A Arte Relacional e A Particip
A Arte Relacional e A Particip
A Arte Relacional e A Particip
DOI: 10.5433/2176-6665.2016v21n2p254
Resumo
O conceito de Estética Relacional baseia-se em uma construção poética centrada nas
relações humanas e sociais e geralmente é pensada fora do ambiente das instituições
artísticas. Esta prática ganha força a partir da década de 1960-70 e se destaca na poética
de Hélio Oiticica, principalmente na obra Parangolé. Contudo, a conceitualização do
tema acontece apenas em 1990 pelo crítico francês N. Bourriaud, que desconsidera o
trabalho de Oiticica e foca suas análises em artistas europeus do final do século XX.
Por fim, apesar destas intenções poéticas remeterem à década de 1960, elas foram
celebradas institucionalmente no cenário brasileiro apenas em 2006, na 27ª Bienal de
São Paulo. O artigo busca, desta forma, refletir sobre os desencontros conceituais e
as temporalidades distintas que perpassam os três eventos mencionados.
Palavras-chave: Arte relacional. Público de arte. Arte contemporânea. Campo
artístico.
Abstract
The concept of Relational Aesthetics is based on a poetic construction centered
on human and social relationships, and it is usually thought outside the artistic
institutions environment. This kind of practice gets stronger in the 1960s and the
1970s, and it stands out on the poetry of the artist Hélio Oiticica, mainly on his
work entitled Parangolé. However, the conceptualization of this theme happens
only in 1990, by the french critic Nicolas Bourriaud, who disregards Oiticica’s work,
focusing his analysis on the work of European artists from the end of the 20th
Century. Finally, although these poetic intentions refer from the 1960s, they were
institutionally celebrated inside the Brazilian scene only in 2006, at the 27th São Paulo
Biennial. This article seeks, therefore, to reflect upon these conceptual mismatches
and the different temporalities that runs through the three above-mentioned events.
Key-words: Relational art. Art audience. Contemporary art. Artistic field.
Preâmbulo3
Da Arte Relacional
... examinar a ciência na ótica do artista, mas a arte na da vida.
- Nietzsche
6 É oportuno remeter este modelo de análise a Ginzburg e Castelnuovo (1991), que apontam
que esta relação não é apenas de difusão, mas perpassa a esfera das disputas.Na mesma
direção, Alain Quemin (2001) tem problematizado este modelo mostrando que, mesmo
no centro, há abismos e tensões. Na referida pesquisa, o autor francês mostra que no que
concerce às exposições de arte contemporânea, os Estados Unidos tem um peso muito maior
nos rumos do mercado que a Europa. Poderíamos pensar, então, dentro do escopo deste
artigo, a partir do conceito de “universais do norte” (North atlantic universals”) de Trouillot
(2002), para nos referirmos a um sistema de valores oriunos do norte e com grande influência
no sul.
Bólide (1965)
Fonte: Autoras.
Fonte:IMMA (1964).
8 Os co-curadores foram Adriano Pedrosa (Brasil), Cristina Freire (Brasil), José Roca
(Colômbia), Rosa Martínez (Espanha) e Jochen Volz (Alemanha/Brasil)
Consideracoes Finais
9 Um dos resultados divulgados pela Fundação Bienal foi o comparecimento de mais de 100
mil estudantes na mostra. Mérito da ação educativa realizado em paralelo com a exposição,
que mostrou a preocupação em não só quantitativa, mas também qualitativa (http://
entretenimento.uol.com.br/27bienal). Este dado é o resultado de um dos pontos do projeto
educativo que visava trazer “estudantes da periferia e estudantes do ensino fundamental
e médio, aniosos por conhecimento e orientados previamente por professores das redes
pública e privada” (COSTA apud LAGNADO; PEDROSA, 2006, p. 5).
Referências
BOURDIEU, Pierre. A distinção: crítica social do julgamento. São Paulo: Edusp;
Porto Alegre, RS: Zouk, 2007.
BOURDIEU, Pierre. O amor pela arte: os museus de arte na Europa e seu público.
São Paulo: Ed. Universidade de São Paulo, 2003.
LAGNADO, Lisette; PEDROSA, Adriano (Ed.). 27ª Bienal de São Paulo: como viver
junto: guia. São Paulo: Fundação Bienal, 2006.
27, 200627, São Paulo, SP. 27ª Bienal de São Paulo:como viver junto. São Paulo, SP:
Fundação Bienal de São Paulo, 2006. p. 53-60.
MELO, Vanessa et al. Hélio Oiticica, propositor de práticas: teoria crítica sobre o
Parangolé, nova objetividade e tropicália. Palíndromo, Florianópolis, v. 4, n. 8, p.
64-82, 2012. Disponível em: <http://www.revistas.udesc.br/index.php/palindromo/
article/ view/3454/2473>. Acesso em: 18 fev. 2015.
OLIVEIRA, Rita. Bienal de São Paulo: impacto na cultura brasileira. São Paulo em
Perspectiva, São Paulo, v. 15, n. 3, 2001.
SANT’ANNA, Susan. Discurso para uma arte relacional: análise de caso, Lisete
Lagnado, Nicolas Bourriaud e a 27ª Bienal de São Paulo. 2010. 53 f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação de Licenciatura em Artes Visuais) - Faculdade de
Artes do Paraná, Curitiba, 2010.
VILLAS BÔAS, Glaucia. Geopolitical criteria and the classification of art. Third
Text, v. 26, n. 1, p. 41-52, 2012.
QUEMIN, Alain. Le rôle des pays prescripteurs sur le marché et dans le monde de l’art
contemporain. Paris: Rapport au ministère des Affaires étrangères, 2001.