FICHAMENTO1
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FICHAMENTO1
MOREIRA, Rafael. O Arquiteto Miguel De Arruda E O Primeiro Projeto Para Salvador. Anais do IV
Congresso de História da Bahia : [Salvador 450 anos]., Salvador, 2001.
AUTOR
Rafael de Faria Domingues Moreira
Investigador Integrado Doutorado.
Professor Associado da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/Universidade Nova de Lisboa
Estudos no Rio de Janeiro e Lisboa. Licenciatura em História, Faculdade de Letras de Lisboa
(1975); Mestrado em História da Arte, Univ. Nova de Lisboa (1982); Doutoramento em História
da Arte, UNL (1991). Desde 1978 é docente no Dep. de História da Arte da UNL, onde é Professor
Associado de nomeação definitiva.
Especializado em Renascimento, abriu 2 novas áreas na n/ academia: “Arte Colonial Portuguesa”
(1992) e “Arquitectura Militar” (1998). Dirigiu mais de 40 teses, a maior parte publicadas com
prefácio seu.
Participa c/ conferência em 2 a 3 congressos internacionais/ano, viajou extensamente pela Itália,
Sul da Europa e o Brasil, fez 4 estágios de 3 meses cada em Goa (Índia) e 1 em Macau (China).
Deu palestras e cursos em lugares como Madrid, Escorial, Tenerife; Paris-Sorbonne (muitas),
Tours e La Réunion; Londres, Oxford e Leeds Castle; Roma (muitas) e Florença; Buenos-Aires,
Montevideo e todas capitais brasileiras; Casablanca, Rabat, Marráquexe; Addis-Abeba,
Mombasa, Melinde; Nova York, Washington (várias), San Diego, Los Angeles e San Francisco. Foi
Visiting professor nas Univ. Johns Hopkins, US (1999) e Innsbruck (2001), e Professeur invité em
Toulouse.
RESUMO
O artigo apresenta a fundação da cidade de Salvador, a primeira capital do Brasil, como parte
de um projeto mais vasto de superar a fase pré-urbana pelo estágio racional e de inovação
tecnológica, o projeto civilizador. De acordo com o autor, o provável autor do 1º projeto para a
cidade de Salvador teria sido o arquiteto Miguel de Arruda, que era o arquiteto-mor das obras
reais em Portugal e todo império, autor e supervisor das obras da Coroa. Para tal, o autor
demonstra a complexidade envolvida na fundação, que teve como base uma estratégia
cuidadosamente ponderada, discutida e elaborada na corte portuguesa. Dessa forma, a primeira
capital tinha como propósito ser um espaço-modelo de ordem, contra o caos selvagem da
floresta, a insegurança da crescente ameaça dos corsários franceses e a anarquia que grassava
nas capitanias.
Miguel de Arruda foi o arquiteto responsável pela criação do modelo de estrutura urbana
adequada ao sítio onde foi construída a primeira capital do Brasil. De acordo com o autor, Arruda
possuía uma grande tradição na Europa de experiências de fundações coloniais, que o permitiu
projetar uma cidade pensada para as múltiplas funções que deveria desempenhar, a ideia de
metrópole colonial se consolida. Sobrepondo as plantas de 1605 a 38, e dando desconto aos
constrangimentos do relevo, obtém-se um esquema lógico e perfeitamente adaptado às suas
múltiplas funções.
As plantas da cidade foram cuidadosamente desenhadas, com plantas de arquivo e cópias de
trabalho enviadas ao local, permitindo que a execução fosse controlada à distância pelo poder
central de Portugal. O controle se dava por meio de relatórios e amostras gráficas, das cartas
dos jesuítas a "amostras" (desenhos) e maquetes em barro. Além disso, os desenhos de Arruda
para a cidade foram levados por Tomé de Sousa a que o fundador devia por lei se conformar,
numa clara demonstração do papel centralizador da corte portuguesa na realização do projeto.
Embora Arruda tenha sido o arquiteto responsável pela criação do modelo de estrutura urbana
adequada ao sítio de construção da primeira capital do Brasil, foram muitas as pessoas
envolvidas na fundação dessa cidade. Na carta enviada por Luis Dias, uma das pessoas que vivia
na região, para um conhecido arquiteto da época, Nicolau Chanterene, pedindo sua ajuda para
edificar a capital, fica claro que outras pessoas, a exemplo de Américo Vespúcio, foram muito
importantes para a fundação da primeira capital.
O autor conclui que a fundação da cidade de Salvador, há 450 anos, não pode ser entendida
como um ato fortuito ou meramente funcional, mas sim como parte dum processo mais vasto
de superar a fase pré-urbana pelo estágio racional e de inovação tecnológica: o projeto
civilizador deles o italiano Paulo Adorno) e Gramatão Teles, chamado à corte, que vivia no
Recôncavo com 30 a 40 homens — sem cujo apoio Salvador não teria sido fundada; que com ela
se iniciava. E que a cidade de Salvador, a exemplo da cidade de Brasília, foi criada para ser um
espaço-modelo.
Os limites da cidade então projetada estão descritos no texto. A cidade inicialmente planejada
pelo arquiteto Miguel de Arruda considerava uma área de cerca de 5km2, que abrangia a
planície do Recôncavo e áreas adjacentes através do istmo que se estreitava. Mais tarde, foram
acrescentadas áreas nos arredores, mas, em geral, Salvador manteve-se dentro desse perímetro
por muitos anos.