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Ética na área da

saúde II
VELAME, K. T.
SST Ética na área da saúde II / Kamila Tessarolo Velame
Ano: 2020
8 p.:

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A ética e a humanização
em saúde

Apresentação
Nesta unidade abordaremos os registros dos principais aspectos relacionados à
ética, reconhecendo a ligação entre a ética e a humanização em saúde.

Registro dos principais aspectos


relacionados à ética
Ao considerarmos a complexidade do mundo moderno, podemos dizer que estamos
envoltos por questões éticas em todos os âmbitos e situações que vivenciamos
em nosso dia a dia. Por esse motivo, há um interesse no campo da ética em buscar
a compreensão mais aprofundada de como essas questões nos influenciam.
Especificamente, o olhar sobre a ética nos cuidados de saúde foi intensificado face
aos desenvolvimentos mais controversos, incluído, nesse patamar, os avanços
na tecnologia e genética, bem como a redução dos recursos financeiros e o
oferecimento de cuidados de saúde.

A tecnologia sofisticada dos dias de hoje tem recursos que podem aumentar o
tempo de vida dos pacientes muito mais do que ocorria no passado. Procedimentos
experimentais dispendiosos, medicamentos, equipamentos e aparelhos podem ser
utilizados para a manutenção da vida, ainda que essas tentativas não alcancem
sucesso ao final.

O desenvolvimento desses aparatos tecnológicos ajudou os pacientes em todos os


estágios da vida e também contribuiu para que a expectativa média de vida tivesse
um crescimento. Um exemplo disso ocorre no período pré-natal, pela influência da
triagem genética, dos procedimentos de fertilização in vitro, coleta e congelamento
de embriões e cirurgia pré-natal. Os bebês prematuros, que outrora morriam
precocemente, podem sobreviver por causa de avanços tecnológicos. Ainda
podemos citar o aumento do tempo de vida de crianças e adultos, que era menor
em função da falência múltipla de órgãos e que, agora, podem viver mais tempo se
forem transplantados.

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Procedimentos como fertilização in vitro e congelamento de embriões contribuem para a taxa de
sobrevivência de bebês prematuros

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

Esses avanços na tecnologia têm sido um misto de dilema e de dádiva.


Constantemente, são discutidas questões sobre se é apropriado utilizar essas
tecnologias e quais seriam as circunstâncias adequadas, em caso positivo. É fato
que há um aumento na qualidade de vida de muitos pacientes, mas ainda há outros
que se deparam com o prolongamento do sofrimento como resultado dos esforços
para prolongar a vida, em geral com um custo elevado. As questões éticas também
envolvem aquelas práticas ou políticas que parecem direcionar de forma injusta
esses recursos baseados em critérios como idade, raça, sexo, nível de dependência
ou incapacidade e vivências sociais.

Os dilemas éticos com os quais os enfermeiros podem se deparar na área de


enfermagem são inúmeros e diversos e estão presentes em todos os ambientes.
Uma maior conscientização dos conceitos filosóficos inerentes à área pode ajudá-
los a utilizar a razão para enfrentar esses dilemas. Os conceitos básicos ligados
à filosofia moral, tais como a ética e suas nomenclaturas, conceitos e condutas,
estão incluídos nesse campo. A compreensão do papel do enfermeiro nas tomadas
de decisão de forma ética os ajuda a articular suas posições e a desenvolver o
pensamento crítico e as habilidades fundamentais para tomarem essas decisões.

As expressões ética e moralidade são empregadas para descrever o que se pensa


sobre o que é certo e errado e para sugerir as formas de ação apropriadas. Em
síntese, ética, segundo Deslandes (2006), é o estudo formal e sistemático das
crenças morais, enquanto moralidade é a adesão a valores pessoais informais.
Como há pouca distinção entre a ética e a moralidade, os dois termos são, com
frequência, empregados de forma intercambiável.

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Uma teoria clássica da ética, ainda segundo Deslandes (2006), é a teoria teleológica
ou consequencialismo, que focaliza a terminalidade ou consequência das
atitudes. De acordo com Rios (2009), a forma mais bem conhecida dessa teoria, o
utilitarismo, baseia-se no conceito de bem máximo para o maior número possível
de pessoas. A escolha dessa ação é nítida segundo essa teoria, porque a ação
correta é a que maximiza o bem em relação ao mal.

Consequencialismo

Termo cunhado em 1958, que define que um agente é responsável tanto pelas
consequências intencionais de um ato, como pelas não intencionais, quando
previstas e não evitadas.

Utilitarismo

Considera a boa ação ou a boa regra de conduta caracterizáveis pela utilidade


e pelo prazer que podem proporcionar a um indivíduo e, em extensão, à
coletividade.

A teoria gera dificuldades quando devemos julgar valores intrínsecos e determinar


qual bem é o maior. Além disso, é importante perguntar se as boas consequências
podem justificar quaisquer ações amorais que poderiam ser empregadas para
alcançá-la.

Ligação entre ética e humanização


em saúde
Como profissão, a enfermagem é socialmente responsável. Essa responsabilidade
reflete o pensamento da sociedade a respeito da saúde, de um modo geral, e de
seus cuidados. Lidar com questões éticas é uma realidade que sempre esteve
presente na atuação dos enfermeiros profissionais. A enfermagem tem como
papel proteger, promover e otimizar a saúde, a prevenção de doenças e lesões,
buscar aliviar sofrimentos por meio do diagnóstico e tratamento dos sintomas e a
defesa do cuidado dos indivíduos, família, comunidade e população. Essa definição
sustenta a premissa de que os enfermeiros precisam estar envolvidos ativamente

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e conscientes de seus papéis nas decisões relacionadas com as preocupações
éticas inerentes aos cuidados de saúde, principalmente quando esses papéis são
subordinados a uma estrutura tradicional e burocrática.

Contudo, quando os enfermeiros buscam a resolução dos conflitos éticos


ancorados em uma estrutura lógica e sistemática, as contendas relacionadas
com os limites de jurisdição podem diminuir. Os ambientes de cuidados de saúde
humanizados, em que os enfermeiros são membros valorizados da equipe, são
exatamente aqueles que articulam práticas comunicativas interdisciplinares
e fazem estímulos ao cuidado do paciente. Para atuar efetivamente nesses
ambientes, os enfermeiros devem se conscientizarem dessas questões éticas e
assistir os pacientes no momento que verbalizam suas preocupações morais.

O enfermeiro deve prestar um atendimento humanizado ao paciente

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

O cuidado humano faz parte do que consideramos uma estrutura ética básica da
profissão de enfermagem. Segundo Deslandes (2006), as teorias de enfermagem
que incorporam as dimensões biopsicossociais-espirituais enfatizam um ponto de
vista holístico, tendo o humanismo ou cuidado como núcleo. Quando a profissão
de enfermagem se empenha em delinear a sua própria teoria ética, o cuidado é
frequentemente citado como base moral. Para que os enfermeiros abracem esses
espíritos e crenças profissionais, eles devem estar cientes não apenas dos dilemas
éticos principais, mas também daquelas interações cotidianas com os pacientes,
consumidores dos cuidados de saúde, que trazem, constantemente, desafios éticos
com maior dificuldade para identificação.

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Assim, é importante conhecer e compreender a enfermagem como prática social e
seu processo de profissionalização, relacionando-o com os principais fundamentos
teórico-metodológicos nos estudos históricos e ético-legais.

Os avanços tecnológicos e a redução dos recursos têm se transformado em


instrumento na geração de inúmeras questões éticas e controvérsias, incluindo as
questões de vida e morte. Contudo, os enfermeiros não devem ignorar as muitas
situações rotineiras que envolvem considerações éticas.

Saiba mais
Para melhor compreender a ética na saúde, recomendamos a
leitura do artigo “Problemas éticos vivenciados por enfermeiros
na atenção primária à saúde: revisão integrativa da literatura”,
que aborda questões éticas vivenciadas pelos enfermeiros
na atenção básica. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/
RevistaGauchadeEnfermagem/article/view/48809/33323.

Quanto à confidencialidade, todos os enfermeiros devem estar cientes da


necessidade de sigilo acerca das informações obtidas na prática diária. Quando
a informação não é pertinente, eles deverão questionar se é prudente registrá-la
em prontuário do paciente. No ambiente de prática, a discussão dos pacientes
com outros membros da equipe de saúde é frequentemente necessária. Por isso, é
fundamental perceber a importância da ética e da humanização na profissão.

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Fechamento
Nesta unidade estudamos a ética e a sua influência na humanização em saúde,
compreendendo que essas questões perpassam pela vida do profissional,
constantemente, em diversas situações.

Referências
DESLANDES, S. F. Humanização dos cuidados em saúde: conceitos, dilemas e
prática. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2006.

RIOS, I. C. Caminhos da humanização na saúde. São Paulo: Áurea, 2009.

NORA, C. R. D.; ZOBOLI, E. L. C. P.; VIEIRA, M. Problemas éticos vivenciados por


enfermeiros na atenção primária à saúde: revisão integrativa da literatura. Revista
Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v. 36, n. 1, p.112-121, mar. 2015. Disponível
em: https://seer.ufrgs.br/RevistaGauchadeEnfermagem/article/view/48809/33323.
Acesso em: 9 jul. 2020.

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