Curso 226197 Aula 00 C82e Completo
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Autor:
Renan Araujo
03 de Fevereiro de 2024
Índice
1) Apresentação Cursos Penal
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APRESENTAÇÃO
Olá, pessoal!
É com imenso prazer que estou aqui, mais uma vez, pelo ESTRATÉGIA CONCURSOS, tendo a oportunidade
de poder contribuir para a aprovação de vocês! Nós vamos estudar teoria e comentar muitos exercícios sobre
DIREITO PENAL!
Meu nome é Renan Araujo, tenho 36 anos, sou Defensor Público Federal desde 2010, atuando na Defensoria
Pública da União no Rio de Janeiro, e mestre em Direito Penal pela Faculdade de Direito da UERJ. Antes,
porém, fui servidor da Justiça Eleitoral (TRE-RJ), onde exerci o cargo de Técnico Judiciário, por dois anos.
Minha trajetória de vida está intimamente ligada aos Concursos Públicos. Desde o começo da Faculdade eu
sabia que era isso que eu queria para a minha vida! E querem saber? Isso faz toda a diferença! Algumas
pessoas me perguntam como consegui sucesso nos concursos em tão pouco tempo. Simples: Foco + Força
de vontade + Disciplina. Não há fórmula mágica, não há ingrediente secreto! Basta querer e correr atrás do
seu sonho! Acreditem em mim, isso funciona!
É muito gratificante, depois de ter vivido minha jornada de concurseiro, poder colaborar para a aprovação
de outros tantos concurseiros, como um dia eu fui! E quando eu falo em “colaborar para a aprovação”, não
estou falando apenas por falar. O Estratégia Concursos possui índices altíssimos de aprovação em todos os
concursos!
Nossas aulas serão disponibilizadas conforme o cronograma que consta na área do aluno. Em cada aula eu
trarei algumas questões que foram cobradas em concursos públicos, para fixarmos o entendimento sobre
a matéria.
Além da teoria e das questões, vocês terão acesso, ainda, ao fórum de dúvidas. Não entendeu alguma coisa?
Simples: basta perguntar ao professor Yuri Moraes, que é o mestre responsável pelo Fórum de Dúvidas,
exclusivo para os alunos do curso.
Além dos nossos livros digitais (PDFs), nosso curso também é formado por videoaulas. Nas videoaulas
iremos abordar os tópicos do edital com a profundidade necessária, a fim de que o aluno possa esclarecer
pontos mais complexos, fixar aqueles pontos mais relevantes, etc.
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No que tange ao Direito Penal, a Constituição Federal traz alguns princípios aplicáveis a este ramo do Direito.
Vamos analisá-los um a um.
Art. 5º (...) XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal;
Entretanto, ele TAMBÉM está previsto no Código Penal, em seu art. 1°:
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação
legal.
Este princípio, quem vem do latim (Nullum crimen sine praevia lege), estabelece que uma conduta não pode
ser considerada criminosa se antes de sua prática não havia lei nesse sentido 2. Trata-se de uma exigência de
segurança jurídica: imaginem se pudéssemos responder criminalmente por uma conduta que, quando
praticamos, não era crime? Simplesmente não faríamos mais nada, com medo de que, futuramente, a
conduta fosse criminalizada e pudéssemos responder pelo delito!
1 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral. Ed. Saraiva, 21º edição. São Paulo, 2015, p. 51
Assim, somente a Lei (editada pelo Poder Legislativo) pode definir crimes e cominar penas. Logo, Medidas
Provisórias, Decretos, e demais diplomas legislativos 4 NÃO PODEM ESTABELECER CONDUTAS CRIMINOSAS
NEM COMINAR SANÇÕES.
1. Primeira corrente – Não pode, pois a CF/88 veda a utilização de MP em matéria penal.
2. Segunda corrente – Pode, desde que seja matéria favorável ao réu (descriminalização
de condutas, por exemplo). Prevalece esta corrente no STF.5
Assim, é possível que haja violação ao Princípio da legalidade sem que haja violação à reserva legal.
Entretanto, havendo violação à reserva legal, isso implica necessariamente em violação ao princípio da
legalidade, pois aquele é parte deste. Lembrem-se: Legalidade = Reserva legal + Anterioridade da lei penal.
O princípio da reserva legal implica a proibição da edição de leis vagas, com conteúdo impreciso. Isso porque
a existência de leis cujo conteúdo não seja claro, que não se sabe ao certo qual conduta está sendo
criminalizada, acaba por retirar toda a função do princípio da reserva legal, que é dar segurança jurídica às
pessoas, para que estas saibam exatamente se as condutas por elas praticadas são, ou não, crime. Por
exemplo:
Imagine que a Lei X considere como criminosas as condutas que atentem contra os bons costumes. Ora,
alguém sabe definir o que são bons costumes? Não, pois se trata de um termo muito vago, muito genérico,
que pode abranger uma infinidade de condutas. Assim, não basta que se trate de lei em sentido estrito (Lei
formal), esta lei tem que estabelecer precisamente a conduta que está sendo criminalizada, sob pena de
ofensa ao princípio da legalidade. Trata-se do princípio da taxatividade da lei penal.6
Entretanto, fiquem atentos! Existem as chamadas NORMAS PENAIS EM BRANCO. As normas penais em
branco são aquelas que dependem de outra norma para que sua aplicação seja possível. Por exemplo: A Lei
de Drogas (Lei 11.343/06) estabelece diversas condutas criminosas referentes à comercialização, transporte,
posse, etc., de substância entorpecente. Mas quais seriam as substâncias entorpecentes proibidas? As
substâncias entorpecentes proibidas estão descritas em uma portaria expedida pela ANVISA. Assim, as
3 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Curso de Direito Penal. JusPodivm. Salvador, 2015, p. 66
4 Inclusive os tratados internacionais, que devem ser incorporados ao nosso ordenamento jurídico por meio de Lei. GOMES, Luiz
6 Ou, para alguns, a garantia da lex certa. GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 68
normas penais em branco são legais, não violam o princípio da reserva legal, mas sua aplicação depende da
análise de outra norma jurídica.
Mas a portaria da ANVISA não seria uma violação à reserva legal, por se tratar de criminalização de
conduta por portaria? Não, pois a portaria estabelece quais são as substâncias entorpecentes em razão de
ter sido assim determinado por lei, no caso, pela própria lei de drogas, que em seu art. 66, estabelece como
substâncias entorpecentes aquelas previstas na Portaria SVS/MS n°344/98.
Além disso, em razão da reserva legal, em Direito Penal é proibida a analogia in malam partem 8, que é a
analogia em desfavor do réu. Assim, não pode o Juiz criar uma conduta criminosa não prevista em lei, com
base na analogia, tampouco pode utilizar a analogia para, de qualquer forma, agravar a situação do réu.
EXEMPLO: João pratica o crime X, durante uma grave crise hídrica no país (racionamento
de energia, etc.). Não há causa de aumento de pena para este crime em razão de ter sido
o fato praticado durante crise hídrica, embora exista uma causa de aumento de pena nesse
sentido para o crime Y (outro crime, portanto). O Juiz, todavia, aplica ao fato praticado por
João (crime X) a causa de aumento de pena prevista para o crime Y, por entender que o
crime X é semelhante ao crime Y e, portanto, a causa de aumento de pena ser ia a ele
também aplicável, por analogia.
Com relação à interpretação extensiva, parte da Doutrina entende que é possível, outra parte entende que,
à semelhança da analogia in malam partem, não é admissível. A interpretação extensiva difere da analogia,
pois naquela a previsão legal existe, mas está implícita. Nesta, a previsão legal não existe, mas o Juiz entende
que por ser semelhante a uma hipótese existente, deva ser assim enquadrada. Cuidado com essa diferença!
Entretanto, em prova objetiva, o que fazer? Nesse caso, sugiro adotar o entendimento de que é possível a
interpretação extensiva, mesmo que prejudicial ao réu, pois este foi o entendimento adotado pelo STF (ainda
que não haja uma jurisprudência sólida nesse sentido). 9
O princípio da anterioridade da lei penal estabelece que não basta que a criminalização de uma conduta se
dê por meio de Lei em sentido estrito, mas que esta lei seja anterior ao fato, à prática da conduta.
8 BITENCOURT, Op. cit., p. 199/200. No mesmo sentido, GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 101
EXEMPLO: Pedro dirige seu carro embriagado no dia 20/05/2010, tendo sido abordado em
blitz e multado. Nesta data, não há lei que criminalize esta conduta. Em 26/05/2010 é
publicada uma Lei criminalizando o ato de dirigir embriagado. O órgão que aplicou a multa
remete os autos do processo administrativo da multa ao MP, que oferece denúncia pelo
crime de dirigir alcoolizado. A conduta do MP foi correta? Não! Pois embora Pedro tivesse
cometido uma infração de trânsito, na data do fato a conduta não era considerada crim e.
Houve violação ao princípio da reserva legal? Não, pois a criminalização da conduta se deu por meio de lei
formal. Houve violação ao princípio da anterioridade da lei penal? Sim, e essa violação se deu pelo MP, que
ofereceu denúncia sobre um fato acontecido antes da vigência da lei incriminadora.
Percebam que a violação à anterioridade, neste caso, se deu pelo MP. Mas nada impede, no entanto, que
essa violação se dê pela própria lei penal incriminadora. Imaginem que a Lei que criminalizou a conduta de
Pedro estabelecesse que todos aqueles que tenham sido flagrados dirigindo alcoolizados nos últimos dois
anos responderiam pelo crime nela previstos. Essa lei seria inconstitucional nesta parte! Pois violaria
flagrantemente o princípio constitucional da anterioridade da lei penal, previsto no art. 5°, XXXIX da
Constituição Federal.
O princípio da anterioridade da lei penal culmina no princípio da irretroatividade da lei penal . Pode-se
dizer, inclusive, que são sinônimos. Entretanto, a lei penal pode retroagir. Como assim? Quando ela beneficia
o réu, estabelecendo uma sanção menos gravosa para o crime ou quando deixa de considerar a conduta
como criminosa. Nesse caso, estamos haverá retroatividade da lei penal, pois ela alcançará fatos ocorridos
ANTES DE SUA VIGÊNCIA.
EXEMPLO: Imagine que Maria seja acusada em processo criminal por um determinado
crime “X”, fato cometido em 20.04.2005. A pena para este crime varia de um a quatro
anos. Se uma lei for editada posteriormente, estabelecendo que a pena para este crime
será de dois a seis MESES, essa lei é favorável à Maria, devendo ser aplicada ao seu caso,
mesmo que já tenha sido condenada.
Art. 5º (...) XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
Mas e se Maria já tiver sido condenada a dois anos de prisão e esteja cumprindo pena há mais de um ano?
Nesse caso, Maria deverá ser colocada em liberdade, pois se sua condenação fosse hoje, não poderia superar
o limite de seis meses. Como já cumpriu mais de seis meses, sua pena está extinta.
Obviamente, se a lei nova, ao invés de estabelecer uma pena mais branda, estabelece que a conduta deixa
de ser crime (O que chamamos de abolitio criminis), TAMBÉM SERÁ APLICADA AOS FATOS OCORRIDOS
ANTES DE SUA VIGÊNCIA, POR SER MAIS BENÉFICA AO RÉU.
Não se trata de um “benefício” criminoso. Trata-se de uma questão de lógica: Se o Estado considera, hoje,
que uma determinada conduta não pode ser crime, não faz sentido manter preso, ou dar sequência a um
processo pela prática deste fato que não é mais crime, pois o próprio Estado não considera mais a conduta
como tão grave a ponto de merecer uma punição criminal.
ATENÇÃO! No caso das Leis temporárias, a lei continuará a produzir seus efeitos mesmo
após o término de sua vigência, caso contrário, perderia sua razão de ser. O caso mais
clássico é o da lei seca para o dia das eleições. Nesse dia, o consumo de bebida alcoólica é
proibido durante certo horário. Após o término das eleições, a ingestão de bebida alcoólica
passa a não ser mais crime novamente. Entretanto, não houve abolitio criminis, houve
apenas o término do lapso temporal em que a proibição vigora. Somente haveria abolitio
criminis caso a lei que proíbe a ingestão de bebidas alcoólicas no dia da eleição fosse
revogada, o que não ocorreu!
A legalidade (reserva legal e anterioridade) são garantias para os cidadãos, pois visam a impedir que o Estado
os surpreenda com a criminalização de uma conduta após a prática do ato. Pensem como seria nossa vida se
pudéssemos, amanhã, sermos punidos pela prática de um ato que, hoje, não é considerado crime? Como
poderíamos viver sem saber se amanhã ou depois aquela conduta seria considerada crime nós poderíamos
ser condenados e punidos por ela? Impossível viver assim.
Assim:
Na fase judicial, a individualização da pena é feita com base na análise, pelo magistrado, das circunstâncias
do crime, dos antecedentes do réu, etc. Nessa fase, a individualização da pena sai do plano meramente
abstrato e vai para o plano concreto, devendo o Juiz fixar a pena de acordo com as peculiaridades do caso
(Tipo de pena a ser aplicada, quantificação da pena, forma de cumprimento, etc.), tudo para que ela seja a
mais apropriada para cada réu, de forma a cumprir seu papel ressocializador -educativo e punitivo.
Na terceira e última fase, a individualização é feita na execução da pena, a parte administrativa. Assim,
questões como progressão de regime, concessão de saídas eventuais do local de cumprimento da pena e
outras, serão decididas pelo Juiz da execução penal também de forma individual, de acordo com as
peculiaridades de cada detento.
Por esta razão, em 2006, o STF declarou a inconstitucionalidade do artigo da Lei de Crimes Hediondos (Lei
8.072/90) que previa a impossibilidade de progressão de regime nesses casos, nos quais o réu deveria
cumprir a pena em regime integralmente fechado. O STF entendeu que a terceira fase de individualização
da pena havia sido suprimida, violando o princípio constitucional.
Outra indicação clara de individualização da pena na fase de execução está no artigo 5°, XLVIII da
Constituição, que estabelece o cumprimento da pena em estabelecimentos distintos, de acordo com as
características do preso. Vejamos:
Art. 5º (...) XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a
natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
Este princípio constitucional do Direito Penal está previsto no art. 5°, XLV da Constituição Federal:
Entretanto, como vocês podem extrair da própria redação do dispositivo constitucional, isso não impede que
os sucessores do condenado falecido sejam obrigados a reparar os danos civis causados pelo fato. Explico:
EXEMPLO: Roberto mata Maurício, cometendo o crime previsto no art. 121 do Código
Penal (Homicídio). Roberto é condenado a 15 anos de prisão, e na esfera cível é condenado
ao pagamento de R$ 100.000,00 (Cem mil reais) a título de indenização ao filho de
Maurício. Durante a execução da pena criminal, Roberto vem a falecer. Embora a pena
11 Também chamado de princípio da personificação da pena, ou princípio da responsabilidade pessoal da pena, ou princípio da
pessoalidade da pena.
privativa de liberdade esteja extinta, pela morte do infrator, a obrigação de reparar o dano
poderá ser repassada aos herdeiros, até o limite do patrimônio deixado pelo infrator
falecido. Assim, se Roberto deixou um patrimônio de R$ 500.000,00 (Quinhentos mil reais),
desse valor, que já pertence aos herdeiros (pelo princípio da saisine, do Direito das
Sucessões), poderá ser debitado os R$ 100.000,00 (cem mil reais) que Roberto foi
condenado a pagar ao filho de Maurício. Se, porém, o patrimônio deixado por Roberto é
de apenas R$ 30.000,00 (Trinta mil reais), esse é o limite ao qual os herdeiros estão
obrigados.
Desta forma, tecnicamente falando, os herdeiros não são responsabilizados pelo crime de Roberto, pois
não respondem com seu próprio patrimônio, apenas com o patrimônio eventualmente deixado pelo de
cujus.
CUIDADO! A multa não é “obrigação de reparar o dano”, pois não se destina à vítima. A
multa é espécie de PENA e, portanto, não pode ser executada em face dos herdeiros, ainda
que haja transferência de patrimônio. Neste caso, com a morte do infrator, extingue-se a
punibilidade, não podendo ser executada a pena de multa.
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
Podemos perceber, caros concurseiros, que determinados tipos de pena são terminantemente proibidos
pela Constituição Federal.
No caso da pena de morte, a Constituição estabelece uma única exceção: No caso de guerra declarada, é
possível a aplicação de pena de morte por crimes cometidos em razão da guerra! Isso não quer dizer que
basta que o país esteja em guerra para que se viabilize a aplicação da pena de morte em qualquer caso. Não
pode o legislador, por exemplo, editar uma lei estabelecendo que os furtos cometidos durante estado de
guerra serão punidos com pena de morte, pois isso não guarda qualquer razoabilidade. Esta ressalva é
direcionada precipuamente aos crimes militares.
A vedação à pena de trabalhos forçados impede, por exemplo, que o preso seja obrigado a trabalhar sem
remuneração. Assim, ao preso que trabalha no estabelecimento prisional é garantida remuneração mensal
e abatimento no tempo de cumprimento da pena.
A prisão perpétua também é inadmissível no Direito brasileiro. Em razão disso, uma lei que preveja a pena
mínima para um crime em 60 anos, por exemplo, estaria violando o princípio da vedação à prisão perpétua,
por se tratar de uma burla ao princípio, já que a idade mínima para aplicação da pena é 18 anos. Logo, se o
preso tiver que ficar, no mínimo, 60 anos preso, ele ficará até os 78 anos preso, o que significa, na prática,
prisão perpétua.
A Presunção de inocência é o maior pilar de um Estado Democrático de Direito, pois, segundo este princípio,
nenhuma pessoa pode ser considerada culpada (e sofrer as consequências disto) antes do trânsito em
julgado se sentença penal condenatória. Nos termos do art. 5°, LVII da CRFB/88:
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória;
O que é trânsito em julgado de sentença penal condenatória? É a situação na qual a sentença proferida no
processo criminal, condenando o réu, não pode mais ser modificada através de recurso. Assim, enquanto
não houver uma sentença criminal condenatória irrecorrível, o acusado não pode ser considerado culpado
e, portanto, não pode sofrer as consequências da condenação.
⇒ Uma regra probatória (regra de julgamento) - Deste princípio decorre que o ônus (obrigação) da
prova cabe ao acusador (MP ou ofendido, conforme o caso). O réu é, desde o começo, inocente,
até que o acusador prove sua culpa. Assim, temos o princípio do in dubio pro reo ou favor rei,
segundo o qual, durante o processo (inclusive na sentença), havendo dúvidas acerca da culpa ou
não do acusado, deverá o Juiz decidir em favor deste, pois sua culpa não foi cabalmente
comprovada.
CUIDADO: Existem hipóteses em que o Juiz não decidirá de acordo com princípio do
in dubio pro reo, mas pelo princípio do in dubio pro societate. Por exemplo, nas
decisões de recebimento de denúncia ou queixa e na decisão de pronúncia, no
processo de competência do Júri, o Juiz decide contrariamente ao réu (recebe a
denúncia ou queixa no primeiro caso, e pronuncia o réu no segundo) com base
apenas em indícios de autoria e prova da materialidade. Ou seja, nesses casos,
mesmo o Juiz tendo dúvidas quanto à culpabilidade do réu, deverá decidir
contrariamente a ele, e em favor da sociedade, pois destas decisões não há
consequências para o réu, permitindo-se, apenas, que seja iniciado o processo ou a
fase processual, na qual serão produzidas as provas necessárias à elucidação dos
fatos.
⇒ Uma regra de tratamento - Deste princípio decorre, ainda, que o réu deve ser, a todo momento,
tratado como inocente. E isso tem uma dimensão interna e uma dimensão externa:
a) Dimensão interna – O agente deve ser tratado, dentro do processo, como inocente. Ex.: O
Juiz não pode decretar a prisão preventiva do acusado pelo simples fato de o réu estar sendo
processado, caso contrário, estaria presumindo a culpa do acusado.
b) Dimensão externa – O agente deve ser tratado como inocente FORA do processo, ou seja,
o fato de estar sendo processado não pode gerar reflexos negativos na vida do réu. Ex.: O réu
não pode ser eliminado de um concurso público porque está respondendo a um processo
criminal (pois isso seria presumir a culpa do réu).
Desta maneira, sendo este um princípio de ordem Constitucional, deve a legislação infraconstitucional
(especialmente o CP e o CPP) respeitá-lo, sob pena de violação à Constituição. Portanto, uma lei que
dissesse, por exemplo, que o cumprimento de pena se daria a partir da sentença em primeira instância seria
inconstitucional, pois a Constituição afirma que o acusado ainda não é considerado culpado nessa hipótese.
Vou transcrever para vocês agora alguns pontos que são polêmicos e a respectiva posição dos Tribunais
Superiores, pois isto é importante.
o Processos criminais em curso e inquéritos policiais em face do acusado podem ser considerados
maus antecedentes? Segundo o STJ e o STF não, pois em nenhum deles o acusado foi condenado de
maneira irrecorrível, logo, não pode ser considerado culpado nem sofrer qualquer consequência em
relação a eles (súmula 444 do STJ).
o Regressão de regime de cumprimento da pena – O STJ e o STF entendem que NÃO HÁ NECESSIDADE
DE CONDENAÇÃO PENAL TRANSITADA EM JULGADO para que o preso sofra a regressão do regime
de cumprimento de pena mais brando para o mais severo (do semiaberto para o fechado, por
exemplo). Nesses casos, basta que o preso tenha cometido novo crime doloso ou falta grave,
durante o cumprimento da pena pelo crime antigo, para que haja a regressão, nos termos do art.
118, I da Lei 7.210/84 (Lei de Execuções Penais), não havendo necessidade, sequer, de que tenha
havido condenação criminal ou administrativa. A Jurisprudência entende que esse artigo da LEP não
ofende a Constituição.
o Revogação do benefício da suspensão condicional do processo em razão do cometimento de crime
– Prevê a Lei 9.099/95 que em determinados crimes, de menor potencial ofensivo, pode ser o
processo criminal suspenso por determinado, devendo o réu cumprir algumas obrigações durante
este prazo (dentre elas, não cometer novo crime), findo o qual estará extinta sua punibilidade. Nesse
caso, o STF e o STJ entendem que, descoberta a prática de crime pelo acusado beneficiado com a
suspensão do processo, este benefício deve ser revogado, por ter sido descumprida uma das
condições, não havendo necessidade de trânsito em julgado da sentença condenatória do crime
novo.
O STF chegou a relativizar o princípio da presunção de inocência, entendendo que a presunção de inocência
iria somente até o esgotamento das instâncias ordinárias (até segundo grau de jurisdição). A partir daí, seria
possível a execução provisória de pena, não sendo mais possível falar em presunção de inocência, por já
haver condenação em segunda instância, ainda que pendente julgamento de Recurso Especial para o STJ ou
Recurso Extraordinário para o STF.
Porém, este entendimento (que se iniciou quando do julgamento do HC 12.292) foi posteriormente
abandonado pelo STF, quando do julgamento definitivo das ADCs 43, 44 e 54, tendo o STF retomado seu
entendimento clássico: a presunção de inocência deve ser compreendida nos exatos termos da CF/88, ou
seja, até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, de forma que é vedada a execução
provisória de pena criminal.12
12 A Lei 13.964/19 (chamado “pacote anticrime”), alterou a redação do art. 492, I, “e” do CPP, para permitir a execução provisór ia
de pena criminal imposta pelo TRIBUNAL DO JÚRI, quando se tratar de pena igual ou superior a 15 anos. A previsão, contudo,
provavelmente será considerada inconstitucional pelo STF.
O princípio da ofensividade estabelece que não basta que o fato seja formalmente típico (tenha previsão
legal como crime) para que possa ser considerado crime. É necessário que este fato ofenda (por meio de
uma lesão ou exposição a risco de lesão), de maneira grave, o bem jurídico pretensamente protegido pela
norma penal.
Assim, condutas que não são capazes de afetar o bem jurídico são desprovidas de ofensividade e, portanto,
não podem ser consideradas criminosas.
EXEMPLO: Imaginemos que surja uma lei criminalizando a conduta de cuspir na rua. Essa
norma criminaliza uma conduta que não ofende, de maneira significativa, qualquer bem
jurídico relevante para a sociedade, embora possa ser reprovada moralmente, pelas regras
de etiqueta, etc.
Assim, somente as condutas capazes de ofender significativamente um bem jurídico podem ser validamente
criminalizadas, sob pena de violação ao princípio da ofensividade. 13
Este princípio preconiza que o fato, para ser MATERIALMENTE crime, ou seja, para que possa ser considerado
crime em sua essência, deve causar lesão a um bem jurídico de terceiro.
Desse princípio decorre que o DIREITO PENAL NÃO PUNE A AUTOLESÃO. Assim, aquele que destrói o próprio
patrimônio não pratica crime de dano, aquele que se lesiona fisicamente não pratica o crime de lesões
corporais, etc.
A ofensa a bem jurídico próprio não é conduta capaz de desafiar a intervenção do Direito Penal, por ser
incapaz de abalar a paz social, ou seja, não se trata de uma conduta capaz de afetar a sociedade de maneira
tão grave a ponto de merecer a repressão pelo Direito Penal, exatamente pelo fato de ofender apenas o
próprio agente, e não outras pessoas.
Este princípio prega que uma conduta, ainda quando tipificada em Lei como criminosa, quando não for capaz
de afrontar o sentimento social de Justiça, não seria considerada crime, em sentido material, por possuir
adequação social (aceitação pela sociedade).
13 D’ÁVILA, Fábio Roberto. Ofensividade em Direito Penal: Escritos sobre a teoria do crime como ofensa a bens jurídicos. Porto
É o que acontece, por exemplo, com o crime de adultério, que foi revogado há alguns anos. Atualmente a
sociedade não entende mais o adultério como um fato criminoso, mas algo que deva ser resolvido entre os
particulares envolvidos.
Antes da revogação do crime de adultério, por exemplo, a sociedade, já há algumas décadas, não via o
adultério como uma conduta criminosa, não via o adúltero como alguém que devesse ser considerado um
criminoso. O adultério poderia ser reprovável moralmente, religiosamente, etc., mas já não gozava mais,
perante a sociedade, do status de crime, embora assim fosse considerado pela Lei Penal. Desta forma, um
Juiz poderia absolver alguém pela prática do crime de adultério, mesmo quando ainda era considerada uma
conduta criminosa, alegando haver adequação social da conduta.
Estabelece que nem todos os fatos considerados ilícitos pelo Direito devam ser considerados como infração
penal, mas somente aqueles que atentem contra bens jurídicos EXTREMAMENTE RELEVANTES. Ou seja, o
Direito Penal só deve tutelar bens jurídicos de grande relevância social. 14
O Direito Penal, portanto, não deve se ocupar da proteção de bens jurídicos de menor relevo, exatamente
porque o Direito Penal é o instrumento mais invasivo de que dispõe o Estado para intervir na vida em
sociedade, de maneira que sua utilização para proteção de todo e qualquer bem jurídico demonstraria certa
desproporcionalidade, além de contribuir para a banalização do Direito Penal.
Estabelece que o Direito Penal não deve ser usado a todo momento, como regra geral, e sim como uma
ferramenta subsidiária, ou seja, deverá ser utilizado apenas quando os demais ramos do Direito não
puderem tutelar satisfatoriamente o bem jurídico que se busca proteger.15
Tal princípio parte da compreensão de que o controle social é realizado de maneira ampla, pelas mais
diversas maneiras (moral, costumes, diversos ramos do Direito, etc.), o que implica a necessidade de
racionalizar a utilização do Direito Penal, reservando-o não só à proteção dos bens mais relevantes, exigindo-
se ainda que a proteção destes bens relevantes não possa ser feita por outras formas.
EXEMPLO: O patrimônio é um bem jurídico relevante, disso ninguém duvida. Todavia, nem
toda lesão ao patrimônio será digna de proteção pelo Direito Penal, podendo ser protegida
por outras searas, como o Direito Civil, por exemplo. Assim, o não pagamento de uma
dívida não gera, a princípio, a intervenção do Direito Penal, configurando mero ilícito civil,
pois embora gere lesão ao patrimônio do credor, tal problema pode ser resolvido por
outros ramos do Direito.
14 BECHARA, Ana Elisa Liberatore Silva. Bem jurídico-penal. Ed. Quartier Latin. São Paulo, 2014, p. 77.
15 ROXIN, Claus. Derecho penal, parte general: Tomo I. Civitas. Madrid, 1997, p. 65.
Este princípio decorre do caráter fragmentário e subsidiário do Direito Penal. Este é um princípio limitador
do poder punitivo estatal, que estabelece uma regra a ser seguida para conter possíveis arbítrios do Estado.
Assim, por força deste princípio, num sistema punitivo, como é o Direito Penal, a criminalização de condutas
só deve ocorrer quando se caracterizar como meio absolutamente necessário à proteção de bens jurídicos
ou à defesa de interesses cuja proteção, pelo Direito Penal, seja absolutamente indispensável à
coexistência harmônica e pacífica da sociedade.
Embora não esteja previsto na Constituição, nem na legislação infraconstitucional, decorre da própria lógica
do sistema jurídico-penal.
Por este princípio entende-se que uma pessoa não pode ser punida duplamente pelo mesmo fato. Além
disso, estabelece que uma pessoa não possa, sequer, ser processada duas vezes pelo mesmo fato. Daí
podermos dizer que não há, no processo penal, a chamada “revisão pro societate”.
EXEMPLO: José foi processado pelo crime X. Todavia, como não havia provas, foi absolvido.
Tal decisão transitou em julgado, tornando-se imutável. Todavia, dois meses depois,
surgiram provas da culpa de José. Neste caso, José não poderá ser processado novamente.
ATENÇÃO: mesmo que a sentença tenha sido proferida por Juiz absolutamente incompetente (Juiz que não
tinha competência para julgar o caso), não poderá o agente ser novamente processado pelo mesmo fato.
“(...) A decisão que absolveu sumariamente o ora paciente no âmbito da Justiça Comum,
em virtude da incidência de causa excludente de ilicitude, impossibilita a instauração de
ação penal perante a Justiça Especializada, uma vez que o Estado-Juiz já se manifestou
sobre o fato. Ainda que se trate de decisão proferida por juízo absolutamente
incompetente, deve-se reconhecer a prevalência dos princípios do favor rei, favor
libertatis e ne bis in idem, de modo a preservar a segurança jurídica que o ordenamento
jurídico demanda.
Precedentes.
16 TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios básicos de Direito Penal. São Paulo: Ed. Saraiva, 1994. p. 13-14.
3. Ordem concedida, acolhido o parecer ministerial, para trancar a Ação Penal n.º 0005330-
41.2013.8.15.2002, em trâmite perante a Vara Militar de João Pessoa/PB.
(HC n. 362.054/PB, relatora Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, julgado
em 9/8/2016, DJe de 23/8/2016.)
CUIDADO! Uma pessoa não pode ser duplamente processada pelo mesmo fato quando já houve decisão
capaz de produzir coisa julgada material, ou seja, a imutabilidade da decisão (condenação, absolvição,
extinção da punibilidade, etc.). Quando a decisão não faz coisa julgada material, é possível novo processo
(Ex.: extinção do processo pela rejeição da denúncia, em razão do descumprimento de uma mera
formalidade processual).
Tal princípio veda, ainda, que um mesmo fato, condição ou circunstância seja duplamente considerado para
==32dc5f==
EXEMPLO: José está sendo processado pelo crime de homicídio qualificado pelo motivo
torpe. José é condenado pelo júri e, na fixação da pena, o Juiz aplica a agravante genérica
prevista no art. 61, II, a do CP, cabível quando o crime é praticado por motivo torpe.
Todavia, neste caso, o “motivo torpe” já foi considerado como qualificadora (tornando a
pena mais gravosa – de 06 a 20 anos para 12 a 30 anos), então não pode ser novamente
considerada no mesmo caso. Ou seja, como tal circunstância (motivo torpe) já qualifica o
delito, não pode também servir como circunstância agravante, sob pena de o agente ser
duplamente punido pela mesma circunstância.
Assim:
Este princípio determina que as penas devem ser aplicadas de maneira proporcional à gravidade do fato.
Mais que isso: Estabelece que as penas devem ser COMINADAS (previstas) de forma a dar ao infrator uma
sanção proporcional ao fato abstratamente previsto.
Assim, se o CP previsse que o crime de homicídio teria como pena máxima dois anos de reclusão, e que o
crime de furto teria como pena máxima quatro anos de reclusão, estaria, claramente, violado o princípio da
proporcionalidade.
Este princípio nem sempre é citado pela Doutrina. Prega que todos possuem o direito de atuar acreditando
que as demais pessoas irão agir de acordo com as normas que disciplinam a vida em sociedade.
Assim, exemplificativamente, quando alguém ultrapassa um sinal VERDE e acaba colidindo lateralmente com
outro veículo que avançou o sinal VERMELHO, aquele que ultrapassou o sinal verde agiu amparado pelo
princípio da confiança, não tendo culpa, já que dirigia na expectativa de que os demais respeitariam as regras
de sinalização.
Para que uma conduta seja considerada como crime, deve haver tipicidade. A tipicidade, por sua vez, deve
ser compreendida sob dois aspectos: formal e material.
A tipicidade formal e a adequação típica, ou seja, a correspondência entre o fato ocorrido e o que prevê a
norma penal incriminadora. Em resumo: há tipicidade formal quando a conduta praticada pelo agente
corresponde àquilo que a norma estabelece como crime.
Por outro lado, para que haja tipicidade material, é necessário que a conduta ofenda de maneira relevante
um bem jurídico relevante, merecedor de proteção pelo Direito Penal. E é exatamente aqui que entra o
princípio da insignificância.
Quando uma conduta é formalmente típica, ou seja, prevista como crime na Lei Penal, mas não ofende de
forma significativa o bem jurídico protegido pelo tipo penal, diz-se que há insignificância penal da conduta,
ou seja, a conduta é formalmente típica, mas não é materialmente típica.
A jurisprudência do STJ e do STF estabeleceu alguns critérios para a aplicação do princípio da insignificância,
de forma que devem ser preenchidos os requisitos abaixo para que se possa aplicar o referido princípio:
Vejamos:
(...)
(AgRg no REsp n. 1.966.873/SC, relator Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, julgado
em 18/12/2023, DJe de 20/12/2023.)
Naturalmente que deve ser levada em consideração a importância do objeto material do crime para a vítima,
de forma a verificar se, no caso concreto, a lesão jurídica é realmente inexpressiva.
Como regra, o patamar para o reconhecimento da inexpressividade da lesão jurídica e, portanto, possibilitar
a aplicação do princípio da insignificância, é de 10% do salário-mínimo vigente ao tempo do fato:
(...) (AgRg no HC n. 858.869/GO, relator Ministro Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, julgado
em 5/12/2023, DJe de 12/12/2023.)
Mas, professor, uma vez aplicado o princípio da insignificância, qual é a consequência para o autor do fato?
Aplicado o princípio da insignificância, ficará afastada a tipicidade material da conduta, de forma que a
conduta será considerada atípica. Logo, o autor do fato será absolvido.
Esse princípio, em tese, pode ser aplicado a outros delitos além daqueles de índole meramente patrimonial.
Contudo, a jurisprudência firmou entendimento no sentido de ser incabível tal princípio em relação aos
seguintes delitos:
➢ Tráfico de drogas
➢ Roubo (ou qualquer crime cometido com violência ou grave ameaça à pessoa)
CUIDADO MASTER! A existência de reincidência, maus antecedentes ou reiteração delitiva pode afastar a
aplicação do princípio da insignificância, por ausência de reduzido grau de reprovabilidade do
comportamento do agente. O STJ, mais recentemente, vem adotando o entendimento de que é possível,
excepcionalmente, a aplicação do princípio da insignificância ainda que se trate de réu reincidente, portador
de maus antecedentes ou que ostenta outras anotações criminais sem trânsito em julgado. Vejamos:
O STF, semelhantemente, vem firmando entendimento no sentido de que a reincidência, por si só, não afasta
a possibilidade de aplicação do princípio: “(i) a reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa
reconheça a insignificância penal da conduta, à luz dos elementos do caso concreto (...) (HC 139503,
Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado
em 12/03/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-167 DIVULG 31-07-2019 PUBLIC 01-08-2019)
Todavia, o próprio STJ possui entendimento no sentido de que, excepcionalmente, é possível afastar a
incidência da súmula 599:
Apesar de o descaminho ser um crime contra a administração pública (crime praticado por particular contra
a administração em geral), a Jurisprudência é pacífica no sentido de ser aplicável o princípio da insignificância
ao delito de descaminho, dada sua natureza tributária.
Porém, em relação ao crime de descaminho, qual seria o patamar considerado para fins de insignificância?
STF e STJ consolidaram entendimento no sentido de que será possível a aplicação do princípio quando o
valor total dos tributos sonegados, inclusive acessórios, não ultrapassar R$ 20.000,00 (vi nte mil reais), pois
este é o valor considerado como o mínimo para ajuizamento de uma execução fiscal em relação a tributos
federais. Ou seja, se o valor é considerado insignificante para o Fisco (que sequer irá cobrá-lo em Juízo), deve
também ser considerado insignificante para o Direito Penal.
Em se tratando de descaminho relativo a tributos de outros entes federados, será possível aplicar o
parâmetro de R$ 20.000,00, para fins de incidência do princípio da insignificância quando existir lei local no
mesmo sentido da lei federal, ou seja, dispensando a cobrança em Juízo de valores que não ultrapassem R$
20.000,00. Caso haja lei local estabelecendo outro patamar (Ex.: 15.000,00), deverá ser utilizado para fins de
aplicação do princípio da insignificância o patamar previsto na lei local.
Tese firmada: Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho
quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor
do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias 75 e 130,
ambas do Ministério da Fazenda.
(REsp n. 1.709.029/MG, relator Ministro Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, julgado em 28/2/2018,
DJe de 4/4/2018.)
Tese 6) É possível aplicar o parâmetro estabelecido no Tema n. 157/STJ, para fins de incidência do
princípio da insignificância no patamar estabelecido pela União aos tributos dos demais entes
federados, quando existir lei local no mesmo sentido da lei federal.
Todavia, o STJ firmou entendimento no sentido de que cabe aplicar o princípio da insignificância o crime de
contrabando em situações excepcionais:
➢ Princípio da insignificância e crime de furto - O crime de furto talvez seja aquele em relação ao qual
mais se aplica o princípio da insignificância, e certamente é o crime que vem à cabeça quando se
pensa na aplicação de tal princípio. Em relação a aplicação do princípio da insignificância ao furto,
destacam-se os seguintes pontos:
Tese 3) A restituição da res furtiva à vítima não constitui, por si só, motivo suficiente para a
aplicação do princípio da insignificância.
Tese 4) Não se aplica o princípio da insignificância ao crime de furto praticado com corrupção
de filho menor, ainda que o bem possua inexpressivo valor pecuniário, pois as características
dos fatos revelam elevado grau de reprovabilidade do comportamento
Tese 10) Não é possível aplicar o princípio da insignificância ao crime de dano qualificado ao
patrimônio público, diante da lesão a bem jurídico de relevante valor social, que afeta toda a
coletividade
Tese 12) Não é possível aplicar o princípio da insignificância à importação não autorizada de
arma de pressão, pois configura delito de contrabando, que tutela, além do interesse
econômico, a segurança e a incolumidade pública.
O princípio da insignificância (ou bagatela) não pode ser confundido com o princípio da bagatela imprópria.
A infração bagatelar imprópria é aquela na qual se verifica que, apesar de a conduta nascer típica (formal e
materialmente típica), fatores outros, ocorridos após a prática do delito, levam à conclusão de que a pena é
desnecessária no caso concreto
Assim, o princípio da bagatela imprópria não está relacionado à ausência de tipicidade material. O crime,
portanto, existirá (fato típico, ilícito e com agente culpável). Todavia, o Juiz estaria autorizado a deixar de
aplicar a pena, por reconhecer sua desnecessidade no caso concreto, ou seja, pode-se entender o princípio
da bagatela imprópria como uma causa supralegal de extinção da punibilidade.
Trata-se de um princípio que não possui previsão expressa no ordenamento jurídico, mas a Doutrina retira
seu fundamento do art. 59 do CP, que estabelece o que segue:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Ora, se o Juiz deve aplicar a pena conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do
crime, isso significa que o Juiz estaria autorizado a deixar de aplicar a pena se entendesse pela sua
desnecessidade no caso concreto, já que o nosso CP não adota uma teoria meramente retributiva da pena,
ou seja, a pena não é concebida apenas como castigo ao infrator, devendo ter uma finalidade preventiva:
Ex.: José furta o celular de Maria, sua colega de trabalho, mas no dia seguinte devolve o
aparelho e faz as pazes com a colega de trabalho, dando ainda de presente uma diária em
um spa de luxo, como pedido de desculpas pelo fato praticado. José era primário, de bons
Faz sentido aplicar a pena? Do ponto de vista retributivo (teoria absoluta) sim, eis que José
errou e deveria ser punido. Do ponto de vista utilitarista (teoria relativa), é questionável a
utilidade da pena nesse caso, pois não parece que vá “ressocializar” José ou evitar a prática
de novos crimes. A pena, portanto, se mostraria um castigo justo (do ponto de vista
retributivo), mas desnecessário no caso concreto. Dessa forma, pelo princípio da bagatela
imprópria, o Juiz poderia reconhecer a existência do crime mas deixar de aplicar a pena,
considerando que ela seria desnecessária no caso concreto.
SÚMULAS PERTINENTES
Súmulas do STJ
➢ Súmula nº 492 do STJ – Trata-se de súmula que visa a privilegiar o princípio da individualização da
pena. Por certo, a medida socioeducativa não é pena. Contudo, se o princípio da individualização se impõe
em relação aos imputáveis, no que tange à pena aplicável, com muito mais razão deverá ser aplicável aos
inimputáveis em decorrência da menoridade, a quem se aplica medida socioeducativa:
Súmula 492 do STJ - O ATO INFRACIONAL ANÁLOGO AO TRÁFICO DE DROGAS, POR SI SÓ,
NÃO CONDUZ OBRIGATORIAMENTE À IMPOSIÇÃO DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE
INTERNAÇÃO DO ADOLESCENTE.
➢ Súmula nº 502 do STJ – Trata-se de enunciado de súmula por meio do qual o STJ afasta por completo
a possibilidade de aplicação do princípio da adequação social à conduta de expor à venda CDs e DVDs
pirateados. Trata-se de conduta típica, prevista no art. 184, §§ 1º e 2º do CP:
➢ Súmula nº 589 do STJ – Trata-se de enunciado de súmula por meio do qual o STJ afasta por
completo a possibilidade de aplicação do princípio da insignificância em relação aos crimes e
contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas e familiares:
Conceito
Fontes
1
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, parte geral, volume 1, editora Saraiva, 2005, p. 1
A CRFB/88 prevê uma série de vedações (imprescritibilidade, inafiançabilidade, etc.) que são
aplicáveis a determinados crimes, por sua especial gravidade.
Art. 5º (...)
Assim:
o INAFIANÇABILIDADE – Todos
Tribunal do Júri
Art. 5º (...)
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei,
assegurados: ==32dc5f==
a) a plenitude de defesa;
Sem maiores considerações a respeito deste tema, apenas ressaltando que a competência
do Tribunal do Júri abarca os crimes dolosos contra a vida bem como os crimes que forem a eles
conexos (ex.: José estupra Maria e depois mata Joana, única testemunha do caso. Nesta situação,
o Tribunal do Júri é competente para julgar o homicídio doloso de Joana e o crime estupro contra
Maria, que é conexo com o homicídio).
Importante destacar, ainda, que dois crimes muito comuns não são considerados crimes
dolosos contra a vida:
Menoridade Penal
Isso quer dizer que eles não respondem penalmente, estando sujeitos às normas do
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Assinale a opção em que é apresentado o princípio do direito penal que obsta a padronização
da sanção penal e preconiza a variação da pena de acordo com a personalidade e os meios de
execução do agente.
c) princípio da culpabilidade
COMENTÁRIOS
O princípio do direito penal que obsta a padronização da sanção penal e preconiza a variação da
pena de acordo com a personalidade e os meios de execução do agente é o princípio da
individualização da pena, segundo o qual a pena criminal deve ser cominada, aplicada e
executada levando-se em consideração as peculiaridades do caso concreto (natureza da conduta,
meios empregados, circunstâncias e condições pessoais do infrator etc.).
GABARITO: LETRA B
COMENTÁRIOS
GABARITO: CORRETA
Merece reprimenda penal a agressão que afetar os bens jurídicos de forma relevante.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois o princípio da insignificância (ou bagatela PRÓPRIA) é que estabelece que
somente merecerá reprimenda penal, por possui tipicidade material, a conduta que, além de
formalmente típica, ofender de forma significativa o bem jurídico tutelado pela norma penal, ou
seja, possuir também tipicidade material.
A infração bagatelar imprópria é aquela na qual se verifica que, apesar de a conduta nascer típica
(formal e materialmente típica), fatores outros, ocorridos após a prática do delito, levam à
conclusão de que a pena é desnecessária no caso concreto. Ou seja, o princípio da bagatela
imprópria não está relacionado à tipicidade material da conduta, à insignificância da ofensa ao
bem jurídico, mas à desnecessidade de imposição de pena criminal no caso concreto.
GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS
Desse princípio decorre que o Direito Penal não pune a autolesão. Assim, aquele que destrói o
próprio patrimônio não pratica crime de dano, aquele que se lesiona fisicamente não pratica o
crime de lesões corporais, etc.
GABARITO: Letra C
5. (CESPE / 2021 / MPE-SC / PROMOTOR)
Acerca dos princípios constitucionais penais, julgue o item subsequente.
Nenhum dos princípios que regem o direito penal veda a criminalização, pelo legislador, da
tentativa de suicídio, embora, no momento, esta conduta não esteja tipificada.
COMENTÁRIOS
COMENTÁRIOS
Item errado.
De fato, para que haja tipificação legítima, é necessário que seja respeitado o princípio da
ofensividade, ou lesividade, de forma que a conduta deve ofender, por meio de lesão ou risco de
lesão, um bem jurídico, atingindo terceiros (alteridade).
Todavia, as motivações do agente para a prática do fato podem ser valoradas pelo Juiz na
dosimetria da pena, seja para beneficiar ou prejudicar o agente (ex.: motivação nobre, motivação
fútil, etc.)
GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS
Item correto.
O princípio da fragmentariedade estabelece que nem todos os fatos considerados ilícitos pelo
Direito devam ser considerados como infração penal, mas somente aqueles que atentem contra
bens jurídicos extremamente relevantes. Ou seja, o Direito Penal só deve tutelar bens jurídicos
de grande relevância social.1
O Direito Penal, portanto, não deve se ocupar da proteção de bens jurídicos de menor relevo,
exatamente porque o Direito Penal é o instrumento mais invasivo de que dispõe o Estado para
intervir na vida em sociedade, de maneira que sua utilização para proteção de todo e qualquer
bem jurídico demonstraria certa desproporcionalidade, além de contribuir para a banalização do
Direito Penal.
GABARITO: CORRETA
8. (CESPE – 2019 – CGE-CE – AUDITOR DE CONTROLE INTERNO - ÁREA DE CORREIÇÃO)
O desvio punível não é o que, por características intrínsecas ou ontológicas, é reconhecido em
cada ocasião como imoral, como naturalmente anormal, como socialmente lesivo ou coisa
semelhante. É aquele formal e previamente indicado pela lei como pressuposto necessário para
a aplicação de uma pena.
Luigi Ferrajoli. Direito e razão: teoria do garantismo penal. 3.ª ed. São Paulo: RT, 2002, p. 30
(com adaptações).
O texto precedente faz referência, principalmente, aos princípios penais da
a) legalidade e da anterioridade.
b) anterioridade e da individualização da pena.
c) culpabilidade e da extra-atividade da lei penal.
d) individualização da pena e da culpabilidade.
e) extra-atividade da lei penal e da legalidade.
COMENTÁRIOS
1
BECHARA, Ana Elisa Liberatore Silva. Bem jurídico-penal. Ed. Quartier Latin. São Paulo, 2014, p. 77.
GABARITO: Letra A
COMENTÁRIOS
O princípio da alteridade estabelece que, para que haja crime, a conduta humana deve colocar
em risco ou lesar bens de terceiros, sendo vedada, portanto, a criminalização de atitudes que não
excedam o âmbito do próprio autor.
GABARITO: Letra E
10. (CESPE – 2019 – PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) O art. 1.º do Código Penal
brasileiro dispõe que “não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal”.
Considerando esse dispositivo legal, bem como os princípios e as repercussões jurídicas dele
decorrentes, julgue o item que se segue.
O presidente da República, em caso de extrema relevância e urgência, pode editar medida
provisória para agravar a pena de determinado crime, desde que a aplicação da pena agravada
ocorra somente após a aprovação da medida pelo Congresso Nacional.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois pelo princípio da reserva legal, derivação do princípio da legalidade, somente
lei em sentido estrito pode criminalizar condutas e cominar penas, sendo vedada a criação de
tipos penais (ou agravamento de pena) por meio de, por exemplo, decreto e medida provisória.
GABARITO: ERRADO
11. (CESPE – 2018 – POLÍCIA FEDERAL – PERITO CRIMINAL FEDERAL – CONHECIMENTOS
BÁSICOS – TODAS AS ÁREAS) A fim de garantir o sustento de sua família, Pedro adquiriu 500
CDs e DVDs piratas para posteriormente revendê-los. Certo dia, enquanto expunha os produtos
para venda em determinada praça pública de uma cidade brasileira, Pedro foi surpreendido por
policiais, que apreenderam a mercadoria e o conduziram coercitivamente até a delegacia.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item subsequente.
O princípio da adequação social se aplica à conduta de Pedro, de modo que se revoga o tipo
penal incriminador em razão de se tratar de comportamento socialmente aceito.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois o STJ sumulou entendimento afastando por completo a possibilidade de
aplicação do princípio da adequação social à conduta de expor à venda CDs e DVDs pirateados.
Trata-se de conduta típica, prevista no art. 184, §§ 1º e 2º do CP.
GABARITO: ERRADO
12. (CESPE – 2018 – PC-MA - INVESTIGADOR DE POLÍCIA) O princípio da legalidade
compreende
a) a capacidade mental de entendimento do caráter ilícito do fato no momento da ação ou da
omissão, bem como de ciência desse entendimento.
b) o juízo de censura que incide sobre a formação e a exteriorização da vontade do responsável
por um fato típico e ilícito, com o propósito de aferir a necessidade de imposição de pena.
c) a oposição entre o ordenamento jurídico vigente e um fato típico praticado por alguém capaz
de lesionar ou expor a perigo de lesão bens jurídicos penalmente protegidos.
d) a obediência às formas e aos procedimentos exigidos na criação da lei penal e,
principalmente, na elaboração de seu conteúdo normativo.
e) a conformidade da conduta reprovável do agente ao modelo descrito na lei penal vigente no
momento da ação ou da omissão.
COMENTÁRIOS
está relacionado à necessidade de que a pena corresponda o mais precisamente possível ao fato
praticado, considerando-se as particularidades do caso e do infrator em si, aplicando-se tanto na
etapa legislativa, quanto nas etapas judicial (fixação da pena) e de execução penal (progressão
de regime, etc.).
GABARITO: Errada
14. (CESPE – 2018 – PC-SE - DELEGADO) Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e
deveres individuais e coletivos e às garantias constitucionais.
Em razão do princípio da legalidade penal, a tipificação de conduta como crime deve ser feita
por meio de lei em sentido material, não se exigindo, em regra, a lei em sentido formal.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois o princípio da legalidade estabelece, dentre outras coisas, que a tipificação de
uma conduta deve se dar por lei formal, ou seja, lei em sentido estrito, e não qualquer diploma
legislativo, de maneira que não há possibilidade de tipificação de condutas por meio de Decreto,
MP, etc.
GABARITO: Errada
15. (CESPE – 2018 – STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Tendo como
referência a jurisprudência sumulada dos tribunais superiores, julgue o item a seguir, acerca de
crimes, penas, imputabilidade penal, aplicação da lei penal e institutos.
É possível a aplicação do princípio da insignificância nos crimes contra a administração pública,
desde que o prejuízo seja em valor inferior a um salário mínimo.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois atualmente o tema se encontra SUMULADO pelo STJ (súmula 599 do STJ), no
sentido da IMPOSSIBILIDADE de aplicação de tal princípio aos crimes contra a administração
pública. Lembrando que o descaminho, apesar de ser um crime praticado por particular contra a
administração pública, possui natureza de crime tributário, eis que o que se busca proteger com
a criminalização de tal conduta é, ao fim e ao cabo, o fisco. Por isso se aplica o princípio da
insignificância ao descaminho.
GABARITO: Errada
16. (CESPE – 2017 – PC-MT – DELEGADO DE POLÍCIA) De acordo com o entendimento do
STF, a aplicação do princípio da insignificância pressupõe a constatação de certos vetores para se
caracterizar a atipicidade material do delito. Tais vetores incluem o(a)
a) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento.
b) desvalor relevante da conduta e do resultado.
c) mínima periculosidade social da ação.
d) relevante ofensividade da conduta do agente.
e) expressiva lesão jurídica provocada.
COMENTÁRIOS
significa que a pena deve estar expressamente prevista no tipo penal, não havendo possibilidade
de aplicar pena cominada a outro crime.
COMENTÁRIOS
COMENTÁRIOS
(ARE 753331 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em
17/09/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-228 DIVULG 19-11-2013 PUBLIC
20-11-2013)
27. (CESPE – 2014 – TJ/se – técnico) Julgue os itens seguintes, conforme o entendimento
dominante dos tribunais superiores acerca da Lei Maria da Penha, dos princípios do processo
penal, do inquérito, da ação penal, das nulidades e da prisão.
Conforme o STF, para que incida o princípio da insignificância e, consequentemente, seja
afastada a recriminação penal, é indispensável que a conduta do agente seja marcada por
ofensividade mínima ao bem jurídico tutelado, reduzido grau de reprovabilidade,
inexpressividade da lesão, e nenhuma periculosidade social.
COMENTÁRIOS
O item está correto. O STF aceita a aplicação do princípio da insignificância, mas desde que
presentes estes requisitos. Vejamos:
COMENTÁRIOS
Item errado. O princípio da adequação não é aceito pela jurisprudência neste caso. Inclusive, o
STJ editou verbete de súmula a respeito da questão.
Vejamos:
conceito material de crime. A tipicidade formal (mera correspondência do fato à norma penal
proibitiva) permanece íntegra.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.
33. (CESPE - 2016 - TCE-PR - AUDITOR) A respeito dos princípios aplicáveis ao direito penal,
assinale a opção correta.
A) Do princípio da individualização da pena decorre a exigência de que a dosimetria obedeça ao
perfil do sentenciado, não havendo correlação do referido princípio com a atividade legislativa
incriminadora, isto é, com a feitura de normas penais incriminadoras.
B) Conforme o entendimento doutrinário dominante relativamente ao princípio da intervenção
mínima, o direito penal somente deve ser aplicado quando as demais esferas de controle não se
revelarem eficazes para garantir a paz social. Decorrem de tal princípio a fragmentariedade e o
caráter subsidiário do direito penal.
C) Ao se referir ao princípio da lesividade ou ofensividade, a doutrina majoritária aponta que
somente haverá infração penal se houver efetiva lesão ao bem jurídico tutelado.
D) Em decorrência do princípio da confiança, há presunção de legitimidade e legalidade dos atos
dos órgãos oficiais de persecução penal, razão pela qual a coletividade deve guardar confiança
em relação a eles.
E) Dado o princípio da intranscendência da pena, o condenado não pode permanecer mais
tempo preso do que aquele estipulado pela sentença transitada em julgado.
COMENTÁRIOS
E) ERRADA: O princípio da intranscendência da pena veda que a pena seja aplicada a pessoa
diversa daquela que foi efetivamente condenada, ou seja, ninguém poderá ser punido por crime
praticado por outra pessoa, nos termos do art. 5º XLV da CF/88.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.
34. (CESPE – 2013 - TJ-RR – TITULAR NOTARIAL - ADAPTADA) Decorre do princípio da
ofensividade a vedação ao legislador de criminalizar condutas que causem potencial lesão a bem
jurídico relevante.
COMENTÁRIOS
Item errado. O princípio da ofensividade não veda a criminalização de condutas que gerem mera
POTENCIAL lesão ao bem jurídico. Ao contrário, o princípio da ofensividade exige que a
criminalização recaia apenas em condutas que causem lesão ou perigo de lesão (potencial lesão)
ao bem jurídico relevante.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.
35. (CESPE – 2013 - TJ-RR – TITULAR NOTARIAL - ADAPTADA) De acordo com o
entendimento do STF, para a incidência do princípio da insignificância, basta que a conduta do
agente tenha mínima ofensividade.
COMENTÁRIOS
Tais requisitos são cumulativos, ou seja, ausente qualquer um deles, não poderá ser reconhecido
o caráter “bagatelar” à infração penal.
36. (CESPE – 2013 – TJ-PB – JUIZ LEIGO – ADAPTADA) A respeito dos princípios do direito
penal e da aplicação da lei penal no espaço e no tempo, assinale a opção correta.
É permitida a criação de tipos penais por meio de medida provisória.
COMENTÁRIOS
Item errado. O princípio da reserva legal (uma das vertentes do princípio da legalidade) prega
que somente LEI EM SENTIDO ESTRITO poderá criar tipos penais. Lei em sentido estrito é o
diploma normativo emanado do Poder Legislativo, cujo processo de aprovação segue o rito
ordinário. No caso brasileiro, o diploma legislativo exigido é a Lei Ordinária. A MP é mero ato
normativo de incumbência do Presidente da República, que apesar de possuir força de Lei, não
satisfaz os requisitos para que seja atendido o princípio da reserva legal.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.
37. (CESPE - 2013 - STF - AJAJ) Acerca dos princípios gerais que norteiam o direito penal, das
teorias do crime e dos institutos da Parte Geral do Código Penal brasileiro, julgue os itens a
seguir.
Considere que Manoel, penalmente imputável, tenha sequestrado uma criança com o intuito de
receber certa quantia como resgate. Um mês depois, estando a vítima ainda em cativeiro, nova
lei entrou em vigor, prevendo pena mais severa para o delito. Nessa situação, a lei mais gravosa
não incidirá sobre a conduta de Manoel.
COMENTÁRIOS
A afirmativa é errada, pois a lei nova, neste caso, passou a vigorar DURANTE a consumação do
delito, ou seja, ela PODE ser aplicada, pois não há retroatividade neste caso. Aplica-se, na
hipótese, a súmula nº 711 do STF:
Não se pode afirmar, ao certo, se tal entendimento irá permanecer sendo adotado. Contudo, por
ora, é o entendimento mais recente do STF.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.
39. (CESPE – 2013 – PG-DF – PROCURADOR) À luz das fontes do direito penal e
considerando os princípios a ele aplicáveis, julgue o item abaixo.
Contudo, as leis excepcionais e temporárias não podem ser aplicadas a fatos praticados ANTES
de sua entrada em vigor. Trata-se de pegadinha!
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.
46. (CESPE – 2012 – TJ-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Uma pessoa poderá ser considerada
culpada após sentença condenatória pela prática de crime, ainda que dela recorra.
COMENTÁRIOS
Se ainda está pendente o julgamento de recurso interposto pela defesa, isto significa que ainda
não há sentença penal condenatória transitada em julgado. Se a sentença penal condenatória
ainda não transitou em julgado, a pessoa ainda não pode ser considerada culpada, pelo princípio
da presunção de inocência. Vejamos o art. 5º, LVII da CRFB/88:
Art. 5º (...)
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença
penal condenatória;
47. (CESPE – 2012 – TJ-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Os sucessores daquele que falecer antes
de cumprir a pena a que tiver sido condenado poderão ser obrigados a cumpri-la em seu lugar.
COMENTÁRIOS
Art. 5º (...)
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de
reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido;
COMENTÁRIOS
De fato, as penas de banimento de trabalhos forçados não são admitidas no Direito Penal
brasileiro, por força do que dispõe a Constituição Federal em seu art. 5º, XLVII. Vejamos:
Art. 5º (...)
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
50. (CESPE - 2013 - DEPEN - Agente Penitenciário) A ação de grupos armados civis contra o
Estado democrático constitui crime insuscetível de graça ou anistia.
COMENTÁRIOS
A ação de grupos armados civis contra o Estado Democrático não se confunde com terrorismo. A
ação de grupos armados, neste caso, conforme prevê a Constituição Federal em seu art. 5º, XLIV,
é apenas inafiançável e imprescritível. Vejamos:
Art. 5º (...)
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis
ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
A questão não chega a estar errada, mas poderia ter sido mais específica.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.
52. (CESPE - 2013 - Polícia RODOVIÁRIA Federal – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) A
extra-atividade da lei penal constitui exceção à regra geral de aplicação da lei vigente à época
dos fatos.
COMENTÁRIOS
De fato, a lei penal, como regra, somente produz efeitos durante sua vigência. Contudo, em
determinados casos, a lei penal poderá retroagir, ou seja, ser aplicada a fatos praticados antes de
sua entrada em vigor, bem como poderá ser ultra-ativa, ou seja, continuar regendo os fatos
praticados durante sua vigência, mesmo após sua revogação.
Ambas as hipóteses excepcionais (retroatividade e ultra-atividade) são espécies do gênero
extra-atividade.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.
53. (CESPE - 2013 - Polícia Federal - Escrivão da Polícia Federal) Julgue os itens
subsequentes, relativos à aplicação da lei penal e seus princípios.
No que diz respeito ao tema lei penal no tempo, a regra é a aplicação da lei apenas durante o
seu período de vigência; a exceção é a extra-atividade da lei penal mais benéfica, que comporta
duas espécies: a retroatividade e a ultra-atividade.
COMENTÁRIOS
A lei penal, em regra, somente produz efeitos durante sua vigência. Contudo, em determinados
casos, a lei penal poderá retroagir, ou seja, ser aplicada a fatos praticados antes de sua entrada
em vigor, bem como poderá ser ultra-ativa, ou seja, continuar regendo os fatos praticados
durante sua vigência, mesmo após sua revogação.
Ambas as hipóteses excepcionais (retroatividade e ultra-atividade) são espécies do gênero
extra-atividade.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.
54. (CESPE – 2009 – AGU – ADVOGADO DA UNIÃO) A respeito da aplicação da lei penal,
dos princípios da legalidade e da anterioridade e acerca da lei penal no tempo e no espaço,
julgue o seguinte item.
O princípio da legalidade, que é desdobrado nos princípios da reserva legal e da anterioridade,
não se aplica às medidas de segurança, que não possuem natureza de pena, pois a parte geral
do Código Penal apenas se refere aos crimes e contravenções penais.
COMENTÁRIOS
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal;
Entretanto, ele TAMBÉM está previsto no Código Penal, em seu art. 1°:
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.
Este princípio, quem vem do latim (Nullum crimen sine praevia lege), estabelece que uma
conduta não pode ser considerada criminosa se, quando de sua realização, não havia lei
considerando esta conduta como crime.
Entretanto, o Princípio da Legalidade se divide em dois outros princípios, o da Reserva Legal e o
da Anterioridade da Lei Penal.
O princípio da Reserva Legal estabelece que SOMENTE LEI (EM SENTIDO ESTRITO) pode definir
condutas criminosas e estabelecer penas. Nas palavras de Cezar Roberto Bitencourt:
Percebam que o autor fala em “Princípio da Legalidade”. Isso ocorre porque certa parte da
Doutrina não faz distinção entre princípio da legalidade e princípio da reserva legal, como se
fossem sinônimos. Entretanto, entendo, como a maioria da Doutrina, que essa distinção existe, e
que a reserva legal é apenas uma vertente do princípio da legalidade, sendo a outra vertente o
princípio da anterioridade da lei penal.
Assim, somente a Lei (editada pelo Poder Legislativo) pode definir crimes e cominar penas. Logo,
Medida Provisória, Decretos, e demais diplomas legislativos NÃO PODEM ESTABELECER
CONDUTAS CRIMINOSAS NEM COMINAR SANÇÕES.
O princípio da anterioridade da lei penal estabelece que não basta que a criminalização de uma
conduta se dê por meio de Lei em sentido estrito, mas que esta lei seja anterior ao fato, à prática
da conduta.
O princípio da anterioridade da lei penal culmina no princípio da irretroatividade da lei penal.
Pode-se dizer, inclusive, que são sinônimos. Entretanto, a lei penal pode retroagir. Como assim?
Quando ela beneficia o réu, estabelecendo uma sanção menos gravosa para o crime ou quando
deixa de considerar a conduta como criminosa. Nesse caso, estamos haverá retroatividade da lei
penal, pois ela alcançará fatos ocorridos ANTES DE SUA VIGÊNCIA.
No entanto, a Doutrina e a Jurisprudência entendem que estes princípios são aplicáveis,
também, às MEDIDAS DE SEGURNÇA.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.
Assinale a opção em que é apresentado o princípio do direito penal que obsta a padronização
da sanção penal e preconiza a variação da pena de acordo com a personalidade e os meios de
execução do agente.
c) princípio da culpabilidade
Merece reprimenda penal a agressão que afetar os bens jurídicos de forma relevante.
D) que nem toda ofensa ao bem jurídico protegido tipicamente é suficiente para configurar o
injusto típico.
E) que o comportamento que se adéqua a determinada descrição típica formal, mas
materialmente irrelevante, sendo socialmente permitido, não se reveste de tipicidade.
5. (CESPE / 2021 / MPE-SC / PROMOTOR)
Acerca dos princípios constitucionais penais, julgue o item subsequente.
Nenhum dos princípios que regem o direito penal veda a criminalização, pelo legislador, da
tentativa de suicídio, embora, no momento, esta conduta não esteja tipificada.
6. (CESPE / 2021 / MPE-SC / PROMOTOR)
Acerca dos princípios constitucionais penais, julgue o item subsequente.
O princípio da lesividade impede que motivações e disposições internas sejam consideradas
tanto para a caracterização da tipicidade da conduta quanto para a dosimetria da pena.
7. (CESPE / 2021 / TCDF / PROCURADOR)
Com relação a aspectos gerais do direito penal brasileiro, julgue o item a seguir.
Pelo princípio da fragmentariedade, o direito penal só deve intervir em ofensas realmente graves
aos bens jurídicos mais relevantes.
8. (CESPE – 2019 – CGE-CE – AUDITOR DE CONTROLE INTERNO - ÁREA DE CORREIÇÃO)
O desvio punível não é o que, por características intrínsecas ou ontológicas, é reconhecido em
cada ocasião como imoral, como naturalmente anormal, como socialmente lesivo ou coisa
semelhante. É aquele formal e previamente indicado pela lei como pressuposto necessário para
a aplicação de uma pena.
Luigi Ferrajoli. Direito e razão: teoria do garantismo penal. 3.ª ed. São Paulo: RT, 2002, p. 30
(com adaptações).
O texto precedente faz referência, principalmente, aos princípios penais da
a) legalidade e da anterioridade.
b) anterioridade e da individualização da pena.
c) culpabilidade e da extra-atividade da lei penal.
d) individualização da pena e da culpabilidade.
e) extra-atividade da lei penal e da legalidade.
9. (CESPE – 2019 – TJ-DFT – TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E REGISTROS - REMOÇÃO)
Aplicado no direito penal brasileiro, o princípio da alteridade
a) determina que o juiz analise as especificidades do fato e do autor do fato durante o processo
dosimétrico.
b) assevera que a pena não passará da pessoa do condenado.
c) afasta a tipicidade material de fatos criminosos, ao definir que não haverá crime sem ofensa
significativa ao bem tutelado.
d) reconhece que o direito penal deve abarcar o máximo de bens possíveis para promover a paz.
e) assinala que, para haver crime, a conduta humana deve colocar em risco ou lesar bens de
terceiros, e é proibida a incriminação de atitudes que não excedam o âmbito do próprio autor.
10. (CESPE – 2019 – PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) O art. 1.º do Código Penal
brasileiro dispõe que “não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal”.
Considerando esse dispositivo legal, bem como os princípios e as repercussões jurídicas dele
decorrentes, julgue o item que se segue.
O presidente da República, em caso de extrema relevância e urgência, pode editar medida
provisória para agravar a pena de determinado crime, desde que a aplicação da pena agravada
ocorra somente após a aprovação da medida pelo Congresso Nacional.
11. (CESPE – 2018 – POLÍCIA FEDERAL – PERITO CRIMINAL FEDERAL – CONHECIMENTOS
BÁSICOS – TODAS AS ÁREAS) A fim de garantir o sustento de sua família, Pedro adquiriu
500 CDs e DVDs piratas para posteriormente revendê-los. Certo dia, enquanto expunha os
produtos para venda em determinada praça pública de uma cidade brasileira, Pedro foi
surpreendido por policiais, que apreenderam a mercadoria e o conduziram coercitivamente
até a delegacia.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item subsequente.
O princípio da adequação social se aplica à conduta de Pedro, de modo que se revoga o tipo
penal incriminador em razão de se tratar de comportamento socialmente aceito.
12. (CESPE – 2018 – PC-MA - INVESTIGADOR DE POLÍCIA) O princípio da legalidade
compreende
a) a capacidade mental de entendimento do caráter ilícito do fato no momento da ação ou da
omissão, bem como de ciência desse entendimento.
b) o juízo de censura que incide sobre a formação e a exteriorização da vontade do responsável
por um fato típico e ilícito, com o propósito de aferir a necessidade de imposição de pena.
c) a oposição entre o ordenamento jurídico vigente e um fato típico praticado por alguém capaz
de lesionar ou expor a perigo de lesão bens jurídicos penalmente protegidos.
d) a obediência às formas e aos procedimentos exigidos na criação da lei penal e,
principalmente, na elaboração de seu conteúdo normativo.
e) a conformidade da conduta reprovável do agente ao modelo descrito na lei penal vigente no
momento da ação ou da omissão.
13. (CESPE – 2018 – PC-SE - DELEGADO) Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e
deveres individuais e coletivos e às garantias constitucionais.
O princípio da individualização da pena determina que nenhuma pena passará da pessoa do
condenado, razão pela qual as sanções relativas à restrição de liberdade não alcançarão parentes
do autor do delito.
14. (CESPE – 2018 – PC-SE - DELEGADO) Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e
deveres individuais e coletivos e às garantias constitucionais.
Em razão do princípio da legalidade penal, a tipificação de conduta como crime deve ser feita
por meio de lei em sentido material, não se exigindo, em regra, a lei em sentido formal.
15. (CESPE – 2018 – STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Tendo como
referência a jurisprudência sumulada dos tribunais superiores, julgue o item a seguir, acerca
de crimes, penas, imputabilidade penal, aplicação da lei penal e institutos.
É possível a aplicação do princípio da insignificância nos crimes contra a administração pública,
desde que o prejuízo seja em valor inferior a um salário mínimo.
16. (CESPE – 2017 – PC-MT – DELEGADO DE POLÍCIA) De acordo com o entendimento do
STF, a aplicação do princípio da insignificância pressupõe a constatação de certos vetores
para se caracterizar a atipicidade material do delito. Tais vetores incluem o(a)
a) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento.
b) desvalor relevante da conduta e do resultado.
c) mínima periculosidade social da ação.
d) relevante ofensividade da conduta do agente.
e) expressiva lesão jurídica provocada.
17. (CESPE – 2016 – DPU – ANALISTA TÉCNICO ADMINISTRATIVO) João, aproveitando-se
de distração de Marcos, juiz de direito, subtraiu para si uma sacola de roupas usadas a ele
pertencentes. Marcos pretendia doá-las a instituição de caridade. João foi perseguido e
preso em flagrante delito por policiais que presenciaram o ato. Instaurado e concluído o
inquérito policial, o Ministério Público não ofereceu denúncia nem praticou qualquer ato no
prazo legal.
Considerando a situação hipotética descrita, julgue o item a seguir.
O fato de a vítima ser juiz de direito demonstra maior reprovabilidade da conduta de João, o que
impede o reconhecimento do princípio da insignificância.
18. (CESPE – 2015 – TCE-RN – INSPETOR) Acerca do concurso de pessoas e dos princípios
de direito penal, julgue o item seguinte.
Segundo o princípio da intervenção mínima, o direito penal somente deverá cuidar da proteção
dos bens mais relevantes e imprescindíveis à vida social.
19. (CESPE – 2016 – PC-GO – AGENTE – ADAPTADA) O princípio da legalidade pode ser
desdobrado em três: princípio da reserva legal, princípio da taxatividade e princípio da
retroatividade como regra, a fim de garantir justiça na aplicação de qualquer norma.
20. (CESPE – 2016 – PC-GO – AGENTE – ADAPTADA) Em razão do princípio da legalidade,
a analogia não pode ser usada em matéria penal.
21. (CESPE – 2016 – PC-PE – AGENTE – ADAPTADA) O princípio da fragmentariedade ou o
caráter fragmentário do direito penal quer dizer que a pessoa cometerá o crime se sua
conduta coincidir com qualquer verbo da descrição desse crime, ou seja, com qualquer
fragmento de seu tipo penal.
22. (CESPE – 2016 – PC-PE – AGENTE – ADAPTADA) O princípio da insignificância no direito
penal dispõe que nenhuma vida humana será considerada insignificante, sendo que todas
deverão ser protegidas.
23. (CESPE – 2016 – PC-PE – AGENTE – ADAPTADA) O princípio da ultima ratio ou da
intervenção mínima do direito penal significa que a pessoa só cometerá um crime se a
pessoa a ser prejudicada por esse crime o permitir.
24. (CESPE – 2014 – CÂMARA DOS DEPUTADOS – CONSULTOR LEGISLATIVO – ÁREA III)
Um dos princípios basilares do direito penal diz respeito à não transcendência da pena, que
significa que a pena deve estar expressamente prevista no tipo penal, não havendo
possibilidade de aplicar pena cominada a outro crime.
25. (CESPE – 2014 – TJ/se – técnico) A respeito do princípio da legalidade, da relação de
causalidade, dos crimes consumados e tentados e da imputabilidade penal, julgue os itens
seguintes.
É legítima a criação de tipos penais por meio de decreto.
26. (CESPE – 2014 – TJ/se – técnico) Julgue os itens seguintes, conforme o entendimento
dominante dos tribunais superiores acerca da Lei Maria da Penha, dos princípios do processo
penal, do inquérito, da ação penal, das nulidades e da prisão.
Conforme o STF, viola o princípio da presunção de inocência a exclusão de certame público de
candidato que responda a inquérito policial ou a ação penal sem trânsito em julgado de sentença
condenatória.
27. (CESPE – 2014 – TJ/se – técnico) Julgue os itens seguintes, conforme o entendimento
dominante dos tribunais superiores acerca da Lei Maria da Penha, dos princípios do processo
penal, do inquérito, da ação penal, das nulidades e da prisão.
Conforme o STF, para que incida o princípio da insignificância e, consequentemente, seja
afastada a recriminação penal, é indispensável que a conduta do agente seja marcada por
ofensividade mínima ao bem jurídico tutelado, reduzido grau de reprovabilidade,
inexpressividade da lesão, e nenhuma periculosidade social.
28. (CESPE – 2013 - TJ-RR – TITULAR NOTARIAL - ADAPTADA) De acordo com o
entendimento pacificado no STJ e no STF, a venda de CDs e DVDs piratas é conduta atípica,
devido à incidência do princípio da adequação social.
29. (CESPE – 2013 - TJ-RR – TITULAR NOTARIAL - ADAPTADA) Dado o princípio da
fragmentariedade, o direito penal só deve ser utilizado quando insuficientes as outras formas
de controle social.
30. (CESPE – 2015 – TCU – AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO) Em
consequência da fragmentariedade do direito penal, ainda que haja outras formas de sanção
ou outros meios de controle social para a tutela de determinado bem jurídico, a
criminalização, pelo direito penal, de condutas que invistam contra esse bem será adequada
e recomendável.
31. (CESPE – 2015 – TJ-PB – JUIZ - ADAPTADA) Depreende-se do princípio da lesividade
que a autolesão, via de regra, não é punível.
32. (CESPE – 2015 – TJ-PB – JUIZ - ADAPTADA) Depreende-se da aplicação do princípio da
insignificância a determinado caso que a conduta em questão é formal e materialmente
atípica.
33. (CESPE - 2016 - TCE-PR - AUDITOR) A respeito dos princípios aplicáveis ao direito penal,
assinale a opção correta.
A) Do princípio da individualização da pena decorre a exigência de que a dosimetria obedeça ao
perfil do sentenciado, não havendo correlação do referido princípio com a atividade legislativa
incriminadora, isto é, com a feitura de normas penais incriminadoras.
a) anterioridade.
b) reserva legal.
c) intervenção mínima.
d) proporcionalidade.
e) intranscendência.
41. (CESPE – 2012 – AGU – ADVOGADO DA UNIÃO) Julgue o item subsecutivo, a respeito
dos efeitos da condenação criminal e de crimes contra a administração pública.
É inaplicável o princípio da insignificância aos crimes contra a administração pública, pois a
punição do agente, nesse caso, tem o propósito de resguardar não apenas o aspecto
patrimonial, mas, principalmente, a moral administrativa.
42. (CESPE – 2011 – TRE-ES – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) A lei penal que
beneficia o agente não apenas retroage para alcançar o fato praticado antes de sua entrada
==32dc5f==
em vigor, como também, embora revogada, continua a reger o fato ocorrido ao tempo de
sua vigência.
43. (CESPE- 2011 – TJ-ES – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Uma das funções
do princípio da legalidade refere-se à proibição de se realizar incriminações vagas e
indeterminadas, visto que, no preceito primário do tipo penal incriminador, é obrigatória a
existência de definição precisa da conduta proibida ou imposta, sendo vedada, com base em
tal princípio, a criação de tipos que contenham conceitos vagos e imprecisos.
44. (CESPE – 2012 – TJ-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Dado o princípio da legalidade, o
Poder Executivo não pode majorar as penas cominadas aos crimes cometidos contra a
administração pública por meio de decreto.
45. (CESPE – 2012 – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DA POLÍCIA FEDERAL) O fato de
determinada conduta ser considerada crime somente se estiver como tal expressamente
prevista em lei não impede, em decorrência do princípio da anterioridade, que sejam
sancionadas condutas praticadas antes da vigência de norma excepcional ou temporária que
as caracterize como crime.
46. (CESPE – 2012 – TJ-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Uma pessoa poderá ser considerada
culpada após sentença condenatória pela prática de crime, ainda que dela recorra.
47. (CESPE – 2012 – TJ-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Os sucessores daquele que falecer
antes de cumprir a pena a que tiver sido condenado poderão ser obrigados a cumpri-la em
seu lugar.
48. (CESPE – 2012 – PC/AL – AGENTE DE POLÍCIA) Em caso de urgência, a definição do que
é crime pode ser realizada por meio de medida provisória.
49. (CESPE - 2013 - DEPEN - Agente Penitenciário) O direito penal brasileiro não admite
penas de banimento e de trabalhos forçados.
50. (CESPE - 2013 - DEPEN - Agente Penitenciário) A ação de grupos armados civis contra o
Estado democrático constitui crime insuscetível de graça ou anistia.
51. (CESPE - 2013 - Polícia RODOVIÁRIA Federal – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) O
princípio da legalidade é parâmetro fixador do conteúdo das normas penais incriminadoras,
ou seja, os tipos penais de tal natureza somente podem ser criados por meio de lei em
sentido estrito.
52. (CESPE - 2013 - Polícia RODOVIÁRIA Federal – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) A
extra-atividade da lei penal constitui exceção à regra geral de aplicação da lei vigente à
época dos fatos.
53. (CESPE - 2013 - Polícia Federal - Escrivão da Polícia Federal) Julgue os itens
subsequentes, relativos à aplicação da lei penal e seus princípios.
No que diz respeito ao tema lei penal no tempo, a regra é a aplicação da lei apenas durante o
seu período de vigência; a exceção é a extra-atividade da lei penal mais benéfica, que comporta
duas espécies: a retroatividade e a ultra-atividade.
54. (CESPE – 2009 – AGU – ADVOGADO DA UNIÃO) A respeito da aplicação da lei penal,
dos princípios da legalidade e da anterioridade e acerca da lei penal no tempo e no espaço,
julgue o seguinte item.
O princípio da legalidade, que é desdobrado nos princípios da reserva legal e da anterioridade,
não se aplica às medidas de segurança, que não possuem natureza de pena, pois a parte geral
do Código Penal apenas se refere aos crimes e contravenções penais.
GABARITO