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Modalidade do trabalho: Relato de experiência

Evento: XVI Jornada de Extensão

GRUPO DE SAÚDE IMPORTANTE FERRAMENTA DE PROMOÇÃO DE SAÚDE1

Luciana Meller2, Tatiele Dos Santos Camargo3, Letícia Dahmer4, Graziela Piovesan5, Flávia
Michelle Pereira Albuquerque6.
1
Relato de experiência realizado no Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família promovido pela
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ) e Fundação Municipal de Saúde de
Santa Rosa (FUMSSAR)
2
Educadora Física - Profissional Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família UNIJUI/FUMSSAR
3
Assistente Social - Profissional do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família
UNIJUI/FUMSSAR
4
Farmacêutica - Profissional do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família UNIJUI/FUMSSAR
5
Enfermeira - Profissional do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família UNIJUI/FUMSSAR
6
Psicóloga - Profissional do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família UNIJUI/FUMSSAR

A relação do indivíduo com os grupos faz parte do cotidiano de toda sua vida, a relação entre a
identidade individual e a identidade grupal é fundamental para formação do sujeito. Desde seu
nascimento e ao longo de seu desenvolvimento, o ser humano está inserido e interagindo em
distintos grupos como a família, escola, trabalho, amigos, sociedade entre outros (OSÓRIO, 2007).
Quando ouvimos falar em grupo o que logo pensamos é em um conjunto de pessoas reunidas.
Porém grupo não significa apenas isso, mas comportamentos e atitudes semelhantes, reconhecendo
as singularidades em busca de objetivos ou metas em comum (OSÓRIO, 2003).
A realização dos grupos e a operacionalização é um conhecimento que auxilia os profissionais a
compreenderem os movimentos que são característicos dos grupos. A abordagem, a duração e o
objetivo de um grupo é que irão organizar ou caracterizar o seu funcionamento e as regras para se
alcançar as metas propostas.
Assim os grupos podem se organizar para ser do tipo aberto ou fechado, homogêneo ou
heterogêneo. Igualmente podem ser construídos com ou sem história prévia, ou ainda uma
classificação divisória: grupos operativos e grupos psicoterápicos (OSÓRIO, 2007).
A partir da proposta de funcionamento do grupo quando classificada como aberta ou fechada,
significa que essa estratégia de funcionamento tem relação direta com o objetivo e meta do grupo e
com a sua duração.
O grupo fechado tem um objetivo com tempo determinado e número de pessoas que será o mesmo
do início ao término da atividade, sem a inclusão de nenhum novo membro. Os grupos ditos abertos
também têm um objetivo, mas não há um tempo de duração definido, e, além disso, o grupo inicia
com um número mínimo de participantes que, ao longo do funcionamento, podem sair e entrar,
assim como é permitido o ingresso de novos integrantes. O cuidado no funcionamento desse tipo de
grupo se dá com relação ao número de pessoas, que deve sempre respeitar o limite para que todos
possam se reconhecer em sua singularidade e possibilitar que a comunicação ocorra sem problemas
(OSÓRIO, 2007).
Modalidade do trabalho: Relato de experiência
Evento: XVI Jornada de Extensão

Os grupos de tipos homogêneos e heterogêneos referem-se à constituição do grupo, e essa


classificação pode ser determinada por vários elementos como o público alvo, sexo, faixa etária,
condições mórbidas de seus membros entre outras.
Os grupos homogêneos, ou com história prévia, selecionam seu critério de homogeneidade
conforme o objetivo do grupo. Por exemplo, pode ser determinado pelo tipo de sofrimento ou
morbidade compartilhado pelos integrantes. Porem deve-se ter o cuidado de não popularizar sua
prática, descuidando da seleção dos integrantes do grupo, e não banalizar a técnica a ser empregada
na sua condução (OSÓRIO, 2007).
Os grupos heterogêneos, ou sem história prévia, surgem com a proposta de serem organizados pela
diversificação dos elementos psicológicos ou patológicos apresentados pelos participantes. Quanto
maior a diferença individual dos traços de caráter e da sintomatologia melhor para o trabalho desse
grupo. (OSÓRIO, 2007).
É importante salientar que a condução tanto do grupo heterogêneo quanto do homogêneo não
diferem na sua essência, o diferencial está no conhecimento do coordenador sobre a natureza do
sofrimento apresentado e na motivação pessoal para lidar com esse grupo. Outro fator que se deve
ser observado é que, mesmo sendo homogêneo, o grupo carrega em si a sua diversidade, da mesma
forma que os grupos heterogêneos têm suas semelhanças, como faixa etária, por exemplo,
(OSÓRIO, 2007).
Também alguns grupos se constituem como operativos e psicoterápicos. Os grupos operativos têm
uma extensa gama de aplicações, essa teoria nasce com o psicanalista Pichon Rivière (1969). A
proposta principal dessa técnica é a de grupos centrados na tarefa, ou seja, os integrantes mantêm
relação direta com a tarefa, seja ela de cura, aprendizagem, etc, apresentando quatro campos de
atuação que são o ensino aprendizagem, institucionais, comunitários e terapêuticos (OSÓRIO,
2003).
Os grupos psicoterápicos têm por objetivo o desenvolvimento de um processo grupal que visa
trabalhar com questões psicológicas e está centrado na busca do insight dos aspectos
comportamentais, relacionais, comunicacionais e/ou inconscientes dos indivíduos e da totalidade
grupal (OSÓRIO, 2003).
Em todas as Unidades de Saúde de Santa Rosa existem diversos grupos, variando conforme os
objetivos e propósitos.
Alguns grupos permanecem por um tempo maior, outros por um curto período, alguns são
constituídos por um número maior de pessoas, já outros por poucas pessoas.
Os grupos formados nas Unidades de Saúde vêem para auxiliar os profissionais a trabalhar diversos
temas e atender indivíduos que buscam um objetivo. Os grupos são coordenados e tem o
envolvimento de vários profissionais independente da área de atuação, desde que estes estejam em
sintonia com o propósito de constituição grupal.
METODOLOGIA:
O grupo de saúde do Bairro Auxiliadora, acontece todas as segundas-feiras no turno da tarde em
uma sala em anexo a unidade de saúde. Tem coordenação da educadora física residente e
participação dos outros residentes que atuam na unidade como a assistente social, farmacêutica,
enfermeira e psicóloga.
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O grupo de saúde foi criado no mês de março de 2015, tendo como objetivo proporcionar aos
usuários informações sobre saúde e qualidade de vida e prática de atividade física.
No ano anterior existia um grupo apenas voltado para a prática de atividade física, desenvolvido
exclusivamente pela educadora física residente com poucas participações de outros profissionais
para abordar temas diversos. Mas neste formato o grupo tinha pouca adesão dos usuários, apesar
dos constantes convites feitos para a comunidade, através de informativos em sala de espera,
cartazes, convites impressos e verbais pelas ACS e pelos demais membros da equipe de saúde.
Então no início do ano e 2015, devido ás férias da maioria dos profissionais, o grupo de atividade
física parou de acontecer e ai que em conversa com os profissionais residentes resolveram formar
um grupo de saúde, onde pudesse manter a parte da atividade física, mas também trazer
informações necessárias e importantes para a saúde e qualidade de vida dos indivíduos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os grupos podem facilitar a comunicação dos profissionais com os usuários, tanto na compreensão
do interesse do usuário e no por que ele buscou o serviço, quanto na explicação de decisões
anteriores sobre o tratamento de saúde. Outras questões relacionadas ao adoecimento podem ganhar
visibilidade, não somente aquela necessidade ou objetivo, mas outro que ao longo das conversar e
atividades grupais possam surgir. Quanto mais a linguagem dos profissionais for acessível ao
conhecimento da população alvo, melhor para utilização desses conceitos e dos conhecimentos
adquiridos, no dia-a-dia, pelos pacientes.

O grupo, em geral, confere maior grau de informalidade do que uma consulta individual, a relação
com o paciente se estreita, o profissional também está exposto, também está no grupo, faz parte dele
e é controlado por ele, sendo sempre questionado pelos participantes com relação a sua atitude
pessoal. O espaço de grupo propicia que o saber esteja nas pessoas, e não centrado em um
profissional de saúde, mas também nele (BRASIL, 2010).

O grupo pode trazer bons resultados para o manejo clínico da doença e para atingir os objetivos do
profissional e do usuário no seguimento. A possibilidade dos encontros serem continuados
potencializa o acompanhamento horizontal e o processo de aprendizado, de tratamento, de
terapêutica. Tanto usuário quanto profissional visualiza o processo ao longo do tempo. Alguns
profissionais receiam que ao participar de um grupo, o usuário deixe de dar seguimento dos
atendimentos individuais. Nessa situação, cabe ao profissional avaliar, juntamente ao paciente, o
que é pertinente ou não nesse contexto grupal. Nada mais sensato que proporcionar, no encontro
profissional-usuário, aquilo que é importante no momento (BRASIL, 2010).

Outras duas razões não menos importantes de se fazer grupo, que geralmente andam juntas, é a alta
demanda numérica populacional que chega à Atenção Básica e a escassez de recursos e de tempo no
cotidiano do trabalho. Claro que nem todos os grupos são organizados para racionalizar recursos e
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tempo da equipe, mas tal prática é legítima naqueles com foco em juntar as pessoas para passar uma
mesma informação num único momento, economizando tempo profissional.

Quando o grupo tenta substituir o atendimento individual, em geral como consequência, pode-se
produzir uma prática clínica degradada. Quando são olhados outros fatores para sua constituição,
encontram-se também razões legítimas e interessantes para iniciar projetos e ações que ainda não
foram desenvolvidas nas unidades de saúde (BRASIL, 2010).

Outra razão para se fazer um grupo é que os usuários podem sentir maior abertura num grupo para
expor e dividir com os demais a experiência que têm no manejo da doença, trazendo dúvidas e
curiosidades que somente o compartilhar a troca e a participação poderia propiciar. Os grupos
oferecem mais tempo que uma consulta individual para essa exposição pessoal. Além disso, a
comunicação se faz possível não somente pela expressão verbal, mas pelo corpo, pelas intensidades
afetivas, subjetivas, simbólicas. Num grupo é impossível não ocorrer à manifestação dos afetos no
compartilhamento as atividades expressivas e dinâmicas podem potencializar que o difícil de ser
dito seja trazido à tona, geralmente, elementos importantes para o projeto terapêutico, que podem
implicar também em aumento de adesão e participação (BRASIL, 2010).

A prática grupal possibilita também que tenhamos agregadas várias pessoas que são da mesma
comunidade, que têm pensamentos e hábitos semelhantes, histórias de vida com fatos e valores
parecidos. A troca de experiências vislumbra a possibilidade de formar-se rede social e de suporte
para o cotidiano, para o além grupo. Isso porque esse processo das ressonâncias, dos afetos, traz ao
grupo algo primordial de sua constituição: o sentimento de grupalidade e a representação interna
desse espaço.

O grupo só opera com continuidade quando cada um se reconhece naquelas pessoas e sente que
pertence àquele espaço. A liberdade e a pertinência de estar com aquelas pessoas naquele momento,
a criação do sentido em mim e em cada pessoa. Rede que opera, seja por imitação, identificação
e/ou invenções, como um contágio de afetos (BRASIL, 2010).

O grupo de saúde realizado no Bairro Auxiliadora busca acolher todas as pessoas que tem interesse
em participar, com o objetivo de obter informações sobre saúde, qualidade de vida bem como ter a
oportunidade de realizar um exercício físico. O desenvolvimento do grupo busca atender a
necessidade dos participantes seja através da informação sempre dando oportunidade para os
usuários escolher ou indicar temas que tenham interesse e também oportunizar a prática do
exercício conforme suas necessidades.

Apesar de o grupo ser aberto dinâmico e ter a participação de diversos profissionais da unidade de
saúde, há pouca participação dos usuários. Muitos convites são feitos e de imediato as pessoas
demonstram interesse em participar, mas isso não se concretiza nas segundas feiras a tarde. Dois ou
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três indivíduos que permanecem assíduos na participação os demais são tem irregularidade ou
conhecem e não permanecem participando.

CONCLUSÕES:
Segundo Osório (2007), considera-se que trabalhar com grupos implica um resgate do homem como
um ser gregário, o qual se caracteriza pela busca do outro de forma natural e espontânea. Sendo
inevitável a formação e a participação dos homens nos mais diversos grupos ao longo da sua vida.
Seja qual for o objetivo do grupo, ele traz na sua realização uma série de vantagens, no campo da
psicologia grupal, de fatores terapêuticos, que auxiliam na resolução de conflitos e na superação dos
problemas. O trabalho em grupo cria um espaço denominado campo grupal que vai além da simples
soma das partes, mas permite um arranjo entre os participantes, sendo único e peculiar a cada
encontro.
No campo grupal circulam as ansiedades, os papéis, as identificações, onde se constrói uma galeria
de espelhos que possibilita aos integrantes um espaço de troca. No grupo, faz-se um recorte do
social do indivíduo, trazendo para dentro dele a possibilidade de perceber diferente o contexto no
qual se está inserido, o que auxilia na superação de dificuldades (OSÓRIO, 2007).
A mudança acontece devido a uma interação complexa e intricada de experiências humanas
compartilhadas. Diversos fatores terapêuticos nascem com essa abordagem, relativamente simples
para a complexidade das relações humanas.
Percebe-se que os grupos sejam eles de diferentes formatos, fazem parte da vida das pessoas. Os
profissionais envolvidos no grupo precisam ter um olhar atento às necessidades coletivas e
individuais participantes. Por isso a importância de se trabalhar com equipe multiprofissional no
grupo de saúde, pois se acredita que o trabalho em equipe amplia a visão do processo de saúde,
envolvendo diferentes saberes e intervindo, para além do âmbito individual e clínico, na família e
nas condições socioambientais da comunidade atendida.

Cada profissional é chamado a desempenhar a profissão em um processo de trabalho coletivo,


produto de prática compartilhada, pautado nas contribuições específicas das diversas áreas de
conhecimento, buscando atender os objetivos dos indivíduos do grupo.

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