Resumo Conepe Mylene 20.09

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 6

PESQUISA DE Escherichia coli EM PIOMETRAS DE CADELAS¹

MARQUES, Mylene Guimarães Camozzi²; OLIVEIRA, Débora Quevedo³; FREITAS,


Laísa Prado3; BARBOSA, Thaís Oliveira3; SILVEIRA, Ângela Vitalina Barbosa3;
MOREIRA, Cecília Nunes4.

Palavras-chave: Hiperplasia endometrial cística. Escherichia coli. Cães.

1 INTRODUÇÃO

A hiperplasia endometrial cística (HEC) - piometra é definida como uma


enfermidade endotelial, que acomete com mais frequência as fêmeas adultas e
ativas reprodutivamente. Caracteriza-se por inflamação e acúmulo de exsudato na
cavidade uterina que geralmente está associada a infecções bacterianas (COGGAN
et al., 2004; SCHLAFER 2008). A piometra pode ser classificada em cérvix
aberta, quando há secreção vaginal ou cérvix fechada, quando não há drenagem do
fluido, o que causa uma forma da doença mais grave. O fluido que se encontra no
lúmen do útero pode ser classificado como hidrometra quando há fluido estéril,
mucometra quando há secreção mucóide, ou hematometra quando há
secreção sanguinolenta (FOSSUM, 2014). Ela pode desenvolver-se agudamente
ou ter uma progressão mais gradual durante vários ciclos de estro, e ocorrem mais
freqüentemente com o aumento da idade. O grau de doença sistêmica pode variar
de HEC leve, mucometra ou hidrometra sem ou com poucos sinais clínicos até um
caso crítico de piometra que requer cuidados intensivos e intervenção imediata para
prevenir a morte, necessitando de tratamento cirúrgico ovário-salpingo-histerectomia
(OSH), segundo MOXON et al. (2016).

____________________

¹ Resumo revisado pela orientadora do Programa de Pós Graduação em Biociência Animal,


Professora Doutora, Cecília Nunes Moreira, Código no Sigaa: PI02502-2018 PRINCIPAIS
AGENTES MICROBIOLÓGICOS EM CADELAS COM PIOMETRA: CARACTERIZAÇÃO
MOLECULAR E PERFIL DE RESISTENCIA.
² Bolsista do Programa de Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG).
Universidade Federal de Goiás (UFG), Regional Jataí, mylavet@yahoo.com.br.
³ Bolsistas de iniciação Científica. (PIBIC/PIVIC) Universidade Federal de Goiás (UFG), Regional
Jataí, thais.oliveirsbarbosa@hotmail.com, deboraquevedo2009@gmail.com,
laisapradojatai@gmail.com, angelavbas@gmail.com.
4
Professora Associada 2 da Regional Jataí, Universidade Federal de Goiás (UFG), coordenadora do
projeto de pesquisa. cissanm@yahoo.com.br “Revisado pelo orientador”
Em média uma em cada cinco cadelas não castradas antes dos 10 anos
de idade e em algumas raças mais de 50% das cadelas são diagnosticadas com
piometra (JITPEAN et al., 2014; HAGMAN et al., 2011; FOSSUM, 2014).

Os resultados de alguns estudos têm demonstrado que a Escherichia


coli é o micro-organismo mais frequentemente isolada do material coletado do
conteúdo uterino de cadelas com piometra (CHEN et al., 2003; COGGAN et al.,
2004). Apesar de não fazer parte da flora bacteriana normal da vagina, a E. coli
possui grande afinidade pelo endométrio e miométrio, com habilidade de se aderir
em receptores na parede uterina sob influência da progesterona, dificultando sua
eliminação pelo sistema de defesa local (HAGMAN et al., 2006).

Diante do exposto, o presente trabalho objetivou avaliar o conteúdo


intrauterino de cadelas com diagnóstico de piometra, atendidas em clínicas
veterinárias particulares e no Hospital Veterinário da Universidade Federal de
Jataí, pesquisando a E. coli nos isolados bacterianos.

2 JUSTIFICATIVA
A elevada prevalência da piometra em cadelas jovens e adultas requer
investigação de seus principais agentes causadores e fatores predisponentes como
utilização de técnicas anti-cio, para que seja possível traçar medidas mais eficazes
de controle e prevenção. Conhecer a origem desta contaminação em relação ao
trato urinário, genital e intestinal auxilia na tomada de medidas de redução desta
enfermidade. O fator etiológico exato da piometra é ainda desconhecido. No entanto,
sabe-se que fatores etiológicos complexos, como raça, influência de hormônios
esteróidais (progesterona e estrogênio) durante os ciclos reprodutivos sucessivas no
ambiente uterino, influência genética, virulência da bactéria infectante
(principalmente Escherichia coli), gestações prévias e capacidade imune do
hospedeiro, podem estar associados (HAGMAN et al., 2011; HAGMAN et al., 2006;
JITPEAN et al.,2012 ).
3 OBJETIVOS
Pesquisar por isolamento microbiológico, no conteúdo intrauterino a
presença de Escherichia coli em cadelas com piometra. Pesquisar Escherichia coli
por suabes retal e pela urina, afim de relacionar possíveis correlações etiológicas
com a piometra.

4 METODOLOGIA
Este trabalho faz parte de um projeto de pesquisa que por evolver
experimentação em animais, foi submetido e aprovado no Comitê de ética no uso
de animais da Regional Jataí (CEUA/REJ/UFG), com registro 006/2018.
Até o momento, foram incluídas no trabalho 7 cadelas com diagnóstico
clínico de piometra, provenientes de clinicas veterinárias particulares ou do Hospital
Veterinário da UFG/REJ. Com animal ainda em plano anestésico, durante a
cirurgia de OSH, foram coletadas 3 amostras de cada cadela, sendo uma amostra
de fezes por swab retal, uma amostra de urina por cistocentese. E uma amostra de
conteúdo uterino coletada por punção uterina asséptica com auxílio de seringa de
cinco mililitros e agulha descartável de 25x7mm, imediatamente após a cirurgia de
OSH. As amostras de urina e de conteúdo uterino foram acondicionadas em tubo
coletor estéril, e o swab com a amostra de fezes transportado em meio de
transporte Stuart, e conservados em refrigeração, e encaminhadas ao laboratório
de microbiologia animal da UFG/REJ onde foram processadas em até 3 horas,
utilizando se a técnica de esgotamento por estrias em ágar MacConkey, sendo
posteriormente incubadas a 37 °C, com leitura a 24 horas, em estufa de aerobiose.
Em seguida, foram selecionadas 3 colônias sugestivas com características
morfotintoriais de E. coli para confirmação através dos testes bioquímicos
(Triplice Sugar and Iron (TSI), Indo e teste de motilidade, Vermelho de Metila (VM),
Voges Proskauer (VP), utilização de citrato, lisina e urease), após provas
bioquímicas, foram classificados os agentes como E. coli. Cada isolamento de E.
coli foi estocado refrigerados em ágar conservação e congelados em glicerol, para
realização posterior dos testes de caracterização genotípica.
5 RESULTADOS
Dos 7 animais que entraram nestes estudos, foram coletadas um total de
21 amostras. De acordo com o crescimento microbiológico de cada amostra foram
selecionadas 3 colônias isoladas sugestivas, quando existentes. Sendo analisadas
um total de 30 isolados. Dentre estes, 21 eram provenientes das amostras de fezes
e 9 das amostras de conteúdo uterino. Nas amostras de urina não houve
crescimento. Observou-se uma predominância da bactéria Escherichia coli em
55,5% (5/9) dos isolados das amostras de conteúdo uterino, e 23,8 % (5/21) dos
isolados das amostras de fezes conforme apresentado na tabela 1.

Tabela 1. Porcentagem dos isolados de E.colli, provenientes de piometra canina do Hospital


Veterinário da Universidade Federal de Goiás e Clínicas particulares de Jataí
Locais dos isolados Porcentagem de E.colli

Conteúdo uterino 5/9 (55,5%)


Fezes 5/21(28,5%)
Urina 0/21 (0%)
Total 10/30 (30%)

Analisando a porcentagem dos casos de piometra em relação à idade


observou-se que 76,8% das fêmeas apresentavam idade superior a 5 anos,
similares a dados obtidos por outros autores ao avaliarem cadelas com piometra
(JITPEAN et al., 2014). Relacionando estes resultados com as longas e contínuas
estimulações da progesterona na fase luteal, permitindo modificações no
endométrio e consequentemente favorecendo a invasão bacteriana (VOLPATO, et
al., 2012). Observou-se crescimento bacteriano em 42,8% (3/7) das amostras
analisadas do conteúdo uterino. Sendo que a ausência de crescimento bacteriano
em algumas amostras de piometra pode ser dado à utilização prévia de
antimicrobianos ou mesmo em consequência à hiperplasia endometrial cística
(HEC), já que essa pode resultar em piometra, hematometra ou hidrometra,
corroborando com (FOSSUM, 2014). Logo, algumas amostras podem não ter sido
necessariamente advindas de piometra, pois sabe-se que existem dificuldades na
diferenciação destas enfermidades reprodutivas caninas como descreve
(PRETZER, 2008)
Segundo (MATEUS et al., 2013), cepas de Escherichia coli associadas a
casos de piometra canina são provenientes da microbiota intestinal, que ascendem
e colonizam o trato urinário e o útero de cadelas, com posterior ocorrência de
processo patológico. Reforçando ainda o conceito de migração fecal uterina, outros
autores demonstraram características bioquímicas semelhantes de bactérias
isoladas de amostras a partir de fezes e conteúdo intrauterino de cadelas com
piometra, e que o trato urinário pode servir como um reservatório de cepas
bacterianas que ascendem para o útero quando ocorre abertura da cérvix no
período de proestro e estro de acordo com (CHEN et al., 2003; MATEUS et al.,
2013; SIQUEIRA et al., 2009).

6 CONCLUSÃO

A avaliação do conteúdo intrauterino de cadelas com diagnóstico de piometra


atendidas em clinicas veterinárias particulares ou do Hospital Veterinário da
UFG/REJ evidenciou a predominância de isolados de Escherichia coli.

REFERÊNCIAS

Chen YMM, Wright PJ, Lee CS, Browning GF. Uropathogenic virulence factors in
isolates of Escherichia coli from clinical cases of canine pyometra and feces of
healthy bitches. Vet Microbiol. 2003;94(1):57–69.

Coggan, J.A.; Oliveira, C.M.; Faustino, M. et al. Estudo microbiológico de


conteúdo intra-uterino de cadelas com piometra e pesquisa de fatores de
virulência em cepas de Escherichia coli. Arq. Inst. Biol., v.71, p.513-
515, 2004. Disponível em:
https://www.researchgate.net/profile/Andrea_Moreno3/p

Fossum, Theresa. Cirurgia de Pequenos Animais. 4 ed. Rio de Janeiro: Elsevier,


2014.

Hagman R, Kindahl H, Fransson BA, Bergström A, et al., Differentiation between


pyometra and cystic endometrial hyperplasia/mucometra in bitches by
prostaglandin F2α metabolite analysis. Theriogenology. 2006;66(2):198–206.
Hagman R, Lagerstedt AS, Hedhammar Å, Egenvall A. A breed-matched case-
control study of potential risk-factors for canine pyometra. Theriogenology.
2011;75(7):1251–7.

Jitpean, S., Hagman, R., Ström Holst, B., et al., (2012). Breed variations in the
incidence of pyometra and mammary tumours in Swedish dogs. Reproduction
in Domestic Animals, 47(Suppl 6), 347–350.

Jitpean, S., Ström-Holst, B., Emanuelson, U., Höglund, et al., (2014). Outcome of
pyometra in female dogs and predictors of peritonitis and prolonged
postoperative hospitalization in surgically treated cases. BMC Veterinary
Research,

Mateus L, Henriques S, Merino C, Pomba C, Lopes da Costa L, Silva E. Virulence


genotypes of Escherichia coli canine isolates from pyometra, cystitis and fecal
origin. Vet Microbiol. 2013;166(3-4):590–4.

Pretzer SD. Clinical presentation of canine pyometra and mucometra: A review.


Theriogenology. 2008;70(3):359–363

Schlafer DH, Gifford AT. Cystic endometrial hyperplasia, pseudoplacentational


endometrial hyperplasia, and other cystic conditions of the canine and feline
uterus. Theriogenology 2008; 70:349–358.

Siqueira AK, Ribeiro MG, Leite DDS, Tiba MR, et al. Virulence factors in
Escherichia coli strains isolated from urinary tract infection and pyometra
cases and from feces of healthy dogs. Res Vet Sci [Internet]. Elsevier Ltd;
2009;86(2):206–10. Disponivel em: http://dx.doi.org/10.1016/j. rvsc.2008.07.018

Volpato R, Martin I, Ramos RS, Tsunemi MH, et al. Imunoistoquímica de útero e


cérvice de cadelas com diagnóstico de piometra. Arq Bras Med Vet e Zootec.
2012;64(5):1109–17.

MOXON R, Whiteside H, Gary C.W. Prevalence of ultrassound-determined cystic


endometrial hyperplasia and the relation ship with age in dog. Theriogenology
2016; 86(4):976-980.

Você também pode gostar