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Teoria Do Monólogo Compartilhado - Julio Sampaio

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Teoria do Monólogo Compartilhado

Sampaio, Júlio César da Fonseca

"Diálogo não existe. Uma conversa entre duas pessoas é impossível. Você
conversa sozinho. Essa ideia de diálogo é errônea. Monólogo
Compartilhado, essa é a minha definição para uma suposta conversa entre
duas pessoas."

Não existe diálogo


Diálogo, segundo o dicionário “Fala interativa entre duas ou mais pessoas;
conversa. Troca de ideias; discussão que busca um acordo entre as partes”
Um diálogo dá ideia de dois, na prática está correto, são duas pessoas
transmitindo e recebendo mensagens através da linguagem de todas suas
naturezas. Portanto, quando se fala em conversa entre duas pessoas, se
tem a noção de que, enquanto um fala, o outro recebe da forma que o
outro disse e quando o outro responde, se baseia na resposta que a
mensagem inicial fora recebida. Isso não ocorre. A recepção e a
transmissão da mensagem através da linguagem são emitidas e recebidas,
baseadas exclusivamente em quem a recebeu ou transmitiu. O outro não
tem participação nenhuma no conteúdo da transmissão e na forma que
foi recebida a transmissão dessas mensagens. Aliás, tem, mas a forma de
como ele é visto, parte do sujeito, ele que cria a forma do outro em
relação a ele. – A recepção das mensagens em uma conversa é filtrada
pelos preconceitos, experiências e expectativas do sujeito. Quando uma
pessoa recebe uma mensagem, ela não a interpreta de maneira neutra,
mas através de um filtro pessoal. Esse filtro é composto por suas crenças,
preconceitos, experiências passadas e estado emocional atual. Por
exemplo, se alguém está em um estado emocional negativo, é mais
provável que interprete uma mensagem de maneira negativa,
independentemente da intenção original do emissor. A empatia numa
conversa é muitas vezes vista como a capacidade de compreender e
partilhar dos sentimentos do outro. No entanto, sob a ótica do Monólogo
Compartilhado, a empatia é limitada. O que consideramos empatia é, na
verdade, uma projeção dos nossos próprios sentimentos e experiências
sobre o outro. Assim, a empatia se torna mais uma reflexão do Eu do que
uma verdadeira compreensão do outro.

Você conversa sozinho


Quando você conversa com alguém, você está conversando com você
mesmo. Quando o sujeito fala, o outro recebe essas mensagens de acordo
com a imagem que o sujeito criou do outro. O sujeito também usa o outro
como uma espécie de ferramenta, onde ele a utiliza como um meio de
afirmação de suas certezas, usando o outro para retirar possíveis dúvidas
sobre; sua suposta sabedoria adquirida, algum conceito sobre algo ou
sobre ele mesmo. As perguntas socráticas ocorrem dessa forma. “Você
realmente escuta ou só espera sua vez de falar?” Essa frase elucida bem
esse conceito, no momento que o sujeito está transmitindo uma
mensagem ao outro, o outro escuta e seleciona o que ele vai ouvir, o que
não for de compatibilidade com seus pensamentos, crenças, é
automaticamente eliminado e por vezes, se constrói emoções negativas
podendo haver uma discussão calorosa e até ofensiva de ambas as partes.
Quando há uma discussão causada por conflitos de ideias, o sujeito envia
suas mensagens baseando-se apenas em suas crenças e recebe e a
interpreta também pelo mesmo modo, se baseando apenas em suas
crenças, não é levado em conta a intenção por trás do conteúdo enviado
pelo outro. Em outras palavras, no momento da transmissão da
mensagem do sujeito para o outro nesse período, o outro está
construindo uma narrativa de resposta baseando-se apenas em suas
crenças e de como ele interpreta o outro e quais as emoções geradas a
partir do outro. Durante uma conversa, quando o outro concorda com
algo que o sujeito disse, o outro está concordando com ele mesmo. O
modo que o sujeito interage com o outro, tem a ver com o conteúdo do
significado que o sujeito criou do significante que é o outro. Em uma
conversa, se o sujeito está em um temperamento, em um estado de
espírito positivo, alegre, feliz, a interpretação das mensagens recebidas
pelo outro pode ser diferente, essa é a maior prova de que o outro não
altera em nada sua interpretação, maior prova que o sujeito conversa
sozinho, tudo é criado pelo sujeito. A interpretação das mensagens e o
modo que foi criado o Significante do Significado, que é o outro,
dependerá exclusivamente do sujeito.

Significante e Significado

Considere Significado e o Significante definido pelas seguintes afirmações:


Significado é o outro com quem o sujeito inicia uma conversa. Significante
é a construção da interpretação que o sujeito faz do Significado, quais são
as emoções que o Significado desperta no outro, isso influencia a forma
com que ele irá receber a mensagem enviada pelo Significado. – Como se
cria o Significante? Ele se cria a partir das emoções que foram despertadas
nos envolvidos em uma conversa. O outro cria um significante do
significado, na construção desses significantes, se leva em conta vários
fatores subjetivos do sujeito para com o outro como suas crenças,
princípios morais, compatibilidade de pensamento entre o sujeito e o
outro, a simpatia que um tem pelo outro, tudo isso definirá o modo que o
sujeito irá receber a mensagem enviada do outro e quais as emoções que
nela são geradas quando eles se comunicam. Como diz a frase. “Não
importa o que disseram, mas quem disse” alguém pode dizer algo muito
bom, positivo, mas se o sujeito não gostar do outro, tiver emoções
negativas em relação a ele, o conteúdo da mensagem recebida terá
rejeições e negativismo na interpretação. – Como se cria o Significado? O
Significado é a figura do outro. Especificando: quando digo o outro, não
estou querendo dizer do O Grande Outro, conceito de Lacan para a
definição do inconsciente, aquele que para nós é indefinido sua natureza,
se coloca perante nós diferente, oposto, que não nos pertence, que não
faz parte do nosso pensamento ou vontade, que não nos representa.
Portanto, seguindo essa linha lacaniana, o outro, não O Grande Outro, é
algo similar a nós, o outro não faz o papel do oposto, do diferente, mas
sim, do similar. Logo, quando interagimos com outro, não estamos
interagindo com algo diferente, estamos nos relacionando com algo
parecido com nós, mas ao mesmo tempo diferente do conteúdo das ideias
que enviamos, comparando com as que recebemos.

A quebra do Significante
Aquele tipo de conversa em que um fica concordando com outro a todo
momento, poderá ocorrer por dois motivos: por conveniência, que se
baseia na falsidade para que o sujeito consiga algo que ele queira do
outro. E também pode ocorrer em que chamo de Dissolução ou
Reconstrução do Significante, em que alguns momentos ocorrerá a
dissolução ou a reconstrução do Significante que o outro fez do
Significado, ou seja, houve uma compatibilidade de conteúdo de suas
crenças em relação ao conteúdo das mensagens recebidas do outro e
deixa livre recepção da mensagem, isso ocorre quando há uma
compatibilidade muito grande em certos tipos de ideias, podendo ser
construído nesse momento, uma verdadeira amizade, onde se cria e se
conquista uma confiança. Isso nos leva a pensar que uma amizade não é
aceitação da ideia do outro, no fundo, uma amizade é quando o outro é
compatível com seus pensamentos e crenças, no geral, vemos que tudo
partirá e dependerá do sujeito, nada o outro tem participação ou
influência na decisão e na criação do Significante do Significado. Um
exemplo bem clássico de como essa Dissolução ou Reconstrução do
Significante ocorre; quando um sujeito fala mal de um terceiro onde o
outro também não se simpatiza com o terceiro. Essa é a clássica forma de
Dissolução ou Reconstrução do Significante que o sujeito fez ou fará do
Significado, que é o outro.

O poder está em você


Uma conversa entre duas pessoas só seria possível se o outro, ao receber
a mensagem, não tivesse nenhum julgamento sobre o conteúdo das
mensagens, que elas não alterassem em nada seu emocional, que as
ideias fossem 100% compatíveis com o outro, se não houvesse nenhuma
dissonância de ideias, e isso, todos nós sabemos que é impossível. A frase
“A raiva que o outro desperta em você, fala mais sobre você, do que o
outro” ou “Quando você fala mal de alguém, isso revela mais sobre você
do que o outro”. Podemos perceber que tudo depende de nós, nós somos
responsáveis pelo que falamos, o que falamos e como recebemos o que
ouvimos. O poder central está em nós, por isso o autoconhecimento é
fundamental para uma boa saúde mental.
Relação interpessoal
Vamos falar sobre relação interpessoal na dimensão da linguagem, sem
envolver as emoções despertadas. A relação interpessoal através da
linguagem nos difere de outros seres, através dela que expressamos o que
queremos dizer e o que sentimos. A interação com o outro, dentro da
psicanálise, define que é uma das formas da criação do Eu. Dentro da
ciência moderna, é de ciência de todos que é fundamental para uma boa
saúde mental, uma relação interpessoal saudável. O cérebro foi criado
para se socializar, faz bem a ele, aumenta sua neuroplasticidade. Um
estudo científico revelou através da pergunta: "qual a lembrança mais feliz
que você se recorda?" a maioria respondeu que foram momentos com
outra pessoa, ou seja, momentos onde existia uma relação interpessoal.
As relações interpessoais também se baseiam fortemente na
compatibilidade percebida entre os indivíduos, que, é na verdade uma
compatibilidade entre as interpretações que cada um faz do outro.
Amizades e parcerias se formam quando há uma alta compatibilidade
entre os significantes criados por cada um. Ou seja, as relações
duradouras ocorrem quando as interpretações que fazemos dos outros
reforçam e complementam nossas próprias crenças e sentimentos.

A criação do Eu
Segundo a psicanálise, a criação do Eu se dá em primeira instância, a partir
do outro, iniciando o narcisismo primário, como exemplo podemos citar o
momento em que o adulto encosta o dedo no nariz da criança e a criança
percebe que o outro também tem um nariz igual, onde ela começa a
reparar a semelhança do outro para com ela e começa a criar a imagem de
si em sua psique, se inicia a criação do Eu. Logo depois, concluindo a
construção do Eu, temos os 3 estádios do espelho, quando o sujeito se
olha no espelho, o primeiro estádio, através da visão da sua imagem
refletida, ele não se reconhece, no segundo estádio, ele se confunde, há
uma indefinição do sujeito sobre a imagem vista, ele não sabe ao certo se
é ele ou não, e no terceiro estádio ele se identifica com a imagem
refletida, existe a certeza de que a imagem refletida é dele. Podemos
perceber que o outro é fundamental para o sujeito na criação e também
na manutenção do seu Eu, da sua existência.
Dependente Existencial
Quando a formação do ego é má formada, se cria no sujeito que chamo de
Dependência Existencial. O Dependente Existencial necessita do outro
para se existir, para se perceber. Em uma conversa com um Dependente
Existencial, o outro envia uma mensagem a ele e ele a recebe com a
intenção de agradar o outro, como expliquei acima onde não existe um
diálogo, ocorre da mesma forma no Dependente Existencial, só que ele
recusa sua interpretação subjetiva, não é relevante em seu julgamento
nas mensagens recebidas, somente no conteúdo das suas mensagens
enviadas ao outro que são pensadas para agradar. São pessoas conhecidas
como "sem personalidade" "sem opinião própria," diferente daquelas
pessoas que os outros consideram ter uma personalidade forte. O
Dependente Existencial depende do outro para existir e faz de tudo para
que esse laço não seja quebrado, com isso, ele concorda com tudo que é
recebido mesmo quando há uma dissonância de ideias dele para com o
outro. A criação do ego mal formado causa timidez, baixa autoestima e
até mesmo desvio de caráter. Uma conversa com um Dependente
Existencial é uma conversa onde o outro envia sua mensagem e o
Dependente Existencial busca uma saída, durante uma relação
interpessoal, para não se revelar, para não deixar claro sua fragilidade que
se baseia na sensação que ele tem de não existir, de não se colocar
perante o outro como outro, como alguém que fará com que o outro
perceba nele uma semelhança ou distinção, isso fica indefinido na mente
do Dependente Existencial, ele busca sua existência através do outro e se
coloca sempre na posição inferior, subserviente ao outro.

Analogia da Bolinha na parede


Essa analogia elucida a parte emocional e simbólica da teoria. Vamos
considerar o Sujeito como o lançador da bolinha e o Outro como o
receptore e o que devolve a bolinha lançada. Vamos imaginar uma
conversa entre duas pessoas e ao mesmo tempo: Pense em uma parede
em frente a você, na qual você lança uma bolinha de tênis e a recebe de
volta. Essa parede pode estar pintada de branco ou vermelha ou incolor
A parede pode ser pintada pelo outro ou pelo sujeito ou pelos dois. A
parede representa o outro, e a cor da parede representa como o sujeito
vai receber o retorno da bolinha ou não , depende da interpretação do
sujeito. Que seria baseado na cor, branco para interpretações positivas e
vermelho para negativas. A bolinha simboliza as mensagens trocadas.
Parede incolor:
Se a parede não tem cor, significa que o outro considera que a pessoa não
traz riscos a ela, não contraria suas ideias e não faz repreensões nas
recebidas. Uma pessoa com uma parede sem cor pode ter duas principais
motivações: a do Dependente Emocional, uma pessoa sem personalidade
forte, sem ideias próprias, sem pensamento crítico, por vezes com um Q.I.
abaixo da média. Esses motivos são subjetivos. Outra possibilidade é a má
interpretação do sujeito. Por exemplo, quando julgamos uma pessoa de
um jeito que ela não é. Pode ser uma pessoa dissimulada, trapaceira, que
concorda com tudo para agradar e obter algo em troca. Contudo, se esse
for o caso, em algum momento a parede revela sua verdadeira cor. Isso
ocorre quando o sujeito pinta sua parede de branco e o outro também
pinta a parede do sujeito de branco.
Parede branca:
Quando o sujeito pinta a parede do outro de branco, ele retorna
conteúdos agradáveis, conversas, ideais e críticas que estão alinhados com
os do sujeito. Esses são os amigos, amigas, pessoas em quem confiamos,
que amamos e gostamos. A pessoa lança a bolinha branca e ela volta da
mesma cor. No entanto, também discutimos com quem amamos, e por
vezes essas pessoas não medem palavras. A diferença é que a parede não
muda de cor porque o sujeito ama a pessoa e sabe, em sua consciência,
que ela não quer o seu mal, que suas intenções são boas. No final, quem
decide a cor da parede do outro é a interpretação que fazemos das
intenções por trás das palavras do outro. Às vezes, ele lança até uma
bolinha vermelha, mas o outro é condescendente, pacífico, não gosta de
discussão e, então, ocorre o que chamamos popularmente de ceder. O
outro cede às imposições de ideias do sujeito, retorna a bolinha vermelha
recebida em branca, e o sujeito fica agradado. Esse evento é comum em
relacionamentos, mas é um dos motivos de términos, pois uma hora se
esgota a transformação da bolinha vermelha recebida em bolinha branca.
O sujeito pode projetar uma parede branca, sendo a verdade vermelha, e
receber a bolinha branca por alguns motivos: o outro está sendo falso por
alguma necessidade de atenção, medo de perder a pessoa, de ficar
sozinho, ou por tolerância por ser filho ou filha. Porém, em algum
momento, a parede demonstra sua verdadeira cor.
Parede vermelha:
Quando o sujeito pinta a parede do outro de vermelho, a conversa está
desagradável, com controvérsias e julgamentos por parte do outro, assim
percebido pelo sujeito. Quando o sujeito pinta a parede do outro de
vermelho, por vezes ela era branca e se tornou vermelho por vários
motivos: um pegou raiva do outro por alguma coisa ou viraram inimigos
por algum motivo. Portanto, não importa a cor verdadeira da parede; uma
vez pintada de vermelho pelo sujeito, os conteúdos que ele vai receber
não serão agradáveis. Contudo, um sujeito pode pintar de vermelho a
parede do outro, sendo que ela não é vermelha, o que pode ser
passageiro, devido a um estado emocional abalado naquele momento, ou
pode ser permanente se não houver uma mudança de paradigma sobre a
outra pessoa. Também pode ocorrer o que na psicanálise chamamos de
Projeção, quando temos algo desagradável em nossa personalidade que
não assumimos, pois se o fizermos, nosso ego sofrerá. Então, para fugir
desse sofrimento, projetamos essas características em outras pessoas: é o
mal-educado que se acha educado e julga todos como mal-educados; é o
agressivo que se acha calmo e julga todos como agressivos. No fundo,
independente da cor com que pintamos a parede do outro, é uma
projeção emocional nossa, para o bem ou para o mal. Se estamos bem
conosco, vemos tudo de outra forma. Portanto, a cor da bolinha depende
do julgamento de quem a lançou. A parede do outro é apenas um espelho,
refletindo as interpretações do sujeito. A interpretação final da mensagem
é responsabilidade do sujeito, e o outro não influencia diretamente essa
percepção.
As emoções: As emoções são fundamentais nessa dinâmica, atuando
como catalisadores que moldam a recepção e interpretação das
mensagens. Emoções fortes podem distorcer a percepção, reforçando que
cada indivíduo, em grande parte, conversa consigo mesmo. As emoções
podem amplificar ou atenuar a mensagem recebida, dependendo do
estado emocional do receptor ou lançador. Assim, mesmo que o sujeito
pinte a parede do outro, seu estado emocional pode levar a uma
interpretação negativa, sem passar pelo filtro racional, deixando clara a
lógica da resposta recebida.
Formação Reativa
Formação Reativa é um mecanismo de defesa do ego que envolve uma
atitude ambivalente, onde o sujeito expressa o oposto do que realmente
sente ou deseja. Por exemplo, quando alguém sente aversão pelo seu
chefe, mas ao interagir com ele, age de maneira extremamente simpática
e cortês. Nesse contexto, trazendo para a nossa analogia, mesmo que haja
uma antipatia em relação à pessoa, gerando emoções negativas, o sujeito
a recebe como se a relação fosse positiva, ignorando a verdadeira cor da
“parede” e da “bolinha” que ela representa.

Resumo da analogia
A Bolinha: A bolinha representa as mensagens trocadas entre as pessoas
durante uma conversa. Essas mensagens podem ser verbalizadas ou não
verbalizadas e incluem ideias, opiniões, sentimentos e intenções que são
transmitidas de uma pessoa para outra.
A Parede: A parede representa o outro indivíduo na interação. Cada
pessoa lança a sua bolinha em direção à parede, ou seja, envia suas
mensagens para o outro. A cor da parede reflete a interpretação que o
sujeito faz das mensagens recebidas do outro.
Cor da Parede: A cor da parede pode ser branca, vermelha ou incolor.
Essas cores simbolizam como o sujeito interpreta as mensagens recebidas
do outro.
Parede Branca: Quando o sujeito interpreta as mensagens do outro de
maneira positiva e concorda com elas, ele pinta a parede de branco. Isso
representa uma interação harmoniosa, onde as mensagens são recebidas
de forma agradável e sem conflitos.
Parede Vermelha: Se o sujeito interpreta as mensagens do outro de
maneira negativa, discorda delas ou as percebe como críticas ou hostis,
ele pinta a parede de vermelho. Isso representa uma interação conflituosa
ou desagradável.
Parede Incolor: Uma parede incolor indica que o sujeito não percebe
ameaças ou conflitos nas mensagens do outro. Isso pode ser devido à falta
de discernimento do sujeito sobre as verdadeiras intenções do outro ou à
sua própria interpretação ingênua das interações.
Interpretação das Cores: A cor da parede é determinada pela
interpretação subjetiva do sujeito sobre as mensagens recebidas. Isso
significa que a mesma mensagem pode ser interpretada de maneiras
diferentes por diferentes pessoas, dependendo de suas experiências,
crenças e emoções.
Projeção e Formação Reativa: A analogia também aborda conceitos
psicológicos como projeção e formação reativa. Por exemplo, se o sujeito
pinta a parede do outro de vermelho devido a suas próprias inseguranças
ou preconceitos, isso seria um exemplo de projeção. Da mesma forma, se
o sujeito recebe uma bolinha vermelha do outro, mas pinta a parede de
branco para evitar conflitos, isso seria um exemplo de formação reativa.
Conclusão: A analogia da bolinha na parede oferece uma maneira visual e
metafórica de entender como as pessoas interpretam e respondem às
mensagens umas das outras durante as interações humanas. Ela destaca a
natureza subjetiva e fluida da comunicação interpessoal, onde as
emoções, experiências passadas e percepções individuais desempenham
um papel fundamental na forma como as mensagens são recebidas e
interpretadas

Ensino e ordens diretas


O ato de ensinar é a forma mais próxima que se tem para definir uma
conversa, na maioria das vezes. Uma parte das intenções de um conversa
é uma tentativa de ensino, tanto no conteúdo das mensagens enviadas ou
recebidas. O sujeito usa a transmissão e recepção das mensagens de
forma didática. Por vezes, no ato de repassar uma aprendizagem, ocorre a
recepção e a transmissão de forma inconsciente, as pessoas não têm
consciência dessa forma de relação interpessoal, elas não sabem
interpretar bem o conteúdo que chega a elas e como vão enviar suas
mensagens de volta, não compreende o porquê de certos conteúdo das
mensagens enviadas, as vezes raivosas, cheio de rancor e preconceito, é
apenas projeção ou deslocamento e também na interpretação das
mensagens recebidas, que podem ser distorcidas pelo mesmo motivo.
Durante o ensino, é normal a mente se libertar das interpretações vindas
do outro e de seu inconsciente , suas crenças, e agem em sua forma
natural, sem interrupções, sem julgamentos, o educador envia suas
mensagens baseado em seu conhecimento, exatamente como ocorreria
supostamente uma conversa entre duas pessoas, onde uma mensagem é
enviada e recebida exatamente da mesma forma que foi enviada, sem
alterações ou distorções. Quando ocorre uma suposta conversa entre
duas pessoas em que o sujeito aprende algo com outro ou quando há uma
mudança de paradigma de ideias de acordo com o conteúdo da
mensagem recebida, isso também irá depender do sujeito, ele irá decidir
como irá lidar com a mensagem recebida, se será aceita ou não e como
será sua interpretação. Quando uma ordem direta é dada a alguém, a
pessoa decide acatar ou não. Uma hipnose ocorre somente quando o
sujeito se permite ser hipnotizado. Perceberam o poder e a independência
que o sujeito tem sobre si?

Reflexão
A teoria do Monólogo Compartilhado sugere que uma maior reflexão
pessoal pode ajudar a melhorar a qualidade das interações interpessoais.
Ao tomar consciência de nossos filtros e preconceitos, podemos tentar
reduzir seu impacto na recepção e transmissão das mensagens. A prática
do autoconhecimento e da autoanálise pode nos tornar mais receptivos e
compreensivos, minimizando o efeito do monólogo e promovendo uma
comunicação mais genuína. Em um mundo onde cada um interpreta e
filtra as mensagens através de suas próprias lentes, a autenticidade na
comunicação se torna um conceito relativo. Quando alguém tenta ser
“autêntico” em sua comunicação, na realidade está projetando sua
própria verdade, que pode não ressoar ou ser entendida da mesma forma
pelo outro. Isso reflete a natureza solitária do Monólogo Compartilhado,
onde a verdadeira compreensão mútua é rara e talvez até impossível. Se
pensarmos em comunicações de massa, como discursos políticos,
programas de televisão e redes sociais, o Monólogo Compartilhado se
manifesta de maneira amplificada. As mensagens são transmitidas a um
grande público, mas cada indivíduo as interpreta de maneira pessoal e
única. Isso explica por que uma mesma mensagem pode provocar reações
tão diversas em diferentes pessoas. As reações variam não apenas pelo
conteúdo da mensagem, mas principalmente pelo filtro individual de cada
receptor. Agora, fazendo uma análise nos tempos modernos, as
tecnologias de comunicação, como redes sociais e aplicativos de
mensagens instantâneas, intensificam o fenômeno do Monólogo
Compartilhado. As interações virtuais frequentemente carecem de
nuances presentes na comunicação face a face, como linguagem corporal
e tom de voz, o que exacerba as interpretações pessoais e os mal-
entendidos. Além disso, o algoritmo das redes sociais tende a reforçar as
crenças e preconceitos existentes, criando bolhas de eco onde o indivíduo
se comunica quase exclusivamente com versões de si mesmo.

Breve resumo
A conclusão inevitável da teoria do Monólogo Compartilhado é que o
diálogo, como é tradicionalmente entendido, é uma ilusão. Em vez de uma
troca verdadeira de ideias e sentimentos, o que ocorre é um intercâmbio
de monólogos individuais. Cada pessoa conversa consigo mesma,
utilizando o outro como um espelho para refletir suas próprias ideias,
emoções e preconceitos. Reconhecer essa realidade pode ser o primeiro
passo para melhorar a comunicação e as relações interpessoais, tornando-
nos mais conscientes dos processos internos que governam nossas
interações.

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