar uma investigação, responde a uma ou várias questões, fenômenos ou áreas de
interesse. A SLR tem como objetivo realizar uma avaliação justa, por meio da utilização de
uma metodologia confiável, rigorosa e auditável, que sintetiza as evidências existentes de um
tema previamente definido e fornece um quadro de referência.
Com base nesta perspectiva este estudo buscou responder às seguintes perguntas sobre
Preservação Digital no âmbito nacional e internacional:

P1. Quais são as iniciativas de Preservação Digital existentes?


P2. Quais são os padrões publicados e aplicados nacional e internacionalmente?
P3. Quais são os principais modelos existentes no âmbito da Preservação Digital?
P4. Quais são as estratégias de Preservação Digital existentes?
P5. Quais são os planos de Preservação Digital existentes?
P6. Quais são as políticas de Preservação Digital existentes?

A primeira questão (P1.) visa identificar entidades que têm se dedicado na prática à
preservação de ativos digitais. A segunda questão (P2.) busca explorar, a partir de
organizações de regulação1, quais as normas mais aplicadas na Preservação Digital. A terceira
questão (P3.) observa, segundo a perspectiva da Rede Cariniana, que os modelos centralizado
e distribuído são os de maior destaque, porém o modelo distribuído é até então o mais
explorado. Esta questão visa identificar como a produção científica apresenta e aplica estes
modelos na prática. A quarta questão (P4.) se ocupa de observar as estratégias de preservação
digital que vêm sendo utilizadas para garantir a longevidade dos estoques digitais, as quais
devem ir além do pressuposto postulado por Miguel Ferreira (2006, p. 31 - 45). As questões
cinco e seis (P5. e P6), estão, por sua vez, diretamente ligadas à questão P4., pois as
estratégias são uma parte importante da elaboração do planejamento, visto que sem estratégias
bem definidas, se infere que não houve planejamento adequado e sem planejamento nem
organização das estratégias como é possível legislar as regras para gestão da Preservação
Digital?

2 DESENVOLVIMENTO
A metodologia aplicada para o desenvolvimento deste estudo, teve como objetivo
selecionar e identificar iniciativas nacionais e internacionais de preservação digital para o
desenvolvimento de um panorama abrangente nos últimos cinco anos. O estudo está pautado
no levantamento qualitativo e quantitativo de pesquisa descritiva, a partir da utilização do
método de bibliometria.

2.1.1 Seleção das bases de dados para pesquisa

No que tange às bases de dados, na atualidade a web disponibiliza inúmeras


possibilidades, por este motivo o critério de seleção, foi sua consolidação e estabilidade no
âmbito da comunidade científica.
A Base de Dados Referenciais de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação -
Brapci2 é considerada por Lucca, Leite e Neubert (2022); Bufrem, Oliveira e Sobral (2018) e

1
Existem diversas organizações de padronização em todo o mundo, dentre elas a International
Organization for Standardization (ISO), Dublin Core Metadata Initiative (DCMI), Institute of Electrical
and Electronics Engineers (IEEE), Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), Canadian
Standards Association (CSA), INN – Instituto Nacional de Normalización (INN), DIN – Deutsches
Institut für Normung (DIN) e Asociación Española de Normalización y Certificación (UNE/AENOR), as
quais têm maior representação no campo da Preservação Digital.
2
BRAPCI. 2008. Disponível em: <https://www.brapci.inf.br/>. Acesso em: 07 de nov. de 2022.
Bufrem et al. (2010) a principal base de dados brasileira especializada em Ciência da
Informação, caracterizada como uma base de dados referencial e de texto completo que
disponibiliza artigos indexados desde 1972, publicados em periódicos e anais de eventos,
além de livros eletrônicos (e-books) (LUCCA; LEITE; NEUBERT, 2022, p.5)3.
A Rede Federada de Repositórios Institucionais de Publicações Científicas - LA
Referencia4, é constituída como rede latino-americana de repositórios de acesso aberto para
apoiar as estratégias nacionais de acesso aberto na América Latina. A plataforma promove o
desenvolvimento de padrões de interoperabilidade, compartilhando e dando visibilidade à
produção científica, a partir da interação de artigos científicos, teses de doutoramento e
mestrado provenientes das universidades e instituições de pesquisa dos países membros:
Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Salvador, México, Peru e Uruguai5.
A Scopus6, base de dados pertencente à empresa neerlandesa Elsevier reúne produção
científica do mundo todo, sendo referência no âmbito da comunidade acadêmica de pesquisa.
Sua escolha se justifica por sua importância para a ciência, sua abrangência, possibilidade de
estudos métricos e contribuição para as pesquisas sobre preservação digital.

2.1.2 Critérios para seleção dos documentos nas bases

Nas bases de dados científicas, o termo preservação digital retorna um amplo número
de resultados, o que mostra que o tema é relevante, mas precisa ser visto com um olhar
específico para se atingir o objetivo proposto. Em novembro de 2022, a base Scopus retornou
1,262 trabalhos, especificamente, relacionados ao termo “digital preservation”; A LA
Referencia 4,100 estudos sob o termo “preservación digital” e a Brapci 540 resultados. Por
este motivo se optou por centralizar a busca em termos específicos como padrões, modelos,
políticas, planos e estratégias, visando reduzir o coeficiente de renovação.
No tocante aos critérios para seleção dos documentos nas bases, as consultas foram
restringidas pelo tipo dos documentos para artigos e apresentações em eventos. Os termos em
português ficaram limitados às consultas na base Brapci, em espanhol na LA Referencia e no
idioma inglês na Scopus. Tendo o recorte temporal abrangido a produção científica desde
2000 até 2022.

3
LUCCA, D. LEITE, C. NEUBERT, P. A produção científica brasileira sobre competência em
informação: um estudo dos artigos indexados na BRAPCI (2000-2019). v. 1 n. 1 (2022): Anais do 29º
Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação. BUFREM, L. S.; COSTA, F. D. O.;
GABRIEL JUNIOR, R. F.; PINTO, J. S. P. Modelizando práticas para a socialização de informações: a
construção de saberes no ensino superior. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v.
15, n. 2, p. 22-41, maio/ago. 2010. BUFREM, L. S.; OLIVEIRA, E. F. T.; SOBRAL, N. V. Produção
científica sobre temas pertinentes ao GT 7 indexada na base de dados BRAPCI. In: Encontro
Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação, 19, 2018, Londrina. Anais [...] Londrina: ANCIB,
2018.
4
LA REFERENCIA. c2013. Disponível em: <https://www.lareferencia.info/>. Acesso em: 07 de nov.
de 2022. Durante uma das reuniões do grupo de pesquisa, na oportunidade da definição das bases
de dados foi feita sugestão da base LA Referencia, em face da apresentação desta ferramenta de
pesquisa em uma live exibida pelo canal VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz, na ocasião do I
Encontro da Rede Brasileira de Repositórios Digitais - RBRD realizado em 9 de agosto de 2022,
organizado pelo pela Fiocruz, ICICT, Ibict e RBRD.
5
Observatório Virtual de Transferência de Tecnologia (OVTT) da Universidade de Alicante (Espanha).
Disponível em: <https://www.ovtt.org/pt/recursos/la-referencia/>.
6
SCOPUS. 2004. Disponível em: <https://www.elsevier.com/pt-br/solutions/scopus>. Acesso em: 07
de nov. de 2022.
Quadro 1 - Critérios de inclusão e exclusão
Inclusão Exclusão

2000 - 2022 Duplicatas

Brasileiro, espanhol e inglês Sem Download

Artigos e apresentações em evento Desviam do tema

Após definidos estes critérios se aplicou os filtros de busca nos campos por “título”,
“palavra-chave” e “resumo”, selecionando, separadamente, os termos políticas, planos,
estratégias, padrões e modelos (Quadro 2) delimitados por aspas (“ ”) e utilizando o operador
booleano AND. “preservação digital” AND “modelos”.
Destaca-se que as consultas por termos no plural ou singular retornam os mesmos
resultados, assim se optou por representar os termos no singular. Com exceção da consulta
realizada para o termo “planos”, no idioma espanhol, precisou utilizar dois termos “plan” e
“planes” separadamente, os quais retornaram resultados distintos no campo “todos los
campos” e para o idioma inglês, se utilizou dois termos “planning” e “plan”, distintos na
grafia, porém similares na semântica, ambos retornaram resultados diversificados.
Aos critérios de exclusão se atribuiu trabalhos duplicados; os que não puderam ser
baixados; os que divergiram dos termos aplicados (Quadro 2), bem como os que apresentaram
apenas revisão da literatura.

Quadro 2 - Termos de busca


Aspectos da
Preservação Idioma Base de Termos de busca
Digital dados

Política “preservação digital" AND "política”

Plano “preservação digital" AND "plano”

Estratégia Português Brapci “preservação digital" AND "estratégia”

Padrão “preservação digital" AND "padrão”

Modelo “preservação digital" AND "modelo”

Política “preservación digital" AND "política”

Plan “preservación digital" AND "plan”

Planes LA “preservación digital" AND "planes”


Espanhol Referencia
Estratégia “preservación digital" AND "estratégia”
Padrão “preservación digital" AND "estándar”

Modelo

“preservación digital" AND "modelo”

Policy “digital preservation” AND “polícy”

Planning “digital preservation” AND “planning”


Inglês Scopus
Plan “digital preservation” AND “plan”

Strategy “digital preservation” AND “strategy”

Model “digital preservation” AND “model”

Uma vez executada a cadeia de buscar7, a base de dados Brapci apresentou um total de
344 documentos, que correspondiam à proposta da busca. Estes foram revisados a partir do
título, das palavras-chave e do resumo para obter os trabalhos selecionados para o corpus da
pesquisa. A base LA Referencia8 deu como resultado 302 documentos. E a Scopus retornou
592 trabalhos de pesquisa para revisão. Após aplicação da cadeia de busca dos 1,238
trabalhos levantados, 33 documentos responderam satisfatoriamente às perguntas da pesquisa.
Um estudo de estado da arte para ser aprofundado, deveria contemplar toda a
produção científica disponível. É fato que sempre haverá um silêncio na pesquisa que,
todavia, pode ser desvelado por outras pesquisas ou pesquisadores. Isto posto, o mais
importante Ferreira (2002) é aplicar critérios de inclusão e exclusão e dentro das delimitações
estabelecidas para se encontrar o que é mais relevante para o foco do que se está estudando9.
Segundo Norma Ferreira10, a História de certa produção não oferece uma compreensão
linear, uma organização lógica, sequencial do conjunto de resumos, quando a pesquisa é feita
a partir somente da leitura dos resumos.

“Entre os textos há lacunas, ambiguidades, singularidades, que são


preenchidas pela leitura que o pesquisador faz deles. Então, a História
da produção acadêmica é aquela proposta pelo pesquisador que lê.
Haverá tantas Histórias quanto leitores houver dispostos a lê-las”
(FERREIRA, 2002, p. 269).

7
Considera-se cadeia de busca como o conjunto da aplicação dos critérios, filtros e sua execução na
plataforma de busca (Base de dados).
8
Não disponibiliza palavras-chave enquanto campo de pesquisa, mas na página de descrição
completa do registro pesquisado o termo “palabra clave” aparece como descritor,
9
Ver trabalho de Cunha e Galindo. CUNHA, Jacqueline; GALINDO, Marcos. Preservação Digital: o
estado da arte. VIII ENANCIB - Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação, 2007.
LEE, Kyong-Ho; SLATTERY, Oliver, LU, Richang; TANG, Xiao; McCRARY, Victor. The state of the art
and practice in digital preservation. J. Res. Natl. Stand. Technol., v. 107, n. 1, p. 93-106, jan./fev.,
2002.
10
Professora do Departamento de Metodologia de Ensino (DEME) e pesquisadora do grupo de
pesquisa Alfabetização, Leitura e Escrita (ALLE) da Faculdade de Educação da UNICAMP.
2.1.3 Avaliação das métricas da produção científica

O método bibliométrico aplicado neste estudo, apresenta uma abordagem quantitativa,


visando auxiliar o mapeamento da produção científica sobre iniciativas de Preservação Digital
nas últimas duas décadas (2000-2022).

Gráfico 1 - Produção Científica entre os anos de 2000 e 2022 que respondem à pesquisa.

O gráfico acima mostra a quantidade de documentos vs o ano de publicação para


n=33. Os anos com mais publicações foram 2012, 2021 e 2022 com 5 publicações, seguidos
de um crescimento nas publicações a partir de 2014 (n=2), 2015 não foi recuperada nenhuma
publicação e em 2016 apenas uma (n=1), 2017 tem três (n=3), 2018 apenas um (n=1) e 2019
(n=4).
O que se pode deduzir deste gráfico é que até a publicação da ISO 16.363 (2012) a
produção científica apresenta estudos diversificados desde a apresentação da Rede Cariniana
do Ibict como uma iniciativa de preservação digital eficaz; pesquisa abordando questões sobre
política de preservação digital; o modelo de referência OAIS e o gerenciamento de políticas
com o Fedora.
Em 2014 os artigos internacionais falam de uma abordagem sobre autenticidade, da
Preservação Digital como um serviço, bem como há um estudo sobre políticas de formato de
arquivo em instituições membros da Association of Research Libraries (ARL). No ano de
2017, os assuntos mais abordados foram o modelo de política de preservação do acervo para o
Sistema de Bibliotecas da Universidade Estadual de Londrina, a Rede Memorial de
Pernambuco como uma iniciativa de preservação digital e um novo modelo para além do
OAIS. O modelo OAIS externo–OAIS interno (Outer OAIS-Inner OAIS - OO-IO), o qual
mais adiante será melhor detalhado.
Já em 2019, os temas foram um relato dos desafios enfrentados e as soluções
encontradas para a retomada dos processos de digitalização e desenvolvimento da coleção
digital da Biblioteca Digital da Brasiliana USP; o Plano de Ação de preservação digital e de
Política de Preservação da Fiocruz, ambos vistos como iniciativas de preservação digital.
Destaque para um trabalho que apresenta o Lockss, Clockss e Portico como iniciativas
bem sucedidas de preservação digital distribuída e um artigo que discute sobre as
contribuições da Rede Cariniana no âmbito da preservação digital em Repositórios Digitais
Institucionais, como no exemplo a Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN,
também será esmiuçado mais adiante.
Os artigos de 2021, apresentaram ferramentas de avaliação do modelo de madurez
para preservação digital, aplicando princípios de planejamento estratégico. Elementos para
uma política de preservação digital; uma proposta de modelo de planejamento estratégico para
a preservação digital e a iniciativa da digitalização de várias tabuletas de pedra na Cidade
Proibida como uma oportunidade para explorar a estratégia de digitalização do patrimônio
histórico Chinês.
No ano seguinte foram apresentados um modelo de Maturidade da Preservação Digital
baseado nos padrões ISO 16363, ISO 14721 (OAIS), TRAC e modelos de planejamento
estratégico de Fred David, Kaplan y Norton, y de Goodstein, Nolan e Pfeiffer. Padrões das
normas UNE-ISO 14721, ISO 16363, ISO 15489, UNE-ISO 14641-1, UNE ISO 30300,
30301, 30302, UNE-ISO/TR 18492, ISO/TR 18128, ISO 16919. Uma análise do despreparo
de instituições quanto às políticas e planos de preservação; bem como a apresentação de uma
das inúmeras ações de preservação digital da Fiocruz e do projeto Interpares como iniciativas
de preservação digital.

DISCUSSÃO E RESULTADOS

Os trabalhos, abaixo descritos, permitiram responder às perguntas da pesquisa,


expostas anteriormente, no que tange à arquitetura do ecossistema de interoperabilidade
sistêmica das dimensões da gestão Preservação Digital.

1. “The National Library of Canada: Organizing Information for the New Millennium,
Cataloging & Classification Quarterly” (Mckeen e Parent, 2000)

2. "Políticas e estratégias de preservação de documentos digitais" (Boeres, Márdero


Arellano, 2005)

3. “How to choose a digital preservation strategy: Evaluating a preservation planning


procedure” (Strodl, Becker, Neumayer, Rauber, 2007)

4. “Systematic planning for digital preservation: Evaluating potential strategies and


building preservation plans” (Becker, Kulovits, Guttenbrunner, Strodl, Rauber,
Hofman, 2009)

5. "Modeling digital preservation capabilities in enterprise architecture" (Becker,


Antunes, Barateiro, Vieira e Borbinha, 2011)

6. "Política de preservação digital nos repositórios institucionais de acesso livre: o caso


das instituições de ensino superior no Brasil" (Miranda, Lima, e Villa Nova, 2011)
7. "An activity-based costing model for long-term preservation and dissemination of
digital research data: The case of DANS" (Palaiologk, Economides, Tjalsma e Sesink,
2012)

8. “Cariniana: uma rede nacional de preservação digital” (Márdero Arellano, 2012)

9. "Digital repository: preservation environment and policy implementation" (Zhu,


Marciano, Moore, Herr, Schulze, 2012)

10. “O modelo de referência oais e a preservação digital distribuída” (Souza, Oliveira,


D’Avila e Chaves, 2012)

11. "Digital preservation policy in National Information Centres in Nigeria" (Gbaje e


Mohammed, 2013)

12. "Data authenticity and data value in policy-driven digital collections" (Bunakov,
Jones, Matthews e Wilson, 2014)

13. "Digital preservation file format policies of ARL member libraries: An analysis"
(Rimkus, Padilla, Popp, Martin, 2014)

14. “Implementação da preservação digital em repositórios: conhecimento e práticas“


(Pavão, Caregnato e Rocha, 2016).

15. "OAIS and Distributed Digital Preservation in Practice: An exploration of Danish and
other use cases that contributed to the development of the Outer OAIS – Inner OAIS
Model for Distributed Digital Preservation."(Zierau, 2017)

16. “Política de preservação de acervo do sistema de bibliotecas da universidade estadual


de londrina: uma proposta” (Chiara, Lopes, Letrari, Catarino e Catarino, 2017).

17. “Processos de preservação digital na rede memorial pernambuco” (Tavares e Galindo,


2017).

18. “Política de preservação digital para periódico eletrônico no nordeste: um estudo da


rede Cariniana” (Neves e Santana, 2018).

19. “Contribuições da rede cariniana para a preservação digital nos repositórios digitais
institucionais” (Silva, Moura, Siebra e Pinto, 2019).

20. “Desenvolvimento da nova Biblioteca Digital da Biblioteca Brasiliana USP: Relato de


Experiência” (Garcia, 2019).

21. “Garantindo acervos para o futuro: Plano de preservação digital para o repositório
institucional arca” (Nascimento, Queiroz e Araújo, 2019).
22. “LOCKSS, CLOCKSS & PORTICO: A look into digital preservation policies” (Shah
e Gul, 2019).

23. “Digital Preservation of Library Resources: Strategic planning a Management


perspective” (Pamar e Rawat, 2021)

24. "Evaluación de teorías para modelos de preservación digital" (Bodero-Poveda, De


Giusti, Alarcón, 2021)

25. "Exploration of digital heritage strategy based on preventive conservation theory"


(Wang e Liu, 2021)

26. “Preservação digital do acervo audiovisual da ADUFEPE" (Galindo e Silva, 2021)

27. “La preservación digital a largo plazo y las bases de la planificación estratégica”
(Bodero-Poveda, De Giusti, Alarcón, 2021)

28. “Acervos arquivísticos audiovisual e sonoro da Fiocruz: uma reflexão acerca de sua
preservação digital” (Pontes e Soares, 2022).

29. “A trajetória do INTERPARES Project: reflexões acerca de teorias e metodologias


desenvolvidas ao decorrer do projeto” (Rabelo e Schmidt, 2022).

30. "Modelo de madurez para preservación digital basado en conceptos de planificación


estratégica" (Bodero Poveda, De Giusti e Alarcón, 2022)

31. “Preservação digital distribuída para teses e dissertações: uma proposta para as
bibliotecas universitárias da Unesp e UFRN" (Gonçalves, Marques, Bastos, Ferraro e
Loureiro, 2022).

32. "Políticas e estratégias para a preservação da informação digital" (Schäfer e Constante,


2022)

33. "The status of the digital preservation policies and plans of the institutional
repositories of selected public universities in Kenya" (Ndegwa; Bosire; Odero, 2022)

O programa Registro da Memória do Mundo da UNESCO (1993), surgiu com o


objetivo de salvaguardar o patrimônio documental da humanidade de diversas intempéries da
natureza ou por parte da sociedade que possam lhe causar dano ou a destruição. Com base na
edição comemorativa de dez anos do programa, em 2003, surgem as primeiras iniciativas de
preservação digital no Brasil. Dentre elas a Carta para a Preservação do Patrimônio
Arquivístico Digital e o primeiro Digital Preservation Regional Course da Biblioteca
Nacional do Brasil, com o objetivo de qualificar gestores para o uso de políticas de
preservação digital (BORBA; GALINDO, 2009, p. 5-6).
No início do século XXI, a Ciência da Informação estava diante de um paradigma, o
qual José Ortega y Gasset, lançou o alerta em sua oratória no 2º Congresso Internacional de
Bibliotecas e Bibliografia, em Madrid (Espanha), em 1935.
“O homem faz aquilo que ele e somente ele deve fazer, com total
liberdade e sob sua exclusiva responsabilidade. Por outro lado, esse
mesmo homem, ao exercer uma profissão, compromete-se a fazer o que
a sociedade necessita” (ORTEGA y GASSET, 1935).

O que o filósofo estava proferindo em sua “Missão do Bibliotecário” (ORTEGA Y


GASSET,2006. p. 82) era um alerta de que um dia o mundo iria mudar e que os bibliotecários
precisariam estar atentos para que sua profissão não caísse na obsolescência nem fosse
suprimida por profissionais de outros ramos, os quais poderiam realizar as mesmas
atribuições que o futuro viria a solicitar. Como vemos hoje a Tecnologia da Informação tem
dominado o macro universo das práticas sociais, quase tudo envolve tecnologia, porém a
Ciência da Informação, se adiantou para este vislumbre de Ortega y Gasset, abrindo seu
âmbito para uma abordagem interdisciplinar, que abrange profissionais das mais diversas
áreas do conhecimento e que desejam se dedicar à memória registrada, em específico, em
suporte digital.
Não demorou muito para que em poucos anos a biblioteconomia e a arquivística,
mergulhassem nas ondas digitais. Isto vem gerando um desconforto nos profissionais mais
ortodoxos, porém existem aqueles que conseguiram interpretar as palavras de Ortega y Gasset
(1935) e vislumbraram um novo mundo na Ciência da Informação.
A partir das iniciativas de preservação da UNESCO (2003), a Preservação Digital
emerge da gestão da informação com toda a força, quebrando as ondas e se estabelecendo em
pouco tempo como uma área eficiente e necessária para tal propósito. Contudo, emergir com
tamanha força causou contratempos que na atualidade estão sendo notados em estudos que
visam encontrar um porto seguro, um estágio de maturidade na Preservação Digital.
Esta maturidade pode ser percebida a partir da ascensão dos repositórios digitais que
na primeira década do século XXI, ainda eram uma tecnologia incipiente, mas com o avanço
tecnológico se tornaram de grande relevância para a Preservação Digital, a qual partiu da fase
da digitalização, da preocupação com a obsolescência tecnológica e atualmente está diante do
desafio de garantir longevidade aos ativos em Repositórios Digitais - RDs.
Muitos centros de memória ainda não se abriram para o advento dos RDs, continuam
armazenando seus ativos como antigamente, apenas em mídias digitais, o que é um perigo e
uma tragédia anunciada, pois não há garantia de longevidade nas mídias da fase da
obsolescência, visto a alta complexidade de manutenção. No entanto, os RDs foram criados
com o princípio de seguridade, funcionando com maior autonomia que as mídias digitais,
apesar de ainda serem passíveis de riscos que podem causar danos aos ativos digitais neles
salvaguardados.
Borba e Galindo (2009, p.16-17) demonstraram que os repositórios de Instituições de
Ensino Superior estavam sendo desenvolvidos sem os instrumentos necessários para o
controle e preservação da memória em meio digital e sua permanência continuada. Estes
pesquisadores afirmaram que a problemática da preservação exigia a conscientização nacional
não apenas de Bibliotecas Digitais de Teses e Dissertações, mas também de acervos diversos
com abrangência digital.
Isto posto, passados mais de 10 anos desde as pontuações dos primeiros pesquisadores
sobre a necessidade de uma gestão orientada da Preservação Digital, se buscou a partir da
revisão de literatura responder as perguntas a seguir no intuito de desenhar um mapa atual dos
modelos de preservação digital.
P1. Quais são as iniciativas de Preservação Digital existentes?

A revisão de literatura revelou algumas iniciativas de preservação da memória digital,


das quais se destacaram cinco brasileiras e dez internacionais, as quais são brevemente
descritas a seguir.
A Rede CARINIANA surgiu da necessidade de se criar um serviço de preservação
digital de documentos eletrônicos brasileiros com o objetivo de garantir o acesso continuado a
longo prazo dos conteúdos armazenados digitalmente (NEVES; SANTANA, 2018, p.77).
Segundo Márdero Arellano (2012, p.90), o Ibict propôs a rede por se tratar de um
instrumento para a busca das melhores práticas de preservação digital e de metodologias
criteriosas para ajudar a preservar documentos digitais importantes. Tendo como objetivo
salvaguardar os registros da ciência, tecnologia e do patrimônio cultural do Brasil. A partir da
oferta de diversas alternativas para que as entidades brasileiras possam colecionar, armazenar
e promover o acesso ao conteúdo selecionado por meio de cópias autorizadas (SILVA et. al,
2019, p.106; MARDERO ARELLANO, 2012, p.87).
Na opinião de Márdero Arellano (2012) a Preservação Digital é um dos aspectos da
gestão da informação menos atendidos pelas bibliotecas e centros de informação e que o
trabalho colaborativo permite ampliar o conhecimento sobre esta área. Assim, a estrutura da
Rede Cariniana incentiva a colaboração com o intuito de construir uma comunidade dedicada
à preservação digital no futuro, diz o pesquisador.
Segundo Faria, Araújo e Evangelista em novembro de 2017 a Rede contava com 165
instituições com periódicos preservados. Uma estimativa a partir da consolidação de aliança
entre a Cariniana e a LOCKSS, aponta que

"No primeiro ano de funcionamento da aliança LOCKSS com a


Cariniana, a Rede obteve um crescimento significativo e satisfatório de
instituições com periódicos preservados, pois aumentou de cinco para
79, resultando em um percentual de crescimento de mais de mil por
cento. Do segundo ano até os dias atuais, a média de crescimento foi de
mais de 28 instituições por ano. Estes dados revelam que por meio dos
seus esforços e trabalhos a Cariniana suscitou confiança entre os
interessados em preservação digital, o que permitiu seu crescimento”
(MARDERO ARELLANO, 2012, p.208).

A Rede Memorial de Pernambuco, por sua vez, nasceu, em 2009, a partir da iniciativa
de alguns pesquisadores e instituições ao perceberem uma angústia comum com a perda de
considerável patrimônio histórico e cultural, tão importante para essa geração e para as futuras
(ALENCAR, 2017, p. 54), com o intuito de promover um diálogo e cooperação entre
instituições de missão memorial do Estado, para a partilha de recursos e a realização de
programas estratégicos integrados de promoção, preservação e acesso ao patrimônio memorial
e informação de interesse histórico por elas custodiados.
Segundo Alencar esta articulação visava, à época, atender uma crescente demanda
social por informação, buscando superar os novos desafios impostos pela sociedade
(ALENCAR, 2017, p. 49).
A rede ampliou sua articulação para o âmbito nacional em 2011, quando instituições
envolvidas com projetos de digitalização se juntaram às instituições pernambucanas. O
Programa de Pesquisa da Rede Memorial idealizou e conduziu os esforços de uma
coletividade de técnicos, administradores e pesquisadores na busca de soluções sustentáveis
para a manutenção do Sistema Memorial de Pernambuco (GALINDO; SILVA, 2011, p.91).
Da mesma forma que a Rede do Ibict, uma das metas da Rede Memorial é trabalhar
em cooperação e integrada a uma estrutura “interoperável capaz de partilhar de forma
inteligente recursos, humanos, financeiros, tecnológicos, saberes e capacidades específicas de
cada parte” (TAVARES; GALINDO, 2017, p.164).
Outros exemplos de iniciativas são a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que a partir
do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz),
desenvolve programas próprios de preservação digital para área de saúde (PONTES;
SOARES, 2022, NASCIMENTO; QUEIROZ; ARAÚJO, 2019; ALVES et. al., 2017). E a
Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, tinha o objetivo de entrar no universo da
preservação da memória em suporte digital, por este fato, neste mesmo ano, promoveu um
seminário sobre preservação digital, visando levar para dentro da instituição o debate sobre
PD, visando formalizar políticas de digitalização, de preservação digital e acesso (GARCIA,
2017).
Um caso que merece destaque é o do sistema de bibliotecas da Universidade Estadual
de Londrina que até 2017, ainda, não dispunha de documento estabelecido que descrevesse
sua política de preservação digital, porém seu repositório institucional se encontra ativo. A
IES buscou então se adequar aos padrões de qualidade da PD, dentre suas ações e estratégias
operacionais, procurando aproximação com o Ibict, a partir do ingresso na Rede Cariniana
(CHIARA, et. al. 2017).
No cenário internacional diversas são as iniciativas de preservação digital na
atualidade. A seguir estão descritas algumas delas bem como foram destacadas aquelas
citadas na revisão de literatura.
Na América Central, El Grupo de Preservación Digital (GPD)11, formado em 2017, no
México, busca promover pesquisas, experimentação e capacitação de recursos em torno da
questão da preservação digital, particularmente materiais de patrimônio digital.
Na América do Norte a Canadiana (MCKEEN; PARENT, 2000), que em 2018 se
fundiu com The Canadian Research Knowledge Network (CDKN)12, representa hoje uma das
principais instituições de memória do Canadá, fornecendo acesso ao patrimônio documentário
canadense digitalizado.
Na Europa, a Europeana13 fortalece o setor do património cultural na sua
transformação digital, desenvolvendo conhecimento, ferramentas e políticas para abraçar a
mudança digital e incentivar parcerias que promovam a inovação.
Na Bélgica a Flandrica.be14 (Flanders Heritage Libraries) agrupa as forças no campo
da digitalização em bibliotecas de patrimônio flamengo, por meio de uma plataforma web de
publicações produzidas em Flandres ou sobre Flandres e materiais únicos da herança
flamenga, como manuscritos.
Do Reino Unido e Irlanda, The Digital Preservation Coalition15 vem construindo uma
comunidade global acolhedora e inclusiva, trabalhando em conjunto para criar um futuro
sustentável para ativos digitais.

11
https://preservaciondigital.iib.unam.mx/
12
CRKN and Canadiana.org Merge as Combined Organization, 2018. Disponível em:
https://www.crkn-rcdr.ca/en/crkn-and-canadianaorg-merge-combined-organization
13
https://www.europeana.eu/
14
https://www.flandrica.be/
15
https://www.dpconline.org/
Outras iniciativas são a CLOCKSS16, uma iniciativa colaborativa de bibliotecas
acadêmicas e editoras acadêmicas para preservar a literatura acadêmica digital publicada. A
PORTICO17, lançada originalmente pela JSTOR18, em 2002, provê serviços de preservação
digital. E o LOCKSS, um princípio de boas práticas de preservação digital amplamente
recomendado e que visa garantir a persistência da informação digital (LOCKSS, 2023)19.
Fundada em 1998, na Universidade de Stanford (Estados Unidos), desenvolve e oferece
suporte a software de código aberto para preservação digital com base em uma rede
distribuída de dispositivos de preservação executando um sofisticado protocolo de votação
(SOUZA; OLIVEIRA; D'AVILA; CHAVES, 2012; MARDERO ARELLANO, 2008;
GONÇALVES et al, 2006).
Segundo Ubaid Ullah Shah e Sumeer Gul Dr, “políticas e iniciativas de preservação
digital como LOCKSS, CLOCKSS e PORTICO e muitas outras reduziram muito o estresse
dos bibliotecários em tornar o conteúdo ou a informação seguros e acessíveis, não apenas para
o presente, mas também para as gerações futuras, apesar da tecnologia em constante
mudança” (SHAH; GUL, 2019, p.5).
A International Research on Permanent Authentic Records in Electronic Systems
(InterPARES)20, visa desenvolver o conhecimento essencial para a preservação a longo prazo
de documentos autênticos criados e/ou mantidos em formato digital e fornecer a base para
padrões, políticas, estratégias e planos de ação capazes de garantir a longevidade desse
material e a capacidade de sua usuários a confiar em sua autenticidade (RABELO, 2022).
E por fim, mas não menos importante o Preservation and Long-term Access through
Networked Services21 (Planets), um projeto de quatro anos co-financiado pela União Europeia
no âmbito do Sixth Framework Programme para enfrentar os principais desafios de
preservação digital. O principal objetivo da Planets foi criar serviços e ferramentas práticas
para ajudar a garantir o acesso de longo prazo aos ativos culturais e científicos digitais. O
projeto iniciou em 2006 e foi encerrado em 2010, porém os resultados são mantidos e
desenvolvidos por uma organização chamada Open Planets Foundation (OPF), do Reino
Unido (PAVÃO; CAREGNATO; ROCHA, 2016).

P2. Quais são os padrões publicados e aplicados nacional e internacionalmente?

Neste estudo o termo padrão é considerado no sentido de “norma” para não confundir
com metainformação de preservação digital22. A semântica da palavra “padrão” varia
conforme o idioma, a literatura em língua brasileira a interpreta na grande maioria com
sentido de metadados de preservação digital, enquanto nos idiomas espanhol e inglês se
entende como normas. O melhor exemplo para justificar esta afirmação é ISO - International
Organization for Standardization ou Organização Internacional para Padronização.

16
https://clockss.org/
17
https://www.portico.org/
18
https://about.jstor.org/mission-history/
19
https://www.lockss.org/
20
http://www.interpares.org/
21
https://planets-project.eu/
22
Sobre metainformação consultar Miguel Ferreira (2006, p.55) e Miguel Márdero Arellano sobre
metadados (2008,75).
Padrão pode ser entendido, então, como referencial para comparação que proporciona
condições para avaliação de desempenho ou um “modelo estabelecido cuja aprovação por
consenso geral ou por autoridade oficial serve de base de comparação” (PADRÃO, 2023)23.
Isto posto, os principais padrões de preservação encontrados na revisão de literatura
são a ISO 172421 e a ISO 16363, porém Elba Poveda e Marisa De Giusti (2022) apresentam
uma lista com outros padrões de destaque em seu trabalho. Foessel et al. (2022), por sua vez,
nos fala de uma norma recentemente publicada a EN 17650 – The new standard for digital
preservation of cinematographic work, um novo padrão europeu proposto para o preservação
digital de obras cinematográficas que permite organizar conteúdos de forma sistemática, por
meio do pacote Cinema Preservation Package (FOESSEL, et al, 2022). Um perspectiva
relevante para a atual evolução das práticas de preservação digital, visto que segundo a
Unesco, em sua edição de 30 anos do Programa Memória do Mundo, o estandarte principal é
a preservação digital da memória audiovisual24.

“O documento especifica métodos para descrever a relação dos


componentes de uma obra cinematográfica e fornece uma sintaxe para
descrever o conteúdo do pacote. O próprio documento especifica a
estrutura do pacote e as restrições necessárias para permitir a
conformidade e a interoperabilidade” (EN 17650:2022).

No tocante aos padrões mais explorados na Preservação Digital, está a ISO


14721:2012 Space data and information transfer systems — Open archival information
system (OAIS) — Reference model que no Brasil ficou conhecido como modelo de referência
OAIS (THOMAZ; SOARES, 2004, p.9; ANDRADE; LIMA; JAMBEIRO, 2006, p. 245;
SOUZA et al., 2012, p.67; FLORES; PRADEBON; CÉ, 2017, p. 74; PINTO, 2017, p. 497;
SANTOS; FLORES, 2019, p. 9; SANTOS; FLORES, 2019, p. 116; SANTOS; FLORES,
2021, p.3; GONÇALVES et al., 2022, p.9; GONÇALVES, 2022, p.9).
A literatura revisada é abrangente, no que tange à descrição do modelo OAIS, se
destaca o estudo de Thomaz e Soares (2004), que discorre sobre a proposta da ABNT NBR
15472: 2007 para a tradução da ISO 14721:2012 que deu origem aos NBR Sistemas espaciais
de transferência de dados e de informação — Sistema Aberto de Arquivamento de Informação
(SAAI) — Modelo de referência (GONÇALVES et al., 2022, p.9; THOMAZ; SOARES,
2004, p.15).
A ISO 16363:2012 Space data and information transfer systems — Audit and
certification of trustworthy digital repositories tem origem no documento publicado em 2007,
Trustworthy Repositories Audit and Certification (TRAC). O documento começou a ser
produzido em 2003, a partir da colaboração entre OCLC/RLG e NARA que escreveram
métricas baseadas no modelo OAIS para auditar e certificar repositórios digitais confiáveis.
Segundo Caterina Pavão, Sônia Caregnato e Rafael Rocha (2016, p. 421) o TRAC está entre
os principais instrumentos de certificação e auditoria de um repositório digital confiável.
Para além destas normas, dentre os achados de Bodero Poveda e De Giusti (2022) se
encontram os padrões abaixo descritos:
A ISO/TR 18128:2014 Information and documentation — Risk assessment for
records processes and systems. A norma pretende auxiliar as organizações na avaliação de
23
PADRÃO, MICHAELIS, 2023
24
UNESCO. 30th Anniversary of the Memory of the World Programme: audiovisual heritage. Unesco,
2022.
riscos aos processos e sistemas de registros, para que possam garantir que os registros
continuem a atender às necessidades de negócios identificadas pelo tempo que for necessário.
Este padrão normativo estabelece um método de análise para identificar riscos relacionados a
processos e sistemas de registros. Fornece um método de análise dos efeitos potenciais de
eventos adversos nos processos e sistemas de registros, diretrizes para conduzir uma avaliação
de riscos relacionados a processos e sistemas de registros, bem como diretrizes para
documentar riscos identificados e avaliados em preparação para mitigação (ISO/TR 18128,
2014).
A ISO 16919:2014 Space data and information transfer systems — Requirements for
bodies providing audit and certification of candidate trustworthy digital repositories. A
norma se destina principalmente àqueles que estabelecem e gerenciam a organização que
realiza a auditoria e certificação de repositórios digitais. Podendo ser útil para gestores e
profissionais responsáveis por repositórios digitais que buscam uma medição objetiva da
confiabilidade de seu repositório e desejam entender os processos envolvidos. Seu principal
objetivo é definir uma Prática recomendada do CCSDS (e um Padrão Internacional ISO), na
qual se baseiam as operações da(s) organização(ões) que avaliam a confiabilidade de
repositórios digitais usando a ISO 16363 e fornecem a certificação apropriada. A norma
também especifica requisitos para organismos que fornecem auditoria e certificação de
repositórios digitais, com base nas métricas contidas na ISO/IEC 17021 e CCSDS
652.0-M-1/ISO 16363. Destinando-se, principalmente, a apoiar o credenciamento de
organismos que fornecem tal certificação (ISO, 16919, 2014) .
A ISO 14641-1:2012 Electronic archiving — Part 1: Specifications concerning the
design and the operation of an information system for electronic information preservation.
Esta norma apresenta um conjunto de especificações técnicas e políticas
organizacionais a serem implementadas para a captura, armazenamento e acesso de
documentos eletrônicos. Isso garante legibilidade, integridade e rastreabilidade dos
documentos durante a sua preservação (ISO 14641-1, 2012).
A UNE ISO 30300:2021 Información y documentación. Gestión de documentos.
Conceptos fundamentales y vocabulario. Este documento contém os termos e definições que
são relevantes para os conceitos fundamentais do âmbito da gestão de documentos.
A UNE ISO 30301:2019 Information and documentation — Management systems for
records — Requirements. Esta norma especifica os requisitos a serem atendidos por um
sistema de gestão de registros (MSR) para apoiar uma organização na realização de seu
mandato, missão, estratégia e objetivos. Ele aborda o desenvolvimento e implementação de
uma política e objetivos de registros e fornece informações sobre medição e monitoramento
de desempenho (ISO 30301,2019).
A UNE ISO 30302:2022 Information and documentation — Management systems for
records — Guidelines for implementation. Este documento destina-se a ser usado por qualquer
organização, ou entre organizações, implementando um MSR. É aplicável a todos os tipos de
organização (por exemplo, empresas comerciais, agências governamentais, organizações sem
fins lucrativos) de todos os tamanhos. Destina-se a ser utilizado pelos responsáveis por liderar
a implementação e manutenção do MSR25. Também pode ajudar a alta administração na
tomada de decisões sobre o estabelecimento, escopo e implementação de sistemas de gestão
em sua organização (ISO 30302, 2022).

25
Management systems for records.
A UNE-ISO/TR 18492:2008 Conservación a largo plazo de la información basada
en documentos. Este informe técnico (TR) fornece uma prática metodológica prática para a
conservação e recuperação em um amplo espaço da informação eletrônica autêntica baseada
em documentos, quando o período de conservação exceder a expectativa de vida da
tecnologia (hardware e software) utilizada para criar e manter a informação.

“O documento leva em consideração o papel dos padrões de tecnologia


da informação neutros em termos de tecnologia no suporte ao acesso de
longo prazo. Isso também permite reconhecer que, para garantir a
conservação e recuperação de um vasto banco de informações
eletrônicas autênticas baseadas em documentos, deve envolver
especialistas em TI, gestores de documentos e arquivistas” (UNE/TR,
18492, 2008).

P3. Quais são os principais modelos existentes no âmbito da Preservação Digital?

A revisão de literatura revelou que a produção científica nacional sobre modelos de


preservação digital traz um grande número de referências sobre o modelo de referência OAIS
que teve origem a partir da norma ISO 14721:200326 Open Archival Information System -
OAIS. Os artigos falam diretamente do modelo OAIS e de sua aplicação como referência ao
padrão de preservação digital brasileiro (THOMAZ; SOARES, 2004; ANDRADE; LIMA;
JAMBEIRO, 2006; SOUZA et al., 2012; FLORES; PRADEBON; CÉ, 2017; PINTO, 2017;
SANTOS; FLORES, 2019; SANTOS; FLORES, 2019; SANTOS; FLORES, 2021;
GONÇALVES et al., 2022; GONÇALVES, 2022).
Para ilustrar este panorama se destaca a perspectiva de Thomaz e Soares (2004, p.8),
que generalizam na revisão a ideia do modelo de referência OAIS como um esquema
conceitual que disciplina e orienta um sistema para a preservação e manutenção do acesso à
informação digital por longo prazo, com o intuito de ampliar a consciência e a compreensão
dos conceitos relevantes para a preservação de objetos digitais, em especial entre instituições
não arquivísticas.
No entanto, este estudo considera modelos de preservação como framework, isto é,
uma estrutura de suporte por meio da qual algo pode ser construído (FRAMEWORK, 2023)27,
partindo desta perspectiva o modelo de Preservação Digital Distribuída é o que mais se
destaca na literatura.
Segundo Souza et al (2012), no tocante ao modelo de Preservação Digital Distribuída
(PDD), urgia a necessidade da criação de estratégias colaborativas que articulassem novos
modelos de preservação digital, os quais pudesse contribuir para salvaguardar estoques
digitais, bem como mitigar os riscos causados por acidentes digitais (SOUZA.; OLIVEIRA;
D'AVILA; CHAVES, 2012, p.69-70). GONÇALVES et al. (2022, p.11) atualmente definem o
modelo de preservação digital distribuída como uma estratégia de estruturação arquitetônica e
procedimentos de segurança que consiste na criação e no armazenamento de, ao menos, três
cópias dos acervos digitais, em locais dispersos geograficamente, cerca de 120 a 200
quilômetros de distância entre os locais de guarda e considerados seguros (com histórico
reconhecido de estabilidade, por exemplo, do fornecimento da energia elétrica).
26
O Sistema aberto de arquivamento de informação - SAAI - ABNT NBR 15472/2007 é simplesmente
uma tradução do documento original da ISO em inglês para o portguês.
27
FRAMEWORK, CAMBRIDGE, 2023.
De outro modo, o que trata a Preservação Digital Distribuída (PDD), é o que Galindo
chama de “Princípio da Redundância”, isto é, “uma operação de redistribuição em cadeia do
risco assumido através de uma análise dos fatores de risco e da aplicação de estratégias como
backup, espelhamento, migração para novos formatos, entre outras” (GALINDO, 2014, p.
44)28. É fato que dentro desta visão mais avançada da preservação digital como um
organizamos interoperável, a PDD é intrínseca a este ecossistema de Preservação Digital. No
entanto, dos artigos selecionados apenas dois (2) deles tocam no tema da PDD. Assim
deixa-se a sugestão de ampliar e aprofundar a pesquisa sobre Preservação Digital Distribuída
para pesquisas vindouras.
Ao modelo de Preservação Distribuída (PDD) se faz imprescindível consultar o Guide
to Distributed Digital Preservation de Skinner e Schultz (2010)29, os quais comparam a
eficácia do LOCKSS às práticas de escribas da antiguidade e copistas da Idade média da que
produziam diversas cópias de um mesmo documento, acreditando que assim estaria
garantindo a preservação dos documentos em longo prazo.
“Mas na era digital essa estratégia requer não apenas a colaboração de
indivíduos com ideias semelhantes, mas também um investimento em
uma matriz distribuída de servidores capazes de armazenar coleções
digitais em uma metodologia pré-coordenada” (SKINNER; SCHULTZ,
2010, p. 6).

Segundo seus fundadores LOCKSS é um princípio de boas práticas (best practice) de


preservação digital amplamente recomendado e que visa garantir a persistência da informação
digital e é composto por três instâncias: um programa (ou projeto, plano), uma comunidade e
um software (LOCKSS, 2023)30. Skinner e Schultz (2010, p. 2), consideram LOCKSS uma
estratégia eficaz, prática e acessível que muitas iniciativas colaborativas de preservação
digital podem considerar.
Isto posto o princípio LOCKSS (Lots Of Copies Keep Stuff Safe) e a Preservação
Digital Distribuída (PDD) são vistos na literatura como apêndices do modelo de Referência
OAIS, quando deveriam ser tratados em pé de igualdade, como sustentáculos do alicerce do
ecossistema de Preservação Digital, no tocante aos Repositórios Digitais.
A busca realizada na base Scopus retornou resultados semelhantes aos do cenário
brasileiro. Os trabalhos mais antigos, anteriores à ISO 16363:2012, estão diretamente focados
na ISO 14721:2012 (HITCHCOCK; BRODY; HEY; CARR, 2007; NICHOLSON;
DOBREVA, 2009), porém no ano de 2011, BECKER, ANTUNES, BARATEIRO, VIEIRA,
BORBINHA, nomes reconhecidos no campo da Preservação Digital portuguesa, trazem uma
abordagem que permite observar preocupações de preservação digital na prática da
Arquitetura Corporativa. Discutem elementos-chave de uma arquitetura de referência genérica
para preservação digital e um modelo de capacidade baseado em modelos de referência
específicos de domínio estabelecidos (BECKER, ANTUNES, BARATEIRO, VIEIRA,
BORBINHA, 2011).
A partir de 2012, os trabalhos ainda mantêm foco no modelo OAIS e sua aplicação.
McDonough (2012), por sua vez, visa identificar problemas práticos na determinação do
intervalo apropriado de representação e informações de contexto necessárias para preservar

28
Sobre o princípio da redundância ver Marcos Galindo. O Dilemma do Pharmacon. 2014. p. 44.
29
Skinner, Katherine and Matt Schultz. A guide to distributed digital preservation. Atlanta, Ga:
Educopia Institute, 2010.
30
What is LOCKSS? LOCKSS. Disponível em: https://www.lockss.org/about/what-lockss .
jogos de computador e discute possíveis soluções para esses problemas. Palaiologk,
Economides, Tjalsma e Sesink (2012) abordam um estudo de caso para desenvolver um
modelo de custeio. Isso é usado para estimar os custos de preservação de dados de pesquisa
digital e identificar opções para melhorar e sustentar atividades relevantes. O modelo foi
projetado e testado no ambiente do repositório confiável do instituto Data Archiving and
Networked Services (DANS), nos Países Baixos.
O modelo de avaliação de risco proposto por Vermaaten, Lavoie e Caplan (2012), o
Simple Property-Oriented Threat (SPOT), define seis propriedades essenciais da preservação
digital bem-sucedida e identifica um conjunto limitado de ameaças que, se manifestadas,
diminuiriam seriamente a capacidade de um repositório para obter essas propriedades. Barons,
Bhatia, Double, Fonseca, Green, Krol, Merwood, Mulinder, Ranade, Smith, Thornhill,
Underdown (2021) apresentaram uma proposta de modelo bayesiano de risco de preservação
digital. Os autores propõem ver a Preservação digital a partir do topo da cadeia como gestor
de riscos.
Eld Zierau, da PhD em Preservação Digital, da Royal Danish Library, apresentou na
14th International Conference on Preservation of Digital Objects - Kyoto University
Yoshida-honmachi Sakyo-ku, Kyoto, Japan - trabalho que deve ser observado com atenção,
pois para além de sua perspectiva da possibilidade de alinhamento, na prática, dos aspectos da
distribuição de preservação digital com os conceitos e princípios do modelo de referência
OAIS apresentou uma extensão ao OAIS, um projeto de repositório de bits dinamarquês, o
Modelo OAIS externo–OAIS interno (Outer OAIS-Inner OAIS - OO-IO) por meio do projeto
internacional “Framework for Applying the OAIS Reference Model to Distributed Digital
Preservation”. O OO-IO tem o propósito de preservação digital distribuída. Isso mostrará
como o uso do modelo OO-IO pode ajudar na análise de tarefas complexas de preservação
digital de um repositório distribuído, em conformidade com o OAIS, no qual o modelo
OO-IO fornece a terminologia e contribui para resolver problemas de análise e auditoria
(ZIERAU, 2017).
No veio de uma evolução da preservação digital, a literatura em espanhol revelou
trabalhos que demandam atenção (BODERO POVEDA, DE GIUSTI, ALARCÓN, 2021),
primeiro, tratam da adaptação de critérios de avaliação de teorias a modelos de preservação
digital, no intuito de formular questões que permitam a garantia da avaliação. Apresentando
uma ferramenta de avaliação do modelo de maturidade para preservação digital em longo
prazo aplicando princípios de planejamento estratégico.
No ano seguinte, 2022, a equipe da Professora Marisa de Giusti, ilustra o modelo de
maturidade para preservação digital de longo prazo, que inclui as características de
maturidade que um repositório digital deve ter para preservar objetos digitais em sua fase
mais alta, o padrão de auditoria ISO 16363 e os princípios mais importantes em estratégias de
planejamento. O modelo de maturidade da Preservação Digital é baseado nos padrões ISO
16363, ISO 14721 (OAIS), TRAC e modelos de planejamento estratégico de Fred David,
Kaplan y Norton, y de Goodstein, Nolan e Pfeiffer (BODERO POVEDA, DE GIUSTI,
ALARCÓN, 2022).

P4. Quais são as estratégias de Preservação Digital existentes?

Ao longo das últimas duas décadas a Preservação Digital - PD, vem evoluindo suas
práticas, no intuito de alcançar o status de fidelidade da longevidade dos estoques digitais.
Um de seus aspectos mais importantes são as estratégias, porém neste estudo se busca
desconstruir a visão tradicional de Ferreira (2006), visto que as estratégias estão diretamente
ligadas ao planejamento (macro) e não à ações (micro). O termo estratégia tem origem na
terminologia militar31 e dessa forma são indissociáveis das táticas. Uma estratégia é um plano
de ação “futuro” que se segue para atingir um objetivo final ou “o que fazer”. As estratégias
ajudam a definir as metas de longo prazo e como se pretende alcançá-las. A tática, por sua
vez, remete às etapas e ações individuais que levarão aonde se quer chegar ou “como fazer”.
Para construir uma estratégia fiável, sólida e de longo prazo, deve haver um
planejamento preliminar. Decisões, definição de metas e planos de contingência - para os
casos em que as estratégias saem fora do planejado. As táticas são as etapas a curto prazo que
ajudam a atingir as metas menores. Assim, o planejamento tático é o ato de desmembrar o
plano estratégico em ações a curto prazo. Visto que a criação de prazos garante que as táticas
sejam efetivamente concluídas dentro de um horizonte temporal definido (LAOYAN, 2022)32.
Dessa maneira, na primeira década do século XXI, a preocupação dos estudos sobre
Preservação Digital, esteve focada em aplicar táticas que tinham como estratégia a
preocupação com a obsolescência tecnológica. A tese de Miguel Ferreira (2006)33 é tida como
um postulado, onde o pesquisador lançou mão de procedimentos técnicos que visavam
resolver questões que hoje já não fazem tanto sentido, mas têm sido tidas como baluartes para
a comunidade acadêmica e profissionais da área.

“Estratégias de preservação digital são um tipo de abordagem que


permite o acesso contínuo à informação em formato digital. Esquemas
técnicos e conceituais que permitem identificar as partes integrantes do
processo de preservação digital, assim como sua padronização em
modelos de referência” (MARDERO-ARELLANO, 2008, p. 352).

Como mostra Márdero-Arellano (2008), era preciso enxergar além de táticas, era
preciso vislumbrar para além do como fazer e pensar no que fazer para garantir a fiabilidade
dos estoques digitais em longo prazo. Este é o voo da crisálida do qual nos fala Galindo
(2017)34.
Tomando como exemplo o artigo de WANG e LIU (2021), onde é planejada uma
estratégia de digitalização de várias tabuletas de pedra da Cidade Proibida, uma ação que visa
a preservação digital das humanidades, a partir da digitalização do patrimônio da cidade de
Beijing (China). Esta é uma iniciativa de planejamento estratégico que visa “o que fazer”,
construindo metas de como realizar o que foi planejado.
No entanto, ao que tange às estratégias técnicas estruturais e operacionais, o ponto de
partida é o postulado de Miguel Ferreira (2006), que Márdero Arellano, 2008, apresenta como
“critérios para a preservação digital da informação científica”. A abordagem do pesquisador
traz uma conceitualização e definição dos métodos estruturais e operacionais, bem mais sólida
e definida que a visão de Ferreira (MÁRDERO ARELLANO, 2008, p. 54-98).

31
A arte da guerra, de Sun Tzu.
32
Laoyan, Sarah. Estratégia vs. tática: em que diferem? Disponível em:
https://asana.com/pt/resources/strategy-vs-tactics .
33
Ver a visão de Ferreira sobre estratégias de Preservação Digital (p.31-45). Miguel Ferreira.
Introdução à Preservação Digital: Conceitos, estratégias e actuais consensos. Guimarães, Portugal:
Escola de Engenharia da Universidade do Minho, 2006.
34
GALINDO, Marcos. O voo da crisálida.p.15-31. In. VECHIATO, Fernando; et al. Repositórios digitais
: teoria e prática. Curitiba: EDUTFPR, 2017.
Estas ações ou critérios de curto prazo são necessárias e a maioria delas é atemporal,
porém com o passar dos anos novas necessidades foram surgindo e dentre elas os
Repositórios Digitais começaram a ganhar mais e mais destaque, surgindo, assim, novas
abordagens táticas para RDs.
As principais ações táticas ou critérios descritos na literatura e consideradas estratégias
de preservação com base no postulado de Ferreira (2006) estão listadas a seguir (GBAJE,
2011; BAGGIO; FLORES, 2013; GRÁCIO; FADEL; VALENTIM, 2013; OLIVEIRA;
PINTO, 2014; SANTOS; FLORES, 2014; FORMENTON; GRACIOSO; CASTRO, 2015;
SANTOS; FLORES, 2015; SANTOS; FLORES, 2015; ARAUJO; SOUZA, 2016; SANTOS;
FLORES, 2017; SANTOS; FLORES, 2017; SANTOS; FLORES, 2020):

● A Pedra de Rosetta Digital


● Adoção de padrões
● Arqueologia digital
● Atualização de versões
● Conservação de hardware e software Reprografia
● Conversão para formatos concorrentes
● Elaboração de guias, manuais e relatórios
● Emulação/encapsulamento
● Escolha do meio de armazenamento
● Formação de redes colaborativas e parcerias
● Formatos de arquivo de dados abertos
● Formato PDF e PDF/A
● Máquina virtual universal
● Metadados (Metainformação) para Preservação Digital (Dublin Core e PREmis)
● Montagem de infraestrutura
● Migração
● Normalização
● Refrescamento
● Transferência para meios analógicos

P5. Quais são os planos de Preservação Digital existentes?

O planejamento orienta as organizações estabelecendo as etapas e procedimentos a


serem executados para atingir seus objetivos (BODERO POVEDA, DE GIUSTI, ALARCÓN,
2021, p. 20). Como exposto anteriormente, as estratégias estão ligadas diretamente ao
planejamento, o qual é, por sua vez, materializado através de uma dimensão mais ampla, o
plano. Assim, a organização que se deve ter em mente é que o plano é um marco universo,
onde as estratégias e as táticas (microuniversos ou mundo) estão contidas. Isto posto, a
maneira mais coerente de se referir a este aspecto da Preservação Digital é como
planejamento estratégico.

“O planejamento estratégico é um processo que utiliza um método de


análise e orienta a organização em uma posição competitiva em um
ambiente de mudança permanente” (BODERO POVEDA, DE GIUSTI,
ALARCÓN, 2021, p. 21).
Desta forma o planejamento e o planejamento estratégico são distintos um do outro, o
primeiro necessita de uma análise do ambiente real e seus objetivos podem se tornar
inatingíveis e mesmo em diversas organizações pode ser formulado apenas como uma mera
formalidade. O planejamento estratégico de preservação digital, assim, remete ao processo de
análise interna e externa do repositório digital, com o objetivo de que ele execute sua missão
de maneira ideal e alcance a preservação ideal no futuro (visão) por meio da estratégia,
explicam Bodero Poveda, De Giusti, Alarcón ( 2021, p. 21).
Durante duas décadas se pensou a Preservação Digital a partir de ações de curto prazo,
táticas, mas o cenário tecnológico é por natureza efêmero e está em constante transformação,
o que está levando a Ciência da Informação a pensar numa perspectiva de maturidade da
Preservação Digital, onde primeiro se planeja, se definem as estratégias para só então pensar
nas táticas que serão aplicadas. A partir deste algoritmo se poderá chegar a um nível de
aplicação da preservação digital.
A literatura revisada se mostra atenta à necessidade das instituições terem o
documento do Plano de Preservação Digital (PPD), mas poucas têm de fato plano ou uma
política de Preservação Digital. Os achados na revisão apontam para definições, aspectos,
estruturais, aplicação de métodos e guias para elaboração do PPD (SILVA; FLORES, 2018;
NASCIMENTO; QUEIROZ; ARAÚJO, 2019; BUARQUE; MACHADO; PONTES, 2020;
SOUZA; AGANETTE, 2021; STRODL; BECKER; NEUMAYER; RAUBER, 2007;
BECKER; KULOVITS; GUTTENBRUNNER; STRODL; RAUBER; HOFMAN, 2009;
BECKER; RAUBER, 2011; PAMAR; RAWAT, 2021; BODERO POVEDA; DE GIUSTI;
ALARCÓN, 2021).
Os resultados da pesquisa de Bodero Poveda, De Giusti, Alarcón (2021, p.25)
apresentam os modelos de planejamento estratégico para a Preservação Digital a partir dos
modelos de Fred David, de Kaplan y Norton, de Goodstein, Nolan e Pfeifer. Segundo as
pesquisadoras e o pesquisador, a partir da análise destes modelos é possível uma aproximação
do planejamento da estratégia de preservação digital.
O artigo de Strodl, Becker, Neumayer e Rauber (2007), aborda o planejamento de
Preservação do projeto PLANETS. Fornece ainda uma maneira aprovada de tomar decisões
informadas e responsáveis sobre qual solução implementar de modo ideal a preservação de
objetos digitais. No artigo Becker e Rauber (2011), analisam desafios, dificuldades e objetivos
da tomada de decisão e discutem a experiência na aplicação do método de planeamento da
preservação do projeto Planets, apoiado na ferramenta de planeamento, Plato.
Becker et al. 2009 definem um plano de preservação e descrevem os componentes que
os autores consideram necessário para constituir um plano de preservação sólido e completo.
Descreve, em seguida, um fluxo de trabalho repetível para tomada de decisão responsável no
planejamento da preservação. Fala ainda da relação com o modelo OAIS, TRAC, Nestor e do
projeto Planets (BECKER, KULOVITS, GUTTENBRUNNER, STRODL, RAUBER,
HOFMAN, 2009).
Pamar e Rawat (2021) apresentam uma proposta de modelo de planejamento
estratégico para a preservação digital no Reino Unido, adaptado no quadro abaixo.

Quadro - Proposta de Modelo para Plano Estratégico de Preservação Digital


Entrada de Pensamentos Atividades de Saída (Output)
(Input Thoughts) Enquadramento
A ● Visão, missão e objetivos Estrutura Técnica Produto Final
de cada instituto ou Digitalizado
biblioteca
● Bibliotecário e Autoridade

B Tomada de decisão sobre: Criar repositório Conjunto de dados


● ferramentas a serem usadas com pessoas e bibliográficos
● assistência financeira tecnologia
● tecnológica

C Alocação de recursos Testar Versão de Repositório


● humanos avaliação Institucional
● tecnológicos
● coordenação
● avaliação

D Desenvolver solução alternativa Trabalho em equipe Alta Satisfação


(Team work) (Excelência)
Adaptado de PAMAR e RAVAT, 2021, p. 13 - tradução nossa.

Desta forma se entende que o planejamento estratégico é uma atividade de gestão


frequentemente utilizada pelas empresas para melhor direcionar suas energias, estabelecer
prioridades e fortalecer as operações para atingir os objetivos almejados” (PAMAR; RAVAT,
2021, p. 13). Para Bodero Poveda, De Giusti, Alarcón (2021, p. 37), os objetivos estratégicos
devem abranger todos os aspectos da preservação digital, de modo que seja realizada uma
adaptação das características do modelo de auditoria ISO 16363:2012, com o objetivo de
aumentar o nível de cumprimento da auditoria, bem como mantê-los e aproveitá-los por meio
de planejamento estratégico.

P6. Quais são as políticas de Preservação Digital existentes?

Falar de política sem remeter aos conselhos de Aristóteles (384 - 322 a.C) ao seu filho
(bastrado), Nicômaco, é começar uma história pelo meio, vivenciando um epílogo sem ter
noção do seu prólogo. Segundo o grego política é a ética da polis ou simplesmente as leis que
regem a cidade ou um grupo de pessoas, visando seu bem estar35 dentro dos limites da polis.
Com o passar do tempo o conceito foi se transformando, ganhando amplas e novas
significações, todavia o cerne semântico do termo ainda se conserva o mesmo desde a
antiguidade.
Na Ciência da Informação, a política voltada para Preservação Digital, abrange
registrar a informação, delineada por ações, as quais deveriam servir de guia para se alcançar
o propósito da Preservação Digital, a longevidade dos ativos digitais. Em outras palavras, uma
política de preservação é um conjunto de leis que regem determinado ambiente de operação
das práticas de preservação digital. As estratégias e as táticas, sem um plano que registre, faça
lembrar e coordene sua aplicação, são vãs, aleatórias, sem sentido.

35
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Trad. de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim da versão inglesa
de W. D. Rosá. Col. Os pensadores. São Paulo: Editora Abril Cultural, 1973.
A arquitetura da Preservação Digital depende única e exclusivamente de uma política -
não está se falando que não se pode realizar, a práxis da Preservação Digital é um fato e seus
resultados, na atualidade, são o alicerce para se buscar novos rumos, em direção à uma estado
de aplicação, uma fase de maturidade da Preservação Digital. Existe um ecossistema
trabalhando, todavia não há ordem, ainda, para que se possa compreender com melhor
exatidão cada parte do todo.
A literatura revisada mostra que a busca por uma consciência da necessidade de
adoção de um política de preservação digital é tão significante quanto às denúncias de
ausência desses instrumentos. Mas afinal o que é uma política de preservação digital? Será o
mesmo que políticas para Preservação Digital? A primeira remete a uma regulação
generalizada, uma ação que cabe unicamente ao Estado regulamentar, as demais são locais,
cada Repositório Institucional deve com base nessa regulamentação mais abrangente criar
suas próprias políticas para o bem estar do seu ecossistema.
Isto posto, nas palavras de Márdero Arellano e Boeres (2005, p.13), os responsáveis
pelos acervos das instituições de ensino superior brasileiras precisam estabelecer políticas de
preservação digital, que incluam os recursos financeiros, humanos, tecnológicos, a
temporalidade e os direitos autorais. A autora e o autor acreditam que uma política de
preservação digital aceitável implica em observar e aplicar procedimentos que podem ser
inclusive aceitos como estratégias de preservação, tais como:

“Entre eles estão os relativos à tecnologia da informação, mais


especificamente no tocante à compatibilidade de hardware, software e
migração dos dados (conversão para outro formato físico ou digital,
emulação tecnológica e espelhamento dos dados); observação da
integridade do conteúdo intelectual a ser preservado; análise dos custos
envolvidos no processo; o desenvolvimento de uma criteriosa política
de seleção do que será preservado e, intimamente atrelado a isto, a
observação das questões concernentes ao direito autoral” (MÁRDERO
ARELLANO; BOERES, 2005, p.10).

A produção científica nacional é abrangente no sentido de buscar construir esta


consciência de elaboração do documento (SCHÄFER; CONSTANTE, 2012; MIRANDA;
LIMA; NOVA, 2013; GRÁCIO; FADEL; VALENTIM, 2013; SANTOS; FURNIEL;
SILVA; GUANAE; NETO; LIMA; LIMA, 2014; SANTOS; FLORES, 2015; CHIARA;
LOPES; LETRARI; CATARINO, 2017; LUZ; MARINGELI, 2018; ROCKEMBACH;
PAVÃO, 2018; GRÁCIO; TROITIÑO; MADIO; BREGA; MORAES, 2020; ARAUJO;
SANTOS; OLIVEIRA, 2020; SANTOS; PINTO, 2020; QUEIROGA, 2020; SOUZA;
AGANETTE, 2021; FARIAS; LIMA, 2021; GAVA; FLORES, 2022).
Schäfer e Constante, tocam num ponto que merece destaque, na sua perspectiva para
que a implementação das políticas de preservação digital seja eficiente “é primordial,
também, a formação de uma equipe de trabalho multidisciplinar, responsáveis pelo
estabelecimento das diretrizes a serem seguidas durante todo o processo, desde a elaboração
até a sua implementação” (SCHÄFER; CONSTANTE, 2012, p.137).
A pesquisa realizada em 2013, por Miranda, Lima, e Villa Nova aponta que, até aquele
momento, eram poucas as instituições que asseguravam ter competência para garantir o
acesso a longo prazo do conteúdo dos seus repositórios. Esta circunstância se infere, segundo
o grupo, pela à ausência de políticas institucionais de preservação digital, bem como pelo
pouco incentivo do tema no ambiente organizacional, fatores preocupantes que urgiam uma
solução (MIRANDA; LIMA; NOVA, 2013).
Este trabalho merece ser revisitado, visto sua dilatação temporal, é possível ter um
panorama de dez anos sobre o que aconteceu desde então nestes RIs. Outros trabalhos devem
ser considerados, pois formam uma base homogênea para a elaboração da política de
preservação digital. Partindo de aspectos como estratégias estruturais (SANTOS; FLORES,
2015); modelos para elaboração (GRÁCIO; TROITIÑO; MADIO; BREGA; MORAES,
2020); quadros de fase e de políticas públicas de Governo Eletrônico (GAVA; FLORES, 2022;
FARIAS; LIMA, 2021, QUEIROGA, 2020). Destaca-se o modelo de política de preservação
do acervo para o Sistema de Bibliotecas da Universidade Estadual de Londrina chaira
(CHIARA; LOPES; LETRARI; CATARINO, 2017), a estrutura do documento da Pinacoteca
de São Paulo (LUZ; MARINGELI, 2018) e os 15 elementos essenciais para elaboração de
uma política de preservação digital para Instituição de Ensino Superior (IES) apresentados
por Grácio, Fadel e Valentim (2013).
No âmbito internacional a revisão realizada na base Scopus apresentou o trabalho de
Zhu et. al, (2012) sobre gerenciamento de políticas a partir do Fedora. O artigo traz uma
abordagem capaz de lidar com requisitos de atualização dinâmica e aplicar políticas em
repositórios digitais instituições colaboradoras. Um sistema orientado por políticas fornece
uma solução ideal para gerenciar repositórios distribuídos que exigem alta flexibilidade e alta
configurabilidade. O gerenciamento de políticas pode ser implementado sob a infraestrutura
de biblioteca digital existente, como o Fedora. (ZHU, et al., 2012).
O artigo de Gbaje e Mohammed (2012) destacou as deficiências da política de
preservação digital disponível e propôs uma política nacional (Nigéria) de preservação digital
que traçaria um roteiro para atividades eficazes de preservação digital em qualquer Centro
Nacional de Informações. Bem como Bunakov, et al. (2014) abordaram a autenticidade e o
valor dos dados em coleções digitais orientadas por políticas.
O artigo de Rimkus et al, apresentou os resultados de um estudo de políticas de
formato de arquivo em instituições membros da Association of Research Libraries (ARL).
Uma abordagem sobre formatos (PDF, TXT, JPG), mas que visa ideias de uma estrutura para
legislação sobre formatos (RIMKUS; PADILLA; POPP; MARTIN, 2014).
O artigo de Ndegwa et al. identifica metas de preservação digital para orientar a
formulação de políticas e de partes interessadas no processo de formulação destas políticas.
As pesquisadoras apontam que as organizações estavam mal preparadas para apoiar a
preservação digital a longo prazo, bem como as políticas eram inadequadas e faltavam planos
para apoiar a implementação das políticas (NDEGWA; BOSIRE; ODERO, 2022).

CONCLUSÃO
A revisão de literatura revelou que, atualmente, a Preservação Digital se apresenta em
uma fase intermediária ou estratégica, mais próxima do pensamento de "o que" se deve
realizar, pois no passado, ao invés de um planejamento a longo prazo, se empreenderam
planos em curto prazo. Observando a evolução da Preservação Digital do ponto de vista
sistêmico, seu desenvolvimento na primeira década do século XXI é controverso. No cenário
brasileiro primeiro houve uma fase tática, que se ocupava de uma visão “micro”, preocupada
em "como" realizar a preservação de objetos digitais em longo prazo, quando na realidade o
planejamento e as estratégias deveriam ter sido consolidadas em primeiro plano, buscando
uma visão "macro", de conjunto ou, por assim dizer, sistêmica.
É preciso ter em mente que um ecossistema aplicável de Preservação Digital mantém
suas partes trabalhando em conjunto, interoperávelmente, todavia cada qual com suas
particularidades em função do todo. Porém só se alcançará este estado avançado, quando a
Preservação Digital for vista como uma política pelo Estado, pois apenas o Estado tem o
poder de tornar um conjunto de leis que regem um determinado domínio, em regra ou norma,
com efeito de causa. No entanto só através de uma consciência global, quando nós, cientistas
das informação, estivermos unidos pelas diferenças, de nossos campos originários
(biblioteconomia, arquivística, documentação e áreas afim), ao invés de nos distanciarmos
cadas vez mais deixando o foco estagnado sem partir para a fase de aplicação.
Partindo deste pensamento de uma lei estatal, surgem os planos, a partir de
documentos auxiliares à etapa de planejamento, resguardados por estratégias e estas por suas
táticas, buscando alcançar objetivos. No micro universo tático das estratégias estão modelos e
padrões que orientam e operacionalizam as boas práticas de longevidade da informação em
suporte digital, especificamente no que tange aos Repositórios Digitais.
Décadas atrás, o engenheiro de sistemas, Miguel Ferreira, em uma interpretação
superficial, compreendeu os RDs como sistemas de informação responsáveis por gerir e
armazenar material digital (FERREIRA, 2006, p.71). Visto pelo viés da Ciência da
Informação, Márdero-Arellano ampliou a definição do engenheiro português, explicando que
repositórios digitais são um serviço de armazenamento de objetos digitais que tem a
capacidade de manter e gerenciar material por longos períodos de tempo e prover o seu acesso
apropriado” (MÁRDERO ARELLANO, 2008, p. 124). Marcos Galindo, por sua vez, alertou
que “a tecnologia da informação ofereceu o diferencial, o ponto fora da linha, aquilo que fugia
ao acervo da experiência social, o que escapava ao horizonte das expectativas” (GALINDO,
2017, p.29).
É um fato que o conceito de Repositório Digital - RD vem se ampliando com o avanço
das pesquisas sobre essas tecnologias, na área da Ciência da Informação, bem como na fase
em que se encontra a evolução da Preservação Digital há entre a PD e os RDs uma relação
inerente, onde esta tecnologia depende da preservação para manter sua função de garantir a
longevidade da informação. O que foi feito está consolidado, porém resta aos profissionais,
gestores e cientistas da informação darem um passo adiante para o amanhã e, quem sabe,
alcançar a estabilidade deste ecossistema.
Nos primeiros dez anos do século XXI, a preocupação dos estudos sobre Preservação
Digital, estava voltada para aspectos táticos, focados em estratégias preocupadas com a
obsolescência tecnológica, à mídia.
A literatura apresenta o termo estratégias como iniciativas teóricas e práticas, ações
desenvolvidas para se conseguir alcançar um objetivo, mas na fase tática da Preservação
Digital, éramos como a Noah's Ark, à deriva, no meio do oceano, buscando um porto seguro,
após o dilúvio de Pierre Levy36. Nossa terra firme ainda estava distante, mas dentro de nossa
arca, não tínhamos tudo o que precisávamos, mas tínhamos o necessário para seguirmos
adiante. Conforme deram-se passos, cada vez mais largos, juntos com Tecnologia da
Informação, se podia vislumbrar “terra à vista”.
Segundo Márdero-Arellano (2008, p. 352), era preciso enxergar além de um estágio
tático, era preciso vislumbrar para além do como fazer para garantir a fiabilidade dos estoques
digitais em longo prazo. As primeiras experimentações visando atingir este objetivo foram as
bibliotecas virtuais. Os Repositórios Digitais, eram uma tecnologia exordial tanto na prática

36
Pierre Lévy, Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999, 264p.
quanto na teoria. A Tecnologia da Informação havia criado o ambiente necessário para a
Preservação Digital atuar, havia teorias sólidas e as primeiras experiências laboratoriais,
porém faltava o recursos principal para fazer a engrenagem girar em um looping contínuo, os
recursos humanos ainda não estavam preparados para lidar com esses sistemas.
Naquele tempo havia a preocupação com o estabelecimento de meta informação ou
metadados de preservação, tratados no contexto das estratégias. Planos e políticas ainda eram
apenas um vislumbre de uma ideia que precisava se tornar realidade, porém sempre
destacados como necessários pela revisão literária até o presente. As particularidades de cada
um destes aspectos convergiu para formar um ecossistema como recomendou Márdero
Arellano, ainda, em 2008:

“A busca por estratégias de preservação digital requer não apenas


procedimentos de manutenção e recuperação de dados, no caso de
perdas acidentais, para resguardar a mídia e seu conteúdo, mas também
estratégias e procedimentos para manter sua acessibilidade e
autenticidade através do tempo, podendo requerer colaboração entre
diferentes organizações, boa prática de licenciamento, aplicação de
padrões de metadados e documentação” (MÁRDERO-ARELLANO,
2008, p.49).

Na fase tática da Preservação Digital havia uma limitação em face do crescimento


acentuado dos objetos digitais, tanto na área da arquivística quanto da Ciência da Informação,
além do desafio em estabelecer padrões, políticas e estratégias para as melhores práticas de
arquivamento digital (MÁRDERO-ARELLANO, 2008, p.25).
Na aurora do século XXI, Pothen (2001), acreditava que especialistas em preservação
digital esperavam que, como a adesão a esse tipo de iniciativa, pudesse ser possível construir
a base de um sistema distribuído de arquivamento e preservação de dados, chegando à criação
de serviços de curadoria digital. Da mesma forma Messerschmitt (2003) entendia que o
processo de conexão entre a e-science37 e a necessidade de preservação dos dados digitais
estariam baseados nos repositórios institucionais, dos quais partiriam o suporte para
atividades de preservação e curadoria (MÁRDERO-ARELLANO, 2008, p. 33).
Em síntese, a Ciência da Informação e a Tecnologia da Informação, representadas de
um lado pela Preservação Digital e do outro pelos Repositórios Digitais, têm como elo entre
as áreas uma nova visão do ofício dos bibliotecários, que precisam estar atentos à nova
realidade. Os RDs são parte fundamental do mecanismo que daqui em diante irá reger o
futuro da profissão que pode deixar de existir, pois a característica da interdisciplinaridade da
Ciência da Informação mostra que profissionais de áreas afins, especialmente da TI, podem
seguir como gestores e operadores destes sistemas.
Nas últimas duas décadas, a literatura mostra o despreparo de gestores e a falta de
profissionais capacitados para atuar tanto aplicando as práticas de preservação digital quanto
aos próprios Repositórios Digitais. Das Instituições de Ensino Superior - IES do Brasil e
muitas mundo afora, ainda não tem uma política de preservação digital que assegure a

37
A ciência eletrônica (e-science) visa o aproveitamento da velocidade das redes de computadores,
permitindo o uso de laboratórios virtuais, novos métodos de trabalho colaborativo em rede, auxiliando
o avanço da ciência. Para Márdero-Arellano as atividades relacionadas com a e-ciência requerem
gerenciamento digital de entrada e saída de dados via simulação de testes e grande volume de
informações, sendo distribuídas e usadas massivamente (MÁRDERO-ARELLANO, 2008, p. 33);
fiabilidade de seus RDs, sem políticas definidas, não há como planejar e sem planejamento as
estratégias continuam sendo aplicadas de forma aleatória.
É esperado que as pesquisas a partir deste ponto, aprofundem o estado de maturidade
da Preservação Digital no intuito de se alcançar este status quo de um ecossistema que
interaja com suas partes visando a longevidade dos ativos digitais a partir dos repositórios
digitais, estabelecendo a ordem que se necessita por meio das políticas e planos estratégicos.

REFERÊNCIAS

ALENCAR, T.. A rede memorial, a preservação e o acesso em Pernambuco. 2017. 89 f.


Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Universidade Federal de Pernambuco,
Recife, 2017.

BECKER,C; ANTUNES, G; BARATEIRO, J; VIEIRA, R. BORBINHA, J.Proceedings of the


12th Annual International Digital Government Research Conference: Digital Government
Innovation in Challenging TimesJune 2011 Pages 84–93.

BECKER, C.; KULOVITS, H.; GUTTENBRUNNER, M.; STRODL, S.; RAUBER, A.;
HOFMAN, H. Systematic planning for digital preservation: evaluating potential strategies and
building preservation plans. Int J Digit Libr 10, 133–157, 2009.
Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00799-009-0057-1. Acesso em: 21 dez. 2022.

BODERO POVEDA, E; DE GIUSTI, M.; ALARCON, C. La preservación digital a largo


plazo y las bases de la planificación estratégica. 3C TIC. Cuadernos de desarrollo aplicados a
las TIC, 10(3), 17-39. Disponível em: https://doi.org/10.17993/3ctic.2021.103.17-39. Acesso
em: 21 dez. 2022.

BODERO POVEDA, Elba María; DE GIUSTI, Marisa Raquel; MORALES ALARCÓN,


Cristian Hugo. Modelo de madurez para preservación digital basado en conceptos de
planificación estratégica. Investigación Bibliotecológica: archivonomía, bibliotecología e
información, [S.l.], v. 37, n. 94, p. 51-73, dic. 2022. ISSN 2448-8321.
Disponível em: http://rev-ib.unam.mx/ib/index.php/ib/article/view/58654 Acesso em: 21 dez.
2022.

BODERO POVEDA, E; DE GIUSTI, M.; ALARCON, C. Evaluación de teorías para


modelos de preservación digital. Dominio de las Ciencias, ISSN-e 2477-8818, Vol. 7, Nº.
Extra 5, 2021 (Ejemplar dedicado a: ESPECIAL SEPTIEMBRE 2021), págs. 658-669

BODERO POVEDA, E. M.; DE GIUSTI, M. R. .; MORALES, C. Preservación digital a largo


plazo: estándares, auditoría, madurez y planificación estratégica. Revista Interamericana de
Bibliotecologia, [S. l.], v. 45, n. 2, 2022.
Disponível em: https://revistas.udea.edu.co/index.php/RIB/article/view/344178 Acesso em:
21 dez. 2022.

BOERES, S.A.A.; ARELLANO, M.A.M. Políticas e estratégias de preservação de


documentos digitais. ENCONTRO DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 2005, Salvador.
Anais eletrônicos do VI CINFORM. Salvador: 2005. Disponível em:
http://www.cinform.ufba.br/vi_anais/docs/SoniaMiguelPreservacaoDigital.pdf .Acesso em 6
de mar. 2023.

BORBA, V. Modelo orientador para construção de estratégias de Preservação digital: Estudo


de Caso do Banco de Teses e Dissertações da UFPE. 2009. 133 f. Dissertação (Mestrado em
Ciência da Informação) – Universidade Federal da Paraíba, Programa de Pós-Graduação em
Ciência da Informação. João Pessoa, 2009.

BORBA, V.; GALINDO, M. Preservação Digital: modelo orientador para o BDTD/UFPE. In:
Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação, 10, 2009, João Pessoa. Anais. João
Pessoa, 2009.

FRANÇA, Henrique Elias Cabral. Preservação Digital na Mídia Impressa: Um estudo sobre o
acesso aos principais periódicos da Paraíba. 2010. 126f. Dissertação (Mestrado em Ciência da
Informação) – Universidade Federal da Paraíba, Programa de Pós-Graduação em Ciência da
Informação. João Pessoa, 2010.

BUNAKOV , V.; JONES, C.; MATTHEWS , B. and Wilson, M. (2014), "Data authenticity
and data value in policy-driven digital collections", OCLC Systems & Services: International
digital library perspectives, Vol. 30 No. 4, pp. 212-231.
Disponível em: https://doi.org/10.1108/OCLC-07-2013-0025 . Acesso em 6 de mar. 2023.

CHIARA, I. G. D.; LOPES, M. A.; LETRARI, M. A. D. S.; CATARINO, M. E.; CATARINO,


M. E. Política de preservação de acervo do sistema de bibliotecas da universidade estadual de
londrina: uma proposta. Informação@Profissões, v. 6, n. 1, p. 28-43, 2017. Disponível em:
https://doi.org/10.5433/2317-4390.2017v6n1p28 . Acesso em 6 de mar. 2023.

GALINDO. M.; SILVA, W. D. S. Preservação digital do acervo audiovisual da adufepe.


Archeion Online, v. 9, n. 1, p. 88-104, 2021.

______. O voo da crisálida.p.15-31. In. VECHIATO, Fernando; et al. Repositórios digitais:


teoria e prática. Curitiba: EDUTFPR, 2017.

______. Patrimônio memorial e instituições públicas no Brasil. In: MOTTA, A.; BARRIO, A.
E.; GOMES, M. H. (Orgs). Inovação Cultural, Patrimônio e Educação. Recife: Fundação
Joaquim Nabuco; Massangana, 2009. p. 251-263.

______. Tragédia da Memória. Massangana, Recife, n. 1, p. 57-62, 2005.

GARCIA, R. M. Desenvolvimento da nova Biblioteca Digital da Biblioteca Brasiliana USP:


Relato de Experiência. PragMATIZES - Revista Latino-Americana de Estudos em Cultura, n.
16, p. 111-126, 3 jun. 2019. Disponível em:
https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v0i16.27527. Acesso em: 06 mar. 2023.
GBAJE, S.; MOHAMMED, Z. (2013), "Digital preservation policy in National Information
Centres in Nigeria", The Electronic Library, Vol. 31 No. 4, pp. 483-492. Disponível em:
https://doi.org/10.1108/EL-01-2012-0011 Acesso em: 06 mar. 2023.

GONÇALVES, P. B.; MARQUES, C. A. G.; BASTOS, F. M.; FERRARO, F. C.;


LOUREIRO, A. C. F. Preservação digital distribuída para teses e dissertações: uma proposta
para as bibliotecas universitárias da Unesp e UFRN. Revista Brasileira de Preservação
Digital, v. 3, n. 2022, 2006. Disponível em: https://doi.org/10.20396/rebpred.v3i00.16580
Acesso em: 06 mar. 2023.

MÁRDERO-ARELLANO, M. A. Cariniana: uma rede nacional de preservação digital.


Ciência da Informação, v. 41, n. 1, 2012. Disponível em:
https://revista.ibict.br/ciinf/article/view/1354 Acesso em: 06 mar. 2023.

______. Critérios para a preservação digital da informação científica. 2008. 356 f. Tese
(Doutorado em Ciência da Informação)-Universidade de Brasília, Brasília, 2008. Disponível
em:
<http://eprints.rclis.org/15412/1/Tese_Miguel_%C3%81ngel_M%C3%A1rdero_Arellano.pdf
>. Acesso em 21 dez. 2022.

MEMORY of the World. UNESCO, 1992.

MCKEEN, L.; PARENT, I. The National Library of Canada: Organizing Information for the
New Millennium, Cataloging & Classification Quarterly, 30:1, 20-34, 2000. Disponível em:
https://doi-org.ez19.periodicos.capes.gov.br/10.1300/J104v30n01_02. Acesso em 21 dez.
2022.

MIRANDA, M. K. F. O.; LIMA, M. G.; NOVA, S. V. Política de preservação digital nos


repositórios institucionais de acesso livre: o caso das instituições de ensino superior no Brasil
2011. Disponível em: http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/183689 . Acesso em: 22 nov.
2022.

NASCIMENTO, A. G.; QUEIROZ, C. F.; ARAÚJO, L. D. Garantindo acervos para o futuro:


plano de preservação digital para o repositório institucional Arca. Ciência da Informação, v.
48, n. 3, 2019. Disponível em: http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/136401. Acesso em:
16 nov. 2022.

NDEGWA , H.; BOSIRE, E.; ODERO, D. The status of the digital preservation policies and
plans of the institutional repositories of selected public universities in Kenya. 2022.

NEVES, B. C.; SANTANA, G. S. Política de preservação digital para periódico eletrônico no


nordeste: um estudo da rede Cariniana. Revista Fontes Documentais, v. 1, n. 1, n. 1, p. 75-93,
2018. Disponível em: http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/134696. Acesso em: 06 mar.
2023.

ORTEGA Y GASSET, José. Missão do Bibliotecário. Tradução e posfácio de Antonio


Agenor Briquet de Lemos. Brasília: Briquet de Lemos, 2006. 82 p.
PAMAR , R.; RAWAT, U. "Digital Preservation of Library Resources: Strategic
planning a Management perspective". Library Philosophy and Practice (e-journal), 2021.
Disponível em: https://digitalcommons.unl.edu/libphilprac/5905. Acesso em: 06 mar. 2023.

PAVÃO, C. M. G.; CAREGNATO, S.; ROCHA, R. P. Implementação da preservação digital


em repositórios: conhecimento e práticas. Revista Digital de Biblioteconomia & Ciência da
Informação, v. 14, n. 3, p. 407-425, 2016. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.20396/rdbci.v14i3.8646326. Acesso em: 06 mar. 2023.

PONTES, E. B.; SOARES, M. L. A. Acervos arquivísticos, audiovisuais e sonoro da Fiocruz:


uma reflexão acerca de sua preservação digital. Revista Brasileira de Preservação Digital, v. 3,
n. 2022, 2003. Disponível em: http://dx.doi.org/10.20396/rebpred.v3i00.16594. Acesso em:
06 mar. 2023.

RABELO, N.; SCHMIDT, Clarissa. A trajetória do INTERPARES Project: reflexões acerca


de teorias e metodologias desenvolvidas ao decorrer do projeto. RICI: R.Ibero-amer. Ci. Inf.,
ISSN 1983-5213, Brasília, v 15 n 1 jan-abril 2022. Disponível em:
https://doi.org/10.26512/rici.v15.n1.2022.42425 . Acesso em: 06 mar. 2023.

RIBEIRO, F. A preservação da memória científica em sistemas de bibliotecas universitárias


nordestinas. 2009. 74f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade Federal
de Pernambuco, Departamento de Ciência da Informação, Recife, 2009.

RIMKUS, K.; PADILLA, T.; POPP , T.; MARTIN , G. Digital preservation file format
policies of ARL member libraries: An analysis. D-Lib Magazine, , 2014. Disponível em:
https://doi.org/10.1045/march2014-rimkus . Acesso em: 06 mar. 2023.

SAYÃO, Luis Fernando. Afinal, o que é biblioteca digital? Revista USP, São Paulo, n.80, p.
6-17, dez./fev. 2009.

SCHÄFER, M. B.; CONSTANTE, S. E. Políticas e estratégias para a preservação da


informação digital. Ponto de Acesso, v. 6, n. 3, p. 108-140, 2012.

SHAH, U.; GUL, S. LOCKSS, CLOCKSS and PORTICO: A Look into digital preservation
policies. Library Philosophy and Practice (e-journal), 2019. Disponível em:
https://digitalcommons.unl.edu/libphilprac/2481. Acesso em: 06 mar. 2023.

SILVA, M. P. B. E.; MOURA, R. K. G.; SIEBRA, S. A.; PINTO, V. B. Contribuições da rede


cariniana para a preservação digital nos repositórios digitais institucionais. Informação em
Pauta, v. 4 n. especial, n. Especial, p. 99-116, 2019. Disponível em:
10.32810/2525-3468.ip.v4iEspecial.2019.42607.99-116 Acesso em: 06 mar. 2023.

SOUZA, A. H. L. R.; OLIVEIRA, A. F.; D’AVILA, R. T.; CHAVES, E. P. S. S. O modelo de


referência oais e a preservação digital distribuída. Ciência da Informação, v. 41, n. 1, 2012.
Disponível em: 10.18225/ci.inf..v41i1.1352 Acesso em: 06 mar. 2023.
STRODL, S.; BECKER, C.; NEUMAYER, R.; RAUBER, A. How to Choose a Digital
Preservation Strategy: Evaluating a Preservation Planning ProcedureJoint Conference on
Digital Libraries Vancouver BC Canada June 18 - 23, 2007

TAVARES, A. L. L.; GALINDO, M. L. Processos de preservação digital na rede memorial


pernambuco (rmp). Informação & Tecnologia, v. 4, n. 2, p. 163-184, 2017.

WANG, Z.; LIU, H. Exploration of digital heritage strategy based on preventive conservation
theory. Int. Arch. Photogramm. Remote Sens. Spatial Inf. Sci., XLVI-M-1-2021, 845–849,
2021. Disponível em: https://doi.org/10.5194/isprs-archives-XLVI-M-1-2021-845-2021.
Acesso em: 06 mar. 2023.

ZHU, B.; MARCIANO, R.; MOORE, R.; HERR, L.; SCHULZE, J. Digital repository:
preservation environment and policy implementation. Int J Digit Libr 12, 41–49, 2012.
Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00799-012-0082-3 Acesso em: 06 mar. 2023.

ZIERAU , E. OAIS and Distributed Digital Preservation in Practice: An exploration of


Danish and other use cases that contributed to the development of the Outer OAIS – Inner
OAIS Model for Distributed Digital Preservation. Paper presented at The 14th International
Conference on Preservation of Digital Objects, Kyoto, Japan, 2017. Disponível em:
https://ipres2017.jp/wp-content/uploads/14Eld-Zierau.pdf Acesso em: 06 mar. 2023.

Você também pode gostar