Sistema e Instrumentos de Gestao Ambiental 2021 1

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LUANA GOMES CARNEIRO

MARCELA SIQUEIRA FARJALLA

Sistema e Instrumentos de
Gestão Ambiental

1ª Edição

Brasília/DF - 2023
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Carneiro, Luana Gomes


Sistemas e instrumentos de gestão ambiental [livro
eletrônico] / Luana Gomes Carneiro, Marcela Siqueira
Farjalla. -- 1. ed. -- Brasília, DF : Unyleya, 2023.
PDF

Bibliografia.
ISBN 978-65-85643-26-9

1. Gestão ambiental - Estudo e ensino I. Farjalla,


Marcela Siqueira. II. Título.

23-153461 CDD-363.7
Índices para catálogo sistemático:

1. Gestão ambiental 363.7

Eliane de Freitas Leite - Bibliotecária - CRB 8/8415

Autores
Luana Gomes Carneiro
Marcela Siqueira Farjalla

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e
Editoração
Sumário
Organização do Livro Didático....................................................................................................................................... 4

Introdução.............................................................................................................................................................................. 6

Capítulo 1
Uma visão histórica da problemática ambiental................................................................................................ 9

Capítulo 2
Gestão Ambiental Pública........................................................................................................................................ 21

Capítulo 3
Sistema de Gestão Ambiental Empresarial........................................................................................................39

Capítulo 4
Economia Verde............................................................................................................................................................ 59

Capítulo 5
Gestão Ambiental e governança – uma visão estratégica............................................................................81

Capítulo 6
Certificação e Rotulagem Ambiental.................................................................................................................... 93

Referências........................................................................................................................................................................ 104
Organização do Livro Didático
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e
coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros
recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também,
fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

Cuidado

Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.

Importante

Indicado para ressaltar trechos importantes do texto.

Observe a Lei

Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem,
a fonte primária sobre um determinado assunto.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.

4
Organização do Livro Didático

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Gotas de Conhecimento

Partes pequenas de informações, concisas e claras. Na literatura há outras


terminologias para esse termo, como: microlearning, pílulas de conhecimento,
cápsulas de conhecimento etc.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Posicionamento do autor

Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.

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Introdução
Seja bem-vindo à disciplina Sistemas e Instrumentos de Gestão Ambiental.

Nesta disciplina será discutida e enfatizada a importância da Gestão Ambiental como


ferramenta de defesa do meio ambiente e quais procedimentos e instrumentos podem ser
utilizados em sua aplicação. Será apresentado e discutido, também, o Sistema de Gestão
Ambiental (SGA) como estratégia para que as organizações promovam melhorias no seu
desempenho ambiental.

Os capítulos foram pensados de forma a permitir o desencadeamento de ideias e associação


de conceitos, conduzindo, de forma prática e dinâmica, o futuro profissional da área
de Gestão Ambiental ao melhor caminho para o desenvolvimento de competências e
habilidades relacionadas aos temas trabalhados.

Visando à contextualização, será feita uma breve reflexão a respeito da relação homem x
natureza, a evolução na forma de utilização dos recursos naturais ao longo da história e a
reação do mundo diante das questões ambientais.

De forma mais específica, serão discutidos conceitos relacionados à gestão ambiental como
processo de organização política, a importância da educação ambiental nesse processo,
conceito e análise de SGA, a aplicação de medidas para melhoria da eficiência ambiental
das organizações, como mecanismos de produção mais limpa e certificação ambiental.

A proposta será estruturada por meio de diferentes estações em que seja possível
compartilhar hipóteses, teorias e experiências, bem como a relação entre o homem e
o meio ambiente e, particularmente, sobre a responsabilidade de todos frente à crise
ambiental que vivenciamos atualmente. Por meio desta proposta, desejamos contribuir
para a compreensão da importância dos conteúdos discutidos e a relação intrínseca com
a vida de todos.

É importante que ao final da disciplina você seja capaz de reconhecer os fundamentos


para a implantação de um SGA e de discutir diferentes modelos e estratégias de aplicação.
Esperamos também que você consiga compreender a importância e principais diferenças
entre a Gestão Ambiental Pública e Privada.

Você vai descobrir aspectos importantes das nossas discussões e, desde já, propomos que o
material disponibilizado seja bem aproveitado, incluindo os textos e o material audiovisual.

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Introdução

Sugerimos que você se organize para ler o material com calma, realize as atividades e
assista às videoaulas dentro dos prazos estabelecidos. Em caso de dúvidas, pode (e deve!)
consultar o professor tutor da disciplina.

Objetivos

Fazer com que o estudante seja capaz de:

» Entender sobre a problemática ambiental e seus conflitos de intereses políticos e


sociais.

» Analisar os movimentos internacionais voltados para a defesa e o desenvolvimento


econômico, industrial e social, relacionados ao uso sustentável.

» Identificar o progresso da legislação ambiental brasileira e seus instrumentos e


melhorias no sistema de gestão ambiental pública.

» Identificar os tipos de instrumentos da gestão ambiental pública.

» Analisar o que é um sistema de gestão ambiental empresarial.

» Entender sobre certificações ambientais e sua importância para o SGA como


ferramenta de melhoria contínua em uma gestão.

» Analisar e debater os estudos de caso, entendimento da problemática ambiental,


análises de mitigação sobre o impacto ambiental.

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8
CAPÍTULO
UMA VISÃO HISTÓRICA DA
PROBLEMÁTICA AMBIENTAL 1
Introdução do Capítulo

A proposta desta leitura é o entendimento inicial sobre as modificações sofridas pela


sociedade ao longo dos anos, e como isso afeta de maneira significativa o equilíbrio
ecológico, gerando impactos cada vez mais evidentes.

A percepção desses impactos gerou uma série de iniciativas em prol da defesa do meio
ambiente, com o objetivo de preservar esses recursos ecológicos para as presentes e
futuras gerações.

Entre os diversos acontecimentos, o lançamento, em 1962, do livro “Primavera Silenciosa”,


da bióloga marinha Rachel Carson, foi um grande marco para a discussão a respeito da
relação entre a humanidade e o meio ambiente. Após esse momento, outros debates
sobre o tema ganharam destaque e se desdobraram em grandes mudanças na proteção
ambiental no Brasil e no mundo.

Contudo, apesar da reconhecida importância do tema, a percepção de interesses ambientais


não se aplica de forma igualitária para todos os países e regiões. Pensamentos políticos e
sociais se chocam por conta de divergências de interesses, criando uma série de problemas
socioambientais.

Objetivos

» Contextualizar homem x natureza, levando a reflexão aos padrões de consumo.

» Demonstrar os períodos de questionamentos ecológicos em escala mundial e suas


manifestações públicas e nas políticas de desenvolvimento.

» Apontar o meio social como uma sociedade heterogênea, onde ocorre


constantemente o conflito de interesses sociais e políticos, causando principalmente
a desigualdade social e a escassez dos recursos naturais.

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CAPÍTULO 1 • Uma visão histórica da problemática ambiental

1.1 Relação sociedade/natureza

Já parou para pensar no mundo nos primórdios do aparecimento dos seres humanos? Será
que o modo de apropriação dos recursos era diferente do observado atualmente em nossa
sociedade?

Figura 1. Reflexões.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/man-thinking-question-mark-vector-illustration-639471775.

Veremos, a seguir, que, ao longo da história, a apropriação dos recursos naturais pela
espécie humana se deu de maneira diferente. Com o decorrer do tempo, as necessidades
humanas e o crescimento da população passaram a exigir quantidades cada vez maiores
de recursos.

A situação se agravou com o início do desenvolvimento industrial, em meados do século


XVIII, e, nos dias atuais, os custos dessa exploração do meio ambiente estão cada vez mais
evidentes.

Nos últimos dez mil anos, as sociedades humanas vivenciaram diferentes modos de
apropriação da natureza que refletiam os sistemas produtivos, evidenciando as formas
de relação que os sujeitos estabelecem na natureza.

Basicamente, os povos primitivos eram nômades e dependiam inteiramente dos recursos


que a natureza lhes proporcionava, deslocando-se em função das suas necessidades em
busca de alimento e abrigo, dependendo, assim, dos ciclos naturais.

Posteriormente, com o desenvolvimento de instrumentos e técnicas de plantio e irrigação,


foi possível a fixação desses grupos, uma vez que esses passaram a dominar a agricultura
e a pecuária. Formaram-se, então, as cidades. Nesse momento, iniciou-se um processo
de apropriação e acúmulo de bens que se destinavam à satisfação de necessidades de
subsistência do próprio grupo social.

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Uma visão histórica da problemática ambiental • CAPÍTULO 1

Sugestão de estudo complementar

Caso tenha interesse em saber mais a respeito das mudanças das relações entre o homem e natureza ao longo da história,
recomenda-se a leitura dos capítulos 1 e 4 do livro “Sociedade, natureza e espaço geográfico”, de Carlos Eduardo Sauer e
Roberto Carlos Pinto, Editora Intersaberes.

O livro está disponível na Biblioteca Virtual da instituição. Em caso de dúvidas sobre acesso, consulte o tutor da disciplina.

A mudança na forma de consumo e produção de bens implicou, entre outros: processos


de urbanização acelerada, consumo excessivo de recursos não renováveis, assimetria no
acesso aos produtos gerados e a capacidade de atendimento às necessidades básicas de
sobrevivência e redução da biodiversidade.

Figura 2. Consumo não sustentável.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/person-sinks-plastic-trash-1146038375.

Dessa forma, a acumulação capitalista e a expansão dos mercados ocasionaram mudanças


significativas no meio ambiente, além de acarretarem transformações socioeconômicas,
políticas e culturais.

1.2 Consciência ambiental e discussões ambientais globais

Conforme já mencionado, a relação do homem com o meio ambiente sofreu grandes


mudanças ao longo do tempo. Da mesma forma, o despertar da consciência de que
mudanças de postura seriam necessárias para garantir a preservação e recuperação do
meio ambiente ocorreu de forma gradativa, a partir de alguns acontecimentos-chave.

Por muito tempo acreditou-se na inesgotabilidade dos recursos naturais, porém essa
ideia começou a ser questionada a partir da década de 1960, com o lançamento da já
mencionada obra de Rachel Carson.

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CAPÍTULO 1 • Uma visão histórica da problemática ambiental

Saiba mais

O livro “Primavera silenciosa” é um clássico da luta pela defesa ambiental. O livro foi considerado, em 1992, por um grupo
de escritores americanos como o livro mais influente dos últimos 50 anos no mundo. Em 2000, a obra foi consagrada, pela
Escola de Jornalismo de Nova York, como uma das maiores reportagens investigativas do século XX, e em 2006 a autora foi
eleita, pelo jornal britânico “The Guardian”, como a primeira das cem pessoas que mais contribuíram para a defesa do meio
ambiente de todos os tempos. (REVISTA ECOLÓGICO, 2019).

Sabendo da importância dessa obra para a defesa ambiental, é importante, e até necessário, que todos aqueles que
pretendam atuar na área de proteção ambiental a leiam.

Figura 3. Rachel Carson.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/moscow-russia-march-14-2018-rachel-1055471234.

A década de 1970 foi marcada por importantes eventos e discussões sobre o tema em escala
mundial, com a incorporação da questão ambiental nas manifestações públicas e nas
políticas de desenvolvimento.

A Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, realizada na cidade de


Estocolmo, na Suécia, em 1972, foi a primeira grande conferência internacional para
discutir os problemas ambientais. Participaram desse encontro representantes de 113
países, sendo o seu principal resultado a “Declaração sobre o Ambiente Humano” ou
“Declaração de Estocolmo”, que expressou a convicção de que as gerações presentes e as
futuras deveriam reconhecer a vida num ambiente sadio e não degradado como direito
fundamental (ONU,1972). Institucionalizou-se a partir daí o tema meio ambiente, inserindo-o
na agenda mundial.

O desempenho do Brasil na conferência foi considerado malsucedido, visto que


os delegados brasileiros defendiam que o crescimento econômico não deveria ser
sacrificado em nome de um ambiente mais equilibrado. Inclusive, o Brasil foi um dos
países que mais aceitou, nos anos seguintes, a transferência de indústrias poluentes do
hemisfério norte.

12
Uma visão histórica da problemática ambiental • CAPÍTULO 1

Saiba mais

Ainda como resultado da Conferência de Estocolmo, nesse mesmo ano, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou um
organismo denominado Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Sua função foi promover o trabalho
em conjunto entre membros do Sistema das Nações Unidas em prol de questões ambientais. Esperava-se também contribuir
para a melhor comunicação entre cientistas, autoridades governamentais, empresários, parlamentares, engenheiros e
economistas na busca de um equilíbrio dinâmico entre interesses nacionais e o bem global. O PNUMA seria, portanto, um
agente catalisador, estimulando o trabalho em conjunto com outras organizações, incluindo agências das Nações Unidas e
governos. (NAÇÕES UNIDAS BRASIL, 2020)

Na década de 1980, precisamente no ano de 1987, foi publicado, pela Comissão Mundial
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, o relatório “Nosso Futuro Comum” ou “Relatório
Brundtland”, trazendo à tona o conceito de “desenvolvimento sustentável”, que ganha, então,
destaque dentro do ambientalismo mundial.

De acordo com o “Relatório Brundtland” (BRUNDTLAND,1991), desenvolvimento sustentável


é “o tipo de desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a
capacidade das futuras gerações de satisfazer as suas próprias necessidades”.

Na década de 1990, o destaque vai para a Conferência das Nações Unidas para o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como Rio-92 ou Eco-92. O evento
ocorreu na cidade do Rio de Janeiro e deu continuidade a uma série de discussões
iniciadas durante a Conferência de Estocolmo (1972).

Nessa conferência, ficaram estabelecidos 27 princípios básicos sobre desenvolvimento


sustentável global. Também houve a criação de dois documentos, a “Agenda 21 Global” e a
“Carta da Terra”.

O evento permitiu que a problemática ambiental fosse incorporada às discussões da


sociedade em geral, sendo discutidos por amplos e variados setores da sociedade que
passam a defender a inclusão dos problemas ambientais na agenda de desenvolvimento
das nações e das relações internacionais.

Um dos temas que se destacaram nas discussões da Rio-92 foi o consumismo, que ganhou
um capítulo próprio em debate, sendo apontado como um dos principais problemas
relacionados ao aumento da degradação ambiental e esgotamento dos recursos naturais.
Foram discutidos, dentro desse contexto, pontos como: exame dos padrões insustentáveis
de produção e consumo, padrões mais sustentáveis; desenvolvimento de políticas e
estratégias nacionais de estímulo a mudanças nos padrões insustentáveis de consumo,
avaliação do crescimento econômico e redução no uso de recursos naturais e a
produção de materiais nocivos.

13
CAPÍTULO 1 • Uma visão histórica da problemática ambiental

Saiba mais

Sabe-se que uma das consequências do consumismo é a geração de grande volume de resíduos sólidos, os quais se
constituem como um dos maiores problemas ambientais do século XXI. Alguns dados ajudam a compreender a dimensão
dessa questão.

Por exemplo, no ano de 2014 a produção de resíduos sólidos anuais foi estimada em cerca de 1,4 bilhão de toneladas
(considerando uma população mundial de 7 bilhões de pessoas), uma média de 1,2kg/dia/per capita e, segundo a
Organização das Nações Unidas (ONU) e o Banco Mundial, em 2024, a expectativa é de 2,2 bilhões de toneladas anuais. Nos
últimos 30 anos, houve aumento na produção de resíduos três vezes mais do que o aumento populacional, sendo a maior
parte desses resíduos gerados nos países mais ricos. (SENADO FEDERAL, 2014)

Estes dados nos mostram como o consumo sem consciência pode contribuir para a degradação ambiental e para impactos
sociais importantes.

Esse tema será abordado de forma mais aprofundada na disciplina Gestão de Resíduos Sólidos e Saneamento Ambiental.

Por fim, os países-membros presentes no Rio de Janeiro comprometeram-se a pautar suas


políticas econômicas, sociais e ambientais com base no conceito do Desenvolvimento
Sustentável.

As discussões ocorridas em 1992 continuaram, e continuam até hoje, e vêm sendo aprimoradas
e adaptadas às mudanças na realidade, à análise dos resultados das ações tomadas e nas
necessidades globais.

Já no século XXI outros encontros ocorreram, sendo os principais a Cúpula Mundial sobre o
Desenvolvimento Sustentável, em 2002 (Rio+10) e a Conferência das Nações Unidas sobre o
Desenvolvimento Sustentável, em 2012 (Rio +20).

A Rio +10 ocorreu na cidade de Johanesburgo, África do Sul e reuniu representantes de


189 países e de centenas de Organizações Não Governamentais. Neste evento, as metas da
Agenda 21 foram revisadas dando ênfase à relação entre as questões sociais e ambientais.
Visando conciliar desenvolvimento da sociedade e preservação do meio ambiente, foi
elaborado um plano de ação global com pontos sobre pobreza e miséria, consumo, gestão
de recursos naturais, globalização, direitos humanos, assistência oficial ao desenvolvimento,
contribuição do setor privado ao meio ambiente, entre outros. Este documento ficou
conhecido como “Declaração de Johanesburgo”.

As discussões do evento foram concentradas basicamente em debates sobre a erradicação da


pobreza e o acesso da sociedade a serviços de saneamento e saúde. Ficou acordado que até
2015 a proporção de pessoas na extrema pobreza deveria ser reduzida à metade.

14
Uma visão histórica da problemática ambiental • CAPÍTULO 1

De forma geral, os debates da conferência não foram muito bem-sucedidos, especialmente


devido aos poucos resultados práticos obtidos. Esta conferência destacou-se por registrar
aumento da participação da sociedade civil nos debates, trazendo maior amplitude às
discussões.

O Brasil teve papel importante nessa reunião, sendo o proponente de uma das propostas mais
importantes: A Iniciativa Brasileira de Energia, propondo elevar a fração de energia renovável
para 10% até 2010.

Saiba mais

Entre a Rio-92 e a Rio+10, muitas discussões em prol da defesa do meio ambiente ocorreram. Uma delas foi o encontro entre
os líderes mundiais de todos os 191 países que integram as Nações Unidas na sede da ONU em Nova York no ano de 2000.
Este encontro deu origem à “Declaração do Milênio da ONU”.

Com a Declaração, as Nações se comprometeram a uma nova parceria global para reduzir a pobreza extrema, em uma
série de oito objetivos – com um prazo para o seu alcance em 2015 – que se tornaram conhecidos como os Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio (ODM).

Durante a Rio+10, inclusive, esses objetivos e as medidas a serem tomadas para alcançá-los foram discutidos.

Aprofunde-se no tema acessando a página da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). Disponível em: https://www.
paho.org/bireme/index.php?option=com_content&view=article&id=301:os-objetivos-de-desenvolvimento-do-milenio-e-a-
agenda-pos-2015&Itemid=183&lang=pt.

A Rio +20 ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, no ano de 2012. Participaram desta
conferência 193 países membros da ONU, o maior número até o momento. O evento teve
como objetivo principal a renovação do compromisso político com o desenvolvimento
sustentável. Para tal, foram avaliados os progressos e as lacunas na implementação das
decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas
novos e emergentes. Os principais temas discutidos foram: economia verde no contexto
do desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza.

A conferência resultou no relatório “O futuro que queremos”, assinado por 188 países e
que busca orientar o caminho para a cooperação internacional sobre desenvolvimento
sustentável. Além disso, governos, empresários e outros parceiros da sociedade civil
registraram mais de 700 compromissos com ações concretas que proporcionem resultados
no terreno para responder a necessidades específicas, como energia sustentável e
transporte. Os compromissos assumidos no Rio incluem 50 bilhões de dólares que
ajudarão um bilhão de pessoas a ter acesso a energia sustentável.

15
CAPÍTULO 1 • Uma visão histórica da problemática ambiental

Saiba mais

As discussões sobre os meios de alcançar uma sociedade mais sustentável nunca param. Por exemplo, anos após a Rio+20,
mais precisamente em 2015, a ONU propôs aos seus países membros uma nova agenda de desenvolvimento sustentável para
os próximos 15 anos, a Agenda 2030, composta pelos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), como um esforço
conjunto, de países, empresas, instituições e sociedade civil.

Os ODSs buscam assegurar os direitos humanos, acabar com a pobreza, lutar contra a desigualdade e a injustiça, alcançar a
igualdade de gênero e o empoderamento de mulheres e meninas, agir contra as mudanças climáticas, bem como enfrentar
outros dos maiores desafios de nossos tempos. O setor privado tem um papel essencial nesse processo como grande detentor
do poder econômico, propulsor de inovações e tecnologias, influenciador e engajador dos mais diversos públicos – governos,
fornecedores, colaboradores e consumidores.

Nesta disciplina, vamos ver meios pelos quais a Gestão Ambiental acaba contribuindo para alcançar alguns desses objetivos,
na verdade a aplicação dos métodos em GA é diretamente influenciada por esses objetivos e pelos demais acordos realizados
entre os países, a legislação, as normas, os limites estabelecidos todos têm relação direta com essas discussões.

É importante estar atento e estabelecer conexões!

Saiba mais sobre os ODS em:

https://www.pactoglobal.org.br/ods.

Vimos, então, que muitos esforços vêm sendo realizados na busca de ações que mudem
o atual panorama de degradação do meio ambiente e perda da qualidade de vida
humana e dos demais seres vivos. Sabe-se que as ações humanas implicam diretamente
o estado atual da natureza, porém alguns fatores são determinantes, como o processo
de industrialização. Nesse contexto, a Gestão Ambiental emerge como aliada na luta
para alcançar o desenvolvimento sustentável. O profissional atuante nesta área irá, por
meio do conhecimento de normas, leis e diferentes metodologias, contribuir, de forma
significativa, para melhorar o desempenho ambiental de organizações.

1.3 Meio social e seus conflitos de interesses

Algumas práticas do meio social produzem mudanças na qualidade do meio ambiente,


por isso é importante compreender melhor como é esse tal meio social. Trata-se de um
meio bastante diverso, tal qual um ecossistema e sua imensa diversidade de seres vivos
(biodiversidade).

Segundo Quintas (2006), e como podemos aferir pela nossa percepção, a sociedade humana
não é homogênea, ela é constituída pela coexistência de interesses, necessidades, valores e
projetos diversificados e até mesmo contraditórios.

16
Uma visão histórica da problemática ambiental • CAPÍTULO 1

Neste ambiente, encontramos diversos atores sociais, sejam na esfera civil (movimentos
sociais, associações, sindicatos, congregações religiosas, grupos organizados por gênero,
dentre outros) ou na esfera pública (Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário), todos esses
atores têm sua origem e existência pautadas a partir de variadas motivações (interesses,
valores, necessidades, aspirações, ocupação do mesmo território etc.).

Muitas vezes, a heterogeneidade do meio social pode ser evidenciada no nosso cotidiano
por meio de conflitos sociais e políticos quando há divergência de interesses. (BOBBIO
et al., 1992) definem conflito (social e político) como “uma forma de interação entre
indivíduos, grupos, organizações e coletividades que implica choques para o acesso e a
distribuição de recursos escassos”.

Figura 4. A sociedade é heterogênea.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/crowd-multiethnic-male-female-person-vector-1802263735.

As discussões a respeito das mudanças climáticas podem ser utilizadas como exemplo
de conflito social e político. Este tema vem sendo amplamente discutido, especialmente
nas últimas duas décadas, sendo constantemente abordado na mídia, trazendo à tona
discussões em diversos setores da sociedade. Entre os efeitos das mudanças climáticas
destacam-se como mais alarmantes: o aumento do nível dos mares, as mudanças nos
padrões de chuvas e o aumento médio da temperatura global.

Figura 5. As mudanças climáticas geram discussões entre diversos setores.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/rio-de-janeiro-rjbrazil-08252019-protests-1897811680.

17
CAPÍTULO 1 • Uma visão histórica da problemática ambiental

Entre os especialistas e representantes de diferentes países, houve, a princípio, uma grande


divergência quanto à existência de mudanças globais no clima, que culminou com a não
adesão de vários países ao Protocolo de Quioto, em 1997, entre eles os EUA, o que gerou
grande repercussão em todo o mundo. Após algumas ratificações, o Tratado só entrou
em vigor em 2005. No ano de 2015, o Protocolo de Quioto (ou Kioto) foi substituído pelo
Acordo de Paris, onde 196 países, incluindo os EUA, concordaram em combater o aumento
da temperatura terrestre provocada pelo aquecimento global.

Saiba mais

O chamado Protocolo de Quioto é um acordo internacional voltado para a redução das emissões de gases de efeito estufa. O
protocolo foi o resultado de um longo processo de debate e negociações envolvendo diversos países de todos os continentes.
Podemos dizer que este processo tenha se iniciado em 1990, quando o IPCC recomendou a criação de uma convenção que
estabelecesse a base para cooperação internacional sobre as questões técnicas e políticas relacionadas ao aquecimento
global. Assim, em 1992, o texto da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) foi finalizado.
Disponível em: https://ipam.org.br/entenda/o-que-e-o-protocolo-de-quioto/.

O Acordo de Paris é o principal e mais atualizado tratado internacional contra as mudanças climáticas causadas pelo
homem. Firmado durante a 21a Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP21),
o acordo tem como principal objetivo combater o aumento da temperatura terrestre provocada pelo aquecimento global.
Na prática, significa impedir o aumento de 2ºC na temperatura global em relação à era pré-industrial. O Acordo também
estimula a criação de mecanismos para diminuir o impacto das mudanças climáticas e a substituição de fontes emissoras
de gases do efeito estufa. O Acordo foi feito em 12 de dezembro de 2015, durante a Conferência das Nações Unidas sobre as
Mudanças Climáticas (COP). As propostas do Acordo de Paris entraram em vigor em 4 de novembro de 2016.

Após a aprovação pelo Congresso Nacional, o Brasil concluiu, em 12 de setembro de 2016, o processo de ratificação do
Acordo de Paris, comprometendo-se em reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% abaixo dos níveis de 2005
em 2030, aumentar a participação de biocombustíveis sustentáveis na matriz energética em 18% até 2030 e restaurar e
reflorestar 12 milhões de hectares até 2030.

Em 2017, o então presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que o país deixaria o Acordo, o que foi oficializado em
novembro de 2020. Em 2021, o então presidente Joe Biden colocou o país novamente no Acordo. No Brasil, presidente Jair
Messias Bolsonaro ameaçou a saída do Acordo em 2019, mas sem continuidade.

Disponível em: https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2021/02/02/o-que-e-o-acordo-de-paris-assinado-por-


biden-no-1-dia-de-presidencia.htm.

Atualmente, as mudanças climáticas são tratadas como um fato, e o debate se concentra


nas predições dessas mudanças para as várias regiões do planeta, em possibilidade de
adaptação e em ações de mitigação para frear as alterações no clima.

Este foi um exemplo de que a divergência de interesses pode gerar conflitos sociais
e políticos. A dificuldade para se chegar a um consenso está atrelada à repartição da
responsabilidade sobre o problema do aquecimento global.

18
Uma visão histórica da problemática ambiental • CAPÍTULO 1

Para refletir

Pense em algum conflito observado em seu bairro ou município e tente identificar os diferentes atores sociais envolvidos,
relacionando a distribuição dos benefícios e custos.

Um ponto que merece destaque é que o poder de intervir e decidir, assim como também a
distribuição dos ônus e bônus sobre a relação entre a sociedade e o meio ambiente não são
distribuídos de forma igual na nossa sociedade. Segundo Quintas (2010, p. 119):

No caso do Brasil, o poder de decidir e intervir para transformar o ambiente,


seja ele físico, natural ou construído, e os benefícios e custos decorrentes estão
distribuídos social e geograficamente na sociedade de modo assimétrico.
Por serem detentores de poder econômico ou de poderes outorgados pela
sociedade, determinados atores sociais possuem, por meio de suas ações,
capacidade variada de influenciar direta ou indiretamente a transformação
(de modo positivo ou negativo) da qualidade do meio ambiente.

No Brasil, o processo decisório sobre acesso e uso dos recursos ambientais cabe ao poder
público. Esse, por meio de suas diferentes esferas, deve intervir nesse processo, de modo
a evitar que os interesses de determinados atores sociais (ex.: madeireiros, empresários,
industriais, agricultores, moradores etc.) provoquem alterações no meio ambiente que
ponham em risco a qualidade de vida da população afetada.

Saiba mais

A proteção do meio ambiente é tema da Constituição Federal, que em seu art. 225 estabelece que:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações”.

Vale a pena se aprofundar neste artigo da Constituição. (TSE, 1988)

Nessa circunstância, cabe ao poder público responsabilidade pela defesa dos interesses
coletivos. É nesse contexto que surge a necessidade de se praticar a gestão ambiental
pública, tema da nossa próxima aula.

19
CAPÍTULO 1 • Uma visão histórica da problemática ambiental

Sintetizando

O que vimos neste Capítulo?

» A forma como as alterações humanas no ambiente natural acompanham as mudanças na sociedade.

» Como o despertar da consciência ecológica gerou uma série de eventos em prol da defesa do meio ambiente para as
presentes e futuras gerações.

» Como surgiu o conceito de Desenvolvimento Sustentável.

» De que forma o poder público, a sociedade civil e a iniciativa privada podem interferir na degradação ambiental.

» Os principais eventos ambientais e seus desdobramentos na luta pela defesa do meio ambiente.

20
GESTÃO AMBIENTAL PÚBLICA
CAPÍTULO
2
Introdução do Capítulo

No primeiro capítulo foi feita uma breve contextualização das questões ambientais e dos
esforços mundiais em prol de uma sociedade mais sustentável.

O conteúdo trabalhado até aqui, em consonância com outros pontos que vimos no estudo
de outras disciplinas do nosso curso, levam-nos a concluir que o modo de apropriação dos
recursos naturais pode gerar alterações importantes na qualidade ambiental, afetando
sobremaneira as relações ecológicas e diversos aspectos sociais.

Por fim, já conseguimos entender que as consequências da degradação do meio ambiente


podem afetar a sociedade de formas completamente diferentes, gerando conflitos e
acentuando diferenças.

Neste capítulo vamos analisar a maneira como é realizada a mediação de interesses e


conflitos pela apropriação e uso de recursos ambientais, conforme determina a Contituição
Federal.

Abordaremos aqui a Gestão Ambiental Pública, que se trata da ação do poder público a
partir de uma política ambiental pública, que visa alcançar a melhoria do meio ambiente
e, consequentemente, da vida, conscientizando a população a partir de um conjunto de
políticas práticas e programas.

O futuro profissional em Gestão Ambiental deve ter em mente que este é um dos possíveis
caminhos a serem seguidos como campo de atuação, estabelecendo conexões entre esse
processo e as metas ajustadas nos acordos internacionais.

Objetivos

» Compreender o que é a Gestão Ambiental Pública e de que modo ela funciona.

» Entender a institucionalização da Gestão Ambiental no Brasil.

21
CAPÍTULO 2 • Gestão Ambiental Pública

» Correlacionar a importância da Gestão Ambiental Pública com a defesa do meio


ambiente.

» Entender da Educação Ambiental, enquanto instrumento da Gestão Ambiental,


seja pública ou privada.

2.1. Conceituação de Gestão Ambiental e Gestão Ambiental


Pública

Nos dicionários da língua portuguesa o termo gestão é definido como “ato ou efeito de
gerir; administração; gerência”. Esse termo é muito utilizado por empresas: gestão de
negócios, gestão empresarial etc. Entretanto, quando acrescentamos o adjetivo ambiental,
uma série de características específicas qualifica essa prática diante da crise ambiental
que o mundo vivencia.

O termo gestão ambiental pode gerar alguma confusão, pelo fato de ele poder ser aplicado
a diferentes contextos, assumindo e/ou incorporando diferentes significados.

Ações ambientais públicas, como a gestão de unidades de conservação e de bacias


hidrográficas, são consideradas ações de gestão ambiental. Contudo, quando o termo é
aplicado à iniciativa privada, ele assume outro direcionamento, neste caso, o processo de
gestão passa a ser entendido como ferramenta de melhoria da qualidade ambiental dos
serviços das empresas, dos produtos e do ambiente de trabalho.

Saiba mais

Observe que o conceito surge da ideia de que as organizações precisam mudar a forma de produção de bens, contudo, a
necessidade de coordenar esses processos e garantir a proteção do meio ambiente como bem comum a todos, o poder
público passa a atuar em processos de gestão. É importante que essa diferença fique bem clara. O texto “Aspectos da gestão
ambiental pública e privada: análise e comparação” esclarece bem essa diferença.

Disponível em: https://www.revistacta.ufscar.br/index.php/revistacta/article/view/28/32#:~:text=Nesse%20


contexto%2C%20apesar%20de%20possu%C3%ADrem,atividades%20(Floriano%2C%202007).

Se buscarmos na literatura especializada, encontraremos inúmeras definições para gestão


ambiental e gestão ambiental pública.

Em nossa disciplina trabalharemos com o conceito de Gestão Ambiental dado pela


Resolução Conama n. 306/2002: “condução, direção e controle do uso dos recursos
naturais, dos riscos ambientais e das emissões para o meio ambiente, por intermédio
da implementação do sistema de gestão ambiental”. E trabalharemos também com o
conceito aplicado à Gestão Ambiental Pública, dado por Quintas (2002, p. 30):

22
Gestão Ambiental Pública • CAPÍTULO 2

[...] um processo de mediação de interesses e conflitos entre atores sociais


(grupos de pessoas, instituições) que agem sobre o ambiente, e que tem
como objetivo garantir a todos os cidadãos brasileiros o direito ao meio
ambiente equilibrado, conforme determina a Constituição Federal.

A gestão ambiental, quando realizada pela administração pública, deve estar alicerçada em
leis, regulamentos e normas, a fim de garantir os direitos constitucionais em relação ao tema.

No Brasil, como já abordado, a Constituição Federal define o meio ambiente como bem
comum a todos, sobre o qual todos têm direitos e deveres; no texto constitucional é também
atribuído ao poder público e à coletividade o papel de defesa e preservação do meio ambiente,
sendo, porém, o poder público o principal responsável por cumprir ou fazer cumprir essas
determinações.

Em nosso país, a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6.938/1981) rege a gestão
ambiental pública. Mais adiante falaremos com mais detalhes sobre a importância desta lei
neste processo. Para compreender de forma mais abrangente esse o processo é importante
conhecer os seus objetivos, que estão na figura 6.

Figura 6. Objetivos da Gestão Ambiental Pública.

Fonte: Elaborado pela autora.

O poder público, ao realizar a gestão ambiental, deve avaliar quais são os custos e benefícios
das ações ambientais para o acesso e uso desses recursos pela população, visto que é seu
dever ordenar o processo de apropriação social dos recursos ambientais e, ao mesmo
tempo, exercer o papel de fiscalizador, disciplinando e punindo pela prática de danos
ambientais. Cabe também ao poder público mediar eventuais problemas ou conflitos
ambientais que venham a surgir entre diferentes atores sociais.

23
CAPÍTULO 2 • Gestão Ambiental Pública

Saiba mais

Problemas x conflitos ambientais:

De acordo com Carvalho e Scotto (1995 apud IBAMA, 2002), problema ambiental é uma situação em que há risco, dano
social ou ambiental, mas não há reação por parte dos atingidos, ou de outros atores da sociedade civil em face do problema.
Já um conflito ambiental se refere a uma situação em que há confronto de interesses representados em torno da utilização
ou gestão do meio ambiente.

2.2. A institucionalização da gestão ambiental no Brasil

O Brasil é um país de dimensões continentais, com uma grande amplitude climática e


a maior biodiversidade do planeta, fatores que, juntos, tornam o exercício eficiente da
gestão ambiental pública uma tarefa de alta complexidade. Sendo assim, a existência de
um conjunto legal geral e específico que norteie esse processo é essencial para o melhor
direcionamento possível do processo.

A Conferência de Estocolmo foi, sem dúvida, um marco para a política ambiental de diversos
países, inclusive no Brasil. A partir do resultado nada favorável na conferência, o país sentiu
necessidade de implementar ações em prol da defesa ambiental, demonstrando maior
abertura às mudanças propostas. Dentro deste contexto, foi criada, em 1973, a Secretaria
Especial de Meio Ambiente (Sema), primeiro órgão governamental de defesa do meio
ambiente ligado diretamente à Presidência da República.

Em 1981, foi promulgada a Lei n. 6.938, na qual se estabeleciam os objetivos e instrumentos


da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), que buscou conciliar desenvolvimento
econômico com preservação ambiental.

Em 1988, foi promulgada a Constituição Federal com um capítulo inteiro dedicado ao


meio ambiente no qual define a divisão da responsabilidade de preservar e conservar o
ambiente entre o governo e a sociedade. São pontos a serem destacados: meio ambiente
como direito fundamental, a conservação da diversidade biológica e dos processos
ecológicos, a criação de espaços territoriais especialmente protegidos, a necessidade de
estudo prévio de impacto ambiental antes da realização de atividades potencialmente
causadoras de significativa degradação, e a educação ambiental (EA).

A Lei n. 7.735/1989 institui o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama), pela fusão da Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema), do
Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), da Superintendência da Borracha
(Sudhevea) e a Superintendência da Pesca (Sudepe).

24
Gestão Ambiental Pública • CAPÍTULO 2

Após a Rio-92, ocorre a aprovação da Lei de Crimes Ambientais ou Lei da Natureza (Lei n.
9.605/1998). A sociedade brasileira, os órgãos ambientais e o Ministério Público passaram
a contar com um instrumento que lhes garante agilidade e eficácia na punição aos
infratores do meio ambiente. Com o surgimento dessa lei, as pessoas jurídicas passaram
a ser responsabilizadas criminalmente, permitindo a responsabilização da pessoa física
autora ou coautora da infração.

Figura 7. Gestão Ambiental no Brasil.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/vector-isolated-simplified-illustration-icon-green-1507648139.

Em 2000 é aprovada Lei n. 9.985, que institui o Sistema Nacional de Unidade de Conservação
da Natureza (SNUC), dividindo as unidades de conservação em Unidades de Proteção
Integral e Unidades de Uso Sustentável. O SNUC reflete um avanço na política ambiental
brasileira considerando que veio fortalecer a perspectiva de uso sustentável dos recursos
naturais, das medidas compensatórias e de uma descentralização mais controlada da
política ambiental no Brasil.

Em 2002, foi lançada a Agenda 21 Brasileira, após vasta consulta à população brasileira,
universidades, organizações não governamentais, órgãos públicos dos diversos entes
federativos. Inicia-se, assim, uma política ambiental mais participativa, tendo em vista o
crescente aumento dos conselhos deliberativos e consultivos.

Em 2007, a área ambiental do governo federal sofreu uma grande transformação com
a aprovação da Lei n. 11.516, que dispõe sobre a criação do Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade, fruto do desmembramento do Ibama. Este passa a ser
responsável apenas pelo licenciamento ambiental, o controle da qualidade ambiental, a
autorização do uso dos recursos naturais e a fiscalização. Por outro lado, o Instituto Chico

25
CAPÍTULO 2 • Gestão Ambiental Pública

Mendes fica responsável pela gestão e proteção de Unidades de Conservação.

Saiba mais

O Ibama e o ICMBio integram o Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama), que une outros órgãos e entidades da União,
dos estados da Federação, do Distrito Federal e fundações instituídas pelo poder público responsáveis pela proteção e
melhoria da qualidade ambiental, desenvolvendo ações conjuntas ou supletivas, conforme a legislação específica.

Conheça cada um dos órgãos ambientais. Disponível em: https://www.icmbio.gov.br/cairucu/quem-somos/perguntas-


frequentes/com-phocagallery-imagerating/73-qual-a-diferenca-entre-ibama-e-icmbio.html.

Se analisada de forma mais aprofundada percebe-se que a política ambiental no Brasil


traz muitos avanços no que diz respeito à descentralização da gestão ambiental e a
participação da sociedade civil organizada, porém ainda existem grandes desafios para
sua implementação como: falta de técnicos nos órgãos estaduais e municipais de meio
ambiente, falta de capacitação e treinamento, salários defasados, quando comparados
aos praticados pela iniciativa privada, instituições despreparadas para assumir atividades
ambientais, carência de recursos financeiros e de infraestrutura, ausência de instrumentos
de gestão ambiental ou instrumentos ultrapassados, dentre outros.

2.2.1. A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA)

A PNMA consagrou os objetivos da ação governamental em assuntos ambientais, sendo,


inclusive, para muitos, considerada como um marco legal para todas as políticas públicas
de meio ambiente a serem desenvolvidas. Esta lei, com suas metas e mecanismos, tem como
foco a redução dos impactos ambientais negativos, dispondo de fundamentação teórica,
objetivos e instrumentos, além de prever penalidades para os casos de não cumprimento
das normas.

O objetivo geral da PNMA é a preservação, melhoria e recuperação da qualidade


ambiental propícia à vida, visando assegurar, no país, condições ao desenvolvimento
socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da
vida humana (art. 2 o). A fim de atingir esse objetivo geral, a PNMA tem como objetivos
específicos aqueles listados no quadro 1.

Quadro 1. Objetivos da PNMA.

Ação governamental para manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um
patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido.
A racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar.
Planejamento e fiscalização no uso dos recursos ambientais.
Proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas.

26
Gestão Ambiental Pública • CAPÍTULO 2

Controle e zoneamento das atividades poluidoras e potencialmente poluidoras.


Incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas ao uso racional e à proteção dos recursos
ambientais.
Acompanhamento do estado da qualidade ambiental.
Recuperação de áreas degradadas.
Proteção de áreas ameaçadas de degradação.
EA em todos os níveis de ensino, objetivando à capacitação da comunidade e à participação ativa na defesa
do meio ambiente.

Fonte: Elaborado pela autora.

Para atingir os objetivos da PNMA, é necessário o uso de alguns mecanismos específicos,


os chamados instrumentos, também definidos na lei e listados no quadro 2.

Pode-se considerar que esses instrumentos estão divididos três grupos distintos:

» Instrumentos de intervenção ambiental: mecanismos condicionadores das


condutas e atividades relacionadas ao meio ambiente (I, II, III, IV e VI).

» Instrumentos de controle ambiental: medidas tomadas pelo poder público no


sentido de verificar se pessoas públicas ou particulares se adequaram às normas
e padrões de qualidade ambiental, e que podem ser anteriores, simultâneas ou
posteriores à ação em questão (VII, VIII, X e IV ).

» Instrumentos de controle repressivo: medidas sancionatórias aplicáveis à pessoa


física ou jurídica (IX).

Quadro 2. Instrumentos da PNMA.

I – o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;


II – o zoneamento ambiental;
III – a avaliação de impactos ambientais (AIA);
IV – o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;
V – os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados
para a melhoria da qualidade ambiental;
VI – a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo poder público federal, estadual e
municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas;
VII – o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
VIII – o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental;
IX – as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à
preservação ou correção da degradação ambiental;
X – a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Ibama;
XI – a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando o poder público a
produzi-las, quando inexistentes;
XII – o Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras e/ou Utilizadoras dos Recursos
Ambientais;
XIII – instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros.

Fonte: Elaborado pela autora.

27
CAPÍTULO 2 • Gestão Ambiental Pública

Os instrumentos da PNMA são fundamentais no âmbito da gestão ambiental pública. Note,


por exemplo, que a implantação de qualquer atividade ou obra efetiva ou potencialmente
causadora de degradação ambiental deve submeter-se a análise e controle prévio,
necessários para se prever os riscos e eventuais impactos ambientais a serem prevenidos,
corrigidos, mitigados e/ou compensados quando da sua instalação, bem como as emissões
de poluentes e de efluentes a serem monitorados na fase de operação, ou seja, deve ser
realizada uma Avaliação de Impacto Ambiental (AIA).

Dessa forma, este instrumento visa demonstrar a viabilidade ambiental da atividade


antes mesmo da sua implantação, servindo como referência para o licenciamento do
empreendimento, além de servir como referência para as demais etapas de execução do
projeto.

Outro instrumento bastante conhecido é são padrões de qualidade ambiental, que em


geral são estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

O licenciamento ambiental, obrigatório para atividades potencialmente poluidoras, tem


seus critérios estabelecidos pela Resolução Conama n. 237/1997.

Atenção

Fique bem atento aos instrumentos destacados. Eles são fundamentais na implantação dos Sistemas de Gestão Ambiental
das empresas.

A lei que institui a PNMA institui também a criação do Sistema Nacional de Meio Ambiente
(Sisnama), formado pelos órgãos e entidades da União, do Distrito Federal, dos estados
e dos municípios responsáveis pela proteção, melhoria e recuperação da qualidade
ambiental no Brasil.

Posicionamento do autor

A Política Nacional do Meio Ambiente é a base das políticas de proteção ambiental no Brasil, portanto, é essencial que todos
os profissionais da área ambiental a conheçam na íntegra e entendam os pontos mais importantes.

Busque a íntegra da lei, estude-a, e em caso de dúvidas procure seu tutor.

Você pode acessar a Lei na íntegra em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938compilada.htm.

Em esfera federal, o Sisnama é composto por cinco entidades descritas no quadro 3.

28
Gestão Ambiental Pública • CAPÍTULO 2

Quadro 3. Composição do Sisnama – esfera federal.

Órgão superior colegiado que reúne todos os Ministérios e a Casa Civil, tendo por
Conselho de Governo função assessorar a Presidência da República na formulação da política nacional e nas
diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais.
Órgão consultivo e deliberativo, tendo por finalidade assessorar, estudar e propor ao
Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os
Conama recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões
compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia
qualidade de vida.
MMA (Ministério do Órgão central, tem por finalidade planejar, coordenar, supervisionar e controlar a política
Meio Ambiente) nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente.
Órgão executor encarregado de executar e fazer executar as políticas e diretrizes
Ibama
governamentais definidas para o meio ambiente.
ICMBio (Instituto Chico Órgão executor encarregado de executar e fazer executar a política de conservação da
Mendes de Conservação biodiversidade e as ações voltadas à gestão das unidades de conservação federais e
da Biodiversidade) suas zonas de amortecimento – integrante do SNUC.

Fonte: Elaborado pela autora.

Em nível local, o Sisnama é composto por dois órgãos ou entidades municipais, a Secretaria
Municipal de Meio Ambiente e o Conselho Municipal de Meio Ambiente.

O principal objetivo do Sisnama é articular e promover a descentralização das ações para


a gestão ambiental no país, integrando e harmonizando regras e práticas específicas
que se complementam nos três níveis de governo. Dessa forma, o Sisnama atua a fim de
garantir a melhoria da qualidade ambiental, com base no conceito de responsabilidades
compartilhadas e controle social.

2.2. Gestão Ambiental Participativa

Vamos começar nossa discussão refletindo: “Quantas vezes você já participou efetivamente
da gestão ambiental pública?”. Todos nós que estamos aqui, reconhecemos a importância da
preservação ambiental, sabemos que ações efetivas devem ser tomadas e, até conhecemos,
ao menos em teoria, muitas dessas ações. Mas será que estamos fazendo a nossa parte para
mudar o status quo?

É claro que não seremos ingênuos de pensar que sozinhos resolveremos todos os
problemas, mas é importante ter consciência do papel que a participação da sociedade
civil pode ter nas mudanças efetivas. A gestão ambiental não é neutra, ela tenderá para
alguma direção, por isso, é preciso ter força ativa em várias frentes. Nesse contexto,
essa participação se torna uma premissa indissociável da gestão ambiental brasileira,
uma vez que esta pode encaminhar a uma maior transparência nas decisões.

É importante ter a consciência de que uma gestão ambiental mais ampla requer a
presença de diferentes atores atuando na resolução de problemas e na identificação de

29
CAPÍTULO 2 • Gestão Ambiental Pública

potencialidades ambientais, partindo da visão de que a responsabilidade pela manutenção


do ambiente é de toda sociedade, devendo adotar e disseminar uma postura proativa.

Figura 8. Participação Popular.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/large-group-people-celebrating-174221555.

Em termos de institucionalização, a participação da sociedade civil nas decisões sobre


questões ambientais, a criação do Conama, pela Lei n. 6.938/1981 foi um importante ponto
de partida. O Conselho é composto por representantes do governo e por representantes
da sociedade civil.

Saiba mais

O Conama é composto por Plenário, Cipam, Grupos Assessores, Câmaras Técnicas e Grupos de Trabalho. O Conselho
é presidido pelo Ministro do Meio Ambiente e sua Secretaria Executiva é exercida pelo Secretário-Executivo do MMA.
O Conselho é um colegiado de cinco setores: órgãos federais, estaduais e municipais, setor empresarial e entidades
ambientalistas.

O Conama reúne-se ordinariamente a cada três meses no Distrito Federal, podendo realizar Reuniões Extraordinárias fora do
Distrito Federal, sempre que convocada pelo seu Presidente, por iniciativa própria ou a requerimento de pelo menos 2/3 dos
seus membros. Conheça mais informações sobre as atribuições e atos do Conama. Disponível em: http://www2.mma.gov.
br/port/conama/.

A Constituição Federal de 1988 também se destaca pela institucionalização e ampliação de


espaços participativos, tais como os Conselhos Gestores de Políticas Públicas, nos níveis
municipal, estadual e federal, com representação paritária do Estado e da sociedade civil,
destinados a formular políticas sobre diversas questões (saúde, assistência social, mulheres
etc.).

30
Gestão Ambiental Pública • CAPÍTULO 2

A Política Nacional de Meio Ambiente tem, ainda, como um de seus princípios: “proporcionar
educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade,
objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente”.

A Lei que define Unidades de Conservação também representa um grande avanço no


sentido de ampliar a participação nos processos de criação, implantação e gestão das
UCs. Para tal, estabelece a criação de Conselhos Consultivos ou Deliberativos, de acordo
com o tipo de UC.

Saiba mais

As Unidades de Conservação e a Lei n. 9.985/2000 serão tratadas de forma mais detalhada ao longo do nosso curso.

Conheça a íntegra do texto da lei.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm.

Apesar da importância, a simples criação de espaços de debate não garante a participação


da sociedade, tampouco uma participação eficiente. Fatores como a baixa escolaridade
ocasionam a falta de percepção dos acontecimentos, o que leva ao desinteresse. Outro
fator importante é a inadequada ou ausente divulgação de informações ambientais por
parte do poder público, o que leva também a uma redução da percepção dos problemas
ambientais locais e, consequentemente, pouca motivação da sociedade. De maneira
geral, a grande maioria da população não possui o esclarecimento e capacidades sobre
o assunto que permitam opinar nos processos decisórios.

De acordo com Quintas (2004), cabe ao:

Estado criar as condições necessárias para concretizar o controle social


da gestão ambiental, incorporando a participação de amplos setores
da sociedade nos processos decisórios sobre a destinação dos recursos
ambientais e, assim, torná-los, além de transparentes, de melhor qualidade.

Diversos fatores podem condicionar a participação social. Diversos estão apresentados na


figura 9.

31
CAPÍTULO 2 • Gestão Ambiental Pública

Figura 9. Fatores condicionantes para a participação social.

Fonte: Adaptada de Giaretta, 2012.

Nesse contexto, a EA (BRASIL, 1999) deve proporcionar as condições para o


desenvolvimento das capacidades necessárias para que grupos sociais, em diferentes
contextos socioambientais do País, exerçam o controle social da gestão ambiental pública
(principalmente daqueles historicamente excluídos, nos processos decisórios sobre a
destinação dos recursos ambientais). Portanto, a EA se destaca como um instrumento
estratégico para a participação e o controle social sobre o processo de acesso e uso do
patrimônio ambiental brasileiro.

2.3. Educação Ambiental (EA)

Neste tópico trataremos um pouco sobre a Educação Ambiental (EA) que, como vimos, é
um instrumento muito importante para a participação da sociedade na gestão ambiental.

De acordo com o art. 1o da Lei n. 9.795/1999 (Política Nacional de Educação Ambiental):

Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais


o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e
sua sustentabilidade. (BRASIL, 1999)

32
Gestão Ambiental Pública • CAPÍTULO 2

A EA no processo de gestão ambiental pública tem o objetivo principal de promover a


formação de cidadãos questionadores, além de fornecer às pessoas os conhecimentos
necessários à transformação da realidade em que vivem. Dessa forma, a EA objetiva
promover o controle social nas decisões que afetam a qualidade do meio ambiente.

Figura 10. Educação Ambiental.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/education-concept-tree-knowledge-planting-on-1320625385.

No Brasil, o marco inicial da EA na gestão pública ocorreu com a criação da Sema, tendo
sido estruturada a partir da Coordenadoria de Comunicação Social e Educação Ambiental,
apresentando, desse modo, forte vínculo com a comunicação, tendo um papel de divulgação
de conhecimentos científicos.

Na década de 1980, com a crescente institucionalização das questões ambientais no cenário


das políticas públicas, a EA também ganha destaque. A Lei n. 6.938/1981 situa a EA como
um dos componentes que contribuem para a solução dos problemas ambientais.

De acordo com o art. 2o da Lei n. 9.795/1999 afirma que “A EA é um componente essencial


e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em
todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal”.
(BRASIL, 1999)

Em 2002, foi criado o Decreto n. 4.281, que regulamentou a Lei n. 9.795/1999 e estabeleceu,
dentre outras coisas, a criação do órgão gestor responsável pela coordenação da PNEA,
delimitando a direção desse aos ministros de Estado do Meio Ambiente e da Educação,
cabendo a eles a indicação de representantes responsáveis pelas questões de EA em
cada um dos ministérios. Nesse mesmo ano foi criada a Coordenação Geral de Educação
Ambiental (CGEAM) no Ibama, que teve papel fundamental na construção e delimitação
da EA no âmbito da gestão ambiental pública.

33
CAPÍTULO 2 • Gestão Ambiental Pública

2.3.1. EA no processo de Gestão Ambiental

A EA no processo de gestão ambiental tem o objetivo de proporcionar condições para o


desenvolvimento de capacidades, visando à intervenção qualificada (individual e coletiva),
tanto na gestão do uso dos recursos ambientais quanto na concepção e aplicação de
decisões que afetam a qualidade do meio ambiente. Portanto, a EA deve ser compreendida
como um instrumento capaz de promover a participação e o controle social.

Quincas (2002) afirma que:

Quando pensamos em educação no processo de gestão ambiental, estamos


desejando o controle social na elaboração e execução de políticas públicas,
por meio da participação permanente dos cidadãos, principalmente de
forma coletiva, na gestão do uso dos recursos ambientais e nas decisões
que afetam a qualidade do meio ambiente.

Torna-se necessário, ainda, uma proposta pedagógica engajada na realidade local e a


questão do problema ou conflito ambiental vivenciado. Desse modo, devem ser explicitados
os interesses políticos e econômicos dos diferentes sujeitos sociais e das instituições, os
modos de acesso e uso dos recursos naturais, e os instrumentos jurídicos à disposição e
apresentados os possíveis espaços de participação.

A formação de educadores ambientais, para atuar no processo de gestão ambiental, constitui


uma das metas do Programa Nacional de Educação Ambiental que reforçou a relação e a
importância da EA na gestão ambiental e na formação do gestor público e tem a intenção
de diminuir a carência de educadores atuantes em diversos setores da sociedade, cuja
finalidade está voltada para gestão integrada do meio ambiente.

A Lei n. 9.795/1999, determina, em seu art. 3 o, que incumbe às empresas “promover


programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle
efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo
produtivo no meio ambiente”. (BRASIL, 1999)

O Decreto n. 4.281/2002, em seu art. 6 o, determina a existência de programas de EA


integrados ao licenciamento ambiental. (BRASIL, 2002)

A Instrução Normativa do Ibama no 02/2012 (IBAMA, 2012), estabelece as bases técnicas


para programas de EA apresentados como medidas mitigadoras ou compensatórias, em
cumprimento às condicionantes das licenças ambientais emitidas pelo Ibama. Essa também
colabora para o cumprimento da PNEA (Lei n. 9.795/2012, art. 3o, inciso V):

34
Gestão Ambiental Pública • CAPÍTULO 2

às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover


programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria
e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as
repercussões do processo produtivo no meio ambiente (BRASIL, 1999;
BRASIL, 2002).

A importância da EA no âmbito da gestão ambiental consiste em possibilitar a participação,


no processo decisório, dos grupos historicamente excluídos e em vulnerabilidade
socioambiental. No entanto, a EA não deve ser vista como uma fórmula mágica para a
resolução de problemas ambientais, mas como uma das possíveis vias para a construção
de uma sociedade mais crítica e reflexiva.

2.4. Instrumentos da gestão ambiental

De acordo com Amaral (2013) e Soares (2001), os instrumentos da gestão ambiental têm
como base quatro tipos principais de estratégias:

» Comando e controle: conjunto de regulamentos e normas impostos pelo governo


que tem por objetivo influenciar diretamente as atitudes do agente impactante,
indica padrões a serem cumpridos e as formas de controlar os impactos causados.

» Econômica: visa beneficiar o agente impactante que reduz os impactos (ex.: algum
tipo de recompensa financeira, pela introdução de controle ou tecnologias mais
limpas) ou punir aquele que causa impactos negativos (ex.: pagamento por uma
unidade de poluição gerada ou impacto negativo).

» Autorregulação: baseada na gestão ambiental sob responsabilidade do próprio


agente impactante e controle, pelas forças de mercado, com as seguintes
características: pressão da opinião pública sobre o agente impactante; pressão
exercida por companhias de seguro; consumismo ambiental; acesso privilegiado
a financiamentos.

» Macropolíticas com interface ambiental: são estratégias de desenvolvimento, como


desenvolvimento tecnológico, planejamento energético, planejamento regional e
urbano, EA etc.

Muitos autores apontam que a política de gestão ambiental pública no Brasil baseia-se,
principalmente, em dois tipos de instrumentos: “comando e controle por meio do
licenciamento”, que procura manter os efeitos das atividades antrópicas sob controle;
e “conservação por meio da criação das unidades de conservação da natureza e dos
corredores para a biota”.

35
CAPÍTULO 2 • Gestão Ambiental Pública

Porém, a PNMA apresenta, resumidamente, cinco instrumentos principais (apoiados em


ferramentas, sistemas e metodologias), que são: licenciamento, incentivos econômicos,
inibições econômicas, punição e conservação.

2.4.1. Licenciamento

Este instrumento é baseado em Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), Estudo de Impacto


Ambiental (EIA), Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), Plano de Controle Ambiental
(PCA), Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), Relatório de Avaliação
Ambiental (RAA), Relatório de Controle Ambiental (RCA), Análise de Risco (AR), Estudo
de Viabilidade Ambiental (EVA), Projeto Básico Ambiental (PBA), Termo de Referência
(TR), Audiência Pública (AP), estabelecimento de padrões de qualidade ambiental e no
sistema de informações e cadastro técnico ambiental federal.

Saiba mais

O EIA trata da execução por equipe multidisciplinar de uma análise sistemática das consequências da implantação de
um projeto no meio ambiente, por meio de métodos de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) e técnicas de previsão dos
impactos ambientais. RIMA é o relatório elaborado a partir do EIA, que tem por fim tornar público o estudo ambiental
realizado. Dessa forma, o RIMA deve apresentar as informações em linguagem acessível, de modo que a sociedade possa
entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as consequências ambientais de sua implementação.

Trata-se de um procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente


licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades
utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras
ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando
as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso, como a
Resolução Conama n. 237/1997.

O processo de licenciamento ambiental é embasado nos seguintes documentos legais:

» Lei n. 6.938/1981, que dispõe sobre a PNMA;

» Resolução Conama n. 01/1986, que estabeleceu diretrizes gerais para elaboração do


Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatório de Impacto Ambiental
(RIMA) nos processos de licenciamento ambiental;

» Resolução Conama n. 237/1997, que estabeleceu procedimentos e critérios, e


reafirmou os princípios de descentralização presentes na Política Nacional de
Meio Ambiente e na Constituição Federal de 1988.

36
Gestão Ambiental Pública • CAPÍTULO 2

Você estudará esse tema de maneira mais aprofundada na disciplina “Avaliação de Impactos
Ambientais e Licenciamento”.

Quem licencia? De acordo com a Resolução Conama n. 237/1997 e Parecer Técnico do


MMA n. 312/2004, são responsáveis pelo licenciamento:

» Ibama: quando o impacto é regional (atinge mais de um Estado) ou o


empreendimento seja instalado no mar territorial; na plataforma continental; na
zona econômica exclusiva; em terras indígenas ou em UCs do domínio da União;

» Órgão Estadual: quando o impacto afeta mais de um município;

» Órgão Municipal: quando o impacto é local.

2.4.2. Incentivos econômicos – Fundo Nacional do Meio Ambiente


(FNMA)

O FNMA é uma unidade do Ministério do Meio Ambiente (MMA), criado pela Lei n.
7.797/1989, com a missão de contribuir como agente financiador para a implementação
da PNMA. De acordo com o art. 5 o dessa mesma Lei, são considerados prioritários projetos
nas seguintes áreas (BRASIL, 1989):

I – Unidade de Conservação;

II – Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico;

III – Educação Ambiental;

IV – Manejo e Extensão Florestal;

V – Desenvolvimento Institucional;

VI – Controle Ambiental;

VII – Aproveitamento Econômico Racional e Sustentável da Flora e Fauna


Nativas.

2.4.3. Inibições econômicas – Taxa de Reposição Florestal

Entende-se como “Reposição Florestal” o conjunto de ações desenvolvidas que visam


estabelecer a continuidade do abastecimento de matéria-prima florestal aos diversos
segmentos consumidores, por meio da obrigatoriedade da recomposição do volume
explorado, mediante o plantio com espécies florestais adequadas.

Regulamentada pela Lei n. 12.651, de 25 de maio de 2012, que instituiu o Novo Código
Florestal, a obrigatoriedade de reposição florestal é caracterizada no art. 33, § 1o, da referida

37
CAPÍTULO 2 • Gestão Ambiental Pública

lei, sendo destinada às pessoas físicas ou jurídicas que “utilizam matéria-prima florestal
oriunda de supressão de vegetação nativa ou que detenham autorização para supressão
de vegetação nativa”.

2.4.4. Punição – Lei dos Crimes Ambientais

A Lei de Crimes Ambientais ou Lei da Natureza, Lei n. 9.605/1998, dispõe sobre as sanções
penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. O
capítulo V fala sobre os Crimes contra o meio ambiente que são listados como: Crimes
contra a Fauna, Crimes contra a Flora, Poluição e outros Crimes Ambientais, Crimes contra
o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural, Crimes contra a Administração Ambiental.

Segundo a Lei de Crimes Ambientais, os órgãos ambientais integrantes do Sisnama são


os responsáveis pela execução de programas e projetos e pelo controle e fiscalização dos
estabelecimentos e das atividades suscetíveis de degradarem a qualidade ambiental.

2.4.5. Conservação

Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), corredores ecológicos, restrição


ao uso de recursos naturais nas propriedades privadas (instituídos pela Lei n. 9.880/2000,
entre outras), recuperação ambiental, autossuprimento e reposição florestal.

Sintetizando

O que vimos neste Capítulo?

» O conceito de gestão ambiental pública.

» Os objetivos da gestão ambiental pública.

» Objetivos e instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente.

» O que é Sisnama e qual a sua importância para a gestão ambiental pública.

» O que é gestão ambiental participativa e quais os mecanismos para sua implementação.

» Educação Ambiental como ferramenta da gestão ambiental participativa.

» Instrumentos da gestão ambiental.

38
CAPÍTULO
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
EMPRESARIAL 3
Introdução do Capítulo

Iniciamos os nossos estudos com alguns conceitos importantes para a compreensão do


momento atual, em termos de proteção do meio ambiente. A proposta desse primeiro
momento era inserir o futuro profissional de gestão ambiental na área que será sua fonte
de estudo e atuação.

Seguindo com a nossa imersão pela área, vimos o conceito básico de gestão ambiental e
já somos capazes de diferenciar a gestão ambiental pública, todos os seus instrumentos e
objetivos, do contexto que a gestão ambiental assume quando aplicada à iniciativa privada.

Neste capítulo, estudaremos aspectos importantes da gestão ambiental na iniciativa


privada, especificamente trataremos do Sistema de Gestão Ambiental (SGA), conjunto
de normas, estratégias e procedimentos para gerir uma empresa que tem por objetivo
principal minimizar os impactos de suas atividades no meio ambiente e melhorar a
relação entre a organização e a sociedade.

Para melhor aproveitamento do capítulo, estude com atenção os conceitos e busque


estabelecer conexões com o que já foi visto nesta e em outras disciplinas do curso.

Objetivos

» Apresentar e analisar o SGA nas empresas.

» Elencar os principais modelos de SGA.

» Discutir o papel do gestor ambiental neste processo.

39
CAPÍTULO 3 • Sistema de Gestão Ambiental Empresarial

3.1. A relação entre as empresas e o meio ambiente

Como já estudado, as questões ambientais são, atualmente, tema de grandes discussões em


todo o mundo. Dados científicos, registros jornalísticos, relatos de pessoas que sofreram
ou ainda sofrem com as consequências dos problemas ambientais, formam um imenso
portfólio dessa questão e deixam claro que o tema deve ser tratado com muito cuidado e
seriedade.

Uma das consequências do avanço do debate ambiental é o aumento da pressão política,


social e econômica sobre o setor empresarial, que se vê obrigado, cada vez mais, a modificar
a relação com o meio ambiente, demonstrando compromisso socioambiental.

Para se chegar ao status de empresa ambientalmente correta, é preciso investir em


mudanças de conduta com adoção de uma postura de responsabilidade ambiental. Vale
destacar que essa mudança de postura pode ser fundamental para garantir uma imagem
positiva da empresa junto ao consumidor, além de atender às novas diretrizes presentes
na legislação.

Figura 11. Responsabilidade socioambiental.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/environmental-technology-concept-sustainable-development-
goals-1846479241.

De acordo com Barbieri (2016, p 113), “as preocupações ambientais dos empresários são
influenciadas por três grandes conjuntos de forças que interagem entre si: o governo, a
sociedade e o mercado”.

A sociedade tem papel muito importante nessa nova tendência, não só pelo seu papel
de consumidor, como, também, por influenciar politicamente as instâncias legislativas
e executivas, resultando, muitas vezes, em incremento da legislação ambiental de nosso
país. Por outro lado, o mercado influencia na medida em que as questões ambientais
passaram a ter impactos importantes sobre a competitividade dos países e suas empresas.

40
Sistema de Gestão Ambiental Empresarial • CAPÍTULO 3

Provocação

Em 2015, uma grande marca de roupas foi denunciada por trabalho escravo, e no início de 2016 sete marcas de chocolate
foram acusadas de usar trabalho escravo infantil. Você viu essas denúncias em jornais ou nas redes sociais? Você já soube de
atividades irregulares de alguma marca de seu consumo? Qual foi sua postura diante disso? Reflita sobre o seu consumo!

Assista ao documentário “O lado negro do chocolate”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=zESgFuJ_wy8.

Também como reflexo das mudanças de valores e ideologias da própria sociedade,


observamos hoje consumidores preocupados não apenas com a poluição do ambiente.
Foram incorporadas a essas preocupações valores como a igualdade de oportunidade
(igualdade de gênero), a saúde e a segurança dos trabalhadores, a proteção ao consumidor,
entre outras questões. Dessa forma, a sociedade tem pressionado para que as empresas
incorporem esses valores em seus procedimentos operacionais.

Atenção

Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) abordam as questões de gênero, trabalho, saúde e segurança,
demonstrando a importância desses pontos para alcançar uma sociedade mais sustentável.

Vale a pena relembrar os ODS no capítulo 1 deste livro.

Diante do contexto de adequação às questões ambientais, os sistemas de gestão ambiental


(SGA) são largamente utilizados pelas empresas a fim de se adequarem aos requisitos
ambientais.

3.2. Conceito e análise do SGA nas empresas

Sistema de Gestão Ambiental (SGA) pode ser definido como um conjunto de procedimentos
destinados a gerir ou administrar a organização, de forma melhorar o relacionamento com o
meio ambiente.

A estruturação do SGA requer a formulação de diretrizes, definição de objetivos, coordenação


de atividades e avaliação de resultados de forma integrada com todos os colaboradores da
empresa.

Entre os principais benefícios do estabelecimento do SGA está a possibilidade de obter


melhores resultados com menos recursos devido ao melhor planejamento e coordenação

41
CAPÍTULO 3 • Sistema de Gestão Ambiental Empresarial

das ações. A SGA deve estar presente em todos os projetos de uma organização, assim como,
também, em todas as suas fases (desde seu planejamento, execução até sua desativação).

A proposta central da implantação de um SGA é dotar a empresa de instrumentos que


permitam a redução dos danos ambientais causados por suas atividades, mas de maneira
equilibrada no que diz respeito aos custos de implantação das medidas propostas.

Os principais objetivos de um SGA estão descritos no quadro 4.

Quadro 4. Objetivos do SGA.

Assegurar a conformidade com as leis locais, regionais, nacionais e internacionais;


Estabelecer políticas internas e procedimentos para que a organização alcance os objetivos ambientais propostos;
Identificar e administrar os riscos empresariais resultantes dos riscos ambientais;
Identificar o nível de recursos e de pessoal apropriado aos riscos e aos objetivos ambientais, garantindo sua
disponibilidade quando e onde forem necessários.

Fonte: Elaborado pela autora.

O SGA é baseado em diferentes modelos de Gestão Ambiental, alguns dos quais trataremos
mais adiante, sendo, o mais utilizado, aquele baseado na Norma ISO 14001, que permite a
certificação por meio do cumprimento de procedimentos e iniciativas, além do respeito à
legislação local. Trataremos a ISO 14001 com mais detalhes no próximo capítulo.

Atenção

O gestor ambiental, ao atuar nesta área, deve conhecer a legislação, de modo a planejar suas atividades de conforme
exigido em lei, evitando repercussões judiciais negativas e problemas com a comunidade. Além disso, cabe a ele selecionar
equipamentos mais eficientes, diminuindo os impactos poluidores do ambiente.

O livro “Gestão ambiental no mercado empresarial”, dos autores Ângelo de Sá Mazzarotto e Rodrigo Berté, da Editora
Intersaberes, traz uma boa visão desse campo de atuação.

O livro está disponível na biblioteca da instituição.

Apesar de a proposta de redução de custos em longo prazo há, ainda, em algumas


organizações, a ideia de que as mudanças necessárias para a aplicação do SGA não são
vantajosas do ponto de vista econômico, portanto não é incomum encontrar empresas
que não disponham de políticas ambientais ou que as tenham apenas como parte do
protocolo.

Contudo, a implantação de SGA tem ganhado cada vez mais espaço, contribuindo de
forma considerável para a melhoria da imagem das empresas perante a opinião pública.

42
Sistema de Gestão Ambiental Empresarial • CAPÍTULO 3

Os benefícios da implantação do SGA podem ser divididos em dois grupos: “Benefícios


Econômicos” ou “Benefícios Estratégicos”, sendo esses importantes motivadores da
aplicação do sistema.

Para melhor compreensão da dimensão de um SGA bem estruturado, no quadro 5 são


apresentados os principais entre esses benefícios.

Quadro 5. Benefícios econômicos e estratégicos do SGA.

Economia de custos:
» Economias por redução de recursos (água, energia, insumos);
» Redução de não conformidades ambientais, acarretando multas.
Benefícios Econômicos Incrementos e receitas:
» Aumento da contribuição com a criação de “produtos verdes”, vendidos a preços mais altos;
» Novas linhas de produtos para o mercado;
» Aumento na busca por produtos que impactem menos o meio ambiente.
» Melhoria da imagem no mercado;
» Renovação do portfólio de produtos;
» Aumento da produtividade;
» Aumento no comprometimento pessoal;
Benefícios Estratégicos
» Melhoria nas relações de trabalho;
» Melhoria das relações com órgãos governamentais, comunidades e grupos ambientalistas;
» Melhoria no mercado externo;
» Melhor e mais rápido para a adequação às mudanças dos padrões ambientais futuros.

Fonte: Adaptado de Vieira e Brito (2016).

Um dos pontos do SGA é a escolha da abordagem para lidar com os problemas ambientais.
De acordo com Barbieri (2016), como estratégia empresarial há três possíveis abordagens:
controle de poluição, prevenção de poluição e abordagem estratégica. A escolha
da estratégia a ser utilizada baseia-se na visão estratégica da empresa e no grau de
envolvimento com as questões ambientais.

A seguir, trataremos de forma mais detalhada de cada uma das abordagens, tratando um
pouco de suas principais características e estratégias.

3.2.1. Controle da poluição

Esta é a abordagem que se caracteriza por práticas administrativas e operacionais que


visam impedir os efeitos da poluição gerada por determinado processo produtivo.

43
CAPÍTULO 3 • Sistema de Gestão Ambiental Empresarial

Figura 12. Abordagem Controle de Poluição.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/businessman-hand-showing-pollution-control-227373430.

A empresa foca em ações a partir de uma postura reativa, empreendendo seus esforços
na busca de soluções pontuais para os efeitos negativos de seus produtos e processos
produtivos. A forma de atuação dentro dessa abordagem preconiza a realização das
práticas de forma a evitar alterações significativas nos processos e nos produtos. Em
geral, são utilizadas tecnologias de remediação ou tecnologias de controle final do
processo ou um tubo (end-of-pipe), essas soluções não são inadequadas, mas podem
não ser suficientes.

Já o controle no final do processo ou End of pipe control é a implantação de dispositivos


que detêm a poluição antes que ela seja liberada para o ambiente. Exemplos de controle
no final dos processos são estações de tratamento, filtros e incineradores.

Sugestão de estudo complementar

É importante destacar que as soluções end-of-pipe nem sempre eliminam todos os problemas.

Em uma planta de tratamento de efluentes de uma indústria têxtil, por exemplo, é gerado lodo resultante do processo de
coagulação/floculação/sedimentação. Esse lodo precisa de uma destinação final adequada.

Leia a dissertação que aborda o assunto: “Tratamento de efluente de indústria têxtil por reator biológico com leito móvel”, de
Cássio Renato Soler. Disponível em: http://riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/994/1/CT_PPGCTA_Soler%2C%20Cassio%20
Renato_2013.pdf.

Em suma, nesta abordagem, as ações são corretivas, com o objetivo principal de cumprir
a legislação e as normas e dar respostas à comunidade. Basicamente a administração
enxerga essa abordagem como um custo adicional e não costuma se envolver nas ações
de forma mais abrangente.

Em geral, este é o primeiro passo do SGA, sendo o desafio colocado ao gestor ambiental
encontrar soluções tecnológicas que sejam capazes de solucionar os efeitos negativos da
poluição, sem alterar significativamente os processos de produção e o produto final da empresa.

44
Sistema de Gestão Ambiental Empresarial • CAPÍTULO 3

3.2.2. Prevenção da poluição

Essa abordagem tem como foco a atuação sobre os produtos e processos produtivos. A ideia
aqui é evitar, reduzir ou modificar a geração da poluição. As ações não são tomadas para
resolver o problema após a sua geração, pelo contrário, elas buscam uma produção mais
eficiente (aumento da produtividade) que resultará em menor utilização de materiais e de
energia, melhorando as condições de mercado e a imagem da empresa.

O uso eficiente dos insumos é a preocupação principal dessa abordagem. A postura


é reativa e proativa, em que as empresas inspiradas em padrões de ecoeficiência
estabelecem mudanças radicais em seus processos, evitando a poluição antes que ela
seja gerada. O uso de fontes de energia mais eficientes é capaz de reduzir resíduos,
além de diminuir gastos com materiais, energia e descarte.

As ações tomadas são corretivas e preventivas visando à conservação e substituição de


insumos e o uso de tecnologias limpas. O processo, além de promover o aumento da
produtividade, culmina também em redução de custos.

Um ponto interessante sobre essa abordagem é que ela envolve diversas áreas dentro da
empresa, como produção, compras, desenvolvimento de produto e marketing.

Contudo, é importante destacar que, apesar dos benefícios apontados, essa tecnologia só é
válida se conciliada com um controle final do processo, visto que é praticamente inevitável
que uma produção gere produtos que devem ser tratados e descartados.

Os instrumentos para o uso sustentável dos recursos podem ser sintetizados por quatro Rs
(redução de poluição na fonte, reuso, reciclagem e recuperação).

3.2.3. Abordagem estratégica

Representando um avanço do SGA, algumas empresas adotam posturas proativas em


relação ao meio ambiente, por meio da incorporação dos fatores ambientais nas metas,
políticas e planejamento estratégico da empresa. A empresa, além de considerar os riscos
e os impactos ambientais de seus processos produtivos, passa a se preocupar também
com os produtos gerados.

Saiba mais

Planejamento estratégico é uma competência da administração que auxilia gestores a pensar no longo prazo de uma
organização. Alguns itens e passos cruciais para o plano estratégico são: missão, visão, objetivos, metas, criação de planos de
ação e seu posterior acompanhamento. (GHERMANDI, 2014)

45
CAPÍTULO 3 • Sistema de Gestão Ambiental Empresarial

De acordo com Barbieri (2016), o interesse das organizações com os problemas ambientais
assume importância estratégica conforme aumenta o interesse da opinião pública em
questões ambientais, bem como dos consumidores, investidores e ambientalistas.

Esta abordagem pode trazer inúmeros benefícios estratégicos como os descritos no quadro 6.

Quadro 6. Benefícios da abordagem estratégica.

Melhoria da imagem institucional;


Renovação do portfólio de produtos;
Aumento da produtividade;
Maior competitividade dos colaboradores e melhores relações de trabalho;
Criatividade e abertura para novos desafios;
Melhores relações com autoridades públicas, comunidade e grupos ambientalistas e ativistas;

Fonte: Adaptado de Barbieri, 2016.

Saiba mais

Os Pagamentos por Serviços Ambientais são um bom exemplo de abordagem estratégica. O Conselho Empresarial Brasileiro
para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) lançou um projeto intitulado “Valoração da Biodiversidade e dos Serviços
Ecossistêmicos”, que tem por objetivo auxiliar as empresas a incorporarem esses temas em sua gestão estratégica.

Para entender melhor essa relação, leia o documento “Pagamento por Serviços Ambientais: Recomendações para o Marco
Regulatório Brasileiro”. Disponível em: https://cebds.org/publicacoes/pagamento-por-servicos-ambientais/#.YDPL-OhKjIU.

Em suma, esta abordagem é baseada em avaliação dos fatores externos que condicionam
a competitividade da organização, que podem ser identificadas a partir de avaliações das
demandas da sociedade, previsões tecnológicas, projetos de leis, normas nacionais ou
internacionais.

Os três tipos de abordagem podem ser considerados como as diferentes fases de um processo
de implementação gradual do SGA em uma empresa.

Essa sequência também nos remete à história da construção do SGA no mundo, que
inicialmente se caracterizava por uma postura mais corretiva, até os dias atuais, quando
cresce a tendência das empresas a terem uma postura proativa, de modo que as questões
ambientais sejam incorporadas à administração global do empreendimento.

No Brasil, observamos que algumas organizações se encontram na primeira fase (controle


da poluição), enquanto a maioria se encontra na segunda fase (prevenção da poluição)
e apenas uma minoria na terceira fase (GRAVINA, 2008). No entanto, como vimos
anteriormente, percebe-se uma tendência das empresas em buscarem implantar um SGA
mais efetivo, a fim de responder às demandas do mercado.

46
Sistema de Gestão Ambiental Empresarial • CAPÍTULO 3

3.3 Modelos de gestão ambiental

Os modelos de gestão ambiental são construções conceituais que orientam as atividades


administrativas e operacionais da empresa a fim de alcançar objetivos definidos. Dessa
forma, permitem orientar a maneira pela qual as questões ambientais são tratadas por
diferentes pessoas e em momentos e locais distintos.

Esses modelos começaram a ser criados na década de 1980 e se caracterizam por sua
especificidade para cada dado setor. No entanto, há modelos genéricos concebidos para
serem implementados em empresas de qualquer setor e combinam as três abordagens
descritas anteriormente. A seguir, trataremos de alguns desses modelos.

3.3.1 Administração da Qualidade Ambiental Total (TQEM)

Criado em 1990 pelo Global Environmental Management Initiative (GEMI), esse modelo
é uma ampliação do modelo de administração da Qualidade Total (TQM: do inglês Total
Quality Management), uma vez que incorpora a variável ambiental.

Saiba mais

A GEMI é uma organização de líderes de sustentabilidade corporativa de nível diretor e gerente, dedicada a promover a
excelência da sustentabilidade ambiental global por meio do compartilhamento de ferramentas e informações.

A definição de Gestão da Qualidade Total (TQM) é uma abordagem de gestão para o sucesso em longo prazo por meio da
satisfação do cliente. Em um esforço TQM, todos os membros de uma organização participam da melhoria dos processos,
produtos, serviços e da cultura em que trabalham.

Fonte: http://gemi.org/. / https://www.fm2s.com.br/qualidade-total.

Este modelo tem como elementos básicos o foco no cliente, a qualidade como dimensão
estratégica, os processos como unidade de análise, a participação de todos os integrantes
da organização, a parceria com clientes e fornecedores, e a melhoria contínua.

Portanto, a qualidade ambiental no TQEM é a superação das expectativas dos clientes em


termos ambientais e sua meta é a poluição zero. Uma ação típica desse modelo é a eliminação
das causas dos problemas ambientais nas atividades rotineiras da empresa, como, por
exemplo, o consumo adicional de energia para o transporte de materiais em função dos
locais dos equipamentos e instalações. Sendo assim, as melhorias devem ser realizadas
continuamente em todas as atividades.

Finalmente, a identificação dos custos ambientais é uma preocupação constante do TQEM.


Esses custos são classificados em quatro categorias, como pode ser observado no quadro 7.

47
CAPÍTULO 3 • Sistema de Gestão Ambiental Empresarial

Quadro 7. Categorias ambientais de acordo com o modelo TQEM.

CATEGORIAS CUSTOS AMBIENTAIS


Custos com atividades para reduzir futuros impactos ambientais adversos. Ex.: treinamento de
PREVENÇÃO
pessoal, substituir materiais tóxicos, realizar manutenção preventiva etc.
Custos para assegurar o atendimento às normas legais e à política ambiental da empresa. Ex.:
AVALIAÇÃO
testes, auditorias e certificações etc.
Custos decorrentes de problemas ambientais localizados dentro da empresa. Ex.: desperdício de
FALHAS INTERNAS
materiais, recuperação de áreas degradadas da própria empresa, indenização a trabalhadores etc.
Custos decorrentes de problemas ambientais localizados fora da empresa. Ex.: taxas e impostos
FALHAS EXTERNAS
ambientais, programas ambientais compensatórios em comunidades afetadas etc.

Fonte: Gonçalves, 2013.

3.3.2 Produção mais limpa (P+L) ou cleaner production

Esse modelo, desenvolvido na década de 1990, pelo PNUMA e pela Organização das Nações
Unidas para o Desenvolvimento Industrial, baseia-se na prevenção aplicada a processos,
produtos e serviços, de modo a minimizar os impactos sobre o meio ambiente.

A P+L é uma ferramenta que contribui de maneira bastante acessível e prática para a
prevenção de impactos negativos ao meio ambiente, por promover o melhor gerenciamento
dos recursos energéticos e minimizar os resíduos produzidos, podendo gerar lucros com
as economias alcançadas.

Esse modelo requer ações para conservar energia e matéria-prima, suprimir substâncias
tóxicas, reduzir desperdícios e evitar a contaminação dos produtos.

O quadro 8 apresenta as principais vantagens desse modelo.

Quadro 8. Vantagens da P+L.

A redução da quantidade de materiais e energia usados, apresentando, assim, um potencial para soluções econômicas.
A minimização de resíduos, efluentes e emissões.
A responsabilidade pode ser assumida para o processo de produção como um todo e os riscos no campo das
obrigações ambientais e da disposição de resíduos podem ser minimizados.

Fonte: Adaptado de Marques, 2018.

O CNTL (Centro de Tecnologias Limpas/Senai-RS) propõe que o desenvolvimento do


modelo esteja fundamentado na escala de prioridades para prevenção de resíduos, ou
seja, os níveis de aplicação da produção mais limpa, que podem ser visualizados na
figura 13.

A P+L, então, aborda a minimização de resíduos e emissões (níveis 1 e 2) e a reutilização


de resíduos e emissões (nível 3). Dentre os três níveis, o nível 1 deve ser tomado como
objetivo principal, mudando-se para os níveis 2 ou 3, respectivamente, apenas quando
todas as opções do nível anterior forem tecnicamente descartadas. O nível 1 da P+L

48
Sistema de Gestão Ambiental Empresarial • CAPÍTULO 3

enfoca a redução na fonte, englobando melhorias que possam ser alcançadas, decorrentes
tanto de modificações no processo quanto de modificações no produto.

Saiba mais

Alguns autores identificam mais etapas de procedimentos metodológicos para o levantamento de dados da Produção Mais
Limpa, sendo composta por cinco fases: Fase 1 – pré-avaliação; Fase 2 – Diagnóstico ambiental; Fase 3 – Identificação das
oportunidades; Fase 4 – Fase de monitoramento; Fase 5 – Definição de indicadores.

Saiba mais sobre o assunto. Disponível em: http://revistaeletronicaocs.unicruz.edu.br/index.php/CIENCIAETECNOLOGIA/


article/view/8122.

Figura 13. Níveis de aplicação da produção mais limpa.

Fonte: Barbieri 2011.

As modificações no processo abrangem todo o sistema de produção dentro da empresa,


e podem ser decorrentes de medidas de boas práticas operacionais, substituição de
matérias-primas e mudança de tecnologia. A seguir, abordamos mais detalhadamente
essas medidas.

» Boas práticas operacionais (good housekeeping): por envolver menores


investimentos de capital, normalmente é o primeiro tópico a ser abordado

49
CAPÍTULO 3 • Sistema de Gestão Ambiental Empresarial

na busca da melhoria do desempenho dos processos operacionais com a


minimização de resíduos, efluentes e emissões por meio de adoção de medidas
de procedimento, técnicas, administrativas ou institucionais, que podem incluir:

› Utilização cuidadosa de matérias-primas e materiais auxiliares.

› Operação adequada de equipamentos.

› Alterações nas dosagens e nas concentrações de produtos.

› Elevar ao máximo o aproveitamento da capacidade do processo produtivo.

› Reorganização da programação dos intervalos de limpeza e manutenção.

› Eliminar perdas devido a evaporação e vazamentos.

› Otimização da logística de compra, estocagem e distribuição de matérias-primas,


materiais auxiliares e produtos.

› Elaboração de manuais de boas práticas operacionais.

› Treinamento e capacitação dos colaboradores.

» Substituição de matérias-primas (e materiais auxiliares): além do intuito de


eliminar elementos tóxicos que afetem a saúde e a segurança do trabalhador,
busca-se evitar a geração de resíduos, efluentes e emissões que gerem impactos
adversos ao meio ambiente, podendo incluir:

› Substituição de solventes orgânicos por agentes aquosos e produtos


petroquímicos por bioquímicos.

› Utilização de matérias-primas com menor teor de impurezas e menor


possibilidade de gerar subprodutos indesejáveis.

› Trocas de fornecedores.

› Utilização de resíduos de outros processos como matérias-primas.

› Alteração dos materiais das embalagens das matérias-primas.

› Utilização de matérias-primas biodegradáveis.

› Redução da complexidade dos processos pela diminuição do número de componentes.

› Eliminação do uso de substâncias que contenham metais pesados.

› Buscar a utilização de matérias-primas que facilitem o sistema de fim de vida de


produtos.

50
Sistema de Gestão Ambiental Empresarial • CAPÍTULO 3

» Mudança de tecnologia: as alterações neste campo são orientadas para a melhoria


da performance ambiental (redução de resíduos, efluentes e emissões) por meio de
modificações do processo produtivo e/ou dos equipamentos utilizados. Pode envolver
desde simples alterações até mudanças complexas e onerosas, a exemplo da substituição
completa de um processo, podendo incluir:

› Alterações de processos termoquímicos para processos mecânicos.

› Utilização de fluxos em contracorrente.

› Emprego de tecnologias que permitam a segregação de resíduos e efluentes.

› Alterações de parâmetros de processo.

› Aproveitamento de calor residual.

› Mudança total da tecnologia empregada.

As modificações no produto buscam eliminar características que sejam ecologicamente


indesejáveis. Modificações nesse nível possuem uma abordagem complexa, pois envolvem a
aceitação por parte dos consumidores de um produto novo ou renovado, podendo apresentar
alterações (positivas ou negativas) quanto a padrões de qualidade e durabilidade, sendo,
portanto, geralmente adotadas somente após terem sido esgotadas as opções mais simples.

As modificações no produto podem incluir: substituição total do produto; acréscimo na


longevidade do produto; alteração de matérias-primas; alteração do design do produto;
utilização de matérias-primas recicláveis ou recicladas; substituição de componentes
críticos; diminuição do número de componentes; tornar viável o retorno de produtos
e melhor aproveitamento da matéria-prima por meio da alteração de dimensões e/ou
substituição de itens.

Atenção

Observe que os níveis 2 e 3 da P+L apresentam como fator comum a reciclagem.

O nível 2 enfoca a reciclagem interna, englobando as melhorias que possam ser alcançadas decorrentes da recuperação de
materiais já utilizados no processo (matérias-primas, materiais auxiliares e insumos), dentro da própria planta industrial,
podendo ser usados novamente para o mesmo propósito ou para propósitos diferentes dos originais.

O nível 3 engloba a reciclagem externa e ciclos biogênicos, enfocando os procedimentos que possam ser executados
externamente à empresa, sobre os resíduos, efluentes e emissões gerados pela própria empresa, podendo promover a
reintegração dos materiais ao ciclo biogênico (por meio da compostagem, por exemplo) e/ou o retorno desses materiais ao
ciclo econômico, por meio da utilização deles em atividades externas à empresa que os originou.

Caso ainda não esteja claro o conceito de reciclagem, busque-o na norma ABNT NBR 15.702:2009. Disponível em: https://
www.montealegredosul.sp.gov.br/up/anexo/1600283847.pdf

51
CAPÍTULO 3 • Sistema de Gestão Ambiental Empresarial

O conceito de P+L pode ser expandido, indo além do foco tradicional, que é a produção e o
processo de fabricação, incorporando, também, o início do processo. Para tal, é importante
pensar no ciclo de vida do produto. Esse processo inclui os impactos ambientais, sociais e
econômicos sobre todo o ciclo de vida do produto ou serviço.

Na filosofia do pensamento do ciclo de vida, o produto é analisado de maneira holística,


considerando-se todas as suas fases de produção e seus deslocamentos.

A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV ) constitui uma ferramenta que possibilita avaliar
os aspectos ambientais e os impactos potenciais, desde a aquisição da matéria-prima,
passando pela produção e uso, até a disposição final do produto (“do berço ao túmulo” –
em inglês, from cradle to grave).

Em resumo, pode-se dizer que o ACV é uma análise do balanço de massa e de energia de
determinado produto ou serviço, quantificando os fluxos de entrada e de saída de energia e
de materiais ao longo do seu ciclo de vida.

Na definição da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (em inglês Environmental
Protection Agency – EPA), a Avaliação do Ciclo de Vida é “uma ferramenta para avaliar, de
forma holística, um produto ou uma atividade durante todo o seu ciclo de vida”. (VIGON
et al., 1993)

Nesse sentido, a ACV proporciona uma visão completa do ciclo de vida do produto ou
serviço, que permite uma avaliação do impacto ambiental de cada etapa do processo e,
assim, identifica as possíveis alternativas em cada interação, possibilitando a otimização
do planejamento do sistema em termos de gestão ambiental ao reduzir o consumo dos
recursos naturais e a geração de resíduos. Esta avaliação é aplicada principalmente para
comparação de produtos que exercem a mesma função.

Existe uma série de softwares, desenvolvidos por centros de pesquisas, universidades e


empresas do mundo todo, que realizam a Avaliação do Ciclo de Vida dos mais variados
produtos (e.g. EDIP, SimaPro, GEMIS, Umberto, TEAM, LEAP, EMIS, Regis, OpenLCA, Green-e,
BEES, PEMS 4, GABI, entre outros).

Dentre esses, o software alemão GABI contabiliza os impactos ambientais para a atmosfera,
água e solo e oferece a possibilidade de ser feita uma análise comparativa entre balanços de
impactos e custos ambientais dos produtos e serviços analisados (GABI SOFTWARE, 2014).

52
Sistema de Gestão Ambiental Empresarial • CAPÍTULO 3

Sugestão de estudo complementar

Para se aprofundar na questão dos softwares utilizados para ACV recomendamos a leitura do artigo a seguir:

CAMPOLINA, J. M. et al. Uma revisão de literatura sobre softwares utilizados em estudos de Avaliação do Ciclo de Vida. Rev.
Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental. v. 19, n. 2, mai-ago. 2015, pp. 735-750.

Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/reget/article/download/15494/pdf.

De acordo com as normas NBR ISO 14040 e 14044, a elaboração de um estudo de ACV é
estruturado em quatro fases. No Quadro 9 é possível ver a descrição dessas etapas.

Quadro 9. Etapas da ACV.

Fase 1. Esta fase é fundamental para a condução do estudo. Deve se basear na clara
definição do sistema de produto e na definição de unidade funcional, que está
Definição do Objetivo e Escopo intimamente ligada ao uso, à finalidade do produto.
Esta fase refere-se à coleta de dados e ao estabelecimento dos procedimentos de
cálculo, quantificando-se todas as interações entre o meio ambiente e o sistema
do ciclo de vida do produto, para que se possa facilitar o agrupamento desses
dados em categorias ambientais de modo semelhante a um balanço contábil.
Fase 2. Considera-se nessa fase que tudo que entra deve ser igual ao que sai do sistema
em estudo, em termos de energia ou massa, desde a extração das matérias-
Análise do Inventário primas até o descarte final do produto.
Procedimentos aos quais são submetidos os dados visando à consolidação do
Inventário do Ciclo de Vida (ICV).
Incluem: alocação e correlação de dados à unidade funcional
A avaliação do impacto refere-se à identificação e à avaliação em termos de
impactos potenciais ao meio ambiente que podem ser associados aos dados
Fase 3. Avaliação do Impacto obtidos no inventário.
Essa fase relaciona o inventário de aspectos ambientais aos problemas
ambientais deles decorrentes.
A interpretação inclui a avaliação, e o resultado é a conclusão do estudo. A
avaliação engloba a discussão ou análise de aspectos como: consistência,
completude e sensibilidade.
Na análise de consistência verificam-se diversos aspectos, como uso de
referências, qualidade dos dados, métodos para alocação de subprodutos ou
Fase 4. Interpretação delimitação do sistema.
A análise de completude pode incluir a discussão do número de plantas e
amostras investigadas, assim como o número de dados que não foram incluídos.
Sensibilidade é a técnica que determina o quanto as mudanças nos dados e nas
escolhas metodológicas afetam os resultados da Avaliação do Inventário do Ciclo
de Vida (AICV).

Fonte: NBR ISO 14001 (ABNT, 2004).

3.3.3 Ecoeficiência

Este modelo foi introduzido em 1992 pelo Business Council for Sustainable Development
(atual World Business Council for Sustainable Development – WBCSD).

53
CAPÍTULO 3 • Sistema de Gestão Ambiental Empresarial

Saiba mais

A World Business Council for Sustainable Development ou Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento
Sustentável é uma associação mundial de cerca de 200 empresas tratando exclusivamente de negócios e desenvolvimento
sustentável.

Conheça mais sobre essa instituição. Disponível em: https://www.wbcsd.org/.

Caracteriza-se como ecoeficiente a organização que consegue produzir mais e melhor, com
menos recursos (materiais e energia) e menos resíduos, diminuindo, portanto, as pressões
sobre o ambiente. Nesse sentido, uma empresa torna-se eficiente ao focar suas práticas em:

» minimizar a intensidade de materiais nos produtos e serviços;

» minimizar a intensidade energética nos produtos e serviços;

» minimizar a dispersão de substâncias tóxicas pela empresa;

» fomentar a reciclabilidade de seus materiais;

» maximizar a utilização sustentável de recursos renováveis;

» estender a durabilidade dos produtos da empresa;

» aumentar a intensidade dos serviços em seus produtos e serviços.

Segundo Barbieri (2016), o progresso na implantação das práticas ecoeficientes pode ser
estimado pela seguinte razão:

Eficiência Ambiental = Valor do produto ou serviço (1) / influência ambiental (2)

Onde,

(1) termos monetários (receita líquida de vendas);

(2) unidades vendidas.

Esse fator de eficiência pode ser usado para medir o desempenho ambiental da empresa.
Se comparado a diferentes períodos, por exemplo, esse fator contribui para análise de seu
desempenho no cumprimento de metas estabelecidas ou auxilia em planejamentos futuros.

A ecoeficiência, apesar de apresentar uma proposta similar ao modelo de P+L, diferencia,


principalmente por valorizar como nível 1 a reciclagem (interna e externa) e fazer
recomendações quanto à durabilidade dos produtos.

54
Sistema de Gestão Ambiental Empresarial • CAPÍTULO 3

Sugestão de estudo complementar

Para se aprofundar na questão ecoeficiência, recomendamos a leitura do artigo a seguir:

NORO, G.B et al. A ecoeficiência e a gestão sustentável: um estudo de caso. Anais do IX Simpósio de Excelência em Gestão e
Tecnologia – Seget. 2012.

Disponível em: https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos12/981662.pdf.

3.3.4 Marketing verde

O marketing verde, conhecido também como marketing ecológico, é uma modalidade que
visa atender às necessidades impostas pelos clientes, que buscam produtos cada vez mais
naturais, pouco processados ou que impactem o mínimo possível o meio ambiente.

Este termo surgiu por volta da década de 1970, quando os impactos do marketing sobre
o meio ambiente natural passaram a ser discutidos, como uma estratégia de divulgação
dessas ações sustentáveis, demonstrando esse diferencial qualitativo para o público,
garantindo a sua sobrevivência no mercado.

Saiba mais

Outro termo interessante vinculado ao assunto marketing verde é greenwashing, cuja mensagem da empresa sobre as
atividades ecológicas não corresponde com a real prática, sendo como uma “maquiagem verde”, usada apenas para enganar
e lucrar com o mercado sustentável.

O greenwashing pode ter consequências desastrosas para as empresas, pois pode afetar significativamente seus lucros e criar
uma visão negativa no mercado.

Segundo a American Marketing Association, o marketing verde é “o desenvolvimento e


comercialização de produtos destinados a minimizar os efeitos negativos sobre o ambiente
físico ou melhorar sua qualidade” ou “esforços das organizações para produzir, promover,
embalar e reivindicar produtos de forma sensível ou receptiva às preocupações ecológicas”.

Figura 14. Marketing Verde.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/hand-holding-megaphone-promote-eco-friendly-89077168.

55
CAPÍTULO 3 • Sistema de Gestão Ambiental Empresarial

Entretanto, esse mercado ecologicamente correto ainda enfrenta diversas dificuldades,


pois tais produtos geralmente apresentam preços mais elevados por conta dos seus custos
adicionais. Portanto, cabe à sociedade entender a importância de pagar um preço mais
caro, sabendo que aquele produto ou atividade, de alguma forma, agride menos o meio
ambiente.

Sugestão de estudo complementar

Para se aprofundar na questão marketing verde, recomendamos a leitura do artigo a seguir:

LOPES, V.N. et al. Marketing verde e práticas socioambientais nas indústrias do Paraná. R. Adm., São Paulo, v. 49, n. 1, pp.
116-128, jan./fev./mar. 2014.

Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0080210716303272.

O esclarecimento e o entendimento da importância da compra de um produto ou serviço


mais caro nesse contexto só irão ocorrer se a população estiver muito bem comprometida
e sensibilizada com as causas ambientais, por isso a educação ambiental é extremamente
importante para o progresso das ações sustentáveis.

Para refletir

Vale destacar que as questões socioeconômicas também fazem diferença no sucesso dessa estratégia, visto que uma grande
parcela da população não dispõe de recursos para investir em produtos mais caros, ainda que estes atendam às demandas
ambientais, por isso iniciativas como as metas traçadas pelos ODS são fundamentais para o desenvolvimento sustentável e
preservação ambiental.

3.3.5 Projeto para o meio ambiente ou design for environment

Surgiu em 1992, em resposta às preocupações das empresas da indústria eletrônica em


incorporar a consciência ambiental em seus produtos.

Esse modelo, também conhecido como ecodesign, é centrado na fase de concepção dos
produtos e seus respectivos processos de produção, distribuição e utilização. Tem como
diferencial a integração de atividades e disciplinas até então trabalhadas em termos
estratégico e operacional separadamente, tais como: saúde e segurança dos trabalhadores
e consumidores, conservação de recursos, prevenção de acidentes e gestão de resíduos.

A ideia fundamental do DfE é enfrentar os possíveis problemas ambientais na fase de


projeto, evitando, assim, maiores dificuldades e custos nas etapas seguintes de execução.
Nesse sentido, pretende-se eliminar os problemas ambientais antes que eles surjam.

56
Sistema de Gestão Ambiental Empresarial • CAPÍTULO 3

Pazmino (2007) listam algumas diretrizes do Ecodesing, que são: reduzir a utilização de
recursos naturais e de energia; usar materiais não prejudiciais (danosos, perigosos); menos
processos produtivos; usar materiais renováveis; usar materiais recicláveis.

Sugestão de estudo complementar

Para se aprofundar na questão do ecodesign, recomendamos a leitura do artigo a seguir:

TIBURTINO-SILVA, L. A. et al. Ecodesign na perspectiva do desenvolvimento local e da sustentabilidade. Interações (Campo


Grande), Campo Grande, v. 19, n. 1, pp. 93-102, Jan. 2018. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-70122018000100093&lng=en&nrm=iso.

Os modelos estudados são diferentes por determinadas características, porém eles podem
ser combinados para serem adequados às singularidades de cada empresa.

Independentemente do modelo adotado, o SGA deve contribuir para a adequação da


organização às exigências legais e promover melhorias contínuas para garantir sua
competitividade.

Sugestão de estudo complementar

É muito interessante conhecer como ocorre a aplicação de um Sistema de Gestão Ambiental, aumentando a visão global
deste processo. Busque referências bibliográficas e exemplos de aplicação.

Para começar, recomendamos o artigo a seguir:

RABELO, F. C. et al. Proposta de implantação e auditoria do sistema de gestão ambiental em uma microempresa de
confecção de roupas, em Goiânia (GO). 1o Congresso Sul-americano de Resíduos Sólidos e Sustentabilidade. Gramado-RS,
Jun. 2018. Disponível em: http://www.ibeas.org.br/conresol/conresol2018/I-029.pdf.

Em resposta à competitividade das empresas no mercado internacional, foram criadas


algumas propostas com o intuito de regulamentar o SGA de modo voluntário, como
a da Câmara Internacional do Comércio (ICC, da sigla em inglês) e a do Conselho da
Comunidade Europeia.

Saiba mais

Saiba mais sobre os modelos propostos pelas organizações citadas nos links a seguir:

http://www.falandodegestao.com.br/gestao-ambiental-sistema-de-gestao-ambiental-e-a-serie-abnt-nbr-iso-14000/.

https://www.ceramicaindustrial.org.br/article/587657297f8c9d6e028b46f2/pdf/ci-11-2-587657297f8c9d6e028b46f2.pdf.

https://books.google.com.br/books?id=ASFnDwAAQBAJ&printsec=frontcover&hl=pt-BR.

57
CAPÍTULO 3 • Sistema de Gestão Ambiental Empresarial

Este capítulo trouxe conceitos e análises importantes a respeito do Sistema de Gestão


Ambiental. É importante buscar outras fontes de estudo e procurar conectar os temas
trabalhados dentro da disciplina, construindo novos saberes e desenvolvendo habilidades
e competências indispensáveis ao exercício da profissão.

Sintetizando

O que vimos neste Capítulo?

» A relação das empresas com o meio ambiente.

» A importância do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) para as empresas.

» As diferentes abordagens para que o tema de meio ambiente seja tratado pelas empresas.

» A definição de SGA e seus objetivos principais.

» O papel do gestor ambiental na aplicação do SGA.

» Diferentes modelos de SGA, com destaque para a produção mais limpa.

58
CAPÍTULO
ECONOMIA VERDE 4
Introdução do Capítulo

No capítulo 3 tratamos dos principais aspectos relacionados ao Sistema de Gestão


Ambiental, instrumento importante para a eficiência da gestão ambiental nas empresas.

Nesse contexto, tivemos acesso a diferentes modelos de Gestão Ambiental e instrumentos


que poderiam ser aplicados para melhorias do relacionamento entre empresa e meio
ambiente.

Agora, neste capítulo 4, veremos algumas formas pelas quais as empresas podem mudar seus
processos produtivos por meio de mecanismos que podem ser utilizados pelas empresas a
fim de adotar uma Economia Verde, tornando seus negócios mais sustentáveis.

Nesse contexto, trataremos do Mercado de Carbono, seus principais aspectos e sua


importância para a sustentabilidade dos negócios, visto que, hoje, o controle do clima é
um dos maiores desafios econômicos do século XXI.

Por fim, ainda neste capítulo, trataremos dos conceitos de consumo e produção sustentável,
que fazem parte da busca de uma Economia Verde.

Objetivos

» Desenvolver o conceito de economia verde.

» Entender o que é o mercado de carbono, reconhecendo sua importância no controle


do clima e como este mecanismo estimula mudanças nos processos produtivos.

» Conhecer os conceitos de consumo consciente e produção sustentável, além de


associá-los à economia verde.

59
CAPÍTULO 4 • Economia Verde

4.1. Conceitos de economia verde

Nossos estudos até aqui nos permitem perceber que os conceitos elaborados e as medidas
tomadas em prol da proteção e da sustentabilidade ambiental são, quase sempre, derivados
das discussões que ocorrem sobre o tema em nível mundial. Conhecemos alguns detalhes
sobre os mais importantes eventos desse tipo e vimos alguns dos mais relevantes conceitos.

Sabemos que um dos maiores desafios do mundo moderno é conciliar o desenvolvimento


social e econômico ao mesmo tempo em que se preserva o meio ambiente. Este processo
é complexo e requer muita mobilização. É importante que sejam associados à preservação
dos recursos naturais, à inclusão social e à independência econômica dos países periféricos.

Assim, surge a economia verde, que pode ser definida como o conjunto de processos
produtivos que visa ao desenvolvimento econômico de forma sustentável. Este conceito
se apoia, basicamente, na ideia de que os recursos naturais não são infinitos, logo, a
tomada de decisões econômicas deve ter essa premissa, viabilizando, ao mesmo tempo,
igualdade social, erradicação da pobreza e melhoria do bem-estar da sociedade, reduzindo
os impactos negativos e a escassez ecológica.

Figura 15. Economia Verde.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/hand-planting-seedling-growing-step-garden-1732057171.

A ideia de uma economia mais sustentável começou a ser discutida com maior força
durante a Rio-92, contudo, o conceito de Economia Verde foi cunhado apenas em 2008
pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) que reivindicou,
através do “Novo Pacto Global Verde” (Global Green New Deal) , que os investimentos
voltados para o aquecimento da economia global tivessem como foco “investimentos
verdes”.

60
Economia Verde • CAPÍTULO 4

Vale destacar que o termo economia verde substituiu ecodesenvolvimento, sugerido


em 1975 pelo canadense Maurice Strong, primeiro diretor-executivo do PNUMA e
secretário-geral da Conferência de Estocolmo (1972) e da Rio-92.

Saiba mais

Ecodesenvolvimento

O ecodesenvolvimento se define como um processo criativo de transformação do meio com


a ajuda de técnicas ecologicamente prudentes, concebidas em função das potencialidades
deste meio, impedindo o desperdício inconsiderado dos recursos e cuidando para que estes
sejam empregados na satisfação das necessidades de todos os membros da sociedade, dada a
diversidade dos meios naturais e dos contextos culturais.

(DNIT, 2006)s Rodoviários.

Uma vez aceita oficialmente pela comunidade internacional, a expressão Economia


Verde passa a ser empregada na formulação de políticas públicas e na política ambiental
de diversas empresas, estimulando as empresas a agirem com responsabilidade
socioambiental. Em geral, as empresas que se mostram social e ecologicamente
responsáveis tendem a melhorar suas imagens e conquistar melhores resultados no
mercado.

Para refletir

Para a ecoeconomia, é preciso parar de crescer em níveis exponenciais e reproduzir ou “biomimetizar” os ciclos da natureza:
para ser sustentável, a ecoeconomia deve caminhar para ser cada vez mais parecida com os processos naturais”.

André Gorz (filósofo austro-francês).

A principal iniciativa para a transição para uma economia verde, tomada pelo PNUMA, foi
a “Iniciativa Economia Verde” (IEV, ou GEI – Green Economy Initiative, em inglês), que tem
como objetivo central apoiar o desenvolvimento de um plano global de transição para uma
economia verde, que fosse dominada por investimentos e consumo de bens e serviços de
promoção ambiental.

Saiba mais

A “iniciativa Economia Verde” foi lançada pelo Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas em meio à eclosão da crise
financeira no segundo semestre de 2008, com um forte apelo a um novo paradigma para a retomada do crescimento da
economia mundial:

61
CAPÍTULO 4 • Economia Verde

“Mobilizar e reorientar a economia global para investimentos em tecnologias limpas e infraestrutura ‘natural’, como as
florestas e solos, é a melhor aposta para o crescimento efetivo, o combate às mudanças climáticas e a promoção de um boom
de emprego no século 21”.

Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ea/v26n74/a07v26n74.pdf.

Uma excelente discussão sobre o que se esperava acerca do tema durante a Rio+20.

Disponível em: https://br.boell.org/pt-br/2012/05/18/economia-verde-uma-nova-formula-magica-o-que-se-deve-esperar-


da-conferencia-rio20.

Essa iniciativa resultou no relatório “Rumo a uma Economia Verde: Caminhos para o
Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza” ( Towards a Green Economy
– Pathways to Sustainable Development and Poverty Eradication), que deu base para as
discussões ocorridas na conferência Rio+20.

Saiba mais

Conheça o documento Rumo a uma Economia Verde: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da
Pobreza na íntegra na página oficial da Organização das Nações Unidas. Disponível em: https://www.unep.org/resources/
report/rumo-uma-economia-verde-caminhos-para-o-desenvolvimento-sustentavel-e-erradicacao.

O mencionado relatório analisa aspectos macroeconômicos e questões ligadas à


sustentabilidade e redução da pobreza, relacionadas a investimentos em uma gama
de setores desde energia renovável até agricultura sustentável. Busca, ainda, defender
a proposição de que tornar economias verdes não implica necessariamente redução
do crescimento econômico e do nível de emprego, sendo, na verdade, um estímulo ao
crescimento por meio da geração de empregos decentes e uma estratégia vital para a
eliminação da pobreza.

Em suma, o documento assume que o desenvolvimento econômico deve ser pautado em


medidas que reduzam a pegada ecológica.

Saiba mais

O termo pegada ecológica foi criado pelos cientistas canadenses Mathis Wackernagel e William Rees, em 1990, e hoje é
internacionalmente reconhecido como uma das formas de medir a utilização, pelo homem, dos recursos naturais do planeta.
A Pegada Ecológica está diretamente relacionada ao desenvolvimento sustentável, ou seja, ao uso racional e equitativo (com
justiça social) dos recursos naturais.

Saiba mais a respeito de pegada ecológica nos links a seguir:

http://www.inpe.br/noticias/arquivos/pdf/Cartilha%20-%20Pegada%20Ecologica%20-%20web.pdf.

https://www.researchgate.net/publication/293827535_Pegada_ecologica_consumo_de_recursos_naturais_e_meio_
ambiente

http://www.uel.br/cce/geo/didatico/omar/pesquisa_geografia_fisica/PegadaEcologica.pdf

62
Economia Verde • CAPÍTULO 4

Um dos principais caminhos encontrados para alcançar a transição para uma economia
verde foi a adoção de estimativas de valor econômico para os serviços ambientais. Além
disso, são propostos, dentro da mesma conjuntura, o consumo consciente, a reciclagem, a
reutilização de bens e o uso de energia limpa.

Atenção

O conteúdo de valoração ambiental, serviços ambientais e pagamentos por serviços ambientais serão trabalhados na
disciplina Ecologia e Gestão da Biodiversidade. Os conceitos de reciclagem e reutilização serão trabalhados na disciplina de
Gestão Ambiental de Resíduos Sólidos e Saneamento Ambiental.

O potencial econômico e social da adoção desse modelo é considerável. Por exemplo, um


relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado em 2018 apontava
que “A transição da economia mundial para um modelo mais verde e sustentável deverá
criar 24 milhões de empregos, se países adotarem as políticas certas”.

A economia verde é apoiada em três estratégias principais, apresentadas na figura 16.

Figura 16. Estratégias da economia verde.

Fonte: Elaborado pela autora.

Trataremos a seguir das estratégias para redução das emissões de carbono e a importância
desse processo, e mais adiante sobre eficiência energética e o uso de energia limpa.

Atenção

A Perda da Biodiversidade e suas consequências serão abordadas na disciplina Ecologia e Gestão da Biodiversidade.

Trataremos de eficiência energética ainda nesta disciplina, no capítulo 6.

63
CAPÍTULO 4 • Economia Verde

Não é intenção desta disciplina, e mesmo que fosse não seria possível, esgotar o tema, mas
sim trazer o embasamento necessário para que o futuro profissional de Gestão Ambiental
possa compreender os conceitos e buscar maior aprofundamento.

Gotas de conhecimento

Dada a sua relevância e o fato de ser uma mudança de padrão em pleno andamento, vale a pena se aprofundar um pouco
mais no tema “economia verde”, por isso ficam algumas sugestões de estudo complementar:

Livro: Economia verde para o desenvolvimento sustentável. – Brasília, DF: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, 2012.

Disponível em: https://www.cgee.org.br/documents/10195/734063/Livro_Economia_Verde_web_25102013_9537.pdf/


d42012b6-a5d4-488d-8bc0-680662c47d89?version=1.4.

Livro: FURTADO, F. O clima do negócio e o negócio do clima: o BNDES e a Economia Verde. Instituto Pacs – Rio de Janeiro,
2016.

Disponível em: https://br.boell.org/sites/default/files/bndes-e-economia-verde.pdf

Livro: RECH, A. U. Direito e economia verde: natureza jurídica e aplicações práticas do pagamento por serviços ambientais.
2011.

Disponível na biblioteca virtual da instituição.

Texto: HARGRAVE, J. E PAULSEN, S. Economia verde e desenvolvimento sustentável. IPEA. 2012.

Disponível em: http://desafios.ipea.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2747:catid=28&Itemid=23.

4.1.1. Redução das emissões de carbono

Como vimos, a redução das emissões de carbono é uma das estratégias da economia verde,
mas antes de estudarmos a aplicabilidade desse processo no mercado econômico, vamos
ver, rapidamente, por que a emissão de carbono é um problema ambiental tão importante.

Todos já ouvimos falar do fenômeno denominado efeito estufa, afinal este termo é
amplamente repetido nos meios de comunicação e até mesmo em conversas informais, e
pode ser relacionado a outros termos e expressões como: aquecimento global, mudanças
climáticas, aumento da temperatura global, entre outros.

Mas qual será a importância efetiva desses termos para compreendermos os aspectos
relacionados à proteção ambiental? E o que esses termos têm a ver com a emissão de
carbono?

Basicamente, o efeito estufa é o fenômeno de aquecimento da superfície do planeta devido


à concentração de alguns gases na atmosfera. Essas substâncias permitem a livre passagem
da radiação solar em direção à superfície da Terra, porém retêm parte do calor emitido pela
superfície devido ao aquecimento causado pela citada radiação. Uma forma de entender um
pouco melhor esse processo é pensar em uma estufa de plantas, conforme a figura a seguir.

64
Economia Verde • CAPÍTULO 4

Figura 17. Estufa de tomates – efeito semelhante ao efeito estufa.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/ro.ws-tomato-plants-growing-inside-big-604150469.

Esse efeito é um fenômeno natural, sem o qual seria inviável a vida no planeta. Sem o
efeito estufa, a temperatura média da superfície terrestre seria de aproximadamente -18ºC,
incompatível com grande maioria das formas de vida conhecidas. Contudo, esse fenômeno
vem sendo, especialmente após a Revolução Industrial, agravado devido à emissão dos
chamados gases do efeito estufa (GEE), entre eles o gás carbônico (CO2).

O gás carbônico, assim como vários dos GEEs, tem uma ocorrência natural, porém a
intensificação das atividades antropogênicas tem aumentado de forma considerável suas
concentrações. O CO2 se destaca pois é o GEE que se encontra em maior concentração
atmosférica.

Saiba mais

Os gases internacionalmente reconhecidos como gases de efeito estufa, são: Dióxido de Carbono (CO2), Metano (CH4), Óxido
Nitroso (N2O), Hexafluoreto de Enxofre (SF6) e duas famílias de gases, Hidrofluorcarbono (HFC) e Perfluorcarbono (PFC).
Os gases de efeito estufa (GEE) ou, em inglês, Greenhouse Gases (GHG) são substâncias gasosas naturalmente presentes na
atmosfera e que absorvem parte da radiação infravermelha emitida pelo Sol e refletida pela superfície terrestre, dificultando
o escape desta radiação (calor) para o espaço. O aumento na concentração dos GEES causa aumento da temperatura global.
Disponível em:

https://www.abntonline.com.br/sustentabilidade/GHG/O_que_%C3%A9_gee.

https://cetesb.sp.gov.br/proclima/gases-do-efeito-estufa/.

O CO2 apresenta, ainda, um tempo de residência na atmosfera extremamente longo, fazendo


com que esse gás contribua ainda mais fortemente para o aquecimento da superfície
terrestre.

A maior parte dos países do mundo (tendo sido liderados pelos países desenvolvidos)
apresenta alto nível de degradação florestal, não tendo grandes mecanismos para absorção

65
CAPÍTULO 4 • Economia Verde

do CO2 (vale lembrar que o CO2 é utilizado pelos vegetais no processo de fotossíntese),
e junto com esse processo de desmatamento ainda utilizam combustíveis fósseis
que produzem CO2 e outros GEEs.

Figura 18. Esquema simplificado da fotossíntese.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/photosynthesis-explanation-science-diagram-
illustration-1106407613.

Em condições naturais, o carbono, assim como outros elementos que participam da


dinâmica dos ecossistemas, se move entre compartimentos bióticos e abióticos, circulando
entre a biosfera, a geosfera, a hidrosfera e a atmosfera, sendo reciclados de forma constante.
Esse processo é denominado “ciclo biogeoquímico”.

Muitos elementos, como é o caso do carbono, podem ficar, por longos períodos, armazenados
em reservatórios. Os depósitos de combustíveis fósseis, por exemplo, são reservatórios
de carbono. Há uma parte do ciclo, mais rápida, em que o elemento é mantido nos
reservatórios por períodos curtos (a troca entre plantas e animais, por exemplo).

Sugestão de estudo complementar

Para relembrar e se aprofundar no ciclo do carbono consulte o livro “Emissões de carbono na mudança de uso do solo”, de
Alberto A. Villela, Marcos A. V. Freitas e Luiz Pinguelli Rosa, Editora Interciência.

O livro está disponível na biblioteca virtual da instituição.

O ciclo do carbono apresenta quatro reservatórios interconectados: atmosfera, biosfera,


oceano e sedimentos. Em situação de equilíbrio, a atmosfera é o reservatório que menos
estoca carbono, porém, na situação atual de desequilíbrio essa concentração tem sido
alterada, trazendo as consequências anteriormente mencionadas.

66
Economia Verde • CAPÍTULO 4

Figura 19. Esquema simplificado do ciclo do carbono.

Fonte: Adaptado de https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/diagram-carbon-cycle-biogeochemical-education-


chart-1769196107.

Toda a discussão a respeito do desenvolvimento sustentável trouxe à tona, inevitavelmente,


os efeitos da emissão do carbono e dos GEEs para o planeta, e a redução na emissão
desses gases passou a ser sinônimo de equilíbrio entre desenvolvimento e preservação
ambiental, tornando a baixa (ou nenhuma) emissão de carbono (e os demais GEEs) um
dos pilares da economia verde.

Vale ressaltar que esses gases contribuem diretamente para o aumento da temperatura
global e mudanças climáticas. Nesse contexto, foram firmados importantes acordos
internacionais e criadas ferramentas mercadológicas, como o mercado de carbono, na
tentativa de reduzir as emissões e, consequentemente, seus efeitos.

4.1.1.1. Acordos internacionais e mercado de carbono

Já vimos, em capítulos anteriores, que na Rio-92 a maior parte dos países- membros da
ONU ratificaram a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas
(CQNUMC).

O objetivo principal da Convenção era atingir a estabilização da concentração atmosférica


dos gases de efeito estufa (GEE), num nível que poderia prevenir a interferência
antropogênica no sistema climático. Tal nível deveria ser atingido num período suficiente
para permitir a adaptação natural do ecossistema às mudanças climáticas, assegurando
que a produção de alimentos não fosse ameaçada e permitindo que o desenvolvimento

67
CAPÍTULO 4 • Economia Verde

econômico ocorresse de forma sustentável. As partes (países) estabeleceram, também,


um grupo de acompanhamento anual das ações voltadas ao tema, a Conferência das
Partes (COP).

Saiba mais

Conferência das Partes – COP: é o órgão supremo da Convenção. Seu objetivo é manter regularmente sob exame a
implementação da Convenção e de quaisquer instrumentos jurídicos que a COP possa adotar, além de tomar as decisões
necessárias para promover a efetiva implementação da Convenção. A COP tem, também, as seguintes competências:

» Examinar periodicamente as obrigações das Partes e os mecanismos institucionais estabelecidos por esta Convenção;

» Promover e facilitar o intercâmbio de informações sobre medidas adotadas pelas Partes para enfrentar a mudança do
clima e seus efeitos;

» Promover e orientar o desenvolvimento e aperfeiçoamento periódico de metodologias comparáveis, a serem definidas


pela Conferência das Partes para elaborar inventários de emissões de gases de efeito estufa por fontes e de remoções por
sumidouros;

» Examinar e adotar relatórios periódicos sobre a implementação desta Convenção.

Veja nos links a seguir histórico e atualidades sobre a Convenção.

Disponível em: https://www.dw.com/pt-br/confer%C3%AAncias-da-onu-sobre-o-clima-cop/t-41028328#:~:text=A%20


redu%C3%A7%C3%A3o%20de%20gases%20que,Clima%20para%20discutir%20tais%20medidas.

https://www.terra.com.br/noticias/ciencia/infograficos/cops/

Um dos documentos gerados pelas discussões durante a Rio-92 foi a Declaração do Rio,
nesta, especificamente em seu princípio 7, foi acordado o princípio de responsabilidade
comum, cuja transcrição pode ser vista a seguir:

Os Estados irão cooperar, em espírito de parceria global, para a conservação,


proteção e restauração da saúde e da integridade do ecossistema terrestre.
Considerando as diversas contribuições para a degradação do meio ambiente
global, os Estados têm responsabilidades comuns, porém diferenciadas.
Os países desenvolvidos reconhecem a responsabilidade que lhes cabe na
busca internacional do desenvolvimento sustentável, tendo em vista as
pressões exercidas por suas sociedades sobre o meio ambiente global e as
tecnologias e recursos financeiros que controlam. (ONU, 1992).

Embora a existência da CQNUMC tivesse sido prova do consenso internacional de que


medidas sérias precisariam ser tomadas para a redução das emissões de GEE, não se fixou
qualquer meta específica, deixando essa providência para protocolos subsequentes.

O primeiro protocolo originado das discussões ocorridos na Convenção-Quadro das Nações


Unidas sobre Mudanças Climáticas (CQNUMC) foi o Protocolo de Quioto, mencionado no

68
Economia Verde • CAPÍTULO 4

capítulo 1 do nosso livro. Este protocolo foi adotado durante a terceira Conferência das
Partes, COP-3, realizada em Quioto, no Japão, em 1997.

Figura 20. Protocolo de Quioto.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/kyoto-protocol-stop-gas-210592747.

A premissa para a elaboração deste protocolo foi a relação entre o aquecimento global e as
emissões desses gases. A proposta foi de que os países participantes se comprometessem a
reduzir as emissões globais em pelo menos 5,2% abaixo dos níveis de 1990, no período entre
2008 e 2012.

Atenção

O Protocolo só entrou em vigor em 2005, após 50% de adesão entre os signatários. A princípio, as metas traçadas foram
previstas até o ano de 2012, mas em 2012, durante a COP-18, decidiu-se pela prorrogação do Protocolo até 2020.

Os países signatários do Protocolo foram classificados por suas diferenças econômicas, sociais
e de nível de desenvolvimento. Dessa forma, houve a formação de dois grandes grupos, os
quais foram denominados “Partes”, as quais foram assim distribuídas:

» Partes Anexo I: compostas pelos países desenvolvidos, ricos e industrializados, e


alguns países com sua economia em transição, como a Rússia e a Europa Oriental;

» Partes não Anexo I: compõem o restante dos países, em sua maioria países em
desenvolvimento.

Dentro desse contexto, a redução das emissões passa a ter valor econômico, criando-se,
então, o crédito de carbono, uma espécie de certificado que os países, empresas ou
pessoas compram para mitigarem a emissão dos gases.

69
CAPÍTULO 4 • Economia Verde

Figura 21. Crédito de carbono.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/carbon-emission-trading-262539062.

Por convenção, uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) corresponde a um crédito de


carbono, e um certificado eletrônico é emitido quando há diminuição de emissão de gases
que provocam o efeito estufa. Este crédito pode ser negociado no mercado internacional.
A redução da emissão de outros gases, igualmente geradores do efeito estufa, também
pode ser convertida em créditos de carbono com base no Potencial de Aquecimento
Global (Global Warming Potential).

Para refletir

Será que os países mais ricos vão efetivamente se preocupar em poluir menos ou vão apenas pagar pelos créditos?

Aproveite a reflexão e faça uma pesquisa sobre o desempenho dos países desenvolvidos no mercado de carbono.

A redução da emissão de outros gases geradores do efeito estufa também pode ser convertida
em créditos de carbono, a partir do conceito de carbono equivalente, ou seja, utilizando-se
uma tabela de equivalência entre cada um dos gases e o CO2. Já os que poluem acima do
limite permitido pagam pela poluição adicional que geram, remunerando as atividades que
reduzem as emissões de gases.

Saiba mais

O Global Warming Potential – GWP ou Potencial de Aquecimento Global estima a contribuição relativa de um determinado
gás de efeito estufa para o aquecimento global, em relação à mesma quantidade de um gás de referência (CO2) cujo GWP é
definido como 1 (kl). Esta métrica permite calcular quanto uma molécula de cada um deles aquece a Terra, em relação ao
tempo que eles permanecem no ar antes de serem quebrados ou absorvidos.

Disponível em: https://sequestrarcarbono.com/2015/11/26/mudancas-climaticas-potencial-de-aquecimento-global/.

70
Economia Verde • CAPÍTULO 4

A fim de fornecer instrumentos para que os países pudessem alcançar suas metas de
emissões e encorajar o setor privado e os países em desenvolvimento a contribuir nos
esforços de redução das emissões foram incluídos no protocolo três mecanismos de
mercado, os “Mecanismos de Flexibilização”. São eles: Comércio de Emissões – CE (Emissions
Trading – ET); Implementação Conjunta – IC (Joint Implementation – JI) e Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo – MDL (Clean Development Mechanism – CDM). Na sequência,
falaremos um pouco a respeito de cada um dos mecanismos citados.

» Comércio de Emissões – CE (Emissions Trading – ET)

É um sistema global de compra e venda de emissões de carbono. Esse mecanismo,


estabelecido pelo art. 17 do Protocolo baseia-se no esquema de mercado Cap-and-Trade,
já usado nos Estados Unidos para a redução do dióxido de enxofre, responsável pela chuva
ácida. Por esse modelo, são distribuídas cotas (ou permissões) de emissão que podem ser
comercializadas, ou seja, aqueles países que conseguem emitir menos do que suas cotas
de emissão podem vender as cotas não utilizadas àqueles que não conseguem limitar suas
emissões ao número de suas cotas.

No caso do mercado de cotas de carbono do Protocolo de Quioto, as permissões são


denominadas Unidades Equivalentes Atribuídas (Assigned Amount Units – AAUs) e podem
ser transacionadas sob regras específicas. Esse mercado é destinado exclusivamente aos
países do Anexo I, que podem comercializar apenas parte das suas emissões relativas ao
período 2008 a 2012.

» Implementação Conjunta – IC (Joint Implementation – JI)

Pelo mecanismo de Implementação Conjunta, proposto inicialmente pelos Estados


Unidos, qualquer país do Anexo I pode adquirir, de outro país desse Anexo, Unidades de
Redução de Emissões (ERUs), resultantes de projetos destinados a diminuir as emissões
ou Unidades de Remoção (RMUs) para remoções, por sumidouros, dos gases de efeito
estufa, e computar as ERUs e RMUs em suas cotas de redução de emissões.

Por esse mecanismo, os países podem agir em conjunto para atingir suas metas. Assim, se um
país não vai conseguir reduzir suficientemente suas emissões, mas o outro vai, eles podem
firmar um acordo para se ajudar.

O objetivo desse mecanismo é facilitar e tornar mais barato para cada país chegar à sua meta
de redução de emissões de gases de efeito estufa, bem como gerar commodities a serem
utilizadas no mercado internacional de emissões de carbono. Esse mecanismo também é
de exclusiva aplicação entre os países do Anexo I.

71
CAPÍTULO 4 • Economia Verde

» Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL (Clean Development Mechanism –


CDM)

Previsto e regulamentado no artigo 12o do Protocolo de Quioto. Sua origem se deu após
grandes discussões serem geradas por parte dos países-membros do não Anexo I (liderados
pelo Brasil), os quais não podiam realizar e receber projetos, pois a comercialização estava
restrita aos países membros do Anexo 1.

Nesse período, surgiu uma proposta apresentada pelos negociadores brasileiros da


criação do Fundo de Desenvolvimento Limpo (FDL), o qual seria destinado aos países
em desenvolvimento, e que, após algumas modificações, originou o Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo.

Por meio desse mecanismo, os países desenvolvidos podem optar por financiar a redução
da emissão fora de seus territórios, notadamente em países em desenvolvimento, em que
os custos de tal redução são menores. Esse tipo de mecanismo foi estruturado a partir
do princípio “Poluidor Pagador”, no qual se prevê a cobrança de uma taxa para alguma
iniciativa de correção daquela poluição.

Podem participar dos projetos em MDL as Partes do Anexo I, não Anexo I ou entidades
públicas e privadas dessas Partes, desde que por elas devidamente autorizadas.

O parágrafo 2o do referido dispositivo explicita o seu duplo objetivo:

Prestar assistência às partes não anexo I, da Convenção-Quadro das Nações


Unidas sobre Mudanças do Clima, para que viabilizem o desenvolvimento
sustentável por meio da implantação da respectiva atividade de projeto e
contribuam para o objetivo final da Convenção e, por outro lado, prestar
assistência às Partes do Anexo I.

Observa-se no texto apresentado que o MDL contempla simultaneamente os interesses dos


países desenvolvidos, maiores poluidores, e os dos países em desenvolvimento. Enquanto
esses recebem investimentos para recuperação de suas áreas naturais degradadas,
beneficiando-se de atividades de projetos que resultem em reduções certificadas de
emissões e da transferência de tecnologias sustentáveis ecologicamente, os países
desenvolvidos pagam as suas dívidas ambientais, podendo utilizar-se das reduções
certificadas de emissões para contribuir com o cumprimento de seus compromissos
quantificados de limitação e redução de emissões, de acordo com o artigo 3o do Protocolo
de Quioto.

Existem, porém, críticas ao MDL. Alguns autores acreditam que esse mecanismo poderia
permitir a continuidade dos países poluidores em degradar o meio ambiente. Segundo

72
Economia Verde • CAPÍTULO 4

Ribeiro (2005), pode faltar vontade política econômica para alocar recursos em pesquisa e
desenvolvimento de novas tecnologias de produção limpa. Uma vez que os países desenvolvidos
estariam auxiliando os em desenvolvimento, seria dado a eles o direito de poluir.

Saiba mais

Entenda um pouco mais sobre os mecanismos de flexibilização. Disponível em:

http://www.licenciamentoambiental.eng.br/mecanismos-de-flexibilidade-do-protocolo-de-kyoto/.

https://www.cgee.org.br/documents/10195/734063/mc21_1260.pdf/11a66409-4c03-4d3f-a718-6f1f03ad888a?version=1.0.

http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/anais/bh/germana_parente_neiva_belchior3.pdf.

A proposta do Protocolo de Quioto era ousada e interessante, mas em diversos aspectos


pouco prática; além disso, a necessidade de novas discussões e novas abordagens foi
surgindo, até que, em 2015, durante a COP-21, em Paris, na França, foi ratificado, por 194
países, o Acordo de Paris, o maior tratado internacional sobre mudanças climáticas já
assinado. Este tratado teve como principal enfoque traçar metas para a redução dos GEEs a
partir de 2020 (quando se encerraria o prazo para o cumprimento das metas do Protocolo
de Quioto, segundo prorrogação) e entrou em vigor oficialmente em 4 de novembro de 2016.

Saiba mais

Para entrar em vigor, o tratado precisou ser ratificado – isto é, dar a ele o status de lei doméstica – por 92 países que
representam em torno de 55% da emissão de gases de efeito estufa.

Fonte: https://fia.com.br/blog/acordo-de-paris/.

O principal ponto do Acordo de Paris foi o estabelecimento de um plano de ação para


limitar o aumento da temperatura global a menos de 2ºC, em relação aos níveis de emissões
pré-industriais, até 2100. Este limite é recomendado pelo Painel Intergovernamental
para as Mudanças Climáticas (IPCC).

Atenção

Segundo alguns autores, baseados em dados científicos, o ideal é que o aumento da temperatura não ultrapasse o limite
de 1,5ºC, pois a partir deste os efeitos do aquecimento global já podem ser sentidos. A previsão é de uma elevação da
temperatura do planeta entre 2°C e 5°C, caso as nações prossigam na atual trajetória de emissões de GEE, o que pode gerar
inúmeros prejuízos sociais, econômicos e ambientais.

73
CAPÍTULO 4 • Economia Verde

O Acordo de Paris é, na verdade, o primeiro pacto a pressionar, de maneira efetiva, os


países a executarem planos de ação para redução das emissões. Os países participantes
precisaram apresentar um documento denominado NDC (Contribuições Determinadas
em Nível Nacional) nos quais as metas de redução de emissões até 2030 são registradas
por cada país. O Brasil apresentou a sua proposta oficial de redução de emissões em
setembro de 2016, quando assumiu o compromisso de reduzir as emissões em 37% abaixo
dos níveis de 2005, até 2025, e 43% até 2030. O Brasil promulgou o Acordo de Paris por
meio do Decreto n. 9.073, de 5 de junho de 2017.

Atenção

É importante destacar que movimentos políticos (já mencionados no capítulo 1) e o atual estado de desmatamento e
controle ambiental deixa o País cada vez mais distante de atingir essas metas.

Os objetivos do Acordo de Paris estão descritos em seu artigo 2o e são apresentados no


quadro 10.

Quadro 10. Objetivos do Acordo de Paris.

(a) Manter o aumento da temperatura média global bem abaixo dos 2°C acima dos níveis pré-industriais e buscar
esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, reconhecendo que isso
reduziria significativamente os riscos e impactos das mudanças climáticas;
(b) Aumentar a capacidade de adaptar-se aos impactos adversos das mudanças climáticas e fomentar a resiliência
ao clima e o desenvolvimento de emissões de gases de efeito estufa, de uma forma que não ameace a produção de
alimentos;
(c) Promover fluxos financeiros consistentes, com um caminho de baixas emissões de gases de efeito estufa e de
desenvolvimento resiliente ao clima

Fonte: ONU, 2015, p. 26.

O acordo prevê que os países desenvolvidos signatários provenham suporte financeiro para
ajudar países em desenvolvimento a mitigar efeitos de mudanças climáticas, considerando
prioridades e particularidades de cada país, especialmente aqueles que estejam em posição
mais vulnerável quanto aos efeitos negativos dessas mudanças.

O acordo trouxe novas medidas, consideradas uma evolução em relação ao Protocolo


de Quioto. Disposto no artigo 6, a maior inovação é o Mecanismo de Desenvolvimento
Sustentável (MDS), que inclui todos os 196 países signatários do acordo no comércio de
emissões de carbono.

O MDS tem como principal inovação a inclusão do setor privado em projetos de redução
de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs), permitindo que esses gerem Reduções
Certificadas de Emissões (RCEs), que podem ser comercializados no futuro mercado

74
Economia Verde • CAPÍTULO 4

de carbono global ou abater metas de redução de emissões, estabelecidas por meio das
Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) de cada país.

O MDS ainda está sendo encaminhado para a regulamentação, devido a algumas barreiras,
especialmente em relação à transição a partir do MDL, por isso não nos aprofundaremos
neste momento.

Saiba mais

Caso queira entender um pouco mais sobre MDS e a transição MDL – MDS acesse o material recomendado nos links a
seguir:

http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/9495/1/A%20Continuidade.pdf

https://static.portaldaindustria.com.br/media/filer_public/5d/28/5d283482-752c-4033-934a-70d216b7a131/mecanismo_
de_desenvolvimento_sustentavel_e_competitividade_industrial.pdf

https://epbr.com.br/a-negociacao-do-mercado-de-carbono-na-cop-25-e-a-visao-empresarial-para-agenda-climatica/.

O Acordo de Paris fortaleceu o mercado de carbono, pois ampliou a comercialização dos


créditos de carbono para todos os países. O já mencionado artigo 6 estabelece o mercado
de carbono como uma forma complementar para atingir as metas. Vale destacar que este
não pode ser utilizado para cumprir 100% das metas.

Gotas de conhecimento

Aprofunde seus conhecimentos sobre o Acordo de Paris. Disponível em: https://fia.com.br/blog/acordo-de-paris/.

A determinação de valores para o carbono tem por objetivo incentivar o desenvolvimento


de tecnologias que reduzam a emissão de carbono. Essa precificação costuma ser feita
principalmente por meio do sistema tributário e do comércio de emissões (cap-and-trade).
O sistema de tributação é um imposto que coloca preço fixo às emissões de carbono e é pago
diretamente ao governo.

O comércio de emissões leva em consideração os limites e permissões de lançamento de


carbono e outros gases poluentes na atmosfera, garantindo que as empresas cumprirão suas
metas. Aquelas que não são capazes de atingir os objetivos estabelecidos podem adquirir os
créditos para compensar suas emissões.

O crédito de carbono é calculado com base em políticas que reduzam a quantidade de


carbono emitida. As formas de redução da emissão podem variar, sendo o uso de fontes

75
CAPÍTULO 4 • Economia Verde

renováveis ao invés de combustíveis fósseis, a recuperação de florestas e a agricultura de


baixo carbono formas eficientes de gerar créditos de carbono.

A comercialização de carbono e os acordos firmados no Protocolo de Quioto e mais


recentemente no Acordo de Paris são importantes para a Gestão Ambiental pública e
para a Gestão Ambiental nas empresas, uma vez que as medidas adotadas estimulam uma
produção mais sustentável, podendo trazer benefícios sociais e econômicos.

Atenção

O Acordo de Paris veio para substituir o Protocolo de Quioto, contudo, essa transição ainda está em andamento, por isso é
comum que muitas práticas ainda sejam baseadas nas metas traçadas em Quioto, assim como o uso de mecanismos.

É importante a busca por artigos científicos e referências nas páginas oficiais para atualização constante sobre a questão!

Como já vimos, o comportamento do mercado é bastante influenciado pela postura


do consumidor, por isso, a Gestão Ambiental é fortemente estimulada pelo consumo
sustentável e consciente.

4.2. Consumo sustentável

Uma regra fundamental do mercado é que não há sobrevivência de um negócio sem os


seus clientes. Nesse contexto, o consumidor pode ser um bom parâmetro para a mudança
no comportamento das organizações. O consumo sustentável irá estimular a produção
sustentável, que, por sua vez, se alinha com a economia verde.

Define-se consumo sustentável como o uso de bens e serviços que atendam às necessidades
básicas, proporcionando melhor qualidade de vida, enquanto minimizam o uso dos
recursos naturais e materiais tóxicos, a geração de resíduos e a emissão de poluentes
durante todo o ciclo de vida do produto ou do serviço, de modo que não se coloque em
risco as necessidades das futuras gerações. O consumo sustentável pressupõe a existência
de um consumidor consciente, pois este será capaz de identificar os pontos ressaltados
anteriormente.

76
Economia Verde • CAPÍTULO 4

Figura 22. Consumo sustentável = consumidor consciente.

Fonte: Adaptado de https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/concept-zero-waste-conscious-consumption-


flat-1568992210.

De forma geral, o consumidor consciente terá como principais preocupações: os


impactos da compra, uso ou descarte de produtos ou serviços e a escolha das empresas
em que serão adquiridos esses bens ou serviços em função do seu compromisso com
o desenvolvimento socioambiental. No quadro 11 são apresentados os dez princípios
norteadores do consumo consciente.

Quadro 11. Princípios norteadores do consumo consciente.

1. Planeje suas compras (não seja impulsivo nas suas compras).


2. Avalie o impacto do seu consumo (leve em consideração o meio ambiente e a sociedade).
3. Consuma apenas o necessário (reflita sobre suas reais necessidades e procure viver com menos).
4. Reutilize produtos e embalagens (não compre outra vez o que você pode consertar, transformar e reutilizar).
5. Separe o seu lixo.
6. Use crédito conscientemente.
7. Conheça e valorize as práticas de responsabilidade social das empresas (não olhe apenas preço e qualidade e
valorize as empresas em função de sua responsabilidade para com os funcionários, a sociedade e o meio ambiente).
8. Não compre produtos piratas ou contrabandeados.
9. Contribua para a melhoria de produtos e serviços.
10. Divulgue o consumo consciente.

Fonte: Elaborado pela autora.

Nesse sentido, consumidores mais conscientes, exigentes e informados estão priorizando


marcas, produtos e serviços advindos de empresas que possuam práticas sustentáveis.
Isso pode ser um diferencial competitivo para as empresas que mudarem suas práticas
de gestão e produção para garantir a qualidade de vida e bem-estar, tanto desta geração
como das futuras. Assim, considera-se o papel dos consumidores como central na
busca de maior sustentabilidade socioambiental, influenciando as próprias empresas a
adotarem práticas mais sustentáveis.

77
CAPÍTULO 4 • Economia Verde

Diretamente relacionada ao consumo consciente está também a produção sustentável,


definida como a incorporação, ao longo de todo o ciclo de vida de bens e serviços, das
melhores alternativas possíveis para minimizar custos ambientais e sociais.

Acredita-se que essa abordagem preventiva melhore a competitividade das empresas e


reduza o risco para a saúde humana e o meio ambiente. Vista numa perspectiva planetária,
a produção sustentável deve incorporar a noção de limites na oferta de recursos naturais e
na capacidade do meio ambiente para absorver os impactos da ação humana.

Figura 23. Consumo sustentável = consumidor consciente.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/view-businessman-holding-windturbines-solar-panel-1718147626.

Para progredir rumo a uma economia de baixo carbono ou uma economia mais sustentável,
é necessário que haja uma produção sustentável e um consumo mais responsável. Sem
um esforço considerável para alterar os atuais padrões de produção e consumo não é
realista almejar uma sociedade mais justa e mais responsável do ponto de vista do uso
dos recursos naturais, no horizonte de tempo apontado pelas urgências que os relatórios
sobre aquecimento global estabelecem.

Assim, considera-se que o consumo consciente depende da ação mútua das empresas,
cuja ação causa os maiores danos ambientais e sociais atuais e pode agir visando reduzir
tais impactos, e os consumidores, que têm o papel de cobrar essas ações das empresas,
principalmente por meio de suas escolhas de consumo.

O consumo consciente é um instrumento fundamental para produzir mudanças no modo


como as empresas encaram os aspectos socioambientais em seus processos e produtos.

78
Economia Verde • CAPÍTULO 4

Figura 24. Itens duráveis = redução na produção de resíduos.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/customer-reusable-bag-refusing-disposable-plastic-1971529967.

E o que será que torna um consumidor mais consciente? Quais medidas podem ser tomadas?
Quais detalhes podem ser observados?

Provocação

Pensando no que vimos até aqui e fazendo um paralelo com seu dia a dia, você se considera um consumidor consciente? Se a
resposta for não, o que acha de repensar alguns hábitos? Pratique!

Um dos caminhos para adoção dessa postura é a valorização de produtos com selos e
rótulos verdes (que veremos no próximo capítulo) e a busca pelo conhecimento dos
processos das empresas que fornecem os produtos que serão consumidos. Uma forma
muito interessante é a valorização do comércio local e agricultura familiar, que, ainda que
não tenham essa intenção, acabam sendo mais sustentáveis em suas produções.

Por fim, podemos ver que a economia verde é um caminho para que as organizações sejam,
efetivamente, mais sustentáveis em relação ao meio ambiente. Observe que a adoção de
medidas que visem à adequação a essa economia é feita por meio de modelos de gestão
ambiental.

Diversos autores associam o conceito de economia verde ao de desenvolvimento


sustentável, colocando a economia verde como forma concreta de modificar a economia,
avançando rumo ao desenvolvimento sustentável. Por outro lado, alguns autores fazem
críticas severas ao modelo econômico. Nosso livro não tem o objetivo de fazer juízo
de valor, por isso essa dicotomia não foi abordada, contudo, recomenda-se a busca de
referências sobre o tema.

79
CAPÍTULO 4 • Economia Verde

Sintetizando

O que vimos neste Capítulo?

» O conceito e os principais aspectos da economia verde.

» A importância da redução das emissões de carbono e outros GEEs.

» As características gerais e a importância do Protocolo de Quioto e do Acordo de Paris.

» Definição de consumo sustentável e sua relação com a economia verde

» Relação entre economia verde e os modelos de gestão ambiental.

80
CAPÍTULO
GESTÃO AMBIENTAL E GOVERNANÇA –
UMA VISÃO ESTRATÉGICA 5
Introdução do Capítulo

Nossos estudos até aqui já nos deixam claro a importância da gestão ambiental para um
mundo ambientalmente viável. Vimos que a gestão ambiental, seja pública ou privada, é
instrumento realmente necessário para que possamos evoluir enquanto sociedade.

Vimos que as mudanças de comportamento são possíveis e que existem mecanismos e


instrumentos para que esse movimento seja realizado. A economia verde é uma realidade,
mas precisa ser muito bem organizada e estruturada.

Um negócio sustentável requer organização e planejamento estratégico, por isso, neste


capítulo 5, trataremos da área de Segurança, Saúde e Meio Ambiente (SSMA), importante
estratégia para melhoria dos processos internos, incluindo preocupações com o meio
ambiente, e do Sistema ESG (Environmental, Social and Governance), um conjunto de
práticas empresariais e de investimento que incluem a sustentabilidade como estratégia
financeira das empresas.

Objetivos
» Entender o conceito de gestão ambiental estratégica.

» Conhecer os conceitos de SSMA e ESG.

» Reconhecer a importância do ESG como estratégia empresarial.

» Fazer conexões entre SSMA, ESG e os conceitos trabalhados até o momento.

5.1. A Gestão Ambiental Estratégica

Do ponto de vista da gestão, o planejamento destaca-se como um dos instrumentos de


maior importância, visto que orientará os processos decisórios. De forma geral, empresas
que não investem em planejamento estão mais sujeitas a crises, como a perda de clientes e
colaboradores, além de prejuízos financeiros.

81
CAPÍTULO 5 • Gestão Ambiental e governança – uma visão estratégica

O planejamento estratégico trata-se de uma atividade contínua na qual os gestores


pensam no estabelecimento de metas, analisam o ambiente organizacional, formulam e
implementam estratégias diversas e controlam todo esse processo.

Figura 25. Planejamento estratégico.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/vision-direction-future-business-inspiration-
motivation-1901581888.

Drucker (1984, p. 714) define planejamento estratégico como:

Processo contínuo de, sistematicamente e com o maior conhecimento


possível do futuro contido, tomar decisões atuais que envolvam riscos;
organizar sistematicamente as atividades necessárias à execução destas
decisões e, através de uma retroalimentação organizada e sistemática, medir
o resultado dessas decisões em confronto com as expectativas alimentadas.

Por muito tempo as preocupações ambientais ficaram fora desse planejamento, sendo
consideradas apenas em medidas de controle de poluição, contudo, devido à pressão
mercadológica, atualmente a competitividade ambiental é um ponto importantíssimo
para as empresas que pretendem se destacar no mercado.

Gotas de conhecimento

Para se aprofundar no tema “Planejamento Estratégico”, busque o livro Planejamento Estratégico, de Cleber Suckow
Nogueira (Org.), da Editora Pearson, disponível na biblioteca virtual da faculdade.

Os stakeholders exigem, cada vez mais, que as empresas tenham posturas apropriadas em
relação ao meio ambiente, exigindo processos e serviços com menor impacto possível, o
que coloca a gestão ambiental em destaque no cenário competitivo empresarial. Assim,
mudanças voltadas para o uso eficiente de recursos e redução dos impactos ambientais
têm sido cada vez mais valorizadas.

82
Gestão Ambiental e governança – uma visão estratégica • CAPÍTULO 5

A implementação de estratégias ambientais tem diversas vantagens para as empresas, tais


como: melhor imagem organizacional, longevidade e lucratividade. Muda-se, portanto, a
visão de que as preocupações ambientais são uma barreira para o crescimento econômico,
passando essas a serem encaradas como estratégias competitivas e inovadoras.

Gotas de conhecimento

O vídeo “Abordagens estratégicas da gestão ambiental”, produzido pelo Instituto Federal de Rondônia, aborda de forma
bastante didática a gestão ambiental estratégica. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=PN7P45xbzCg&ab_cha
nnel=IFROCampusPortoVelhoZonaNorte.

Neste contexto, a gestão ambiental destaca-se como essencial para minimizar os impactos
das atividades sobre o meio ambiente, estabelecendo a busca contínua de melhoria da
qualidade ambiental, seja de serviços, produtos ou ambientes de trabalho. Com o trabalho
de gestão ambiental fazendo parte do planejamento estratégico das empresas, estas
começam a perceber que é possível lucrar com o mínimo de impacto possível, trazendo
vantagens competitivas e assumindo uma postura mais proativa.

Figura 26. Gestão ambiental é parte da estratégia.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/ecology-concept-human-hands-holding-big-712105222.

Uma estratégia para a melhoria dos processos internos, incluindo os processos


relacionados ao meio ambiente, é a implementação da área SSMA (Saúde, Segurança e Meio
Ambiente), que visa melhorar os indicadores de sustentabilidade adequando a empresa
às necessidades dos stakeholders, gerando diversos impactos positivos, como o aumento
da produtividade. A seguir, falaremos um pouco mais sobre essa importante área.

5.2. Saúde, Segurança e Meio Ambiente (SSMA)

A sigla SSMA refere-se em inglês à Health, Safety and Environmental (HSE) e consiste,
basicamente, em um conjunto de normas desenvolvidas para orientar as empresas na
adequação de seus parâmetros de desempenho, de acordo com as exigências legais.

83
CAPÍTULO 5 • Gestão Ambiental e governança – uma visão estratégica

Em resumo. o SSMA tem como objetivo principal organizar e garantir que a empresa se
adeque à legislação vigente.

Figura 27. SSMA – Saúde, Segurança e Meio Ambiente.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/hse-health-safety-environment-acronym-banner-1515069725.

A ideia central dessa área é cuidar da gestão de medidas que visem garantir a saúde e a
segurança de todos os colaboradores, além da organização de políticas ambientais que
impactem tanto no sucesso competitivo da empresa quanto na qualidade de vida dos seus
colaboradores e das comunidades que são diretamente afetadas pelo funcionamento do
empreendimento. Os procedimentos em SSMA têm impacto direto na geração de valor.
Basicamente, é o conjunto de medidas que a empresa deve tomar para que sua atuação
não cause danos.

Ações de saúde e segurança incluem procedimentos organizados para identificar ameaças


no ambiente de trabalho, reduzindo, desta forma, riscos de acidentes e exposição
ocupacional a agentes nocivos. Ainda nestas vertentes estão incluídos treinamento para
prevenção e resposta a acidentes, preparação para emergências e adequação no uso de
EPIs (Equipamentos de Proteção Individual).

Figura 28. Uso de EPI (Equipamentos de Proteção Individual) são essenciais para garantir a segurança do
trabalhador.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/working-protection-set-including-pair-gloves-79290517.

84
Gestão Ambiental e governança – uma visão estratégica • CAPÍTULO 5

Ações específicas de saúde podem ser tomadas com base nas políticas SSMA, como a
adoção de cuidados referentes à saúde mental e à ergonomia. Esses fatores podem ser o
diferencial entre uma equipe produtiva e uma improdutiva, impactando diretamente no
sucesso do negócio.

Gotas de conhecimento

O livro Manual Prático de Saúde e Segurança do Trabalho, de Aparecida V. Sacaldelai et al., publicado em 2012 pela editora
Yendis, traz um curso completo de Saúde e Segurança do trabalho, ideal para quem quer se aprofundar no tema.

O capítulo 21 da obra destaca a importância e os requisitos para a implementação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) nas
empresas em consonância com os fatores saúde e segurança.

O livro encontra-se disponível na biblioteca virtual da faculdade.

No que diz respeito à área de meio ambiente, o foco está em elaborar procedimentos que
visem a uma abordagem sistemática em prol do cumprimento das leis e normas ambientais.

Esses aspectos incluem tanto os efeitos ambientais que interferem na saúde e segurança do
trabalhador, como a qualidade do ar interno, por exemplo, como as preocupações com os
possíveis impactos ambientais negativos referentes às atividades da empresa.

Figura 29. Medidas da qualidade do ar no ambiente interno.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/ventilation-cleaner-man-work-tool-467421461.

Além disso, inclui treinamento de pessoal em prevenção de acidentes, resposta a acidentes,


preparação para emergências e uso de roupas e equipamentos de proteção.

Do ponto de vista ambiental, envolve a criação de uma abordagem sistemática para


cumprir as regulamentações ambientais.

Os programas de SSMA bem-sucedidos também incluem medidas para abordar a


ergonomia, a qualidade do ar e outros aspectos da segurança do local de trabalho.

85
CAPÍTULO 5 • Gestão Ambiental e governança – uma visão estratégica

A natureza das atividades e os objetivos firmados no planejamento estratégico tornam


as ações voltadas ao meio ambiente variáveis entre as empresas, contudo, alguns pontos
não podem ser desconsiderados. Entre estes se destacam ações que tenham o objetivo
de reduzir a possibilidade de impactos ambientais devido às atividades exercidas, isso
inclui o controle de emissões, o manejo de resíduos sólidos e a adoção de instrumentos
da PNMA como a logística reversa. Vale lembrar que a forma mais adequada de cumprir
os requisitos ambientais é a implementação do SGA.

A política SSMA pode ser organizada visando apenas ao cumprimento de exigências legais
ou acrescentando também objetivos específicos da empresa que visam trazer vantagens
como: melhoria do processo produtivo, produção mais limpa, eficiência econômica,
eficiência energética, entre outros.

As ações SSMA devem englobar, além do plano de ações e implantação das medidas, o
acompanhamento periódico, a fim de corrigir eventuais falhas no processo e realizar ajustes
necessários.

Uma vez que se decida adotar a política SSMA, a empresa pode criar uma comissão interna
responsável pelas ações que visam alcançar os objetivos, contudo, algumas empresas
preferem contratar consultoria para avaliação e criação de um plano de ação a fim de
atingir as metas estabelecidas.

Saiba mais

Vale a pena conhecer de perto a política SSMA de algumas empresas. Uma sugestão é consultar a home page da empresa do
ramo alimentício BRF, que apresenta toda sua política de forma bem detalhada.

Disponível em: https://www.brf-global.com/sustentabilidade/praticas-trabalhistas/gestao-e-programassma/.

A equipe envolvida na área SSMA deve ser multidisciplinar, com pleno conhecimento das
leis, regulamentos e códigos de cada uma das frentes, além de ter pleno conhecimento das
particularidades relacionadas ao segmento de atuação da empresa. O objetivo final a ser
alcançado neste processo é o aumento efetivo da produtividade, além de entregar uma
imagem positiva de empresa responsável e correta.

Não é nenhum segredo que sejam quais forem as medidas tomadas pela alta gestão de
uma empresa, todas elas têm um foco central que é sucesso do negócio, por isso, alguns
critérios têm sido cada vez mais valorizados para o sucesso de um empreendimento. Entre
esses está o ESG, três critérios que permitem medir os impactos sociais e ambientais de
um investimento. A seguir trataremos de forma mais detalhada deste processo.

86
Gestão Ambiental e governança – uma visão estratégica • CAPÍTULO 5

5.3. ESG – environmental, social and governance

Já está claro que, ao contrário do que ainda pensam muitos gestores, a sustentabilidade
ambiental reflete em bons resultados financeiros, porque, cada vez mais a adoção de ações
de responsabilidade social e melhoria de práticas de governança têm trazido diversas
vantagens às empresas, como maior lucratividade e maior valor de mercado.

Neste contexto, as empresas têm sido direcionadas a buscar estratégias que tornem seus
negócios atrativos para os consumidores e para os investidores. Entre essas estratégias o ESG
tem ganhado destaque nos últimos anos.

A sigla ESG é um acrônimo para environmental, social and governance, ou, em português
“ambiental, social e governança” e pode ser definida como: conjunto de padrões e boas
práticas adotadas para definir que uma empresa funcione de forma socialmente consciente,
sustentável e corretamente gerenciada.

Saiba mais

Governança Corporativa são as práticas e os relacionamentos entre os Acionistas/Cotistas, Conselho de Administração,


Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal, com a finalidade de otimizar o desempenho da empresa e facilitar o
acesso ao capital.

Disponível em: http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/anais/XIVCongresso/078.pdf.

Basicamente, environmental, social and governance são os três pilares deste movimento
e são utilizados como critérios para entender se a empresa possui sustentabilidade
empresarial. Na verdade, ao mesmo tempo em que é uma estratégia que define critérios
para adequação das empresas, é uma métrica para que os investidores escolham se vale
a pena ou não investir.

Nos últimos anos o ESG tem se destacado como uma grande tendência no mercado, sendo
uma resposta aos desafios da sociedade contemporânea. Sua incorporação demonstra
responsabilidade e comprometimento da empresa com seus stakeholders.

Em suma, os investidores se apropriam desses critérios para avaliar se a empresa é uma


opção viável de investimento, comprometida em gerar impactos financeiros, sociais e
ambientais positivos. Trazer, portanto, o ESG ao planejamento estratégico da empresa
demonstra a indissociável relação entre lucro e compromisso socioambiental. Pode-se dizer
que o ESG ajuda a verificar se uma organização entende o quanto influencia a sociedade
e o meio ambiente.

87
CAPÍTULO 5 • Gestão Ambiental e governança – uma visão estratégica

O peso dos critérios de sustentabilidade é tamanho que o mercado financeiro já trabalha


com índices e fundos específicos de investimento em empresas que adotam critérios ESG.

Saiba mais

O ESG foi tema de uma das palestras da Semana de Meio Ambiente e Gestão Ambiental da Faculdade Unyleya em 2021.
Nesta palestra, o Ms. Felipe Martins Cordeiro de Melo trata de forma bastante didática sobre o tema, trazendo um pouco de
sua visão baseada na prática.

Disponível em: https://youtu.be/KsMYMpI34h8.

5.3.1. Origem do ESG

O termo ESG foi utilizado pela primeira vez em 2005, no relatório “Who Cares Wins” (“Ganha
quem se importa”), elaborado durante um encontro realizado pela Organização das Nações
Unidas, entre 20 instituições financeiras de nove países diferentes, cujo objetivo era
desenvolver diretrizes e recomendações sobre como incluir questões ambientais, sociais
e de governança na gestão de ativos, serviço de corretagem de títulos e pesquisa. Porém,
esse pensamento de que seria importante investir em empresas sustentáveis é um pouco
mais antigo.

Entre as décadas de 1970 e 1980, os fundos de investimento começaram a considerar critérios


sociais na tomada de decisão sobre em quais empresas deveriam investir. Assim, surgiu
o termo Socially Responsible Investing (SRI ou, em português, investimento sustentável
responsável).

Em 1971 foi criado o primeiro “fundo de investimento responsável”, denominado Pax


Sustainable Allocation Fund Investor Class (PAXWX), que tinha como pressuposto o não
investimento em empresas financiadoras da Guerra do Vietnã.

A década de 1980 foi marcada por alguns importantes desastres ambientais, como o
Desastre de Bophal (Índia) e o acidente com o petroleiro Exxon Valdez (Alasca), seguindo a
premissa de que os investimentos deveriam ser focados na sustentabilidade. Essas e outras
empresas, responsáveis por catástrofes ambientais, deixaram de receber investimentos.
Este movimento trouxe à tona a importância de reduzir os impactos ambientais enquanto
estratégia de mercado.

Saiba mais

Infelizmente, os desastres ambientais foram e ainda são realidade no mundo, apesar das pressões sociais e financeiras
que visam proteger o meio ambiente desse tipo de ação, elas continuam ocorrendo. Enquanto futuro Gestor Ambiental é
importante que você conheça os principais acontecimentos deste tipo no Brasil e no Mundo, pesquise sobre o tema.

Comece pelo link: https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2017/12/01/principais-desastres-ambientais-no-brasil-e-


no-mundo

88
Gestão Ambiental e governança – uma visão estratégica • CAPÍTULO 5

Entre 1990 e 2000 foram surgindo índices de responsabilidade social, entre eles
destacam-se: MSCI KLD 400 Social Index, que reduz investimentos em empresas de armas,
cigarros e álcool e o Dow Jones Sustainability Index, que avalia a performance de empresas
a partir dos critérios que hoje conhecemos como ESG.

Com o já mencionado surgimento do ESG em 2005, foram consolidadas as preocupações


ambientais, sociais e de governança nos investimentos, incentivando as empresas a
melhorarem sua performance nessas questões visando receber esses investimentos.

Em 2007 foram criados títulos que tinham o objetivo de captar recursos em prol da
melhoria ambiental, estes eram os chamados green bonds, também conhecidos como
“títulos verdes” ou “investimentos verdes”.

O impacto do ESG no mercado financeiro é muito considerável. De acordo com dados da


PwC, até 2025, cerca 57% dos ativos de fundos mútuos na Europa serão ESG. Em valores,
significa algo na casa dos 7,6 trilhões de euros.

5.3.2. Critérios do ESG

Como já vimos, o ESG é baseado em três critérios: environmental (ambiental), social and
governance (governança). Para melhor entendimento, vamos tratar com um pouco mais de
detalhamento o que cada um desses critérios inclui.

» Environmental: essas práticas são aquelas voltadas à preservação do meio ambiente.


Para atender a esse critério devem ser desenvolvidas estratégias que visem:

› Posicionamento em relação às mudanças climáticas e à redução nas emissões de


carbono;

› medidas contra a poluição da água e do ar;

› ações para preservação da biodiversidade;

› ações de eficiência energética, incluindo o uso de fontes renováveis de energia;

› gestão dos resíduos sólidos e logística reversa;

› uso consciente e sustentável de matérias-primas;

› redução no uso de água.

Vale lembrar que as ações serão inerentes à natureza das atividades e podem ser ampliadas
ou reduzidas conforme as necessidades. Outros critérios podem ser aplicados.

89
CAPÍTULO 5 • Gestão Ambiental e governança – uma visão estratégica

Figura 30. Responsabilidade ambiental.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/vector-illustration-ecofriendly-enterprise-factory-
isolated-1953814489.

» Social: as práticas S estão relacionadas à relação respeitosa da empresa com a


sociedade e seus colaboradores. Os investidores tendem a priorizar empresas que
prezem pelo bem-estar de seus funcionários, por exemplo. O atendimento deste
critério pode incluir:

› ações que visem manter a satisfação dos clientes;

› medidas para proteção de dados e privacidade;

› preconizar a diversidade e a inclusão na equipe;

› estimular o engajamento dos funcionários;

› respeito aos direitos humanos e trabalhistas;

› controle da taxa de turnover;

› não utilização de trabalho infantil ou trabalho escravo;

› não ser causador de impactos sociais negativos (desapropriação de terras, por


exemplo).

» Governance: essas práticas referem-se à administração de uma empresa tendo


como foco compreender se a gestão executiva e o conselho administrativo buscam
atender aos interesses das partes interessadas. Nessas práticas são avaliadas:

› independência, equidade e diversidade nos conselhos;

› estrutura do comitê de auditoria;

› conduta corporativa;

› remuneração dos executivos;

› relação com entidades do governo e políticos;

90
Gestão Ambiental e governança – uma visão estratégica • CAPÍTULO 5

› existência de um canal de denúncias;

› transparência financeira e contábil;

› relatórios financeiros completos e honestos;

› gestão de riscos.

5.3.3. Importância do ESG

O investimento ESG acaba sendo uma grande oportunidade de reconhecimento para


as empresas realmente comprometidas com a responsabilidade social, ambiental e de
governança. Basicamente estas são empresas que têm como foco principal um mundo
mais sustentável, além da sustentabilidade dos seus negócios.

A análise realizada pelos fundos de investimento e seus investidores pode variar de acordo
com o tipo de fundo e do setor a ser avaliado, porém, é certo que alguns fundos só investem
em empresas que adotam, comprovadamente, boas práticas.

Saiba mais

O movimento de ESG vem crescendo em ritmo acelerado no Brasil, segundo dados da plataforma aberta de inovação
“Distrito”, startups brasileiras com soluções para as melhores práticas ambientais, sociais e de governança receberam
investimentos da ordem de US$ 991 milhões desde 2011. Foram mapeadas 740 startups voltadas para o consumidor,
pequenas e grandes empresas ou até mesmo para o governo, com impacto em uma ou mais das categorias ESG, prova de que
essa é uma área com enorme potencial. Atualmente, existem no mercado diversas startups focadas em soluções ESG para
empresas, elas são chamadas de ESG techs. O Brasil já possui 740 negócios desta natureza, estas têm recebido investimentos
consideráveis.

Para conhecer algumas dessas startups e saber um pouco mais das iniciativas acesse a plataforma de inovação “Distrito”.

Disponível em: https://distrito.me/esg/.

A fim de formar uma rede de empresas com práticas sustentáveis, existem diversas iniciativas
globais, muitas das quais lideradas pela ONU. Algumas merecem destaque devido ao
impacto que têm no comportamento das empresas, e estão descritas no quadro 12.

Quadro 12. Iniciativas globais que corroboram com o ESG.

Organização sem fins lucrativos que visa padronizar os relatórios de sustentabilidade


das empresas globalmente. Em suma, a organização visa auxiliar empresas e governo na
Global Reporting
compreensão dos impactos dos negócios em questões relacionadas à sustentabilidade.
Initiative (GRI) O manual GRI está focado em quatro pontos: mudanças climáticas, direitos humanos,
governança e bem-estar social.
Iniciativa criada pela ONU em 2000 com o objetivo de encorajar empresas a adotarem
políticas de responsabilidade social e sustentabilidade. A adesão é voluntária e o Pacto
Global estabelece 10 princípios universais, que devem guiar as estratégias das empresas
Pacto Global
que desejam atender aos direitos humanos, direitos do trabalho, proteção ambiental e
anticorrupção. Ao aderir ao Pacto Global, o negócio se compromete a apoiá-los e a submeter
um relatório periódico mostrando sua evolução.

91
CAPÍTULO 5 • Gestão Ambiental e governança – uma visão estratégica

Criado em 2005 para guiar instituições de acordo com a agenda de sustentabilidade global,
os Princípios para o Investimento Responsável (PRI) trazem seis princípios voluntários
Princípios para
para incorporar os critérios ESG em práticas de investimento. Quem adere à iniciativa se
o Investimento
compromete a incorporar temas ESG em análises de investimento e processos de tomada
Responsável (PRI) de decisão, dentre outros pontos. Atualmente, a iniciativa tem mais de 3 mil signatários, com
ativos sob gestão que ultrapassam os 100 trilhões de dólares.
Tratado mundial cujo objetivo principal é a redução do aquecimento global. O documento foi
negociado durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2015
Acordo de Paris e assinado por diversos países em 2016. O foco do acordo é reduzir as emissões de gases de
efeito estufa para limitar o aumento da temperatura global, que deve ficar abaixo de 2 ºC, de
preferência em 1,5 ºC.
Plano de ação para o desenvolvimento sustentável global criado em 2015, em Nova Iorque,
na presença de líderes de 193 estados-membros da Organização. O foco são as dimensões
social, ambiental e econômica, além de ampliar as metas definidas em 2000 nos Objetivos
Agenda 2030 de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Os países que fazem parte da Agenda 2030 devem se
comprometer com a promoção de programas e ações para orientar a atuação interna do País,
o que inclui a agenda financeira.

Promove e divulga dados sobre a sustentabilidade corporativa das empresas para


investidores, tornando os mercados globais de capital mais eficientes e dialogando de forma
Sustainability
transparente com as empresas. Para isso, a SASB tem diretrizes para a divulgação dessas
Accounting Standards
informações. Em termos ESG, os padrões SASB se baseiam em 26 fatores, divididos em cinco
Board (SASB) temáticas: Capital Humano, Capital Social, Liderança e Governança, Modelo de Negócio e
Inovação e Meio Ambiente.

Fonte: Adaptado de Distrito, 2021.

No Brasil, o ESG ainda está longe de ser unanimidade, porém o tema vem ganhando cada
vez mais força entre os gestores do País. A demanda do mercado impulsiona mudanças
de postura, fazendo com que as empresas busquem soluções mais sustentáveis para seus
negócios.

Cada vez mais o posicionamento das empresas em relação às questões ambientais vem
sendo cobrado, por isso, investir em ações ESG é uma boa forma de aliar sustentabilidade
ambiental e financeira.

Sintetizando

O que vimos neste Capítulo?

» Entendemos um pouco sobre gestão ambiental estratégica.

» A importância da área SSMA para o estabelecimento e execução de políticas ambientais em uma empresa.

» A estratégia ESG e seus impactos no mercado.

92
CAPÍTULO
CERTIFICAÇÃO E ROTULAGEM
AMBIENTAL 6
Introdução do Capítulo

Chegamos ao último capítulo do nosso livro. Esperamos que os conhecimentos construídos


e consolidados até aqui sejam muito bem utilizados por você ao longo da sua atuação.

Vimos muitas definições e processos relacionados à prática da Gestão Ambiental e,


certamente, temos, até aqui, um bom material básico para consulta e estudos.

Para encerrar a disciplina vamos, neste capítulo, tratar do processo de certificação ambiental,
que pode ser, a princípio, resumido como um “atestado” de boas práticas. Veremos aqui a
importância e o impacto das certificações para as empresas e sua total relevância para a
gestão ambiental.

Veremos também o que são rótulos ambientais e o quanto estes são relevantes para as
empresas.

Ao final do capítulo faremos um breve estudo de caso a fim de ter uma visão um pouco
mais prática da atuação do gestor ambiental.

Objetivos

» Compreender a necessidade das certificações ambientais.

» Apresentar as normas ISO 14000.

» Compreender a importância da normatização de processos de implantação de


sistemas de gestão ambiental.

» Reconhecer a importância da rotulagem ambiental e os tipos estabelecidos em norma.

93
CAPÍTULO 6 • Certificação e Rotulagem Ambiental

6.1. A importância das certificações ambientais

Nosso percurso de estudos dentro desta disciplina já nos permite compreender claramente
que a pressão social e mercadológica em relação à responsabilidade das empresas
tem sido cada vez mais impactante, sendo, inclusive, determinante para o sucesso e
longevidade dos negócios.

Pensando em melhorar suas práticas e se adequar da forma mais condizente possível a essas
exigências, além de demonstrar uma performance ambiental satisfatória, as empresas vêm
investindo, cada vez mais, na adoção de Sistemas de Gestão Ambiental (SGA).

Vale ressaltar que a adoção do SGA não pode e nem deve ser feita apenas com vistas à
adequação às exigências legais, visto que é uma importante maneira de agregar valor e
melhorar o desempenho econômico das empresas.

A pressão dos stakeholders, ao contrário do que muitos podem pensar, não se limita ao
discurso; na verdade, eles buscam garantias de que a empresa está efetivamente preocupada
com a qualidade ambiental de seus processos. Essas garantias precisam ser apresentadas
da forma mais transparente possível.

É nesse contexto que surge o processo de certificação ambiental, visando atestar que os
processos produtivos estão, de fato, sendo cuidadosamente realizados de forma sustentável.
Fica bem nítida, então, a relação entre a certificação e a competitividade empresarial.

Figura 31. Mundo sustentável.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/innovative-green-technologies-smart-systems-
recycling-1462012364.

O comércio internacional está presente em grande parte da história, mas a sua importância
econômica, social e política se tornou crescente nos últimos séculos, graças ao avanço
industrial, dos transportes e a globalização.

94
Certificação e Rotulagem Ambiental • CAPÍTULO 6

O comércio entre países é mediado por regras de modo a assegurar a conformidade dos
produtos importados à legislação ambiental local e o atendimento aos requisitos de
segurança. No âmbito das organizações, também existem normas internacionais sobre a
qualidade ambiental.

Saiba mais

A certificação trata-se de um processo no qual uma entidade independente avalia se determinado processo ou produto
atende a um conjunto específico de normas técnicas. Esse processo é avaliado por meio de auditorias. A certificação garante
que a produção é controlada que os produtos estão, de fato, atendendo às normas.

Disponível em: http://www.abnt.org.br/certificacao/o-que-e.

O surgimento dessas normas e a consequente certificação de produtos e serviços devem-se


a alguns fatores, tais como o crescimento das leis ambientais, a maior consciência ambiental
dos consumidores, e a intensificação dos processos de abertura comercial.

Provocação

Quem nunca aguardou com grande expectativa a entrega de um produto da Amazon ou da Ali Express? Não só no mercado
virtual, as mercadorias importadas estão cada vez mais presentes em nosso dia a dia. Mas será que esses produtos
apresentam certificações ambientais? Ao comprar algum produto, você busca por elas?

De maneira geral, a obtenção de certificação ambiental pode conferir diversas vantagens


às empresas, tais como: maior qualidade do serviço e/ou produto oferecido; otimização
do processo produtivo; posição competitiva em relação a concorrentes sem certificação;
abertura econômica a novos mercados; melhoria da imagem da empresa

6.2. Evolução da normatização ambiental – breve histórico

Assim como todo grupo de conhecimentos, as normas sofrem, constantemente, processos


de evolução, quando novos pontos vão merecendo destaque, trazendo, a todo momento,
maiores garantias de que os processos de fato seguirão por um caminho sustentável.

Um dos primeiros passos para a elaboração de normas ambientais foi a criação de selos
verdes, que surgiram na Europa, mais especificamente na Alemanha, em 1978. O selo,
denominado “Anjo Azul” foi criado com a finalidade de identificar produtos que não
agredissem o meio ambiente. Desde então e até os anos 1990, os selos verdes era o que
existia de mais criterioso em termos de cuidados das empresas com o meio ambiente.

95
CAPÍTULO 6 • Certificação e Rotulagem Ambiental

A primeira norma ambiental criada foi a BS7750, emitida na Inglaterra, em 1992, pelo
Britânico de Normatização (BSI), que traz especificações a respeito dos requisitos para o
desenvolvimento, implantação e manutenção de sistemas de gestão ambiental, visando
garantir o cumprimento de políticas e objetivos ambientais definidos e declarados.

No início da década de 1990, a International Organization for Standardization (ISO), uma


instituição formada por órgãos nacionais de normatização, começou a se organizar para
desenvolvimento de normas que tivessem como foco as questões ambientais, padronizando
os processos das empresas de acordo com níveis de impacto “aceitáveis”. As padronizações
estabelecidas pela ISO são formadas a partir de comitês com integrantes de diferentes
nacionalidades, criando regras para os diferentes setores econômicos.

Saiba mais

A International Organization for Standardization (ISO) foi criada em 1947 com o objetivo de facilitar a troca de bens e
serviços no mercado internacional por meio da normalização de atividades relacionadas. A ISO também pretendia contribuir
para a cooperação nas esferas científicas, tecnológicas e produtivas.

Em 1993 foi criado o TC-207, um comitê técnico que tinha como objetivo desenvolver
normas relacionadas à Gestão Ambiental. O comitê reuniu membros de cerca de 30 países,
incluindo o Brasil. A partir das discussões e considerações do comitê, foram publicadas,
em 1996, as normas ISO 14001, 14004, 14010 e 14011, traduzidas para o português pela
ABNT, na série NBR ISO 14000. As normas ISO 14000 incluem normas sobre SGA, auditoria,
ciclo de vida do produto e rotulagem ambiental.

Saiba mais

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o órgão responsável pela normalização técnica no Brasil. Essa entidade
privada, sem fins lucrativos e de utilidade pública, foi fundada em 1940. A ABNT é membro fundador da ISO.

Para conhecer mais, acesse o link: http://www.abnt.org.br/.

Desde 1996, novas normas vêm sendo adicionadas à série de normas 14000,

além da atualização constante das normas ativas. A figura a seguir apresenta o modelo de
SGA da família ISO 14000, que também se baseia no ciclo da qualidade (CPDA), visando
à melhoria contínua de desempenho da organização. Dessa forma, é preciso planejar,
executar e checar ao longo do processo para verificar sua eficácia e, se necessário, realizar
a reestruturação do plano.

96
Certificação e Rotulagem Ambiental • CAPÍTULO 6

Figura 32. Modelo SGA.

Fonte: Adaptada da NBR ISO 14001, 2004.

No quadro 13 é apresentada a relação de normas da Série ISO 14000:

Quadro 13. Normas – série ISO 14000.

ISO 14001: SGA – os requisitos com orientação para uso.


ISO 14004: SGA – as diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio.
ISO 14010: Auditorias Ambientais – os princípios gerais para execução das auditorias.
ISO 14011: Auditorias Ambientais – os procedimentos para o planejamento e execução de auditorias num SGA.
ISO 14012: Auditorias Ambientais – os critérios para qualificação de auditores (quem executa as auditorias).
ISO 14015: Auditorias Ambientais – as avaliações ambientais de localidades e organizações.
ISO 19011: Auditorias Ambientais – os guias sobre auditorias da qualidade e do meio ambiente.
ISO 14020, 14021, 14024 e 14025: Rotulagem Ambiental.
ISO 14031: Avaliação de Desempenho Ambiental – as diretrizes para a avaliação do desempenho (performance)
ambiental. Ela inclui ainda exemplos de indicadores ambientais.
ISO 14040: Avaliação do Ciclo de Vida – os princípios e estrutura para a análise do ciclo de vida.

Fonte: Elaborado pela autora.

Observe que essa série é bastante extensa, porém somente a ISO 14001 certifica a
implantação de um SGA, por isso trataremos apenas desta de forma mais detalhada.

Atenção

As normas ISO não são e nem têm aspiração de ganhar status de lei, até porque sempre deve prevalecer a legislação
ambiental local. Ao criar parâmetros para a gestão ambiental, a ISO orienta as organizações no rumo correto para a
sustentabilidade. No site da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é possível acessar algumas normas na íntegra
gratuitamente.

Disponível em: http://www.abnt.org.br/publicacoes2/category/146-abnt-nbr-iso-14001

97
CAPÍTULO 6 • Certificação e Rotulagem Ambiental

6.3. ISO 14001: Especificação e diretrizes para implantação


do SGA

A ISO 14001, conforme mencionado, foi elaborada em 1996, tendo sua última atualização
sido realizada em 2015. Esta norma especifica os principais requisitos de um SGA, o qual
define como

a parte do Sistema de Gestão Global que inclui a estrutura organizacional,


o planejamento de atividades, responsabilidades, práticas, procedimentos,
processos e recursos para o desenvolvimento, implantação, alcance,
revisão e manutenção da política ambiental.

A implantação deste sistema deve obedecer às etapas gerenciais apresentadas na figura a


seguir:

Figura 33. Programa de SGA baseado na ISO 14001.

Fonte: Elaborado pela autora.

Para melhor compreensão vamos a um breve detalhamento das etapas:

» Política Ambiental: definida pela alta administração da empresa, constitui-se numa


declaração da organização expondo suas intenções e princípios em relação a seu
desempenho ambiental. Nela são estabelecidas metas que serão fundamentais
para avaliar todas as ações subsequentes. Para cumprir seu objetivo, a Política
Ambiental deve assegurar que ela:

› seja apropriada à natureza, à escala e aos impactos de suas atividades, produtos


e serviços;

› inclua um comprometimento com a melhoria contínua e com a prevenção da


poluição;

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Certificação e Rotulagem Ambiental • CAPÍTULO 6

› inclua um comprometimento com o atendimento aos requisitos legais aplicáveis


e outros subscritos que se relacionam com seus aspectos ambientais;

› forneça uma estrutura para o estabelecimento e a análise dos objetivos e metas


ambientais;

› seja documentada, implementada e mantida;

› seja comunicada a todos que trabalhem na organização ou que atuem em seu


nome;

› esteja disponível para o público.

Importante

É importante destacar a importância de uma avaliação periódica com base nos impactos produzidos pela empresa,
deixando, sempre, em aberto, a possibilidade de melhorias e ajustes na política ambiental.

» Planejamento: com base na Política Ambiental, deve ser feito um planejamento que
atenda aos aspectos ambientais e requisitos legais estabelecidos. Nesse momento,
devem ser estabelecidos os objetivos e metas da empresa a fim de melhorar seu
desempenho ambiental, como também seu programa de gerenciamento ambiental.
Observe o quadro a seguir:

Quadro 14. Componentes do planejamento.

É a causa e o impacto ambiental, o efeito. Ex.: O uso de combustível fóssil para produzir
energia gera (causa) emissão de CO2 e outros poluentes (impacto).
Aspectos * A norma destaca que devem ser considerados os aspectos significativos, ou seja, aqueles
ambientais* que apresentam impactos significantes. Os critérios são: ambientais (ex.: severidade e
tamanho), legais (ex.: limites de emissão) e preocupação das partes (ex.: imagem pública,
degradação visual).
Legislação aplicável dos três entes da Federação nos quais a empresa desenvolve sua
Requisitos legais
atividade.
Devem ser coerentes com a política ambiental e atender aos requisitos legais.
Ex.: Objetivo = reduzir a geração de gases do efeito estufa; meta = reduzir o uso de
Objetivos e
combustível fóssil no transporte em 20% comparado a dois anos atrás.
metas*
*A norma ISO 14004 recomenda que as metas sejam mensuráveis por níveis de desempenho
a serem atingidos para atingir os objetivos relacionados.

Fonte: Elaborado pela autora.

» Implementação e operação: a administração deve garantir a disponibilidade


de recursos para implementar, manter e melhorar o SGA. Assim, é necessário
investimento de recursos para capacitação contínua de seus funcionários e para a
garantia de uma comunicação eficiente. Além disso, é imprescindível a definição

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CAPÍTULO 6 • Certificação e Rotulagem Ambiental

das funções, responsabilidades e autoridades, assim como sua documentação e


comunicação.

Sugestão de estudo complementar

O livro “Auditoria e certificação ambiental” é uma ótima fonte de consulta sobre o tema de auditoria ambiental. Esta obra
está disponível na biblioteca virtual da faculdade.

» Verificação e ações corretivas: as organizações necessitam estabelecer, implementar


e manter procedimentos a fim de identificar potenciais situações de emergência
de modo a intervir quando necessário e a mitigar os impactos produzidos. Dessa
forma, para garantir a eficiência do SGA, essa verificação deve basear-se num
monitoramento contínuo das atividades, no controle de registros (documento
que apresenta os resultados obtidos ou fornece evidências do que é realizado)
e na realização das auditorias internas. A auditoria interna é a última etapa da
verificação e fornece insumos para a última etapa do SGA.

» Revisão do gerenciamento: de acordo com a ISO 14001, essa é a última etapa do


SGA. Com as informações obtidas na auditoria interna, a administração deve avaliar
o atendimento da política ambiental da organização, como, também, identificar
aspectos que necessitam de melhorias.

Enfim, um SGA, de acordo com requisitos estabelecidos na ISO 14001, facilita o


acompanhamento e a busca da conformidade legal. No entanto, pelo que foi visto, sabemos
que um SGA de excelência deve estar além da obediência legal, devendo ter o ideal de
melhoria contínua como essência.

Saiba mais

É possível a interação entre sistemas de gestão, ou seja, uma organização pode ter outros sistemas de gestão além do SGA.
A integração do SGA com o sistema de qualidade da empresa, por exemplo, pode gerar muitas vantagens. Para facilitar essa
integração, as ISO 14001 e 9001 apresentam uma tabela de correspondência técnica entre si, permitindo que os dois sistemas
possam ser usados conjuntamente.

No site do Inmetro está disponível, gratuitamente, a consulta às informações das empresas e suas unidades de negócio com
certificação ISO 14001.

Disponível em: http://www.inmetro.gov.br/gestao14001/.

100
Certificação e Rotulagem Ambiental • CAPÍTULO 6

6.4. Rotulagem ambiental

Provocação

Imagine-se chegando em a papelaria e, ao solicitar um caderno, o atendente lhe dá duas opções, sendo que um deles
apresenta o rótulo ambiental “Amigo da Floresta”. O sem rótulo custa 5 reais e o outro 10 reais. Você, então, compra o
segundo, afinal, é um produto ecologicamente correto.

Mais à frente, chegando à banca de jornais, você lê a seguinte manchete: “A Fábrica X, que exibe no rótulo ambiental ‘Amigo
da Floresta’ contribui para o desmatamento da Floresta Amazônica há uma década”. Decepcionado, você se questiona: “por
que acreditar nos selos ambientais?”

Com intuito de evitar situações como essa, a ISO 14000 também orienta sobre os rótulos
ambientais, definidos como a certificação de produtos adequados ao uso e que apresentam
menor impacto no meio ambiente em relação a outros produtos comparáveis disponíveis
no mercado. Esta certificação atesta, por meio de uma marca inserida no produto ou na
embalagem, que este apresenta menor impacto ambiental em relação a outros da mesma
categoria.

Figura 34. Exemplo de rotulagem ambiental.

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/100-food-safety-guarantee-stamp-1900603864.

O quadro a seguir apresenta os diferentes aspectos da rotulagem ambiental abordados nas


normas ISO: 14020, 14021, 14024 e 14025.

Quadro 15. Normas ISO para rotulagem ambiental de acordo com a ABNT.

ABNT NBR ISO 14020:2002: Rótulos e declarações ambientais – Princípios Gerais


» Interpretação dos princípios orientadores para o desenvolvimento e uso de rótulos e declarações ambientais.
ABNT NBR ISO 14021:2013: Rótulos e declarações ambientais – Autodeclarações ambientais (Rotulagem do tipo II)
» Interpretação dos requisitos para autodeclarações ambientais, incluindo textos, símbolos e gráficos, no que se
refere aos produtos.
» Termos selecionados usados comumente em declarações ambientais e fornece qualificações para seu uso.
» Metodologia de avaliação e verificação geral para autodeclarações ambientais.
» Métodos específicos de avaliação e verificação para as declarações selecionadas nesta Norma.

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CAPÍTULO 6 • Certificação e Rotulagem Ambiental

ABNT NBR ISO 14024:2004: Rótulos e declarações ambientais – Rotulagem ambiental do Tipo l – Princípios e
procedimentos.
» Princípios e procedimentos para o desenvolvimento de programas de rotulagem ambiental do Tipo l.
» Seleção de categorias de produtos, critérios ambientais dos produtos e características funcionais dos produtos, e
para avaliar e demonstrar sua conformidade.
» Procedimentos de certificação para a concessão do rótulo.
Visão geral da ISO 14025:2006: Rótulos e declarações ambientais – Tipo III declarações ambientais – princípios e
procedimentos.
» Princípios e especifica os procedimentos para o desenvolvimento de programas de declaração do Tipo III e
declarações ambientais Tipo III.
» Critérios e orientações para o uso da ABNT NBR ISO 14040:2009 (Avaliação do ciclo de vida) para o
desenvolvimento de programas de declaração do Tipo III e declarações ambientais Tipo III.
» Princípios para o uso da informação ambiental, além de os indicados na ISO 14020:2002 e para uso em
comunicação business-to-business e seu uso na comunicação business-to-consumer.

Fonte: Elaborado pela autora.

Em geral, o rótulo ambiental é conferido por uma organização certificadora idônea, após
análise rigorosa dos aspectos socioambientais. Existem empresas especializadas que
oferecem o suporte necessário para a acreditação em todos os rótulos ambientais ou selos
verdes, como também podem ser chamados.

Os selos verdes fornecem informações relevantes para que os critérios ambientais possam
ser considerados no consumo do produto e/ou serviço, dando informações sobre atributos
de sustentabilidade, que orientam o consumo consciente e os investimentos.

Saiba mais

Os rótulos ambientais se destacam, também, como ferramentas poderosas para evitar o que chamamos de greenwashing,
que consiste, basicamente, no uso de estratégias de marketing enganosas presentes em muitos produtos e serviços, como foi
o caso do produto de papelaria que vimos no início deste subcapítulo.

Em uma pesquisa mais detalhada, é possível identificar inúmeros tipos de rótulos ambientais.
A fim de orientar este processo, a série de normas 1SO 14020 estabelece três categorias de
rotulagem:

» Tipo I (ISO 14024): criados por entidades independentes, são os que mais geram
confiança, uma vez que o órgão que emite o selo não tem nenhuma ligação com
a empresa. Tendo o objetivo de estimular a demanda de produtos e serviços que
causem menos impacto ao meio ambiente, esses rótulos são emitidos baseados em
seu ciclo de vida.

» Tipo II (ISO 14021): são autodeclarações, ou seja, são criadas pela própria
empresa que produz, distribui ou que vende o produto. Com intuito de aumentar

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Certificação e Rotulagem Ambiental • CAPÍTULO 6

a confiança nesse tipo de rotulagem, a ISO sugere que os rótulos apresentem


informações objetivas e que possam ser verificadas facilmente.

» Tipo III (ISO 14025): declarações com informações quantificadas sobre parâmetros
ambientais em produtos e serviços previamente definidos. Ou seja, são rótulos
que servem para divulgar as características dos produtos que têm impacto no
ambiente. Portanto, não aparecem apenas em mercadorias “ecologicamente
corretas”, ajudando na escolha do consumidor.

À medida que os problemas ambientais são cada vez mais visíveis e divulgados na mídia,
há maior consciência ambiental dos consumidores e exigência na hora de adquirir um
produto. Isso vem estimulando as empresas a buscarem características ambientais
diferenciadas, adotando os sistemas de rotulagem, a fim de demonstrar suas boas práticas
ambientais.

E depois dessa grande construção de saberes, chegamos ao fim do nosso livro didático.
Recomendamos que você não pare por aqui, busque sempre aprimorar seus conhecimentos,
leia referências da área, participe de atividades extras e consulte profissionais em atividade e
acredite, esse comportamento será um grande diferencial em sua formação.

Sintetizando

O que vimos neste Capítulo?

» A necessidade das certificações ambientais.

» O histórico da normatização ambiental.

» Conhecemos melhor sobre as normas ISO 14000, especialmente a 14001.

» A importância da normatização de processos de implantação de sistemas de gestão ambiental.

» A importância da rotulagem ambiental e os tipos estabelecidos em norma.

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