GN2018 01 - Alan Da Rocha Mattos Solar Regiao Norte

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 18

Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em

Gestão de Negócios – 2018

Viabilidade econômica de um sistema de geração solar fotovoltaica na Região Norte


do Brasil

Alan da Rocha Mattos¹*; Miklos Maximiliano Bajay2


1 Centrais Elétricas Brasileiras S/A-Eletrobras. Engenheiro Eletricista/Telecomunicações. Rua Escultor Sérgio
Camargo, 65, apto 301 – Jacarepaguá; 22775-052 Rio de Janeiro, RJ, Brasil
2 ESALQ/USP. Doutor em Genética e Melhoramento de Plantas. Av. Pádua Dias, 11 – São Dimas; 13418-900

Piracicaba, SP, Brasil


*autor correspondente: alanmattos2005@hotmail.com

1
Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em MBA
em Gestão de Negócios – 2018

Viabilidade econômica de um sistema de geração solar fotovoltaica na região Norte


do Brasil

Resumo

O desenvolvimento sustentável é um desafio global, que vem influenciando as


tomadas de decisão em investimentos, em busca da geração de valor para as sociedades,
em consonância com a preocupação crescente com a questão climática no planeta. Os
projetos de geração de energia a partir de fontes renováveis contemplam o atendimento à
necessidade de desenvolvimento econômico e social das nações, aliado à redução dos
impactos ambientais. Este trabalho busca contribuir para a disseminação do uso da fonte solar
fotovoltaica na matriz energética brasileira, analisando a viabilidade econômica de um sistema
de micro geração na cidade de Rio Branco, no Acre. O estudo contemplou a especificação
técnica do projeto, com as respectivas estimativas de produção de energia baseadas nos
índices solarimétricos medidos na região e dados de performance dos equipamentos
especificados. A análise econômica, baseada no fluxo de caixa projetado para uma vida útil
de 25 anos, apresentou taxa interna de retorno [TIR] de 11,53% e valor presente líquido [VPL]
de R$ 341.470,16. Foi calculado ainda o custo do megawatt hora consolidado do projeto, de
R$ 211,07. Por fim, considerando os riscos intrínsecos às estimativas consideradas no estudo,
elaborou-se uma análise de sensibilidade e um estudo probabilístico pelo método de Monte
Carlo, mensurando os impactos no VPL e na TIR causados pela variação dos valores da tarifa
e da geração de energia. Os indicadores econômicos e a análises de sensibilidade e de risco
apontaram para a aceitação do investimento, com baixo risco e boa margem entre os
resultados encontrados e a taxa mínima de atratividade [TMA] admitida.
Palavras chave: energia solar; geração distribuída de energia.

Economic feasibility of a photovoltaic solar generation system in the Northern region


of Brazil

Abstract

Sustainable development is a global challenge, which has been influencing decision-


making in investments, seeking to generate value for societies, in line with the growing concern
about the climate issue on the planet. The projects of energy generation from renewable
sources contemplate meeting the need for economic and social development of nations,
together with the reduction of environmental impacts. This work aims to contribute to the
dissemination of the use of the solar photovoltaic source in the Brazilian energy matrix,
analyzing the economic feasibility of a generation system in the city of Rio Branco, Acre. The
study contemplated the technical specification of the project, with the respective energy
production estimates based on the measured solarimetric indices in the region and
performance data of the specified equipment. The economic analysis, based on the cash flow
projected for a life cycle of 25 years, presented IRR of 11.53% and NPV of R$ 341,470.16.
The cost of the consolidated megawatt-hour of the project is R$ 211.07. Finally, considering
the intrinsic risks to the estimates considered in the study, a sensitivity analysis and a
probabilistic study were prepared, using the Monte Carlo method, measuring the impacts on
NPV and IRR caused by the variation of the energy prices and power generation values. The
economic indicators and the sensitivity and risk analysis pointed to the acceptance of the
investment, with low risk and good margin between the results found and the Minimum
attractiveness rate allowed.
Keywords: solar energy; distributed energy generation.

2
Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em MBA
em Gestão de Negócios – 2018

Introdução

A energia elétrica é fonte primordial para o desenvolvimento e bem-estar do ser


humano no mundo moderno, estando presente direta ou indiretamente em praticamente todas
as atividades sociais e econômicas nos dias atuais e configurando-se como vetor fundamental
de evolução tecnológica e de qualidade de vida para as sociedades.
Obtida a partir de uma ampla gama de fontes primárias de energia, a eletricidade
percorre um longo caminho entre os pontos de produção e de consumo, baseando-se em uma
complexa rede, a qual contempla as etapas de geração, transmissão e distribuição. A esta
estrutura somam-se ainda as especificidades físicas intrínsecas das diferentes fontes naturais
de energia, tais como a capacidade de armazenamento, as sazonalidades e as intermitências,
além das questões sistêmicas como: o atendimento da carga no horário de ponta, a
estabilidade e a confiabilidade do sistema frente às contingências, entre muitas outras.
Hoje, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica [ANEEL], o Sistema
Elétrico Brasileiro [SEB] possui cerca de 160 GW de potência instalada, dos quais, em
números aproximados, 64% são de fonte hídrica, 27% de fonte térmica e 9% de fonte eólica
e solar. O sistema de transmissão, de dimensões continentais, possui aproximadamente 150
mil quilômetros de linhas, interligando pontos que chegam a milhares de quilômetros de
distância – Sistema Interligado Nacional [SIN]. Este sistema é fruto de décadas de
planejamento e construção, tendo sido até o início da década de 1980 baseado em grandes
usinas hidrelétricas de reservatórios plurianuais, o que garantiu até então o suprimento de
energia com confiabilidade, segurança e a baixos custos. A partir dos anos 1990, com o
crescimento populacional e crescentes barreiras à construção de reservatórios, a matriz
elétrica brasileira foi gradativamente perdendo sua capacidade de armazenamento e viu-se
diante de um grande desafio para assegurar a requerida expansão, tendo sido implementadas
mudanças no modelo regulatório do setor e ampliação do parque termelétrico, visto que
somente esta opção poderia garantir a segurança energética necessária. As consequências
diretas foram aumento dos preços da energia e elevação dos níveis de emissão de gases
poluentes, além de um preocupante aumento da dependência do volume de chuvas, em
virtude da gradativa deterioração da relação entre capacidade de armazenamento hidrelétrico
e demanda energética.
Segundo estimativas do Operador Nacional do Sistema [ONS], a taxa de crescimento
da demanda por energia elétrica na próxima década será da ordem de 2,5% ao ano. Isso
significa afirmar que, para permitir o crescimento populacional e econômico do país nos
próximos anos, é mandatório que se mantenha no mínimo esta taxa anual de expansão do
sistema elétrico, o que impõe um grande desafio ao país, implicando em altos custos

3
Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em MBA
em Gestão de Negócios – 2018

financeiros e ambientais, demandando assim rigorosos estudos acerca das alternativas a


serem seguidas no âmbito do planejamento energético, com o objetivo de se encontrar a
melhor relação custo-benefício, visando ao atendimento das necessidades de crescimento,
aliado ao menor impacto ambiental e a menores custos para o consumidor.
Além das preocupações já mencionadas, os debates acerca do aquecimento global
colocam o setor elétrico no foco de acordos internacionais sobre as políticas de Estado no
que tange às decisões de investimentos em infraestrutura energética. Como signatário do
Acordo de Paris, o Brasil assumiu o compromisso de redução da emissão de gases de efeito
estufa em 37% até 2025 e acréscimo da participação de fontes renováveis, além da hídrica,
de 28 para 33% até 2030, em sua matriz energética, mesmo já sendo esta
predominantemente renovável. Desde meados dos anos 2000, o país vem investindo nesse
sentido, tendo implementado vários empreendimentos de geração de energia renovável,
principalmente eólica, já em operação no SEB. Entretanto a viabilidade econômica de tais
projetos é um desafio a ser superado, visto que são equipamentos ainda caros, com cadeias
produtivas em amadurecimento e por se basearem em fontes energéticas intermitentes e não
armazenáveis.
Nesse cenário, torna-se importante o papel da geração distribuída, em
complementaridade ao parque gerador existente, a qual consiste na instalação de geradores
de pequeno porte, a partir de fontes renováveis, localizados nas próprias unidades
consumidoras. Esta solução apresenta baixo impacto ambiental, proporciona uma
postergação da necessidade de investimentos na expansão das redes de transmissão e
distribuição, contribuem para um menor despacho das fontes tradicionais, otimizando a gestão
do armazenamento de energia, além de representar uma diversificação da matriz energética.
Em 2012, através da Resolução Normativa [REN] nº482/2012 (revisada em 2015 pela REN
nº687/2015), a ANEEL criou o Sistema de Compensação de Energia Elétrica, que permite aos
consumidores a instalação de geradores de energia conectados à rede de distribuição,
podendo inclusive fornecer o excedente à rede elétrica de sua localidade.
A iniciativa de instalação de sistemas de geração distribuída é do consumidor,
competindo a este a elaboração de análise da viabilidade econômica do projeto. Nesse
sentido, e visando contribuir no caminho das melhores soluções para as desafiadoras
questões mencionadas acima, o presente trabalho consistiu em analisar a viabilidade
econômica da implantação de um sistema de geração solar fotovoltaica na cidade de Rio
Branco, Acre, com potência instalada igual a 75 kWp. Trata-se de um estudo de caso real,
onde foram aplicadas ferramentas de análise econômica e de risco, visando à orientação
quanto à tomada de decisão do investidor acerca do empreendimento.

4
Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em MBA
em Gestão de Negócios – 2018

Material e Métodos

Informações Preliminares

Todos os cálculos foram realizados por meio de planilhas eletrônicas. A metodologia


proposta para esta análise de viabilidade econômica contemplou primeiramente uma etapa
de análise técnica, com a elaboração de projeto básico, onde foram definidos os requisitos
técnicos para a instalação, o dimensionamento do sistema e as especificações dos
equipamentos a serem adotados, como painéis solares, inversores de frequência, serviços de
instalação e montagem, além da observação do local destinado à implantação do
empreendimento. Nesta etapa, foram adotadas as melhores práticas de projeto visando à
otimização da performance do sistema, com foco na economicidade (Pinho e Galdino, 2014).
Com base na especificação técnica preliminar citada, buscou-se no mercado valores
de referência para estimativa do investimento a ser realizado. Foram obtidas três propostas
técnico-comerciais junto a fornecedores qualificados, as quais atenderam integralmente aos
requisitos técnicos do projeto. Optou-se por considerar o menor dentre os três preços como o
valor do investimento (CAPEX), que foi de R$ 525.000,00. Para as despesas de operação e
manutenção [O&M] foi considerado um valor anual, no valor correspondente a 1% do
investimento inicial.
A seguir, estimou-se a geração de energia e as respectivas entradas do fluxo de caixa
com base no sistema tarifário aplicável. Após esta etapa, o estudo baseou-se na aplicação
das ferramentas matemáticas de análise econômica e de risco para verificação da viabilidade
do projeto. As etapas do trabalho estão melhor detalhadas a seguir.

Estimativa de geração de energia

Depois de definidas as características técnicas do sistema, realizou-se um estudo


básico acerca da localização geográfica da instalação. Para tanto, foi utilizado o “software”
Sundata v.3.0 [Sundata], desenvolvido pelo Centro de Referência para as Energias Solar e
Eólica Sérgio de S. Brito [CRESESB], da Eletrobras Cepel [Cepel], para estimar a energia
gerada a cada mês do ano com base nos índices de irradiação solar históricos medidos em
estações solarimétricas mais próximas ao ponto exato onde será feita implantação do
empreendimento.
Após a aquisição dos dados de irradiação solar, os cálculos de projeto consideraram
as potências nominais dos painéis solares (240 painéis de 320 kWp), orientados com
inclinação de 10º para a direção Norte, e as potências dos inversores de frequência (três

5
Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em MBA
em Gestão de Negócios – 2018

inversores de 25 kW), totalizando a potência instalada de 75 kWp. Esta orientação e ângulo


de inclinação foram determinadas, através do Sundata, para máxima média de energia gerada
em um ano. As eficiências dos equipamentos foram obtidas através das folhas de dados dos
fabricantes, resultando em uma eficiência global do sistema de 16,1%.
A eficiência global do sistema é calculada multiplicando-se a eficiência dos painéis
solares pela eficiência dos inversores de frequência. A energia gerada em um ano é obtida
pelo produto da energia solar disponível no local ao longo de um ano, pela área total de
captação dos painéis e pela eficiência do sistema.
Outro item importante para o cálculo da produtividade ao longo de todo o ciclo de vida
do projeto foi o fator de perda anual de eficiência dos painéis solares, da ordem de 0,5% ao
ano, conforme informação das folhas de dados e garantia pelo fabricante. Este fator foi
considerado nos cálculos de geração estimada (em kWh) até o fim da vida útil do sistema,
estimada em 25 anos, conforme garantia do fabricante dos painéis solares. Para os inversores
de frequência, a vida útil do equipamento é de aproximadamente 12 anos. Portanto, foi
considerada a substituição completa destes equipamentos no período 12 do fluxo de caixa
elaborado no presente estudo. No caso dos inversores, não há fator de perda de eficiência
associado.
Acerca da estimativa de geração anual de energia, é importante destacar o caráter
estocástico desta variável. A variabilidade na geração solar está diretamente ligada à variação
da irradiação solar incidente no plano coletor. Esta variação, por sua vez, é regida por dois
parâmetros que causam a sua intermitência. Primeiramente a sua variabilidade diária e
sazonal, representada pela geometria Sol – Terra, facilmente prevista deterministicamente.
Em segundo lugar, as atenuações atmosféricas e o sombreamento por nuvens, os quais são
dificilmente previstos devido às suas características estocásticas (Rolim, 2018). Tais
incertezas representam um inerente risco para a viabilidade do projeto, o que demandou um
tratamento mais detalhado neste estudo, através de uma análise de sensibilidade.

Sistema de Compensação de Energia Elétrica

Para projetos de geração distribuída, é preciso observar que a remuneração do


investimento se dá sob o Sistema de Compensação de Energia Elétrica, estabelecido na
Resolução Normativa ANEEL número 482/2012, onde a energia excedente gerada pela
unidade consumidora é injetada na rede da distribuidora, abatendo-se da medição do
consumo, em kWh, da unidade. Sendo assim, considera-se a economia auferida na conta de
energia como sendo as entradas do fluxo de caixa do projeto, cujo cálculo consiste no produto

6
Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em MBA
em Gestão de Negócios – 2018

do montante de energia gerada em cada período (em kWh) pela tarifa praticada pela
distribuidora de energia (em R$) e incidência dos impostos e taxas aplicáveis.
Para a correta estimativa dos valores a serem considerados, foi realizada uma análise
detalhada das últimas 12 faturas de energia elétrica da instalação, cuja finalidade foi o
levantamento geral do impacto financeiro gerado pelo sistema a ser implantado. Com base
na regulação vigente, foi verificada a modalidade tarifária à qual a unidade de consumo está
submetida e a respectiva tabela de preços divulgada pela concessionária de energia local. No
referido caso, o fornecimento se dá em 13,8 kV. Sendo assim, a unidade enquadra-se na
Grupo A, Subgrupo A4, conforme a Resolução Normativa ANEEL número 414/2010, que
corresponde a consumidores com fornecimento em média tensão. De posse desta tabela,
juntamente com o histórico de consumos de um ano, foram calculados os valores financeiros
referentes à geração de energia em horário fora de ponta, ao valor referente à demanda
(potência) da instalação, além do montante referente ao recolhimento de Imposto sobre a
Circulação de Mercadorias e Serviços [ICMS], Programas de Integração Social e de Formação
do Patrimônio do Servidor Público / Contribuição para Financiamento da Seguridade Social
[PIS/COFINS] e taxa de iluminação pública. As alíquotas aplicáveis a projetos desta natureza
são de 25% para ICMS, 9,25% para PIS/COFINS e 3% do valor do consumo referente à taxa
de iluminação pública.

Análise da viabilidade econômica

Para análise econômica do empreendimento, é preciso avaliar sua capacidade de


geração de caixa ao longo de sua vida útil, considerando a perda de valor do dinheiro, no
decorrer do tempo, em relação à data base da análise. De acordo com Assaf Neto (Assaf
Neto, 2018), a avaliação desses fluxos consiste na comparação dos valores presentes,
calculados segundo o regime de juros compostos, a partir de uma dada Taxa Mínima de
Atratividade [TMA], aplicada às entradas e saídas de caixa. Neste trabalho, foram utilizados
os métodos do Valor Presente Líquido [VPL], da Taxa Interna de Retorno [TIR] e “Payback”
simples e descontado, aplicando-se como TMA o rendimento médio atual de título público de
renda fixa em valores reais, ou seja, líquidos de inflação. Sendo assim, o estudo desconsidera
a incidência de índices inflacionários nos cálculos, tratando-se apenas de taxas reais. Para
tanto, as taxas adotadas são variações em relação ao índice inflacionário de referência, que
foi o Índice de Preços ao Consumidor Amplo [IPCA].
Para a determinação da TMA, utilizou-se como referência o título NTN-B Principal do
tesouro nacional, com vencimento para o ano de 2045, cuja remuneração é composta pelo
IPCA mais uma taxa prefixada. A escolha por este título como parâmetro para o custo de

7
Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em MBA
em Gestão de Negócios – 2018

oportunidade do capital investido se deve à característica de baixo risco dos títulos do tesouro,
sua remuneração real independente do IPCA e “duration” compatível com o ciclo de vida do
investimento objeto do presente estudo. Como o rendimento do título possui flutuação diária,
foi calculada a média dos rendimentos praticados no ano de 2018 até o dia 7 nov., que é a
data base da realização dos cálculos. Seguindo esta metodologia, a TMA adotada para este
estudo foi de 5,6% a.a, que corresponde à taxa real de rendimento do referido título. O estudo
não considerou a taxa referente ao imposto de renda aplicável ao rendimento do referido título.

Valor Presente Líquido

A análise pelo método do VPL consiste no cálculo da diferença entre todos os valores
presentes correspondentes à série de fluxos de caixa e o valor do fluxo de caixa inicial, ou
valor de investimento. Assim, o VPL é o valor presente da série completa dos fluxos de caixa
do projeto. A taxa de desconto aplicada para o cálculo é a TMA e o resultado positivo para o
VPL indica viabilidade econômica do projeto estudado.
Segue abaixo a fórmula (eq. 1) para o cálculo do VPL:

FC1 FC2 FC3 FCn


VPL= [ + (1+i)2 + (1+i)3 +…+ (1+i)n ] -FC0 (1)
1+i

onde, FC: é o fluxo de caixa no período analisado; e i: é igual à TMA.

Taxa interna de retorno

A TIR é igual à taxa que torna o VPL igual a zero. Esta taxa é a rentabilidade esperada
do projeto e, como parâmetro para a tomada de decisão, implica em investir-se no
empreendimento quando seu resultado é maior que a TMA. A seguir, é apresentada a fórmula
(eq. 2) da TIR:
FCt
VPL=-FC0 + ∑nt=1 =0 (2)
(1+TIR)t

onde, FC0: é o investimento inicial; e FCt: é o fluxo de caixa no período t.


É importante ressaltar que os fluxos de caixa projetados para empreendimentos desta
natureza são habitualmente expressos em base anual, visto que a vida útil dos
empreendimentos é de 25 anos. Neste trabalho, foi elaborado o fluxo de caixa detalhado para
o primeiro ano de operação da planta projetada e, em seguida, um fluxo de caixa completo,
para o ciclo de vida total de 25 anos do empreendimento.

8
Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em MBA
em Gestão de Negócios – 2018

“Payback” simples e descontado

O “Payback” consiste no prazo de recuperação do montante investido em um projeto.


Seu cálculo baseia-se na elaboração do fluxo de caixa acumulado, onde os períodos da série
de fluxos são somados sequencialmente, sendo determinado o período em que as receitas
superam o capital investido.
Quando se trata de “Payback” simples, a série de dados não considera o valor do
dinheiro no tempo. No “Payback” descontado, é considerado o efeito da taxa de desconto a
cada período inserindo no cálculo a variação do valor do dinheiro ao longo do tempo.

Histórico dos preços da energia

A proposta deste estudo considera valores livres da inflação, conforme observado no


item anterior. Contudo, em se tratando dos preços da energia elétrica no Brasil, é preciso
dedicar atenção ao histórico de altas das tarifas acima dos principais índices inflacionários do
país. Um fator importante é a indexação das tarifas ao Índice Geral de Preços do Mercado
[IGP-M], o qual sofre maior impacto da variação cambial quando comparado ao IPCA. Tal
índice é adotado nos cálculos de revisões tarifárias, pela regulação ANEEL, para proteger
capitais estrangeiros face a possíveis desvalorizações da moeda brasileira, o real. A
comparação entre as séries históricas destes dois índices durante as últimas duas décadas
mostra que o IGP-M possui média superior a 1,12% ao ano em relação ao IPCA. Além disso,
e com forte impacto nas tarifas, estão as questões de ordem técnica e regulatória já
mencionadas na introdução deste trabalho. Segundo estudo do Instituto Ilumina, as tarifas de
energia no Brasil subiram 50% acima do IPCA entre os anos de 1995 e 2017, o que resulta
em uma taxa real de elevação dos preços, da ordem de 1,86% ao ano.
Com base no exposto acima e visando aprimorar a presente análise, refletindo com a
máxima fidelidade possível as projeções reais das condições de contorno às quais o projeto
estará submetido, estipulou-se uma taxa de crescimento, em relação ao IPCA, a ser aplicada
na tarifa da energia considerada no projeto. A taxa adotada foi de 1% ao ano, mantendo-se
dentro de uma faixa conservadora, consideravelmente abaixo da taxa verificada nos históricos
e que não viria a distorcer muito positivamente os resultados alcançados.
É importante ressaltar que este parâmetro é mais uma fonte de significativa incerteza
no estudo, pois é de difícil estimativa e de forte impacto nos cálculos, resultando em riscos
para o investimento. Com o objetivo de mensurar os possíveis impactos desta variável, foi
elaborada uma etapa de análise da sensibilidade do retorno do investimento em função da

9
Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em MBA
em Gestão de Negócios – 2018

variabilidade desta taxa associada a outro importante risco mapeado neste trabalho, as
variações no montante de energia gerada pelo sistema. Para tanto, foi elaborada uma tabela
de dados e um estudo probabilístico acerca destas variabilidades, para mensuração dos
impactos na rentabilidade e do risco envolvido no investimento.

Estudo de sensibilidade e método de Monte Carlo

Como exposto nos itens anteriores, a performance do projeto em estudo é dependente


de algumas projeções que se baseiam em estimativas cujo grau de incerteza não deve ser
desconsiderado. Dentre todos os parâmetros que compõem os cálculos, há dois itens que
representam maior risco, devido a suas características estocásticas já abordadas
especificamente. São eles: a energia gerada pelo sistema projetado e o preço da tarifa da
energia. Para a correta mensuração dos riscos envolvidos, elaborou-se uma análise de
sensibilidade, sob a forma de tabela de dados, cujo objetivo foi avaliar o impacto destas
variações no VPL do projeto e um estudo probabilístico, simulando uma grande diversidade
de cenários possíveis e mensurando estatisticamente os retornos (TIR) apresentados.
Simulação de Monte Carlo é uma técnica baseada na geração de números aleatórios
e na teoria da probabilidade para resolver problemas que normalmente são difíceis de resolver
utilizando outras técnicas (Crundwell, 2008). Para a análise de risco do projeto, utilizou-se o
método de Monte Carlo, onde foram gerados aleatoriamente os valores de energia gerada e
comportamento da tarifa, os quais impactaram no fluxo de caixa e, consequentemente, na TIR
do projeto. Foi considerada uma distribuição normal das probabilidades de ocorrência dos
valores, que pode ser modelada utilizando-se a média e o desvio padrão das variáveis, de
acordo com o Teorema do Limite Central. Para determinação destas grandezas, foram
utilizadas as séries históricas registradas para estes parâmetros. Foram simulados 500
cenários e seus resultados escalonados em 12 blocos. Estes dados foram organizados em
um histograma, permitindo a visualização das probabilidades de ocorrência da TIR e
respectiva análise acerca do risco do projeto.

Resultados e Discussão

Análise técnica – estimativa de geração de energia

A estimativa de geração de energia para o primeiro ano de operação da planta foi de


125.968,54 kWh. Tal resultado foi calculado considerando os valores médios históricos da
irradiação solar verificada na localização geográfica do empreendimento e as especificações

10
Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em MBA
em Gestão de Negócios – 2018

técnicas do projeto. O sistema foi dimensionado com 240 painéis fotovoltaicos de 320 kWp
cada um e três inversores de frequência de 25 kW cada, totalizando 75 kWp de potência
instalada. A área de captação de irradiação é de aproximadamente 465,7 m2 e a eficiência
global do sistema é de 16,1%.
Os dados históricos da energia solar disponível e a respectiva geração de energia
calculada mensalmente para um ano estão listados na Tabela 1.

Tabela 1. Estimativa da geração de energia em um ano


Irradiação solar diária média Energia gerada*
2 -1 -1
Meses (kWh m dia ) (kWh)
Janeiro 4,25 9.870,56
Fevereiro 4,46 9.355,87
Março 4,25 9.870,56
Abril 4,60 10.338,80
Maio 4,27 9.917,01
Junho 4,50 10.114,04
Julho 4,65 10.799,55
Agosto 5,12 11.891,12
Setembro 5,07 11.395,16
Outubro 5,02 11.658,87
Novembro 4,73 10.630,98
Dezembro 4,36 10.126,03
Total 125.968,54
Fonte: Resultados originais da pesquisa
Nota: * Os valores de eficiência do sistema e da energia gerada apresentados neste item
referem-se apenas ao primeiro ano de operação do sistema. Para os 25 anos de vida útil do
projeto, foi considerada uma perda anual de eficiência nos painéis solares, da ordem de 0,5%,
o que ocasiona um decaimento da energia gerada ao longo do tempo.

Valor do investimento

O custo de investimento em um sistema fotovoltaico engloba a aquisição dos


equipamentos, entre os quais estão: painéis fotovoltaicos, inversores de frequência, sistemas
de proteção, cabos e conexões; além das estruturas de suporte aos painéis e serviços de
engenharia. Para este estudo, foi considerado o menor entre três valores de propostas
técnicas analisadas, as quais atendiam integralmente aos requisitos exigidos. O valor do
investimento é de R$ 525.000,00, pagos em parcela única, no período zero do fluxo de caixa.
O presente estudo não considera financiamento, sendo todo o investimento proveniente de
capital próprio.

Fluxo de caixa

11
Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em MBA
em Gestão de Negócios – 2018

Com base na estrutura tarifária aplicável à instalação e no estudo das faturas de


energia dos últimos 12 meses, foram calculados os impactos financeiros a serem auferidos
com a projeção de geração de energia apresentada no item anterior.
A Tabela 2 apresenta os valores consolidados do primeiro ano de operação, onde é
projetada uma redução do valor da fatura, a qual denominou-se “benefício na fatura”, onde
somam-se os valores relativos a consumo de energia, demanda de potência elétrica, adicional
de bandeira tarifária, taxa de iluminação pública e impostos.

Tabela 2. Fluxo de caixa no primeiro ano do projeto (projeto 1)


Benefício na fatura (consolidado de um ano – período 1)
+ Consumo (R$) 29.292,73
+ Demanda (R$) 15.429,97
+ Adicional bandeira tarifária (R$) 1.751,45
+ Iluminação pública (3% do consumo) 878,78
+ PIS/COFINS (9,25%) 4.826,61
+ ICMS (25%) 17.393,18
+ Benefício total (R$) 69.572,71
(-) Despesas de manutenção (OPEX)* (1% do investimento - R$) (5.250,00)
Fluxo de caixa 64.322,71
Fonte: Resultados originais da pesquisa
Nota: *Para as despesas com operação e manutenção [O&M] do sistema foi considerado um
valor anual de 1% do investimento referente à implantação do sistema fotovoltaico.

Com base na Tabela 2, foi estruturado o fluxo de caixa para a vida útil completa do
projeto, em base anual, por 25 anos. Neste fluxo, demonstrado na Tabela 3, estão
contemplados o investimento inicial (CAPEX), os resultados verificados a cada período
conforme a Tabela 2 e o investimento na substituição dos inversores no período 12.
A Tabela 3 demonstra ainda o acúmulo de fluxo de caixa simples e o mesmo acúmulo
descontado à TMA, permitindo assim a verificação do “Payback” simples e do “Payback”
descontado do projeto. Outro importante parâmetro calculado através do fluxo de caixa foi o
custo do MWh produzido durante toda a vida do empreendimento.

Tabela 3. Fluxo de caixa do projeto (continua)


Anos Benefício (+) Despesas (-) FC(1) (R$) FCA(2) simples FCA(2) descontado
0 0,00 525.000,00 -525.000,00 -525.000,00 -525.000,00
1 69.572,71 5.250,00 64.322,71 -460.677,29 -464.088,34
2 69.917,10 5.250,00 64.667,10 -396.010,19 -406.098,01
3 70.261,41 5.250,00 65.011,41 -330.998,77 -350.890,54
4 70.605,62 5.250,00 65.355,62 -265.643,15 -298.333,94
5 70.949,69 5.250,00 65.699,69 -199.943,46 -248.302,41
6 71.293,58 5.250,00 66.043,58 -133.899,88 -200.676,09
7 71.637,25 5.250,00 66.387,25 -67.512,62 -155.340,70
Tabela 3. Fluxo de caixa do projeto

12
Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em MBA
em Gestão de Negócios – 2018

(conclusão)
(1) (2) (2)
Anos Benefício (+) Despesas (-) FC (R$) FCA simples FCA descontado
8 71.980,67 5.250,00 66.730,67 -781,96 -112.187,39
9 72.323,79 5.250,00 67.073,79 66.291,83 -71.112,39
10 72.666,57 5.250,00 67.416,57 133.708,41 -32.016,83
11 73.008,98 5.250,00 67.758,98 201.467,39 5.193,52
12* 73.350,97 63.120,00* 10.230,97 211.698,36 10.513,99
13 73.692,50 5.250,00 68.442,50 280.140,86 44.219,04
14 74.033,52 5.250,00 68.783,52 348.924,38 76.295,73
15 74.374,00 5.250,00 69.124,00 418.048,38 106.821,74
16 74.713,88 5.250,00 69.463,88 487.512,26 135.871,08
17 75.053,12 5.250,00 69.803,12 557.315,38 163.514,28
18 75.391,68 5.250,00 70.141,68 627.457,05 189.818,51
19 75.729,50 5.250,00 70.479,50 697.936,55 214.847,79
20 76.066,53 5.250,00 70.816,53 768.753,08 238.663,10
21 76.402,74 5.250,00 71.152,74 839.905,82 261.322,55
22 76.738,06 5.250,00 71.488,06 911.393,88 282.881,49
23 77.072,45 5.250,00 71.822,45 983.216,33 303.392,64
24 77.405,85 5.250,00 72.155,85 1.055.372,19 322.906,25
25 77.738,22 5.250,00 72.488,22 1.127.860,41 341.470,16
Fonte: Resultados originais da pesquisa
Nota: (1) fluxo de caixa [FC]; (2) fluxo de caixa acumulado [FCA]. *No período 12 do fluxo de
caixa há um investimento de R$ 57.870,00 para a substituição dos três inversores de
frequência, conforme a vida útil prevista destes equipamentos. A evolução tecnológica tende
a reduzir os preços destes equipamentos, contudo, este efeito não foi previsto neste trabalho.

Análise econômica

A Tabela 4 lista os indicadores calculados com base no fluxo de caixa do projeto.

Tabela 4. Indicadores econômicos do projeto


Indicadores Valores
Valor Presente Líquido [VPL] (R$) 341.470,16
Taxa Interna de Retorno [TIR] 11,53%
“Payback” simples 9 anos
“Payback” descontado 11 anos
Custo do MWh gerado (R$) 211,07
Fonte: Resultados originais da pesquisa

Calculado à uma TMA de 5,6% a.a, o VPL do projeto foi positivo, com o valor de R$
341.470,16, demonstrando que o investimento é viável do ponto de vista econômico e a
decisão a ser tomada deve ser favorável ao investimento.
A TIR encontrada foi de 11,53%, a qual possui boa margem de tolerância acima da
TMA, indicando um risco relativamente baixo para o projeto. Já o valor do MWh gerado pelo
sistema foi de R$ 211,07, o qual também apresenta boa margem em relação ao valor pago

13
Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em MBA
em Gestão de Negócios – 2018

atualmente à concessionária de energia local, que é da ordem de R$ 552,30. Tais resultados,


assim como verificado no VPL, apontam favoravelmente à decisão de investimento no
empreendimento. O tempo de “Payback” simples foi de nove anos, e de “Payback” descontado
de 11 anos, ambos abaixo do tempo total de vida do projeto.
A taxa de retorno encontrada foi bastante similar a outros estudos realizados sobre o
tema. A TIR encontrada por Schneider (2018) foi de 12%, para um projeto de porte similar em
Florianópolis-SC. Para projeções de aumento de tarifa equivalentes às estudadas neste
trabalho, os resultados de Schneider também foram similares. A localização do
empreendimento exerce influência substancial nos resultados, pois políticas locais de
incentivos ou diferenças nas alíquotas de impostos afetam o benefício a ser considerado no
estudo. A localização geográfica também influencia nos custos de investimento, por conta da
distância dos fabricantes e custos de frete e deslocamento de equipes. Além desses
parâmetros, os índices de incidência solar também são diretamente relacionados à localidade
em que a planta se encontra. Em todos estes quesitos, o estado do Acre representa
desvantagens (Dantas, 2018) a serem superadas na busca pela viabilidade econômica do
projeto. Outro resultado comparado foi o de Dassi (2015), que encontrou TIR igual a 10,89%.
Neste caso, também localizado em Santa Catarina, o retorno inferior ao presente trabalho
pode ser atribuído à data de elaboração do estudo, em 2015, pois os avanços tecnológicos e
ganhos de escala de produção vêm resultando em redução significativa de preços dos
equipamentos utilizados.
Apesar dos resultados favoráveis apresentados pelos indicadores econômicos
relatados acima, considerando a longa vida útil do empreendimento e as incertezas de
algumas projeções intrínsecas à natureza do projeto, é preciso analisar tais resultados sob a
ótica da análise de risco. Sendo assim, realizou-se uma análise de sensibilidade com objetivo
de mensurar o risco do projeto ante as incertezas acerca de duas importantes variáveis e suas
estimativas consideradas no estudo. Para tanto, primeiramente elaborou-se uma matriz de
dados, com os cálculos do VPL, em milhares de reais, frente às variações de geração de
energia e da tarifa da eletricidade. A Tabela 5 demonstra tais resultados, onde as linhas variam
conforme a geração de energia, em intervalos de 5%, e as colunas conforme a tarifa, em
intervalos de 1%.

14
Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em MBA
em Gestão de Negócios – 2018

Tabela 5. Análise de sensibilidade do valor presente líquido [VPL] em função de variações


da geração e da tarifa
VPL Estimativa de geração anual de energia (MWh)
(milhares R$) -15% -10% -5% 125,9 +5% +10% +15%
-3% -43,3 -9,1 25,1 59,3 93,5 127,7 162,0
Variação da tarifa em
relação ao IPCA(1)

-2% 5,6 42,7 79,8 116,9 154,0 191,1 228,2


-1% 61,2 101,5 141,9 182,3 222,6 263,0 303,3
0% 124,4 168,5 212,5 256,6 300,7 344,8 388,8
1% 196,5 244,8 293,2 341,5 389,8 438,1 486,4
2% 279,0 332,2 385,3 438,5 491,7 544,8 598,0
3% 373,6 432,3 491,0 549,7 608,5 667,2 725,9
4% 482,2 547,3 612,4 677,5 742,6 807,8 872,9
5% 607,2 679,7 752,1 824,6 897,1 969,5 1.042,0
Fonte: Resultados originais da pesquisa
Nota: (1) Índice de Preços ao Consumidor Amplo [IPCA]

Este estudo demonstrou que o projeto encontra viabilidade econômica mesmo com
queda real de 2% da tarifa de energia concomitantemente com uma geração de energia 15%
menor que a estimada, por exemplo. Desta forma, constatou-se que, para a maioria das
situações de variação das duas principais variáveis de longo prazo estimadas no projeto, o
VPL encontrado permanece positivo. Contudo, para melhor mensuração dos riscos envolvidos
no projeto, foi elaborado adicionalmente um estudo probabilístico acerca destas variações e
seus respectivos impactos na rentabilidade do projeto.
Para esta etapa da análise de viabilidade foi aplicado o método de Monte Carlo para
projeção de cenários baseados nas probabilidades aplicáveis às duas variáveis críticas já
mencionadas. Foram realizadas 500 iterações, considerando para a modelagem das variáveis
as seguintes premissas:
• Para a geração de energia, utilizou-se a série histórica de dados de irradiação solar na
região, calculando-se a média e o desvio padrão verificados.
• Para a tarifa de energia, foram adotadas as séries históricas do IGP-M em comparação ao
IPCA, considerando a média e o desvio padrão correspondentes.
• Para ambas as variáveis se considerou uma distribuição normal de probabilidade.
A Figura 1, apresentada abaixo, ilustra os resultados encontrados nas simulações.

15
Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em MBA
em Gestão de Negócios – 2018

25%
20,80%
19,60%
20%
17,00%
Freqüência

15%
10,80% 11,40%
10%
5,80% 5,40%
5% 2,80%
0,40% 0,40% 1,00% 0,60%
0%
-2,0% 0,3% 2,9% 5,5% 8,1% 10,7% 13,3% 15,9% 18,5% 21,1% 23,7% 26,3%
Valores taxa interna de retorno [TIR]

Fonte: Resultados originais da pesquisa


Nota: As colunas na cor azul representam os casos onde o projeto apresenta viabilidade
econômica, enquanto que as colunas em vermelho são os casos onde o projeto é inviável,
apresentando TIR abaixo da TMA

Os resultados encontrados na aplicação das simulações pelo método de Monte Carlo


indicaram 20,8% de probabilidade do projeto apresentar o retorno calculado
deterministicamente neste estudo. Além disso, apontam 38% de chances de obtenção de taxa
de retorno ainda maior do que a prevista. Acerca do risco de apresentar inviabilidade, a
probabilidade encontrada é da ordem de 10%, indicando que em 90% das simulações o
projeto é viável. Tais resultados se mostram favoráveis à tomada de decisão pelo
investimento, ratificando o panorama apresentado pelo estudo determinístico.

Conclusões

A geração distribuída de energia elétrica utilizando a fonte solar é economicamente


viável na região Norte do Brasil, considerando a regulação vigente, na modalidade de
compensação de energia. A análise probabilística demonstrou uma boa confiabilidade das
estimativas consideradas nos estudos determinísticos, indicando que o projeto possui baixo
risco, apesar do longo ciclo de vida útil.

Referências

Agência Nacional de Energia Elétrica [ANEEL]. 2010. Resolução Normativa Nº 414 de 9 de


setembro de 2010. Disponível em:
<http://www.aneel.gov.br/documents/656877/14486448/bren2010414.pdf/3bd33297-26f9-
4ddf-94c3-f01d76d6f14a?Version=1.0>.

16
Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em MBA
em Gestão de Negócios – 2018

Agência Nacional de Energia Elétrica [ANEEL]. 2012. Resolução Normativa Nº 482 de 17 de


abril de 2012. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2012482.pdf>.

Agência Nacional de Energia Elétrica [ANEEL]. 2015. Resolução Normativa Nº 687 de 24 de


novembro de 2015. Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2015687.pdf>.

Agência Nacional de Energia Elétrica [ANEEL]. 2018. Banco de Informações de Geração


[BIG] – ANEEL. Disponível em:
<http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.cfm>.

Assaf Neto, A. 2018. Matemática Financeira e suas Aplicações. 1ed., edição universitária
customizada, São Paulo.

Centro de Pesquisas de Energia Elétrica [CEPEL] - Centro de Excelência para as Energias


Solar e Eólica Sérgio de S.Brito [CRESESB]. Banco de Dados CRESESB – CEPEL –
Potencial Solar SunData v 3.0. Disponível em:
<http://www.cresesb.cepel.br/index.php?section=sundata>.

Crundwell, Frank. 2008. Finance for Engineers: evaluation and funding of capital projects.
Springer – Verlag, London Limited, London.

Dantas, S.G.; Pompermayer, F.M. 2018. Viabilidade econômica de sistemas fotovoltaicos no


Brasil e possíveis efeitos no setor elétrico. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada [IPEA]
2018. Disponível em: <http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8400/1/TD_2388.pdf>.

Dassi, J.A.; Zanin, A.; Bagatini, F.M.; Tibola, A.; Barichello, R.; Moura, G.D.M. 2015. Análise
da viabilidade econômico-financeira da energia solar fotovoltaica em uma Instituição de
Ensino Superior do Sul do Brasil. In: XXII Congresso Brasileiro de Custos, 2015, Foz do
Iguaçu, PR, Brasil. Anais do XXII Congresso Brasileiro de Custos.

Empresa de Pesquisa Energética [EPE]. 2016. Estudos da Demanda de Energia – Nota


Técnica DEA 13/15 – Demanda de Energia 2050. Disponível em:
<http://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-
abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-227/topico-202/DEA%2013-
15%20Demanda%20de%20Energia%202050.pdf>.

Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético – Ilumina. Disponível em:


<http://www.ilumina.org.br>.

Ministério de Minas e Energia [MME] - Programa Nacional de Energia Elétrica [PROCEL].


2011. Manual de Tarifação de Energia Elétrica, agosto de 2011. Disponível em:
<http://www.mme.gov.br/documents/10584/1985241/Manual%20de%20Tarif%20En%20El%
20-%20Procel_EPP%20-%20Agosto-2011.pdf>.

Ministério do Meio Ambiente [MMA]. Contribuição Nacionalmente Determinada (intended


Nationally Determined Contribution – iNDC) - BRASIL-iNDC – Acordo de Paris.
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/comunicacao/item/10570-indc-
%20contribui%C3%A7%C3%A3o-nacionalmente-determinada>.

Ministério do Meio Ambiente [MMA]. Documento-Base para subsidiar os diálogos


estruturados sobre a elaboração de uma estratégia de implementação e financiamento da
contribuição nacionalmente determinada do Brasil ao Acordo de Paris - NDCDocBase -
Acordo de Paris. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/images/arquivos/clima/ndc/NDCDocBase.pdf>.

17
Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em MBA
em Gestão de Negócios – 2018

Operador Nacional do Sistema Elétrico [ONS]. 2018. Previsão de Carga para o


Planejamento Anual 2018-2022 - Previsões de Energia 2018-2022. Disponível em:
<http://www.ons.org.br/AcervoDigitalDocumentosEPublicacoes/Previs%C3%B5es%20de%2
0energia%20%282018-2022%2908-12-2017%28site%29.xls>.

Pinho, J.T.; Galdino, M.A. 2014. Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos. Grupo
de Trabalho de Energia Solar – GTES - CEPEL - DTE – CRESESB. Disponível em:
<http://www.cresesb.cepel.br/publicacoes/download/Manual_de_Engenharia_FV_2014.pdf>.

Rolim, G.D; Brennand, L.J.P; Perruci, V.P; Medeiros, L.H.C; Vilela, O.C; Costa, A.C.A. 2018.
Uma análise estatística com emprego de técnicas de regressão linear múltipla para a
suavização da variabilidade da regação solar fotovoltaica em larga escala conectada ao SIN.

Schneider, K; Sorgato, M.J.; Rüther, R. 2018. Viabilidade técnica e econômica da aplicação


de módulos fotovoltaicos (FV) de telureto de cádmio (CdTe) em fachadas opacas de um
edifício comercial de escritórios. Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de
Engenharia Civil, Centro de Pesquisa e Capacitação em Energia Solar da UFSC.

18

Você também pode gostar