Ativ Prática Hist Brasil e Ceara

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL


POLO UAB DR. ANDRADE FURTADO
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA A DISTÂNCIA

RENATA DE OLIVEIRA NOBRE


SAYONARA PAULINO DE OLIVEIRA

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO II
BRASIL E CEARÁ
PROFª LARISSA MARTINS DANTAS

QUIXERAMOBIM
2024
1. INTRODUÇÃO
De acordo com Santos e Cunha (2010) o processo de colonização no Brasil
iniciou-se na década de 1530 por meio dos portugueses, causando a escravidão através
do escambo, sendo implantada no século XVI, em 1535, quando o primeiro navio
chegou a Salvador (BA) com negros escravos. A escravidão branca também ocorreu no
Brasil, brancos também foram escravizados, só que em uma escala menor, durante os
períodos do Brasil Colônia, Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves e Império do
Brasil, onde brancos eram enviados a Portugal para trabalhos forçados.

A escravidão na sua forma mais primitiva já era praticada pelos povos


indígenas, na pré-cabralina, antes da chegada dos europeus. Os portugueses dividiam os
índios em dois grupos: os “índios mansos” e os “índios bravos”, os bravos eram
considerados inimigos e faziam alianças as chamadas “guerras justas”, já os mansos
eram aliados aos portugueses, eram defensores das fronteiras do Brasil Português.

No Ceará, a necessidade do trabalho escravo foi limitada, as condições da


capitania não foram propícias à sua integração ao sistema agroaçucareirocolonial. A
necessidade de força de trabalho foi o principal motivo do escravismo como mão de
obra. A mistura de diferentes etnias, religiões, e artes foi intensa pelos escravos
“mulatos” que viviam no Ceará. As fazendas possuíam poucos escravos. O Ceará, em
25 de março de 1884, foi a primeira província do Brasil a abolir os escravos, o chamado
feriado da Carta Magna. Sendo Redenção a primeira cidade brasileira a liberar os
escravos, assim, o Ceará declara a abolição dos escravos em 1884, com a assinatura da
Lei Áurea, pelo presidente da província Manoel Sátiro de Oliveira Dias.

O Brasil foi o último país da América latina a abolir a escravatura, em debate


no Congresso, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, no dia 13 de maio de 1888. O
Brasil viveu 350 anos sob um regime escravocrata. Entretanto, na região Nordeste, até
1888, o sertão era local de outras atividades, dentre elas a pecuária do gado, que não é
identificada como uma atividade de produção escravista de intensa mão-de-obra. A
abolição da escravatura foi a culminância de uma campanha popular que pressionou o
império para que a instituição da escravidão fosse abolida de nosso país.

2. DESENVOLVIMENTO

Na década de 1970 em diante, em razão do ativismo dos movimentos negros,


nota-se o problema social da identidade dos afrodescendentes. Como consequência
destas políticas de ações afirmativas é elaborada e aprovada a Lei 10.369/2023 que
torna obrigatório o ensino da história e cultura africana e afrodescendentes nos sistemas
de ensino fundamental e médio, que necessita de abordagens específicas sobre as
diversas regiões do país, estados e municípios. Permite uma renovação sobre o enfoque
da identidade cultural da população do Ceará, possibilitando a eliminação de
estereótipos, preconceitos, racismo ou omissão de informações sobre a base cultural,
material e imaterial africana.

Diante da aprovação da Lei 10.639/2003 que tornou obrigatório o ensino da


história da população africana e afrodescendente para turmas de ensino fundamental e
médio. Ao conhecer a Lei, entende-se que estes conteúdos estarão presentes,
especialmente, nas aulas de Educação Artística, Literatura e História Brasileiras, além
disso, também inclui o dia 20 de novembro como “Dia Nacional da Consciência Negra”
dentro do calendário escolar. Já a Lei 11.645/2008, é referenciada pela obrigatoriedade
do ensino de História da Cultura Afro-Brasileira e Indígena.

Ao longo do meu processo formativo, não recordo de algo concreto que foi
estudado sobre esse tema, mas acredito que ele tenha sido abordado em algum
momento. Porém, ressalto a relevância de se trabalhar essa temática, atualmente, nas
escolas da Rede Pública de Quixeramobim, o ensino é voltado para uma perspectiva de
uma “Educação Antirracista”.

Segundo Santos e Cunha (2010) existe uma negação da existência de uma


população negra do Ceará, tal pressuposto é baseado no fato de que no estado não teria
produção açucareira, bem como, aboliu a escravidão quatro anos antes do restante do
país, assim, todos os negros teriam ido embora. Porém, a atividade escravista sempre
esteve ligada com outras atividades e não somente à produção de cana de açúcar. Com o
ensino da história da cultura africana e afrodescendente dentro das escolas, é possível
fazer com que os alunos superem esse desconhecimento e cause reconhecimento pela
causa, cultura e origens. Assim é possível reduzir a presença de racismo ou preconceitos
dentro do ambiente escolar, além de possibilitar que os alunos vão de encontro com a
sua própria história. É evidente que os educandos tendo acesso a este conteúdo poderão
agregar em seu processo formativo, se tornando cidadãos conhecedores da história e
com o pensamento crítico formado em relação a importância do enfrentamento do
racismo na escola, como também, fora dela.
3. METODOLOGIA

Conhecer a história afrodescendente remete à educação em relação ao


patrimônio cultural do Brasil, como metodologia de trabalho para desenvolver uma aula
sobre a temática de História e Cultura afro-brasileira e cearense. Sugerimos o estudo da
história do Quilombo Mearim, localizada no distrito de Lacerda/ Quixeramobim-Ce.
Este quilombo foi recentemente certificado pela Fundação Cultural de Palmares,
facilitando o processo de acesso às políticas públicas voltadas para a população negra
no Sertão Central do Ceará.

Segundo pesquisas no site Brasil Escola, os quilombolas possuem relevância na


história e podem ser definidos como povos de regiões remanescentes de quilombos, que
eram comunidades formadas por escravos fugitivos na época da escravidão no Brasil.
Com isso, atualmente, existem muitas comunidades no Brasil formadas por escravos
fugitivos, desde quando houve a abolição da escravatura no país em 1888.

Através de metodologias ativas, que colocam o aluno como principal


protagonista no seu processo de aprendizagem, usaríamos o material elaborado pelo
professor e historiador da rede pública de Quixeramobim, Carlos César Sabino, que
retrata ao longo dos anos a história do povo quilombola nessa comunidade. Com os
referidos objetivos:

1) Possibilitar que os alunos construam um senso crítico em relação à política e


história da diversidade;
2) Proporcionar maior vínculo em relação às identidades, lutas e direitos da
cultura afrodescendente;
3) Desenvolver oficinas com apresentações dinâmicas na perspectiva educativa
de combate ao racismo e as demais discriminações.

De início, o educador seria responsável por explanar o material sobre o


Quilombo Mearim e apresentar um estudo de caso sobre uma problemática racial da
atualidade, promovendo um debate entre os alunos. O estudo de caso será baseado na
reportagem do portal G1, onde o jovem Mattheus da Silva Francisco, de 22 anos, é
vítima de racismo em uma lanchonete, agressora falou para ele que “odeia preto”. A
dinâmica principal consiste em pedir que os alunos construam cartazes educativos que
abordem fatos históricos, lutas e conquistas da comunidade Quilombola do Mearim com
mensagens de efeito para sensibilizar os colegas a respeito de construir valores
civilizatórios afro brasileiros para uma educação antirracista.

REFERÊNCIAS

BRASIL, LEI Nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº9.394 de dezembro de


1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no
currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura
Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 2003;

BRASIL, LEI Nº 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de


dezembro de 1996, modificada pela Lei nº10.639, de 9 de janeiro de 2003, que
estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da
rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro- Brasileira e
Indígena;

PORTES, Alice; ALVES, Luana. “Disse que eu era preto, que não iria chegar a lugar
nenhum”. G1. Rio de Janeiro. Disponível em:
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2023/08/01/disse-que-eu-era-preto-que-
nao-conseguiria-chegar-a-nenhum-diz-vitima-de-racismo-em-lanchonete.ghtml . Acesso
em 02 de abril de 2024;

PORFÍRIO, Francisco. “Quilombolas”; Brasil Escola. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/quilombolas.htm. Acesso em 02 de abril de
2024;

SANTOS, Marlene Pereira dos; JÚNIOR, Henrique Cunha. População negra no Ceará
e sua cultura. Revista África e Africanidades – Ano 3 – n.11, novembro, 2010 – ISSN
1983-2354. Disponível em: www.africaeafricanidades.com . Acesso em: 02 de abril de
2024.

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