Aula 03 Fases Etapas Do Desenho Infantil1714082914

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Fases/ etapas do desenho infantil

Deixar que o desenho fluísse normalmente é deixar que ela se desenvolvesse


harmoniosamente com o seu meio. Na medida em que a criança cresce, seu desenho
sofre modificações. Muitas vezes o educador não tem compreensão das fases do
grafismo por que passa a criança, e são dados desenhos para colorir, perdendo o
prazer de desenhar para o dever de fazer o que é imposto. Mas, as personalidades
são distintas, distintos estilos, as motivações e o valor das coisas (BRAGA, 1974, p.
99).
Existem várias teorias que tentam desvendar o processo de desenvolvimento
da criança e cada uma delas têm práticas educacionais diferenciadas. A proposta aqui
presente é a de observar e perceber como a criança encontra significações enquanto
desenha, em quais fases de desenvolvimento ela se encontra e como passa de um
estágio para outro. Quando a criança começa a utilizar elementos tais como os
gráficos universais, ela percebe que pode comunicar-se, entrar em contato com os
outros. É um processo de comunicação, de função social.

Em determinadas fases, a criança ainda não possui uma compreensão


intelectual que lhe permita expressar-se adequadamente, mas através do seu
desenho, isto lhe é possível. Ela se modifica e é modificada ao desenhar, sofre
transformações que lhe propiciam o seu desenvolvimento cognitivo e a percepção do
mundo que a rodeia de forma criativa.
Tendo a escola a função de fazer com que a criança melhore a cada dia sua
forma de lidar com nosso meio e entender que esse não é só físico, mas
constantemente influenciado pela emoção, sentimentos e pensamentos, integramos
um trabalho de reflexão e ação.
Quando um pai ou uma mãe, sedentos pelo sucesso escolar de seus filhos,
depositam nos profissionais do processo ensino–aprendizagem, elevada carga de
esperança na prosperidade intelectual de seus filhos, então, todo e qualquer recurso
que auxilie na descoberta das causas dos problemas da aprendizagem tornam–se
como que peças preciosas de um processo, cuja recompensa vem em forma de
lágrimas nos olhos, arrepios e abraços pela felicidade do obstáculo vencido e dos
limites superados por seus pequenos prodígios. “O ato de desenhar envolve a
atividade criadora; é através de atividades criadoras que a criança desenvolve sua
própria liberdade e iniciativa e outros o que permitirá.” (LOWERNFELD, 1970 p. 16).

Mas para que haja tal sucesso na intelectualidade destas crianças/pacientes é


necessário que estes profissionais sofram uma atualização temática, no tocante ao
estudo do construto infantil e na aplicação prática da leitura dos desenhos para
potencializar os processos de ensino-aprendizagem e intervenções
psicopedagógicos.
Não se trata de técnica psicodiagnóstico cujas prerrogativas de estudo e
aplicação são restritas a médicos e psicólogos. A abordagem é meramente
psicopedagógica e de inspiração psicanalítica.
A criança rabisca pelo prazer de rabiscar, de gesticular, de se aprimorar. O
grafismo que daí surge é essencialmente motor, orgânico, biológico, rítmico. Quando
o lápis escorrega pelo papel, as linhas surgem. Quando a mão para, as linhas não
acontecem. Aparecem, desaparecem. A permanência da linha no papel se investe de
magia e esta estimula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer (DERDYK,
2004, p.56).
Aprofundar as questões referentes à avaliação e a interpretação do desenho
por parte dos profissionais envoltos no ambiente escolar, tais como professores,
orientadores, psicopedagogos. Tanto no ambiente de sala de aula quanto em
consultórios e como essa interpretação e avaliação auxiliam no desenvolvimento
cognitivo, emocional e psicomotor do aluno/paciente.

Segundo Piaget (1976) a capacidade de criação e inovação supõe construções


efetivas e não simples representações fiéis da realidade e classifica as etapas do
desenho como:
A importância do Psicopedagogo

No complexo processo que envolve a aprendizagem, revela-se significante a


atuação preventiva do psicopedagogo no contexto escolar, onde muitas informações
e vários aspectos têm que ser observados e analisados.
Ter conhecimento de como o aluno constrói o seu saber, compreender as
dimensões das relações com a escola, com os professores, com o conteúdo e
relacioná-los aos aspectos afetivos e cognitivos, permite um fazer mais fidedigno ao
psicopedagogo. Deve-se considerar que o desenvolvimento do aprendente se dá de
forma harmoniosa e equilibrada nas diferentes condições orgânica, emocional,
cognitiva e social.
O desenvolvimento do desenho requer duas condições, primeiramente o
domínio motor. Assim a criança começa a perceber que pode representar
graficamente um objeto e a relação desenvolvida com a fala existente ao desenhar e
a linguagem verbal é a base da linguagem gráfica. (VYGOTSKY. 2007, p.141)
O desenho pode ser na infância, um canal de comunicação da criança com o
seu mundo exterior, segundo os psicólogos da UDPE de San Salvador, por ética, só
uma pessoa especializada, como alguns psicopedagogos, pode interpretar os
desenhos, seguindo protocolos estabelecidos para esse fim. O especialista deve levar
em consideração a condição biográfica e familiar da criança/paciente (sentimentos e
emoções), bem como sua história pessoal, que servirá como marco de referência de
quem desenhou. O desenho não é tudo, mas é um grande contribuinte para a
realização dói diagnostico emocional e intelectual da criança/paciente.

Uma das principais ferramentas utilizadas no Diagnóstico Psicopedagógico é a


análise de testes projetivos, cuja finalidade é a projeção de conteúdos presentes no
inconsciente da criança de forma concreta, ou seja, por meio da utilização de figuras
prontas ou de desenhos feitos por ela. A partir dessa análise é possível verificar e
levantar hipótese sobre a modalidade de aprendizagem, o vínculo com o ser que
ensina e com a família.
A criança, ao desenhar, tem uma intenção realista. O realismo evolui nas
diferentes fases do desenho infantil até chegar ao realismo visual, que é o realismo
do adulto. Para o adulto, o desenho tem que ser idêntico ao objeto. Já para a criança,
o desenho, para ser parecido com o objeto, deve conter todos os elementos reais do
objeto, mesmo invisíveis para os outros. Assim, a criança desenha de acordo com um
modelo interno: a imagem que sabe do objeto que vê. (PIAGET. 1971, p.126)
É isso que difere os testes projetivos utilizados na Psicopedagogia dos testes
utilizados na Psicologia, pois os últimos são voltados para a investigação da
personalidade e comportamento, dentro do âmbito emocional. Testes como o par
educativo, o desenho da família, da figura humana e outros, são muito utilizados em
consultório; no entanto a aplicação do desenho livre com o objetivo de avaliar o
desenvolvimento cognitivo é pouco utilizado e conhecido. Este teste pode ser uma
ferramenta importantíssima para avaliar e detectar um possível atraso no
desenvolvimento cognitivo da criança, tanto na clínica como em sala de aula.
Aprender a questionar os desenhos infantis é essencial para o
acompanhamento dos avanços em relação à construção do pensamento infantil, é
mediante aos questionamentos que aprendemos a compreender muitas coisas que
as crianças representam através de seus desenhos e que muitas vezes podem ser
interpretadas erroneamente

Toda criança desenha. Tendo um instrumento que deixa uma marca: A varinha
na areia, a pedra na terra, o caco de tijolo no cimento, o carvão nos muros e calçada,
o lápis, o pincel com tinta no papel, a criança brincando vai deixando sua marca,
criando jogos, contando histórias. Desenhando, cria em torno de si um espaço de jogo,
silencioso e concentrado ou ruidoso seguido de comentários e canções, mas sempre
um espaço de criação. A criança desenha para brincar (MOREIRA, 2008, p.15).
O desenho permite ao professor uma série de pistas sobre a criança que
encontra no mesmo a sua maneira de ler o mundo. Os professores, muitas das vezes,
não acreditam que o desenho desempenha um papel tão importante na construção
do pensamento da criança não dispensando a ele a sua devida importância em sala
de aula.
Mas o que foi observado durante o estudo sobre o desenho infantil e suas
contribuições no processo da aprendizagem é que o conhecimento das etapas
evolutivas do desenho infantil fornece ao professor mais um instrumento para
compreender as crianças, somando esse conhecimento à análise constante dos seus
trabalhos e considerando sempre o significado mais profundo do ato de desenhar
como expressão de ideias e sentimentos, o professor poderá orientar suas ações
pedagógicas.

Ao observar o desenho de uma criança, pode aprender muito sobre o seu modo
de pensar e sobre as habilidades que possui. Quando, em um desenho, os braços de
uma figura humana saem da cabeça e não do tronco, por exemplo, significa que a
criança ainda não tem construído interiormente, em seu pensamento, o esquema
corporal de uma figura humana. (PILLAR, 1996).
Isso nada tem a ver com o fato de ela não estar enxergando direito, de estar
com problemas de motricidade fina, ou ainda, de não estar apta a desenhar com
destreza. Desenhar figuras humanas possibilita à criança estruturar suas ideias sobre
elas.
É importante que a criança tenha oportunidade de desenhar livremente, em
papéis e em tamanhos e texturas diferentes, em posições variadas, com materiais
diversos. Quando a criança vai dominando seus movimentos e gestos, as propostas
devem ser diferentes: desenhar em vários tempos e ritmos, fazer passeios e expressar
o que observou no papel, incentivar o desenho coletivo, desenhar as etapas
percorridas após uma brincadeira ou jogo e muitas outras podem ser feitas com a
criança para ajudá-la a aprimorar suas capacidades de desenhar.
Os educadores que vivem diariamente com essas crianças devem também
respeitar o ritmo de cada criança, a maneira como sua obra está evoluindo, porque
cada criança tem um tempo e uma maneira de internalizar suas experiências. “A
princípio, para a criança, o desenho não é um traçado executado para fazer uma
imagem, mas um traçado executado simplesmente para fazer linhas”. (LUQUET,
1969, p.145)

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