Thaisahoskencruz
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FACULDADE DE LETRAS
MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS
Juiz de Fora
2021
Thaísa Hosken Cruz
Juiz de Fora
2021
AGRADECIMENTOS
Letramento é diversão
é leitura à luz de vela
ou lá fora, à luz do sol.
(Magda Becker Soares, 2006, p. 41)
RESUMO
The objective of this work is to think about literary literacy practices that can
bring students from the sixth year of Elementary School closer to the book object,
through the elaboration of a Pedagogical Notebook. To try to achieve this goal, two
adaptations of the Don Quixote canon were chosen. The concepts of “Literary
Literacy” (Cosson; Graça, 2009), “Canon” (Paulino, 2004), “Community of Readers”
(Cosson, 2014), “Repertoire” (Iser, 1996), “Adaptation” (Hutcheon, 2011), “Categories
of Narrative” (Abdala Junior, 1995) and “Quadrinistic Language” (Ramos, 2019)
constitute the fundamental theoretical bases of this work. The methodology that
guides the development of interventional action presented in the Caderno
Pedagógico is action research, proposed by Thiollent (2011). The Pedagogical
Notebook is divided into three stages: in the first moment, the project is enunciated
for the students and the writer's time and the reader's time are contextualized; in the
second moment, the protocoled reading of the “HQ Dom Quixote” is carried out;
finally, in the third moment, the knowledge internalized by them is evaluated, based
on the exhibition of the cartoon “Don Quixote”.
1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 09
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................... 18
2.1 O LETRAMENTO LITERÁRIO ENTRE OS LETRAMENTOS.................. 18
2.2 O CÂNONE LITERÁRIO NA FORMAÇÃO DO GOSTO DO ALUNO….. 21
2.3 COMUNIDADE DE LEITORES................................................................ 23
2.4 AMPLIAÇÃO DO REPERTÓRIO LITERÁRIO......................................... 24
2.5 CATEGORIAS DA NARRATIVA NA FICÇÃO.......................................... 26
2.5.1 Categoria da narrativa: o tempo........................................................... 26
2.5.2 Categoria da narrativa: o espaço.......................................................... 27
2.5.3 Categoria da narrativa: o personagem................................................. 28
2.6 A ADAPTAÇÃO E OS LEITORES............................................................ 29
2.7 A LEITURA DOS QUADRINHOS............................................................. 30
2.7.1 A representação da fala, do pensamento e a voz do narrador.......... 31
2.7.2 O valor expressivo da forma das letras............................................... 32
2.7.3 As onomatopeias................................................................................... 32
2.7.4 Ângulos e planos de imagem................................................................ 33
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS................................................ 34
3.1 METODOLOGIA....................................................................................... 34
3.2 O LÓCUS DA PESQUISA........................................................................ 36
3.2 OS PARTICIPANTES DA PESQUISA...................................................... 38
3.2.1 Um breve perfil dos estudantes do sexto ano A................................. 38
3.2.2 Um breve perfil da professora de português do sexto ano A............ 39
3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS.............................................. 39
3.3.1 Diário de bordo....................................................................................... 40
3.3.2 Diário de leitura...................................................................................... 40
4 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO............................................................ 41
4.1 MOTIVAÇÃO............................................................................................ 41
4.2 DESENVOLVIMENTO.............................................................................. 41
4.3 AVALIAÇÃO............................................................................................. 42
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 43
REFERÊNCIAS........................................................................................ 44
APÊNDICE A – Sondagem diagnóstica................................................ 46
9
1. INTRODUÇÃO
a palavra da mesma maneira que as narrativas dos romances e contos sem imagem
o fazem”. (COSSON, 2014, p. 17).
Toda essa reflexão de Cosson sobre o espaço da literatura na
contemporaneidade implica, portanto, diretamente na escola, onde o ensino de
literatura pode se tornar muito mais amplo, a fim de que ela possa continuar
cumprindo seu papel na formação humana dos jovens.
Quem explica com maestria a importância da literatura na formação humana é
Antonio Candido, no seu ensaio “Direito à Literatura”. Nele, Candido (2004, p. 191)
defende a literatura como um bem inalienável, ou seja, um direito de todos os
indivíduos pelo simples fato de pertencerem à espécie humana, já que ela é capaz
de organizar o interior do ser humano, tanto dos pontos de vista estético e ético,
como cognitivo.
Ainda de acordo com Candido (2004, p. 177), a literatura desempenha uma
função fundamental no ser humano, denominada “função humanizadora”, porque “a
produção literária tira as palavras do nada e as dispõe como um todo articulado” e “a
produção da palavra comunica-se ao nosso espírito e o eleva, primeiro a se
organizar; em seguida, a organizar o mundo”.
Sendo assim, ao defender a literatura como fonte de humanização, Antonio
Candido (2004, p. 176) lhe atribui três funções:
Essas três funções sociais expostas por Candido para explicar o caráter
humanizador da literatura são alguns dos motivos que justificam o ensino efetivo da
literatura na escola. Mas, além dessas funções, o ensaísta também afirma que “a
literatura confirma e nega, propõe e denuncia, apoia e combate, fornecendo a
possibilidade de vivenciarmos dialeticamente os problemas” (CANDIDO, 2004, p.
175).
Esse último argumento tem um peso imensurável, porém, provavelmente só
pode ser compreendido por aqueles que já perceberam o papel fundamental das
manifestações artísticas para a humanização/humanidade dos indivíduos, entendida
12
1
Sabemos que o termo "conteudismo" talvez seja inadequado ao contexto acadêmico. Mas, para
simplificar a ideia do ensino baseado apenas no acúmulo de conteúdos, julgamos apropriado o uso
desse termo, a fim de deixar claro o que queremos dizer.
13
ingênua que trate o texto como mera transposição do mundo natural para a
leitura mais cultural e estética, que reconheça o caráter ficcional e a
natureza cultural da literatura. (PCNs, 1997, p. 71).
2
Ao se referir ao Ensino de Literatura no Ensino Médio, a BNCC esclarece que o ensino da leitura do
texto literário é o principal objetivo do EF II: “Em relação à literatura, a leitura do texto literário, que
ocupa o centro do trabalho no Ensino Fundamental, deve permanecer nuclear também no Ensino
Médio” (BNCC, 2018, p. 499).
14
O documento ressalta ainda que, durante essa etapa de ensino, deve haver
projetos pedagógicos comprometidos com a
Mas o que se pode observar, de modo mais geral, é uma certa carência de
materiais didáticos voltados especificamente para o tratamento da literatura, o que
pode dificultar o trabalho do professor em alguns aspectos, como, por exemplo,
quando se trabalha em um a escola de comunidade em que nem todos os alunos
dispõem de renda para adquirir livros.
Por outro lado, as especificações da BNCC de como a literatura deve ser
trabalhada no EF II podem ter motivado, de certa forma, a expansão, em 2018, do
Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) para o Programa Nacional do Livro e
do Material Didático, o qual passou também a distribuir para as escolas públicas
livros literários.
A expansão do programa do livro didático ameniza um dos obstáculos
apontados para o ensino de literatura em escolas públicas, já que as bibliotecas das
escolas passam a ter acervos dos quais o professor de Língua Portuguesa pode se
dispor para planejar práticas de letramento literário, para essa e outras etapas da
escolarização básica.
No que diz respeito, porém, especificamente ao Ensino Fundamental Anos
Finais, ainda faltam, de certa forma, materiais didáticos especializados que possam
auxiliar o professor na mediação entre o aluno e a obra literária e mais quantidade
de exemplares de livros de mesmo título, para que todos os alunos possam ter
15
3
No segundo semestre de 2017, iniciei na escola um projeto denominado “Oficina de Leitura”. A
proposta desse projeto é praticar a leitura literária com os estudantes, no contraturno, em encontros
semanais na biblioteca, com duração aproximada de 1 hora e 30 minutos. Ainda não há uma
participação efetiva/sigficativa de estudantes, mas o grupo, que antes ficava restrito a 3/4 estudantes,
mais do que dobrou (nove estudantes) em 2020.
17
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
a) Construir círculos de leitura: essa prática consiste na vinculação dos textos entre
os leitores com a criação de grupos de estudos e clubes de leitura, por exemplo
(COSSON; PAULINO, pp. 74-75).
os clássicos são aqueles livros que chegam até nós trazendo consigo as
marcas das leituras que precederam a nossa e atrás de si os traços que
deixaram na cultura ou nas culturas que atravessaram (ou mais
simplesmente na linguagem ou nos costumes) (CALVINO, 2007, p. 11).
e, ainda, para outras formas de arte, como por exemplo, a pintura, o que faz o
personagem Quixote renascer, ou melhor, reencarnar até os dias atuais. Um fato
bastante interessante é que essa apropriação do personagem por outros escritores
pode ter ocorrido ainda no século XVII, depois da publicação da primeira parte da
história, e, por causa disso, Cervantes resolveu escrever a segunda parte da
história. Ou também pode ser que não, esse fato pode ter sido apenas mais uma
estratégia (peripécia) literária.
Voltando ao conceito de “cânone”, outra discussão relevante parte do
desdobramento da definição dessa definição, conforme sugerido por Paulino (2004),
o que possibilita pensar mais amplamente sobre esse conceito a partir de dois
aspectos centrais: um relacionado à construção e o outro à significação. O cânone
de construção diz respeito ao modo de contar, ou seja, ao estilo do escritor e às
suas preferências no trato com a linguagem, enquanto o cânone de significação
abrange os componentes de uma narrativa socialmente aceita, ou seja, os textos
modelares, carregados de valores, princípios, ideias e juízos compartilhados em
sociedade (PAULINO, 2004, p. 50).
Para exemplificar esse desdobramento do conceito de cânone literário,
pode-se pensar de novo no escritor espanhol Miguel de Cervantes e na sua
obra-prima: O engenhoso fidalgo Dom Quixote de la Mancha. Ao contar as
peripécias vividas por Dom Quixote, leitor exímio de novelas de cavalaria, sobretudo
as escritas por Amadis de Gaula, Cervantes inaugura um novo modo de escrever
romances, porque reúne na mesma narrativa elementos diferentes, como, por
exemplo, da comédia e da tragédia, o que torna Dom Quixote uma sátira das
novelas de cavalaria da Idade Média. Além disso, ao criar o personagem Alonso
Quijano, Cervantes desenha a imagem do ser um pouco desajustado para o papel e
“herói”, que, em muitos momentos, nas palavras de Ferreira Gullar, “é o retrato fiel
de cada um de nós, divididos entre os voos da fantasia e os impedimentos da
realidade” (GULLAR, 2002, p.08).
A apresentação da história de personagens clássicos, como, por exemplo,
Dom Quixote, a jovens leitores é um dos deveres da escola. Quanto a isso, Calvino
(p. 13, 2007) explica que “a escola deve fazer com que você conheça bem ou mal
um certo número de clássicos dentre os quais (ou com relação aos quais) você
poderá reconhecer os ‘seus’ clássicos”. Ao atuar nesse sentido, a escola demonstra
preocupação com a formação do gosto literário do aluno, apresentando-lhe a cultura
23
palavras de Iser, traduzidas por Johannes Kretschmer (1996, p. 129) “se o texto não
é idêntico nem ao mundo físico, nem aos hábitos do leitor, o sentido deve ser
constituído pelos elementos que traz consigo”.
Os elementos do repertório literário nem sempre são evidentes para os
leitores iniciantes, daí a necessidade do estudo sistematizado, baseado em decisões
de seleção desses elementos, que podem ser apreciados em dois níveis,
denominados por Massaud Moisés (1973, p. 85) de “análise microscópica ou
microanálise” e de "análise macroscópica ou macroanálise”. Nas palavras do
professor Moisés (1973, p. 85),
Esses dois planos analíticos definidos por Moisés (1973, p. 85) possibilitam
uma percepção horizontal e linear das categorias da narrativa. Ao se aprofundar na
análise, ou seja, perceber o que não se pode ver, inicia-se a “macroanálise”, que é
definida por Moisés (1975, 86) como
Com base nessas duas análises, amplia-se não só o repertório literário, como
também o repertório cultural dos estudantes, por meio de um trabalho sistematizado
com as categorias da narrativa (tempo, espaço e personagem) e alguns traços de
representação imagética dessas categorias, como a expressão dos sentimentos e
emoções dos personagens na trama cavaleiresca. Por isso, em seguida, são
expostos aspectos essenciais ao desenvolvimento desta proposta de intervenção
das categorias da narrativa (tempo, espaço e personagem).
26
De modo geral, narrativa é “todo discurso que nos apresenta uma história
imaginada como se fosse real, constituída por uma pluralidade de personagens,
cujos episódios da vida se entrelaçam num tempo e num espaço determinados” (D’
ONOFRIO, 1995, p. 53). Entendido nesses termos, o conceito de narrativa não se
aplica apenas ao romance e ao conto, por exemplo, mas a qualquer forma de arte
que conte uma história, seja por meio de palavras orais ou escritas; imagens, fixas
ou móveis; entre outras (D’ ONOFRIO, 1995, p. 53). Sendo assim, essa definição
ampla de narrativa possibilita analisar seus elementos estruturais que se encontram
tanto na arte literária, como também no cinema, na televisão e na pintura, por
exemplo (D’ ONOFRIO, 1995, p. 105).
De acordo com Benjamin Abdala Junior (1995, p. 8),
Moisés (1973, p. 102) considera ainda que, para analisar essa categoria da
narrativa, não há necessidade de uma exposição teórica sobre o conceito de tempo.
Basta recortar a existência de dois tipos de tempo: o cronológico ou histórico e o
psicológico ou metafísico. Essa distinção também está muito além do que se
pretende que os alunos do sexto ano alcancem em relação a essa categoria.
Do ponto de vista teórico, cabe destacar, portanto, apenas a noção de tempo
cronológico. Abdala Junior (1995, p. 54) desdobra a noção de tempo cronológico
(entendido como o tempo externo à narrativa) em: “tempo do escritor”, “tempo do
leitor” e “tempo histórico”. E explica que eles podem ser percebidos pelo leitor por
inferência ou dedução, já que não se fazem presentes nos textos.
O “tempo do escritor” é o tempo histórico em que o escritor viveu. Ele
“interfere na organização da sua narrativa, pela presença de valores de sua época e
pela mudança desses valores ao curso de sua vida” (ABDALA JUNIOR, 1995, p.
54). Já o “tempo do leitor”, segundo Abdala Jr (p. 54), também influencia na
narrativa, porque o leitor lê um texto conforme os valores da sua época. Por fim, o
“tempo histórico” é o tempo em que a história acontece, que pode ou não coincidir
com o tempo do escritor (ABDALA JUNIOR, 1995, p. 54).
Miguel de Cervantes viveu a virada do século XVI para o século XVII. Pode-se
considerar também que a história de Dom Quixote se passa nessa época, ou seja, o
tempo do escritor coincide com o tempo da obra. Historicamente, portanto, ele e sua
obra estão afastados a mais de 400 anos dos estudantes do sexto ano. Há muitos
elementos concretos na HQ que permitem marcar esse afastamento histórico, como,
por exemplo, as roupas dos personagens e o meio de transporte e boa parte do
léxico.
Sendo assim, para Hutcheon (2011, pp. 27-28) “interpretar uma adaptação
como adaptação significa de certo modo tratá-la de acordo com Roland Barthes
chamou não de ‘obra’, mas de ‘texto’”. Ela esclarece que, para Barthes, a adaptação
não é uma obra, mas um texto, entendido como uma “estereofonia plural de ecos,
citações e referências” (HUTCHEON, 2011, apud BARTHES, 1997). Por isso, para
que os estudantes comecem a se apropriar do conceito de adaptação tanto como
produto, como também como processo, optou-se por apresentar mais de uma
adaptação de uma mesma história, além de um breve trecho do capítulo 1 do livro
traduzido para o português. É esse, de acordo com Hutcheon (2011, p. 27) o motivo
de estudo da adaptação, ou seja, ser frequentemente comparada. Mas isso não
implica em desconsiderar a autonomia da adaptação. Pelo contrário, para que haja
30
Por todos esses argumentos expostos e muitos outros que poderiam ter sido
citados, o conceito de adaptação é muito produtivo e funcional. Espera-se que os
estudantes comecem a se apropriar dessa concepção, tornando-se mais atentos
para os diálogos que se estabelecem entre as diferentes formas de arte.
Ler história em quadrinhos significa ler a sua linguagem, ou seja, ler tanto o
seu aspecto verbal, quanto o não verbal (visual). As histórias em quadrinhos,
portanto, são construídas com uma linguagem autônoma, “que usa mecanismos
próprios para representar os elementos narrativos” (RAMOS, 2019, p. 17). Isso quer
dizer que o tempo da narrativa transcorre por meio da comparação entre o
quadrinho anterior e o seguinte, enquanto o espaço da ação é representado no
interior de um quadrinho e, por fim, ao personagem é atribuída uma imagem e o que
ele fala é lido em balões, os quais simulam o discurso direto ou o pensamento
(RAMOS, 2019, p. 18).
Nas palavras de Paulo Ramos (2019, p. 18),
31
Ainda nas palavras de Ramos (2019, p. 30), “ler quadrinhos é ler sua
linguagem”, portanto, dominar a linguagem dos quadrinhos, mesmo que em seus
conceitos mais elementares, é a condição determinante para a compreensão da
história.
2.7.3. As onomatopeias
De acordo com Ramos (2019, p. 136), há, de certa forma, um consenso entre
os teóricos dos quadrinhos quanto aos tipos de plano ou ângulo de imagem. Eles
usam o corpo humano, ainda que caricato, como ponto e referência e a metáfora do
botão de zoom para explicar a maior ou menor aproximação ou o maior ou menor
distanciamento da imagem.
Entre os planos possíveis expostos por Ramos (2019, pp. 137-144), cabe
destacar:
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1. METODOLOGIA
A escola onde esta pesquisa se realiza está situada num bairro periférico,
localizado na região sudeste do município de Juiz de Fora. De acordo com o QEdu,
site no qual se encontram os dados do Censo Escolar 2020, a escola atende a 573
estudantes, matriculados desde os Anos Inicias do Ensino Fundamental (110), os
37
Anos Finais do Ensino Fundamental (229), até o Ensino Médio, regular (234) e EJA
(128), além da Educação Especial (15).
A infraestrutura da escola, com três andares e um prédio anexo, conta com
acessibilidade, alimentação, biblioteca, laboratório de informática, laboratório de
ciências, quadra de esportes e sala de atendimento especial. A alimentação dos
estudantes é fornecida no térreo, no refeitório, que têm mesas e bancos compridos e
se localiza em frente à cozinha da escola e antes dos banheiros. Além disso,
também estão localizadas no térreo, a sala dos professores, a sala da direção,
quadra de esportes. No térreo do prédio anexo, estão localizadas a secretaria, os
laboratórios de informática e ciências e mais duas salas de aula, utilizadas para
turmas que tenham algum estudante que precise de acessibilidade.
No segundo andar, a escola tem mais cinco salas de aula, com capacidade
para aproximadamente 30 alunos, a biblioteca e um banheiro (não utilizado) e, no
prédio anexo, mais duas salas de aula, com capacidade para aproximadamente 15
estudantes. No terceiro andar, a escola tem mais seis salas de aula, também com
capacidade para aproximadamente 30 estudantes.
O funcionamento da escola ocorre nos três turnos. No período da manhã, são
atendidos os estudantes do Ensino Médio, do Ensino Fundamental Anos Finais e as
turmas de tempo integral do Ensino Fundamental Anos Iniciais. No turno da tarde,
são atendidos os estudantes do Ensino Fundamental Anos Iniciais e a turma de
sexto ano de tempo integral do Ensino Fundamental Anos Finais. No turno da noite,
são atendidos alunos do Ensino Médio regular e EJA.
No que diz respeito às características mais gerais da comunidade onde se
localiza a escola são percebidos alguns problemas, sobretudo, em dois níveis:
socioeconômico e cultural. Uma das causas para esses problemas pode estar
relacionada ao baixo nível de instrução das famílias, que geralmente não chegam a
concluir o ensino fundamental. Como consequência disso, o índice de desemprego e
subemprego nessa comunidade é alto, o que acarreta uma renda insuficiente para
suprir as necessidades básicas de subsistência digna das famílias. A falta desses
recursos mínimos de subsistência, de certa forma, contribui para a disseminação da
criminalidade dentro dessa comunidade.
Esse contexto, bastante comum entre as comunidades periféricas do Brasil,
implica a participação limitada das famílias na vida escolar e a falta de interesse dos
alunos pelo conhecimento. Por isso, muitos chegam ao sexto ano do EF sem ter
38
conhecimento e, por causa desse equívoco, eles também poderiam ter uma
compreensão limitada da existência de diferentes espaços sociais.
Os alunos do sexto ano A de 2020, por outro lado, são mais participativos e
parece que compreendem melhor o papel do espaço escolar na comunidade. Não
tive muita convivência com eles ainda, durante esse breve espaço de tempo, pude
perceber menos agressividade, mais atenção e, sobretudo, mais protagonismo,
porque eles participam muito de atividades de leitura e correção oral, o que nos anos
anteriores dificilmente acontecia. Outro aspecto é o comportamento deles em sala,
que realmente, quando comparado com o das turmas anteriores, faz jus aos elogios.
pôde acontecer em sala de aula. Para tentar contornar essa situação, foi feita uma
tentativa de deixar a sondagem na escola para os alunos buscarem e devolverem,
mas não deu certo. Então, serão utilizados apenas dois instrumentos para coleta de
dados: o diário de bordo e o caderno de leitura.
Assim como o professor utiliza o diário de bordo, durante esta pesquisa, será
adotado para os alunos o caderno de leitura, no qual eles irão registar as atividades
desenvolvidas. O caderno de leitura é um instrumento didático que contribui para o
letramento literário, porque, durante o registro das leituras, os alunos desenvolvem
as capacidades de sintetizar, avaliar e relacionar os textos lidos tanto com suas
experiências pessoais, como com outros textos.
41
4.1. MOTIVAÇÃO
4.2. DESENVOLVIMENTO
4.3. AVALIAÇÃO
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CALVINO, Italo. Por que ler os clássicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
CANDIDO, Antônio. Vários escritos. 4. ed. São Paulo/ Rio de Janeiro. Duas
Cidades/ Ouro sobre Azul, 2004.
______, Miguel de; tradução de José Luis Sánchez e Carlos Nougué. O engenhoso
fidalgo Dom Quixote de la Mancha. v. 2. São Paulo: Abril, 2010.
______, Miguel de; tradução de José Luis Sánchez e Carlos Nougué. O engenhoso
fidalgo Dom Quixote de la Mancha. v. 1. São Paulo: Abril, 2010.
CHANOINAT, Philippe; PELLET, David. Dom Quixote. 3. ed. Porto Alegre: L&PM
Editores, 2018.
MOISÉS, Massaud. Guia prático de análise literária. 2. ed. São Paulo: Cultrix,
1973.
RAMOS, Paulo. A leitura dos quadrinhos. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2019.
SONDAGEM DIAGNÓSTICA
12. O que mais lhe chama atenção quando você assiste a filmes, séries ou
desenhos? Nesse caso, você pode marcar mais de um aspecto.
a) A história.
b) Os personagens.
c) O lugar em que a história acontece.
d) O momento do tempo em que a história se passa.
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