Reino Do Congo 2022 Trabalho
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Reino Do Congo 2022 Trabalho
Fonte:NIANE2010:654
O reino do Congo antes das reformas
Organização social
No que diz respeito a sua organização social, no reino do congo, coexistiam três
camadas: a nobreza, os aldeões e os escravos que se diferenciavam por seu estatuto
legal, suas atividades e seu estilo de vida.
A nobreza constituía a ossatura do reino, e a cidade a corrente de transmissão. Os
nobres viviam nas cidades, expecto quando deviam ocupar cargos de comando nas
províncias.
A sucessão ao poder obedecia a linhagem matrilinear e atribuição dos cargos estava na
responsabilidade do rei.
Organização politica
O Reino do congo, apesar de ser governo por uma rede de parentes do rei, permanecia
fortemente centralizado. A centralização era ainda reforçada pela existência de uma
moeda cuja emissão o rei controlava.
A casa real foi forcada pela importação de escravos do Pool e de outras regiões para a
guarda real, assim como pelo crescimento de descendência do Afonso, a ponto de
comprometer sua sucessão.
Em 1561, o Reino do Congo isolou-se quase totalmente de Portugal. Porem, em 1566 e
1567, o falecimento sucessivo de dois reis durante a guerra contra os tios do Pool
acarretou uma situação desesperadora que se tornou uma verdadeira catástrofe com
irrupção de guerreiros provenientes do Leste, os Jaga.
Economia
O comércio intercontinental era muito fraco até 1506 pois, desde então, apenas
estrangeiros, vindos principalmente do Pool e talvez do vale do Cuango, e criminosos
podiam se tornar escravos.
As exportações totalizavam por volta de 4000 a 5000 escravos por ano ate cerca de
1540 e de 6000 a 7000 apos essa data. As importações eram certamente mais
importantes a partir do Pool.
De fato, havia um grande número de escravos em Mbanza Kongo, não somente formado
a guarda real, mas também trabalhando nas explorações agrícolas que cercavam a
capital.
As transformações no Reino do Congo
Politicas
Os holandeses tomaram Luanda em 1641 e ocuparam uma grande parte da colonia
Angolana ate a chegada dos Brasileiros, que os expulsariam em 1648. Desde então, os
brasileiros dominaram o comércio de Angola, totalmente ate 1730 e em 1641, Garcia II
tornou-se rei do Congo e, aliou-se aos holandeses. O Kasanje, que não se envolveu com
as guerras, assinou um trato de amizade com os portugueses e tornou-se aliado durante
mais de um seculo. Enquanto isso, a partir de 1645, chegara no congo um fluxo de
missionários capuchinhos italianos, o que ajudou Garcia II a tratar com os portugueses,
facto este culminou com a emigração de 400 missionários quase todos durante o seculo
XVII e acelerou o processo de cristianização de inúmeras regiões rurais do Congo.
António I, do Congo, declarou a guerra, juntou todos seus nobres e foi derrotado na
batalha de Mbwila em 1665, (a maior batalha do seculo) e foi morto junto a numerosos
nobres.
Porem, em 1670, um segundo exercito Português foi tao desastrosamente derrotado no
Soyo que Angola pôs fim a suas tentativas de conquista do Congo. Em 1671, o ultimo
vestígio do Ndongo foi conquistado e, por volta de 1680, a paz fora imposta ao
Matamba (Nzinga), ao Kasanjeos chefes do sul do medio Nkuanza.
A baia e a cidade de São Paulo de Luanda durante a ocupação holandesa, por volta de
1640, (Museu nacional de Angola, Luanda).
A sucessão real acarretou logo uma guerra civil entre casas nobres. O conflito
degenerou, provocando a primeira destruição de Mbanza Kongo em 1709, seu completo
abandono, em 1678. Quando, por fim, um rei único retornou em Mbanza Kongo em
1709, seu reino não era mais uma entidade centralizada, mas um conjunto de
principados muitas vezes ainda dilacerados por lutas internas entre pretendentes.
A nobreza, apos ter abandonado Mbanza Kongo entre 1666 e 1678, teve que se adaptar
a vida rural e lutou para reconquistar o poder. Durante e depois desse período, uma boa
parte dentre ela atravessou o rio rumo ao Norte e foi fundar ali pequenos principados, no
Mayombe e Entre-Os-Rios Zaire e Niari.
Pedro II restaurou e repovoou Mbanza Kongo sem contudo conseguir apagar os efeitos
de uma evolução política de quarenta anos.
O Kasanje torna-se uma grande potencia no rio Cuango, pois controlava, pois 1648, um
crescente fluxo de escravos, dos quais uma parte, por volta de 1680, provinha do
longínquo Luanda. Ao edificar seu reino a partir de elementos muitos diversos a partir
de 1630, deslocou uma parte da população original, os Pende, que tiveram que emigrar
para outro lado do Cuango, por medo de serem saqueados, os Pende partiram rumo ao
Nordeste, em direção a Mashita Mbanza, um município próximo ao Kwilu, depois rumo
ao Leste, até o medio Kasai, onde formaram chefias. No Norte, o reino Tio manteve-se
aparentemente sem grandes mudanças, mas mencionam-se outros reinos na região, entre
os quais alguns certamente se formaram no seculo XVII.
Transformações Económicas
A conquista holandesa e restauração acarretaram efeitos económicos importantes,
moedas tecidos e nzimbu foram depreciados. A peca de rafia, de 12 reis em 1640, caiou
para 5 reis em 1649. Apesar dessa queda, o governo não conseguiu introduzir uma
moeda de cobre e a cotação do tecido subiu de novo. Em Soyo, em 1813, a peca
negociava-se por reis. O Nzimbu, por sua vez, caiu de 200 reis o cofo (unidade) em
1640 para 1600 em 1649. As guerras civis aceleraram essa queda até 800 reis, em 1698,
e, pós essa data, houve uma estabilização em torno de 1000 reis.
Em Angola essa transformação consistiu na reorganização do tráfico de escravos pelos
brasileiros. Estes forneciam capital, navios e mercadorias europeias, e agiam, por
intermedio de seus agentes de Luanda e Benguela, em colaboração com os
organizadores de caravanas, ou seja, os esclavagistas afro-portugueses. Os capitais
portugueses eram investidos no Brasil, e não diretamente em Angola, pelo menos ate
1730. Importavam mercadorias compradas dos capitães e dos afro-portugueses em troca
de letras de câmbio que eram convertidos em açúcar do Brasil ou em marfim local,
sendo o Brasil o principal parceiro comércio delas.
Em virtude de insaciável demanda de escravos procedente das colonias antilhanas, os
navios ingleses e franceses apareceram na região a partir dos anos 1660-1665 e
iniciaram uma feroz concorrência com holandeses, que começaram também a comprar
grandes quantidades de escravos. Aqui o comércio triangular era organizado por
companhias financiadas na Europa. O fornecimento regular de escravos pelas caravanas
Vili, que os compravam em feiras tao longínquo quanto as do Pool ou de Casange, era
bem superior ao provimento constituído pelos prisioneiros de guerra. Foi nessas
condições que se iniciou o verdadeiro tráfico de escravos chegando este a seu auge no
seculo XVIII.
As transformações sociais dos seculos XVI e XVII
A divisão em três camadas socias, a dos mwisikongo (nobres), a dos babuta
(camponeses: singular:mubata) e a dos babika (escravos; singular: mubika), subsistira
ate ao período compreendido entre 1666 e 1678, cada camada com suas próprias
estruturas sociais. Uma mudança geral ocorreu em primeiro lugar na nobreza e, em
seguida, no mundo rural.
Os habitantes de uma aldeia constituíam um Ekanda, assim como um grupo matrilinear
no seio da aldeia ou comunidade de cristãos. A aldeia era concebida como pertencente a
um grupo de parentesco matrilinear descendente de seu fundador, o qual era
representado pelo líder da aldeia, o Nkuluntu (literalmente “o velho”). A aldeia possuía
os direitos sobre a terra, e o espirito que vivia nesta terra era perpetuado pelo Kitomi de
aldeia. Ideologicamente, tais direitos pertenciam a matrilinhagem do fundador, mas em
prática, a aldeia estava unida. O casamento definia a linhagem e o parentesco em geral.
Preferiam-se casamentos entre primos e de forma geral, não se pagava dote, a excepcao
de alguns presentes para a própria mulher.
No decorrer do tempo, o poder da matrilinhagem e da aldeia enfraquecera. Por volta de
1525,os habitantes das zonas rurais já eram muitos explorados. A vida dos camponeses
tornou-se cada vez mais precária a medida que a intervenção da nobreza, mesmo nesse
nível aumentava: os nobres encontravam suas concubinas nas aldeias e faziam vigiar a
aldeia pelos filhos dessas uniões. Foi o estatuto da mulher rural em geral que mais se
degradou, e a distinção entre esposa e escrava (pessoa sem linhagem) apagou-se
paulatinamente, já que a esposa se tornou aos poucos uma pessoa sem parentesco local
para defende-la. No seculo XVII, ate homens se refugiaram como Fuku (subordinados)
nas casas nobres, alguns aldeãos marcavam seus filhos com ferro quente (e não seus
sobrinhos) a fim de poupa-los da escravidão.
As casas nobres empregavam em grande número de escravos. Seus dirigentes possuíam
grandes haréns cujas mulheres provinham de outas famílias nobres ou rurais. Elas
pagavam dotes elevados para sua esposa principal, assegurando-se a propriedade dos
filhos.
A posição dos descendentes patrilineares, ganhou importância. Os bens moveis
adquiridos graças ao comércio pertencia aos filhos que apos, 1550, não usavam mais o
nome do pai, mas um sobrenome português simbolizando sua casa. Qualquer bem
adquirido nos exercícios de funções públicas (tributos, multas, dadivas) voltava para o
rei apos a morte ou sua demissão do titular.
Apos 1666, as casas sofreram dois tipos de evoluções diferentes. No Soyo, o caracter
patrilinear da casa reinante acentuou-se, negligenciados cada vez mais os sobrinhos em
proveito dos filhos, inclusive os filhos de mãe escrava. No congo, os nobres apos terem
pedido sua cidade, tiveram que criar para si um novo papel no mundo rural. Muitas das
grandes casas desapareceram e, por volta de 1700.
Os escravos, não formaram por muito tempo uma única camada social. Uma distinção
essencial surgiu: escravo a venda e escravo domestica, que não se podia mais vender.
Estes últimos eram ligados as casas nobres, e alguns grupos, tais como os escravos reais
(da guarda e outros) e os das missões, tornaram-se grupos autónomos e localmente
poderosos até o seculo XIX. No seculo XVII, a mobilidade social era maior para os
escravos domésticos do que para os camponeses.
As três categorias sociais reduziam-se para duas que se estabilizaram: a nobreza, que se
beneficiava de suas relações com mão-de-obra, e os súbditos explorados, com estilo de
vida diferentes. A nobreza urbana e letrada, que exibia de bom grado sua fé católica,
alojava-se, vestia-se, comia e distraia-se de forma totalmente diferente dos rurais.
As transformações culturais
As artes são reflexo da cultura, mas nada sobrevive das artes de representação, tais
como a música, a dança e a arte oral. Em contrapartida sobreviveram objetos de arte
conga, assim como inúmeros textos correlatos. Fabricados para simbolizar diferenças de
classe (arte do vestuário, por exemplo), noções políticas (emblemas, objetos de
cerimonias) e conceitos religiosos (arte crista, objetos de adivinhação, estatuas de
antepassados e espíritos, mascaras), esses objetos eram encomendadas pela corte, pela
igreja católica, por dirigentes de aldeias e de cultos aldeãos, e ate por chefes de família.
A escultura produziu em primeiro lugar inúmeras objetos cristãos, em particular
crucifixos e cabos de bengala, mas também estatuas de santos, nas quais se encontram
elementos do cânone das proporções europeias. No decorrer do tempo, o cânone
europeu voltou-se gradualmente para um cânone que também se encontra na escultura
comum e cuja mais antigo exemplo conhecido data de antes de 1694.
Os artistas empregavam uma grande variedade de materiais (cobre, marfim, madeira,
pedra, fibras, tecido) e aplicavam suas artes sobre os mais diversos objetos, inclusive
utensílios de cozinha. Ate o clero os usava para os trajes sacerdotais, em complemento
aqueles que importava da Itália e nos quais se inspiraram os artistas congoleses. A
escultura de objetos do culto da antiga religião foi proibida e combatida. Obras foram
destruídas em diferentes épocas, notadamente sob os reinados de Afonso I e Garcia II,
assim com por Kimpa Vita. A influência europeia fez-se sentir também na fundição de
espadas de cerimónias e na fabricação de estandartes bordados com brasoes e símbolos.
Do seculo XVI ao XVIII, a arte conga difundiu-se rumo ao Norte e ao Leste. A difusão
das mascaras “brancas” do Gabão teve sua origem nas mascaras do Congo do Norte e
certamente acompanhou a expansão do Luango, sobretudo no seculo XVII. A técnica de
fabricação do veludo de rafia espalhou-se ao Leste pela rota do Okango e deu origem
aos “veludos do Kasai”, manufacturados notadamente pelos Kuba. Tudo indica que
elementos de arte conga também chegaram as Américas.
Religiosas
A história das regiões e das ideologias foi marcada, em superfície, pelo surgimento do
catolicismo no Reino do Congo, onde se difundiu de início junto a nobreza urbana e nas
capitais de províncias. A estrutura eclesiástica permaneceu sobretudo portuguesa ate
1645, data em que os missionários capuchinhos italianos empreenderam uma
cristianização intensa que prosseguiu no Congo ate os anos 1700. Uma grande parte da
população foi batizada e a religião expandiu-se ate mais longínquas aldeias.
A partir do seculo XVI, pode-se falar de uma única religião em que elementos cristãos e
antigos haviam-se misturado, ao menos junto aos nobres, e tal religião difundiu-se
sobretudo no seculo XVII, fato este explica o papel de Garcia II, ao mesmo tempo
defensor do catolicismo e dos Kitomi.
Diferentes movimentos religiosos já eram conhecidos por volta de 1630, época em que
houve a primeira tentativa para estabelecer uma igreja autóctone. As primeiras
confrarias de Mbanza Kongo e a chegada dos capuchinhos provocaram uma
recrudescência dos ritos Kimpasi e uma maior influencia dos Kitomi na corte. Junto a
nobreza, o culto dos antepassados declinara desde a época de Afonso I, e um ritual de
inumação nas igrejas, ligado as confrarias, implementou-se.
Os missionários cristãos do fim do seculo XIX, mergulhados em um ambiente
colonialista, não admitiam o catolicismo autóctone, doravante parte integrante da
religião conga.
Conclusão
Bibliografia