Anotações Texto Negros Da Terra - Jadisson

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Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB.

Curso – Licenciatura em História - data _08__/_08__/_2022____


DISCIPLINA: História do Brasil. Turma: 2022.1.
DOCENTE: Avanete Pereira Souza.
DISCENTE: Jádisson da Silva Novaes.

Anotações sobre o texto: a administração particular, capitulo 4 do livro Negros da


terra: índios e bandeirantes nas origens de São Paulo.

Terras em abundancia, necessidade de escravos: essa era a formula de frei


Gaspar da Madre de Deus. Ao isolar como recorte espacial São Paulo, se nota que os
índios e os negros tiveram um grande traço em comum: foram escravizados. A
escravidão indígena era mal vista internamente, pelos jesuítas, e externamente, pela
Coroa, fazendo com que os paulistas tivessem que sempre se valer de manobras
diplomáticas para manter a economia escravista.

A elaboração de uma mentalidade escravista.

“Desde os primórdios da colonização portuguesa, o desenvolvimento da


escravidão indígena enquanto instituição minimamente estável foi limitado por diversos
obstáculos. A resistência obstinada dos índios do planalto, a oposição persistente dos
jesuítas, a posição ambígua da Coroa quanto à questão indígena: todos fatores que
dificultavam o acesso dos colonos à mão-de-obra indígena” ( p. 130 ).
Passos par a consolidação: derrotam-se os indígenas organizados -> expulsão
dos padres em 1640 -> a coroa mantem sua posição distante sobre a temática indígena .
Ademais, muitas das vezes os colonos tomavam a frente das autoridades em relação ao
que se fazer com os índios que vinham da incursões. Geralmente os índios eram
alocados nos aldeamentos ( acampamentos indígenas sob o domínio jesuíta ou da coroa)
antes que se fosse decidido o que fazer com os mesmos. A mentalidade escravista
presente nos colonos entrou em conflito direto com as ações da coroa quando o capitão-
mor Jorge Correia se pôs a favor dos jesuítas e contra os colonos. A intervenção
jesuítica, ou mesmo a sua autoridade frente ao controle dos destinos dos indígenas
encontrava feroz oposição dos colonos escravistas. Ademais, através da câmara
municipal, os colonos souberam usar as brechas legislativas para manter a exploração
da mão-de-obra indígena. Quanto á ideologia, segundo fontes, era consenso que os
colonos pensavam que “os índios, por meio de relações de paz com os primeiros
colonizadores, cederam o direito ás terras” e que “ o favor de cristianizar os índios devia
ser pago com a subserviência dos mesmos”. Ainda, aos que não se submetessem á
invasão e dominação, mascarada na “tentativa de catequizar”, poderia ser aplicada a
“guerra justa”, a contenda religiosa contra aqueles que ameaçavam a fé cristã. Por fim,
segundo os colonos, sem o trabalho escravo indígena, a capitania não teria nada
frutífero a oferecer a coroa.
“Em suma, para o autor destas observações e para muitos de seus
contemporâneos, a necessidade absoluta da escravidão arraigava-se na convergência
entre a mentalidade colonial referente ao trabalho e o anseio de prosperidade que dava
sentido à Colônia. “ (p. 136). É importante lembrar que a escravidão ressurge nas
colônias justamente quando se torna mal vista na Europa.

O uso e costume da terra.

O indígena era considerado escravo legitimo apenas se capturado por guerra justa. Tal
modo era pouco eficaz na feitura de escravos. Assim, a maioria dos escravos era ilegal,
o que fez com que os colonos tentassem burlar as leis para legitimar seu controle sobre
os índios, como no caso da justificativa de que os nativos não tinham capacidade de
cuidarem de si mesmos, cabendo assim aos colonos a administração da vida dos
mesmos. Ademais, ensinar os costumes brancos através da cristianização e do trabalho
forçado era visto como um “favor” aos indígenas, já que, para os colonos, os nativos
não sabiam sobreviver, vivendo em barbárie. Tal mentalidade foi inclusive usada nos
testamentos para justificar a escravidão até dos indígenas que já eram legalmente forros,
quando os moribundos repartiam os indígenas sobre seu domínio entre seus herdeiros,
delegando-os assim à escravidão novamente. Assim, mesmo quando a escravidão
indígena foi abertamente proibida, os colonos souberam usar do “costume” de manter
índios cativos sob sua guarda, seja para sustento dos órfãos de donos de escravizados,
seja pelo bem dos próprios escravizados, já que a tutela era um destino melhor, segundo
a ideologia colona, que a vida selvagem.

Colonos e jesuítas: a batalha decisiva.

Os jesuítas eram vistos como inimigos por essa classe colonial que via na
escravidão indígena a força motriz da economia paulista, já que os religiosos alegavam
que seu trabalho de catequese dos nativos carecia do domínio destes pelos jesuítas, e seu
confinamento nos aldeamentos. Em suma, um indígena que fosse delegado aos jesuítas
não seria escravizado por colonos, porém, tampouco seria livre. Mas os jesuítas não
apenas eram inimigos porque impediam a aquisição dos indígenas, mas porque eles
mesmos usavam desta mão de obra para se erguerem como produtores e donos de terra,
que as vezes eram doadas pela coroa, escolhidas dentre as melhores da colônia.
A animosidade entre colonos e jesuítas chegou a extremos com a invasão de
alguns aldeamentos, e dos litígios, junto à justiça, dos jesuítas contra colonos e
franciscanos. Por fim, os jesuítas foram obrigados a abandonar as causas indígenas, e
não controlavam mais os aldeamentos.

Escravos ou administrados

Os colonos não se referiam aos indígenas sob seu domínio como cativos, mas
sim como administrados, seguindo a ideologia de benfeitoria aos indígenas, mas, a
despeito da nomenclatura, tratavam os mesmos como posse, deixando-os em dotes, e
como garantia de empréstimos e dividas, além de serem passados em testamento.
Formas de tratamento: “negro da terra” ,“peça de gentio da terra”. A venda dos
indígenas acontecia de forma recorrente, mesmo que mascarada em motivos maiores
que a própria venda, como era de costume em todo esse regime de escravidão
disfarçado. Outra característica claramente escravista era a concessão de alforria.
Com a proibição da escravidão indígena no Rio de Janeiro, os paulistas viram
mais uma vez sua máquina escravista ameaçada, já que a capitania era subordinada ao
Rio de Janeiro. Em tentativas de negociar, os colonos procuraram assegurar que os
indígenas não fugissem para o Rio de Janeiro, e queriam se livrar da obrigatoriedade de
pagar salários aos cativos, pois os cuidados básicos e a catequese já era considerada
favor demais aos “gentios da terra”.
Padre Antônio vieira :
“São pois os ditos índios aqueles que vivendo livres e senhores naturais das suas terras,
foram arrancados delas com suma violência e tirania, e trazidos em ferros com as
crueldades que o mundo sabe, morrendo natural e violentamente muitos nos caminhos
de muitas léguas até chegarem as terras de S. Paulo onde os moradores serviam e
servem deles como de escravos. Esta é a injustiça, esta a miséria , isto o estado presente,
e isto o que são os índios de São Paulo.” (p. 150).
Segundo vieira, a ilegalidade da administração paulista dos cativos era clara,
pois os mesmos eram tratados como mercadorias ao serem passados, vendidos,
penhorados, e capturados á força caso fugissem. Por mais que vieira fosse ferrenho em
seu combate, acabara derrotado nas leis, pelos colonos.
Apesar de conhecidos como defensores dos indígenas, os jesuítas, ao serem
descritos por visitantes da época, também se apropriavam a mão de obra indígena, que
faziam trabalhar lado á lado com seus escravos negros, em condições semelhantes. O
que mudava era o fato de que os indígenas deveriam ser livre, segundo a concepção da
época, então, a apropriação de sua mão de obra vinha legitimada na cobrança de
impostos, custos pela sua manutenção e pelos serviços, que claramente, os indígenas
não podiam pagar, levando assim a uma cobrança de mão de obra.
Como desfecho da contenda entre jesuítas, colonos e a coroa, a carta regia de
1696 continuava com o discurso de liberdade, mas disfarçava a escravidão no direito
dos colonos de administrar seus indígenas e cobrar deles mão de obra pelo serviço
prestado.

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