Modelo Réplica - Revisional de Contrato Bancário

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL

DA COMARCA DE SANTO ÂNGELO/RS

PROCESSO nº: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

XXXXXXXXXXXXXXXX, já qualificado nos autos, por seus


procuradores que esta subscrevem vem respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, apresentar RÉPLICA à contestação, conforme segue.

I – DA REVELIA DA ZURICH SANTANDER BRASIL

Da análise dos autos, se verifica que no evento 07 foi juntado


o Aviso de Recebimento da citação da Zurich Santander Brasil, sendo que
na mesma data iniciou-se a contagem do prazo contestacional.

Contudo, conforme demonstrado pelo evento 17, mesmo após


devidamente citada, a ré deixou transcorrer in albis o prazo
contestacional. Dessa forma, impõe-se o reconhecimento de sua revelia e
consequente aplicação do art. 344 do CPC, com a presunção da
veracidade das alegações de fato formuladas pelo autor.

II – SÍNTESE DA CONTESTAÇÃO DA AYMORÉ

A contestação apresentada ofende nitidamente o princípio da


dialeticidade, porquanto apresenta uma impugnação genérica, em nada
contrapondo diretamente ao que foi pedido na inicial. Tanto é assim que
maior parte da defesa é voltada para pedidos que sequer foram feitos no
bojo do processo.

Dito isso, aponta-se que em sede de contestação, a requerida


alega a impossibilidade de deferimento da justiça gratuita, sem juntar
provas da alegada capacidade financeira do autor.

Ademais, alegou que o contrato é lícito, porquanto concordou


com as taxas e demais encargos cobrados. Aponta, ainda, a licitude da
inclusão do seguro prestamista no contrato.
Apresentaram oposição à inversão do ônus da prova. Justificou
que as altas taxas de juros são resultado de políticas governamentais, e
por isso não devem ser reputadas como abusivas.

Contudo, a própria inicial é suficiente para contrapor o que foi


alegado na contestação, de modo que resta apenas algumas
considerações que serão feitas a seguir.

II – DO DIREITO

No que toca à cobrança da tarifa de cadastro, ainda que a


parte ré defenda a legalidade, o que se discorda, há que se considerar que
a taxa está superior à media de mercado para o mesmo período, qual
seja, R$515,00, o que demonstra a abusividade.

Outrossim, cabe à ré comprovar que de fato se tratava de


início de relacionamento entre o banco e o consumidor, o que não fez, não
demonstrando a legalidade da cobrança, ônus que lhe incumbia.

Por outro lado, no que toca ao seguro supostamente


contratado, é importante fazer alguns apontamentos.

Foi demonstrado nos autos que o seguro prestamista


supostamente contratado, foi imposto ao autor no mesmo ato da
contratação do empréstimo, e como uma condição para que fosse liberado
o valor solicitado.

Ademais, reforça-se que foi inserido no contrato de seguro que


o beneficiário será a instituição financeira credora, o que é ilegal,
porquanto os beneficiários deveriam ser os herdeiros legais com 100% do
capital segurado situação que destoa de casos de seguro prestamista.

Consiste em prática abusiva, vedada nas relações de consumo,


o condicionamento do fornecimento de um produto ou serviço ao
fornecimento de outro, conforme o inciso I do artigo 39 do Código de
Defesa do Consumidor (CDC).

Nos contratos bancários em geral, o consumidor não pode ser


compelido a contratar seguro com a instituição financeira ou com
seguradora por ela indicada.

Na hipótese em tela, não restou garantida ao consumidor a


liberdade de contratar ou não o seguro, tampouco a opção de escolher
com qual instituição contratar, de forma que não resta ao consumidor a
possibilidade de negativa à contratação sob pena de ver negada a
concessão do crédito.

Nesta senda importa anotar que embora esteja devidamente


assinado pelo autor, em separado ou não do contrato de empréstimo,
denota-se que o mesmo foi assinado em conjunto com o empréstimo.

Nesse diapasão, tendo em vista que o contrato de seguro


apresenta abusividade e foi contratado como condição para obtenção de
crédito, ainda que devidamente assinado pelo autor, implicando em venda
a casada, infringindo, assim, o disposto no artigo 39, inciso I, do CDC, é
devida a restituição do valor indevidamente descontado.

Nesse passo, na esteira da orientação sedimentada pelo


Egrégio STJ, resta caracterizada a venda casada, o que, à luz do disposto
no artigo 39, inciso I, do CDC, configura prática abusiva, de forma que se
requer desde já a declaração da nulidade a cláusula que prevê a cobrança
de valores a título de seguro.

Por fim, como corolário lógico da revisão do contrato, impõe-se


a devolução em dobro dos valores pagos pelo consumidor à requerida, sob
pena de enriquecimento sem causa, consoante previsto no artigo 884,
caput, do Código Civil:

Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à


custa de outrem, será obrigado a restituir o
indevidamente auferido, feita a atualização dos valores
monetários.

Nesse sentido, a jurisprudência do ETJRS:

APELAÇÃO CÍVEL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. AÇÃO


ORDINÁRIA. REVISÃO DE CONTRATO. (...) 8. Nos termos
definidos pelo Egrégio STJ no julgamento do REsp n.
1.639.320/SP, submetido ao regime dos recursos
repetitivos, a estipulação de seguro prestamista (ou de
proteção financeira), em contratos bancários, deve
garantir ao consumidor, além da opção de contratar ou
não o seguro, a possibilidade de escolher a instituição
com a qual contratar, sob pena de configurar venda
casada, prática abusiva nos termos do artigo 39, inciso
I, do CDC. (...) APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA.
(Apelação Cível, Nº 70084064443, Décima Quarta
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Mário
Crespo Brum, Julgado em: 03-09-2020)

Dessa forma, requer seja declarada a venda casada do seguro


em questão, vedando a respectiva cobrança, com consequente
condenação da instituição financeira a repetir em dobro em favor da parte
autor os valores exigidos indevidamente, com correção monetária, pelo
IGP-M, a partir de cada desembolso, e juros moratórios de 1% ao mês.

No que toca às despesas de cobrança, não há como prosperar


a alegação da requerida.

Isso porque não há sequer especificação de valores,


porcentagens, ou o que seria cobrado como “custos” de cobrança, de
forma que representa uma desvantagem exagerada para o consumidor,
que não pode ser obrigado a pagar algo que não foi fixado anteriormente
ou sequer foi definido um parâmetro.

Nos demais tópicos, a parte autora reforça os termos da inicial,


pois suficientes à análise e afastamento da maioria dos tópicos abordados
em contestação

Logo, não há como acolher a pretensão da contestante, modo


pelo qual ora requer seja a demanda julgada procedente, pelos fatos e
argumentos aqui expostos.

III – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

DIANTE DO EXPOSTO, xxxxxxxxxxxxxxxxxxx requer sejam


considerados impugnados todos os termos da contestação apresentada
pela ré Aymoré, com a respectiva procedência dos pedidos iniciais, e que
seja reconhecida a revelia da ré Zurich com a aplicação do art. 344 do
CPC.

Nesses termos, pede e espera deferimento.

Santo Ângelo, 07 de novembro de 2024.

xxxxxxxxxxxx
OAB/RS xxxxxxxxxxxxx

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