1 - DC Matheus Wilhen de Oliveira Glicério
1 - DC Matheus Wilhen de Oliveira Glicério
1 - DC Matheus Wilhen de Oliveira Glicério
Belo Horizonte
2022
MATHEUS WILHEN DE OLIVEIRA GLICÉRIO
Belo Horizonte
2022
043 Glicério, Matheus Wilhen de Oliveira.
CDU: 372.857.01
Título do TCM: Divulgação científica no ensino de biologia: uma sequência didática com
construção de podcast.
Começo esse relato expondo o meu sonho de estudar na UFMG, acho que sonho de várias
pessoas e por vezes tão distante, inclusive para mim, que nunca acreditei poder ocupar esse lugar de
pesquisador, que foi podada algumas vezes durante minha vida. Com a criação do ProfBio estava muito
animado para tentar ainda para primeira turma, mas o edital não contemplava professores que
trabalhavam no ensino fundamental e então mais uma vez o sonho foi postergado. Após o concurso
do estado e minha efetivação pude finalmente tentar o ProfBio e passei... Veio então a pandemia da
COVID-19 e agora?!
O contato e a vivência de UFMG foram suspensos. O projeto já estava pronto, junto com a
orientadora tivemos que modificar para aplicar a pesquisa, quão preciosa foi essa oportunidade e
quanta aprendizagem trouxe para mim. Deixo aqui uma indicação para lerem meu trabalho. Ainda
devido à suspensão das aulas presenciais tivemos também que lidar com as aulas remotas do
mestrado, grande parte das aulas foram excelentes em que víamos a superação dos professores para
ministra-las. Foram cansativas tantas horas em frente ao computador sem as ligações interpessoais
com os colegas, mesmo com momentos de trabalho em grupo por meio de videoconferência não foi a
mesma coisa, mas era o que tínhamos e fortalecemos vínculos com os colegas alguns já conhecidos e
novos amigos construídos.
Agradeço primeiro ao meu Deus gracioso e bondoso, que sempre me sustenta com
sua destra, onde eu coloco o pé Ele coloca o chão.
À minha filha tão linda e doce, que está sempre disposta a me mandar beijos enquanto
estou “trabalhando”. Depois de sua chegada, sinto que sou mais feliz e mais forte.
Aos meus pais que nunca mediram esforços para me darem uma boa educação e me
colocarem no caminho. Obrigado, mãe, pelas orações; com a senhora em intercessão
sei que sempre estarei de pé.
À minha avó que sempre dispensou a mim um carinho gigante, sempre com lições
que não se aprende na escola. Ao meu padrinho Ailton e tio Amarildo por ajudarem
na manutenção da minha escolarização.
À minha irmã Anne pela atenção, escuta e ajuda ao longo do percurso árduo. À
Heloísa e ao Anderson pelo auxílio na construção do trabalho. Aos meus irmãos de
coração Arthur e Livinha pelo carinho. Aos familiares que de alguma forma
colaboraram.
À minha orientadora Lane que desde o primeiro contato se mostrou aberta a ensinar
e acrescentar na minha formação, obrigado por tanto. Agradeço ao grupo de extensão
de ensino de genética, por tanta aprendizagem e conhecimento.
À prefeitura de Ibirité pela licença concedida para terminar os estudos e aos colegas
da E.E. Gyslaine de Freitas Araújo pelos momentos de troca, em especial à diretora
Giovana pelo auxílio nos projetos e nos horários. Agradeço a todos professores que
tive privilégio de ser aluno, aos com quem trabalho e trabalhei ao longo da vida. Vocês
fazem a diferença.
“A ciência é bonita e profundamente estética;
portanto devemos exibi-la à sociedade”
José Reis
RESUMO
The complexity of teaching-learning makes preponderant the need to search for new
teaching methodologies and methods, in order to enable new (inter)connections
between content and learner´s reality. New tools are always emerging and being
reinvented such as audio programs, in particular, podcasts. The objective of this
research was to use science popularization as a way to facilitate the processe of
teaching-learning of genetics and contribute to the teachers’ continuing education
enabling them to use digital tools and DTICs for the construction and use of podcasts
in science and biology teaching. A teaching sequence was built with multimodal
scientific divulgation materials. The sequence evaluation was done through a training
workshop for teachers that served to produce podcasts and discussions to improve the
sequence. The data collection was done by the observation of the workshops and two
electronic questionnaires. Despite being a known media by the participants, none of
them had used podcasts as a teaching-learning tool with their students. At the end of
the workshop, the teachers considered the methodology as possible and desirable to
be used in elementary and high schools. The evaluation of the didactic sequence
progressed to a collaborative development of the didactic material with modifications
done based on suggestions from the teachers involved and did not imply in changes
that would preclude the original sequence; on the contrary, it has made it more solid.
As research products we have 1) The final teaching sequence with the theme genetic
inheritance made up of multimodal materials, with science popularization texts; 2) a
booklet about building podcasts; 3) workshop slides that can be used as a reference
or replication model for other teachers; 4) a site in which all these products will be
available. The range of products developed from this research can help teachers to
encourage students’ protagonism in the development of their knowledge through the
construction of scientific podcasts.
Keywords: Scientific divulgation; DTICs; teachers’ continuing education; students’
protagonism; Genetic Inheritance.
LISTA DE SIGLAS
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 16
2. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................................................. 18
2.1 Ensino de ciências................................................................................................................... 18
2.2 Divulgação Científica .............................................................................................................. 20
2.3 Tecnologias na educação ........................................................................................................ 23
2.4 Podcast ................................................................................................................................... 24
2.5 Formação continuada do professor ........................................................................................ 26
3. OBJETIVO .......................................................................................................................................... 28
3.1 Objetivo geral ................................................................................................................... 28
3.2 Objetivos específicos ........................................................................................................ 28
4. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................................... 29
4.1. Metodologia da pesquisa ...................................................................................................... 29
4.2. Coleta de dados ..................................................................................................................... 33
4.3. Aspectos éticos ...................................................................................................................... 30
4.4. Desenvolvimento da sequência de ensino ............................................................................ 30
4.5. Desenvolvimento da oficina para professores....................................................................... 31
4.6. Elaboração dos produtos educacionais ................................................................................. 34
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................................................. 35
5.1 Sequência de ensino ............................................................................................................... 35
5.2 Oficina de formação continuada para professores da educação básica ................................. 37
5.3 Produtos didático-pedagógicos .............................................................................................. 56
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................... 57
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................... 59
ANEXOS ................................................................................................................................................ 66
APÊNDICES ........................................................................................................................................... 73
APÊNDICE 1 – QUESTIONÁRIO PRIMEIRO DIA DE OFICINA ........................................................... 73
APÊNDICE 2 – QUESTIONÁRIO SEGUNDO DIA DE OFICINA .......................................................... 74
APÊNDICE 3 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA PESQUISA NA ÁREA DE
ENSINO-APRENDIZAGEM EM GENÉTICA ...................................................................................... 90
APÊNDICE 4 – OFICINA ................................................................................................................. 92
APÊNDICE 5 – CARTILHA COM A SEQUÊNCIA DE ENSINO........................................................... 112
APÊNDICE 6 – MOMENTO MÃO NA MASSA OFICINA PRIMEIRO DIA, TRANSFORMAÇÃO DE
LINGUAGEM. .............................................................................................................................. 136
APÊNDICE 7 – MOMENTO COLABORATIVO DO SEGUNDO DIA DA OFICINA. PROPOSTA DE
PERGUNTAS SOBRE O TEXTO APRESENTADO DO PRIMEIRO MOMENTO DA SEQUÊNCIA DE
ENSINO. ...................................................................................................................................... 137
APÊNDICE 8 – CARTILHA DE PASSO-A-PASSO DE CONSTRUÇÃO DE PODCAST ........................... 140
16
1. INTRODUÇÃO
2. REVISÃO DA LITERATURA
1
Ensino formal é o ensino que acontece na escola, por meio da escolarização, já o ensino não-formal é feito em
museus centros de ciências e outros locais relacionados, enquanto o ensino informal acontece em qualquer
local, na rua, em casa diante a TV, rádio, entre outros (CASCAIS e TERÁN, 2014).
21
que o trabalho científico não finaliza com o encontro de dados, relações ou princípios,
mas sim na comunicação da descoberta tanto para o público especializado, quanto
para o não especializado. Daí pode-se entender que há conceitos de DC como a
propagação do conhecimento produzido no meio científico para o público não
especializado, contrapondo com o conceito de DC como disseminação científica que
envolve levar informações de pesquisas para os pares, ou seja a informação para um
público especializado (NASCIMENTO, 2008).
Complementando a discussão, Bueno (2013) acredita que divulgar a ciência
Sendo assim a DC pode permitir que pessoas leigas possam entender, ainda
que minimamente, o mundo em que vivem e, sobretudo, assimilar as novas
descobertas, o progresso científico, com ênfase no processo de educação científica
(BUENO, 2010). E para que a DC ocorra de forma ampla e entendível para o grande
público e de forma eficaz, é preciso que o texto passe por uma transformação da
linguagem científica para a sua compreensão pelo público (MARANDINO et al., 2003),
por isso, é preciso ter sempre em mente qual é a audiência a que se dedica a
comunicação para a adequação da linguagem verbal e visual. A divulgação científica
então pode se utilizar de diversas fontes e meios para alcançar diversos públicos,
como por exemplo a linguagem marcada pelo uso de metáforas e analogias que,
segundo Rocha (2012), convidam à reflexão e ao apelo à curiosidade.
É também importante refletir quanto a DC tem dos papeis de informar e educar.
Neste sentido ressalta-se a ideia de Massarani e Dias (2018) que a divulgação
científica realiza duas funções que se completam: em primeiro lugar, a função de
ensinar, suprindo ou ampliando a função da própria escola; em segundo lugar, a
função de fomentar o ensino. A diversidade de materiais de DC que circulam nas
mídias digitais ou impressas, livros, cartazes, palestras e estórias em quadrinhos,
visitas a museus e espaços de ciência entram no rol de possibilidades que podem ser
utilizadas como objeto formativo, além dos livros didáticos. Segundo Rocha (2012) os
22
Assim, Souza e Rocha (2017) apresentam um estudo que envolve uma análise
de uso didático de textos de divulgação científica em livros didáticos, eles indicam que
os textos de DC podem ser distribuídos nas obras didáticas, servindo de motivação,
contextualização e complementação aos conteúdos detalhados nos diferentes
capítulos. Em trabalhos anteriores, foi observado que o texto de divulgação científica
motivou a participação dos alunos, forneceu explicações para o conteúdo curricular e,
ainda, estimulou a prática de leitura (SOUZA; ROCHA, 2014) e professores acreditam
na possibilidade de contextualização do conteúdo curricular, o aumento da interação
entre o aluno e a informação científica e na possibilidade de trabalhar temas atuais e
de relevância social com textos de divulgação científica (Rocha, 2012).
23
2.4 Podcast
Os podcasts são programas de áudio e vídeo cuja principal característica é um
formato direto e atemporal chamado podcasting (LUIZ, 2014). Em linhas gerais,
podemos definir podcast como a distribuição de conteúdo sonoro através de internet
mediante um processo de carregamento de arquivo da web (PIÑEIRO-OTERO;
DOMÍNGUEZ, 2011). A palavra podcasting deriva de duas palavras em inglês Ipod e
broadcasting, sendo Ipod um equipamento desenvolvido pela empresa Apple e que
reproduz MP3, e o broadcast emissão ou transmissão (TEIXEIRA; SILVA, 2010).
Segundo relatado por este autor, o desenvolvimento da tecnologia foi realizado por
um ex-VJ da MTV, Adam Curry, e um programador chamado Dave Winer que criaram
uma forma de descarregar arquivos de rádio da internet. De acordo com Luiz (2014),
25
o nome foi sugerido em 2004 por Ben Hammersley, no jornal The Guardian, a fim de
se referir à transmissão das entrevistas feitas pelo jornalista Christopher Lyndon, e
acabou sendo adotado para designar esse tipo de transmissão.
O podcast utiliza-se de agregadores que são programas que organizam as
informações encontradas nos arquivos RSS (Really Simple Syndication), por uma
espécie de índice, no qual o usuário opta por baixar o conteúdo que achar conveniente
sem a necessidade de acessar o site onde está armazenado (ARAÚJO et al., 2009).
Essa ferramenta já tem em si vantagens para a adesão do público, que quer se
informar ou se entreter, e tem como características a facilidade de acesso, mobilidade
e disponibilidade dos arquivos para a escuta (FIGUEIRA, 2020).
As vantagens demonstradas acima podem fazer o recurso alcançar as salas de
aula, como defende Cruz (2009) ao afirmar que o podcast em contexto escolar tem o
intuito de ajudar os alunos a aprender conteúdos e desenvolver competências, bem
como partilhar conhecimentos na Web tornando-se além de consumidores, também
produtores de informação. Isso é demonstrado por Lazzari (2007) que após a
realização de trabalho de desenvolvimento de podcasts por estudantes de licenciatura
relatou que o envolvimento dos alunos na produção de podcasts teve efeitos positivos.
Da mesma forma, Rehfeldt e Silva (2019) em seu artigo sobre podcasts e
aprendizagem significativa com uso com discentes da graduação, disseram que a
autonomia e autoria discente na aprendizagem dos estudantes foram alcançadas por
meio da produção de podcasts. Além da utilização pelos estudantes a utilização de
podcasts fortalece e facilita a criação de novos materiais pelos próprios professores
(ARAÚJO et al., 2009). No entanto, a ferramenta também apresenta seus desafios no
ensino como salientado por Melo et al. (2012), já que as imagens, muitas vezes, são
indispensáveis para se explicar os conceitos e processos biológicos.
Os podcasts estão aptos a serem utilizados nos mais variados contextos e para
os mais variados fins (CRUZ, 2009). Vários podcasts brasileiros dedicam-se a discutir
temas relacionados às ciências, desde conceitos, teorias, biografias de cientistas, até
curiosidades e descobertas e suas aplicações; o alcance destes podcasts tem sido
grande, com alguns ultrapassando a média de 15.000 downloads por episódio
(MARTIN et al., 2020). Alguns exemplos de podcasts de divulgação científica são
“Ciência no Ar” da Universidade Federal de Minas Gerais, “Ciência USP” da
Universidade de São Paulo, MicroBios da Universidade Federal de Minas Gerais em
parceria com o Instituto Serrapilheira, “Fronteiras da Ciência” da Universidade Federal
26
3. OBJETIVO
4. MATERIAL E MÉTODOS
Mesmo antes de se iniciarem as aulas da terceira turma do Mestrado ProfBio
em 2020, o professor-pesquisador entrou em contato com a Profa. Adlane Vilas-Boas,
exprimindo seu desejo que ela fosse sua orientadora para realizar um trabalho onde
a divulgação científica, em especial, no formato de podcast tivesse um papel central.
Assim, foi estabelecido o primeiro passo para esta pesquisa, sendo feito um acordo
para se desenvolver uma sequência de ensino em que a divulgação científica pudesse
ser trazida para a sala de aula, usando o podcast como ferramenta de aprendizagem
de estudantes do ensino médio e a avaliação da sequência seria feita em uma das
turmas do professor-pesquisador pela análise comportamental dos estudantes. Pouco
mais de um mês depois, a pandemia da Covid-19 se instalou e os planos foram aos
poucos sendo moldados à medida que uma nova realidade se estabelecia. Dessa
forma, em vez de estudantes, na pesquisa teve-se a participação de professores para
a avaliação da sequência. Em seguida serão apresentadas as fases da pesquisa e os
dados que permitiram guiar o professor-pesquisador para atingir o objetivo da
motivação inicial.
http://www.universidadedascriancas.org/;
http://chc.org.br/.
(fonte: Autor)
A oficina foi construída e realizada em duas partes. A primeira parte foi construída de
maneira a trazer a importância da DC, um pouco da sua história no Brasil, tipos de
materiais de DC que podem ser utilizados em sala de aula, como textos, vídeos e
áudios. Também fez parte da estrutura a criação de podcasts passo-a-passo; a parte
prática da oficina foi a construção de um podcast pelos professores oficineiros. Os
materiais para construção desta oficina foram textos da literatura colhidos por meio de
buscas no Google Acadêmico, livros adquiridos pelo autor e artigos coletados a partir
do portal de periódicos Capes. Para as indicações de materiais de DC também foram
utilizados revistas, sites, canais e áudios citados em artigos de periódicos e/ou
materiais feitos por universidades. A segunda parte da oficina foi desenvolvida para a
apresentação da sequência de ensino sobre herança genética construída no âmbito
desta pesquisa. O seu desenvolvimento é descrito na primeira parte dos resultados e
a sequência final se encontra no Apêndice 5. Houve um momento de avaliação geral
33
oficineiros que poderão ser ouvidos e utilizados em sala de aula ou servir de exemplos
para construção.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
apresentado um QR code e link que direcionava os oficineiros para uma aula mais
aprofundada de como utilizar o programa, que poderia ser acessado após o encontro.
Da mesma forma, foi apresentado o aplicativo Anchor para celular que tem
funcionalidades de edição e postagem em diversas plataformas de podcasts. Também
foram apresentados alguns sites e aplicativos de hospedagem e divulgação como
SoundCloud, Podbean, Megafono e Anchor. Após a finalização dessa apresentação,
foi pedido para que os oficineiros escrevessem, gravassem, editassem e fizessem o
upload de um podcast. Foi dado o prazo de 15 dias para que enviassem para o
WhatsApp ou e-mail do professor-pesquisador. Dentre os 15 oficineiros, nove
enviaram um programa de sua autoria, que foi considerado um bom número de retorno
já que o pouco tempo e o nível de dificuldade da tarefa eram fatores que se agregaram
ao fato de os professores terem outras demandas, e estarem trabalhando de forma
remota no período pandêmico.
Seis oficineiras responderam ao questionário de avaliação desta parte da
oficina. Todas citaram ter aprendido sobre a criação de podcasts, incluindo as
ferramentas usadas para construção. A criação de textos (roteiros) foi citada,
especificamente, em dois comentários:
Oficineira 8: Aprendi que é necessário criar um roteiro que será lido e, claro, ouvido,
nunca havia pensando na criação de um texto que seja audível.
Oficineira 11: Adorei. O podcast é uma ferramenta incrível e que pode ser muito
explorada em sala de aula;
Oficineira 10: A oficina foi muito dinâmica e trouxe temas muito interessantes;
características e fatores hereditários (genes), sendo que cada característica com seus
estados alternativos é definida por um conjunto de fatores hereditários (BAIOTTO et
al., 2016). O primeiro texto vem trazendo uma contextualização do conteúdo com as
características da família do estudante, sendo assim importante para introduzir o
assunto e trazer engajamento do estudante para o tema.
Seguiu-se, então, na oficina, apresentando-se com mais detalhes cada
momento e os materiais escolhidos. A seguir, cada momento será descrito em
separado incluindo as discussões e sugestões que surgiram.
Oficineira 9: “Dá para fazer. Inclusive eu fiz algo parecido essa semana. Tava
trabalhando célula no sexto ano, peguei um texto no Ciência Hoje sobre a fábrica
de células. É um texto introdutório. O primeiro momento da sequência didática é
44
perfeito... você consegue lançar aqui algumas perguntas e dá para dar sequência.
Acho excelente esse modo de trabalho.”
Oficineira 8: “Eu tenho usado também, no Estado pede para fazer atividades
complementares ao PET e eu tenho usado alguns textos de divulgação científica
também, para colocar na atividade e gerar discussões diversas. Eu não tenho
aulas de sequência, então fica difícil passar a matéria parecida com o que tem no
livro didático ou com que a gente planeja durante as aulas presenciais. Então
tenho usado textos de divulgação científica nas atividades complementares.”
Oficineira 4: “Acho que ela é excelente para a sala de aula viu Matheus?! Ela vai
mexer um pouco aqui com a afetividade dos meninos como fala da vaidade aqui,
aparência, no ensino médio então... esse aqui bomba tá? (...) eu achei fantástica
não conhecia esse texto, eu achei fantástico e já vou guardar.”
Oficineiro 1: “(...) talvez alguns títulos fossem mais chamativos que outros para os
estudantes, eu gostaria que eles escolhessem, apesar de saber que talvez,
possivelmente, por exemplo, que “Papo de cromossomo” poderia ser menos
escolhido, porque é uma palavra que tá menos ligada, né?! Com o vocabulário
deles e acho que, por exemplo, temos como “A alma não tem cor”, “A
homossexualidade natural”, “Sexo na Biologia” e “Os gêmeos idênticos” e “O
espermatozoide de mão dadas”, eu acho que eles teriam uma procura maior, tá?!
Não que os outros não teriam, mas eu acho que eles terão uma procura maior do
que essa em termos tão mais vinculados com a um vocabulário deles.”
Oficineira 6: “Pra solucionar isso normalmente eu uso sorteio (...) ou ordem, talvez
assim... deixar eles escolherem, mas pela ordem, ou sorteio do texto, para não
dar briga.”
escolhem o grupo, se eu tiver que escolher vai ficar difícil (...) deixa uma coisa
mais autônoma mesmo.”
Oficineira 8: “eu tenho uma relação de amor com desenhos e figuras e tal e
pensando até na Universidade das crianças que têm uma ilustração parecida com
o que a criança vê no texto né? Eu acho que eu pediria cada grupo para fazer um
desenho, talvez num cartaz ou numa folha mesmo A4 do que entendeu do texto e
apresentar esse... essa imagem esse desenho para turma, ilustrando o texto e
explicar o texto utilizando essa imagem que o grupo vai produzir.”
Oficineira 11: “Eu gostei muito da ideia! Aqui se vocês colocarem os alunos para
terem autonomia de escolher os textos, a gente fica como? eu entendi que às
vezes alguns títulos são mais chamativos que outros, então, talvez um sorteio com
a ordem de escolha né? (...) Aquela tempestade de ideias, sabe? O grupo
apresenta aí a gente pega conceitos importantes, coloca isso no quadro para que
depois a gente possa ver se realmente ele tem conhecimento daquilo né? ”
A oficineira 8 trouxe o relato de uma rádio que se fazia presente em sua escola
e que não antevia problemas relacionados à sua utilização. Melo e colaboradores
(2012) em um relato de experiência sobre rádio educativa expõem que o uso da rádio
na escola pode “estimular as estruturas mentais dos docentes e discentes e, com isso,
aguçar a criatividade, as emoções e sensações”. Pode-se ver que a utilização de
programas radiofônicos pode ser importante e difundida para as escolas, e naquelas
que já tem uma rádio escolar, a DC pode ser introduzida pois nem sempre as rádios
são voltadas para o ensino de conteúdo curricular.
No questionário, somente três oficineiras disseram que colocariam essa tarefa
para ser desenvolvida em casa. Ainda foi exposto ao grupo presente na oficina
algumas sugestões vindas de oficineiros, tais como: gravação ser feita somente no
celular com gravação de áudio; apresentação aos colegas de sala somente com
narração do programa, caso não houvesse outra alternativa. No seu trabalho, em que
relatam e discutem prática de formação continuada de professores em TDICs na rede
estadual de Minas Gerais, Silva e Garíglio (2010) apontam falas de docentes com
ideias que puderam ser percebidas nesta pesquisa também, como a utilização de
grupos de trabalho para driblar a falta das TDICs. Ainda, os mesmos autores dizem
que ao se dar importância às TDICs na formação de professores, pode-se colocar a
profissão docente e a escola em outro patamar de importância sociocultural.
Dois oficineiros disseram que para este momento utilizariam uma aula, dois
utilizariam duas aulas e dois utilizariam três aulas. Uma das professoras que apontou
que utilizaria três aulas complementou que usaria como dever de casa. Já outra,
salientou que o número de aulas a serem utilizadas dependerá do perfil da turma e da
presença do celular para realização desse momento.
seria seguida por uma avaliação por pares (próprios estudantes), com apontamento
de tópicos positivos e negativos. O professor poderia apresentar, também, um
questionário com os quesitos avaliativos expostos para que os estudantes marquem,
em escala de 1 a 5, o quanto determinado programa atendeu aquele quesito. Estes
quesitos podem ser: a estrutura do programa, a compreensão do tema que trouxe,
entre outros. Todos oficineiros apontaram esse momento como aplicável em sua sala
de aula, variando a quantidade de aulas para esse desenvolvimento, sendo que quatro
oficineiros aplicariam em uma aula, três aplicariam em duas aulas, uma, em três aulas
e uma pediria para ser feito em casa. Assim, a maioria aponta uma aula como
suficiente para o desenvolvimento da atividade.
Isso mostra que, por vezes, o número de duas aulas semanais de Biologia pode
barrar o desenvolvimento de importantes e interessantes estratégias e metodologias
de ensino. Garcia e Zanon (2021) fizeram um levantamento de causas para a não
realização de aulas experimentais com professores, e dentre elas está a quantidade
reduzida de aulas de biologia como um motivo.
Foi perguntado aos professores-oficineiros se acham a construção de podcast por
estudantes como uma proposta válida e as respostas foram unanimemente positivas
no sentido de estimular este tipo de atividade. Como justificativas foram trazidas
respostas no questionário como:
Oficineira 6: No início, acho que teria resistência. Porém, inseri-los na nova moda de
criação de conteúdo pode ser atrativo. Abordaria que podcast sem um objetivo e
conteúdo pode ter uma procura inicial, mas as pessoas se ligam a conteúdo
construtivo;
atenção dos alunos, podem motivá-los a maior interação com colegas e professor,
potencializando o aprendizado destes;
Ainda sobre o potencial do podcast na sala de aula cabe destacar a fala dos
oficineiros durante a oficina, nas seguintes transcrições:
Oficineira 5: “Então, para mim, o podcast também é fantástico porque ele tem aí
dois três minutos, cinco minutos no máximo e... atinge rápido o que você
pretende.”
Oficineira 5: “(...) mas eu já tô aqui assim cheia de ideias para eu usar podcast
com meus alunos (...)”
(fonte: Autor)
(fonte: Autor)
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A emergência da Covid-19 e a forma com que foi dado o encaminhamento para
resolução da ausência de aulas nas escolas estaduais de Minas Gerais impactaram o
desenvolvimento da presente pesquisa de maneira que o planejamento foi modificado
por não ser possível a utilização da sequência com os estudantes do professor-
pesquisador como planejado. Inicialmente não se tinha na rede estadual uma visão
de como se daria a continuidade do ensino remoto emergencial e, mesmo após de
adotado o uso do Google Sala de aula ainda havia limitações pelo uso do Plano de
Ensino Tutorado (PET) adotado pela Secretaria Estadual de Educação de Minas
58
Gerais. E então foi dada outra alternativa para a continuidade da pesquisa. A opção
que se apresentou para o momento de ensino remoto emergencial foi de expor a
sequência para professores-oficineiros em exercício da docência. Apontamos que
houve algumas vantagens da avaliação com a oficina já que a sequência foi melhor
trabalhada, haja vista as colaborações dos professores oficineiros com perguntas,
colocações e resoluções de possíveis problemas que poderiam aparecer, como
problemas de aparelhos e internet. A experiência dos professores também fez com
que o número de aulas dedicados à sequência de ensino fossem revistas e
flexibilizadas, além de evidenciar a possibilidade de seu uso.
A introdução da oficina na pesquisa foi positiva também por possibilitar um
alcance maior do que o previsto, envolvendo diversos professores, inclusive de
regiões fora de Minas Gerais, podendo assim ter maior chance de utilização em salas
de aulas em outras regiões do Brasil. Ainda a respeito da oficina foi visto que houve
colaboração com a formação continuada dos professores haja vista as avaliações por
questionários e as falas a respeito das oficinas pelos oficineiros.
A sequência foi construída para ser mediada por materiais de divulgação
científica voltados para herança genética, como vídeos, textos e programas de áudio,
mas poderá ser utilizada para trabalhar qualquer tema que o professor considere
importante ter esta mediação com construção de podcasts, já que sequência traz a
possibilidade da construção de podcasts pelos próprios estudantes. A leitura da
literatura permite concluir que a construção de podcast, como sugerida na sequência,
é uma forma de possibilitar o protagonismo do estudante e aumentar sua
aprendizagem sobre a temática apresentada.
O professor-pesquisador se beneficiou também com novas possibilidades de
aprendizado, superação de dificuldades como falar para colegas de profissão,
produção de podcast para divulgação, a melhora da didática e conversação. É
inegável que para o professor-pesquisador houve um grande crescimento pessoal e
profissional, devido aos desafios impostos pela nova metodologia da pesquisa.
Espera-se que, futuramente, a sequência de ensino possa ser aplicada
integralmente e que se possa avaliar a sua eficácia no aprendizado dos estudantes
das turmas do professor-pesquisador. Pretende-se, no futuro, que haja um
envolvimento na aprendizagem de forma ativa e um protagonismo por parte dos
estudantes que passarem tanto pelo professor-pesquisador, quanto pelos demais
docentes que participaram da oficina.
59
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALFERES, M. A. .; MAINARDES, J. A formação continuada de professores no Brasil.
2011. Universidade Estadual de Maringá, 2011.
BEAMISH, P.; BROWN, J. Podcasting in the classroom: a case study. TEACH Journal
of Christian Education, v. 2, n. 2, p. 21–23, 2012. Disponível em:
<http://research.avondale.edu.au/teach/vol2/iss2/8>.
BODART, C. DAS N.; SILVA, Z. P. DOS S. Podcast como potencial recurso didático
para prática e a formação docente. Ensino em Re-Vista, v. 28, p. e042, 2021.
2018.
2014.
RUI, H. M. G. et al. Uma prova de amor: o uso do cinema como proposta pedagógica
para contextualizar o ensino de genética no ensino fundamental. Revista Brasileira de
Ensino de Ciência e Tecnologia, v. 6, n. 2, p. 268–280, 2013.
conceptions to practices in. Rev. Diálogo Educ., v. 17, n. 52, p. 455–478, 2017.
ANEXOS
ANEXO 1 – TEXTOS APRESENTADOS NO SEGUNDO MOMENTO DA
SEQUÊNCIA DE ENSINO.
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68
69
70
71
72
73
APÊNDICES
C. Sua participação é voluntária, ou seja, não receberá pagamento e nem arcará com
nenhum custo da pesquisa. Você é livre para deixar de participar na pesquisa a
qualquer momento, bem como para se recusar a responder qualquer questão
específica sem qualquer punição.
D. Este estudo envolve riscos mínimos. As perguntas poderão causar desconforto
e/ou constrangimento mínimos; de qualquer forma, todo cuidado será tomado para
que suas respostas sejam confidenciais.
3. Esta seção indica que você está dando seu consentimento para se realizar a
pesquisa:
Participante:
Os pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG), solicitam minha participação neste estudo intitulado
“Ensino de Genética, conceitos e aprendizagem”
Eu li e compreendi as informações fornecidas e recebi respostas para qualquer
questão que coloquei acerca dos procedimentos de pesquisa. Eu entendi e concordo
com as condições do estudo como descritas. Eu autorizo o uso da minha voz e
imagens que será produzida por meio dos registros tecnológicos de vídeo. Eu entendo
que assinarei duas vias deste formulário de consentimento e que uma das vias ficará
em meu poder.
Eu, voluntariamente, aceito participar desta pesquisa. Portanto, concordo com tudo
que está escrito acima e dou meu consentimento.
________________________, ______de _____________________ de 2021.
Nome legível:
___________________________________________________________________
Assinatura:
___________________________________________________________________.
Pesquisador(a):
Eu garanto que este procedimento de consentimento foi seguido e que eu respondi
quaisquer questões que o participante colocou da melhor maneira possível.
________________________, ______de _____________________ de 2021.
______________________________
Assinatura do(a) Pesquisador(a)
______________________________
Assinatura do(a) Participante
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APÊNDICE 4 – OFICINA
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Para praticar a mudança da linguagem quando se usa uma mídia onde a oralidade é
preponderante, você deverá fazer a conversão de uma fração de um texto de
divulgação científica em um texto para rádio.
Em 1945 Linus Pauling, o notável químico americano laureado duas vezes com o
Nobel em sua carreira (prêmio de Química em 1954 e da Paz em 1962), teve a idéia
genial de que a anemia falciforme era uma doença da molécula de hemoglobina –
literalmente, uma doença molecular. Na anemia falciforme, as células vermelhas do
sangue (hemácias), que normalmente têm um formato discóide, assumem formas
bizarras que lembram foices quando em baixas tensões de oxigênio, seja no
laboratório ou em alguns órgãos do corpo, como o baço. A moléstia, uma anemia
severa e frequentemente fatal da infância, havia sido descrita bem antes, em 1910.
Um detalhe interessante é que existem pessoas que são sadias, mas cujas hemácias,
quando expostas a pouco oxigênio, também assumem o formato de foice, o que é
chamado de “traço falcêmico”. Vale lembrar que a hemoglobina, uma proteína, é o
principal constituinte das hemácias e responsável pela cor vermelha que colore essas
células e o próprio sangue. A função principal da hemoglobina é carrear oxigênio dos
pulmões para os tecidos e gás carbônico dos tecidos para os pulmões.
Oficineira 10: Qual a relação entre as informações genéticas das suas células e as
características do seu corpo?
Oficineira 5: Por que irmãos podem possuir diferentes características mesmo tendo
recebido o material genético dos mesmos pais?
Oficineira 4: Nossa genética pode mudar com o tempo? Após o nascimento, o meio
em que vivemos pode alterar nossa genética? Cor da pele, cabelos...
Oficineira 8: As células do pai e da mãe são iguais. Por que então os irmãos de
mesmo pai e mesma mãe nascem com características diferentes?
Oficineira 3: Você acha que todas as células do nosso corpo têm o mesmo material
genético? Por exemplo, as células do olho têm o mesmo material genético das
células do cérebro?
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Oficineira 3: Gêmeos idênticos, que têm o mesmo DNA, podem ter características,
comportamentais, fisiológicas e físicas muito diferentes quando criados em famílias
ou países diferentes?
Oficineira 11:
Como é possível que irmãos, filhos do mesmo pai e da mesma mãe sejam muito
parecidos ou muito diferentes uns dos outros?
Oficineiro 1: Se você ganhou características dos seus pais, e seus pais dos pais deles,
e seus avós dos pais deles, você acha possível dizer que nosso DNA pode ter pedaços
muito antigos?
Oficineiro 12: É possível modificar, por conta própria, o nosso material genético?
Isso poderia gerar alguma consequência negativa?
Oficineiro 12: O que será que afeta mais o nosso corpo, a genética ou o ambiente e
a forma como a gente vive?