Diversidade e Cultura Organizacional
Diversidade e Cultura Organizacional
Diversidade e Cultura Organizacional
1ª Edição
Brasília/DF - 2023
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Bibliografia.
ISBN 978-65-89227-87-8
23-153386 CDD-658.4
Índices para catálogo sistemático:
Autora
Verônica Brito Aguiar
Revisora
Andréia Lins Ribas
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e
Editoração
Sumário
Organização do Livro Didático........................................................................................................................................4
Introdução...............................................................................................................................................................................6
Capítulo 1
Diversidade Cultural no Contexto Organizacional.............................................................................................9
Capítulo 2
Comportamento Organizacional............................................................................................................................ 25
Capítulo 3
Cultura Organizacional.............................................................................................................................................. 39
Capítulo 4
Funções e Criação da Cultura Organizacional................................................................................................... 54
Capítulo 5
Gestão da Cultura e Mudança Organizacional.................................................................................................. 66
Capítulo 6
Desafios e Oportunidades........................................................................................................................................ 76
Referências........................................................................................................................................................................... 92
Organização do Livro Didático
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e
coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros
recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também,
fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático.
Atenção
Cuidado
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
Importante
Observe a Lei
Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem,
a fonte primária sobre um determinado assunto.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.
4
Organização do Livro Didático
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Saiba mais
Gotas de Conhecimento
Sintetizando
Posicionamento do autor
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
5
Introdução
Este Livro Didático apresenta uma breve reflexão sobre a Diversidade e Cultura
Organizacional. Tal temática é tratada de modo a promover a formação de gestores e
atores sociais, com visão crítica sobre as demandas sociais e o respeito ao diverso. Além
disso, é destacada a importância de refletir sobre os direitos da minorias e seus impactos
na gestão das mais diversas organizações.
Objetivos
6
Introdução
7
CAPÍTULO
DIVERSIDADE CULTURAL NO
CONTEXTO ORGANIZACIONAL 1
Introdução
A proposta desta leitura é sensibilizar ao fato de que nossas diferenças não devem
ser instrumentos de segregação, mas de construção de uma sociedade plural e com
potenciais intangíveis.
O tema diversidade é um dos principais desafios que marcam esse início de século, uma
Uma vez que a globalização a impulsiona enquanto as instituições devem se adaptar
e, mais do que isso, manejar o capital humano de modo a se desenvolver. Para tanto,
é importante refletir sobre as normas institucionais impostas e lançar um olhar sobre
as necessidades das minorias, de modo a promover uma gestão justa e promissora.
Por isso, as políticas corporativas, apesar de seu caráter generalista, devem prever o
respeito e o suporte à diversidade, assim como o combate aos preconceitos.
A ideia central é preparar o gestor para a atuação ética e desperta. Por isso, serão
apresentados alguns dos conceitos que norteiam o debate sobre diversidade, alguns
exemplos de ações afirmativas desenvolvidas no Brasil e alguns modelos de atuação com
foco no diferencial estratégico que pode ser emanado pelas empresas ao utilizarem-
se positivamente da diversidade de suas equipes.
Introdução
» Conceituar diversidade e pluralismo cultural.
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CAPÍTULO 1 • Diversidade Cultural no Contexto Organizacional
A função primária desta leitura é compreendermos que não somos todos iguais. Tal
ideia parece óbvia, entretanto, precisamos estar atentos ao fato de que muitas das
normas que regulam nossa sociedade e, consequentente, muitos sistemas gerenciais
tratam os sujeitos com igualdade e desconsideram individualidades.
Saiba mais
» Segundo o dicionário Michaelis, equidade pode ser definida como uma justiça natural; mais especificamente, é a
disposição para reconhecer o direito de cada um em suas reais especificidades. Em resumo, o comportamento equitativo
significa reconhecer que todos precisam de atenção, mas não necessariamente têm as mesmas demandas.
» Para Rawls (2002), equidade é uma ação ou política pública que corrige determinada norma igualitária ou universal, na
medida em que essa regulamentação não alcança plenamente seus objetivos.
» Equidade, portanto, consiste na adaptação do sistema de regras e gestão à realidade concreta, observando-se critérios de
imparcialidade e justiça.
Logo, apenas por meio do reconhecimento das diferenças e das necessidades diversas
dos sujeitos sociais que se pode alcançar a igualdade efetiva.
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Diversidade Cultural no Contexto Organizacional • CAPÍTULO 1
Importante
Repare que, apesar de a diversidade permear o modelo de gestão corporativo, este constructo também inclui a gestão de
questões pessoais da equipe de trabalho, de modo mais pontual. Esse olhar para o colaborador exige que o líder, nas rotinas
de trabalho diárias, possua uma capacidade refinada para aceitar as demandas específicas de cada trabalhador, acolher
suas respectivas limitações, respeitar crenças e valores, e, além disso, aproveitar o potencial criativo de cada membro para
otimizar a produção.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/diverse-group-business-people-entrepreneurs-office-1303856080.
Acesso em: 20 abr. 2020.
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CAPÍTULO 1 • Diversidade Cultural no Contexto Organizacional
Repare que a diversidade e a inclusão são as metas finais quando se busca a eliminação
da opressão institucionalizada nas organizações e na própria sociedade.
Atenção
Os Direitos Humanos são um conjunto de princípios e diretrizes que buscam resguardar todos os seres humanos, sem
exceção, de injustiças.
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que os direitos humanos incluem os direitos à vida, à liberdade de
locomoção, à liberdade de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à educação, entre outros. Por isso, os direitos
humanos não podem ser alvo de discriminação de qualquer espécie.
Podemos dizer que Direitos Humanos são os direitos básicos de todos os seres humanos
e podem ser segmentados didaticamente em três gerações:
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Diversidade Cultural no Contexto Organizacional • CAPÍTULO 1
Saiba mais
» São direitos civis e políticos: o direito à vida, à propriedade, à liberdade de pensamento, de crença, à igualdade formal (ou
seja, perante a lei), aos direitos à nacionalidade, a participar do governo (podendo votar e ser votado), entre outros.
» São direitos econômicos, sociais e culturais: direito ao trabalho, à educação, à saúde, à previdência social, à moradia, à
distribuição de renda, entre outros, fundamentados no valor igualdade de oportunidades.
» São direitos difusos e coletivos: o direito à paz, ao progresso, à autodeterminação dos povos, à inclusão digital, o direito
ambiental, os direitos do consumidor, entre outros, fundamentados no valor fraternidade.
A inclusão de tais direitos na Carta Magna da nação exige do Estado brasileiro uma
posição ativa no combate a qualquer condição degradante e desigual. E para que esse
processo de equilíbrio social seja efetivado, é importante que o governo seja promotor
de ações de equiparação às minorias.
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CAPÍTULO 1 • Diversidade Cultural no Contexto Organizacional
Cuidado
A palavra minoria, nesse caso, não se refere a um número reduzido de pessoas, mas, sim, a uma situação de desvantagem
social. Ou seja, para que uma população possa ser considerada uma minoria, deve haver relações de dominação entre os
diferentes subgrupos na sociedade.
» Condições de vulnerabilidade, para a qual não há amparo legal ao grupo na legislação vigente, ou, se há, não respeita suas
reais necessidades.
» Identidade em formação, ou seja, a minoria tem de se afirmar a todo momento perante a sociedade e suas instituições,
reivindicando seus direitos.
» Luta contra privilégios de grupos dominantes, que, em geral, lhes furtam a dignidade e a liberdade.
Após compreendermos que justiça e equidade são indissociáveis dos direitos humanos,
é importante saber como enfrentar as desigualdades. No contexto governamental,
utilizam-se ações de inclusão, que combatem as condições degradantes. Na base
dessas ações estão as ações afirmativas:
Vale citar que tais ações, quando vistas, grosso modo, vão de encontro com as medidas
do liberalismo econômico e o livre comércio. Entretanto, ao analisar de modo mais
crítico, percebe-se a importância da regulação do Estado no combate às violências e
às injustiças, de forma, inclusive, a preservar a democracia, as relações de consumo
e a vida digna e equilibrada.
Afrodescendentes
A discriminação étnico-racial no Brasil é uma questão que permeia os primórdios
da nossa história. A cultura escravagista colocou os afrodescendentes à margem da
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Diversidade Cultural no Contexto Organizacional • CAPÍTULO 1
sociedade e lhe tolheu direitos básicos, que incluem a vida e a dignidade. Após a lei
de abolição da escravatura, a sociedade passou a amargar números expressivos de
negros em nível de miséria e com dificuldade de ascensão social.
Esse é um problema que ainda se reflete no nosso contexto, uma vez que os negros seguem
tendo acesso a menos oportunidades de estudo, assumem, em geral, subempregos e
levam a vida tentando condições mínimas de sobrevivência.
Tais ações minimizam injustiças sociais, mas ainda são insuficientes para cessar
as violências diárias que essas pessoas vivenciam. É preciso formação humana da
sociedade brasileira, no sentido de eliminar diferenças de oportunidades e promover
a sensibilização das maiorias para a condição humana dos diversos povos.
Saiba mais
Segundo o dicionário Aurélio, sexo significa o conjunto das características que distinguem os seres vivos, com relação à sua
função reprodutora.
Porém, apesar de o conceito de sexo tratar da função biológica, este não explica ou determina a orientação sexual do sujeito.
Por isso, é preciso refletir sobre a construção social do sexo: o gênero.
O tema gênero, atualmente, é objeto de estudo de diversas disciplinas: Sociologia, Psicologia, Antropologia, pois, segundo
Maria Luiza Heilborn (1994, p. 5), apesar de haver a condição binária de macho e fêmea no meio natural, qual “a qualidade
de ser homem e ser mulher é condição realizada pela cultura”. Ou seja, o papel atribuído aos gêneros varia entre as diferentes
sociedades e também no tempo.
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CAPÍTULO 1 • Diversidade Cultural no Contexto Organizacional
Por isso, várias medidas têm sido tomadas no sentido de reconhecer os direitos do grupo
LGBTQI+. Entre estas, podemos citar a criminalização da homofobia e a ilegalidade
da “cura gay”. Além disso, há a Resolução n. 12 do Conselho Nacional de Combate à
Discriminação e promove os direitos dessas pessoas ao determinar o uso do nome
social e dos banheiros das instituições de ensino, de acordo com o reconhecimento de
gênero. A resolução defende, também, o uso de uniformes (caso estes sejam diferentes
entre os gêneros) da maneira que melhor convier ao indivíduo.
Mulheres
Você sabia que em pleno século XXI as mulheres no Brasil ainda ganham menos do
que os homens, mesmo quando ocupam as mesmas funções deles? Esse fenômeno
revela a falta de reconhecimento às contribuições femininas nos meios corporativos.
Além dessa questão de discriminação, ressaltamos que ainda vivenciamos casos de
extrema violência contra as mulheres, tanto em casa como nas ruas.
Entenda que, no Brasil, até 1932, as mulheres não podiam sequer votar, uma vez que
a sociedade as via como seres inferiores, sob o domínio da hegemonia masculina.
No caso das mulheres, a proteção de seus direitos emana da Constituição Federal, que
afirma que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, mas, também, pontua
que as igualdades entre homens e mulheres devem respeitar suas especificidades.
Mas, para combater as desigualdades inerentes à conjuntura vigente, podemos citar
as seguintes ações afirmativas:
» Cotas para mulheres no Legislativo, Lei n. 12.034, assim como maior tempo
para propaganda eleitoral e maior participação das mulheres na destinação do
Fundo Partidário;
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Diversidade Cultural no Contexto Organizacional • CAPÍTULO 1
No que tange às ações afirmativas destinadas a esse grupo, podemos citar o sistema
de cotas para ingressar no serviço público (20% das vagas devem ser destinadas para
este fim); já a Lei n. 8.213/1991 prevê planos de benefícios da previdência social e
reserva de vagas no mercado de trabalho; além disso, pessoas com deficiência possuem
isenção de alguns impostos, entre outras medidas.
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CAPÍTULO 1 • Diversidade Cultural no Contexto Organizacional
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/thinking-exchange-idea-partnership-business-
communication-378437224. Acesso em: 11 maio 2020.
Segundo Torres e Pérez (2014), no Brasil, o estudo do tema se iniciou nos anos 1990
com o movimento de desenvolvimento nacional e a incorporação da globalização no
chão das fábricas do País.
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Diversidade Cultural no Contexto Organizacional • CAPÍTULO 1
Todavia, ainda há muito a ser feito no cenário brasileiro, uma vez que, ao mesmo
tempo em que o Brasil está entre as maiores economias globais e permanece com
indicadores sociais de uma das sociedades mais desiguais do mundo (INSTITUTO
ETHOS DE EMPRESAS E RESPONSABILIDADE SOCIAL, 2010). Além disso, mesmo sendo
referência mundial em diversidade cultural, o campo de estudos em diversidade ainda
é embrionário e possui raras práticas implementadas na área de Gestão de Pessoas
( JABBOUR et al., 2011).
Atenção
Entenda que a gestão da diversidade reduz a rotatividade, conflitos interpessoais e os problemas na comunicação.
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CAPÍTULO 1 • Diversidade Cultural no Contexto Organizacional
Saiba mais
De modo a apresentar casos práticos dos temas tratados, apresentamos o caso de sucesso da empresa IBM.
Figura 4. IBM.
A IBM (International Business Machines) é uma empresa americana voltada para a área de informática e acumula prêmios
sobre boas práticas de inclusão e acessibilidade.
A companhia desenvolveu um amplo programa de fomento à inclusão de pessoas com deficiência, ofertando acesso e
treinamentos internos. O diferencial da empresa, no entanto, está no Reverse Mentoring, na qual representantes de grupos de
diversidade da organização, inclusive pessoas com deficiência, realizam sessões de mentoria com gestores. A ideia era fazer
com que as lideranças se sensibilizassem.
Destaca-se que a diversidade e a inclusão fazem parte da cultura IBM desde sua fundação. E, na prática, a ação inclusiva
está presente desde o processo seletivo dos candidatos até o acompanhamento e concessão da estrutura (física e emocional)
necessária para o colaborador desempenhar suas funções.
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Diversidade Cultural no Contexto Organizacional • CAPÍTULO 1
Já mostramos que, apesar de a diversidade ser um fator potencial para alguns choques
culturais, as organizações têm percebido as diferenças como um meio de gerar a
vantagem competitiva. Por isso, agora vamos nos aprofundar nessa discussão e
apresentar os meios pelos quais os gestores podem trabalhar para que a diversidade
sirva como uma alavanca para o desenvolvimento organizacional.
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CAPÍTULO 1 • Diversidade Cultural no Contexto Organizacional
que adotam a gestão da diversidade nas suas organizações tornam-as empresas mais
justas nas suas seleções para ocupar cargos de liderança, também têm um quadro
de funcionários mais tolerantes. E, analisando o mercado consumidor, apontam que
esses clientes diversos se identificam mais com a organização, sendo, assim, mais
uma vantagem competitiva em relação a outras organizações.
Saiba mais
O exemplo prático da Accor Live Limitless (ALL) pode lhe ajudar a compreender como a diversidade pode se tornar uma
vantagem estratégica.
Figura 6. ALL.
A ALL é um grupo líder mundial em viagens e, lifestyle. O propósito desse negócio está inteiramente associado ao
receber bem e proporcionar experiências positivas aos diversos clientes e, por isso, também é importante que os
colaboradores estejam engajados com essa premissa. E a inclusão e a diversidade são fatores elementares para
atingir esse objetivo.
Por isso, a ALL desempenha um papel ativo na sociedade e está comprometida em promover o desenvolvimento
sustentável e a solidariedade. Além disso, desde 2008, o Fundo Solidarity ALL funciona como uma extensão
natural das atividades e valores do Grupo, ajudando a combater a exclusão social e financeira dos membros mais
desfavorecidos da sociedade.
A ALL possui ações no sentido de sensibilizar os colaboradores para o respeito pelos valores e pelas regras de ética
do Grupo. Além disso, há o forte comprometimento com não discriminação do grupo de lésbicas, gays, bissexuais,
travestis, transexuais, transgêneros, entre outros (LGBTQI+). Logo, a ALL já possui iniciativas de contratação e
retenção para o público LGBTQI+, assim como ações de marketing e vendas direcionadas para esse nicho.
O tema da diversidade e inclusão LGBTQI+ se estende a todos os colaboradores, hóspedes e parceiros, pois se
acredita que as mudanças comportamentais e entendimento do tema são consequências de um diálogo aberto e
transparente. Além disso, é importante fomentar o diálogo aberto, transparente e positivo para que as mudanças
possam acontecer dentro e fora da empresa, não só com os colaboradores, mas com os clientes.
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Diversidade Cultural no Contexto Organizacional • CAPÍTULO 1
Para refletir
Entenda que a ética é o maior valor do homem livre e significa “respeitar e venerar a vida”.
Dentro das corporações, a gestão da ética perpassa pelo olhar da Gestão de Pessoas, uma
vez que este setor cuida do empreendimento humano. Logo, sua responsabilidade ética
torna-se ainda mais latente. E, por isso, os profissionais do setor de Gestão de Pessoas,
assim como as chefias da corporação, devem estar atentos ao respeito às condições de
trabalho e à promoção de equidade e justiça no sistema de reconhecimento e recompensas
da equipe de trabalho. Além disso, na transformação do contexto da corporação para
um ambiente mais ético, o líder ocupa papel de destaque, uma vez que é o responsável
por guiar as pessoas para a criação, a inovação, a motivação e a atitude ética.
Garcia (2003, p. 46) afirma que “o caminho mais curto para que a ética passe da
teoria à prática é fazer com que qualquer funcionário sinta que tem crédito, que
suas opiniões não são apenas ouvidas, mas, também, valorizadas e aplicadas sempre
que conveniente”.
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CAPÍTULO 1 • Diversidade Cultural no Contexto Organizacional
Os líderes necessitam conquistar a boa vontade dos empregados, de modo que eles
ponham seus talentos a serviço dos objetivos da empresa. Para isso, os funcionários
devem ser tratados com respeito.
Sintetizando
» O termo minorias não necessariamente se refere a um quantitativo/coletivo de poucas pessoas, mas abarca a condição de
grupos marginalizados pela sociedade;
» O comportamento ético dos gestores motiva comportamentos éticos das equipes de trabalho e promove desenvolvimento
organizacional.
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COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL
CAPÍTULO
2
Introdução
Introdução
» Conceituar e distinguir os termos comportamento e cultura organizacional.
25
CAPÍTULO 2 • Comportamento Organizacional
Saiba mais
De modo mais específico, Robbins (2005, p. 141) define o comportamento organizacional como
o estudo do que as pessoas fazem nas organizações e de como este comportamento afeta o
desempenho das empresas. Como este estudo está voltado especificamente para situações
relacionadas ao emprego, enfatiza-se o comportamento relativo a funções, trabalho,
absenteísmo, rotatividade, produtividade, desempenho humano e administração.
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Comportamento Organizacional • CAPÍTULO 2
As habilidades técnicas são necessárias, mas insuficientes para o sucesso das atividades
de gestão. Hoje, com um ambiente de trabalho cada vez mais competitivo e exigente,
os executivos não podem depender apenas de suas habilidades técnicas.
Figura 7. Habilidades.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/man-woman-business-organization-circle-gear-1500471572.
Acesso em: 23 abr. 2020.
Saiba que, como futuros gestores, é importante que estejamos atualizados e atentos às
possíveis intervenções no contexto corporativo capazes de gerar resultados éticos e positivos.
27
CAPÍTULO 2 • Comportamento Organizacional
Psicologia
Atenção
Mais recentemente, sua contribuição expandiu-se para incluir estudos sobre aprendizagem, motivação, percepção,
personalidade, emoções, treinamento, eficácia de liderança, satisfação com o trabalho, processos de tomada de decisões,
avaliação de desempenho, mensuração de atitudes, técnicas de seleção de pessoal, planejamento do trabalho e estresse
profissional. As contribuições da Psicologia têm foco no indivíduo.
Sociologia
Atenção
As contribuições da Sociologia são: dinâmicas de grupo, trabalho em equipe, comunicação, poder, conflitos,
comportamentos intergrupais, teoria da organização formal, tecnologia organizacional, mudança organizacional e cultura
organizacional. As contribuições da Sociologia têm foco no grupo e no sistema organizacional.
Psicologia Social
A Psicologia Social é uma área dentro da Psicologia que combina conceitos desta
ciência e da Sociologia. A ênfase é a influência de um indivíduo sobre o outro. Um dos
temas mais investigados pela Psicologia Social é a mudança – como implementá-la e
como reduzir as barreiras de sua aceitação.
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Comportamento Organizacional • CAPÍTULO 2
Atenção
As contribuições da Psicologia Social são: mudança comportamental, mudança de atitude, comunicação, processos grupais
e tomadas de decisões em grupo. As contribuições da Psicologia Social têm foco no grupo.
Antropologia
Atenção
As contribuições da Antropologia são: valores comparativos, atitudes comparativas, análise multicultural, cultura
organizacional e ambiente organizacional. As contribuições da Antropologia têm foco no grupo e sistema organizacional.
Ciências Políticas
Atenção
As contribuições das Ciências Políticas são: conflito, políticas intraorganizacionais e poder. As contribuições das Ciências
Políticas têm foco no sistema organizacional.
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CAPÍTULO 2 • Comportamento Organizacional
Aprendizagem,
personalidade
comportamento
organizacional,
Psicologia Indivíduo
liderança, qualidade
de vida, satisfação,
seleção
Dinâmica de grupo,
trabalho em equipe,
comunicação,
Grupo
conflitos, poder
Sociologia
Teoria da
organização formal, Sistema
cultura e mudança organizacional
organizacional
Atitude,
Psicologia Social comunicação, Grupo
processos grupais,
tomada de decisão
Valores
compartilhados, Grupo
análise multicultural
Antropologia
Política
Ciências intraorganizações, Sistema
Políticas conflitos, poder organizacional
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Comportamento Organizacional • CAPÍTULO 2
» Facilita a comunicação;
Importante
Entenda que os líderes, por sua capacidade de influenciar e modelar comportamentos, agregam grande destaque na
disseminação de políticas institucionais e são a mola propulsora para que comportamentos e atitudes em favor da
diversidade e da saúde corporativa sejam observados no cotidiano de produção.
Diante desses achados, é importante que cada empresa olhe para seu próprio modus
operandi e reflita como a estrutura organizacional, o modelo de gestão aplicado, as
políticas, os valores e a cultura interna impactam no comportamento de cada um de
seus colaboradores. Desse modo, é possível que a direção pense junto com o corpo
de gestores intervenções e estratégias de desenvolvimento corporativo.
A ideia central é que esse é um campo de estudo que auxilie na maneira como executivos
podem modificar o comportamento humano no trabalho e impulsionar a produtividade
de modo criativo e saudável. Logo, ao conhecer as variáveis intrincadas nessa relação,
é possível traçar estratégias e modelos de gestão de pessoas para gerar satisfação,
motivação, mudanças de comportamento etc. Baseia-se, portanto, em forças internas
e externas aos indivíduos que o influenciam em contextos de trabalho.
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CAPÍTULO 2 • Comportamento Organizacional
Figura 9. Valores.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/core-values-responsibility-ethics-goals-company-1065609320.
Acesso em: 23 abr. 2020.
Importante
Tradicionalmente, os fundadores de uma empresa são os que têm maior impacto sobre a cultura inicial da organização e
sobre a forma como os órgãos corporativos se inter-relacionam.
Porém, além dos fundadores, outra fonte de formação e transformação de cultura são os líderes corporativos (formais e
informais). Isso porque eles são o meio de implantação de todas as políticas de gestão de pessoas e são fonte de transmissão
de informação. Ademais, esses atores são elementos fundamentais, já que possuem a capacidade de influenciar as atividades
de um grupo organizado na direção de um objetivo (via autoridade ou persuasão).
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Comportamento Organizacional • CAPÍTULO 2
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/working-together-young-cheerful-afro-american-1496490071.
Acesso em: 11 maio 2020.
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CAPÍTULO 2 • Comportamento Organizacional
Importante
Lembre-se de que a satisfação dos colaboradores e o compromisso real da corporação com as aspirações de suas equipes
fortalece as relações de vínculo. Desse modo, os trabalhadores tendem a confiar nas decisões da liderança e resistir menos a
mudanças. Ademais, os índices de afastamento e rotatividade (por desligamento de técnicos da empresa) tendem a baixar, o
que, consequentemente, reduz os custos para a organização e promove longevidade à corporação.
Saiba mais
No campo da ciência, a análise de um fenômeno qualquer requer uma correlação entre variáveis, para que se saiba como se
dá o fluxo ou a cadeia de fatores que fazem determinado resultado acontecer. Ou seja, a relação de causalidade é a descrição
de como um evento “A”, sob determinadas condições, determina o resultado B. A essa cadeia dá-se o nome de relação de
causa e efeito.
Entendemos, assim, que há impacto de uma variável “A” sobre outra variável “B” que gera um resultado. Em outras palavras,
a variável independente determina a variável dependente.
» Variável dependente: aquilo que se pretende explicar ou prever, resultado oriundo de um evento, um fenômeno resultante
de uma conjuntura. Ou seja, depende que algo aconteça para que seja evidenciada. É o fator que aparece, desaparece,
aumenta ou diminui à medida que o pesquisador modifica a variável independente.
» Variável independente: é fator determinante, condição ou causa para determinado resultado, efeito ou consequência.
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Comportamento Organizacional • CAPÍTULO 2
Sabe-se que, para que uma estratégia organizacional seja alcançada, os recursos
humanos são essenciais. Por isso, com os conhecimentos da relação de causa e efeito
no campo de estudo do comportamento organizacional e com o diagnóstico realizado
na corporação, cabe à área de Gestão de Pessoas orientar a equipe de trabalho e
influenciar o comportamento individual, e, consequentemente, o organizacional.
Nesse sentido, Mascarenhas (2008) cita que é necessário que a área de recursos humanos
extrapole os limites das práticas tradicionais de gestão de pessoas, tornando-se uma
área menos operacional por meio da adoção de práticas e atividades focadas nos
objetivos e na estratégia da organização. Segundo o autor, para que a área de Gestão
35
CAPÍTULO 2 • Comportamento Organizacional
36
Comportamento Organizacional • CAPÍTULO 2
A Teoria da Equidade de Adams explica que pessoas são motivadas a alcançar uma
condição de igualdade ou justiça nas relações com outras pessoas e com as organizações.
Assim, é interessante que líderes sejam exemplos no que tange aos comportamentos
esperados dos colaboradores. Entende-se que a responsabilidade em seus atos irá
impactar na ação responsável dos seus colaboradores em uma relação de reciprocidade.
Tal fenômeno ocorre porque os colaboradores percebem as condições impostas pelo
ambiente de trabalho e respondem com reciprocidade.
Chiuzi (2006) diz que a organização, para ser considerada positiva, deve oferecer
suporte e atuar de forma justa nas relações com seus empregados.
Mas, fique atento, se a injustiça motiva a equipe a buscar o estado de justiça, é possível
que a Gestão de Pessoas se utilize dessa teoria no sentido inverso: fazendo com que
os colaboradores se sintam mais motivados. Ou seja, dentro dessa visão teórica, os
indivíduos também fazem escolhas baseadas em ideais de recompensa não obtidos
ainda; as recompensas devem estar inseridas em um período de tempo médio para que
haja relação desempenho-recompensa e esta deve ser justa; e, por fim, o indivíduo sabe
o que se espera dele e passa a se comportar da maneira esperada. Nesse caso, o padrão
produtivo do empregado se eleva para que ele seja merecedor dos benefícios oferecidos.
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CAPÍTULO 2 • Comportamento Organizacional
Logo, mais uma vez, você, como profissional, deverá trabalhar para que o bem-estar
seja alcançado e o nível produtivo seja, ao mesmo tempo, salutar e recompensador.
Saiba mais
A seguir, apresentamos um caso aplicado que demonstra o papel do executivo no contexto institucional. Conheça o caso da
Alcoa:
A Alcoa, líder mundial em produtos de bauxita, alumina e alumínio contava com muitos colaboradores expostos a atividades
perigosas, e a quantidade de acidentes chamou a atenção dos investidores, que reagiram negativamente. Logo, a empresa
entrou em estado crítico.
Nesse momento, um novo líder foi convidado a assumir a gestão da instituição e o foco da nova gerência centrou-se na
segurança no trabalho.
Como tática de mudança de cultura, o gestor demonstrou à equipe como a ação descuidada anterior acarretava prejuízos
humanos e financeiros. Logo, alinhou o discurso com a equipe de trabalho e rearranjou os esforços da empresa na busca de
um novo objetivo estratégico: ser referência em segurança. Assim, além de informar todos sobre a nova postura da Alcoa,
capacitou a equipe para o trabalho e sensibilizou todos para a meta de índice zero de acidentes no trabalho.
Em menos de um ano após as mudanças houve recordes nos lucros da organização. Antes de o novo líder se aposentar, o
faturamento líquido anual da empresa era cinco vezes maior do que antes de ele fazer parte da empresa.
O executivo sabia que precisava transformar a cultura da multinacional. Sabendo que as pessoas são resistentes a mudanças,
ele começou por um único fator, e essa alteração se alastrou pela empresa, causando novas mudanças de comportamento.
Alguns hábitos, conhecidos como angulares, possuem o poder de iniciar uma reação em cadeia, alterando outros. Foi isso
que aconteceu com a mudança que o novo líder incentivou.
Sintetizando
» O comportamento organizacional ganhou destaque nos estudos do mundo corporativo a partir dos achados de Mayo e as
demandas do mercado.
» O campo de estudos sobre o comportamento organizacional abarca diversos campos do saber, uma vez que podem ser
analisados enfoques distintos na maneira como as corporações influenciam e são influenciadas pelo meio e por seus
colaboradores.
» A análise do comportamento organizacional pode ser segmentada nos níveis micro, meso e macro-organizacional.
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CULTURA ORGANIZACIONAL
CAPÍTULO
3
Introdução
Introdução
39
CAPÍTULO 3 • Cultura Organizacional
Mas, note que todas essas interações são mediadas por um conjunto de regras e
experiências próprias de cada organização. Por isso, é importante estudarmos o contexto
no qual se desenvolvem os processos de trabalho, ou seja, a cultura organizacional.
40
Cultura Organizacional • CAPÍTULO 3
São os sentidos estabelecidos pelo grupo que conduzem a produção e geram significados
aos comportamentos.
Logo, sabemos que a cultura, sob a missão e a visão corporativas, impacta diretamente
nos processos de gestão de pessoas, de comunicação, de liderança, de organização do
trabalho, entre outros. Robbins (2005) cita que a cultura organizacional desempenha
funções diversas, dentre as quais: a definição de fronteiras e limites, a criação de um
senso de identidade, a qual gera comprometimento por parte da equipe. (MAMEDE,
2009, apud ROBBINS, 2005).
41
CAPÍTULO 3 • Cultura Organizacional
Mas, note que autores como Chiavenato (1999) e Vergasta (2001) indicam que, apesar
de ser mais estática e enraizada, a cultura organizacional pode sofrer mudanças ao
longo do tempo, mesmo que se deparando com a resistência dos funcionários. Até
porque não se pode falar em cultura institucional sem influência do ambiente externo
ou amadurecimento do seu corpo de colaboradores.
Saiba mais
O estudo da cultura corporativa perpassa a análise da relação de grupos, o entendimento das diversidades, a compreensão
de rituais e modelos de poder, assim como culturas de um povo ou de um país. Mas, neste caso, o objeto de análise são os
limites da instituição.
Por isso, Barreto et al. (2013, p. 35) afirmam que “O estudo sobre cultura organizacional está fundamentado em paradigmas
oriundos da Antropologia, da Sociologia, da Psicologia e das Ciências Políticas.”
Segundo Allaire e Firsirotu (1984, apud BARRETO et al., 2013), em termos didáticos,
há duas formas de compreender a cultura de uma empresa:
Logo, a cultura tem caráter descritivo, uma vez que pode ser descrita, constatada
(seu formato, força, conteúdos ou flexibilidade, entre outros), mas não avaliada, com
aspectos positivos ou negativos.
42
Cultura Organizacional • CAPÍTULO 3
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/core-values-responsibility-ethics-goals-company-1169240917.
Acesso em: 13 maio 2020.
Cuidado
Clima organizacional é, basicamente, o sentimento positivo ou negativo dos colaboradores sobre a organização do trabalho
na instituição. É o modo como os trabalhadores avaliam as condições impostas, as trocas realizadas, a qualidade das trocas e
valores internos em um período de tempo.
Em outras palavras, o clima refere-se a um conjunto de percepções, opiniões e sentimentos que se expressam no
comportamento de um grupo ou uma organização, em determinado momento ou situação, sendo, portanto, passageiro e
superficial.
Caracteriza-se como um fenômeno geralmente de caráter menos profundo e que pode mudar com maior velocidade.
Diferentemente da cultura, o clima é avaliativo e descritivo, uma vez que, além de poder ser descrito, pode ser avaliado
quanto ao grau de intensidade dos itens que o compõem, por meio da pesquisa de clima organizacional.
Segundo George Litwin (apud LUZ, 2003, p. 10), clima organizacional “é a qualidade ou propriedade do ambiente
organizacional que é percebida ou experimentada pelos membros da organização e influencia o seu comportamento”.
43
CAPÍTULO 3 • Cultura Organizacional
Por exemplo, Schein (1990), afirma que a cultura é caracterizada por três níveis, a
serem aprofundados adiante:
44
Cultura Organizacional • CAPÍTULO 3
Artefatos
observáveis
Valores
compartilhados
Pressupostos
básicos
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CAPÍTULO 3 • Cultura Organizacional
46
Cultura Organizacional • CAPÍTULO 3
Todas as organizações desenvolvem uma cultura, uma vez que são aglomerados de
sujeitos com histórias e valores simbólicos. E a transmissão da cultura para os novos
colaboradores, ou novos entrantes, depende do processo de ensino e aprendizagem.
Dessa maneira, há uma adaptação do empregado ao meio de convivência.
Atenção
Partindo da ideia de que as culturas são padrões que modulam o comportamento dos atores sociais e que, por meio do
controle formal, formam poderosos meios de gestão, há diversas instituições desenvolvendo a cultura organizacional
orientada à inovação. Para isso, de acordo com Claver et al. (1998), uma organização precisa possuir uma cultura forte,
compartilhada e orientada, para competir por meio do desenvolvimento de inovações.
Mas é importante esclarecer que essa cultura forte não exige necessariamente rigidez ou inflexibilidade, mas um conjunto
de princípios, valores e artefatos enraizados na conduta diária. É preciso que os colaboradores assumam os valores nas
pequenas ações produtivas e no modo de pensar a tomada das decisões.
47
CAPÍTULO 3 • Cultura Organizacional
Segundo Maximiano (2010), para que a cultura seja mais bem entendida, é necessário
identificar desde componentes facilmente observáveis até aqueles que demandam
um olhar mais atento. Esses elementos podem estar segmentados em três níveis.
Cuidado
Apesar de parecer semelhante, Maximiano (2010) entende os níveis da cultura organizacional conforme uma denominação
distinta de Schein (1990). Entenda:
Maximiano Schein
Artefatos: produtos visíveis como linguagem, vestimentas,
Nível mais superficial: artefatos, hábitos, linguagem.
hábitos, rituais.
Nível intermediário: histórias, mitos e heróis. Valores: experiências, medos, estratégias.
Pressupostos básicos: relações informais, hábitos e
Nível profundo: valores e crenças.
costumes.
No mais alto nível estão elementos que se pode observar diretamente: os artefatos, a
linguagem e os comportamentos habituais, as vestimentas. Trata-se dos itens visíveis
das organizações. Já no nível mais profundo, estão os valores e as premissas. Esses
componentes que se situam nos níveis mais profundos não são facilmente revelados
e são os mais difíceis de analisar. De todo modo, todos os elementos que compõem
uma cultura organizacional estão estritamente relacionados entre si.
A figura a seguir exemplifica os itens que cada nível de análise da cultura abarca:
Artefatos,
História, Linguagem,
Mitos, Hábitos
Valores e
Crenças Heróis
48
Cultura Organizacional • CAPÍTULO 3
Note, assim, que cada cultura pode conter especificidades em cada uma dessas
dimensões e que cada um desses aspectos pode ter força e impactos distintos no
modo como se arranjam.
Ideológica
Material
Psicossocial
49
CAPÍTULO 3 • Cultura Organizacional
Atenção
As três dimensões formadoras da cultura organizacional – ideológica, material e psicossocial – não são necessariamente
equivalentes. Uma ou outra pode predominar na vida organizacional, pode ter maior expressão, atuar com mais força.
Há organizações eminentemente voltadas para as questões materiais, outras mais ideológicas, outras ainda que são
mais intensas nas relações psicossociais. Desse modo, tem-se a individualidade nos sistemas de funcionamento de cada
instituição ou até entre os núcleos de trabalho de cada instituição.
Note que se uma organização der maior importância às questões materiais, as decisões serão mais voltadas à acumulação de
capital, à identidade visual, ou à economicidade, a depender dos valores pregados nessa dimensão. Tudo isso servirá de base
para o desenho do plano estratégico e necessariamente fará a modulação de como líderes impulsionam o comportamento
de seus liderados.
Entretanto, caso a força da cultura da instituição esteja mais apoiada na dimensão ideológica, pode ser que, por vezes, lucros
sejam deixados em segundo plano para que ações sociais ou afirmações políticas sejam alcançadas.
De todo modo, é importante saber que não há um modelo mais ou menos adaptado à realidade moderna, mas há o modo
operacional de cada corporação, que deve ser pensado conforme a razão de ser de cada uma.
50
Cultura Organizacional • CAPÍTULO 3
Outro exemplo de influência indireta da geografia está nas vestimentas adotadas pelos
colaboradores ou nas formas de celebração elegidas pelas equipes, que carregam
consigo valores culturais da região na qual a matriz corporativa está instalada. Assim
sendo, o ambiente interno de uma fábrica multinacional na África diverge do ambiente
da fábrica da mesma instituição na Europa. E isso tudo deve ser identificado pelos
gestores e modulado conforme os valores e a ética corporativa, de modo a impulsionar
a produção conforme a diversidade e o potencial de cada localização.
51
CAPÍTULO 3 • Cultura Organizacional
Saiba mais
Para que possamos contextualizar os saberes apresentados, vamos analisar o seguinte case:
A importância da gestão da cultura como meio de instrumento de reconhecimento social da identidade corporativa –
The New Coke
Em 1985, a Coca-Cola cometeu um erro de marketing. Após 99 anos de sucesso, deixou de lado sua antiga regra “não mexa
com a Mãe Coca”, e mudou a fórmula da Coca-Cola original. Surgiu a New Coke, com um gosto mais doce e suave.
A princípio, em meio à grande divulgação, o novo produto vendeu bem. Mas as vendas logo caíram e a empresa recebeu
cartas e ligações de consumidores insatisfeitos. Um grupo chamado Old Cola Drinkers iniciou protestos. E, após apenas três
meses, a Coca-Cola trouxe a antiga fórmula de volta.
52
Cultura Organizacional • CAPÍTULO 3
Uma reação rápida salvou a empresa de um desastre em potencial. Ela aumentou seus esforços em favor da Coke Classic e
reduziu a New Coke a um papel secundário. Então, por que a New Coke foi introduzida? O que deu errado?
Muitos analistas culpam uma pesquisa de mercado mal feita. Isso porque no começo dos anos 1980, embora a Coca-Cola
ainda fosse a líder do mercado, ela estava lentamente perdendo espaço para a Pepsi. A solução imediata parecia ser mudar o
seu sabor.
Logo, a corporação começou a pesquisa para um novo produto e gastou mais de dois anos e quatro milhões de dólares
em pesquisas. Mas analisando os dados, podemos ver que a pesquisa de mercado da Coca-Cola foi conduzida de maneira
errônea. A pesquisa procurava saber, unicamente, a reação das pessoas ao sabor; não se preocupou em explorar os
sentimentos dos consumidores diante da ideia de que eles deveriam abandonar a velha Coca e substituí-la por uma nova
versão. A pesquisa não levou em consideração os dados intangíveis – o nome da Coca-Cola, sua história, embalagem, sua
herança cultural e sua imagem.
Note que a Coca-Cola tem um dos mais avançados departamentos de pesquisa de mercado dos EUA. Mas a pesquisa de mercado
está longe de ser uma ciência exata. Os consumidores são cheios de surpresas. E, nesse caso, o peso cultural e o valor da marca
possuem um valor agregado que rende o sucesso da instituição e milhões em lucros. (STONER; FREEMAN, 1995).
Sintetizando
» A cultura organizacional é o conjunto de valores, crenças e tecnologias que mantém unidos os mais diferentes membros
de uma instituição e modela os comportamentos para o alcance dos objetivos corporativos, conforme os valores internos.
» A cultura organizacional desempenha funções como a definição de fronteiras e limites; a criação de um senso de
identidade; a sensação de pertencimento, a qual gera comprometimento por parte da equipe.
» A cultura, apesar de ser enraizada, pode sofrer mudanças ao longo do tempo, mesmo que se deparando com a resistência
dos funcionários.
» O conceito de cultura diverge da concepção de clima, sendo o primeiro descritivo e o segundo avaliativo.
» Os elementos centrais da cultura propostos por Schein (1990) são os artefatos observáveis, os valores e os pressupostos
básicos.
» A gestão das corporações precisa ponderar os valores culturais na tomada de decisão e no respeito à diversidade dos
subgrupos.
53
CAPÍTULO
FUNÇÕES E CRIAÇÃO DA CULTURA
ORGANIZACIONAL 4
Introdução
Introdução
» Definir as etapas da formação da cultura organizacional.
54
Funções e Criação da Cultura Organizacional • CAPÍTULO 4
Saiba mais
Tradicionalmente, os fundadores de uma empresa são os que têm maior impacto sobre a cultura inicial da organização. Eles
têm uma visão daquilo que a organização deve ser. O tamanho pequeno, que também costuma caracterizar empresas novas,
facilita a transmissão da visão de seu fundador sobre todos os membros da organização.
É importante compreender que a cultura formal é aquela que é professada pela cultura
oficial, ou seja, é aquela que é comunicada por meio de treinamentos e publicações
internas e que é expressa pelos dirigentes. Ao contrário, a cultura informal representa
os valores efetivamente praticados, ainda que não estejam previstos nos documentos
da empresa. Por exemplo: uma organização pode divulgar valores como a aprendizagem
e inovação constante, mas não abrir possibilidades concretas para a execução desses
valores. Logo, os colaboradores, por meio dos processos de aprendizagem e de
interpretação, entenderão que essa não é uma prioridade central, mas que serve de
guia para ações futuras ou mero adorno mesmo.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/business-hierarchy-ranking-strategy-concept-chess-682456528.
Acesso em: 15 maio 2020.
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CAPÍTULO 4 • Funções e Criação da Cultura Organizacional
Perceba que quando a empresa tem sucesso, toda a personalidade dos fundadores se
torna uma parte integrante da cultura da organização.
Saiba mais
Para reforçar o que foi dito, apresentamos o caso da Microsoft, a qual é mediada, inclusive nos dias atuais, pelos valores
e pela personalidade de Bill Gates, um grande exemplo de fundador contemporâneo, que teve impacto na cultura de sua
organização.
Saiba que muitas das práticas de recursos humanos reforçam a cultura organizacional.
O processo de seleção, os critérios de avaliação de desempenho, as atividades de
treinamento e desenvolvimento de carreira e os procedimentos de promoção asseguram
que os contratados se ajustarão à cultura, recompensando quem a adota e penalizando
aqueles que a desafiam.
56
Funções e Criação da Cultura Organizacional • CAPÍTULO 4
» Ações dos dirigentes: estabelecem um clima geral que define quais comportamentos
são aceitáveis e quais não são.
Dirigente
Filosofia dos Cultura
Critério de
fundadores da Organizacional
seleção
organização
Socialização
57
CAPÍTULO 4 • Funções e Criação da Cultura Organizacional
» reter talentos, por permitir que líderes alinhem os valores dos funcionários aos
da empresa;
Cultura Organizacional
Comportamentos
58
Funções e Criação da Cultura Organizacional • CAPÍTULO 4
Diante disso, reforça-se a ideia de que a cultura de uma empresa ajuda a moldar sua
atuação no mercado. Por isso, saber fortalecer a cultura organizacional pode gerar
diferencial, pois guia as atitudes, promove valores que estão alinhados com os dos
colaboradores e, com isso, orienta as equipes em busca de objetivos comuns.
Entretanto, cabe ressaltar que nenhum outro departamento converge tanta importância
na análise da cultura organizacional quanto o da gestão de pessoas, pois esse setor
desenvolve funções estratégicas perante os recursos humanos, ao promover a aceitação,
consolidação, manutenção e implementação de mudanças culturais. Para isso, são
desenvolvidos processos como:
59
CAPÍTULO 4 • Funções e Criação da Cultura Organizacional
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/young-person-thinking-office-problems-concept-1542508142.
Acesso em: 15 maio 2020.
60
Funções e Criação da Cultura Organizacional • CAPÍTULO 4
Atenção
Os relacionamentos, base para o clima organizacional, estão em constante mudança. Segundo Rachel e Salomão (2011,
p. 11), cabe ao gestor:
lidar com múltiplas realidades, papéis e identidades, e múltiplas lealdades dos indivíduos.
É necessário, então, ter uma habilidade cognitiva para analisar e interpretar fenômenos
complexos, visualizando novos padrões de relacionamentos; persuasão para qualificar o
trabalho em equipe, tolerando ambiguidades e incertezas; descentralização a fim de suscitar
aprendizagem de suas intervenções; e pensamento crítico e de autocrítica, para aprender
com os erros, se desenvolvendo continuamente.
Ou seja, entender como é a configuração de uma organização permite saber sobre a forma com a qual ela pode ser
administrada.
61
CAPÍTULO 4 • Funções e Criação da Cultura Organizacional
62
Funções e Criação da Cultura Organizacional • CAPÍTULO 4
Importante
É necessário que a alta direção, com base no plano estratégico, conheça os elementos inerentes ao esforço do
Desenvolvimento Organizacional (DO):
» A orientação deve ser pensada para o longo prazo, uma vez que exige um complexo campo de aquisição e
internalização de conhecimentos e comportamentos.
» O envolvimento de esforços para a eficácia deve ser global. Ou seja, todos os colaboradores de todos os níveis
organizacionais devem ser compreendidos no processo.
» Os passos de diagnóstico e de intervenção devem ser desenvolvidos conjuntamente entre os gerentes de linha e o
consultor. Assim, as demandas de cada setor podem ser respeitadas e o trabalho ganha sustentabilidade e maior
chance de sucesso.
» Avaliação: é a etapa que fecha o processo que funciona como um circuito fechado.
Diante desses passos, a corporação pode fazer a gestão da inovação sem impactar
bruscamente na cultura organizacional. Desse modo, a equipe de trabalho compreende
a necessidade de implementação de processos e soluções criativas, mas respeita os
valores institucionais.
63
CAPÍTULO 4 • Funções e Criação da Cultura Organizacional
Saiba mais
Para que possamos contextualizar os saberes apresentados, vamos analisar o caso de uma organização com cultura definida
como seu diferencial competitivo:
A empresa de varejo Magazine Luiza é conhecida como um dos cases de maior sucesso do Brasil. Com começo de operação
em 1957, no interior de São Paulo, essa rede passou por diversos momentos, até que, 1991, iniciou uma nova fase.
Sua forma de gestão inovou, quebrando com o modelo departamental e instaurando uma forma horizontalizada de agir.
Além disso, a cultura organizacional do Magazine Luiza é conhecida por todos os funcionários.
O sucesso da varejista é tamanho que mereceu destaque internacional, com estudo realizado por Harvard. Tudo isso
atribuído à cultura organizacional, que foca nas pessoas. Os funcionários são engajados, resultado de uma política constante
de reafirmação dos valores da empresa.
Para garantir o sucesso, o Magazine Luiza busca, desde o processo seletivo, inserir seus valores, alinhando a contratação com
o perfil de colaboradores ideais. Tudo pautado pela ética e pela prática e não por resultados e pela teoria.
Perceba como a cultura institucional ajudou as corporações a se desenvolverem e a se diferenciarem das demais
concorrentes. Suas atitudes frente ao mercado e o modelo de pensamento interno foram determinantes para que o
diferencial competitivo as fizesse alcançar o sucesso institucional.
Tais exemplos demonstram a importância do olhar da gestão para a cultura institucional e a necessidade de tomadas de
decisões que promovam o desenvolvimento organizacional conforme a visão corporativa.
64
Funções e Criação da Cultura Organizacional • CAPÍTULO 4
Sintetizando
» As estratégias que podem ser usadas para a manutenção e fortalecimento da cultura organizacional.
65
CAPÍTULO
GESTÃO DA CULTURA E MUDANÇA
ORGANIZACIONAL 5
Introdução
Logo, trataremos da mudança, o que vem a ser, e das fases que essa mudança em geral
enfrenta. Além disso, serão oferecidos exemplos de atuação prática que auxiliem no
entendimento e a sensibilização para a importância da gestão da mudança.
Introdução
» Explicar a importância do gestor como fator de mudança organizacional e
inovação estratégica.
66
Gestão da Cultura e Mudança Organizacional • CAPÍTULO 5
De acordo com Aguiar (2013), gestão é um termo abrangente, o qual apresenta diversas
dimensões não necessariamente vinculadas especificamente ao trabalho de liderança
em si, tais como: gestão de tempo, de pessoas, das organizações, das finanças, de
informações etc. Vale complementar, então, que o termo gestão tem suas bases nas
demandas presentes no sistema e nas ações humanas; visando à transformação de
uma realidade em outra almejada.
Importante
Chanlat (2000) afirma que os modos de gestão são práticas administrativas conjugadas pela direção de uma empresa no
intuito de atingir objetivos por ela pré-fixados.
Ou seja, toda mudança deve ser abarcada nesse processo de análise e gestão de pessoas, para que obtenha sucesso.
De modo complementar, Barros (2003, p. 69) define os modos de gestão como “as
maneiras como se produzem realidades e jeitos de se produzir os estados de coisas”.
Costa (2011) cita, ainda, que a gestão do trabalho abarca a própria gestão dos processos
de subjetivação, uma vez que as atividades laborais não se limitam a modos operatórios,
mas tratam também da criação, das experiências vividas no ambiente produtivo.
Diante de tais achados, é possível entender a gestão como uma forma de sistematização
e coordenação de desempenhos, com a função de mediação de conflitos entre os
sujeitos, condução das soluções criativas e manejo dos modelos de produção.
67
CAPÍTULO 5 • Gestão da Cultura e Mudança Organizacional
É importante lembrar que mudanças significativas podem gerar insegurança por parte
da equipe de trabalho. E para mitigar essa sensação, a corporação deve ser capaz de
mobilizar toda a empresa quanto à necessidade da transformação. E, para isso, o líder
desvela-se como a figura fundamental na condução do processo.
Saiba mais
É importante ponderar que liderança não é sinônimo de gerenciamento. O gerenciamento requer uma visão dos métodos
de trabalho, dos processos e procedimentos, enquanto a liderança tem o olhar nos objetivos estratégicos. Assim, a liderança,
independentemente dos métodos ou das funções de trabalho a serem emanados na gestão da mudança ou na produção
rotineira em si, visa à utilização dos potenciais humanos para promover motivação e soluções criativas.
Entretanto, ao falarmos do papel do gestor na condução da mudança, neste capítulo, estamos trabalhando gestão de modo
amplo. O importante é perceber que é preciso um condutor, um agente capaz de orientar para a mudança e modificar
comportamentos das equipes para que o alvo seja atingido.
68
Gestão da Cultura e Mudança Organizacional • CAPÍTULO 5
Entenda que a mudança é necessária para a evolução, mas ela deve ser conduzida de
modo a não corromper a sobrevivência operacional. Além disso, a mudança impacta
progressivamente nas facetas da cultura organizacional, entretanto caso as inovações
impactem na essência dos valores corporativos, pode haver um colapso na relação
com parceiros ou com mercado de consumo. Por isso, é ideal que a instituição esteja
preparada para as fases de adaptação e de olho nas novidades do mercado.
Importante
Burtonshaw-Gunn e Salameh (2010) afirmam que as mudanças são um componente diário das empresas, uma vez que há o
desejo contínuo de melhoria no desempenho.
69
CAPÍTULO 5 • Gestão da Cultura e Mudança Organizacional
tenham o condão de reduzir as possíveis quedas de produtividade, uma vez que essa
é consequência dos processos de mutação, e vem sendo apontada, por alguns autores,
como a meta fundamental da gestão da mudança organizacional (RAO, 2015).
Atenção
Pode haver reações diversas quanto às propostas de mudança, entre elas estão: motivação, compromisso, dúvidas etc. Mas
a mais comum e prejudicial é a resistência. Segundo Motta (1999), a mudança sofre com dificuldade de aceitação, pois tira
os trabalhadores do comportamento viciado e da zona de conforto. Isso significa que, nesse contexto, é necessário que o
trabalhador reveja sua maneira de pensar, agir, comunicar, se inter-relacionar e criar significados para sua própria vida.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/businessman-safely-inside-shield-dome-during-1332205487.
Acesso em: 8 jun. 2020.
Neiva e Paz (2012) relatam que os resultados e o êxito alcançados com a transmutação
são diretamente afetados pelas atitudes dos indivíduos frente às mudanças. Por
isso é necessária a mediação do gestor entre os riscos, as demandas e a capacidade
institucional em se articular e desenvolver.
70
Gestão da Cultura e Mudança Organizacional • CAPÍTULO 5
Por fim, é importante esclarecer que, em razão das características únicas dos talentos
que compõem uma organização assim como as próprias especificidades da corporação
(personalidade, cultura, valores etc.) não é possível elaborar fórmulas e modelos
fechados e prontos sobre como lidar com a reação dos empregados às mudanças. De
todo modo, sabe-se que gestores preparados e com condutas convergentes com o
planejamento estratégico da instituição funcionam como instrumento de facilitação
da implementação da inovação e, por isso, devem ser alvo de capacitações e fonte de
consulta para a gestão estratégica como um todo.
Por isso, é preciso pensar a mudança de modo sistêmico. Além disso, é preciso
transparência na condução e apoio da equipe na adesão de novos comportamentos.
Sabe-se que, conforme o modelo de Kurt Lewin (1947), esse processo de mudança
de padrões abarca três etapas: descongelamento, mudança em si e recongelamento:
71
CAPÍTULO 5 • Gestão da Cultura e Mudança Organizacional
De posse desse conhecimento é possível que o gestor aja de modo mais sábio e
articulado com as demandas dos colaboradores. Logo, a literatura aponta estratégias
para que cada uma das etapas seja mais bem gerida e para que o ciclo de mudança
seja respeitado e, mais do que isso, alcance sucesso.
Antes de mais nada, é importante que o corpo diretor da instituição saiba claramente
os rumos das mudanças desejadas e aponte a coerência dessas mudanças com o
plano estratégico da corporação. Outro fator a se considerar na gestão da mudança
é a urgência com que cada processo deve ser implementado. Esse fator também
deve ser ponderado considerando fatores externos à corporação (como a política, a
tendência do mercado de consumo, a qualidade das entregas dos concorrentes etc.).
Após esse momento, é preciso estabelecer práticas para descongelamento da equipe.
Ou seja, inicia-se o processo de mudança com a sensibilização para a importância
de transmutar.
72
Gestão da Cultura e Mudança Organizacional • CAPÍTULO 5
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/abstract-animal-background-agamidae-wildlife-cute-777835606.
Acesso em 8 jun. 2020.
73
CAPÍTULO 5 • Gestão da Cultura e Mudança Organizacional
Essas ferramentas podem ser utilizadas pelos líderes e diretores da corporação para
que suas equipes sejam atraídas a colaborar com as mudanças e, mais do que isso,
sintam-se parte do processo de aprendizagem e desenvolvimento organizacional
galgado pelas inovações e adoção de novos modelos de produção e relacionamento
com os clientes.
Saiba mais
Para tomar conhecimento sobre como funciona a Gestão da Mudança no mercado, leia o case a seguir:
A Microsoft, corporação especializada em soluções tecnológicas, vem fazendo gestão de mudanças há anos. E tudo começou
por volta de 2005, com o trabalho da sua equipe sobre estratégia de negócios, a qual se dedicou a trabalhar com executivos
de modo a conhecer quais soluções poderiam ser adotadas nas ferramentas da Microsoft para que o trabalho desses clientes
fosse facilitado. Essa condição que despertou a corporação, entre 2009 e 2010, para a importância de mudanças que lhe
agregariam vantagem competitiva.
Nesse contexto, a empresa criou uma equipe que, desde então, trabalha especificamente com a gestão de mudanças. Esses
colaboradores levantam demandas com clientes e padronizam serviços com parceiros. Além disso, a Microsoft se envolveu
com associações da indústria de gestão de mudanças em todo o mundo.
Perceba que a mudança foi um novo valor incorporado à cultura organizacional que se efetivou com a criação de funções
específicas sobre a gestão de mudanças, mudanças de paradigmas, adoção de parcerias e capacitações etc.
» A maioria das pessoas dedicadas ao atendimento do consumidor passou por treinamento e ganhou acesso a ferramentas
de gestão de mudanças para que possa esclarecer nesse espaço as reais necessidades dos seus clientes;
» Foi adicionado conteúdo sobre gestão de mudanças em portais voltados para o cliente;
» Foi fornecido um manual de gestão de mudanças e implementados para os parceiros, que permitiu a padronização da
prestação de serviços.
74
Gestão da Cultura e Mudança Organizacional • CAPÍTULO 5
Sintetizando
» A mudança organizacional é um processo inerente a qualquer organização. E pode se dar de modo mediado ou não.
» A gestão da mudança deve ser orientada de modo a convergir com os objetivos corporativos e aprendizagem corporativa.
» Os gestores são figuras centrais para a gestão da mudança, uma vez que são o ponto de contato entre a alta gestão e as
equipes de trabalho.
» Pode haver resistência a mudanças e, para enfrentar isso, é preciso uma análise situacional e o amparo de processos de
comunicação e programas de reforço à evolução da equipe.
75
DESAFIOS E OPORTUNIDADES
CAPÍTULO
6
Introdução
Este capítulo final visa conectar todos os assuntos estudados até o momento com o
potencial de inovação e de enfrentamento de crises pelas corporações. É necessário
pensar a diversidade, a cultura e o comportamento organizacional como fatores de
gestão que promovem justiça social, atuação ética e, também, eficiência.
Além disso, vamos falar das características do mercado moderno que exigem que as
corporações se tornem mais flexíveis e trabalhem interconectadas e em um modelo de
rede, dispondo de parceiros e equipes remotas para absorver as demandas do consumo.
Por fim, vamos tratar das ferramentas de comportamento organizacional que podem
ser utilizadas como apoio à gestão para análise e condução das mudanças tratadas.
Desse modo, líderes e gerentes tendem a voltar um olhar mais humano e que promova
sustentabilidade e sobrevivência corporativa, além de qualidade de vida no trabalho.
Introdução
76
Desafios e Oportunidades • CAPÍTULO 6
77
CAPÍTULO 6 • Desafios e Oportunidades
Assim, é importante notar que o capital intelectual é o fator-chave de sucesso, uma vez que
é a fonte primária da inovação. Por isso, a valorização do pessoal, a análise do clima e da
cultura internos, o desenvolvimento de espaços de debate de ideias são a fonte da mudança,
do aperfeiçoamento de processos, da criação de novos produtos, tecnologias e serviços.
Saiba mais
A criatividade está ligada à capacidade de compreender o mercado e propor soluções que valorizem a marca.
A empresa foi formada em razão da análise de mercado básica e da experiência dos fundadores. Isso, porque, durante a
realização de uma grande conferência em San Francisco, três amigos que dividiam uma residência, notaram que os hotéis
da cidade estavam lotados e decidiram alugar um espaço na própria casa para abrigar os turistas em colchões infláveis. Além
disso, foi oferecido café da manhã e foi daí que surgiu o nome Airbnb: Air bed and breakfast.
Atualmente, o Airbnb oferece 300 mil espaços cadastrados para locação, incluindo quartos, apartamentos, mansões e até
castelos e ilhas particulares. E perceba que o foco nunca deixou de ser a promoção da hospitalidade por meio de uma
comunidade confiável ao redor do mundo.
Vale citar que, em 2011, a empresa já estava avaliada em US$ 1 bilhão e entrou para a lista das empresas mais inovadoras do
mundo, posto que ainda ocupa. E, recentemente, a instituição ganhou destaque no relatório do Fórum Econômico Mundial
por ter sido reconhecida como pioneira no ramo.
78
Desafios e Oportunidades • CAPÍTULO 6
E uma das crises que o mercado corporativo pode enfrentar é certamente a escassez
de mão de obra ou a falta de pessoal qualificado para determinada função. Para
enfrentar essa situação, podem ser tomadas duas atitudes: a revisão do processo de
produção e a capacitação da equipe de trabalho para desempenhar o trabalho ou
para gerar inovação.
É importante saber que, em tempo de crise de mão de obra, bons salários e benefícios
não serão suficientes para encontrar e manter profissionais talentosos. Isso porque o
mercado externo aos campos da instituição estará preparado para absorver a mão de obra
com ofertas melhores e mais favoráveis ao trabalhador, o que gera grande rotatividade.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/innovation-banner-web-icon-business-inspiration-1116938060.
Acesso em: 10 jun. 2020.
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CAPÍTULO 6 • Desafios e Oportunidades
» Extrapolar os limites do avanço tecnológico, uma vez que da mesma forma que
a inovação abarca todos os níveis hierárquicos da oganização, ela inclui todos
os setores da produção, assim como todos os campos do saber.
Por fim, entenda que a mesma estratégia de pensar de modo inovador pode ser eleita
quando a crise é de oferta de empregos.
Saiba mais
Empregabilidade é a capacidade ou possibilidade que um sujeito possui para conseguir ou manter um emprego. Está
relacionada diretamente com o valor profissional que uma pessoa consegue ter dentro do mercado de trabalho.
Logo, para garantir a empregabilidade é preciso que o profissional esteja atento às demandas do mercado da sua área de
atuação, pois, quanto maior for a capacidade de corresponder às necessidades do mercado, maior será sua empregabilidade.
80
Desafios e Oportunidades • CAPÍTULO 6
Saiba mais
A palavra vem do termo em inglês empower, que significa o ato de entregar poder e autoridade para algum sujeito.
Empowerment, em alguns casos também conhecido como empoderamento, refere-se a uma estratégia de
capacitação e desenvolvimento de funcionários. Esse modelo requer a adoção de um modelo de gestão mais
descentralizado.
Em termos didáticos, o objetivo do empowerment é a delegação de novas responsabilidades a alguém, por meio
do enriquecimento do cargo com novas funções, tarefas ou atribuições. Além disso, não é possível falar em
empoderamento sem promover autonomia, que permite que os trabalhadores tomem decisões, desenvolvam
habilidades e tornem-se capazes de alcançar cargos maiores dentro da organização.
81
CAPÍTULO 6 • Desafios e Oportunidades
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/businesspeople-drawing-symbolizing-power-team-284148389.
Acesso em: 6 jun. 2020.
Logo, podemos dizer que, para ser incluído nas organizações, o empowerment deve
se guiar pelas seguintes bases:
82
Desafios e Oportunidades • CAPÍTULO 6
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/business-woman-drawing-global-structure-
networking-1006041130. Acesso em: 15 jun. 2020.
83
CAPÍTULO 6 • Desafios e Oportunidades
Saiba mais
As organizações em rede podem ter qualquer tamanho, desde que contem com alianças para atuar integralmente no
mercado. Além disso, vale citar que as conexões entre organizações ou entre organizações e pessoas são flexíveis a definir do
momento.
Além disso, não há hierarquia entre os atores da rede. Diferente do que acontece internamente aos limites institucionais. Isso
diferencia a rede das multinacionais. Nesse último caso, há integração e formalização das relações de trabalho.
Uma organização em rede pode contar com serviços terceirizados ou encadeados. Por exemplo, uma fábrica que produz
para-brisas de carros pode estar em rede com diversas montadoras de carros e cada uma colabora na produção do carro no
total. Então, ambas têm interesse na venda de carros pelas concessionárias. Esse é um exemplo de rede.
Mas vale citar que organizações em redes precisam, antes de mais nada, estar
interconectadas internamente. Ou seja, os funcionários podem comunicar-se e trabalhar
juntos, mesmo que estejam fisicamente distantes. Além disso, deve haver convergência
entre as ações internas, ainda que o processo de trabalho não seja centralizado e que
não aconteça fisicamente no mesmo espaço ou no mesmo país.
O trabalho típico dos anos 1960 e 1970 consistia em jornada diária fixa, de segunda
a sexta-feira, em horário e local definidos, o que possibilitava delimitar claramente
o tempo dedicado ao trabalho e vida pessoal. O surgimento de organizações globais,
tecnologia, informática e comunicação, hoje, possibilita que funcionários trabalhem
84
Desafios e Oportunidades • CAPÍTULO 6
em casa ou em qualquer outro local e a exigência das empresas para que funcionários
trabalhem mais tempo, fez com que esse panorama mudasse. A linha divisória entre
o trabalho e a vida pessoal tornou-se obscura para muitos funcionários, o que gera
conflitos pessoais, estresse e dificulta às pessoas conciliarem compromissos domésticos,
conjugais e sociais. As organizações estão diante do desafio de conseguir ajudar seu
pessoal a atingir o equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal sob pena de não atrair
e perder funcionários capazes e motivados.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/partner-business-trust-teamwork-partnership-industry-568024666.
Acesso em: 15 jun. 2020.
Não quer dizer que as questões éticas não fossem importantes anteriormente, mas
significa que na conjuntura atual é preciso que as bases da ação justa e ética estejam
incorporadas nas formas de atuação de todos os colaboradores, ainda que não estejam
no mesmo ambiente físico que seus gestores ou sob controles severos.
Importante
Toda essa necessidade de atuação transparente e responsável, conforme os valores institucionais, decorrem do desenvolvimento
organizacional – que busca a aprendizagem corporativa pela incorporação da flexibilidade e mudança, e, também, do
empowerment – uma vez que os colaboradores serão encorajados a agregar processos decisórios a sua rotina de trabalho, assim
como operar em espaço global e virtual.
85
CAPÍTULO 6 • Desafios e Oportunidades
Existe uma grande necessidade de se criar um clima saudável para que os funcionários
possam trabalhar com produtividade, harmonia e confiança. E a construção desse
ambiente de trabalho tem origem na cultura organizacional estudada e na atuação
transparente dos líderes da corporação.
Saiba mais
Para conhecermos o que os estudiosos modernos falam sobre o tema, é transcrita a seguir uma entrevista realizada pelo
Congresso Ambima com o acadêmico Mário Sérgio Cortela:
A ética é diferente quando empregada nas relações corporativas e nas relações pessoais?
Não. A ética propicia uma condição de vida saudável e decente. É um valor de vida. Não há
diferenciação do que é um cuidado ético e o que é decência. A ética não é universal, mas
também não é individual. Uma pessoa jurídica, uma empresa é feita de pessoas físicas, por
isso é importante a ética nos negócios. Em uma organização, partilhamos valores éticos, caso
contrário não estaríamos ali. Não há fosso entre indivíduo e corporação.”
Fonte: https://www.anbima.com.br/pt_br/noticias/4-perguntas-sobre-etica-para-mario-
Repare na importância que o estudioso dá à ética no universo corporativo, assim como na vida privada de cada colaborador!
Entenda que cada ser humano é único e irrepetível, assim como as organizações, uma
vez que cada uma possui exclusividade de identidade e cultura, conforme aliança
de sua equipe de trabalho. Por isso a ética é o fator central da convivência humana
e, consequentemente, da sobrevivência corporativa. Note que cada instituição
possui uma missão, e essa missão, com base na atuação humana, é necessariamente
o desenvolvimento. Entretanto, é preciso primar pelo ambiente que circunda a
organização para que esse desenvolvimento seja real e agrege valor. Por isso, é preciso
entender a ética como fator de diferencial.
86
Desafios e Oportunidades • CAPÍTULO 6
interconectadas e que têm por base a colaboração criativa de cada trabalhador, você
seja capaz de analisar contextos institucionais e identificar pontos de intervenção no
ambiente de produção conforme a ética e a alta performance.
Atenção
Falar sobre comportamento organizacional significa ir além de ditar regras ou fórmulas prontas. Ou seja, diante das
características de cada instituição, não é possível desenvolver um manual de bons modos que se aplique a todos os casos e
condições. Essa é a importância de estudar e gerenciar o comportamento organizacional.
Entenda, então, que o comportamento organizacional é uma análise das atitudes e dos
comportamentos dos colaboradores. E, a partir disso, é possível desenvolver condutas
e hábitos para melhorar diversos pontos da corporação. Logo, vamos analisar os níveis
do indivíduo, dos grupos e da corporação como um todo para entender os fatores de
influência no comportamento humano e no comportamento institucional final.
Mas vale destacar que nesse sistema de análise existem variáveis no ambiente que
servem de gatilhos para respostas comportamentais, as quais chamamos variáveis
dependentes. São aquelas que pelo simples fato de comporem o ambiente produtivo
tendem a gerar resultados determinados. Logo, é importante conhecermos essas
correlações, uma vez que o comportamento organizacional é fator decisivo para o
desempenho da organização.
87
CAPÍTULO 6 • Desafios e Oportunidades
Atenção
O potencial da organização está diretamente relacionado ao potencial dos seus colaboradores e envolve toda a organização
na sua forma de se portar.
Variáveis Independentes
Organização:
Desenho e cultura
organizacional;
Processos de
Trabalho
Grupos e equipes:
Equipes e
empowerment
Dinâmica de Variáveis
grupos e entre Dependentes/Comportamentais
grupos
Desempenho
Indivíduos
Engajamento
Diferenças
individuais Fidelidade
Percepção e
atribuição Satisfação
Motivação e
satisfação Cidadania Organizacional
88
Desafios e Oportunidades • CAPÍTULO 6
ser mudadas de modo abrupto. Ou seja, de modo geral não podem ser influenciadas
ou modificadas pelos líderes. Repare ainda que cada uma das dimensões analisadas
entre as variáveis possui uma forma de análise ou ferramentas de coleta de dados
distintas. Por exemplo, no âmbito do sujeito é possível implementar a avaliação de
desempenho, já na análise corporativa é possível estabelecer políticas de avaliação
do clima organizacional. Todas essas ferramentas podem ser articuladas em um
cronograma de acompanhamento gerenciado pela Gestão de Pessoas das Organizações.
Saiba mais
Além das ferramentas citadas, outras devem ser levadas em consideração na análise do comportamento organizacional. São
elas:
» Acompanhamento do índice de rotatividade alinhado com entrevistas demissionais que levantem os motivos das
demissões e os pontos a serem desenvolvidos na corporação.
» Pesquisas de satisfação para avaliar o quão bem o trabalhador se sente colaborando com a instituição.
» Análise dos resultados institucionais e comparação com as metas traçadas, de modo a identificar o potencial institucional
e os motivos que podem ter desviado a corporação ou setores específicos da entrega ideal com os projetos realizados,
incluindo iniciativa pessoal, motivação e apresentação de sugestões e soluções individuais e por equipes, considerando
participação, engajamento, atendimento aos prazos, entrega de tarefas e entrosamento geral.
Variáveis Comportamentais
Variáveis básicas Desempenho
Nível Ambiental Engajamento
Nível Organizacional Fidelidade
Nível Individual Satisfação no Trabalho
Cidadania Organizacional
Variáveis Intermediárias
Variáveis Resultantes Produtividade
Alcance dos Objetivos Organizacionais Adaptabilidade
Valor Econômico Agregado Flexibilidade
Renovação Organizacional Qualidade
Crescimento Organizacional Inovação
Satisfação do Cliente
89
CAPÍTULO 6 • Desafios e Oportunidades
Por isso, é importante notar que todas as facetas da corporação tendem a impactar a
forma como os colaboradores vão cooperar entre si e colaborar com a instituição. Mais
do que isso, o conjunto integrado dos níveis micro, meso e macro-organizacionais vai
responder o modo como a instituição vai lidar com o ambiente, de modo a ser reativa
e a evoluir perante as mudanças e os rearranjos entre as redes que ela integra.
Saiba mais
A Puma é uma empresa alemã de equipamentos desportivos e atualmente integra o ranking das empresas mais éticas do
mundo, segundo a consultora britânica Eiris. Isso se dá em razão da gestão ambiental, da igualdade de oportunidades entre
os colaboradores e da transparência na sua atuação.
De acordo com a consultoria, a companhia apresenta estruturados sistemas de gestão ambiental como ferramentas de
produção. Além disso, os esforços em envolver a cadeia de fornecedores e outros parceiros comerciais também somam valor
em seu modelo de atuação. Isso não significa que a empresa não tenha fatores internos a serem melhorados e discutidos,
mas significa que há um compromisso com sua equipe e meio social.
Esse modo de atuar no mercado coloca à disposição da empresa parcerias diferenciadas e análise por parte dos
consumidores que promovem a alavancagem das vendas e a economicidade do processo produtivo.
Por isso, entenda a importância da atuação ética. Pequenos desvios e comportamentos antiéticos que visam sanar de modo
pontual demandas da empresa ou dos colaboradores retiram o potencial de uma análise mais ampla do sucesso e das trocas
equitativas com o meio ambiente e com a sociedade.
90
Desafios e Oportunidades • CAPÍTULO 6
Esperamos que o universo das corporações e da inclusão social tenha lhe alcançado
e lhe despertado reflexões sobre como podemos construir uma sociedade melhor
por meio de nosso trabalho e do empenho das empresas das quais fazemos parte.
Desejamos sucesso!
Sintetizando
» O estímulo à inovação é uma busca constante que deve integrar as rotinas da organização de modo a promover bons
resultados e diferencial estratégico.
» A corporação precisa investir em sua equipe e promover a criatividade para superar momentos de crise.
» No mercado moderno, as organizações estão interconectadas e operam como uma rede na forma de atender ao mercado.
» O desenvolvimento organizacional, assim como a gestão do comportamento organizacional são as maiores ferramentas
para que a corporação alcance um espírito inovador e uma equipe engajada.
91
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