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A UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

(TIC) COMO FERRAMENTAS PARA COMPLEMENTAÇÃO DO ENSINO EM


ESCOLAS PÚBLICAS DE BARBACENA-MG
Luiz Felipe da Silva Monteiro
Emannuel Victor Moreira Batista

Resumo: Com o avanço tecnológico da sociedade e o período pós pandemia é


necessário que a escola se mantenha atualizada perante as mudanças sociais. As
chamadas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), proporcionam ferramentas
que favorecem o processo de ensino-aprendizagem, colocando o aluno como centro da
ação educativa. O presente trabalho teve como objetivo verificar a utilização de
tecnologias de informação e comunicação como auxiliar no processo de ensino e
aprendizagem. Como ferramenta de pesquisa, foi aplicado questionário a 23
professores das disciplinas de Biologia, Física e Química em três escolas da rede
pública de ensino na cidade de Barbacena-MG. Como resultado pode-se verificar que
grande parte dos professores responderam que utilizam metodologias alternativas de
ensino em suas aulas, não sendo estas necessariamente TIC. Dentre os métodos mais
citados pelos respondentes, retroprojetores e modelos tridimensionais nas aulas de
química. Quando perguntados se os professores possuem conhecimento sobre o
conceito das TIC verificou-se que haviam professores que não possuíam conhecimento
sobre o assunto. Quando indagados sobre receber uma formação continuada sobre a
maioria dos professores se mostraram favoráveis. Pode-se concluir com a pesquisa que
a utilização das TIC pelos professores das escolas estudadas é baixa e que há
interesse dos professores na utilização dessas tecnologias.

Palavras chave: Tecnologias de Informação e Comunicação, Ferramentas de Ensino,


Processo de Ensino

Abstract: With the technological advancement of Society and the post-pandemic period,
it is necessary for the school to remain updated in the face of social change. The so-
called information and Communication Technologies (ICT), provide tools that favor the
teaching-learning process, placing the student as the center of the educational action.
This study aimed to verify the use of information and communication technologies as an
aid in the teaching and learning process. As a research tool, a questionnaire was
applied to 23 professors from the disciplines of biology, physics and chemistry in three
schools of the public education Network in the city of Barbacena-MG. As a result, it can
be verified that most teachers responded that they use alternative teaching
methodologies in their classes, and these are not necessarily ICT. Among the methods
most cited by respondents, retroprojectors and three-dimensional models in chemistry
classes. When asked whether teachers have knowledge about the concept of ICT it was
found that there were professors who had no knowledge about the subject. When asked
about receiving a continuing education about most of the teachers proved favorable. It
can be concluded with the research that the use of ICT by teachers of the schools
studied is low and that there is interest of teachers in the use of these technologies.

Key Words: Information and Communication Technologies, Teaching Tools, Teaching


Proces
INTRODUÇÃO
A sociedade atual em que vivemos exige uma formação crítica e reflexiva dos
professores, para que eles estejam cientes de seu papel como indivíduo na sociedade e
que possam transmitir essa consciência aos alunos, proporcionando a eles um
ambiente onde sejam capazes de realizar essa reflexão como cidadão e estar ciente
dos efeitos de suas decisões em sociedade e como indivíduo (ABRIL, 2019).
A educação escolar brasileira é fundamentada por uma legislação que define
alguns direitos e deveres dos educadores, esse regimento é chamado de Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Essa lei divide a educação em dois níveis:
educação básica (sendo formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino
médio) e o ensino superior. De acordo com a legislação 9.394/1996 a primeira
modalidade de ensino “tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a
formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para
progredir no trabalho e em estudos posteriores” (BRASIL, 1996, art. 22).
Uma forma de assegurar os objetivos de aprendizagem do ensino médio,
pressupostos pela LDB, é realizar uma mescla de metodologias que estimule o aluno a
construir seu conhecimento (AHUMADA; MERCEDES,2018). A implementação da
abordagem CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade), com ênfase nas tecnologias de
informação e comunicação (TIC’s), vem tomando grande espaço e importância na atual
sociedade e está inserida no cotidiano da maioria das pessoas em suas várias
atividades. Computadores, smartphones, tablets, redes sociais, aplicativos, dentre
outros, fazem parte da grande variedade de TIC’s que a cada ano são aperfeiçoadas
devido aos grandes avanços tecnológicos (BITANTE et al., 2016).
Estas tecnologias constituem tanto um meio fundamental de
acesso à informação (Internet, bases de dados) como um
instrumento de transformação da informação e de produção
de nova informação (seja ela expressa através de texto,
imagem, som, dados, modelos matemáticos ou documentos
multimédia e hipermídia). Mas as TIC constituem ainda um
meio de comunicação a distância é uma ferramenta para o
trabalho colaborativo (permitindo o envio de mensagens,
documentos, vídeos e software entre quaisquer dois pontos
do globo). Em vez de dispensarem a interação social entre
os seres humanos, estas tecnologias possibilitam o
desenvolvimento de novas formas de interação, potenciando
desse modo a construção de novas identidades pessoais
(PONTE, 2002 p.19).

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística


(IBGE) em 2017 aponta que a utilização de internet nos domicílios vem crescendo em
grande escala, sendo de 74,9% da população, tendo um aumento de 5,6% comparado
com o ano anterior. Já as residências que não possuíam internet, os motivos que mais
destacaram a não utilização foram a falta de interesse em acessar a Internet (34,9%),
serviço de acesso à Internet era caro (28,7%) e nenhum morador sabia usar a Internet
(22,0%). A pesquisa ainda revelou que o percentual de pessoas que utilizavam a
Internet, segundo os grupos de idade, na faixa etária de 14 a 17 anos era de 84,9% e
ao se tratar da porcentagem de indivíduos na mesma faixa etária, que tinham telefone
móvel celular para uso pessoal totalizou 71,2% (IBGE, 2017).
Os dados nos permitem inferir que parte significativa dos alunos matriculados
regularmente ao ensino médio possuem acesso às tecnologias de informação e
comunicação, uma vez que a faixa etária dos discentes que frequentam a etapa final da
educação básica vai dos 15 aos 17 anos. Sendo assim, a utilização das TIC como
ferramenta metodológica traz o sentido de familiaridade citado por Nérice (1992), onde
o estudante não se sente indiferente com os métodos de ensino tradicionais propostos,
podendo contribuir ativamente para a construção do conhecimento se sentindo
pertencido ao ambiente escolar.
Além disso a prática de se utilizar as TIC como método educacional é uma forma
menos exaustiva que o modelo tradicional, pois une o entretenimento com a
aprendizagem, uma vez que para muitos jovens as tecnologias são um meio de
descontração. Sendo assim, o adolescente encara a experiência escolar como divertida
e agradável, pois agora há a valorização dos seus hábitos e potencialidades (TAVARES
et al., 2013).
A utilização das tecnologias de informação e comunicação na Educação Básica
se fazem ainda mais importantes e indispensáveis após a pandemia do COVID – 19
(coronavírus) que reformulou a maneira de ensinar implementando de forma obrigatória
e emergencial o uso de tecnologias. Sendo assim, deve-se perguntar se após tal
momento turbulento da nossa sociedade ouve uma mudança no emprego das TIC’s
como ferramenta metodológica dentro da Educação Básica.

EMBASAMENTO TEÓRICO
O Ensino Médio é caracterizado como um momento muito importante na carreira
dos estudantes, pois é um período no qual os jovens terão de tomar decisões como, a
inserção no mercado de trabalho ou dar continuidade aos estudos. De acordo com
dados do IBGE em 2017, a taxa de frequência escolar líquida foi de 68,4%, esse
número indica que quase 2 milhões de estudantes estão atrasados no ensino e 1,3
milhão estão fora da escola. Os motivos mais frequentes alegados foram: trabalhava,
procurava trabalho ou conseguiu trabalho que iria começar em breve (39,7%); ter que
cuidar dos afazeres domésticos ou de pessoas (11,9%) e por não ter interesse em
estudar (20,1%). Uma pesquisa realizada por Faleiro et al. (2016) mostra que boa parte
dos discentes não estão estimulados a frequentarem a etapa final da educação básica:

Da totalidade de alunos que responderam aos questionários


84 (8,1%) disseram que a Escola não trouxe nenhuma
mudança em suas vidas, estatisticamente o número seria
baixo, mas estamos nos referindo a 84 vidas, que por algum
motivo estão desmotivadas, desconectadas com a escola e
com perspectivas positivas referentes ao seu futuro. Isso é
preocupante, pois nesses 84 jovens, a escola não conseguiu
mostrar e nem cumprir o seu papel de preparar esses jovens
para inserções sociais, políticas, culturais, laborais e, ao
mesmo tempo, capazes de intervir e problematizar as formas
de produção e de vida (FALEIRO et al., 2016, p.413).
Em um estudo realizado por Salva et al. (2016) mostra que outro problema
enfrentado é o afastamento escolar, e que apesar de tal fenômeno apresentar vários
fatores, dentre os que causam abandono acadêmico pode se destacar: a falta de
interlocução entre os docentes e a escola, que ignora a cultura e interesse dos jovens,
conteúdos que não atendem às necessidades dos estudantes e metodologias
inadequadas, que na maioria das vezes fica restrita aos espaços da sala de aula e com
equipamentos inadequados.
Segundo Pais (2003) é importante aprofundar nos contextos vivenciais cotidianos
dos jovens, para compreender como os mesmos compartilham e representam seus
símbolos e valores, para que os alunos se sintam pertencidos ao ambiente escolar. Em
uma sala de aula um adolescente não deixa para trás seus modos de se expressar
como tais de sua faixa etária, logo é necessário que haja uma forma de valorizar alguns
de seus hábitos, reconhecer suas potencialidades, para que a experiência escolar não
seja classificada como angustiante ou tratada com hostilidade (REIS, 2014).
Em seu Art 35-A § 8 à LDB 9.394/1996 deixa claro um dos objetivos de
aprendizagem do ensino médio:
Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação
processual e formativa serão organizados nas redes de
ensino por meio de atividades teóricas e práticas, provas
orais e escritas, seminários, projetos e atividades on-line, de
tal forma que ao final do ensino médio o educando
demonstre:
I - Domínio dos princípios científicos e tecnológicos que
presidem a produção moderna
II- Conhecimento das formas contemporâneas de linguagem
[...] (BRASIL, 1996, art. 35-A).

Nérice (1992) aponta que algumas metodologias utilizadas no ambiente escolar


proporcionam ao aluno certo sentimento de familiaridade, onde o mesmo se sente
valorizado podendo usufruir de seus conhecimentos prévios proporcionando caminhos
para construção de novos saberes.
Sendo assim, as metodologias empregadas e a prática docente devem valorizar
os saberes já construídos, tendo o aluno como centro do processo de ensino e
aprendizagem:
Acredita-se que toda e qualquer ação proposta com a intenção de ensinar deve
ser pensada na perspectiva daqueles que dela participarão, que via de regra, deverão
apreciá-la. Desse modo, o planejamento e a organização de situações de
aprendizagem deverão ser focados nas atividades dos estudantes, posto que é a
aprendizagem destes, o objetivo principal da ação educativa. Com base no explicitado,
há necessidade de os docentes buscarem novos caminhos e novas metodologias de
ensino que foquem no protagonismo dos estudantes, favoreçam a motivação e
promovam a autonomia destes. Assim, atitudes como oportunizar a escuta aos
estudantes, valorizar suas opiniões, exercitar a empatia, responder aos
questionamentos, encorajá-los, dentre outras [...] (BALDEZ et al., 2017 p.270).
Freire (2015) em seu livro, intitulado “Pedagogia da Autonomia: Saberes
necessários à prática educativa”, corrobora que o ato de educar se realiza pela
interação entre os sujeitos, por meio de suas reflexões, palavras e ações. É neste
aspecto que está inserido método ativo, onde o aluno é o centro da ação educativa e o
conhecimento é construído de forma cooperativa, diferente do modo tradicional que
primazia a transmissão de informações e o professor como detentor único do
conhecimento.
Para o estímulo de uma aprendizagem significativa, onde o aluno passa ser o
centro da ação educativa, citado por Freire (2015), é necessário considerar,
compreender e reconhecer a realidade a qual aquele estudante está inserido e assim
valorizar suas potencialidades. É notório, com as estatísticas, que grande parte dos
discentes estão envolvidos diariamente com as novas tecnologias, acostumados com a
linguagem fornecida e utilizada pelas mesmas (GUIMARÃES; BRIDI, 2016).
Considerando todas as observações feitas pela literatura apresentamos algumas
possibilidades de uso das TIC como ferramentas de ensino a partir de jogos lúdicos,
simuladores virtuais, videoaulas e as mídias sociais.

METODOLOGIA
O trabalho de cunho exploratório, visa analisar a utilização das tecnologias de
informação e comunicação pelos professores da rede pública no ensino médio, nas
disciplinas de ciências da natureza e suas tecnologias. Para realização de tal
investigação foi realizado um questionário.
O questionário se constituiu por questões fechadas e abertas, dos respondentes
participaram 23 docentes sendo 10 da disciplina de Química, 5 de Física e 8 de Biologia
das instituições, Escola Estadual Amílcar Savassi, Escola Estadual Gabriela Ribeiro
Andrada, Escola Estadual Henrique Diniz, de Barbacena, Minas Gerais. Foram
escolhidos docentes dessas disciplinas, pois fazem parte das ciências da natureza, está
relacionada com a formação dos pesquisadores deste trabalho.
O questionário contém questões que discutem sobre o conhecimento dos
professores acerca do conceito das TIC, sobre sua formação, sobre a utilização das
tecnologias em sala de aula, a disponibilidade de utilização e frequência a qual é
utilizada. Com os dados dos questionários foi realizada uma análise dos principais
fatores da utilização, ou da não, dessas ferramentas nas realidades das escolas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com a análise das respostas dos questionários constatou-se que 91,3% dos
professores utilizam metodologias alternativas de ensino em suas aulas, a fim de
complementar a aprendizagem de seus alunos. Neste momento não foi especificado
aos professores as TIC, apenas quaisquer ferramentas que fossem diferentes do
quadro e giz, tradicionalmente utilizados no ensino. Dentre os métodos citados pelos
respondentes, retroprojetores1 e modelos tridimensionais nas aulas de química, são as
ferramentas que aparecem com uma maior frequência, em cerca de 21,74% dos
questionários. O retroprojetor por ser uma ferramenta mais versátil, esperava-se uma
utilização um pouco maior por parte dos professores, uma vez que a utilização de
recursos de multimídia estimula os sentidos, possuindo grande apelo visual,
encantando pelo seu layout chamando atenção do estudante e proporcionando um
ambiente favorável à aprendizagem (DANESI, 2005).
O não aproveitamento dessa ferramenta pode ser resultante de diversos fatores,
desde a escola não possuir o equipamento, desinteresse por parte do discente em
utilizar o recurso ou a falta de instalação que dificulta seu aproveitamento. Segundo
Savi (2009), a falta de conhecimento em informática, sobre como operar o retroprojetor
e a dificuldade em preparar aulas com multimídia acaba favorecendo negativamente a
adoção de tal recurso. Outra hipótese a ser considerada é que o retroprojetor se
encontra guardado e deve ser transportado para sala de aula quando necessário, ou a
escola possui uma sala de vídeo onde o equipamento já está instalado. Essa hipótese é
levantada pela resposta de um entrevistado que alegou, “É difícil usar retroprojetor, pois
acaba ficando inviável trocar os alunos de sala”. Essa dificuldade na mudança de sala,
ou até mesmo na montagem dentro de sala, faz com que o professor desista de utilizar
essa ferramenta já que tempo de aula seria perdido nesse processo. A infraestrutura do
espaço de ensino é de grande importância no processo de aprendizagem pois “se não
há uma boa sala de aula, que oferece as mínimas condições de comodidade, tanto para
o aluno quanto para o professor, esse processo será defasado” (MONTEIRO; SILVA,
2015 p.28).
Já os modelos tridimensionais são utilizados tradicionalmente no ensino de
química, pois facilitam a visualização dos alunos da estrutura de moléculas, sua
geometria e de ligações entre os átomos que compõem a substância que está sendo
estudada, já que apresentam bons resultados de aprendizagem (COPOLO E
HOUNSHELL, 1995; GABEL E SHERWOOD, 1980; TALLEY, 1973 apud GIORDAN E
GÓIS, 2004). Por ser uma ferramenta mais voltada para uma matéria em específico, a
utilização de modelos tridimensionais possuiu uma boa representatividade,
considerando que participaram professores de diferentes disciplinas.
Em alguns questionários foram mencionadas outras ferramentas que
normalmente são usufruídas pelos demais professores, como jogos lúdicos e
simuladores virtuais. Nesta mesma questão era indagado aos respondentes, qual a
forma de aquisição dessas ferramentas. Os que disseram usar o retroprojetor,
apontaram a aquisição do equipamento pela escola, os que utilizavam ferramentas
diferenciadas como os jogos lúdicos e modelos tridimensionais, alegaram que a
obtenção destes foi com recursos próprios. Com isso é possível dizer que em algumas
escolas os professores utilizam essas ferramentas para completar o ensino de seus
alunos, a mesma é feita de forma própria pelo professor utilizando de seus recursos
financeiros para agregarem mais recursos didáticos a suas aulas. Fator este que
segundo Pedro e Peixoto (2006) demonstra um grau de satisfação e auto estima na
profissão, pois o discente procura inovar em suas aulas mesmo com escassez de
recursos ou a falta deles, demonstra uma importância pelos seus alunos e pelo grau de
aprendizagem dos mesmos.
Outra questão tinha por finalidade verificar se os professores possuem
conhecimento sobre o conceito das TIC e como elas poderiam auxiliar em sala de aula.
Da totalidade de professores que participaram da pesquisa, 13% não conheciam sobre
os assuntos das TIC. Essas ferramentas são assuntos relativamente recentes, segundo
Coscarelli (2016) o termo foi criado em 1997 por Dennis Stevenson, devido ao grande
avanço tecnológico que ocorreu em um curto espaço de tempo, mesmo que vivenciado
essas mudanças na sociedade, é compreensível que os professores as desconheçam
já que o ensino tradicional é uma metodologia mais fácil de ser abordada em sala de
aula.
Para implementação dessas ferramentas é necessário que o professor tenha
recebido algum tipo de treinamento durante sua formação ou após ela, pois a linha
entre os benefícios e malefícios da utilização desse recurso é tênue. Para os alunos
imersos nessas tecnologias é fácil confundir a utilização dessas ferramentas entre o
ensino e o lazer. O chamado letramento digital, segundo Freitas (2010), se faz
necessário para que o professor esteja atento em transformar um espaço de diversão
em facilitador do processo de aprendizagem, transmutando fontes de informação,
juntamente com os alunos, em conhecimento.
Ponderando talvez os malefícios em utilizar as TIC como recurso metodológico,
apenas um professor que mesmo conhecendo o conceito não acredita que elas possam
ajudar no ensino de seus alunos. É necessário ficar explícito aos estudantes que a
utilização destas ferramentas tem como objetivo a aprendizagem, caso não fique
esclarecido para eles, é possível que a intenção do professor de promover uma aula
diferenciada acabe prejudicando o processo de ensino aprendizagem dos alunos.
Dos respondentes que alegaram conhecer as TIC e como elas podem beneficiar
suas aulas, porém não possuem recursos onde trabalham para que possam fazer o uso
dessas ferramentas, somam-se 30,4%. Não é incomum encontrar escolas que não
possuam alguns equipamentos de informática, segundo Neto, et al. (2013) 84,5% das
escolas brasileiras possuem uma infraestrutura básica, nestas escolas apresentam
apenas alguns televisores, computadores, impressoras e aparelhos de DVD.
Entretanto, a escola possuir tais aparelhos não significa que eles estão em
funcionamento, e caso funcionando, pode não haver disponibilidade dos discentes em
utilizar em sala de aula. Essa pode ser a realidade dos outros 52,2% dos respondentes
que afirmaram utilizar as TIC para complementar suas aulas. As escolas possuem o
equipamento e mesmo possuindo um acesso limitado, eles utilizam desse acesso para
que de algum modo isso possa beneficiar os seus alunos, enriquecendo suas aulas.
A falta de equipamentos é uma dificuldade que é enfrentada pelos professores
dos respondentes, 21,7% apontaram que o local onde trabalham não dispõem de
condições de utilização das TIC como ferramentas de ensino. Dos empecilhos para
utilização dessas ferramentas apontado pelos respondentes, 100% apontaram a falta
de acesso ou acesso limitado a internet como causa. Destes ainda 60% também
apontaram a falta de equipamento ou equipamento defeituoso como empecilho para
utilização de tais ferramentas em sala de aula. Segundo Baptista e Vieira (2015) essa
falta de disponibilidade de utilização dos ferramentais acarreta um desestímulo no
professor. Pois a realidade dos alunos é estarem interagindo frequentemente com
essas ferramentas tecnológicas, e os professores não conseguem acompanhar, por
não terem em sala de aula as ferramentas que propiciem este acompanhamento.
Outros 73,9% dos respondentes apontaram que as escolas onde trabalham
possuem recursos para utilização das TIC em suas aulas. Dentre as ferramentas que
mais foram apontadas pelos professores estavam o retroprojetor e a sala de vídeo. São
ferramentas que são mais comuns na maioria das escolas, e que possibilitam aulas
diferenciadas aos alunos, pois permitem a apresentação de um material digital, seja
filme, vídeo, a utilização de um simulador virtual, jogos educativos dentre outros.
Segundo Neri (2015) há uma infinidade de possibilidade de utilização de tais
ferramentas, mas como toda metodologia de ensino são necessárias regras para
colocá-las em prática. Para definir essas limitações o professor tem de estar capacitado
a sua utilização. Com o questionário foi possível perceber que apenas 43,5% dos
respondentes receberam na sua formação preparo para utilização das TIC em suas
aulas.
Com isso percebe se que a maioria, cerca de 56,5%, dos professores
respondentes não receberam um preparo em sua formação para se aproveitar dessas
ferramentas em benéfico de suas aulas. Logo se faz necessário o treinamento dos
docentes em sua formação continuada para utilização dessas ferramentas e o
letramento digital, pois “os professores precisam conhecer os gêneros discursivos e
linguagens digitais que são usados pelos alunos, para integra-los, de forma criativa e
construtiva, ao cotidiano escolar” (FREITAS, 2010 p.340).
A tecnologia em sala precisa ser um elemento substancial de ensino e
aprendizado para professores e alunos, logo é necessário que seja implementada no
currículo escolar assim como livros didáticos, como uma ferramenta fundamental do
ensino, e não vista apenas como um empecilho para o ensino. É preciso se pensar
como inseri-la nas aulas de maneira definitiva. Mais além, é necessária a criação de
conteúdos inovadores, que utilizem toda a competência dessas tecnologias. Não basta
usar os recursos tecnológicos para projetar em uma tela e fazer o aluno copiar em seu
caderno. A questão é como repassar o que se tem como objetivo de uma maneira que
só é possível por meio das ferramentas de tecnologias, pois elas dão oportunidades de
concepção do conhecimento que o copiar por si só não permitem tal aprendizagem.
Com essa necessidade de treinamento, foi questionado aos respondentes se os
mesmos gostariam de recebê-lo a fim de complementar seus conhecimentos, e estarem
aptos a utilização das TIC em sala de aula. Neste ponto vale destacar, do total de
respondentes 56,5% não haviam recebido preparo para utilizarem as TIC, mas os
interessados em receber esse preparo eram 65,2% do total de respondentes. Assim
pode-se afirmar que mesmo que os que já haviam recebido preparo em sua formação
também gostariam de receber uma formação continuada sobre como utilizar melhor
essas ferramentas em suas salas de aula. Dos respondentes que gostariam de receber
essa formação continuada, houve uma resposta que chamou a atenção, pois a questão
era de múltipla escolha, sem a necessidade de complementação, mas um entrevistado
complementou sua resposta, dizendo “mas procurei aprender e me capacitar”. Esta
resposta é interessante pois, este professor(a) não havia recebido preparo para utilizar
as TIC em sua formação, buscou aprender sobre a utilização destas ferramentas, e
gostaria de aprender mais sobre como utilizá-las. Isso mostra que há professores que
possuem o senso da necessidade de estar atualizando a metodologia de ensino das
escolas, para o momento da sociedade, e que se deve agregar as novas tecnologias ao
ensino e não as segregar.
Dentre as diversas ferramentas que englobam as TIC, foi perguntado aos
respondentes quais ferramentas eles teriam interesse em aprender mais sobre para
poderem utilizar em sala de aula O resultado que possui um número mais expressivo
de respostas foram os simuladores virtuais, tendo 82,6% dos professores pesquisados
interessados em utilizar essa ferramenta. Os simuladores são ferramentas que
permitem exemplificar conceitos teóricos que necessitam de atividades práticas em
laboratório para serem observados, sem que haja a presença de um na escola
propriamente dito, como mencionado por Greis e Rategui (2010). Essa simulação de
um ambiente laboratorial, permite não só a realização de algumas atividades que
requerem recurso que muitas das vezes as escolas não possuem, mas dependendo do
simulador pausar em um momento específico para explicação do fenômeno que esteja
ocorrendo. A realização deste tipo de atividade permite ao aluno compreender com
mais facilidade os fenômenos que dificilmente conseguirão relacionar com os
fenômenos observáveis no cotidiano.
Em segundo lugar das opções mais votadas houve um empate de aplicativos de
exercícios e vídeo aulas, sendo 10 professores interessados nestas ferramentas.
Ambas são ferramentas utilizadas como complementares às aulas tradicionais, portanto
é fácil de entender o porquê os professores possuem um aceite maior a esta ferramenta
que as mídias sociais por exemplo. A utilização destas ferramentas possui o intuito de
fazer com que o aluno tenha aulas extras em casa, em uma das respostas dada, um(a)
professor(a) diz que “as videoaulas podem fazer com que os alunos revejam o
conteúdo podendo pausar e também adiantar, ou ver assuntos que, por falta de tempo
não viram em sala de aula.” Esta ferramenta possui a finalidade, portanto de ser a aula
que o aluno não conseguiu ter em sala na escola. E os aplicativos de exercícios, são
alternativas aos que possuem no livro didático.
Desta questão um resultado que merece atenção são as mídias sociais, sendo
que apenas quatro professores alegaram quererem aprender em como utilizar essas
ferramentas em sala de aula. Isso se dá pelo preconceito de que a smartphones e
dispositivos tecnológicos são ferramentas são desnecessários na escola, porque
atrapalham o andamento das aulas e distraem os alunos (NERI,2015).
A utilização das mídias sociais deveria ser considerada a maior aliada por parte
dos professores, pois segundo Neri (2015) se um aplicativo consegue estimular uma
pessoa a ficar mais de 5 horas conversando com outra que não está no mesmo espaço
físico, essa ferramenta se tornar um grande interventor no processo de educação.
Expandir a escola quebrando as barreiras físicas da sala de aula, tornando-a acessível
em qualquer lugar a partir da internet. Com este intuito de expandir a sala de aula um(a)
dos(as) professores(as) respondeu que as mídias sócias podem ser utilizadas para
“criar um grupo por exemplo, no whatsapp, para mandar atividades, tirar dúvidas.’’ Esta
pode ser apenas uma metodologia, outras dependem apenas da criatividade do
professor e da disposição do aluno (NERI,2015).
Outro ponto em que as TIC podem contribuir no ensino são em projetos
interdisciplinares. Envolver duas disciplinas de áreas de conhecimentos diferentes é
algo que demanda dos professores um tempo maior de planejamento e de estudo para
trabalhar de melhor forma possível a proposta em questão. As TIC são ferramentas que
auxiliam neste propósito, então envolver elas em trabalhos interdisciplinares, facilita que
haja a relação entre os conteúdos de matérias diferentes. Oliveira e Ludwig (2011)
realizaram uma pesquisa com alunos do ensino fundamental II de uma escola do
município de Farroupilha no Rio Grande do Sul, a aplicando as TIC nas atividades
interdisciplinares, constataram uma melhora na autonomia dos alunos e aumento do
interesse e participação no projeto. Observando os resultados de Oliveira e Ludwig
(2011), foi perguntado se os mesmos já haviam realizado algum trabalho interdisciplinar
que envolvessem as TIC.
Dos professores respondentes, 65,2% não realizaram algum projeto
interdisciplinar utilizando as TIC, mas possuem o interesse em realizar. Para os
professores que já haviam aplicado algum projeto interdisciplinar utilizando as TIC havia
uma parte eles discursarem sobre quais ferramentas foram utilizadas e qual o feedback
deles sobre o trabalho. As respostas a utilização foram todas positivas, dentre as
ferramentas apontadas pelos professores, o retroprojetor e atividades utilizando
simuladores foram mais apontadas por eles. Sobre a opinião deles sobre o projeto
trabalhado, os professores alegaram ter tido um maior envolvimento dos alunos,
“diferente da sala de aula, onde as aulas podem ser maçantes para eles, no trabalho
nós saímos da sala e fizemos o trabalho no jardim da escola e eles gostaram bem
mais”, o relato de um dos professores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com esta pesquisa concluímos que a utilização das TIC nas escolas onde os
questionários foram aplicados é baixa, mesmo após o período de ensino remoto.
Constatou-se que há professores que fazem o uso dessas ferramentas em suas salas
de aula, pois o local onde trabalham fornece tais ferramentas. Mas há também
professores que não possuem os recursos para se fazerem do uso dessas ferramentas,
mas tentam tornar suas aulas mais atrativas para seus alunos com os meios que
possuem.
Desta forma pesquisas futuras devem ser feitas a fim de conhecer outros
aspectos sobre o tema. Destes pontos podemos elencar alguns como o ano de
formação destes professores, a instituição em que concluíram sua graduação, a
relevância social que estas tecnologias possuíam no momento de sua graduação.
Também se faz necessário observar se há algum tipo de aversão por partes destes
professores à utilização destas tecnologias em sala de aula e qual a relevância destas
ferramentas para os alunos do curso de licenciatura e os professores recém formados.
Estes são alguns pontos que foram surgindo durante a análise dos resultados, e
que podem ser abordados em entrevistas com os pesquisados a fim de promover uma
melhor interpretação das respostas obtidas. Estes são dados que possuem suma
importância para a sociedade, uma vez que a escola é a base de formação de qualquer
indivíduo. Logo é necessário que a escola também seja um reflexo do momento que a
sociedade está vivendo, a fim de tornar este estudante um cidadão mais crítico perante
seu papel social.

REFERÊNCIAS

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